A LÓGICA

SILOGÍSTICA
OU ARISTOTÉLICA - 1
 A LÓGICA
“O. Smith: (sempre com o jornal): Ora veja, aqui diz que Bobby Watson morreu.
A. Smith: Meu Deus, o pobrezinho, quando foi que ele morreu?
O. Smith: Hem? … Que espanto é esse? Bem sabe que ele morreu há dois anos. Então não
estivemos no enterro dele há ano e meio?
A. Smith: Claro que me lembro. Eu não me lembrei logo. Mas o que não compreendo é
porque você ficou tão espantado ao ver isso no jornal.
O. Smith: Isso não estava no jornal. Há três anos que se falou na morte dele. Eu lembrei-me
por associação de ideias.
A. Smith: Coitado! Estava tão bem conservado.
O. Smith: Era o cadáver mais bonito da Grã-Bretanha. Não aparentava a idade que tinha.
Pobre Bobby, estava morto há quatro anos e ainda estava quente. Um verdadeiro
cadáver vivo. Como era alegre!
A. Smith: Coitada da Bobby.
O. Smith: Você quer dizer coitado do Bobby.
A. Smith: Não, penso na mulher dele. Chamava-se Bobby como ele. Como ele tinha o mesmo
nome, não era possível distinguir um do outro quando estavam juntos. Só depois da
morte dele é que se pôde saber de verdade quem era um e quem era outro. E você
sabe que ainda hoje há gente que confunde a viúva com o defunto e lhe dão os
pêsames? Você conhece-a? (…)
O. Smith: Tem traços regulares, mas não se pode dizer que seja bonita. É muito alta e forte.
Os seus traços não são regulares, mas é bem bonita. É um pouco baixa e muito
magra. É professora de canto.”
E. Ionesco(s/d), A cantora careca. Lisboa: Minotauro
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 A LÓGICA

Estuda a estrutura, a forma do pensamento

racional , a fim da razão pensar corretamente, com
validade

• Etimologicamente deriva de Logos que significa

simultaneamente palavra, proposição, oração,
pensamento.

• Ciência que tem por objeto o pensar, ou ciência do

pensamento, investiga portanto a validade do
pensamento.

• A Lógica é necessária para corrigir os erros do pensar e

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 LÓGICA

Disciplina filosófica que estuda a distinção entre argumentos

corretos (ou válidos) e incorretos (ou inválidos), mediante a
identificação das condições necessárias à operação que
conduz da verdade de certas crenças à verdade de outras.

Estudo das leis, princípios e regras a que devem

obedecer o pensamento e o discurso para serem válidos.

Lógica formal Lógica informal

Analisa a validade Analisa

dos argumentos essencialmente a
dedutivos validade dos
argumentos não
dedutivos
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 LÓGICA: QUAL A SUA UTILIDADE?

• Clarificar e analisar o pensamento e a linguagem.

• Assegurar a eficácia demonstrativa do pensamento.
• Garantir a correção formal do raciocínio e a coerência do
discurso.
• Definir os conceitos, ordenar as noções, obter conclusões
formalmente válidas, evitar ambiguidades e detetar erros
no desenvolvimento das argumentações.
• Descobrir os princípios e os métodos do raciocínio
correto. Raciocinar bem envolve competências lógicas
que permitem avaliar criticamente as razões que nos
apresentam.
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 OS PRINCÍPIOS LÓGICOS

Princípio da identidade Princípio de não contradição

| |
Todo o a é Se é a não
idêntico a pode ser não a
a Nada é A e não
A
A=A

Princípio do 3.º excluído

|
Ou é a ou
é não a

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 INSTRUMENTOS LÓGICOS

CONCEITOS Casa; Homem …

O sol é uma
JUÍZOS estrela
O gato é uma ave

Se a é maior que
b e b é maior
RACIOCÍNIOS que c, então a é
maior que c

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 CONCEITO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

