DIREITO COLETIVO DO
TRABALHO
DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
• O Direito Coletivo do Trabalho é o conjunto
de regras, princípios e institutos reguladores
das relações entre seres coletivos
trabalhistas. Trata-se do segmento do
Direito do Trabalho que regula as relações
inerentes à chamada autonomia privada
coletiva.
PRINCÍPIOS
1) Liberdade de Associação e Liberdade Sindical:
Liberdade de Associação: a Constituição da República
consagra a garantia do direito de reunião pacífica e de
associação sem caráter paramilitar (5º, XVI, CR/88), o
que se aplica à reunião sindical.
A LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO POSSUI A
SEGUINTE DIMENSÃO:
Dimensão Positiva: prerrogativa de livre criação e/ou
associação a uma entidade representativa;
Dimensão Negativa: prerrogativa de livre desfiliação
(também garantidas constitucionalmente - artigo 5º,
XX, CR/88).
A liberdade de associação tem por escopo
assegurar a existência de condições objetivas e
subjetivas para o surgimento e afirmação do ser
coletivo (sindicatos).
No caso, a liberdade sindical possui o mesmo
enfoque constitucional mencionado, mas aplicado
especificamente à atuação sindical, nos termos da
Constituição da República, artigo 8º, inciso V
(ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se
filiado a sindicato).
A liberdade sindical pode ser percebida, na prática,
de diversas formas, como a invalidade de cláusulas
de sindicalização forçada ou obrigatória.
Existem práticas que, inconstitucionais e ilegais,
devem ser combatidas, pois ferem o princípio da
liberdade associativa e sindical, as denominadas
práticas antissindicais.
(PRÁTICAS ANTISSINDICAIS)
- “contratos de cães amarelos” (yellow dog
contracts): O trabalhador firma com o empregador
compromisso de não filiação ao sindicato
representativo da categoria como critério de admissão
e de manutenção do emprego.
- “sindicatos de empresas” (company unions): O
empregador controla o sindicato obreiro.
- “lista negra” (mise à l’index): As empresas criam
uma lista com os nomes das principais lideranças de
uma categoria para excluí-los do mercado de trabalho.
Por outro lado, tem-se as garantias à
atuação sindical como por exemplo:
•a garantia de emprego do dirigente
sindical (CR, 8º. VIII);
•a impossibilidade de sua transferência
(CLT, 543);
•dentre outras.
2) Autonomia Sindical:
A autonomia sindical sustenta a garantia de
autogestão às organizações associativas e sindicais
sem interferências do Estado.
Trata-se, portanto, no caso obreiro:
•da livre estruturação interna do sindicato;
•sua livre atuação externa;
•sua sustentação econômico-financeira;
•sua desvinculação de controles estatais ou em face
do empregador.
Entretanto, há traços que revelam os resquícios da
estrutura corporativista:
•a unicidade sindical (art. 8º, II, CR/88);
•o poder normativo da Justiça do Trabalho.
Outros dissolveram-se no ultimo período, como por
exemplo:
•a representação classista na Justiça do Trabalho
(extinta pela EC 24/1999.)
•o financiamento compulsório e genérico de toda a
estrutura, inclusive sua cúpula (art. 8º, IV, CR/88).
Outros princípios:
-Da interveniência sindical na normatização coletiva:
É essencial ao processo negocial coletivo a participação do
sindicato obreiro, não sendo suficiente a negociação patronal
com grupo de trabalhadores.
A negociação do empregador ou do sindicato patronal com
grupo de trabalhadores “fora” da atuação sindical tem caráter
de cláusula contratual individual, submetida às regras e
princípios próprios do Direito Individual do Trabalho.
A autonomia negocial coletiva pressupõe a presença do ente
coletivo obreiro legitimado: o sindicato, sob pena de se
revelar, no caso concreto, a desigualdade natural entre
empregado e empregador.
(DEBATE SOBRE O “HIPERSUFICIENTE” NA LEI
13.467/17)
- Da equivalência dos contratantes coletivos:
Ambos os sujeitos do Direito Coletivo do Trabalho têm a
mesma natureza, pois são seres coletivos trabalhistas.
O empregador é ente coletivo por interferir, em maior ou
menor grau, na coletividade.
Os sindicatos, patronais e obreiros, também o são, em
virtude da representação classista.
Os entes pactuantes coletivos contam, também, com
instrumentos eficazes de atuação e pressão:
Do lado patronal:
- o capital, os fatores de produção e o poder
empregatício;
Do lado obreiro:
- a organização e a mobilização da coletividade, bem
como o direito de greve.
