MANEJO INTEGRADO DE
PRAGAS
Fernando Simões Gielfi
“Qualquer espécie, raça ou biótipo de um
organismo vivo, como insetos, fungos ou
plantas daninhas, que causam prejuízos às
plantas cultivadas, produtos armazenados ou
ao animais domésticos (Norris et al., 2003) ”
Atividades da praga
Relacionado à cultura e sua
resposta à injuria
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA QUE UM
INSETO SEJA CONSIDERADO UMA PRAGA
Status de praga
Matriz ambiental
Espécie Cultura
inseto (espécie)
Custos do
manejo
População Alimentação e/ou Valor de
características de mercado
oviposição Suscetibilidade ao
dano
FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO
Potencial genético
Ambiente
Economia
Fatores bióticos (pragas)
Norris et al. (2003)
TETRAEDO DETERMINANTE
para que um inseto seja considerado praga
Tempo
Cultura
Praga Ambiente
Norris et al. (2003)
PRAGAS
chaves
de menor importância
secundárias
ocasionais
potenciais
migratórias
insetos que não causam danos
EVOLUÇÃO DO CONTROLE DE PRAGAS
Controle químico cego
calendários
dom seg ter qua qui sex sab
1 2 x4 5 6 7 8
9 10 x
11 12 13 14 15
16 17 x
18 19 20 21 22
23 24 25 26 27 28 29
30 31
CRONOLOGIA DOS AVANÇOS
síntese do DDT
Paul Müller
Geigy Corporation
até metade dos anos 60
Kogan (1998)
A partir do final da década de 50
Resistência dos insetos Desequilíbrios
aos inseticidas (mais de biológicos
500 pragas resistentes)
Efeitos prejudiciais ao
homem, inimigos
Aparecimento de novas
naturais, peixes, outros
pragas (antes
animais
secundárias)
Resíduos nos alimentos,
Ressurgência de pragas água e solo
Rachel Carson
Alerta contundente sobre o uso incorreto de
produtos químicos
61 primaveras
depois ...
Marcolin (2002)
Manejo Integrado de Pragas
Numa tentativa de conciliar as 67 definições de MIP
efetuadas entre 1959 e 1998, Kogan (1998) propôs a
seguinte:
“ MIP é um sistema de suporte à decisão para uso de táticas
de controle de pragas, isoladamente ou associadas
harmoniosamente em uma estratégia de manejo, com base
em análises do custo/benefício, que levam em consideração
o interesse e/ou impacto nos produtores, sociedade e
ambiente”
O conceito engloba todas as classes de pragas: plantas
invasoras, insetos, fitopatógenos, etc.
MIP
“Conjunto de medidas que visa manter
as pragas abaixo do nível de dano
econômico, levando-se em conta
critérios econômicos, ecológicos e
sociais”
Alguns fatores bióticos para o
controle de pragas
• Agentes de controle biológico
– Predadores, parasitóides e entomopatógenos
• Vegetação
– Diversidade de cultivos e de vegetação natural,
rotação de culturas, etc.
• Resistência varietal
• Extratos de plantas (nim, etc.)
• Semioquímicos
– Alomônios, cairomônios e feromônios
Técnicas de manejo
INSETICIDAS
CONTROLE BIOLÓGICO
PRO G RA
FEROMÔNIOS
M A
TAXONOMIA
MANIPULAÇÃO GENÉTICA DE PRAGAS
INT
AMOSTRAGEM
NÍVEIS DE CONTROLE
FATORES CLIMÁTICOS
EGR
ADO
VARIEDADES RESISTENTES A INSETOS
(plantas modificadas geneticamente)
MORTALIDADE NATURAL NO AGROECOSSISTEMA
MANIPULAÇÃO DO AMBIENTE
para
E MÉTODOS CULTURAIIS
manejo
Alicerce
decisões do
Leppla (1992)
RE
O SI
IC ST
ÊN
Í M
QU
CI
A
LE DE
c as
O PL
Toxturais
R
ns g t as
na
T s s ANT
êni
N e
t r a P l an
r da
CO
inas
Pr o va AS
sel dut i
lt i o n a
etiv os u
C lec
os
MA
R AL
se
NIP
ticas as
TU
Feromônios P r á
mi c
MIP
ULA
agronô
CUL
ÇÃO
e nt es e Pol
icu
s
Atrpaelente lti v
OLE
os
Parasitóides
AM
re
Predadores
Patógenos
ND
B IE
NT R
NC
NTA
CO
L
CONTROLE BIOLÓGICO NE
Para muitos, o MIP é o uso eficiente de
produtos fitossanitários com atenção ao
monitoramento das populações da praga e
o intervalo entre as aplicações desses
produtos
“O MIP, como a
Diplomacia, é a arte das
possibilidades”
MIP não tem valor comercial!