• Representação mental, abstrata e geral que reúne as

características comuns a um conjunto de seres da mesma
espécie.
• Exprime o que é COMUM, UNIVERSAL, PERMANENTE,
IMUTÁVEL, aos seres da mesma espécie.
• Não são Verdadeiros nem Falsos, pois não afirmam nem negam.
Os conceitos formam-se por:
- abstração (retirar do objeto apenas as características
essenciais, não tendo em conta os aspetos secundários e
acidentais) e;
- generalização (aplicar a ideia mental obtida, a todos os
objetos da mesma classe).
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 CONCEITO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

• Os conceitos variam em compreensão e em extensão.

1) Extensão – conjunto de seres/objetos que o conceito

abrange ou se aplica;
2) Compreensão –conjunto de qualidades/características que o
caracterizam e que são comuns a todos os sujeitos que
formam a sua extensão.

São inversamente proporcionais: quanto maior for a extensão de

um conceito menor será a sua compreensão e vice-versa

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 CONCEITO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

CONCEITO – EXERCÍCIOS DE
APLICAÇÃO
Coloca por ordem crescente de extensão os seguintes conceitos:
1. Móvel, objeto de madeira, mesa, objeto
2. Europeu, leiriense, português, Homem, ser vivo
3. Vertebrado, mamífero, animal, cadela, Laica
4. Europa, Terra, Coimbra, Região Centro, Portugal

Resolução
1. Mesa – móvel – objeto de madeira – objeto
2. Leiriense - português - europeu – Homem – ser vivo
3. Laica – cadela – mamífero – vertebrado – animal
4. Coimbra – Região Centro – Portugal – Europa - Terra

1
 CONCEITO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

CONCEITO – EXERCÍCIOS DE
APLICAÇÃO
Coloca por ordem crescente de compreensão os seguintes conceitos:
1. Mês, dia, semestre, quinzena, ano, trimestre
2. Automóvel, veículo, Opel, meio de transporte
3. A Bola, publicação, jornal, diário
4. pinhal, pinheiro, floresta, ser vivo, pinhal de Leiria

Resolução
1. Ano - Semestre - trimestre - mês - quinzena - dia
2. Meio de transporte - veículo - automóvel - Opel
3. Publicação - jornal - diário - A Bola
4. Ser vivo - floresta - pinhal - pinhal de Leiria - pinheiro

1
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

• Operação mental pela qual estabelecemos uma

relação entre 2 ou mais conceitos.
• É um ato mental pelo qual se afirma ou nega uma
relação entre conceitos. Por isso os juízos podem ser
Verdadeiros ou Falsos.

1. se aquilo que é pensado se adequa à realidade a

proposição é verdadeira.
2. se aquilo que se declara não se adequa à
realidade a proposição é falsa.

1
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

A expressão verbal de um Juízo designa-se de

proposição.

Forma de expressão do
pensamento, que tem um
valor de verdade (ou V ou
F)

 As frases imperativas, exclamativas e interrogativas, não

são juízos. Estes expressam-se em FRASES
DECLARATIVAS.
 A forma clássica do juízo é: S é P (“sujeito” é
“predicado”).
1
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

Proposição - exprime as relações entre termos e são expressas através de

frase. Uma frase para ser considerada uma proposição deve reunir 3
condições:
• Ser declarativa
• Ter sentido
• Apresentar valor de verdade (V ou F)

As proposições podem ser:

1. Simples (atómicas) –são aquelas que não se podem decompor.

Exemplo: O Rui é alto

2. Compostas (moleculares) –são aquelas que se podem decompor em

proposições mais simples.
Exemplo: O Rui joga futebol e é leiriense
Proposição 1 -Rui é jogador
1
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:
EXEMPLOS DE FRASES QUE NÃO EXPRESSAM PROPOSIÇÕES
EXEMPLOS TIPO DE FRASE
Saia da minha frente! Frase imperativa
Que belo jardim você tem! Frase exclamativa
Quem sou eu? Frase interrogativa
Farei o que me mandas fazer. Frase que traduz uma promessa
Ajuda-me a transportar estes Frase que expressa um pedido
sacos.

