UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE
ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM LETRAS
Fundamentos teóricos da linguística
Enunciação em Bakthin
Introdução
Bakthin, o homem e seu duplo
• Nasceu em 1895, em Oriol, na Rússia;
• Estudou História e Filologia em Vitebski, integra
aquele que ficou conhecido como o “Círculo de
Bakthin”, ao lado de Volochinov e Medviediev, seus
principais discípulos;
• Os discípulos lhe auxiliam na publicação de seus
primeiros livros, como Marxismo e Filosofia da
Linguagem em 1929;
• Dedicou o resto da sua vida de pesquisador à análise
estilística e literária;
• Morreu em Moscou, em 1975.
Marxismo e filosofia da linguagem
• Bakthin expõe a necessidade de uma abordagem
marxista da filosofia da linguagem
• Relações entre linguagem e sociedade – o signo e a
enunciação tem natureza social
• Em que medida a ideologia determina a linguagem?
• Saussure X Baktin – A fala é indissociável do estudo
da língua
• A língua reflete os conflitos de classe e da estrutura
social – todo signo é ideológico
• “Objetivismo abstrato”
Marxismo e filosofia da linguagem
• Rejeição aos procedimentos da análise linguística
(fonéticos, morfológicos e sintáticos) em favor da
enunciação completa
• A enunciação é uma replica do diálogo social, de
natureza social, ideológica
• “O signo e a situação social estão indissoluvelmente
ligados”
• Transformações sociais se refletem na ideologia e na
língua que as veicula
• Língua: expressão das relações e lutas sociais,
veiculando e sofrendo efeito dessa luta
DAS ORIENTAÇÕES DO PENSAMENTO
FILOSÓFICO-LINGÜÍSTICO
• No que consiste o objeto da filosofia da
linguagem?
• Onde podemos encontrar tal objeto?
• Qual é a sua natureza concreta?
• Que metodologia adotar para estudá-lo?
• Nós falamos da filosofia da linguagem, da
palavra. Mas o que é a linguagem? O que é a
palavra?
DAS ORIENTAÇÕES DO PENSAMENTO
FILOSÓFICO-LINGÜÍSTICO
• O problema da explicitação do objeto
real da filosofia da linguagem;
• Comunidade linguística;
• A unicidade do meio social e a do
contexto social imediato;
• Objeto de pesquisa ampliado;
Primeira orientação de “subjetivismo
idealista” e a segunda de “objetivismo
abstrato”;
A primeira tendência interessa-se pelo ato
da fala, de criação individual, como
fundamento da língua (no sentido de toda
atividade de linguagem sem exceção).
• As posições fundamentais da primeira tendência,
quanto à língua, podem ser sintetizadas nas quatro
seguintes proposições:
1. A língua é uma atividade, um processo criativo
ininterrupto de construção (“energia”), que se
materializa sob a forma de atos individuais de fala.
2. 2. As leis da criação lingüística são essencialmente as
leis da psicologia individual.
3. 3. A criação lingüística é uma criação significativa,
análoga à criação artística.
4. 4. A língua, enquanto produto acabado (“ergon”),
enquanto sistema estável (léxico, gramática, fonética),
apresenta-se como um depósito inerte, tal como a
lava fria da criação lingüística, abstratamente
construída pelos lingüistas com vistas à sua aquisição
prática como instrumento pronto para ser usado.
• O subjetivismo idealista tem como prioridade o
ato da fala e vê a essência da língua na criação
individual.
• Orientação própria da estilística clássica,
fortemente influenciada pelo pensamento de
Wilhelm Humboldt;
• O subjetivismo idealista entende a língua como
um fenômeno que tem sua origem no interior do
individuo;
• o subjetivismo idealista deixa totalmente de lado
o processo de interação verbal;
segunda tendência objetivismo abstrato:
o centro organizador de todos os fatos da
língua, o que faz dela o objeto de uma
ciência bem definida, situa-se, ao
contrário, no sistema lingüístico, a saber o
sistema das formas fonéticas, gramaticais
e lexicais da língua.
o essencial das considerações da segunda
orientação nas seguintes proposições:
1. A língua é um sistema estável, imutável,
de formas lingüísticas submetidas a uma
norma fornecida tal qual à consciência
individual e peremptória para esta.
