FACULDADE DE ARQUITECTURA E PLANEAMENTO FÍSICO
Curso de Licenciatura em Urbanismo e Ordenamento do Território
Cadeira de Estudos Demográficos
PROJECÇÕES DEMOGRÁFICAS
Domingas João Docente:
Alautinho
PhD. Benilde
Cololo
Nampula
2025
1.Introdução
As projeções demográficas constituem uma ferramenta essencial para o planejamento e a
formulação de políticas públicas em diversas áreas, como saúde, educação, habitação e infra-
estrutura. Elas consistem em estimativas futuras da população com base em tendências
observadas de natalidade, mortalidade e migração (Carvalho & Garcia, 2003). Ao fornecer
cenários possíveis de crescimento ou declínio populacional, as projeções orientam a tomada de
decisões e a alocação eficiente de recursos por parte dos governos e instituições.
1. Objectivos
1. Objectivo Geral
Compreender as projeções demográficas no planejamento socioeconômico e urbano,
destacando seus métodos, utilidade e implicações para a formulação de políticas públicas.
2. Objectivos Específicos
2.Identificar os principais métodos utilizados na elaboração de projeções demográficas.
3.Caracterizar os fatores determinantes de Projecções Demográficas.
4.Demostrar a importância de estudar as projecções demográficas no contexto Moçambicano.
1.2. Metodologia
Este trabalho foi elaborado com base na revisão bibliográfica e anãlise documental, através de
acervos electonicos, artigos cientificos manuais e livros virtuais, com o intuito de abordar
2 o tema
supracitado.
2.PROJECÇÕES DEMOGRÁFICAS
2.1.1. Conceito
Segundo George J. Demko (em Preston, Heuveline & Guillot, 2001), as Projeções
Demográficas são definidas como: ―estimativas quantitativas da população futura, elaboradas
com base em hipóteses sobre a fecundidade, mortalidade e migração, destinadas a prever o
comportamento populacional sob diferentes cenários possíveis.‖
2.2. Importância das Projeções Demográficas no Contexto Moçambicano
As projeções demográficas orientam governos na formulação de políticas sociais,
econômicas e de infraestrutura, garantindo que os recursos sejam alocados de forma
eficiente e sustentável (Preston, Heuveline & Guillot, 2001).
Permitem prever a demanda por serviços como saúde, educação, habitação e segurança
social, ajudando a evitar déficits ou excessos na oferta desses serviços (Martins & Alves,
2012).
Fundamentam o ordenamento do território e a expansão urbana, servindo como base para
planos de estrutura urbana, projectos de urbanização e políticas habitacionais (Carvalho &
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Garcia, 2003).
Auxiliam empresas e investidores a entender o crescimento potencial de mercados, bem
como a dinâmica da força de trabalho, orientando decisões estratégicas (Preston et al., 2001).
Servem para acompanhar os compromissos com metas globais como os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), fornecendo estimativas de tendências
populacionais futuras (United Nations, 2019).
Permitem identificar antecipadamente desafios como o envelhecimento populacional,
urbanização acelerada ou crescimento demográfico desordenado (Martins & Alves, 2012).
As projeções demográficas permitem prever a demanda por educação, saúde, habitação e
emprego, orientando políticas de desenvolvimento sustentável (Martins & Alves, 2012). Com o
aumento da urbanização, especialmente em cidades como Maputo, Nampula e Beira, as
projeções ajudam a planear a expansão urbana, infraestrutura e serviços básicos, evitando o
crescimento desordenado (Carvalho & Garcia, 2003).
1. Vantagens das Projeções Demográficas
Permitem antecipar necessidades futuras de saúde, educação, habitação e infraestrutura.
Ajudam governos e empresas a tomar decisões baseadas em dados populacionais
estimados.
Facilitam a análise de cenários futuros (otimista, pessimista, tendencial), baseados em
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diferentes hipóteses.
2.2.2. Desvantagens das Projeções Demográficas
Projeções mal fundamentadas em dados desactualizados ou de má qualidade
comprometem a precisão.
Mudanças inesperadas em fatores como políticas migratórias, epidemias ou crises
econômicas podem invalidar projeções.
Quanto maior o período projetado, maior a chance de desvio entre o previsto e o real.
Projeções mal interpretadas podem ser usadas para justificar políticas inadequadas.
2.3. Fatores Determinantes das Projeções Demográficas
As projeções demográficas consistem em estimativas da evolução futura da população de um
território, com base em tendências observadas e hipóteses sobre eventos vitais (nascimentos,
mortes e migração). Os fatores determinantes dessas projeções são cruciais para sua precisão e
aplicabilidade, especialmente no contexto de países em desenvolvimento como Moçambique. A
seguir, são discutidos os principais fatores, segundo a literatura demográfica.
2.3.1. Taxa de Fecundidade
A taxa de fecundidade total (TFT) – representa o número médio de filhos por mulher durante o
seu período fértil.
