A Memória Coletiva Para Jöel Candau e Maurice Halbwachs
A Memória Coletiva Para Jöel Candau e Maurice Halbwachs
DOI: 10.12957/mnemosine.2022.66384
The collective memory in Jöel Candau and Maurice Halbwachs: the coesion
of social groups in the same space
RESUMO:
Por meio da memória são construídos alguns tipos de nexos entre sujeito e espaço no tempo,
compondo os sentidos históricos dos territórios. Este trabalho tem como objetivo relacionar
conceitualmente, a partir das obras A Memória Coletiva (HALBWACHS, 1990) e Memória
e Identidade”(CANDAU, 2019), como os autores explicam o fato de a memória coletiva
operar na coesão dos grupos sociais que compartilham um mesmo espaço-tempo no território
urbano. O estudo foi realizado a partir da revisão bibliográfica acerca dos eixos de memória
coletiva e as relações destes conceitos com o espaço urbano, um espaço dotado de múltiplos
atores sociais que constroem nexos entre seus grupos de convívio e o fluxo da cidade.
Conclui-se que a cidade é um espaço complexo e dinâmico, com grupos marcados por
diferenças e disputas entre si. Tais grupos constituem-se em redes de memórias
compartilhadas e criam tecnologias para estabelecer noções de continuidade, onde ancoram
memórias e esquecimentos.
ABSTRACT:
Through memory, some types of meanings between subject and space in time are built,
composing the historical meanings of territories. This work aims to relate conceptually, from
the works "The Collective Memory" (HALBWACHS, 1990) and "Memory and Identity"
(CANDAU, 2019), how the authors explain the fact that collective memory operates in the
cohesion of social groups that share the same space-time in the urban territory. The study
was carried out from the bibliographical review about the axes of collective memory and the
relationships of these concepts with the urban space, a space endowed with multiple social
actors that build links between their social groups and the flow of the city. It is concluded
that the city is a complex and dynamic space, with groups marked by differences and
disputes among themselves, such groups constitute networks of shared memories and create
technologies to establish notions of continuity, where they anchor memories and
forgetfulness.
Introdução
Por meio da memória são construídos alguns dos tipos de nexos entre sujeito e espaço
no tempo, compondo os sentidos históricos dos territórios – no caso aqui em tela, do
território urbano. As preocupações dos estudos em memória partem das relações entre o
individual e o coletivo nessa construção de nexos, na qual a memória individual se estrutura
e se insere na memória coletiva. Foi nesse ponto que o atual trabalho surgiu, a partir das
aprendizagens desencadeadas pela revisão bibliográfica acerca dos eixos de memória
coletiva e as relações destes conceitos com o espaço urbano, um espaço dotado de múltiplos
atores sociais que constroem nexos entre seus grupos de convívio e o fluxo da cidade.
Portanto, aqui se apresenta uma reflexão teórica com o objetivo de explorar,
conceitualmente, como os autores Jöel Candau e Maurice Halbwachs explicam o fato de a
memória coletiva operar na coesão dos diferentes grupos sociais que compartilham um
mesmo espaço-tempo.
Tal estudo justifica-se como uma base conceitual a ser utilizada ao investigar como
se relacionam os sujeitos no espaço urbano mediante a construção de memórias. Além disto,
os conceitos de memória aqui mencionados são fundamentais para compreender como esta
noção de memória no espaço coletivo passa a fazer parte, ou não, das narrativas patrimoniais,
e como os diferentes sujeitos que participam do espaço urbano significam, por sua memória,
esses bens.
Para tanto, a partir dos estudos de obras de Halbwachs – A Memória Coletiva (1990)
– e de Candau – Memória e Identidade (2019) –, somados a algumas contribuições de
Izquierdo (1989) e de Ricoeur (2007), elencam-se as principais definições sobre a memória
e suas diferentes manifestações, no âmbito em que ela se manifesta entre o individual e o
coletivo, principalmente quando ambientadas no complexo espaço relacional e grupal
envolvido na cidade.
Para finalizar, destacando-se a cidade como um espaço compartilhado por grupos
marcados por muitas diferenças e disputas entre si, especula-se que tais grupos passam a
tecer redes de memórias compartilhadas e criam tecnologias para que as noções de
continuidade se estabeleçam, ancorando memórias e esquecimentos. Assim, a memória
coletiva possibilita a coesão tanto entre grupos sociais que disputam e interagem no espaço
da cidade quanto na própria organização e orientação dos indivíduos em relação às suas
identidades, tempo e lugar onde se encontram e compartilham suas vidas.