- Da lealdade e transparência na negociação
coletiva.
Os sujeitos coletivos devem primar pela boa-fé nas
negociações e pela transparência das decisões
coletivas, inclusive sobre os processos de tomada de
decisões.
- Da criatividade jurídica da negociação coletiva.
A negociação coletiva cria norma jurídica (ACT,
CCT), vinculando as categorias (patrões e
empregados); ainda que não tenham os sujeitos
representados, isoladamente, firmado o
compromisso coletivo.
É norma geral e abstrata!!!
- Da adequação setorial negociada
O cerne da questão é: em que medida as normas
autônomas coletivas negociadas podem se contrapor
às normas individuais heterônomas estatais?
(DEBATE SOBRE O “NOVO ENFOQUE” DO
NEGOCIADO X LEGISLADO)
Por tal princípio, as normas negociadas poderiam
prevalecer sobre o padrão geral de Direito Individual do
Trabalho em duas circunstâncias:
a)quando as normas autônomas coletivas implementam
padrão de direitos superior ao da legislação heterônoma
aplicada ao caso concreto;
b) quando as normas autônomas transacionam
setorialmente parcelas de indisponibilidade relativa (p.ex.
jornada).
(DEBATE 13.467/17)
- Princípio da proibição do retrocesso social
A ideia da proibição do retrocesso legal está
diretamente ligada ao pensamento do
constitucionalismo dirigente (CANOTILHO) que
estabelece as tarefas de ação futura ao Estado e à
sociedade com a finalidade de dar maior alcance aos
direitos sociais e diminuir as desigualdades.
Significa que tanto a legislação como as decisões
judiciais não podem abandonar os avanços que se deram
ao longo desses anos de aplicação do direito
constitucional com a finalidade de concretizar os direitos
fundamentais.
Contudo, o próprio Canotilho admite que a norma
constitucional deve ser contextualmente interpretada
de acordo com suas possibilidades fáticas e
jurídicas, mas o que não significa uma “carta branca” ao
legislador para suprimir ou restringir direitos e garantias
sociais.
É nesse contexto que, a luta de classes, na era da
modernidade líquida, está impulsionando movimentos e
embates em todo mundo ocidental.
Não é diferente em nossa realidade juslaboral!!!
Assim, compete-nos dar a relevância necessária também
para Convenção nº 98, da OIT, relatíva à aplicação dos
princípios do direito de organização e negociação
coletiva, ratificada no Brasil em 1952.
FRISE-SE:
Os princípios de Direito Coletivo do Trabalho
devem ser observados pelos sindicatos para
que possam ter uma atuação cada vez mais
segura e efetiva, no caminho da
implementação e na garantia de direitos
através da negociação coletiva autônoma.
1) SUJEITOS DE DIREITO COLETIVO
No direito do trabalho há dois tipos fundamentais de
relações jurídicas:
a) as relações individuais;
b) as relações coletivas.
Os sujeitos coletivos são os protagonistas das
relações coletivas de trabalho.
Pelo lado dos trabalhadores, o grupo.
Pelo lado dos empregadores, eles próprios já se
definem como empresários, organizadores dos
meios, instrumentos e métodos de produção;
assim, são seres com aptidão natural de
produzir atos coletivos em sua dinâmica regular
de existência no mercado econômico e laborativo.
CONCEITO:
“Os sujeitos coletivos são aqueles admitidos em
cada ordenamento jurídico. É o direito, e não a
sociologia, que vai declarar quem é sujeito coletivo,
para fins jurídicos, com validade para representar,
atuar e negociar, e os modos de representação dos
grupos, ainda, quando a representação poderá ser
informal e espontânea.”
(Amauri Mascaro Nascimento)
No Brasil, as questões juscoletivas estão
restritas às entidades sindicais.
A própria Constituição da República de 1988 (art.
8º, VI) preceitua que é obrigatória a participação
dos sindicatos nas negociações coletivas de
trabalho.
Para Amauri Mascaro Nascimento, são sujeitos
coletivos de trabalhadores:
as categorias, representadas pelos sindicatos; as
federações e as confederações; as centrais sindicais,
que representam sindicatos; as comissões de
representantes de trabalhadores na empresa;
excepcionalmente, grupos não formalizados que
representam trabalhadores na greve e em negociações
coletivas não conduzidas, por inércia, pelas organizações
sindicais (verdadeiras coalizões).
De empregadores são sujeitos coletivos:
- as categorias econômicas;
- as empresas, quando atuam diretamente, sem
intermediação sindical, em relações coletivas;
- as federações;
- as confederações;
- as centrais sindicais.
