Bioquímica
Metabolismo de Lipídeos - Oxidação de Ácidos Graxos
• Principais fontes de lipídeos no nosso corpo:
-Via alimentação: podemos sintetizar bioquimicamente esses compostos, no fígado e no tecido adiposo.
-Via reserva: triacilgliceróis.
• Síntese dos ácidos graxos:
Reações de esterificação, 3 cadeias lipídicas que reagem com moléculas de álcool.
• Classificação:
-Curta: 2 a 4 C.
-Média: 5 a 12 C.
Ambos não precisam de transportadores para dentro das mitocôndrias, onde ocorre o metabolismo, oxidação de
lipídeos.
-Longa: 13 a 20 C.
-Muito longa: >20 C.
Ambos precisam de transportadores para dentro das mitocôndrias.
Diferença na composição: dependendo do tamanho pode ter transportador ou não.
• Principais transformações, reações bioquímicas em termos de metabolismo lipídico que acontecem:
-Estado alimentado ou pós-prandial:
Intestino delgado: triacilglicerol da dieta →quilomicrons.
Fígado: glicose + outros combustíveis →acetil-CoA →ácidos graxos →triacilglicerol →lipoproteínas de muito baixa
densidade.
SANGUE: triacilglicerol em quilomicrons e lipoproteínas de muito baixa densidade.
Músculo: ácidos graxos oxidados para obtenção de energia.
Tecido adiposo: ácidos graxos →triacilglicerol.
Se comermos um excesso de carboidratos, eles podem ser transformados em triglicerídeos?
Triglicerídeos no sangue e no tecido adiposo.
Quando nos alimentamos de glicose, com excesso de outros combustíveis, eles vão ser oxidados em acetilcoenzima
A, só que ao invés deles entrarem no ciclo de Krebs para serem transformados em energia, eles podem ir para o fígado,
e a partir da acetilcoenzima A podemos formar lipídeos (ácidos graxos) e armazenar na forma de triacilglicerídeos que
vão para o sangue e tecido adiposo, onde podemos quantifica-los.
↑níveis de triglicerídeos no sangue (400) ↑risco cardiovascular (infarto, AVC)
Obs: colesterol é um tipo de lipídeo, NÃO é triglicerídeo.
Lipídeos de reserva são produzidos a partir de outros combustíveis, então uma dieta hipercalórica, independente de
ser necessariamente lipídeos, pode gerar acúmulo de lipídeos no tecido adiposo, por comer muito doce, whey sem
exercício...
Em termos de aproveitamento muscular, nossos músculos são muito versáteis, podem oxidar muita coisa,
aminoácidos, lipídeos e carboidratos.
Musculatura cardíaca oxida somente lipídeos.
Acontece no estado alimentado, pois tentamos criar reservas para nosso corpo, para situações em que necessitemos
desses lipídeos, como o jejum, em que as substâncias armazenadas são quebradas para produção de energia.
• Lipólise: é a quebra de lipídeos.
Hormônios envolvidos: glucagon, epinefrina e cortisol.
Epinefrina e cortisol são liberados em situações de estresse, significa que quando estamos estressados, estamos em
lipólise, quebrando triglicerídeos do tecido adiposo que estarão na corrente sanguínea, ↑risco cardiovascular.
Durante a atividade física há liberação de cortisol, pois é uma situação de estresse, mas é um estado pontual, durante
temos a quebra dos lipídeos que serão utilizados pela musculatura esquelética, por isso ↓risco cardiovascular, embora
seja um processo de lipólise, mas os lipídeos serão utilizados como fonte de energia e também não é uma coisa crônica.
Após temos uma janela com intervalo de 12h, durante os genes que codificam a síntese proteica estão negativados e
é nesse momento que se quisermos hipertrofiar, usamos uma dieta rica em aminoácidos para favorecer, assim a
atividade física tem esse contraponto benéfico pois faz com que a nossa musculatura nesse momento, dependendo
da modalidade esportiva, utilize mais lipídeos.
Maratona: definida por atletas que tem maior capacidade oxidativa de lipídeos pelas fibras musculares, ↑fibras
lentas, sendo necessário um bom condicionamento cardiorrespiratório, pois a utilização dos lipídeos se dá dentro das
mitocôndrias.
