Psicologia Aplicada ao direito
da Infância e da juventude.
• Direitos da criança e do adolescente.
• Adoção / Guarda dos filhos.
• tipos de violência: Bullying, negligência, física, psicologia e sexual;
• Medidas sócio educativas.
7.2. Direito de família e direito
da criança e do adolescente
Pinheiro, Carla; Manual de psicologia jurídica / Carla Pinheiro. 5. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2019. Capitulo 7. 1. Direito - Aspectos psicológicos 2. Psicologia forense. 18-213.
A parte do direito civil que mais ocupa a psicologia é o direito de família. O
direito da criança e do adolescente encontra-se intimamente ligado ao direito
de família. Daí a quase necessidade de tratarmos de ambos em um mesmo
capítulo. No âmbito do direito de família, os temas mais relacionados à
psicologia são a perícia psicológica e a assistência técnica; a formação e o
rompimento dos vínculos familiares, como casamento e divórcio; o
reconhecimento de filhos; a interdição e as sucessões, além da adoção.
A psicologia se ocupa, então, na compreensão da personalidade dos atores
envolvidos, no desenvolvimento da dinâmica familiar e social, tendo em vista
os novos arranjos familiares, como nas famílias monoparentais ou
homoafetivas, dentre outras.
Com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. 8.069,
de 1990, houve uma verdadeira revolução no que diz respeito à
proteção dos direitos da criança e do adolescente, incluindo-se aí os
seres em desenvolvimento que se encontram em situação de abrigo.
Referida lei é considerada uma das mais avançadas do mundo no
que diz respeito à proteção da infância e da juventude.
O direito da criança e do adolescente encontra-se intimamente ligado ao direito
de família. A psicologia se ocupa, então, na compreensão da personalidade dos
atores envolvidos, no desenvolvimento da dinâmica familiar e social, tendo em
vista os novos arranjos familiares, como nas famílias monoparentais ou
homoafetivas, dentre outras.
Apesar das mudanças, a família continua a ser importante, sobretudo pelo
papel que exerce como formadora da subjetividade dos novos membros, ou
seja, dos filhos.
Com a separação, o divórcio ou a ruptura da união estável, o pátrio poder (poder
familiar) será exercido pelo pai e pela mãe. Caso haja divergências quanto ao
exercício do mesmo, o Judiciário poderá ser acionado (arts. 1.630 e 1.638 do
Código Civil). Os pais têm amplo poder sobre seus filhos, podendo educá-los nos
moldes de sua tradição familiar específica.
No seio da família emergem os conflitos que não conseguem ser solucionados
na esfera individual. É da relação familiar que emergem conflitos e disputas,
como separações, divórcios, violência doméstica, guarda de filhos entre
outros. Esgotada a possibilidade de solução pelas partes, o Judiciário deve
decidir, usando como instrumento o conhecimento oriundo da prática
interdisciplinar.
No direito de família, um caso pode até servir de referência para a solução de
outro similar; no entanto, essa referência deve ser relativizada, tendo em vista
que as emoções subjacentes a cada relação devem ser compreendidas
como únicas, tendo em vista a especificidade de cada pessoa envolvida no
conflito.
De acordo com o art. 1.638 do Código Civil, perderá por ato judicial o poder
familiar o pai ou a mãe que:
I – castigar imoderadamente o filho;
II – deixar o filho em abandono;
III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
A Constituição reforça a importância da proteção à criança e ao adolescente ao determinar, em seu art. 227, que
é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
A relação entre direito e psicologia torna-se bastante clara quando estamos
diante de um caso concreto envolvendo a guarda de filhos, regulamentação
de visitas e a adoção.
Nesses casos, torna-se imprescindível averiguar acerca da dinâmica familiar,
das interações entre os membros da família, da distribuição de papéis entre
eles etc. A análise psicológica realizada pelo processo de psicodiagnóstico
(que inclui entrevistas, leitura dos autos, observações e aplicação de testes
psicológicos) tem por objetivo apontar elementos que auxiliem o juiz em sua
decisão.
É importante ressaltar que, diferentemente do psicodiagnóstico clínico,
a perícia psicológica tem por objetivo específico auxiliar o juiz na
formulação de sua convicção. As partes são convocadas a participar da
perícia, ao contrário do que ocorre com o psicodiagnóstico clínico, em
que a procura é espontânea.
O foco da perícia, na maioria das vezes, centra-se na averiguação das
verdades e na percepção das simulações.
o Código Penal também estabelece tipo penal para aquele que violar os
direitos das crianças e adolescentes, em seu art. 136: expor a perigo a vida
ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim
de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho
excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou
disciplina.
Adoção: Se averiguarmos os primórdios da adoção no Brasil, veremos que antes do
Código Civil de 1916 raras eram as citações jurídicas sobre ela.