As relações coletivas são da maior importância na
sociedade de massa, a tal ponto que o direito
processual civil foi forçado a assimilar as ações
de ordem coletiva para enfrentar direitos e
interesses difusos (coletivos ou individuais
homogêneos).
Contudo, importa diferir que o interesse coletivo
(domínio privado) não é o mesmo que interesse
público (domínio do Estado); pode com o mesmo
estar em desacordo, mas pode, diversamente,
com o mesmo coincidir.
Exemplo clássico: IR sobre 1/3 de férias
2 – ORGANIZAÇÃO SINDICAL
Existem diversos padrões de organização sindical.
As principais formas de agregação dos trabalhadores
ao sindicato são: por categoria; por profissão; por
empresa; e por ramos empresariais.
A regra brasileira é a do sindicato organizado
por categoria:
-econômica;
-profissional.
A CLT, em seu artigo 511, § 2º define a categoria
profissional, com destaque para a expressão
“mesma atividade econômica ou em
atividades econômicas similares ou conexas”
– isto é, pela “agregação”.
Agregação: é a vinculação dos trabalhadores a
empregadores que tenham atividades econômicas
idênticas, similares ou conexas.
É o que se denomina sindicato vertical, pois
atinge, verticalmente, as empresas
economicamente afins (instituições bancárias,
comerciais, metalúrgicas).
No Brasil, a regra é a agregação do trabalhador ao
sindicato conforme a atividade econômica
preponderante do seu empregador.
(Reflexão sobre a Lei 13.467/17)
Excepcionalmente contempla a agregação através
de sindicato organizado por profissão ou ofício,
independentemente da atuação econômica do
empregador.
São os denominados sindicatos de “categoria
diferenciada”, como advogados, contadores,
médicos, etc.
Tais trabalhadores serão representados por seus
sindicatos específicos independentemente
daquilo a que se dedica o seu empregador, em
face da característica de profissão
regulamentada.
A CLT trata das categorias diferenciadas em
seu artigo 511, § 3º.
São também chamados sindicatos
horizontais, pois abrangem trabalhadores das
mais diversas empresas e empregadores
existentes.
OUTROS EXEMPLOS DE ORGANIZAÇÃO SINDICAL
Há ordenamentos jurídicos estrangeiros que
contemplam a figura do sindicato organizado por
empresa, como no sistema norte americano.
A estruturação sindical por empresa tem sido criticada
por reduzir a possibilidade de generalização de
conquistas trabalhistas para um âmbito econômico
profissional mais amplo, enfraquecendo o papel
progressista do Direito do Trabalho.
Não obstante, esse padrão também diminui a
solidariedade entre os trabalhadores de empresas
distintas, acentuando o individualismo no âmbito das
propostas de atuação sindical. Pode-se afirmar que
esta estrutura é a menos politizada e a de menor
projeção social entre todas existentes no
sindicalismo.
Outra possibilidade de agregação é através de
sindicato organizado por ramos ou segmentos
econômicos.
É o sistema alemão, onde existem 16 sindicatos, e
uma central sindical, a DGB, que representam: (1)
trabalhadores na construção; cantaria e terras; (2)
mineração e energia; (3) indústrias químicas, papel e
cerâmica; (4) ferroviários; (5) educação e ciências; (6)
jardinagem, avicultura e silvicultura, (7) comerciários,
bancários e securitários; (8) madeira e fibras
sintéticas; (9) indústria do couro; (10) mídia; (11)
metalúrgicos; (12) indústria alimentícia, bebidas e
hotelaria; (13) serviços públicos e transporte; (14)
polícia; (15) correios; (16) indústria têxtil e confecções.
3 – ESTRUTURA SINDICAL
O sistema sindical brasileiro é piramidal.
Na base estão os sindicatos, no meio as
federações e, na cúpula, as confederações – art.
533, CLT).
Em tese, as Centrais Sindicais não compõem o
modelo corporativista tradicional.
Todavia, a Lei n.º 11.648/2008 fez o
reconhecimento formal das Centrais Sindicais
enquanto entidades associativas de direito
privado e de representação geral dos
trabalhadores, constituídas em âmbito nacional.
A compatibilidade das Centrais Sindicais com o
sistema sindical posto ainda é uma questão em
aberto.
Para Eduardo Gabriel Saad, não há espaço em
nosso ordenamento jurídico para as Centrais, em
face da inadmissibilidade do pluralismo sindical.