PROPOSIÇÃO
Pensamento ou conteúdo, verdadeiro ou falso, expresso por uma frase
declarativa.
A mesma proposição pode ser expressa por diferentes frases
declarativas:
“A Terra é contemplada pelo astronauta a partir da Lua.”
=
1
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

PROPOSIÇÕE FRASES
S

Nem todas as frases expressam proposições.

Só as frases declarativas.

Afirmam, negam, atribuem, declaram

ou constatam alguma coisa.

Podem ser consideradas verdadeiras ou falsas.

1
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

Estrutura da proposição
categórica:
Quantificado
Sujeito Cópula Predicado
r

“Alguns filósofos são

crentes”
Sujeito: aquilo acerca do qual se afirma ou nega algo.
O sujeito deste juízo é “filósofos”.

Predicado: a qualidade ou característica que se afirma pertencer ao

sujeito.
O predicado deste juízo é “crentes”.

Cópula: o elemento de ligação entre o sujeito e o

predicado. 1
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

CLASSIFICAÇÃO DE JUÍZOS

RELAÇÃO QUALIDADE QUANTIDADE

Categóricos Afirmativos Universais

Simplesmente afirmam Quando se afirma algo do Quando o sujeito é
ou negam a relação entre sujeito tomado em toda a sua
SeP Rui é alto extensão
Condicionais Negativos Todos os cães são lindos
Estabelecem uma relação Quando se nega algo do Particulares
sujeito Quando o S. é tomado em
“ Se... então” Rui não é gordo apenas uma parte da sua
Se fizer sol vou à praia extensão
Disjuntivos Alguns cães são azuis
Estabelecem uma relação
“Ou…ou” 1
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

A Lógica Silogística Ou Aristotélica

Tipos de Proposição Categóricas:

Tipo A Universais Afirmativas

Tipo E Universais Negativas

Tipo I Particulares Afirmativas

Tipo O Particulares Negativas

1
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

A Lógica Silogística Ou Aristotélica

1. Juízos Universais:

Na forma padrão as proposições

universais apresentam quantificadores
universais: S P
Todo;
Nenhum;
Qualquer que seja; S P
Tudo o que é...

Para os clássicos os juízos singulares são

2
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

A Lógica Silogística Ou Aristotélica

1. Juízos Universais:

Exemplos:
Todo o homem é mortal.
As galinhas não têm dentes.
Os triângulos são triláteros.
Não há homem que não seja
inteligente.
Qualquer homem é inteligente.

2
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

A Lógica Silogística Ou Aristotélica

2. Juízos Particulares:

Uma proposição particular é aquela na qual o sujeito

representa uma parte não determinada dos membros de
uma classe, ou seja, é tomado em parte da sua extensão.

2
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

A Lógica Silogística Ou Aristotélica

2. Juízos Particulares:

Exemplos:
Alguns alunos são estudiosos.
Há estudantes preocupados.
Pelo menos estes lápis são azuis.
Nem todos os bolos são de chocolate…

2
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

JUÍZO – EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

A – Da lista de frases seguintes, diga quais são proposições
1. Pai nosso que estais no Céu.
2. A que horas nos encontramos?
3. Coimbra é considerada a lusa Atenas
4. 4 é um número ímpar.
5. Que a sorte nos proteja!
6. A beterraba é um animal
7. Passa-me o sal, por favor.
8. Tens de comer a sopa toda!
9. Qual é o problema, afinal?
10. O urso ouve canções de embalar.