As Memórias Coletivas
Percebendo a memória individual e a memória coletiva como manifestações que se
sustentam de forma atrelada e não linear, tais considerações sobre como opera a memória e
a importância também dos esquecimentos individuais oferecem importantes reflexões
quando pensamos o espaço da cidade. Portanto, neste bloco, busca-se a compreensão da
memória na coletividade e como ela produz a coesão entre sujeitos, advindos de diferentes
grupos e classes sociais, no espaço em que vivem.
A perspectiva da humanização da memória é reforçada por Halbwachs (1990), que
publica seus estudos em memória coletiva em 1925, com o escrito Les cadres sociaux de la
mémoire, sendo portanto o pioneiro no tema. O autor trabalha a memória em uma perspectiva
que contempla o social e suas narrativas através dos “quadros sociais”. Neste sentido, não
haveria uma memória meramente individual, visto que o sujeito está atrelado às relações
coletivas do meio em que vive, partindo dos grupos nucleares, como a família, até os mais
ampliados, como a religião ou identidade nacional.
Suponhamos que eu passeie só. Diremos que desse passeio eu não possa guardar senão
lembranças individuais, que não sejam senão minhas? Não obstante, passeei só somente
na aparência. Passando por Westminster, pensei no que me havia sido dito por um amigo
historiador (ou, o que dá no mesmo, no que havia lido sobre ela em uma história).
Atravessando uma ponte, considerei o efeito de perspectiva que meu amigo pintor havia
assinalado (ou que me havia surpreendido num quadro, numa gravura). E me dirigi,
orientado pelo pensamento de meu plano. (HALBWACHS, 1990:19)
Desta forma, Halbwachs (1990) mostra que o indivíduo, mesmo quando não está
presencialmente junto ao seu grupo, está permeado pelas produções memoriais construídas
nestes laços sociais. Estas construções estarão sempre atreladas às memórias de cada
indivíduo do grupo, explicando, assim, o motivo pelo qual não faria sentido a ideia de uma
memória individual pura e isolada do coletivo. “Neste contexto, o testemunho não é
considerado enquanto proferido por alguém para ser colhido por outro, mas enquanto
recebido por mim de outro a titulo de imposição sobre o passado”, explica Ricoeur (2007:
131). Quando não se têm os referenciais sociais compartilhados com o grupo, que organizam
e sustentam as funções simbólicas dos sujeitos, a rememoração acaba sendo dificultada.
Candau (2019) pontua a necessidade de diferenciarmos a ideia da memória coletiva
de uma memória compartilhada de forma literal, partindo do pressuposto de que uma
realidade compartilhada seria impossível. Para o autor, os indivíduos de um mesmo grupo
podem compartilhar os mesmos marcos memoriais, mas não as mesmas representações do
passado. Logo, considera-se que tanto o espaço quanto a memória são sistemas abertos, mas
que mediam as experiências dos sujeitos com o tempo em seu espaço atual.
Através dos estudos de Halbwachs (1990), as memórias são construções do presente,
elas mudam conforme as questões afetivas e simbólicas dos grupos e na medida em que
esses também passam por variações. Desta forma, é possível a rememoração de fatos em que
não se tem certeza de terem sido vividos por si próprio ou não; mas, ao ser lembrada pelo
grupo nessa construção narrativa, tal memória passa a também ser a verdade para o
indivíduo. Estas variações sofridas pelos grupos nos sentidos afetivos, econômicos,
religiosos, entre outros, são mediadas também pelas mudanças do espaço onde estão
inseridos.
Ao considerar as relações dos grupos com o espaço onde vivem, Halbwachs (1990)
considera este espaço como importante para a “organização mental” dos indivíduos – uma
mudança para um local onde o sujeito não está adaptado, onde ele não verifica as marcas e
construções simbólicas de seu grupo, poderia ocasionar uma ruptura na sua ideia de
personalidade (HALBWACHS, 1990: 134). O autor preocupa-se, então, com a relação
mediadora que os objetos (e assim, o espaço) desempenham nas relações grupais e na
construção da memória coletiva. Candau (2019) também compreende que, nas vivências
com o meio, as pessoas se (re)organizam em função das convenções que este ambiente –
cultural e social – oferece. Segundo o autor, tais ícones materiais e imateriais de
compartilhamento simbólico são compreendidos como sociotransmissores:
Sobre os sociotransmissores, todas as coisas do mundo favorecem a comunicação entre os
indivíduos. Todas as coisas do mundo. Por exemplo, falar é um sociotransmissor, mas a
ideia de sociotransmissores, se preferirem, corresponde aos neurotransmissores no
cérebro. No cérebro os neurotransmissores permitem as conexões entre os neurônios e os
sociotransmissores permitem as conexões entre os indivíduos. Então há muitas coisas que
agem como sociotransmissores, mas os objetos materiais, e certos objetos, são melhores
sociotransmissores que outros. (BEZERRA; SERRES, 2015: 15).
sendo, também, bastante disciplinadas: “cada sociedade recorta o espaço a seu modo, mas
por sua vez para todas, ou seguindo sempre as mesmas linhas, de modo a constituir um
quadro fixo onde encerra e localiza suas lembranças” (HALBWACHS, 1990: 111).