Percebe-se um importante papel da psicologia jurídica também no que diz
respeito à adoção. O próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
esclarece que a adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os
mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer
vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais (art. 41).
O acompanhamento psicológico é fundamental durante o processo de
adoção. Na atualidade chamam-nos a atenção as novas configurações
familiares. Como exemplo, temos os casos de adoção por homossexuais.
A adoção de crianças por casais homossexuais gera muitas questões de
ordem religiosa, moral, jurídica e psicológica.
Levando em consideração, sobretudo, a proteção e a melhor alternativa para
a vida da criança e do adolescente, torna-se necessário vencer o preconceito
e o conservadorismo em todos os âmbitos: religioso, moral e até jurídico,
tendo em vista a busca da melhor solução para as crianças sem família, que
pode ser contemplada por meio dos novos arranjos familiares
Na chamada “adoção clássica”, o principal objetivo era proporcionar ao
casal a possibilidade de ter descendentes e, com isso, perpetuar o nome
da família e transmitir os bens do adotante ao adotado.
A adoção “moderna” mudou o foco da adoção, tendo em vista garantir a
todas as crianças o direito de serem criadas por uma família, de forma a
vivenciarem um desenvolvimento adequado.
Adoção a “brasileira” ato de registrar filho alheio em nome próprio, ou
seja, o registro de criança ou adolescentes em nome de pessoas que não
são seus pais biológicos e que não atenderam ao procedimento
estabelecido em lei.
O que é violência?
O Dicionário Houaiss a define violência como sendo a
"ação ou efeito de violentar, de empregar força física
(contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra
(alguém); ato violento, crueldade, força".
No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo
como o "constrangimento físico ou moral exercido sobre
alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem;
coação.
Para Psicologia Violência se define como o uso desejado da
agressividade, com fins destrutivos, podendo ser voluntário,
racional e consciente ou involuntário, irracional e inconsciente.
Para todos os efeitos, seja de guerra, fome, tortura, assassinato,
preconceito, ou seja, a violência se manifesta de várias e todas
as maneiras.
O que é cultura e o que é violência?
Violência:
É qualquer atitude, ação ou omissão que cause prejuízo físico, psicológico
e/ou moral a uma pessoa ou ser vivo.
É o uso de palavras, gestos ou ações que machucam as pessoas, está
diretamente relacionada ao poder, assim como o uso da força que resulta
em ferimentos, sofrimento, tortura ou morte.
Também pode ser entendida como o ato que agride ou pretende agredir.
Analisando a violência pode-se constatar que
esta relacionada a violação, agressão, assim como
também pode se tratar de cultura, “brincadeiras”,
histórias e tradição, transformando-se em
entretenimento, prazer, e até formas altamente
lucrativas (clube swing)
Negligência: significa desleixo, descuido, falta de zelo, é agir com
irresponsabilidade ao assumir um compromisso. É o individuo atuar com
desatenção, menosprezo, desdém. É o ato de depreciar, de não dar algo a seu
devido valor. É também a demonstração de preguiça, de indolência e de
inércia, é a falta de iniciativa.
Na área jurídica, negligenciar é o ato de omitir ou de esquecer algo que
deveria ter sido dito ou feito de modo a evitar que produza lesão ou dano a
terceiros.
No código penal capitulo III, dos crimes contra a assistência familiar, art.
244 ( de 1 a 4 anos de reclusão e multa), trata do abandono material, e no
246 abandono intelectual
Violência invisível:
Pela ‘imaterialidade’ da violência, os profissionais do Direito optam pela
avaliação psicológica para averiguar e produzir provas da então violência.
Viver cotidianamente sob ameaça, desqualificação e humilhação causam grande
impacto na capacidade de lidar com os problemas, e atrapalham a vítima de
ter uma saúde integral.
Violência intrafamiliar ou doméstica: acontece no ambiente
domestico, em uma relação de familiaridade, afetividade ou coabitação.
Geralmente praticada por algum membro da família que viva com a
vítima.
Violência moral – entendida como qualquer conduta que configure
calúnia, difamação ou injúria. ( ex. redes sociais)
• Calúnia – Imputar falsamente a alguém fato definido como crime.
• Difamação – imputar a alguém fato ofensivo á sua reputação.
• Injúria – Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade o decoro.
Violência Psicológica: Qualquer conduta de ação ou omissão,
que cause dano emocional e diminuição da auto estima ou que
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças,
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, perseguição ou qualquer outro meio
que lhe cause prejuízo á saúde psicológica.
Violência física – Entendida como toda ação que
coloque em risco ou cause dano á integridade
física de uma pessoa.
No código penal art. 129 lesão corporal.