2. As leis da língua são essencialmente leis
lingüísticas específicas, que estabelecem
ligações entre os signos lingüísticos no
interior de um sistema fechado. Estas leis
são objetivas relativamente a toda
consciência subjetiva.
3. As ligações lingüísticas específicas nada têm a
ver com valores ideológicos (artísticos, cognitivos
ou outros). Não se encontra, na base dos fatos
lingüísticos, nenhum motor ideológico. Entre a
palavra 83 e seu sentido não existe vínculo natural
e compreensível para a consciência, nem vínculo
artístico.
4. Os atos individuais de fala constituem, do
ponto de vista da língua; simples refrações ou
variações fortuitas ou mesmo deformações das
formas normativas. Mas são justamente estes
atos individuais de fala que explicam a mudança
histórica das formas da língua; enquanto tal, a
mudança é, do ponto de vista do sistema,
irracional e mesmo desprovida de sentido. Entre o
sistema da língua e sua história não existe nem
vínculo nem afinidade de motivos. Eles são
estranhos entre si.
• Objetivismo abstrato domínio da
estrutura linguística sobre o sujeito;
• Dicotomias de Saussure;
Língua, Fala e Enunciação
‘’não encontraremos nenhum indício de um
sistema de normas imutáveis. Pelo contrário,
depararemos com a evolução ininterrupta das
normas da língua [...] a língua apresenta-se
como uma corrente evolutiva ininterrupta’’(
Bakhtin, 2014, p.93)
Língua
‘’Assim, de um ponto de vista objetivo, o sistema
sincrônico não corresponde a nenhum momento
efetivo do processo de evolução da língua. E, na
verdade, para o historiador da língua que adota um
ponto de vista diacrônico, o sistema sincrônico não
constitui uma realidade; ele apenas serve de escala
convencional para registrar os desvios que se
produzem a cada momento no tempo.’’( Bakhtin,
2014, p.94)
Sistema Diacrônico/
Sincrônico
“No entanto, nenhum dos objetivistas abstratos
chegou a compreender de maneira clara e
precisa o funcionamento intrínseco da língua
como sistema objetivo. Na maioria dos casos,
eles oscilam entre as duas acepções que a
palavra “objetivo” possui quando aplicada ao
sistema lingüístico: a acepção, por assim dizer,
entre aspas (expressando o ponto de vista da
consciência subjetiva do locutor) e a acepção
sem aspas (objetivo no sentido próprio)”. (
Bakhtin, 2014, p.95)
Críticas ao Objetivismo Abstrato
‘’Na realidade, o locutor serve-se da língua para
suas necessidades enunciativas concretas (para
o locutor, a construção da língua está orientada
no sentido da enunciação da fala). Trata-se, para
ele, de utilizar as formas normativas (admitamos,
por enquanto, a legitimidade destas) num dado
contexto concreto. ’’( Bakhtin, 2014, p.95)
Língua para fins enunciativos
Enunciação em Bakthin.pptx
Enunciação em Bakthin.pptx
Emojis
A. ‘’Em outros termos, o receptor, pertencente à mesma
comunidade lingüística, também considera a forma
lingüística utilizada como um signo variável e flexível e
não como um sinal imutável e sempre idêntico a si
mesmo. ’’( Bakhtin, 2014, p.96)
B. ‘’O sinal é uma entidade de conteúdo imutável; ele não
pode substituir, nem refletir, nem refratar nada; constitui
apenas um instrumento técnico para designar este ou
aquele objeto (preciso e imutável) ou este ou aquele
acontecimento (igualmente preciso e imutável) ’’(
Bakhtin, 2014, p.96)
Signo / Sinal
Enunciação em Bakthin.pptx
‘‘’No processo de assimilação de uma língua
estrangeira, sente-se a “sinalidade” e o
reconhecimento, que não foram ainda dominados:
a língua ainda não se tornou língua. A assimilação
ideal de uma língua dá-se quando o sinal é
completamente absorvido pelo signo e o
reconhecimento pela compreensão. ’’( Bakhtin,
2014, p.97)
Signo Sinal
‘’Na realidade, não são palavras o que
pronunciamos ou escutamos, mas
verdades ou mentiras, coisas boas ou
más, importantes ou triviais, agradáveis ou
desagradáveis, etc. A palavra está sempre
carregada de um conteúdo ou de um
sentido ideológico ou vivencial. ’’( Bakhtin,
2014, p.99)
A Linguagem é social
‘’Assim é a língua morta-escrita-
estrangeira que serve de base à
concepção da língua que emana da
reflexão lingüística. A enunciação
isolada-fechada-monológica,
desvinculada de seu contexto lingüístico
e real, à qual se opõe, não uma resposta
potencial ativa, mas a compreensão
passiva do filólogo: este é o “dado”
último e o ponto de partida da reflexão
linguística. ’’( Bakhtin, 2014, p.100)
Críticas ao método filologista
• A língua é um sistema de formas normativas;
• A língua é abstrata e prevalece sobre o
concreto;
• O método desta corrente é a filologia, corrente
esta que usa de documentos para tecer
reflexões linguísticas;
• A linguagem é isolada e retirada de seu
contexto;
• A polissemia e a plurivalência são substituídas
pela univocidade;
• O aspecto diacrônico é rejeitado.