Por outro lado, Amauri Mascaro Nascimento
entende ser possível, pois as Centrais são
organizações conexas ao sistema confederativo,
pela sua natureza, atribuições e finalidades.
São associações supracategoriais, mas seu
embrião forma-se na estrutura sindical. Nada
impede um modelo sindical híbrido.
A unicidade sindical na base não impede a
pluralidade de cúpula.
A base é o sindicato, com abrangência
territorial mínima no município (unicidade
sindical), embora obviamente possa ser mais
ampla sua representação (regional, estadual,
nacional), nos termos do art. 8º, II, CR/88.
As federações são órgãos intermediários
entre os sindicatos e as confederações.
Resultam da conjugação de pelo menos 5
sindicatos da mesma categoria profissional,
diferenciada ou econômica, nos termos do art.
534, CLT.
As confederações são os órgãos
representativos de cúpula.
Resultam da conjugação de pelo menos 3
federações da mesma categoria profissional,
diferenciada ou econômica, nos termos do art.
535, CLT, e terão SEDES na Capital da
República.
DESTAQUE SOBRE SINDICATOS
O art. 522 da CLT estabelece a estruturação
interna dos sindicatos, sendo que cabe a
cada ente especificar seus órgãos internos
regimentalmente e/ou estatutariamente, isto é,
a “ADMINISTRAÇÃO”.
O QUE ESTABELECE O ART.522:
A administração do Sindicato será exercida por uma
diretoria constituída, no máximo, de 7 (sete) e, no
mínimo, de 3 (três) membros e de um Conselho Fiscal
composto de 3 (três) membros, eleitos esses órgãos pela
Assembleia Geral.
§ 1º A diretoria elegerá, dentre os seus membros, o Presidente do Sindicato.
§ 2º A competência do Conselho Fiscal é limitada à fiscalização da gestão
financeira do Sindicato.
§ 3º Constituirão atribuirão exclusiva da Diretoria do Sindicato e dos
Delegados Sindicais, a que se refere o art. 523...
4 – DO SINDICATO
CONCEITO:
O sindicato consiste em associação coletiva, de
natureza privada, voltada à defesa e incremento de
interesses coletivos profissionais e materiais de
trabalhadores, sejam subordinados ou autônomos; e
de empregadores.
(Amauri Mascaro Nascimento)
De acordo com os dados do Sistema Integrado de
Relações do Trabalho (Sirt), do Ministério do
Trabalho e Emprego, existem no Brasil:
11.478 sindicatos de trabalhadores com registro
ativo no país,
5.242 sindicatos de empregadores,
TOTAL: 16.720 sindicatos ativos.
(dados de 2017)
Assim...
Para criar um sindicato é necessário
fundamentalmente, mobilizar e reunir um
grupo representativo da categoria; realizar
reuniões dos interessados para as
discussões que definam os aspectos
estratégicos da entidade a ser fundada.
Estando o grupo amadurecido e coeso,
constituir uma Comissão Provisória com o
propósito de elaborar e discutir com o grupo
uma minuta de Estatuto Social; convocar
a Assembleia Geral de Fundação e nela
organizar os seus trabalhos e empossar a
primeira diretoria.
Prever, ainda, a constituição de um fundo
financeiro para as despesas iniciais de
constituição da entidade (doações,
contribuições, etc); como publicação de
convocação e custos da realização da
assembleia, despesas de autenticações e
reconhecimento de firmas e de registro em
cartório, entre outras despesas.
A minuta do Estatuto Social elaborada, além de
constar o exigido no Código Civil Brasileiro para
constituição de uma “ASSOCIAÇÃO”, deverá conter
obrigatoriamente:
• Os elementos identificadores da representação*
pretendida, em especial a categoria ou categorias
representadas, nos termos do art. 511 da CLT, e a
base territorial;
• Além da categoria deve prever
expressamente base territorial; não
podendo conter na descrição da categoria
expressões como: "semelhantes", "anexos",
"assemelhados", "conexos", "congêneres",
"correlatas", "similares", "afins", "e outros",
"em geral", etc...
• A descrição da base territorial deve ser feita
de maneira objetiva para não gerar dúvidas
quanto à abrangência territorial.
Caso a entidade declare base intermunicipal ou
interestadual, deve indicar nominalmente todos
os municípios ou Estados que compõem sua
base, não sendo permitidas expressões como "...
e região", "todo o Estado exceto os municípios",
"todo o território Nacional exceto os Estados",
"região do", etc... (SALVO NOME FANTASIA)
A convocação da Assembleia Geral de
fundação da entidade será feita através de
edital de convocação, devendo este ser
publicado simultaneamente no Diário
Oficial e em jornal de circulação diária
na base territorial.