Velocistas: ↑fibras rápidas.
Podemos relacionar deficiência mitocondrial com risco cardiovascular, pois o coração trabalha muito em termos de
fibras oxidativas, doenças específicas envolvem transportadores de lipídeos para dentro de células cardíacas em que
o indivíduo pode ter infarto.
Função mitocondrial e o condicionamento cardiorrespiratório andam juntos pois precisam de O 2, se a pessoa tem
pulmão ou coração comprometido, não temos como fornecer O2 suficiente para que as células extraiam energia em
exercícios aeróbicos, atividades oxidativas, em atividades fermentativas não teria muito importância.
Exercícios aeróbicos: corrida, bicicleta, em que necessitamos de metabolismo oxidativo.
Musculação NÃO precisa.
Treinos são mistos, pois mesmo que o objetivo não seja perder peso, é interessante que tenha componente oxidativo,
para ↑frequência cardíaca dentro da faixa oxidativa.
Se queremos emagrecer, metabolismo de lipídeos, favorecer a lipólise, mas em uma caminhada com ↓frequência
cardíaca, podemos não atingir nossos objetivos, pois não entramos dentro da faixa de 30% de ↑frequência cardíaca
basal, em que acontecem as reações.
Pancadões estimulam áreas cerebrais para ↑frequência cardíaca em atividades aeróbicas, liberando adrenalina e
cortisol, hormônios associados à quebra de lipídeos.
↑lipólise ↑frequência cardíaca
Células, de modo geral, tem os carboidratos como combustível favorito, mas existem situações em que mesmo sem
estar em jejum quebramos lipídeos.
• Situações clínicas em que quebramos lipídeos para fornecer energia:
-Estado alimentado ou pós-prandial: fígado e músculos, onde os ácidos graxos são a principal fonte de energia.
-Jejum alimentar.
-Inanição: pessoas que tem ampla restrição calórica.
-Exercício físico: aeróbico.
-Diabetes não tratado: ↑risco cardiovascular, tem a corrente sanguínea cheia de glicose, mas que não conseguem
entrar na célula pois para isso, algumas células precisam de insulina, se não tem insulina, o vaso fica cheio de glicose
e a célula não tem energia e vai quebrar lipídeo para obter energia.
Obs: podem ter o hálito cetônico, frutado, pois os corpos cetônicos são voláteis, e volatilizam pelo trato respiratório,
indicando que o indivíduo não estão conseguindo manter a glicemia.
• Quebra de lipídeos e benefícios:
Desvio metabólico de carboidrato para lipídeos.
Epilepsia é quando os neurônios estão em ↑frequência gerando convulsões, nesses casos, o cérebro hiperestimulado
se tiver dieta hiperglicídica vai estimular mais ainda, pois os neurônios são dependentes de glicose, então precisamos
reduzir, por isso o benefício da dieta cetogênica (hiperlipídica, hipoglicídica e normoproteica), que gera corpos
cetônicos, resultantes do metabolismo de carboidratos, ela deixa as crises de convulsão mais espaçadas.
Lipídeos são quebrados em unidades de 2 C, existem ácidos graxos com 18 C, que são sempre quebrados em
esqueletos de 2 C, cada um serve para formar uma molécula de acetilcoenzima A, que vai entrar no ciclo de Krebs,
quando ele não dá conta do excesso de acetilcoenzima A, parte delas vão servir para sintetizar corpos cetônicos, o que
significa dizer que o metabolismo de lipídeos está em alta.
Músculos utilizam aminoácidos e são capazes de extrair energia.
Cérebro não utiliza aminoácidos, pois não passa na barreira, mas em jejum, como os corpos cetônicos são produzidos
a partir de acetilzoenzima A, o cérebro pode pegar corpos cetônicos, fazer o caminho inverso, produzir acetilcoenzima
A e já colocar em um atalho para entrar no ciclo de Krebs.
Porém, nossa cognição durante o jejum cai.
Para crianças a dieta cetogênica não é fantástica, mesmo que ela tenha muitas crises epilépticas é preciso avaliar,
dosar para que de fato ela não passe muitas horas em jejum.
