Revisa Goias 9o Ano Lp 3o Bimestre Ppt
Revisa Goias 9o Ano Lp 3o Bimestre Ppt
8º
8º ANO
ANO
LÍNGUA PORTUGUESA
3º BIMESTRE - 2025
GRUPO DE ATIVIDADES 1
Contextualizando o gênero textual, o tema e o campo de atuação
Olá, estudante, vamos aprender sobre o gênero textual Artigo de Opinião? É uma ótima oportunidade de
aprendermos como o articulista, pessoa que escreve um artigo de opinião, argumenta contra ou a favor
de um ponto de vista acerca do assunto/tema tratado no texto.
2. O gênero textual artigo de opinião é um texto predominantemente argumentativo em que o autor expõe seu
posicionamento, isto é, seu ponto de vista acerca de um determinado assunto/tema por meio de argumentos ao
longo desse texto. Qual é o tema abordado no artigo de opinião que você acabou de ler?
( ) somente atual.
( ) somente polêmico.
( ) atual e polêmico.
5. Quem é o(a) articulista desse artigo de opinião? E onde esse texto foi veiculado?
GRUPO DE ATIVIDADES 2
Ampliando os conhecimentos
Estudante, o uso que fazemos da língua em nossas ações de comunicação é sempre mediado por
intenções: explicitar certeza, dúvida, obrigatoriedade, sentimentos, entre outros. Esse propósito
está tão presente em nosso dia a dia que se materializa na estrutura de nossa língua.
Estratégias argumentativas
As estratégias argumentativas são elementos essenciais que e são utilizadas na construção dos argumentos
que sustentam uma tese, um ponto de vista. Esses elementos são fundamentais para construir argumentos
sólidos e eficazes em textos, debates, discursos, ensaios e conversas. São os “exemplos”, “fatos
comprováveis”. “pesquisas”, dados estatísticos”, “analogias históricas”.
Tipos de Argumentos
Para escrever um bom artigo de opinião, é necessário utilizar argumentos consistentes e bem
fundamentados, pois são mais fortes e convincentes. Apresentamos alguns:
Argumento por autoridade: O argumento de autoridade é aquele que se baseia na citação de uma fonte
confiável, como um especialista no assunto que está sendo debatido.
Argumento por evidência (ou por comprovação): Esse tipo de argumento se baseia em uma evidência
que possa levar o leitor a admitir e aceitar uma tese. (dados estatísticos, pesquisas de diversos tipos entre
outros).
Argumento por causa e consequência: Esse argumento busca comprovar a tese defendida a partir da
exploração das relações de causa e consequência associadas ao tema debatido. Ao explicar os porquês e as
consequências da temática em questão, pode-se confirmar as ideias expressas pela tese.
Disponível em: https://querobolsa.com.br/enem/redacao/tipos-de-argumentos. Acesso em: 12 mar. 2025 (adaptado).
Estudante, você sabia que todo texto argumentativo, como os artigos de opinião, apresenta uma
tese/ponto de vista do articulista? A tese é uma ideia a ser defendida com base em vários argumentos.
7. Em um artigo de opinião, o autor (articulista) expõe seu posicionamento por meio de argumentos a fim de
convencer e persuadir o seu leitor acerca da sua opinião sobre o tema debatido. Assim, a ideia que o autor desse
texto defende está no trecho:
(A) “O uso desenfreado, o crescimento exponencial e a falta de regulamentação do setor preocupa
especialistas...”
(B) “... novos postos de trabalho devam surgir e que as tecnologias podem facilitar tarefas e ajudar no aumento
da produtividade.”
(C) “A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente no dia a dia e tem sido aplicada em diferentes
setores e áreas do conhecimento...”
(D) “O amanhã é promissor e a Inteligência Artificial será tão fundamental quanto a criação do microprocessador,
do computador pessoal, da internet e do telefone celular”.
Observe o trecho a seguir.
“Na indústria automotiva, por exemplo, recursos baseados em Inteligência Artificial já são aplicados em sistemas
de carros autônomos. Na indústria farmacêutica, a IA tem permitido análises mais eficientes em testes de
desenvolvimento de medicamentos. [...]
Essas mudanças, consequentemente, também afetam o mercado de trabalho. Segundo um relatório do banco
de investimentos Goldman Sachs, a Inteligência Artificial poderia substituir cerca de 300 milhões de empregos no
futuro. [...]”
8. Articuladores textuais são recursos linguísticos que ajudam a construir o sentido de um texto. São
expressões que ligam partes do texto, indicando a relação entre elas ou a circunstância que exprimem, como
adição ou acréscimo (e, além disso), oposição ou contraste (mas, porém), conformidade (conforme, de acordo
com), tempo (quando, até que), entre outros.
a) No trecho lido, qual a palavra que marca uma ideia de acréscimo de argumento?
b) Qual é a palavra que evidencia no trecho uma relação de conformidade?
9. Na argumentação, o articulista se vale de argumentos para expor, defender sua opinião sobre a questão
apresentada, tais como argumentos de autoridade, de comparação, de exemplificação entre outros. O
argumento “Segundo um relatório do banco de investimentos Goldman Sachs, a Inteligência Artificial poderia
substituir cerca de 300 milhões de empregos no futuro.”, é, predominantemente, um argumento de
(A) autoridade.
(B) comprovação.
(C) exemplificação.
(D) alusão histórica.
10. Para confirmar a resposta da questão anterior, retire do trecho a parte na qual predomina uma comprovação.
11. A combinação de argumentos bem estruturados e contra-argumentos devidamente refutados é o que torna
um artigo de opinião eficaz na sua missão de convencer e informar o público. No artigo lido, há contra
argumentos que contestam a ideia de que a IA pode ser uma ferramenta para melhorar áreas como saúde e
educação? Justifique sua resposta com trecho do texto..
12. No texto I, de quem é a voz que diz: “... quanto mais avançada a tecnologia – como ocorre ano após ano -,
mais a sociedade deve ser impactada.”?