(Joel Ragagnin, 2014)
Problemas
››Visão simplista de
manejo de insetos
›› Sucessão de
culturas
›› “Não manejamos
(Ambiente, economia,
aspectos legais) DECISÃO
MÉTODOS DE
CONTROLE
AMOSTRAGEM
DANOS E NÍVEIS DE
DANOS E CONTROLE
Critérios ecológicos,
FATORES CLIMÁTICOS, econômicos e
DINÂMICA sociais
AVALIAÇÃO DE
INIMIGOS NATURAIS
IDENTIFICAÇÃO DAS
PRAGAS CHAVES
Limiar econômico
Nível de ação
Nível de ataque a partir do qual há
perda econômica de produtividade
(Dificulta as definições dos
níveis mencionados)
FILOSOFIA ATUAL
Manejo Integrado de Pragas
PRAGAS
Não econômicas
raramente ultrapassam o NDE
Ocasionais
ultrapassam o NDE em condições excepcionais
(condições climáticas atípicas ou pelo uso
indevido de inseticidas)
Perenes
quando atingem o NDE com freqüência
Severas
população sempre acima do NDE, se não forem
adotadas medidas de controle
Não pragas
Ocasionais
Severas
Densidade
Populacional $$
N.D.E
Falha no controle
N.A
PGE
Tempo
IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA MIP
Reconhecimento das pragas mais importantes
Identificação taxonômica
Bionomia das pragas-chave
(biologia, hábitos, hospedeiros, inimigos
naturais etc.)
AGENTES DE CONTROLE
BIOLÓGICO
• PARASITÓIDES – Solitários ou gregários, necessitam
de um único hospedeiro para completar o ciclo
• PREDADORES – Insetos, outros invertebrados,
pássaros, peixes, anfíbios, mamíferos –consomem mais
de uma presa para completar o ciclo
• PATÓGENOS – Fungos, vírus, bactérias, protozoários,
nematóides – Infecções crônicas ou agudas
FUNGOS
• Infectam através do corpo
• Geralmente têm amplo espectro
de hospedeiros
• Transmissão boa pelo vento
• Geralmente lentos.
• Altamente dependentes de alta
umidade
BACTERIAS
• Infectam por ingestão de
esporos e/ou toxinas
• B. thuringiensis (Bt) – efeito
rápido, mas tem baixa
persistência e dispersão
• B. popilliae - lento, mas boa
persistência (solo)
• Bt – inseticida biológico mais
utilizado em culturas e florestas
MICROSPORIDIA
• Infectam via oral
• Maioria lentos,
causam doença
crônica e debilitam os
insetos
• Transmissão horizontal
e vertical
NEMATÓIDES
• Infectam insetos via oral e
através da pele
• Geralmente lentos, mas
alguns carregam bactérias
e matam rápidamente
• Têm capacidade de busca
• Suscetíveis a dissecação
Características e importância de
Baculovírus
• Específicos a artrópodes e
isolados de mais de 700
espécies, principalmente de
insetos
• Inócuos para plantas,
vertebrados e inimigos
naturais de pragas
• Dentre os vírus de insetos,
são os que apresentam maior
potencial para o controle de
pragas agrícolas e florestais
AGROECOSSISTEMA
Práticas culturais Herbicidas Inseticidas
Fungicidas
Umidade
Planta Insetos
Vento Chuva
Variedade
Radiação Solar Parasitóides Predadores Entomopatógenos
Outros Fatores
Solo
EVOLUÇÃO DOS MÉTODOS DE PROTEÇÃO DE PLANTAS
Controle químico “cego” – calendários;
Controle químico orientado – orientação técnica
oficial;
Controle específico – níveis de controle,
inseticidas seletivos;
MIP – controle específico + integração de
métodos biológicos e biotécnicos e outros
métodos de boa prática agrícola;
PI – observação, integração e exploração de
todos os fatores no agroecossistema, de acordo
com princípios ecológicos.
Boller et al. (1998)
BRASIL
é líder na América Latina e na
Agricultura Tropical
Nos últimos tecnologia própria
anos para condições
tropicais
Passado transferência de pacotes
tecnológicos de países
temperados, nem sempre bem
sucedidos
BRASIL
“status” de exportador
Regras do mercado internacional
fiscalização rigorosa de resíduos químicos
nos produtos exportados;
restrições quarentenárias;
certificação dos produtos com padrões
internacionais
PROBLEMAS
Monitoramento (difícil na prática);
Previsão de pragas e doenças (nem
sempre existem modelos práticos);
NC estático para insetos e difícil para
doenças e plantas daninhas;
Treinamento para conhecimento de
aspectos ecológicos e desafios do MIP.
NÃO IMPLEMENTAÇÃO DO MIP
Influência e pressão de multinacionais
Pesquisa insuficiente
Baixo custo e alta eficiência dos agroquímicos
Serviço de extensão deficiente
Nível de formação do agricultor
Produtor é conservador e avesso a riscos
Complexidade do MIP
“Falta de conversa” entre cientista (pesquisador) e
produtor (os dados propostos pelo pesquisador nem
sempre são viáveis de serem aplicados no campo)
Lester e Ehler (2005)
PROBLEMAS ADICIONAIS DO BRASIL
Biodiversidade
Clima tropical (ciclos biológicos
mais curtos)
Sucessão de gerações (sem
interrupção, sem diapausa)
Modelo agrícola (áreas extensas)
Novas fronteiras
O MIP deve ser “construído”
dentro de cada propriedade
agrícola e pelo agricultor
OBRIGADO