1 Sistema Tributário Nacional
Noções gerais de Direito Tributário
1 Visão geral do Direito Tributário
1. Constituição Federal
2. Lei: exercício da competência tributária pelo ente
competente.
3. Fato gerador da obrigação = situação descrita na lei.
4. Obrigação tributária = nasce com a ocorrência do fato
gerador.
5. Lançamento tributário = documentação da ocorrência do
fato gerador; procedimento de formalização da
obrigação.
6. Crédito tributário = obrigação (de o sujeito passivo
pagar o sujeito ativo) formalizada pelo lançamento.
7. Causas modificativas do crédito tributário
a) Suspensão da exigibilidade: causas legais que impedem a
cobrança do crédito tributário.
b) Extinção: implicam no desaparecimento da relação jurídica
tributária (pagamento, p.ex.).
c) Exclusão: causas que impedem a formalização do crédito.
8. Medidas necessárias para a cobrança forçada:
9. Inscrição do crédito em dívida
10. Extração da CDA (Certidão da Dívida Ativa: título
executivo extrajudicial sacado unilateralmente pelo
fisco)
11. Execução fiscal: procedimento de cobrança dos
créditos tributários
2 Tributos
Definição
Espécies
2.1 Definição legal de Tributo
Art. 3º, CTN: Tributo é toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou em cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.
2.2 Requisitos
1. Prestação pecuniária: afasta-se a possibilidade de
tributo in natura ou em trabalho.
2. Compulsória: independe da vontade do sujeito passivo.
3. Não-sancionatória: tributo não é sanção de ato ilícito e
é diferente de multa.
4. Legal: princípio da legalidade.
5. De cobrança vinculada: há apenas um único caminho
possível para a realização da prestação tributária
(execução fiscal).
2.3 Características da competência legislativa
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA é a aptidão
legislativa que os entes tributantes detêm,
distribuída pela Constituição, para a instituição de
tributos.
CARACTERÍSTICAS:
› Exclusividade
› Indelegabilidade
› Inalterabilidade
› Incaducabilidade
› Facultatividade
2.4 LC 101/00
Lei de Responsabilidade Fiscal
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da
responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão
e efetiva arrecadação de todos os tributos da
competência constitucional do ente da Federação.
Par. ún. É vedada a realização de transferências voluntárias
para o ente que não observe o disposto no caput, no que
se refere aos impostos.
Há o DEVER de instituir e arrecadar os impostos de sua
competência para os Estados, Distrito Federal e
Municípios.
Em caso de descumprimento do dever, a lei estabelece
uma sanção: o não exercício da competência implicará na
impossibilidade do repasse de verbas federais voluntárias.
O repasse por força constitucional fica mantido.
2.5 Espécies tributárias
Impostos
Taxas De polícia
De serviço
Contribuição de melhoria
Empréstimo compulsório
Contribuições Sociais Para a seguridade social Ordinárias
especiais Residuais
Gerais
De interesse Órgãos representativos Contribuição sindical
de categoria
social e Órgãos de disciplina e CREA, CRM, CRC
econômica
fiscalização de categorias
profissionais
De intervenção no domínio econômico
De custeio do serviço de iluminação pública
2.6 Tributo vinculado e não vinculado
TRIBUTO VINCULADO: os valores arrecadados com o
tributo devem obrigatoriamente ser empregados na área
que ensejou a cobrança.
TRIBUTO NÃO-VINCULADO: os valores arrecadados
vão para o orçamento geral e não precisam ser
empregados em área correlata à que gerou a tributação.
2.7 IMPOSTO
Art. 16, CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por
fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
CONCEITO: é a modalidade de tributo que tem por fato
gerador uma situação não relacionada a uma atividade
estatal. Não se exige qualquer contraprestação estatal.
Por determinação constitucional, os impostos não podem ter
suas receitas vinculadas a fundo, despesa ou órgão
específico. A receita de imposto não pode ter destino prévio.
O objetivo é formar o orçamento geral do ente, que pode ser
utilizado de forma flexível.
2.7.1 Tributo não vinculado
Art.167, CF. São vedados:
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
despesa, ressalvadas a repartição do produto da
arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e
159, a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do
ensino e para realização de atividades da administração
tributária, como determinado respectivamente pelos arts,
198, §2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às
operações de crédito por antecipação de receita, previstas
no art. 165, §8.º, bem como o disposto no §4º deste artigo
2.7.2 Tipos de impostos
Ordinários (art. 153, 155 e 156 CF): União, Estados,
Distrito Federal e Municípios
Residuais (art. 154, I, CF): União
Extraordinários (art. 154, II, CF): União
Ordinários
Federais Residuais
Extraordinários
Estaduais Ordinários
Municipais Ordinários
2.7.2.1 Impostos ordinários
União Imposto de Importação – II
(art. 153, CF) Imposto de Exportação – IE
Imposto de Renda – IR
Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI
Imposto sobre Operações Financeiras – IOF
Imposto Territorial Rural – ITR
Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF
Estados Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor – IPVA
(art. 155, CF) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS
Imposto sobre a Transmissão de Bens Causa Mortis e Doações
– ITCMD
Municípios Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana – IPTU
(art. 156, CF) Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS
Imposto sobre a Transmissão de Bens Inter Vivos – ITBI
2.7.2.2 Impostos residuais e extraordinários
Art. 154. A União poderá instituir:
I – mediante lei complementar, impostos não previstos no
artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não
tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;
II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua
competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
2.8 Taxa
Conceito: é a modalidade de tributo que tem por fato gerador
uma situação diretamente vinculada a uma atividade estatal.