O edital deve constar a indicação nominal de
todos os Municípios, Estados e categorias
pretendidas. A convocação deve observar, se a
base for municipal, intermunicipal, estadual -
antecedência mínima de dez dias de sua
realização e se a base for interestadual ou
nacional - com antecedência mínima de trinta
dias de sua realização.
Na assembleia a pauta será a fundação da
entidade; a aprovação do Estatuto; a eleição e a
posse da 1ª diretoria; a duração do mandato
conforme definir o Estatuto; e a aprovação da ata
da assembleia.
É necessário providenciar exemplares originais
em que conste a publicação, a data da
publicação e o nome do jornal, onde constou o
edital.
Em caso de cópia, deve estar em página inteira e
sem recortes ou montagens, as quais serão
necessárias para solicitação do registro sindical
e registro dos atos em Cartório.
Quanto à AG...
A Assembleia Geral deve ser realizada em local
seguro, pois pode ocorrer de alguns membros da
categoria, descontentes com o ato de fundação do
sindicato tentem tumultuar e impedir a sua realização.
Se necessário, a força policial deve ser chamada para
assegurar a tranquilidade dos trabalhos. Dentro de
regras de bom senso, a todos os interessados deve
ser dada oportunidade de expressar com liberdade
a opinião e o pensamento, seguindo a pauta da
sessão e as decisões devem ser pelo voto, não
impostas autoritariamente e a vontade da maioria
presente deve ser respeitada.
O processo de eleição da diretoria deve ser
registrado detalhadamente em ATA DE POSSE,
constando expressamente as candidaturas, a
apuração de votos e seu resultado, a posse da
diretoria e a indicação dos eleitos e função para a
qual foi cada qual eleito, de acordo com o Estatuto
Social.
A indicação dos eleitos deve constituir dos seguintes
dados: nome completo, qualificação pessoal
(nacionalidade, estado civil, profissão) e o número do
RG e do CPF dos eleitos.
Fundamental constar da ata, ainda a data de inicio e
término do mandato para o qual os dirigentes eleitos
foram empossados.
Com isto, é necessário levar a ata ao Cartório de
Registro de Títulos e Documentos da Comarca sede
acompanhada de requerimento solicitando o registro e
arquivamento dos documentos constitutivos do
sindicato e anexo, ainda, os documentos pertinentes.
Com a ata registrada o próximo passo é providenciar o
cadastramento fiscal tributário da nova Entidade
com a Natureza Jurídica cadastrada como Entidade
Sindical, Associação ou Outras Formas de
Associação.
Além do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ), também se deve o cadastro de ISS da
Prefeitura Municipal do local sede.
A seguir deve-se solicitar o Registro Sindical que
levará a emissão da Carta Sindical pelo Ministério do
Trabalho e Emprego.
Repise-se que em face da autonomia sindical,
preceituada no art. 8º, I, da CR/88, e, portanto, da não
interferência e intervenção estatal, os sindicatos têm a
disponibilidade sobre suas organizações
(disponibilidade relativa!!!)
Todavia, há a necessidade do registro sindical.
Os estatutos das entidades precisam ser registrados
no correspondente Cartório de Registro Civil de
Pessoas Jurídicas e também devem ser processados
no Ministério do Trabalho, para fins de verificação da
unicidade sindical e posterior concessão da Carta
Sindical (Matrícula Sindical).
5 – REGISTRO SINDICAL
O Estado, através do Ministério do Trabalho, é o
responsável pelo cadastramento, exame e
fornecimento do REGISTRO SINDICAL.
Há um certo debate sobre tal prerrogativa ser ou
não uma intervenção estatal.
Até que se legisle o contrário, incumbe ao
Ministério do Trabalho fazer o registro das
entidades sindicais e zelar pela observância do
princípio da unicidade (Súmula 677 do STF).
6 – FUNÇÕES E PRERROGATIVAS SINDICAIS
OBREIRAS
A principal função do sindicato é a
REPRESENTAÇÃO da categoria.
O sindicato organiza-se para falar e agir em nome
de sua categoria e, para defender os interesses
desta, quer no plano da relação de trabalho, quer
em um plano social mais largo.
Essa função representativa abrange inúmeras
DIMENSÕES, quais sejam:
A privada, em que o sindicato se coloca em
diálogo ou confronto com os empregadores, em
vista dos interesses coletivos da categoria.