Base do Objetivismo Abstrato
‘’o ato de fala, ou, mais exatamente, seu produto,
a enunciação, não pode de forma alguma ser
considerado como individual no sentido estrito do
termo; não pode ser explicado a partir das
condições psicofisiológicas do sujeito falante. A
enunciação é de natureza social.’’( Bakhtin, 2014,
p.93)
A Língua é social
A INTERAÇÃO VERBAL
Capítulo 6
• Crítica ao subjetivismo individualista e teoria da expressão:
idealismo linguístico como erro teórico;
• Ainda crítica, agora a primazia do interno (espírito) ao externo;
• Posse da palavra e responsabilidade (a se criticar {ponto meu})
do ouvinte pelo o que ouve;
• Epistemologia Materialista marxista como crítica ao idealismo
linguístico (Crítica a filosofia do direito de hegel {ponto meu}) ;
• A ideologia cria o processo de enunciação (O freudismo como
teoria individualista biológica {ponto meu})
• Exemplo da fome;
• atividade mental do eu e do nós (atividade para si, burguesa e
ideológica {muito influenciado pelo marxismo ponto meu})
• Construção mental bem organizada na coletividade
Como se apresenta a enunciação monológica do ponto de vista do
subjetivismo individualista? (...) ela se apresenta como um ato
puramente individual, como uma expressão da consciência
individual, de seus desejos, suas intenções, seus impulsos
criadores, seus gostos, etc. A categoria da expressão é aquela
categoria geral, de nível superior, que engloba o ato de fala, a
enunciação (p. 112-113)
Mas o que é afinal a expressão? Sua mais simples e mais grosseira
definição é: tudo aquilo que, tendo se formado e determinado de
alguma maneira no psiquismo do indivíduo, exterioriza-se
objetivamente para outrem com a ajuda de algum código de
signos exteriores (p.113).
.
Crítica ao subjetivismo individualista
A teoria da expressão supõe inevitavelmente um certo
dualismo entre o que é interior e o que é exterior, com
primazia explícita do conteúdo interior, já que todo ato
de objetivação (expressão) procede do interior para o
exterior. Suas fontes são interiores. Não é por acaso
que a teoria do subjetivismo individualista, como todas
as teorias da expressão, só se pôde desenvolver sobre
um terreno idealista e espiritualista. Tudo que é
essencial é interior, o que é exterior só se torna
essencial a título de receptáculo do conteúdo interior,
de meio de expressão do espírito (p. 113)
A problemática da primazia do interno sobre o
externo
No complexo de Édipo reúnem-se os começos da
religião, moralidade, sociedade e arte (FREUD, 1912-
1913, p. 129).