13. Algumas palavras e expressões retomam ideias, que atuam na articulação entre as partes do texto, evitando
repetições, reiterando uma ideia ou reforçando um sentido. No trecho “O bilionário é um entusiasta da tecnologia
e defende que ela pode ser usada como uma ferramenta para melhorar áreas como saúde e educação...”, a
palavra em destaque faz referência a outra expressão dita anteriormente. Qual é essa expressão?
14. Na construção de sentido de um texto, algumas palavras/expressões (articuladores/conectores) são
responsáveis pela conexão/articulação entre as partes e o todo do texto, e estabelecem diversas relações na
construção desse texto: estabelecendo uma relação de adição, explicação, oposição, finalidade, tempo,
condição, conclusão entre outros. Observe os articuladores/conectores destacados em cada trecho do texto e
explique qual relação lógico-discursiva eles estabelecem.
a) “Mas, afinal, você sabe o que faz com que um dispositivo ou serviço seja classificado como uma IA?”
b) “... ela pode ser usada como uma ferramenta para melhorar áreas como saúde e educação, além da
produtividade no mercado de trabalho.”
O termo “além” foi utilizado para estabelecer uma relação de adição.
c) “Como qualquer outra nova tecnologia, as IAs têm seus defensores e seus críticos, ou seja, há quem
acredite que elas serão extremamente benéficas...”
15. Os valores éticos e morais são fundamentais para nortear o comportamento humano, orientando as ações e
decisões em relação ao que é certo e errado, justo e injusto, respeitoso e prejudicial. Exemplos de valores
sociais: Trabalho; Respeito às leis; Respeito aos indivíduos; Cooperação; Solidariedade, entre outros. Assim, de
acordo a temática do texto, responda.
a) No texto “Quais são os perigos da Inteligência Artificial? Dá para controlá-la?”, é possível perceber a
presença de valores sociais e/ou éticos?
b) Quais valores sociais, éticos e humanos podem guiar o desenvolvimento, o uso e implantação da Inteligência
Artificial?
( ) trabalho, amor e liberdade.
( ) responsabilidade, justiça e segurança.
( ) cuidado da saúde, honestidade e cooperação.
GRUPO DE ATIVIDADES 3
Sistematizando os conhecimentos
Estudante, chegou a hora de adquirir mais informações e aprofundar seus conhecimentos. Vamos lá?
Leia o texto a seguir.
Texto II
17. Em relação ao tema abordado nesses textos, pode-se dizer que as ideias apresentadas são
(A) complementares.
(B) contraditórias.
(C) semelhantes.
(D) excludentes.
18. No texto II, na frase “Inteligência Artificial pode extinguir diversas profissões do futuro...”, a expressão
destacada indica uma
(A) certeza.
(B) obrigação.
(C) necessidade.
(D) possibilidade.
19. Na passagem “Ainda assim, até os maiores entusiastas da tecnologia, como Bill Gates, fazem alertas sobre
os riscos que podem ser causados com seu mau uso, ou caso as IAs “estabeleçam seus próprios objetivos” à
medida que melhoram com o tempo.”, as expressões articuladoras em destaque estabelecem, respectivamente,
relação lógico-discursiva de
(A) adição e proporção.
(B) oposição e condição.
(C) alternância e concessão.
(D) conclusão e conformidade.
20. Os sinais de pontuação, além de demarcarem unidades de sentido, garantem expressividade ao texto,
provocando efeitos de sentido diversos. Quando tratamos dos efeitos de sentido do uso da pontuação, estamos
nos referindo à relação entre semântica e pontuação e ao objetivo discursivo do falante. No texto, a autora
emprega aspas em determinadas partes do texto. Esse uso se fez necessário para
Nesse texto, um argumento que contradiz a ideia de que ter um animal apresenta melhoras para a saúde das
pessoas encontra‑se no trecho:
(A) “... um cachorro tem potencial para ser um elo entre integrantes de uma família.”. (1º parágrafo)
(B) “Parte conclui que há benefícios ao ser humano nessa relação.”. (2º parágrafo)
(C) “... estudos do gênero associam a convivência ao aumento do bem‑estar,...”. (5º parágrafo)
(D) “A docente pondera, porém, que há estudos que não encontraram benefícios na relação com animais.”. (7º
parágrafo)
Fonte: Avaliação Contínua da Aprendizagem nos Anos Finais - Ciclo II/2024.
GRUPO DE ATIVIDADES 1
Contextualizando o gênero, o tema e o campo de atuação
Estudante, vamos conhecer o gênero textual Meme? Convido você a conhecer mais sobre esse gênero
multissemiótico, ou seja, um gênero que combina texto e imagem, com criticidade e humor,
características que demarcam essa modalidade de linguagem. Será informativo e muito divertido!!!!
– O que é um meme?
– O que é possível tratar nos memes?
– Em que circunstâncias os memes são utilizados?
– Quais são as temáticas abordadas por eles?
► Conhecendo o gênero textual
Meme
Os memes são uma forma de comunicação que se popularizou na internet e se tornou uma parte
importante da cultura digital.
Os memes possuem algumas características específicas que os diferenciam de outros tipos de
comunicação. Primeiramente, eles são curtos e objetivos, geralmente contendo apenas algumas palavras ou
uma frase. Além disso, os memes são altamente visuais, utilizando imagens ou vídeos para transmitir sua
mensagem. Eles também são altamente compartilháveis, sendo facilmente replicados e disseminados nas
redes sociais. Geralmente, um meme é composto por uma imagem ou vídeo que serve como base,
acompanhado por um texto que complementa ou modifica o significado original. Essa combinação entre
imagem e texto é o que torna os memes tão eficazes na comunicação, pois permite transmitir uma mensagem
de forma rápida e concisa.
Disponível em: https://aulanotadez.com.br/glossario/o-que-e-genero-textual-memes/. Acesso em: 31 jan. 2025.
A personificação, também conhecida por prosopopeia, é uma figura de linguagem que ocorre quando há
atribuição de ações, qualidades ou sentimentos humanos a seres inanimados ou irracionais. A personificação
é considerada uma figura de pensamento, pois está ligada à compreensão do texto.
Exemplos:
- “E as borboletas sem voz dançavam assim veludosamente.” (as borboletas recebem características e ações
humanas: “sem voz” e “dançavam”).