Segundo Martins e Alves (2012), ―pequenas variações nas hipóteses de fecundidade podem
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resultar em diferenças significativas na população projetada, principalmente em horizontes de
longo prazo‖. Países com alta fecundidade, como Moçambique, podem projetar crescimento
populacional acelerado, exigindo políticas robustas para educação, saúde materno-infantil e
geração de emprego.
2.3.2. Taxa de Mortalidade
A Taxa de Mortalidade - refere à frequência de óbitos em uma população e é geralmente
representada pelas taxas brutas de mortalidade ou pelas probabilidades de morte por idade.
Reduções na mortalidade, especialmente infantil, impulsionam o crescimento populacional no
curto e médio prazo. Em Moçambique, os avanços no combate ao HIV/SIDA, na vacinação e no
saneamento básico têm reduzido a mortalidade em algumas regiões urbanas, afetando as
tendências projetadas (Carvalho & Garcia, 2003).
2.3.3. Migração
A migração (interna e internacional) é o factor mais volátil e difícil de prever nas projeções
populacionais. Movimentos migratórios podem ser motivados por fatores econômicos, sociais,
políticos ou ambientais.
De acordo com Preston et al. (2001), ―as projeções demográficas tendem a ser mais incertas
em regiões onde a migração tem forte impacto sobre a composição populacional‖. No caso
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moçambicano, migrações rurais-urbanas e o êxodo para países vizinhos influenciam
significativamente a redistribuição espacial da população.
2.3.4. Estrutura Etária Inicial
A estrutura por idade da população no início da projeção influencia diretamente a dinâmica futura,
pois determina o número de pessoas em idade fértil, dependentes e economicamente ativas.
Carvalho e Garcia (2003) destacam que ―países com uma base populacional jovem, como
Moçambique, tendem a manter crescimento populacional elevado por algumas décadas,
mesmo com redução na fecundidade, devido ao efeito de inércia demográfica.
2.3.5. Políticas Públicas e Factores Institucionais
Embora muitas projeções adotem modelos demográficos padronizados, factores institucionais
— como políticas de planejamento familiar, educação, saúde reprodutiva incentiva à
natalidade ou à migração — podem alterar significativamente os resultados projetados.
Segundo a ONU (2019), ―mudanças nas políticas governamentais são capazes de modificar
tendências demográficas em poucos anos, como já observado em programas de controle
populacional na Ásia e em políticas migratórias na Europa‖.
No contexto moçambicano, a implementação de políticas de saúde sexual e reprodutiva,
educação feminina e segurança alimentar influenciam diretamente os três componentes
básicos das projeções.
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2.3.6. Condições Socioeconômicas
As condições econômicas, o acesso à educação, o desenvolvimento urbano e a
desigualdade social são fatores indiretos que moldam os padrões de fecundidade,
mortalidade e migração.
Martins e Alves (2012) observam que ―as projeções demográficas devem considerar
o contexto socioeconômico local, pois ele afeta o comportamento demográfico da
população em curto e médio prazo‖.
Em Moçambique, disparidades regionais e o crescimento desigual entre zonas urbanas e
rurais tornam essencial a elaboração de projeções desagregadas por província ou
município.
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3. Considerações Finais
Coclui-se que as projeções demográficas, são ferramentas indispensáveis para o planeamento
estratégico e a formulação de políticas públicas. No entanto, sua validade depende diretamente
da qualidade e realismo das hipóteses adoptadas. Compreender os fatores determinantes —
fecundidade, mortalidade, migração, estrutura etária, políticas públicas e contexto
socioeconômico — é essencial para interpretar, aplicar e ajustar as projeções conforme as
realidades nacionais e locais. No caso de Moçambique, onde o crescimento populacional é
elevado e as desigualdades são marcantes, as projeções devem ser utilizadas de forma
crítica, sensível às mudanças sociais e políticas, e articuladas com outras áreas do
desenvolvimento.
As projeções demográficas representam uma ferramenta estratégica essencial para o
planejamento e a gestão de políticas públicas em diversos níveis — nacional, regional e local.
Elas permitem antecipar desafios e oportunidades relacionados ao crescimento populacional, à
transição demográfica, ao envelhecimento da população e à migração, fornecendo uma base
científica para a tomada de decisões mais informadas e sustentáveis.
Elas subsidiam ações voltadas à expansão dos serviços de saúde, educação, habitação,
segurança alimentar e geração de emprego, além de servirem como base para o ordenamento
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territorial e a gestão urbana.
4. Referências Bibliográficas
Carvalho, J. A. M., & Garcia, R. A. (2003). Demografia: uma introdução à ciência da
população. Rio de Janeiro: Zahar.
Instituto Nacional de Estatística (INE). (2023). Estatísticas demográficas 2023. Maputo:
INE.
Martins, J. A., & Alves, J. E. D. (2012). Demografia: uma abordagem didática. São Paulo:
Ed.
Contexto.
Preston, S. H., Heuveline, P., & Guillot, M. (2001). Demography: Measuring and
modeling population processes. Malden, MA: Blackwell Publishers.
United Nations. (2019). World Population Prospects 2019: Highlights. New York: United
Nations Department of Economic and Social Affairs.
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