Diríamos que a superestrutura psíquica, que se
desenvolveu de modo tão diverso nos indivíduos, é
desmontada, debilitada, e o fundamento
inconsciente comum a todos é posto a nu (torna-se
operante) (FREUD, 1920. p.20)
“A força de Freud está em haver proposto essas
questões com toda acuidade e ter reunido material
para a sua análise. Sua fraqueza está em não ter
entendido a essência sociológica de todos esses
fenômenos e haver tentado metê-los à força nos
limites estreitos de um organismo individual e de
seu psiquismo. Ele explica processos essencialmente
sociais do ponto de vista da psicologia
individual.”(BAKHTIM, 2007. p.6)
Crítica ao freudismo
ESQUEMA FREUDIANO DO
PSIQUISMO
Em todo caso, todas as forças criadoras e organizadoras da expressão estão
no interior. O exterior constitui apenas o material passivo do que está no
interior. Basicamente, a expressão se constrói no interior; sua exteriorização
não é senão a sua tradução. Disso resulta que a compreensão, o comentário
e a explicação do fato ideológico devem dirigir-se para o interior, isto é, fazer
o caminho inverso do da expressão: procedendo da objetivação exterior, a
explicação deve infiltrar-se até as suas raízes formadoras internas. Essa é a
concepção da expressão no subjetivismo individualista (p.114).
O problema da representação
freudiana (Vorstellung)
A teoria da expressão que serve de fundamento à primeira orientação do pensamento
filosófico-lingüístico é radicalmente falsa. O conteúdo a exprimir e sua objetivação
externa são criados, como vimos, a partir de um único e mesmo material, pois não
existe atividade mental sem expressão semiótica. Conseqüentemente, é preciso
eliminar de saída o princípio de uma distinção qualitativa entre o conteúdo interior e a
expressão exterior. Além disso, o centro organizador e formador não se situa no interior,
mas no exterior. Não é a atividade mental que organiza a expressão, mas, ao contrário, é
a expressão que organiza a atividade mental, que a modela e determina sua orientação
(114).
Qualquer que seja o aspecto da expressão-enunciação considerado, ele sera
determinado pelas condições reais da enunciação em questão, isto é, antes de tudo
pela situação social mais imediata (p.114)
A inversão da primazia e uma visão materialista
da linguagem…. mas a manutenção dualista se
mantém
Na verdade, qualquer que seja a enunciação considerada, mesmo que não se trate de
uma informação factual (a comunicação, no sentido estrito), mas da expressão verbal de
uma necessidade qualquer, por exemplo a fome, é certo que ela, na sua totalidade, é
socialmente dirigida. (p.116)
Na verdade, a simples tomada de consciência, mesmo confusa, de uma sensação
qualquer, digamos a fome, pode dispensar uma expressão exterior mas não dispensa
uma expressão ideológica. (...) De que maneira será marcada a sensação interior da
fome? Isso depende ao mesmo tempo da situação imediata em que se situa a
percepção, e da situação social da pessoa faminta, em geral. (p.116)
Pode-se dizer que não é tanto a expressão que se adapta ao nosso mundo interior, mas
o nosso mundo interior que se adapta às possibilidades de nossa expressão, aos seus
caminhos e orientações possíveis (p.121)
Por uma linguagem materialista
O subjetivismo individualista tem toda a razão quando diz que não se pode isolar uma
forma lingüística do seu conteúdo ideológico. Toda palavra é ideológica e toda utilização
da língua está ligada à evolução ideológica. Está errado quando diz que esse conteúdo
ideológico pode igualmente ser deduzido das condições do psiquismo individual (p.124).
Por fim…
Tema e significação na
língua
Tema e significação na
língua
• COMPREENSÃO: forma de diálogo, ativo e responsivo
• A significação se realiza no processo de compreensão
• Efeito da interação do locutor e do receptor produzido através do
material de um determinado complexo sonoro
• Só a comunicação verbal fornece à palavra a luz da sua significação
• Tema e Significação (objetivos) acompanhados pelo acento apreciativo
• Apreciação social transmite-se pela entonação expressiva
• Entonações exprimem apreciações – auxiliares marginais das
significações linguísticas
• Na enunciação, cada elemento contém um sentido e uma apreciação
• A mudança de significação é sempre uma reavaliação
• Evolução semântica: evolução do horizonte apreciativo

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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM LETRAS Fundamentos teóricos da linguística Enunciação em Bakthin
  • 3. Bakthin, o homem e seu duplo • Nasceu em 1895, em Oriol, na Rússia; • Estudou História e Filologia em Vitebski, integra aquele que ficou conhecido como o “Círculo de Bakthin”, ao lado de Volochinov e Medviediev, seus principais discípulos; • Os discípulos lhe auxiliam na publicação de seus primeiros livros, como Marxismo e Filosofia da Linguagem em 1929; • Dedicou o resto da sua vida de pesquisador à análise estilística e literária; • Morreu em Moscou, em 1975.