Os conceitos que abrangem a percepção do espaço urbano, aqui utilizados, partem
do pressuposto de que tanto as ações dos atores sociais, quanto a cidade como produto destas
relações entre atores e o espaço, funcionam de forma atrelada. Assim, a cidade passa a
representar as diversas camadas de significações materiais e imateriais. Logo, entende-se
que a noção de “cidade” representa uma materialidade – ainda que não se encerre apenas
neste aspecto –, fazendo parte da produção dos atores sociais que vivenciam o espaço
“urbano”. Esta noção do “urbano”, por sua vez, é entendida como um fenômeno que não é
expresso de forma material como a cidade, caracterizando-se por meio dos modelos de
funcionamento de atores sociais em contextos de cidades de forma ampla (LEFEBVRE,
2011). Ou seja, embora os autores em foco no presente trabalho partam de épocas e vivências
de cidades diferentes, ao expressar suas ideias acerca do espaço urbano apresentam uma
consonância acerca das problemáticas percebidas neste tipo de ambiente. Embora este passe
por variações ao longo do tempo, as relações entre memória, sujeitos, espaço e patrimônio
ressignificam-se, mas mantêm sua existência ao longo do tempo e nos diferentes espaços
analisados.
Ao pensar as relações dos sujeitos com o espaço, quando este cenário é a cidade,
Halbwachs (1990) considera a sensação de permanência necessária que os prédios e as ruas,
ao se manterem no mesmo lugar, produzem em relação ao fluxo da vida que ocorre na
cidade. Assim, são essas estabilidades as que provocam uma noção de continuidade,
mantendo a função organizadora do indivíduo, um ambiente ou paisagem familiar, nesses
espaços complexos e dinâmicos em seus problemas, disputas, mudanças entre os vínculos
de seus membros.
Porém, ao deparar-se com uma demolição – exemplifica Halbwachs (1990) –, os
indivíduos, que habitualmente circulam neste espaço e que passaram a ter tal elemento da
paisagem como algo permanente, fazendo dele seu marco de continuidade (já que eles sabem
que houve grupos antecessores que construíram tal objeto), esse elemento de
compartilhamento memorial (um sociotransmissor) os faz sentir como tendo uma parte de si
morrendo, pela ruptura no que lhe marcava o imóvel com sua continuidade.
Sobre tal noção de continuidade, Candau (2019) destaca nas relações de grupos como
a família, que compartilham uma tradição, além de uma memória coletiva mais bem
estabelecida, a ideia de que “não se deve romper o fio da memória e, para isso, o registro em
alta tecnologia da trajetória familiar é apresentado como um suporte eterno” (CANDAU,
2019: 139).
Esse temor do esquecimento preocupa os que passam a viver nas cidades, longe dos
locais rurais onde o compartilhamento de memórias e tradições ocorre de forma mais
facilitada, pois mais estável. A partir da modernidade, quando se intensificam as vivências
no espaço urbano, ocorrem os deslocamentos dos sujeitos que começam a ocupar esses
lugares, vindos de tão diferentes comunidades rurais, e experimenta-se, com mais
intensidade, essa descontinuidade. Essa descontinuidade também é produzida através de
manipulações de memórias coletivas por parte do Estado, na intenção de manusear o espaço,
e que podem vir a ser consideradas, em alguns casos, como abusos de memórias ou abusos
de esquecimento, tal como adverte Ricoeur (2007).
No espaço urbano, a consolidação de memórias na forma de patrimonialização passa,
principalmente a partir da modernidade na França, como destaca Candau (2019), a tornar-se
uma “efervercência patrimonial”. Diante da angústia e da necessidade de uma conservação
e rememoração deste passado, dotado de memórias coletivas, assume-se uma
patrimonialização em massa – o que também denota certa incapacidade de vivência do
tempo presente, uma doença de aprisionamento ao passado.
Em contraponto a esse excesso de sensibilidade patrimonial, também são descritos
processos de uma total ausência de consciência patrimonial. Eles não se confundem com o
esquecimento, mas constituem sinais de rejeição a marcas traumáticas do passado, ou até
mesmo uma não identificação com o passado, quando há o risco de, a depender de quais
símbolos estejam sendo expostos como sociotransmissores no contexto dos sujeitos, estes
chegarem a produzir uma destruição voluntária ou omissiva dos suportes de tais memórias.
Logo, os motivos para estas rejeições merecem também o olhar dos pesquisadores.
A cidade é, ainda, um espaço onde o fluxo de informações mercadológicas é intenso.