• Oxidação de lipídeos ou β-oxidação:
β-oxidação de ácidos graxos de cadeia curta, média e longa ocorre na matriz mitocondrial, por isso se o indivíduo não
tem boa função mitocondrial ele não vai conseguir oxidar lipídeos de forma eficiente.
β-oxidação é a oxidação dos 2 C, a quebra dos lipídeos ocorre em esqueletos de 2 C, o 1º é α e o 2ª é β e cada esqueleto
forma uma molécula de acetilcoenzima A.
Enzimas lipases sensíveis à hormônios quebram os lipídeos, quando vamos quebrar lipídeos glucagon, cortisol e
adrenalina são liberados no sangue e onde temos estoques de lipídeos começamos a quebrar, independente de está
em jejum ou não.
Por isso situações de jejum tem que ser muito bem dosadas, nem todas as pessoas estão preparadas metabolicamente
para ficar várias horas em jejum, pois pode aumentar tanto esses hormônios, que se a pessoa tiver uma ansiedade ela
não consegue equilibrar e pode engordar mais mesmo com a restrição calórica, é como se baixássemos o padrão
metabólico e qualquer coisinha a mais que ela coma já acumula.
Atleta em muitas horas em jejum pode quebrar a musculatura para fornecer glicose para o cérebro = gliconeogênese,
assim pode pegar esqueletos de aminoácidos, sintetizar glicose e transformar em acetilcoenzima A para produzir
energia, porém não é interessante, pois ele perde massa magra, então o nutricionista tem que regular os períodos de
jejum para que ele não entre em gliconeogênese e vai ↓desempenho.
Jogadores de futebol malham para ter panturrilha para correr, pois um “atleta” flácido não tem ↑desempenho.
• Etapas de quebra:
Moléculas quebradas em esqueletos de 2 C, eles vão ser transformados em acetilcoenzima A, que vão entrar na
mitocôndria para acontecer o ciclo de Krebs e cadeia transportadora de elétrons.
-Ativação:
ATP ativa esqueletos de ácidos graxos de 2 C, que vão servir como fonte para formação de acetilcoenzima A.
-Transporte:
AGCC e AGCM: difusão através das membranas mitocondriais.
AGCL: ciclo da carnitina (inibido por malonil-CoA).
Nesse contexto, os ácidos graxos maiores precisam de um transportador, chamado de carnitina.
Suplementação com L-carnitina NÃO garante que a pessoa vai oxidar lipídeos, garante que os lipídeos vão está dentro
da mitocôndria, que se for eficiente, se tiver estímulo para que ela oxide maior nível de ácido graxo, ai sim acontece.
Órgãos ricos em carnitina são aqueles que utilizam lipídeos como fonte de energia: fígados, rins, coração e musculatura
esquelética.
Alimentos ricos em carnitina são aqueles ricos em origem animal.
Para que o transporte aconteça de forma eficiente precisamos de vitaminas do complexo B (B3 e B6) e C,
coincidentemente ou não são as vitaminas importantes para função mitocondrial, então temos vitaminas
antioxidantes (C) e reguladoras diretas da transformação de piruvato em acetilcoenzima A (B), molécula chave para
extração de energia.
Então o metabolismo de lipídeos só tem de diferente a parte da ativação, em que os esqueletos de carbono são
quebrados 2 a 2, o resto é igual ao metabolismo de carboidratos, então o ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de
elétrons, são comuns ao metabolismo de lipídeos.
Indivíduo com deficiência nas enzimas que transportam os lipídeos para dentro das mitocôndrias, as transportases,
carnitina, pode sentir câimbra, fraqueza muscular, disfunções cardíacas, pois são quem mais utilizam lipídeos como
fonte de energia.
Por que o metabolismo de lipídeos é mais energético?
Cada molécula de glicose originava 2 piruvatos, transformados em 2 acetilcoenzima A.
Aqui temos ácidos graxos com 16 C, quebrados em 8 acetilcoenzima A, que entram no ciclo de Krebs, produzem NADH+
e FADH2, que entram na cadeia transportadora de elétrons, que origina ATP.
Aqui o saldo é multiplicado pela quantidade de moléculas de acetilcoenzima A.
Azeite de oliva tem 9 lipídeos, por exemplo.
Por que o carboidrato é a principal fonte de energia?