Violência sexual – entendida como ação ou conduta que constranja a
presenciar ou a manter a participar de contato verbal, físico ou coito sexual
não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força.
O código penal Brasileiro caracteriza violência sexual de forma física,
psicológica, ameaça, estupro(213), tentativa de estupro, ato obsceno e
atentado violento ao pudor( 214), satisfação de lascívia mediante presença de
criança ou adolescente (218-a), pornografia(234), prostituição, violação
mediante fraude (215), favorecimento da prostituição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (218-b / de 4 a
10 anos reclusão, Rufianismo (cafetão) 1 a 4 anos, se for parente de 03 a 6,
se for menor agrava-se mais 2 a 8 anos.
Considera-se violência sexual também o fato de o autor
obrigar a vítima a realizar alguns desses atos consigo ou
com terceiros.
É violência sexual também induzir ou comercializar, de
qualquer modo, a sexualidade do outro, como também
impedir o uso de método contraceptivo ou forçar a
gravidez ou o aborto.
Infância e Adolescência, mas qual a relação de
violência, com criança e adolescência?
A noção de infância e adolescência é uma construção social,
apesar das mudanças biológicas inerentes a todos os humanos,
cada cultura interpretará a sua maneira.
No Brasil, a adolescência é uma etapa do desenvolvimento
humano, reconhecida como uma fase mais vulnerável do
individuo, marcada por diversos fatores, inclusive de exposição á
delinquência, que pode passar ou assumir como um estilo de vida.
No Brasil usava-se o código penal dos Estados Unidos, que podia ser aplicado a
crianças a partir dos 9 anos, a criança era avaliada pelo juiz a fim de serem
classificadas como imputáveis ou não, a partir da capacidade de distinguir o certo
do errado, socialmente.
Neste código, com quatorze anos o adolescente estava sujeito aos rigores da lei
penal geral, aplicada a adultos, e que podia retroagir até os 9 anos. O que ainda
acontece em alguns países.
Essa legislação previa a possibilidade de recolhimento em
estabelecimentos disciplinares com idade entre quatorze e vinte anos
quando considerados vadios e vagabundos, termos utilizados em
documentos da época.
O termo de Delinquência juvenil – vem dessa época e é usado até hoje,
para descrever um ato de violação da lei cometido por indivíduos que
não se tornaram adultos.
Em Goiás 1976, cria-se a FEBEM, com intuito de auxiliar na
reclusão desses adolescentes.
1988, com a constituição e mais tarde 1990 com o ECA, o
estado reconhece sua responsabilidade e dever de cuidar
desses menores, percebeu-se que em sua maioria necessitava
mais de amparo ou tutela, pois eram negligenciados por suas
famílias.
A nossa legislação não permite a punição/ responsabilização da criança
e do adolescente infrator, além do principio constitucional e legal da
proteção integral a criança e ao adolescente, tal medida não descurou á
responsabilidade proporcional dos infratores, ou seja, é aplicada
medida sócio educativa. (art. 112 do ECA /90)
Neste contexto, discute-se a dicotomia entre o primado da repressão
sobre ideal de educação.
SINASE – Sistema nacional de atendimento sócio
educativo.
O SINASE foi instituído com a lei 12.594, no ano de 2012.
Esse sistema é um conjunto ordenado de princípios, regras,
critérios de caráter jurídico, politico, pedagógico, financeiro e
administrativo que envolve desde a apuração do ato infracional até
a execução de medidas sócio educativas. Que no Brasil tem o
caráter pedagógico.
A lei 12.594 institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE) e é responsável por regulamentar a execução de medidas
socioeducativas destinadas a adolescentes que pratiquem ato infracional.
Em suas disposições gerais é possível identificar os objetivos das medidas
socioeducativas, são eles:
• Responsabilização do adolescente, incentivando a sua reparação;
• Integração social garantindo seus direitos sociais e individuais;
• Desaprovação de conduta infracional, efetivando as disposições da sentença
como parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos,
observados os limites previstos na lei.
Medidas socioeducativas são medidas aplicadas, após o
devido processo legal, a adolescente que pratica um ato
infracional (que pode ser um crime ou contravenção).
Tais medidas estão previstas no artigo 112 da lei 8069/90
(ECA).
Com essas medidas o estado repreende e pune o
adolescente infrator de acordo com as particularidades da
idade, respeitando os seus direitos previstos na lei e na
Constituição e auxiliando o retorno do jovem à família e a
comunidade.
O adolescente autor de ato infracional é responsabilizado por determinação judicial a cumprir medidas
socioeducativas, que contribuem, de maneira pedagógica, para o acesso a direitos e para a mudança de
valores pessoais e sociais dos adolescentes.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, as medidas socioeducativas podem acontecer
em liberdade, em meio aberto ou, com privação de liberdade, sob internação.