Neste sentido, a “memória econômica” (HALBWACHS, 1990: 104) também deve ser
pensada como parte do espaço. Mediante este conceito, o autor demonstra mais uma relação
entre memória e espaço, que determina os valores e preços para os objetos no comércio, pois
apenas a força de trabalho ou o valor que cada indivíduo atribui ao objeto não lhe confere
seu preço. Por isto, a memória econômica forma-se como uma rede coletiva de lembranças
que estão ligados aos valores que o grupo atribui ao objeto, formulando seu preço.
Porém, no espaço urbano, essa memória muda intensamente devido ao alto índice de
demandas e ofertas: “a vida econômica se baseia, portanto, sobre a tabela dos preços
anteriores e pelo menos, sobre o último preço” (HALBWACHS, 1990: 104) e, para essa
lembrança ser fixada, o lugar onde a mercadoria é exposta passa a ser uma recordação
fundamental para o acesso a tal memória pelos indivíduos.
Considerações Finais
No estudo sobre os conceitos de memória discutidos nas obras de Jöel Candau e
Maurice Halbwachs foram percebidas as diferentes manifestações da memória,
compreendendo que ela se expressa entre o individual e o coletivo, sempre ambientada em
um espaço relacional e grupal. Portanto, compreende-se que ambos autores consideram o
espaço mediador importante tanto para a relação dos sujeitos em suas vivências quanto para
a estruturação da lembrança. A memória coletiva possibilita uma certa coesão e estabilidade
de reconhecimento tanto entre grupos sociais que disputam e interagem no espaço da cidade
quanto na própria organização e orientação dos indivíduos em relação às suas identidades, o
tempo e o lugar onde se encontram e compartilham suas culturas.
No espaço complexo que é o urbano, as noções de continuidade e descontinuidade
vividas pelos sujeitos mediam essas memórias. O direito à cidade, que permite seu usufruto
pelos mais diferentes usos e grupos, e o impulso pelo compartilhamento de uma memória
coletiva tornam-se variáveis em relação aos próprios discursos que significam esse espaço
no tempo: marcadores de gênero, raça e classe, bem como aspectos culturais e subjetivos da
construção do psiquismo de cada indivíduo deixam de ser variáveis independentes para
serem a própria composição eclética de atos espaços. E passam a construir as noções de
memória e identidade dos sujeitos implicados em um mesmo espaço de uma forma mais
rica, mesmo que ambivalente, contraditória e dinâmica.
No caso brasileiro, por exemplo, há faltas históricas talvez insanáveis relativamente
à memória da escravidão e dos espaços vivenciais das pessoas negras, por muito tempo
esquecidos pelo patrimônio oficialmente declarado, segundo atesta Guran (2017). Em
tombamentos entre as décadas de 1970 e 1980 – por exemplo, no caso do tombamento do
conjunto urbano do Pelourinho, em Salvador –, houve algumas incompatibilidades entre o
ideal de pluralidade e democratização entre os valores, bem como a carência de participação
social nas decisões. Isto é, identifica-se um processo de exclusão de classes mais vulneráveis
da significação desse centro histórico. Esta expropriação facilitaria a transformação de seu
Referências
ALBERNAZ, Renata Ovenhausen. Democracia e sistema de proteção do patrimônio cultural
no Brasil. Revista Direito, Estado e Sociedade. PUC-RJ. V. 58. N. Pp. 2021.
Disponível em https://revistades.jur.puc-
rio.br/index.php/revistades/article/view/1438/631
BEZERRA, Daniele Borges; SERRES, Juliane Conceição Primon. O Museu das Coisas
Banais Entrevista: O Antropólogo Jöel Candau. Expressa Extensão. Pelotas, v.20,
n.1, p. 13-16, 2015.
CANDAU, Jöel. Memória e identidade. Traduzido por: Maria Leticia M. Ferreira. São
Paulo: Contexto, 2019.
COLLINS, John. Melted Gold and National Bodies: the hermeneutics of depth and the value
of history in Brazilian racial politics. American Ethnologist, v.38, n.4, 683-700,
2011.
GURAN, Milton. Sobre o longo percurso da matriz africana pelo seu reconhecimento
patrimonial como uma condição para a plena cidadania. Revista do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, nº 35, p. 213-226, 2017.
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. Rio de Janeiro: Vértice, 1990.
IZQUIERDO, Ivan. Memórias. Estudos Avançados, v. 3, n. 6, p. 89-112, 1989. Disponível
em: http://www.journals.usp.br/eav/article/view/8522. Acesso em: 5 fev. 2021.
LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. 5. ed. Tradução de Rubens Eduardo Frias. São
Paulo: Centauro Editora, 2011.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora da Unicamp,
2007.