Pois é mais fácil e rápido metabolizar carboidratos, eles são muito versáteis, temos uma via em que o excesso de
açúcar é transformado em gordura, mas não temos a via inversa.
Para metabolizar lipídeos precisamos de uma translocase, carnitina, da quebra em 2 C, se for o ácido graxo for de
número ímpar, temos que juntos com um par e coordenar para entrar na mitocôndria, se for insaturado precisamos
de outra via.
Lipídeos são MUITO energéticos, por isso que em restrição calórica pode-se usar produtos de natureza light, com
redução de pelo menos 25% de algum nutriente, que pode ser lipídeo.
Hemácias: NÃO fazem β-oxidação (oxidação de lipídeos), NÃO tem mitocôndrias então qualquer processo metabólico
que ocorra dentro delas NÃO tem como acontecer nas hemácias, assim, eritrócitos não possuem metabolismo de
lipídeos.
Cérebro: NÃO utiliza ácidos graxos como combustível energético, pois eles não conseguem atravessar de forma
eficiente a barreira hematoencefálica, assim as únicas fontes de energia dele são glicose e corpos cetônicos, que
podem ser gerados pelo metabolismo de lipídeos exagerado, no jejum eles são formados e o cérebro vai se abastecer
deles para obter energia, mas de forma direta ele NÃO utiliza lipídeos.
Adipócitos: NÃO oxidam os próprios ácidos graxos para obter energia, eles armazenam mas não consomem, não
utilizam como fonte de energia, a principal fonte de energia deles é o carboidrato.
• Cetogênese:
Acontece quando estamos ↑tempo em jejum, lipídeos são quebrados e formam compostos residuais, os corpos
cetônicos.
-Corpos cetônicos:
Principais: acetona, acetoacetato e β-hidroxibutirato.
Produzidos a partir de acetilcoenzima A.
2 Acetilcoenzima A → β-hidroxibutirato.
Acetoacetato → acetona e β-hidroxibutirato.
Fígado é o principal local de produção.
Volatilizam pela respiração, responsáveis pelo hálito frutado quando em jejum.
Podem ser uma medida indireta da ineficiência de controlar a glicemia: diabéticos com hálito cetônico já indica
↑glicemia, pois eles não estão utilizando glicose, pela incapacidade de metabolizar glicose, por terem deficiência de
insulina, assim o metabolismo é desviado para lipídeos, nesse processo tem-se ↑produção de acetilcoenzima A
(lembre que pegamos um lipídeo grande, quebramos em esqueletos de 2 C e cada esqueleto forma uma
acetilcoenzima A), o ciclo de Krebs não dá conta e o excesso de acetilcoenzima A forma corpos cetônicos, por isso a
dosagem de corpos cetônicos pode ser uma medida indireta.
Nem todos, quimicamente são de fato cetonas, mas mesmo assim são produzidos e associados ao estado de jejum.
-Estado de jejum:
Cérebro utiliza corpos cetônicos como fonte de energia, eles são convertidos em acetilcoenzima A que podem entrar
diretamente no ciclo de Krebs e vão resultar em ATP para manter o cérebro vivo.
Corpos cetônicos são gerados do excesso da oxidação de lipídeos para formar energia.
Fígado: ácido graxo →acetilcoenzima A.
Se temos ↑acetilcoenzima A o ciclo de Krebs não consegue dar conta do excesso gerado aí parte das moléculas de
acetilcoenzima A vão servir de fonte para síntese de corpos cetônicos, que serão transportados para o sangue e podem
chegar até o cérebro, onde serão utilizados como fonte de energia.
Pode acontecer gliconeogênese: quando outros substratos, como glicerol, aminoácido são transformados em glicose,
atletas em jejum por muito tempo podem ter ↓desempenho pela quebra de aminoácidos musculares para produção
de energia.
Durante o jejum as reservas corporais de lipídeos podem ser acionadas, nosso tecido adiposo vai quebrar os
triglicerídeos e os lipídeos vão para corrente sanguínea para que tenham destinos como fígado ou cérebro em jejum.
Músculo: lipídeos como fonte de energia em atividades aeróbicas e modalidades esportivas como maratonas, em que
o momento final é definido pelo músculo que tem maior capacidade de oxidar lipídeos.