A Sociedade e o texto dramático: o
teatro brasileiro - século XIX e XX
Língua Portuguesa – 2º ano E.M.
| Literatura – Leitura e produção textual |
Marcio Gregório Sá
Professor
Marcio Gregório Sá da Silva
Marcio Gregório Sá Bacharel e Licenciado em Letras (UNIFESP)
Mestre em Literatura latino-americana
(USP)
[email protected]
Breve história do Teatro ocidental: Marilena
Chauí
O teatro surge na Grécia Antiga por volta do século 6 e 5 a.C.
As principais peças são encenadas por volta de 500-400: são as Tragédias
A tragédia é encenada em dois espaços:
Palco (atores profissionais falando em prosa representam deuses, herói e heroína);
Coro (Grupo de pessoas que, cantando em verso, narram e comentam o que se
passa no Palco).
A palavra (e as linguagens) encontra(m)-se dividida: o texto trágico é uma instituição
de cunho democrático onde a comunidade grega reflete sobre as origens da política
Breve história do Teatro ocidental: Marilena
Chauí
Personagens do palco: deuses, homens e mulheres representando os valores da
Aristocracia: coragem na guerra, beleza física e os privilégios e laços de sangue
Personagens do Coro: colégio de cidadãos que dialoga, avalia e julga as
personagens nobres do palco.
A divisão cênica do uso da língua visa marcar a diferença entre o passado
aristocrático e o presente democrático.
Quais ações (dramas) se desenrolam na peça: sequência de crimes sangrentos
impostos pelos deuses na lei da aristocracia embasada na prática da vingança:
Breve história do Teatro ocidental: Marilena
Chauí
“Édipo Rei”: tragédia de Sófocles que encena o parricídio e incesto de Édipo
“Antígona”: tragédia de Sófocles que dramatiza um fratricídio e outras mortes
“Ifigênia”: tragédia de Eurípedes que representa um infanticídio pela pátria
“Medéia”: tragédia de Eurípedes com adultério, infanticídio e assassinato
Breve história do Teatro ocidental: Marilena
Chauí
Sequências de crimes e vinganças defendidas pelos deuses e nobres em nome da família
As tragédias geralmente são escritas em trilogias: na terceira, os deuses costumam se
reunir para julgar se cabe aos mortais comuns impor as suas leis e seus tribunais.
Trata-se da passagem do espaço privado da família para o espaço público do Estado
O texto dramático encena os conflitos entres ordens e leis distintas: família x estado;
natureza x razão; transcendência x imanência; divino x humano; público x privado.
Poética - Aristóteles
O texto dramático possui três gêneros: tragédia, drama (burguês) e comédia
A tragédia encena as ações nobres de personagens superiores
A comédia dramatiza as ações comuns de personagens inferiores
O drama (burguês) encena ações como são de personagens comuns
O teatro brasileiro: século XX
A comédia é o gênero mais praticado dentre os dramaturgos
Trata-se dos conflitos num momento de transição do Reinado à
monarquia institucional e República
Personagens: homens comuns, públicos, burgueses e escravizados
Teatro crítico, divertido e moralizante: explora os tipos baixos
Questões: visão mercantilista (sistema e valores de troca perpassa
toda a vida social)
O teatro brasileiro: século XX
França Junior (1838 – 1890) e Arthur Azevedo (1855-1908) fazem um
teatro crítico, satírico e genuinamente nacional, mostrando a vida no Império
e a ascensão e decadência da burguesia fluminense
Junior: representou de forma ridícula os tipos humanos do Brasil imperial:
fazendeiro paulista, comerciante português e o estrangeiro espertalhão.
Azevedo: crítico social ferino dos costumes em suas mais de 120 peças
Movimentos de Teatro no século XX
- Teatro experimental do negro (1944) – combatia o reforço de estereótipos de pessoas negras, a
partir do direcionamento dos atores/atrizes negros/as a papéis secundários e pejorativos. Havia uma
rejeição do negro como “personagem e intérprete, e de sua vida própria, com peripécias específicas no
campo sociocultural e religioso, como temática da nossa literatura dramática”. Abdias do Nascimento:
https://www.palmares.gov.br/?p=40416
O TEN habilitou os atores a enxergar criticamente os
espaços destinados aos negros no contexto nacional, e
exaltação/reconhecimento do legado cultural e humano do africano no Brasil.
Movimentos de Teatro no século XX
- Show Opinião (1964) – Augusto Boal: Nara Leão, Maria Bethania, João do Vale
e Zé Ketti. Organizado pelo Teatro de Arena (SP) e UNE
- Texto de Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes
O conceito artístico do Opinião ajudou a
gerar a música e o teatro de protesto com viés
crítico, democrático e revolucionário
Teatro Oficina – Bixiga – São Paulo
- Teatro Oficina Uzyna Uzona (1958) - José Celso Martinez Corrêa, o "Zé Celso"
- Sua sede tem um famoso projeto arquitetônico, projetado em 1992 e inaugurado em 1994, com a assinatura de Lina Bo Bardi e Edson Elito
Em 1962, são levados à cena Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams, e "Quatro Num Quarto", de Valentin Kataev. A peça Pequenos Burgueses, de
Máximo Gorki, estreia em 1963. O grupo monta "Andorra", de Max Frisch, em 1964, ano do golpe militar no Brasil, e "Os Inimigos", de Máximo Gorki, em
1966. No ano de 1966, o teatro que até então possuía formato de arena, com duas plateias opostas, teve seu espaço cênico transformado por nova reforma, após
um incêndio que o destruiu completamente.
Em 1967, a apresentação de "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, traz notoriedade ao teatro, lançando o tropicalismo. Na Europa, o espetáculo torna o grupo
internacionalmente conhecido. As montagens de "Galileu Galilei", 1968, e "Na Selva das Cidades", 1969, ambas de Bertolt Brecht, são o ápice do Oficina.
Em 1971, com o lançamento do filme Prata Palomares, uma crise interna surge e a companhia se desfaz, ressurgindo posteriormente com outra equipe, mas
ainda sob a liderança de José Celso e Renato Borghi, que patrocinam a vinda do grupo experimental estadunidense The Living Theatre.Com a apresentação da
obra de criação coletiva "Gracias, Señor", surge o Oficina Usyna Uzona. A encenação seguinte é uma recriação autobiográfica de "As Três Irmãs", de Anton
Tchekhov, 1972.[1]
Teatro Oficina – Bixiga – São Paulo
- “Roda viva” (1969) – peça escrita por Chico Buarque e dirigida por Zé Celso
- Atores são espancados, em São Paulo, pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC).
- O musical, que havia estreado em janeiro no Rio, é o marco de 1968 no teatro brasileiro. Fala de um
cantor, Benedito Silva, que um empresário transforma no ídolo popular Ben Silver e que, como tal, é
consumido até o suicídio.
Plínio Marcos – dramaturgo santista
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