A administrativa, em que o sindicato busca
relacionar-se com o Estado, visando a solução
de problemas trabalhistas em sua área de
atuação.
Ainda sobre as dimensões da FUNÇÃO
REPRESENTATIVA:
A pública em que ele tenta dialogar com a
sociedade civil, na procura de um suporte para
as suas ações e teses laborativas.
A judicial, em que atua na defesa dos interesses
da categoria e de seus filiados através das
contendas judiciais.
AINDA...
Outra função importante é a negocial, onde serão
compostos os diplomas negociais coletivos,
consubstanciando as normas jurídicas que irão reger
os contratos de trabalho das respectivas bases
representadas.
A função assistencial consiste na prestação de
serviços a seus associados ou, de modo extensivo,
em alguns casos, a todos os membros da categoria.
Exemplificativamente: serviços jurídicos, médicos,
educacionais ou de formação ou qualificação
profissional.
No caso da assistência jurídica, a CLT sofreu
uma profunda alteração com a Lei 13.467/2017,
no que se refere a TERMINAÇÃO DO
CONTRATO DE TRABALHO – art. 477
(homologações, dispensas imotivadas
individuais e coletivas).
7 – GARANTIAS SINDICAIS
Como visto, os princípios de liberdade e
autonomia sindical determinam a franca
prerrogativa de criação, estruturação e
desenvolvimento das entidades sindicais, para
que se tornem efetivos os sujeitos do Direito
Coletivo.
Entretanto, são necessárias garantias mínimas
através da ordem jurídica posta!!!
Garantia Provisória de Emprego
(Estabilidade Sindical)
Pelo texto constitucional, é vedada à dispensa do
empregado sindicalizado a partir do registro da
candidatura a cargo de direção ou representação
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano
após o final do mandato, salvo se cometer falta
grave (art. 8º, VIII, CR/88).
Como já estudado, tal garantia pressupõe a
proibição de dispensa imotivada...
MAS, ressalte-se que é possível a dispensa
por justa causa desde que apurada em ação
judicial de inquérito, nos termos das Súmulas
197 do STF e 379 do TST.
AS RESTRIÇÕES DA SÚMULA 369 DO TST:
a) inicialmente a Súmula 369, II, do TST limita a
14 o número de dirigentes detentores de garantia
de emprego, algo que a Constituição não fez, pois
tal medida fere o princípio constitucional da
autonomia sindical;
b) não prevalece a garantia de emprego se o
registro da candidatura se dá após o aviso
prévio (Súmula 369, V, TST);
CRÍTICA: inobservância ao entendimento de que o
aviso prévio integra o contrato de emprego para
todos os efeitos.
c) não prevalece a garantia constitucional provisória
de emprego em caso de extinção da empresa ou do
estabelecimento na base territorial do sindicato
(Súmula 369, IV, TST);
Inamovibilidade do Dirigente Sindical
É vedada a remoção do dirigente sindical para
funções incompatíveis com a sua atuação sindical
ou para fora da base territorial do respectivo
sindicato (art. 543, CLT).
Havendo uma TRANSFERÊNCIA COMPULSÓRIA,
recairá a regra geral do art. 469, CLT; também com
previsão de reintegração por medida liminar até a
decisão final do processo que vise tornar sem efeito
tal transferência (art. 659, IX, CLT).
ATENÇÃO:
O dirigente que solicitar tais mudanças perderá o
correspondente mandato sindical, pois traduz ato
tácito de RENÚNCIA ao exercício de suas funções
sindicais e consequentemente do seu mandato.
(§1º, art. 543)
8 – FONTES DE CUSTEIO SINDICAL
Outra prerrogativa sindical consiste na determinação
das contribuições financeiras a todos aqueles que
participem das categorias econômicas ou profissionais
ou das profissões liberais, autorizada pelo artigo 578,
CLT.
Antes da Constituição de 1988, as fontes de custeio das
organizações sindicais eram:
a) a contribuição de caráter obrigatório, devida por todos
integrantes da categoria, ou seja, a contribuição
sindical;
b) a contribuição assistencial prevista em norma
coletiva;
c) e a mensalidade sindical.
À partir da Constituição de 1988, agregou-se às fontes
de custeio, a denominada contribuição confederativa.
Portanto, temos:
-Contribuição Sindical;
-Contribuição Confederativa;
-Contribuição Assistencial;
-Mensalidade Sindical.
SOBRE A CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
A chamada contribuição sindical, anteriormente
denominada de “imposto sindical”, foi uma criação do
Decreto- Lei nº. 2.377, de 1940, alterado pelo Decreto-Lei
nº. 27, de 19 de novembro de 1966, e agora, alterada pela
Lei 13.467/2017.