Art. 77, CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização efetiva ou
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado
ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Par. único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idêntico aos que correspondam a imposto nem ser calculada
em função do capital das empresas.
2.8.1 Tributo vinculado
COMPETÊNCIA: competência administrativa para a
execução dos serviços ou para o exercício do poder de
polícia.
ATRIBUTO: regra da retributividade. O valor é uma
medida aproximada do gasto estatal.
As taxas NÃO podem variar de acordo com a
capacidade contributiva do sujeito passivo.
ESPÉCIES:
Taxa de polícia (art. 78, CTN)
Taxa de serviço (art. 145, II, CF)
2.8.2 Taxa de polícia
A atividade estatal que gera a taxa é o exercício do poder
de polícia.
Conforme o art. 78, do CTN, o poder de polícia é qualquer
atividade de fiscalização ou regulação do exercício de um
direito.
Para a doutrina, o poder de polícia deve ter sido
efetivamente prestado. PORÉM, para o STF, a taxa de
emissão e renovação de alvará é constitucional mesmo
que não haja a efetiva fiscalização, pois há condições de
que a fiscalização ocorra a qualquer momento.
2.8.3 Taxa de serviço
O fato gerador da taxa de serviço é a utilização de serviço
público específico e divisível de utilização efetiva ou
potencial.
2.9 Contribuição de melhoria
CONCEITO: modalidade de tributo cujo fato gerador é a
realização de uma obra pública de que decorra valorização
imobiliária para o sujeito passivo.
REQUISITOS:
obra pública
valorização imobiliária
COMPETÊNCIA: do ente que tem a responsabilidade
administrativa pela obra.
VALOR: a lei instituidora deve definir a parcela da obra
que será custeada e quanto será devido por cada
proprietário.
2.9.1 Definição do valor da contribuição
Valor cobrado = percentual do custo da obra + índice de
valorização de cada imóvel
LIMITES:
Limite individual: nenhum sujeito passivo pode ser obrigado a
pagar valor superior à efetiva valorização do seu imóvel.
Limite global: o máximo de arrecadação da contribuição de
melhoria deve ser até o total do custo efetivo da obra (total da
despesa realizada). É mais por opção do legislador que por
motivo jurídico, já que não é para custear a obra. Poderia causar
desvios do ente tributante.
2.10 Empréstimo compulsório
CONCEITO: a modalidade de tributo vinculado que
poderá ser criada diante das hipóteses autorizadoras
previstas na Constituição.
HIPÓTESES:
Despesas extraordinárias: calamidade pública ou guerra
iminente
Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse
nacional.
COMPETÊNCIA: exclusivamente federal.
São tributos restituíveis.
A lei complementar instituidora DEVE determinar o
momento e a forma da devolução.
2.11 Contribuições especiais
ESPÉCIES:
Contribuições especiais sociais
Contribuições especiais de interesse de categoria social e
econômica
Contribuições especiais de intervenção no domínio
econômico
Contribuições especiais de custeio do serviço de iluminação
pública (149-A – EC 39)
CONCEITO: é a modalidade de tributo de competência da
União que visa a custear uma atividade estatal específica.
2.11.1 Desvinculação de Receitas da União
(DRU)
Art. 76, ADCT. É desvinculado de órgão, fundo ou
despesa, até 31 de dezembro de 2015, 20% da
arrecadação da União de impostos, contribuições
sociais e de intervenção no domínio econômico, já
instituídos ou que vierem a ser criados até a referida
data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais.
2.11.2 Contribuições sociais
Pagamento de salário
Contribuições Receita ou faturamento
para a (Cofins)
seguridade Ordinárias Lucro (CSLL)
social: Salário do empregado
previdência, Concurso de prognósticos
assistência e Importador (Pis-Cofins
saúde Importação)
Residuais
2.11.3 Contribuições de interesse de
categoria social e econômica
Custeio dos órgãos representativos = CONTRIBUIÇÃO
SINDICAL – sindicatos, federação, confederação. (art.
578, CLT)
Todo membro de uma categoria profissional, independente de
sindicalização, deverá pagar, todo mês de abril, o equivalente a
um dia de trabalho (1/30). Não se confunde com a
CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA, que só é devida pelos
membros da categoria efetivamente sindicalizados.
Custeio dos órgãos de disciplina e fiscalização de
categorias profissionais: custeiam os órgãos de
fiscalização profissional.
Conselhos Profissionais: CREA, CRM, CRC etc.
2.11.4 Contribuições de intervenção no
domínio econômico – CIDE
CONCEITO: tributos federais cujo objetivo é o custeio da
atividade do Estado de intervenção na economia. Atos de
intervenção para controlar preços, estimular ou
desestimular importação/exportação, consumo.
Atos de intervenção:
Diretos: atuação direta na atividade econômica, por prestação
de serviço público, por exploração da atividade econômica
(empresa pública ou sociedade de economia mista) por
monopólio ou em concorrência com a iniciativa privada.
Indiretos: legislação, fiscalização ou tributação. A tributação é
feita por meio de CIDE.
2.11.5 Contribuições de custeio do serviço
de iluminação pública
CONCEITO: objetiva a custear uma atividade estatal, que
é geral e indivisível.
COMPETÊNCIA: município e DF.
Art. 149-A, CF. Os Municípios e o DF poderão instituir
contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio
do serviço de iluminação pública, observado o disposto no
art. 150, I e III.
Par. ún. É facultada a cobrança da contribuição a que se
refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
(EC 39/02)