- “Palmeiras se abraçam fortemente”. (seres não humanos que recebem características e fazem ações
relativas ao ser humano.)
Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/figuras-de-linguagem/prosopopeia-personificacao.html Acesso em: 31 jan. 2025 (adaptado).
Observe a imagem a seguir.
Texto I
5. Pelo fato do meme ser engraçado, ele tem por objetivo divertir ou levar o interlocutor à reflexão?
6. Em que veículos ou suportes de comunicação são comuns de encontrarmos esse tipo de texto?
8. Memes são mensagens (imagens, vídeos ou frases) que se espalham rapidamente pela internet, muitas
vezes, por meio das redes sociais, sendo reproduzidos e modificados por muitas pessoas. Qual é o objetivo
principal do gênero textual meme?
(A) Promover produtos e marcas famosas.
(B) Difundir desinformação nas redes sociais.
(C) Compartilhar emoções de forma rápida e eficaz.
(D) Promover diversão às pessoas através da internet e redes sociais.
GRUPO DE ATIVIDADES 2
Ampliando os conhecimentos
Estudante, vamos conhecer a Charge? Ela é um outro texto multissemiótico como o Meme, isto é, um
texto que combina elementos verbais e não verbais. Vamos lá??
Charge
A charge é um gênero textual que se caracteriza pela combinação de elementos visuais e textuais para
transmitir uma mensagem de forma humorística e crítica. Ela utiliza recursos como caricaturas, desenhos,
legendas e balões de fala para criar uma narrativa visual que satiriza algum aspecto da sociedade, seja político,
social, cultural ou econômico.
O nome charge, vem do francês charger, que significa "fazer carga", "exagerar".
Disponível em: https://aulanotadez.com.br/glossario/o-que-e-genero-textual-charge/. Acesso em: 31 jan. 2025 (adaptado).
Características da Charge
▪ Linguagem verbal e não verbal.
▪ Humor.
▪ Leitura crítica do cotidiano.
▪ Atual / Efêmera / Contextualizada.
▪ Situações particulares.
▪ Personagens públicas.
▪ Intencionalidades: Críticas a personalidades públicas e privadas. / Visão crítica sobre notícias que
despertam a atenção do público.
Disponível em: https://aulanotadez.com.br/glossario/o-que-e-genero-textual-charge/. Acesso em: 31 jan. 2025 (adaptado).
Leia a charge.
Texto II
10. O gênero textual charge alia palavras a imagens para construir os sentidos do texto. Que elementos da
charge (Texto II) são essenciais à sua compreensão e produção de sentido?
11. A charge apresenta como principal característica a presença de elementos críticos, como a ironia e a
sátira, acerca de determinada pessoa ou acontecimento. Dessa forma, qual o assunto da charge (Texto II)?
12. Suporte ou portador é o meio físico ou virtual que serve de base para a materialização de um texto. As
charges são publicadas em qual(is) suporte(s)?
13. Que desigualdade social pode-se observar nesta charge?
( ) Racial.
( ) Cultural.
( ) Geográfica.
( ) Econômica.
14. Pode-se dizer que a diferença de fala entre as personagens contribui para a crítica que a charge faz?
Justifique sua resposta.
15. A charge faz uma crítica
(A) aos pais que superprotegem seus filhos.
(B) ao uso excessivo de aparelhos tecnológicos.
(C) às facilidades que os pais possuem para comprar aparelhos.
(D) às desigualdades sociais e econômicas presentes no nosso cotidiano.
( ) As charges apresentam uma linguagem permeada pelo bom humor, aliando as linguagens verbal e não
verbal para a construção de sentidos do texto.
( ) Na charge, a linguagem verbal é o elemento principal para o seu entendimento.
( ) A charge é comumente utilizada com a intenção de tecer críticas políticas e sociais, sempre preservando
como traço predominante o humor.
( ) Predominância da linguagem figurada, ou seja, geralmente utiliza-se de metáforas e termos literários.
( ) As charges não podem ser consideradas como gêneros textuais, visto que a linguagem não verbal é a
linguagem predominante.
( ) O gênero textual charge retrata acontecimentos contemporâneos.
GRUPO DE ATIVIDADES 3
Sistematizando os conhecimentos
Estudante, vamos sistematizar nossos conhecimentos sobre textos multissemióticos? Lembre-se de
que eles podem ser marcados pela presença de palavras e de outros recursos, como imagem, sons,
gráficos e links, possibilitando variadas leituras, assim, utilizam a linguagem verbal e não-verbal em um
só produto.
Leia o texto.
Texto III
22. No meme, a linguagem verbal está relacionada à linguagem não verbal para construir sentido. Assim, como
os dois enunciados que aparecem estão relacionados à imagem?
Observe os textos.
BEBÊS e os seus horários. Piadas e Vídeos. Disponível em: https://meulink.fit/aHdCLIjYFUlwJBK. Acesso em: 24 jun. 2024.
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GRUPO DE ATIVIDADES 1
Contextualizando o gênero textual, o tema e o campo de atuação
1. Antes de ler os textos, vamos conversar? Observe a imagem.
Estudante, você já ouviu falar de Sherlock Holmes? O que sabe sobre esse personagem? Por que ele
pode ter inspirado a escrita de uma narrativa de enigma? No texto que iremos ler, o detetive é um
admirador de Sherlock Holmes, a famosa personagem de ficção da literatura britânica, criada por Arthur
Conan Doyle, e conhecido por elucidar crimes baseando-se na observação dos detalhes e no raciocínio
lógico. Vamos lá??
Leia o texto.
Se eu fosse Sherlock Holmes
Os romances de Conan Doyle me deram o desejo de empreender alguma façanha no gênero das de Sherlock
Holmes. Pareceu-me que deles se concluía que tudo estava em prestar atenção aos fatos mínimos. Destes, por
uma série de raciocínios lógicos, era sempre possível subir até o autor do crime.
Quando acabara a leitura do último dos livros de Conan Doyle, meu amigo Alves Calado teve a oportuna
nomeação de delegado auxiliar. Íntimos, como éramos, vivendo juntos, como vivíamos, na mesma pensão, tendo
até escritório comum de advocacia, eu lhe tinha várias vezes exposto minhas ideias de “detetive”. [...]