Prevista como uma modalidade de TRIBUTO, conforme
dispõem os artigos 3 e 217, I, do Código Tributário
Nacional (CTN), a contribuição sindical é regulamentada
nos termos do artigo 149, CR/88.
A forma de recolhimento (artigo 146, III, da CR/88), indica
que a contribuição sindical deve ser unificada e
centralizada.
A Contribuição Sindical tem como bases de cálculo:
Empregadores: Capital Social, Faturamento, ou isenção
nos termos do artigo 580, CLT;
Empregados: Um dia de trabalho relativo ao mês de
março, nos termos do artigo 582, parágrafo 1º, CLT.
Profissionais Liberais – não organizados em
empresas e sem vínculo empregatício: 30% do maior
valor de referência fixado pelo Executivo (não mais
utilizado, pois extinto pela Lei nº 8.177/91, a atualização
desse valor resulta em valores irrisórios. A fixação de
valores pelo MTE têm sido afastada pelo judiciário, por
ferir o princípio da legalidade).
Profissionais Liberais – organizados em empresas:
sobre o Capital Social registrado, recolhido à entidade
sindical patronal.
ATENÇÃO:
Em relação aos ADVOGADOS, a contribuição sindical é
dispensada em face do art. 47 do Estatuto da Advocacia e
da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº 8.906/94).
A CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
E A CONVENÇÃO Nº 87 – OIT
Para o OIT, uma contribuição imposta por lei aos
integrantes dos grupos representados por associação
sindical configura evidente transgressão da convenção
nº. 87, pois implica uma forma indireta de participação
compulsória na vida do sindicato pelo Estado.
Assim, o atual debate se debruça em:
a)a natureza jurídica da contribuição sindical foi
reconhecida pelo STF como parafiscal/tributária
(artigos 8º, IV, e 149, ambos da CR; artigo 217 do
CTN e ADPF nº 126/STF);
a)a Lei nº 11.648/2008 declarou a vigência da
contribuição sindical até que lei disciplinasse
contribuição negocial, definida em assembleia da
categoria (artigo 7º);
c) a iniciativa das alterações pela Lei 13.467/17,
adotando modelo de facultatividade para a
realização do desconto, foi por lei ordinária e não
por lei complementar;
d) a contrarreforma não alterou os dispositivos que
tratam da forma de repartição da contribuição (artigo
589 da CLT);
CONTUDO:
Em 29/06/2018, por 6 votos a 3, o STF decidiu
declarar a constitucionalidade do ponto da
contrarreforma trabalhista que extinguiu a
obrigatoriedade da contribuição sindical.
O dispositivo foi questionado na Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 5794, e em outras 18
ADIs ajuizadas contra a nova regra e na Ação
Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 55,
que buscava o reconhecimento da validade da
mudança na legislação.
OBS: Como as ações tramitaram de forma conjunta,
a decisão aplica-se a todos os processos, pondo fim
ao debate.
TIPOS DE CONTRIBUIÇÕES
a) Contribuição Sindical: autorizada pelo art. 8, IV, da
Constituição da República, regulada nos arts. 578 a 610
da CLT; de caráter volitivo para todos os trabalhadores
da categoria, independente de filiação ao sindicato.
(Persiste agora o debate sobre a Assembleia Geral
no que tange ao art. 579, CLT)
b) Contribuição Confederativa: também prevista
no art. 8, IV, da Constituição da República e devida
pelos trabalhadores sindicalizados, conforme
Precedente Normativo 119 da SDC do TST e
Súmula 666 do STF.
(A contribuição confederativa é um valor repassado
para o custeio da cúpula do sistema sindical)
c) Contribuição Assistencial: prevista no art. 513,
e, da CLT, geralmente estipulada em convenção ou
acordo coletivo, devida (em tese) por todos aqueles
que participam da categoria profissional.
MAS...
•entendimento do TST: é devida apenas pelos
sindicalizados, nos termos do Precedente
Normativo 119, SDC do TST, garantindo-lhe o
direito à “oposição”.
OBS: O STF, em 24/02/17, ratificou o entendimento
do Precedente Normativo 119, sepultando o debate.
d) Mensalidade dos Associados do Sindicato:
devida apenas pelos sindicalizados, tendo
natureza de prestação voluntária.
Fixada em assembleia geral da categoria
profissional ou econômica.