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) oferece o serviço de proteção social
a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de
Serviços à Comunidade (PSC). A finalidade é prover atenção socioassistencial e acompanhamento a
adolescentes e jovens encaminhados pela Vara de Infância e Juventude ou, na ausência desta, pela Vara
Civil correspondente ou Juiz Singular. Também cabe ao CREAS fazer o acompanhamento do adolescente,
contribuindo no trabalho de responsabilização do ato infracional praticado.
O Serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto possui interface com o Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo – SINASE, devendo, assim, compor o Plano Municipal de Atendimento
Socioeducativo. O Plano tem como objetivo organizar a rede de atendimento socioeducativo e aprimorar
e monitorar a atuação dos responsáveis pelo atendimento a adolescentes em conflito com a lei.
Liberdade Assistida
O adolescente em medida de Liberdade Assistida é encaminhado ao CREAS, onde será acompanhado e
orientado. A Liberdade Assistida pressupõe certa restrição de direitos e um acompanhamento sistemático
do adolescente, mas sem impor ao mesmo o afastamento de seu convívio familiar e comunitário.
Essa medida é fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo ser prorrogada, revogada ou substituída
caso a Justiça determine.
Prestação de Serviços à Comunidade
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a prestação de serviços à comunidade consiste
na realização de atividades gratuitas de interesse geral, por período não superior a seis meses, junto a
entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos, bem como em programas
comunitários governamentais.
SINASE institui:
Medida de semi liberdade ( em meio aberto com
prestação de serviços a comunidade).
Internação ( sistema de medida com privação de
liberdade).
Violência - cultura - família – adolescência-
conflito com a lei:
A composição familiar e o grupo social ao qual pertencem os
adolescentes em conflito com a lei não são apenas dados
objetivos, mas também uma produção social, politica e
ideológica.
Quando se analisa os processos na justiça da infância e
juventude constatamos que a prática dos delitos ocorre em
todas as classes sociais. “Contudo, a resposta social (medida
sócio educativa) que é diferente para cada caso”.
Para pensar:
O que temos então não é uma delinquência produzida por pobres.
Temos um sistema de controle social que prioriza como alvo as
pessoas desprovidas de capital, para responsabiliza-las e dar um
resposta á sociedade sobre a questão do delito.
EX: os adolescentes que colocaram fogo no índio em Brasília,
pegadinha do “Silvio Santos”, brincadeira ou violência? Se fossem
de baixa renda a mídia teria criticado menos, e as medidas teriam
sido mais severas?
Dados do sistema em Goiás:
Em Goiás existem quase 6 milhões de habitantes, de acordo
com os dados do IBGE de 2018.
No estado existem 246 municípios, e desses apenas 7 possuem
as medidas sócio educativas de privação de liberdade. (Goiânia,
Anápolis, Rio verde, jatai, Itumbiara, Luziânia e Formosa).
Atualmente cerca de 200 adolescentes são submetidos a medida
sócio educativa. (125 internação, 46 internação provisória e 4
em semi liberdade)
Reincidência é baixa comparada aos adultos:
108 desses adolescentes cumprem pela primeira vez a
medida sócio educativa. (68%)
34 desses cumprem medida pela segunda vez, e 30 já
estão na 3 ou mais internação. (32%)
A maioria desses adolescentes (89%) são do sexo masculino, de
baixa escolaridade, de cor parda, cujo poder aquisitivo de suas
famílias não ultrapassa dois salários mínimos, seus pais geralmente
possuem baixa escolaridade.
Nos processos há vários relatos de mães (questões sociais e de
gênero) que imploram ao juiz para que determine a medida de
privação de liberdade, pois não conseguem “dar adequada
assistência” aos filhos, e vê na internação a única maneira de vê-los
longe das drogas e da criminalidade.
Nas entrevistas desses adolescentes encontramos um
discurso marcado pela pobreza, subemprego, trabalho
infantil, violência, maus tratos, espancamentos, negligência,
revertidos de uma aparente ‘normalidade’.
A família é um fator de proteção natural, que relação sócio
familiar é o espaço indispensável para a garantia de
sobrevivência, de desenvolvimento e de proteção integral
dos filhos e demais membros, independentemente dos
arranjos familiares ou da forma que esteja estruturada.
Jogo dos privilégios:
Dê um passo a frente se seus pais ainda são casados;
Dê um passo a frente se você conviveu com pai presente em casa na sua
infância e adolescência;
Dê um passo a frente se você teve acesso a educação privada (colégios
particulares, cursos bilíngue, prof particular);
Dê um passo a frente se você nunca teve que ajudar em casa com as
despesas;
Dê um passo a frente se você nunca se preocupou de onde viria sua
próxima refeição;