Passei dias esperando por algum acontecimento trágico, em que pudesse revelar minha sagacidade. Creio
que fiz mais do que esperar: cheguei a desejar.
Uma noite, fui convidado por Madame Guimarães para uma pequena reunião familiar. Em geral, o que ela
chamava “pequenas reuniões” eram reuniões de vinte a trinta pessoas, da melhor sociedade. Dançava-se, ouvia-
se boa música e quase sempre ela exibia algum “número” curioso: artistas de teatro, de “music hall” ou de circo,
que contratava para esse fim. O melhor, porém, era talvez a palestra que então se fazia, porque era mulher
muito inteligente e só convidava gente de espírito. Fazia disso questão.
A noite em que eu lá estive entrou bem nessa regra.
Em certo momento, quando ela estava cercada por uma boa roda, apareceu Sinhazinha Ramos. Sinhazinha
era sobrinha de Madame Guimarães, casara-se pouco antes com um médico de grande clínica. Vindo só, todos
lhe perguntaram:
– Como vai seu marido?
– Tem trabalhado por toda a noite, com uma cliente.
[...]
O embaraço dele se dissipou, porque Madame Guimarães perguntou à sobrinha:
– Onde deixaste tua capa?
– No meu automóvel! Não quis ter a maçada de subir.
A casa era de dois andares e Madame Guimarães, nos dias de festas, tomava a si arrumar capas e chapéus
femininos no seu quarto:
– Serviço de vestiário é exclusivamente comigo. Não quero confusões.
[...]
Nisto, uma das senhoras presentes veio despedir-se de Madame Guimarães. Precisava de seu chapéu. A
dona da casa, que, para evitar trocas e desarrumações, era a única a penetrar no quarto que transformara em
vestiário, levantou-se e subiu para ir buscar o chapéu da visita, que desejava partir.
Não se demorou muito tempo. Voltou com a fisionomia transtornada:
– Roubaram-me. Roubaram o meu anel de brilhantes...
Todos se reuniram em torno dela. Como era? Como não era? Não havia, aliás, nenhuma senhora que o
conhecesse: um anel com três grandes brilhantes de um certo mau gosto espetaculoso, mas que valia de 60 a
80 contos.
[...]
MEDEIROS e ALBUQUERQUE, José Joaquim de Campos da Costa de. Se eu fosse Sherlock Holmes. In: PAES, José Paulo (org.). Histórias de detetive. São Paulo: Ática, 1993. (Para gostar de ler, v. 12).
2. A partir da leitura do fragmento do texto, responda oralmente:
a) Reflitam: O crime compensa ou não compensa?
b) A parte da história contada no texto que você leu te interessou?
c) Qual é o crime cometido na história?
d) Você desconfia de alguém?
e) Que palavras ou expressões que chamaram sua atenção?
Vamos ler o restante da história e descobrir quem é o culpado por roubar o anel de Madame
Guimarães?
Texto I – Parte II
Se eu fosse Sherlock Holmes
[...]
Sherlock Holmes gritou dentro de mim: “Mostra o teu talento, rapaz!”.
Sugeri logo que ninguém entrasse no quarto. Ninguém. Era preciso que a polícia pudesse tomar as marcas
digitais que por acaso houvesse na mesa de cabeceira de Madame Guimarães. Porque era lá que tinha estado
a joia.
Saltei ao telefone, toquei para o Alves Calado, que se achava de serviço nessa noite, e preveni-o do que
havia, recomendando-lhe que trouxesse alguém, perito em datiloscopia.
Ele respondeu de lá com a sua troça habitual:
- Vais afinal entrar em cena com a tua alta polícia científica?
Objetou-me, porém, que a essa hora não podia achar nenhum perito. Aprovou, entretanto, que eu não
consentisse ninguém entrar no quarto. Subi então com todo o grupo para fecharmos a porta a chave. Antes de
se fechar, era, porém, necessário que Madame Guimarães tirasse as capas que estavam no seu leito. Todos
ficaram no corredor, mirando, comentando. Eu fui o único que entrei, mas com um cuidado extremo, um cuidado
um tanto cômico de não tocar em coisa alguma. Como olhasse para o teto e para o assoalho, uma das
senhoras me perguntou se estava jogando o “carneirinho-carneirão, olhai p’ra o céu, olhai p’ra o chão”.
Retiradas as capas, o zum-zum das conversas continuava. Ninguém tinha entrado no quarto fatídico. Todos o
diziam e repetiam.
Foi no meio dessas conversas que Sherlock Holmes cresceu dentro de mim. Anunciei:
- Já sei quem furtou o anel.
De todos os lados surgiam exclamações. Algumas pessoas se limitavam a interjeições: “Ah!”, “Oh!”. Outras
perguntavam quem tinha sido.
Sherlock Holmes disse que o que ia fazer, indicando um gabinete próximo:
– Eu vou para aquele gabinete. Cada uma das senhoras aqui presentes fecha-se ali em minha companhia por
cinco minutos.
– Por cinco minutos? – indagou o Dr. Caldas.
– Porque eu quero estar o mesmo tempo com cada uma, para não se poder concluir da maior demora com
qualquer delas que essa foi a culpada. Serão para cada uma cinco minutos cronométricos.
[...]
E a cerimônia começou. Cada uma das senhoras esteve trancada comigo justamente os cinco minutos que
eu marcara.
Quando a última partiu, saiu do gabinete, achei à porta, ansiosa, Madame Guimarães:
– Venha comigo – disse-lhe eu.
Aproximei-me do telefone, chamei o Alves Calado e disse-lhe que não precisava mais tomar providência
alguma, porque o anel fora achado.
Voltando-me para Madame Guimarães entreguei-o então. Ela estava tão nervosa que me abraçou e até beijou
freneticamente. Quando, porém, quis saber quem fora a ladra, não me arrancou nem uma palavra.
No quarto, ao ver Sinhazinha Ramos entrar, tínhamos tido, mais ou menos, a seguinte conversa:
– Eu não vou deitar verdes para colher maduros. Não vou armar cilada alguma. Sei que foi a senhora que tirou
a joia de sua tia.