Resolução
São proposições, os enunciados 3, 4, 6, 10
2
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

JUÍZO – EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

B – Transforma as seguintes frases em proposições categóricas:
1. Muitos estudantes gostam de Filosofia.
2. Nem ao menos um aluno gosta de música.
3. Todos os professores, exceto um, são simpáticos.
4. As músicas são interessantes.
5. Nem todos europeus são portugueses.
6. As pedras não são metais.
7. Há pelo menos um aluno com carro.
8. Nem um barco é veloz.
9. Nem todas as pessoas são desonestas.
10. Os elefantes não são capazes de nadar.
11. Quase todos os alunos são criativos.

2
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

JUÍZO – EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

Resolução
1. Alguns estudantes gostam de filosofia.
2. Nenhum aluno gosta de música.
3. Alguns professores são simpáticos.
4. Todas as músicas são interessantes.
5. Alguns europeus não são portugueses.
6. Nenhuma pedra é metal.
7. Alguns alunos têm carro.
8. Nenhum barco é veloz.
9. Algumas pessoas não são desonestas.
10. Nenhum elefante é capaz de nadar.
11. Alguns alunos são criativos.
2
 JUÍZO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

JUÍZO – EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

C – Classifica os seguintes juízos quanto à quantidade e quanto à qualidade:
1. João é o maior amigo de Carlos.
2. João não é irmão da Teresa.
3. Alguns homens não são eficientes.
4. Carolina é uma mulher ciumenta.
5. Todas as mulheres ciumentas são perigosas.
6. Nenhum aluno gosta de filosofia.
7. Algumas pessoas são amigas de infância.
8. Todos os homens são livres.
9. Certos políticos são desonestos.
10. Alguns alunos são excelentes.
11. Os nórdicos não são loiros.
12. Alguns portugueses não são europeus.
2
 RACIOCÍNIO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

A Lógica Silogística Ou Aristotélica

Raciocínio

• Operação intelectual mediante a qual o pensamento de uma

ou mais proposições derivadas entre si, parte para novas
proposições que delas derivam logicamente. A este passo
chama-se inferência.
• Fazer uma inferência é extrair uma ou várias proposições não
conhecidas de uma ou várias proposições já conhecidas.
• A expressão verbal do raciocínio designa-se de argumento.
• As proposições de que se parte chamam-se antecedentes ou
2
 RACIOCÍNIO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

Tipos de Raciocínio – Dedutivo

• É uma operação que consiste em fazer passar de 1 ou mais

proposições gerais (premissas) para uma nova proposição
particular que é consequência necessária da primeira.
• Num argumento dedutivo válido é impossível que as premissas
sejam V e a conclusão F.
• É um movimento que extrai de um princípio geral uma
conclusão particular.

Exemplo: Todos os homens são filósofos

João é homem
João é filósofo
2
 RACIOCÍNIO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

Tipos de Raciocínio – Indutivo

• Operação contrária à dedução e consiste em fazer passar do

particular ao geral. Partindo de factos, da observação, da
experiência, a indução permite concluir uma lei geral aplicável
a todos os casos.
• As suas conclusões são contingentes (isto é, podiam ser de
outro modo) uma vez que se baseiam na observação
experimental.
• A conclusão é apenas provável.

Exemplo: A água dos rios Douro, Mondego e Tejo é

doce
Ora, o Douro, o Mondego e o Tejo 3
 RACIOCÍNIO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

Tipos de Raciocínio – Analogia

• É uma operação que vai do particular para o particular.

Partindo de certas semelhanças entre 2 objetos ou grupo de
objetos, o raciocínio extrai outras semelhanças.
• A sua conclusão é apenas provável.

Exemplo: Primeiro-ministro
Governo
Capitão do navio
Passageiros

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 RACIOCÍNIO
INSTRUMENTOS LÓGICOS:

A Lógica Silogística Ou Aristotélica

Raciocínio

• Matéria de um raciocínio é o conteúdo das proposições,

aquilo que elas significam, e é a seu respeito que falamos
de verdade ou falsidade.
• Forma é o modo, a forma como as proposições são
encadeadas, independentemente da matéria que possamos
exprimir, e é a este respeito que falamos de validade.