DA DISTRIBUIÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
A contribuição sindical será distribuída na proporção
indicada pelo art. 589 CLT:
I – para os empregadores:
a) 60% para o sindicato respectivo;
b) 15% para a federação;
c) 5% para a confederação correspondente;
d) 20% para a “Conta Especial Emprego e Salário”
II – para os trabalhadores:
a)60% para o sindicato respectivo;
b) 15% para a federação;
c)5% para a confederação correspondente;
d) 10% para a central sindical (antes integrava a parcela
do governo);
e) 10% para a “Conta Especial Emprego e Salário”;
ART. 589, CLT
§1º O sindicato de trabalhadores indicará ao Ministério
do Trabalho e Emprego a central sindical a que estiver
filiado como beneficiária da respectiva contribuição
sindical, para fins de destinação dos créditos previstos
neste artigo.
§2º A central sindical a que se refere a alínea b do
inciso II do caput deste artigo deverá atender aos
requisitos de representatividade previstos na legislação
específica sobre a matéria.
SUBSÍDIOS COMPLEMENTARES
Os valores destinados à "Conta Especial Emprego e
Salário" integram os recursos do Fundo de Amparo
ao Trabalhador (FAT); e compete ao Ministério do
Trabalho e Emprego administrar esse fundo, bem
como expedir instruções referentes ao recolhimento e
à forma de distribuição da contribuição sindical.
SUBSÍDIOS COMPLEMENTARES
Na ausência de sindicato ou de entidade de grau
superior, ou ainda, havendo dúvida sobre a exatidão
quanto à entidade sindical representativa da
categoria, a contribuição sindical deverá ser
creditada, integralmente, à Conta Especial
Emprego e Salário.
DAS CENTRAIS SINDICAIS
Atualmente, no Brasil, são seis as centrais sindicais que
possuem o reconhecimento formal ou a legalização nos
termos da Lei 11.648/2008, que estabeleceu critérios
de representatividade.
Para obterem o certificado de legalização as centrais
cumprirão os seguintes critérios:
1) filiação de no mínimo cem sindicatos distribuídos
nas cinco regiões do Brasil;
2) filiação de sindicatos em no mínimo cinco
setores de atividade;
3) filiação de no mínimo 5% dos sindicalizados
em âmbito nacional no primeiro ano (cerca de
300 mil trabalhadores sindicalizados), devendo
atingir 7% em dois anos.
Pela ordem de representatividade, estas são as centrais
sindicais brasileiras (atualmente):
1)Central Única dos Trabalhadores (CUT – 1983 - ligada
ao PT – Representatividade: 30,40%);
A CUT possui 2.319 sindicatos e 3.878.261
trabalhadores filiados.
2) União Geral dos Trabalhadores (UGT – 2007 – ligada
ao PSD, DEM e PSDB – Representatividade: 11,29%);
A UGT possui 1.277 sindicatos e 1.440.121
trabalhadores filiados.
3) Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
(CTB – 2007 – ligada ao PCdoB, PSB –
Representatividade: 10,08%);
A CTB possui 744 sindicatos e 1.286.313 trabalhadores
filiados.
4) Força Sindical (FS – 1991 – ligada ao SD –
Representatividade: 10,08%);
A FS possui 1.615 sindicatos e 1.285.348 trabalhadores
filiados.
5) Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB – 2008 –
ligada ao PMDB – Representatividade: 8,15%);
A CSB possui 597 sindicatos e 1.039.902 trabalhadores
filiados.
6) Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST –
2005 - Suprapartidária (matriz ideológica de centro) –
Representatividade: 7,45%);
A NCST possui 1.136 sindicatos e 950.240
trabalhadores filiados.
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL X SISTEMA “S”
De acordo com o Ministério do Trabalho, no ano de
2016, foram repassados às entidades sindicais
R$3,5 bilhões com a contribuição sindical.
Contudo, o Sistema “S” ( SESC, SENAI, SEBRAE,
SENAC, SENAR, SESCOOP, SEST, SENAT), no
mesmo ano, arrecadou R$16 bilhões.
SISTEMA “S”
Os serviços sociais autônomos são todos aqueles
instituídos por lei, com personalidade de Direito
Privado, para ministrar assistência ou ensino a
certas categorias sociais ou grupos profissionais,
sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotações
orçamentárias ou por contribuições parafiscais, nos
termos dos artigos 149 e 240, CR/88.
SISTEMA “S”
A contribuição destinada ao Sistema “S” dirigida à
categoria econômica, tem como base de cálculo um
percentual entre 0,2% a 2,5%, podendo chegar a
3% sobre a folha de pagamento.