Ela ficou lívida. Podia ser medo. Podia ser cólera. Mas respondeu firmemente:
– Insolente! É assim que o senhor está fazendo com todas, para descobrir a culpada?
– Está enganada. Com as outras converso apenas, conto-lhes anedotas. Com a senhora, não; exijo que me
entregue o anel.
Mostrei-lhe o relógio para que visse que o tempo estava passando.
– Note – disse eu – que tenho uma prova. Posso fazê-la ver a todos.
Ela se traiu, pedindo:
– Dê sua palavra de honra que tem essa prova!
Dei. Mas o meu sorriso lhe mostrou que ela, sem dar por isso, confessara indiretamente o fato.
– E, já o agora – acrescentei – dou-lhe também a minha palavra que nunca ninguém saberá por mim o que
fez.
Ela tremia toda.
– Veja que falta um minuto. Não chore. Lembre-se de que precisa sair daqui com uma fisionomia jovial. Diga
que estivemos falando de modas.
Ela tirou a joia do seio, deu-me e perguntou:
– Qual é a prova?
– Esta – disse-lhe eu apontando para uma esplêndida rosa-chá que ela trazia. – É a única pessoa, esta noite,
que tem aqui uma rosa amarela. Quando foi ao quarto de sua tia, teve a infelicidade de deixar cair duas pétalas
dela. Estão junto da mesa de cabeceira.
Abri a porta. Sinhazinha compôs magicamente, imediatamente, o mais encantador, o mais natural dos sorrisos
e saiu dizendo:
– Se este Sherlock fez com todas o mesmo que comigo, vai ser um fiasco absoluto.
Não foi fiasco, mas foi pior.
Quando Sinhazinha chegara, subira logo. Graças à intimidade que tinha na casa, onde vivera até a data do
casamento, podia fazer isso naturalmente. Ia só para deixar a sua capa dentro de um armário. Mas, à procura
de um alfinete, abriu a mesinha de cabeceira, viu o anel, sentiu a tentação de roubá-lo e assim o fez. Lembrou-
se de que tinha de ir para a Europa daí a um mês. Lá venderia a joia. Desceu então novamente com a capa e
mandou pô-la no automóvel. E como ninguém a tinha visto subir, pôde afirmar que não fora ao andar superior.
Eu estraguei tudo.
Mas a mulherzinha se vingou: a todos insinuou que provavelmente o ladrão tinha sido eu mesmo, e, vendo o
caso descoberto antes da minha retirada, armara aquela encenação para atribuir a outrem o meu crime.
O que sei é que Madame Guimarães, que sempre me convidava para as suas recepções, não me convidou
para a de ontem... Terá talvez sido a primeira a acreditar na sobrinha.
MEDEIROS e ALBUQUERQUE, José Joaquim de Campos da Costa de. Se eu fosse Sherlock Holmes. In: PAES, José Paulo (org.). Histórias de detetive. São Paulo: Ática, 1993. (Para gostar de ler, v. 12).
O foco narrativo das narrativas de enigma pode ser em 1ª ou 3ª pessoa. A escolha pelo foco em 1ª pessoa é
o que acontece com mais frequência nesse gênero textual, pois o narrador assume a condição de
personagem, envolvendo-se com a história. É ele quem se coloca na posição de detetive, apresentando ao
leitor os detalhes sobre os acontecimentos, ou, ainda, dando pistas concretas que um narrador-observador, por
exemplo, não percebe.
A intertextualidade em textos literários refere-se à relação e diálogo que um texto estabelece com outros textos,
seja diretamente ou indiretamente, criando camadas de significado e enriquecendo a interpretação da obra.
8. Que aspectos da condução da investigação e da elucidação do caso remetem à história de detetives, como as
de Sherlock Holmes?
11. Nas narrativas de enigma, o motivo do crime é fundamental para o desenvolvimento da narrativa. Qual foi o
motivo do crime no texto lido?
(A) Inveja, porque a sobrinha quis ter a riqueza e as joias da tia, Madame Guimarães.
(B) Ganância, uma vez que a sobrinha, ao ver o anel, não resistiu à tentação de cometer o furto.
(C) Ingenuidade, já que Sinhazinha pegou o anel sem considerar as consequências dessa ação.
(D) Necessidade, pois Sinhazinha precisava de dinheiro, mas sua tia se recusou a fornecê-lo a ela.
GRUPO DE ATIVIDADES 2
Ampliando os conhecimentos
12. Além de poucas personagens, a narrativa apresenta tempo e espaço de modo reduzido.
a) Quem são as personagens e como são identificadas?
d) Qual é a importância da caracterização do espaço para a construção do clima de suspense e de mistério que
há nesse tipo de história?
Tipos de Discurso
No discurso direto, quem fala é a personagem, revelando aspectos como jeito de dizer, vocabulário próprio,
sentimentos e emoções.
No discurso indireto, o ponto de vista é do narrador, que pode não revelar/reproduzir o que e/ou como a
personagem falou.
13. Ao narrar a história, o narrador pode dar voz às personagens – discurso direto - ou falar por eles – discurso
indireto.
a) Que tipo de discurso predomina na história?
b) O uso desse discurso revela ao leitor as impressões das personagens ou o ponto de vista do narrador?
c) Qual dos tipos de discurso – direto ou indireto – permite conhecer o modo de falar, os sentimentos e os
receios das personagens? Justifique com trechos do texto e o que eles revelam.
14. Algumas palavras ou expressões são fundamentais para se ter uma boa progressão textual, pois fazem
referência, reitera ou substitui algum termo dito anteriormente.
Releia o trecho a seguir, e observe os termos em destaque.
“Uma noite, fui convidado por Madame Guimarães para uma pequena reunião familiar. Em geral, o que ela
chamava “pequenas reuniões” eram reuniões de vinte a trinta pessoas, da melhor sociedade. [...]
A noite em que eu lá estive entrou bem nessa regra.”
a) A quem se refere o termo ‘ela’? Que outras palavras poderiam substituir esse termo?
a) “O melhor, porém, era talvez a palestra que então se fazia, porque era mulher muito inteligente e só
convidava gente de espírito.”
c) “Porque eu quero estar o mesmo tempo com cada uma, para não se poder concluir da maior demora com
qualquer delas que essa foi a culpada.”
16. A narrativa permite ao leitor identificar a época em que a história acontece, por meio da caracterização das
personagens e dos costumes mencionados. Justifique sua resposta com elementos retirados do texto.
17. Na narrativa, ao privilegiar a discrição e não revelar a autoria do furto, o narrador-personagem reflete valores
culturais que vigoraram na época retratada.
a) Qual foi a provável preocupação dele ao tomar essa decisão? O que essa atitude do narrador-personagem
revela sobre os valores da época em que se passa a narrativa?
b) Em sua opinião, caso a narrativa fosse ambientada nos dia atuais, como seria o desfecho dessa história?
GRUPO DE ATIVIDADES 3
Sistematizando os conhecimentos
Estudante, leia a seguir um trecho em que aparece o mais famoso detetive de todos os tempos,
Sherlock Holmes que, acompanhado do dr. Watson, está prestes a resolver um grande mistério: o que
seriam os uivos apavorantes do cão, que assustava quem vivia no castelo de Baskerville? Quem ou o
que matou os herdeiros do Castelo, dando início a uma tradição de maldição? Vamos descobrir??
Leia o texto.
O Cão dos Baskerville
[...]
Holmes pusera-se de pé num salto e vi sua silhueta escura, atlética, no vão da porta da cabana, os ombros
curvando-se, a cabeça projetada para a frente, o rosto perscrutando a escuridão.
“Silêncio!” sussurrou ele. “Silêncio!”
O grito fora sonoro em razão de sua veemência, mas fora emitido em algum lugar muito distante da planície
escura. Agora feria nossos ouvidos, mais perto, mais alto, mais urgente que antes.
“Onde é isso?” sussurrou Holmes; e soube pela emoção em sua voz que ele, o homem de ferro, estava
abalado até a alma. “Onde é isso, Watson?”
“Ali, eu acho”, apontei para a escuridão.
“Não, ali!”
Novamente o grito angustiado varreu a noite silenciosa, mais alto e mais perto que nunca. E um novo som
misturou-se com ele, um ribombo profundo, murmurante, musical, mas apesar disso ameaçador, aumentando e
diminuindo como o murmúrio baixo e constante do mar.
“O cão!” exclamou Holmes. “Venha, Watson, venha! Deus queira que não cheguemos tarde!”
Ele começara a correr rapidamente pela charneca, e eu nos seus calcanhares. Agora, porém, de algum lugar
no terreno acidentado imediatamente à nossa frente veio um último grito desesperado, depois um baque surdo,
pesado. Paramos e escutamos. Nenhum outro som quebrou o silêncio pesado da noite sem vento.
[...]
Disponível em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/tecnicas-de-redacao-narracao-o-enigma.htm?cmpid=copiaecola Acesso em: 12 mar. 2025 (adaptado).
18. Releia o texto e responda:
a) Que marcas textuais nos permitem afirmar que o narrador da história é uma personagem que participa da
trama? Justifique sua resposta com trechos do texto.
b) Uma das características da narrativa de enigma é o fato de que a história da investigação é frequentemente
contada por um amigo do detetive, no papel de narrador. Quem é esse narrador? Está em 1ª ou 3ª pessoa?
c) Qual pode ser a intenção de um escritor ao optar pelo foco narrativo em 1ª pessoa?
19. A narrativa de enigma tem como elementos o enredo, narrador, personagens, tempo e espaço. No trecho "o
homem de ferro estava abalado até a alma", como o narrador apresenta uma característica fundamental de
Sherlock Holmes?
20. Algumas palavras, nas narrativas de enigma, auxiliam na caracterização de um ambiente sombrio e de
suspense. Transcreva do texto “O Cão dos Baskervilles” palavras /expressões que expressam esse ambiente
sombrio.
Efeitos de sentido
Os "efeitos de sentido" referem-se a diferentes maneiras pelas quais as palavras, frases, expressões ou
elementos linguísticos em um texto podem ser interpretados ou percebidos para além do seu significado literal.
Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/efeitos-sentido-duplo-sentido-ambiguidade-ironia-humor.htm. Acesso em: 14 abr. 2025 (adaptado).
22. Observe no texto o efeito de sentido das seguintes palavras/expressões “homem de ferro” e “o grito
angustiado varreu a noite silenciosa”. Para que elas foram utilizadas?
23. Observe as palavras ou expressões destacadas em cada trecho do texto e indique que relação elas
estabelecem.
a) “E um novo som misturou-se com ele, um ribombo profundo, murmurante, musical,”, a palavra destacada foi
utilizada para quê?
b) “... mas apesar disso ameaçador, aumentando e diminuindo como o murmúrio baixo e constante do mar.”
24. Em “Agora, porém, de algum lugar no terreno acidentado imediatamente à nossa frente veio um último grito
desesperado, depois um baque surdo, pesado.”, o termo destacado expressa ideia de
(A) adição.
(B) oposição.
(C) finalidade.
(D) conclusão.
25. Observe o trecho:
“Ele havia começado a correr rapidamente pela charneca, e eu o seguia nos seus calcanhares. Mas agora, de
alguma parte por entre o terreno irregular imediatamente à nossa frente, veio o último grito desesperado e
depois uma pancada forte e ensurdecedora.”
Os termos “rapidamente” e “imediatamente” dão à cena uma
Susy já era bastante conhecida por aqueles lados pela sua capacidade de raciocínio e dedução. O seu tio
admirava-a imenso, tinha orgulho nela, pois não lhe restava mais ninguém, vivia sozinho. Os pais de Susy
viajavam permanentemente por causa dos seus empregos, mas nem a própria filha sabia ao certo o que faziam.
Greg insistia, de cada vez que a sobrinha o visitava, de gracejar “Lá andam eles a espiar e prender criminosos
por esse mundo afora! Onde estão desta vez?” e de seguida dava uma gargalhada. Estava convencido de que
eram espiões. Susy adorava-o, e por essa razão prontificou-se logo a partir. Voltou a guardar a carta no bolso e
preparava-se para sair da estação, quando de repente sentiu uma tontura e desmaiou. [...]
BOLTON, Jeff. Disponível em: <http://aninhacontos.wordpress.com>. Acesso em: 7 jun. 2011. Fragmento.
De acordo com esse texto, Susy era conhecida em Water Jewel
Isso aconteceu numa época em que o grande detetive Sherlock Holmes estava
aposentado e um tanto esquecido. Em Londres, onde morava, ninguém mais o
chamava para elucidar mistérios. Conformava-se, dizendo: não se fazem mais
bandidos como antigamente.
Meu tio Clarimundo, leitor das aventuras de Sherlock, foi quem decidiu contratá-lo.
Mas que não trouxesse seu secretário Dr. Watson, que só servi para ouvir no final de
cada caso a mesma frase: “Elementar, Watson”.
– Mas se trata dum caso tão insignificante – protestou mamãe.
– Insignificante? Esse enigma está nos pondo malucos.
Alguém andava assaltando nosso galinheiro. A cada dia sumia uma galinha. Quem faria isso, estando a casa
cercada por paredes de imensos edifícios? Não havia muro para saltar. Nem grades para pular. E na casa, só
morava eu, meus pais, tio Clarimundo e Noca, a velha empregada. Um enigma muito enigmático, sim.
Sherlock Holmes chegou e hospedou-se no quarto dos fundos. Ele, seu boné xadrez, seu cachimbo, lógico, e
mais logicamente sua lupa, que aumentava tudo.
Chegou anunciando:
– Chamarei esta aventura “O caso das galinhas desaparecidas”. Ou ficaria melhor “O incrível enigma do
galinheiro”? – Ambos são bons, mas...
– Na maior parte das vezes o culpado é o mordomo – informou Sherlock. – Onde está o suspeito? – Não
temos mordomo – lamentou tio Clarimundo.
– Então me levem à cena do crime.
Levamos Sherlock ao quintal, pequeno e espremido entre os prédios. Ele tirou a lupa do bolso. Um palito ou
folha de árvore, examinava concentradamente. Depois, tomava notas num caderno. Mas, como a viagem o
cansara, foi dormir cedo. Na manhã seguinte minha mãe acordou-o com uma informação:
– Sumiu outra galinha.
– Esta noite dormirei no galinheiro.
E dormiu mesmo, sentado numa poltrona. Desta vez eu que o acordei.
– Mister Holmes, roubaram mais uma galinha. A notícia fez com que se decidisse:
– A história se chamará mesmo “O incrível enigma do galinheiro”.
– Não estamos preocupados com títulos – rebateu meu tio.
– Mas meu editor está.
Neste dia consegui ler o caderno de anotações do detetive. Li: nada, nada, nada. Um nada em cada página.
Organizado, não? Também nesse dia Sherlock telefonou a Londres para trocar impressões com o fiel Dr.
Watson. Uma fortuninha em chamados internacionais.
E as galinhas continuavam desaparecendo, apesar de Sherlock Holmes dormir no galinheiro. Ele já andava
falando sozinho.
– Nem sinal de gato, cachorro, raposa, gambá. Todo o meu prestígio está em jogo. Por fim, restou apenas
uma galinha. À hora do almoço o famoso detetive, sentindo-se velho e fracassado, sofreu uma crise, chorando
na frente de todos. Nós nos comovemos muito com a situação. Um homem daqueles derramar lágrimas... Noca,
então, deu um passo à frente e confessou:
– Eu que roubava as galinhas. Dava às famílias pobres duma favela. Sherlock enxugou imediatamente as
lágrimas na manga do paletó.
– Já sabia. Fingi chorar para que ela confessasse.
– Então desconfiava de Noca? – perguntou tio Clarimundo.
– Encontrei penas de galinha no quarto dela. Elementar, Clarimundo. E o que dizem de comermos a penosa
que resta no galinheiro?
Não sei se foi escrito “O incrível enigma do galinheiro”. Se foi, pobres leitores. Na verdade eu que roubava as
galinhas para dar aos favelados. Inclusive quando o detetive dormia no galinheiro. Noca sabia disso e assumiu
a culpa em meu lugar. Elementar, Mister Sherlock Holmes.
Disponível em: http://professormarconildoviegas.blogspot.com/2016/09/prova-interpretacao-de-texto-sherlock.html. Acesso em: 8 maio 2025.
Marcos Rey, Em Vice-Versa ao Contrário. Org. Heloísa Prieto, São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1993.
Disponível em: https://sosprofessoratividades.com/o-incrivel-enigma-do-galinheiro/. Acesso em: 8 maio 2025 (adaptado).
Texto II
A tendência que une livro a jogos e transforma o leitor em detetive
[...]
Em um dia tedioso de 2021, o matemático americano G.T. Karber — filho de
advogados e neto de um investigador do FBI – estava em um café quando
teve a ideia de um enigma: em um guardanapo, descreveu um crime com
uma série de suspeitos, elencou dicas para encontrar o verdadeiro
responsável, além da arma e do local do crime e enviou a um amigo.
Apaixonado por mistérios policiais, ele criou pouco depois, um programa de
computador para garantir que as dicas não tivessem furos e produziu uma
leva desses enigmas para o site Murdle - que foi vertido no livro de mesmo
nome, lançado no Brasil [...], com 100 casos a ser solucionados.
Protagonizada pelo detetive Logicus, a obra tem também uma narrativa interligada. “Além de resolver os
enigmas, é possível desvendar uma trama maior à medida que os casos vão sendo elucidados.”
Disponível em https://veja.abril.com.br/cultura/a-tendencia-que-une-livro-a-jogos-e-transforma-o-leitor-em-detetive/. Acesso em 8 maio 2025.
Texto III
O Uso da Inteligência Artificial na Investigação Criminal: Como Ela Pode Impactar Seu Caso?
Hábitos saudáveis têm mais chances de acompanhar a população durante a vida se começarem logo na
infância. Por isso, é preciso chamar atenção para a qualidade de vida e rotina alimentar balanceada [...]. A
estimativa é que 6,4 milhões de crianças tenham excesso de peso no Brasil e 3,1 milhões já evoluíram para
obesidade.
A doença afeta 13,2% das crianças entre 5 e 9 anos acompanhadas no Sistema Único de Saúde (SUS), do
Ministério da Saúde, e pode trazer consequências preocupantes ao longo da vida. Nessa faixa-etária, 28% das
crianças apresentam excesso de peso, um sinal de alerta para o risco de obesidade ainda na infância ou no
futuro. Entre os menores de 5 anos, o índice de sobrepeso é de 14,8, sendo 7% já apresentam obesidade. Os
dados são de 2019, baseados no Índice de Massa Corporal (IMC) de crianças que são atendidas na Atenção
Primária à Saúde (SAPS).
“Esses números reforçam a importância de ter ambientes saudáveis e promover a educação alimentar desde
cedo pode evitar doenças que podem acompanhar durante o desenvolvimento e ao longo de toda a vida,
afetando o desempenho escolar e aumentando o risco de vários agravos, como hipertensão e diabetes.”,
ressalta o Secretário de atenção Primária, Raphael Parente.
A pandemia da Covid-19 também agravou a situação e teve impacto importante na alimentação das crianças
e adolescentes, além do aumento do sedentarismo. A interrupção significativa na rotina das crianças pode gerar
impacto negativo na saúde mental e bem-estar, o que pode provocar um índice ainda maior de jovens com
excesso de peso. Os cuidados com a saúde de forma multidisciplinar devem ser intensificados, como a prática
de atividade física e escolhas mais saudáveis na alimentação.
Em 2016, foi proclamada a Década de Ação das Nações Unidas sobre Nutrição (2016 a 2025) e o Brasil lidera
as ações, em conjunto com outros governos, para enfrentar os problemas decorrentes da má nutrição,
principalmente para o excesso de peso em crianças menores de cinco anos de idade.
No SUS, o atendimento multidisciplinar garante várias abordagens necessárias para o acompanhamento e
tratamento da doença, já que isso também envolve uma mudança de comportamento em casa. O Ministério da
Saúde tem investido em diretrizes e ações de prevenção e controle e para melhorar a alimentação na infância.
Em 2021, a pasta lançou o Guia Alimentar de bolso para menores de 2 anos, com orientações para introdução
alimentar correta a partir dos seis meses.
Prevenção
A obesidade infantil é resultado de uma série complexa de fatores genéticos, comportamentais, que atuam em
vários contextos: familiar, escolar, social. Fatores que podem ocorrer ainda na gestação podem influenciar, como
a nutrição inadequada da mãe e o excesso de peso. Também pode envolver um aleitamento materno de curta
duração e introdução de alimentos de forma inadequada.
Crianças com obesidade correm riscos de desenvolverem doenças nas articulações e nos ossos, diabetes e
doenças cardíacas. Para evitar esses riscos, é essencial que a introdução alimentar seja feita no período correto
(a partir dos 6 meses, após o período de aleitamento materno exclusivo) e com os alimentos balanceados. Se
esse período não tiver o cuidado e atenção necessários, as crianças ficam expostas cada vez mais cedo aos
alimentos ultraprocessados e industrializados.
Os salgadinhos, refrigerantes, biscoitos recheados devem sair de cena e dar mais espaço aos alimentos que
já conhecemos bem, como arroz, feijão, legumes e frutas. Portanto, o acesso à informação sobre escolhas mais
saudáveis para as famílias, profissionais de saúde, cuidadores e responsáveis é fundamental para combater o
problema.
Nathan Victor
Ministério da Saúde
Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021/junho/obesidade-infantil-afeta-3-1-milhoes-de-criancas-menores-de-10-anos-no-brasil Acesso em: 19 mar. 2025 (adaptado).
Texto II
4. A informação em comum entre o texto I (artigo de opinião) e o texto II (anúncio/campanha publicitária social) é:
(A) As crianças com excesso de peso.
(B) Os hábitos saudáveis na infância.
(C) O aleitamento materno de curta duração.
(D) A alimentação de crianças e adolescentes.
5. O texto I (artigo de opinião) e o texto II (anúncio/campanha publicitária social) apresentam ideias
(A) complementares.
(B) contraditórias.
(C) semelhantes.
(D) excludentes.
6. No texto I, há, predominantemente, um fato no trecho:
(A) “A pandemia da Covid-19 também agravou a situação e teve impacto importante na alimentação das
crianças...”
(B) “Para evitar esses riscos, é essencial que a introdução alimentar seja feita no período correto (a partir dos 6
meses, ...”
(C) “Os dados são de 2019, baseados no Índice de Massa Corporal (IMC) de crianças que são atendidas na
Atenção Primária à Saúde (SAPS).”
(D) “... o acesso à informação sobre escolhas mais saudáveis para as famílias, profissionais de saúde,
cuidadores e responsáveis é fundamental para combater o problema.
7. No texto II, em “Além da diminuição da autoestima da criança, a obesidade é responsável pelo desenvolvimento
de diversas doenças crônicas.”, o termo em destaque estabelece uma relação lógico-discursiva de
(A) adição.
(B) oposição.
(C) explicação.
(D) conformidade.
Leia o texto.
8. Analisando a imagem e o texto verbal, quem são os responsáveis
pela obesidade da criança?
(A) O pai.
(B) A mãe.
(C) O amor.
(D) Os pais.
Disponível em:
https://2.bp.blogspot.com/-WGP3W5cU8/UVzUqllYvqI/AAAAAAAADMY/UEER7DAc4hw/
s1600/ale%CC%81m+do+peso_web.jpg. Acesso em: 30 abr.
9. No texto, na resposta dos pais em “Amor?”, o uso do ponto de interrogação sugere
(A) raiva.
(B) ironia.
(C) surpresa.
(D) felicidade.
13. No fragmento: “... quando a porta do nosso apartamento abriu e deu passagem ao nosso velho conhecido,
Monsieur G., chefe da polícia de Paris. Nós o saudamos cordialmente, pois havia nele tanto de desprezível
como de divertido, e não o víamos havia já vários anos.”, o pronome “o”, destacado no texto, serve para