  • 4. Marxismo e filosofia da linguagem • Bakthin expõe a necessidade de uma abordagem marxista da filosofia da linguagem • Relações entre linguagem e sociedade – o signo e a enunciação tem natureza social • Em que medida a ideologia determina a linguagem? • Saussure X Baktin – A fala é indissociável do estudo da língua • A língua reflete os conflitos de classe e da estrutura social – todo signo é ideológico • “Objetivismo abstrato”
  • 5. Marxismo e filosofia da linguagem • Rejeição aos procedimentos da análise linguística (fonéticos, morfológicos e sintáticos) em favor da enunciação completa • A enunciação é uma replica do diálogo social, de natureza social, ideológica • “O signo e a situação social estão indissoluvelmente ligados” • Transformações sociais se refletem na ideologia e na língua que as veicula • Língua: expressão das relações e lutas sociais, veiculando e sofrendo efeito dessa luta
  • 6. DAS ORIENTAÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO-LINGÜÍSTICO • No que consiste o objeto da filosofia da linguagem? • Onde podemos encontrar tal objeto? • Qual é a sua natureza concreta? • Que metodologia adotar para estudá-lo? • Nós falamos da filosofia da linguagem, da palavra. Mas o que é a linguagem? O que é a palavra?
  • 7. DAS ORIENTAÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO-LINGÜÍSTICO • O problema da explicitação do objeto real da filosofia da linguagem; • Comunidade linguística; • A unicidade do meio social e a do contexto social imediato; • Objeto de pesquisa ampliado;
  • 8. Primeira orientação de “subjetivismo idealista” e a segunda de “objetivismo abstrato”; A primeira tendência interessa-se pelo ato da fala, de criação individual, como fundamento da língua (no sentido de toda atividade de linguagem sem exceção).
  • 9. • As posições fundamentais da primeira tendência, quanto à língua, podem ser sintetizadas nas quatro seguintes proposições: 1. A língua é uma atividade, um processo criativo ininterrupto de construção (“energia”), que se materializa sob a forma de atos individuais de fala. 2. 2. As leis da criação lingüística são essencialmente as leis da psicologia individual. 3. 3. A criação lingüística é uma criação significativa, análoga à criação artística. 4. 4. A língua, enquanto produto acabado (“ergon”), enquanto sistema estável (léxico, gramática, fonética), apresenta-se como um depósito inerte, tal como a lava fria da criação lingüística, abstratamente construída pelos lingüistas com vistas à sua aquisição prática como instrumento pronto para ser usado.
  • 10. • O subjetivismo idealista tem como prioridade o ato da fala e vê a essência da língua na criação individual. • Orientação própria da estilística clássica, fortemente influenciada pelo pensamento de Wilhelm Humboldt; • O subjetivismo idealista entende a língua como um fenômeno que tem sua origem no interior do individuo; • o subjetivismo idealista deixa totalmente de lado o processo de interação verbal;
  • 11. segunda tendência objetivismo abstrato: o centro organizador de todos os fatos da língua, o que faz dela o objeto de uma ciência bem definida, situa-se, ao contrário, no sistema lingüístico, a saber o sistema das formas fonéticas, gramaticais e lexicais da língua.
  • 12. o essencial das considerações da segunda orientação nas seguintes proposições: 1. A língua é um sistema estável, imutável, de formas lingüísticas submetidas a uma norma fornecida tal qual à consciência individual e peremptória para esta. 2. As leis da língua são essencialmente leis lingüísticas específicas, que estabelecem ligações entre os signos lingüísticos no interior de um sistema fechado. Estas leis são objetivas relativamente a toda consciência subjetiva.
  • 13. 3. As ligações lingüísticas específicas nada têm a ver com valores ideológicos (artísticos, cognitivos ou outros). Não se encontra, na base dos fatos lingüísticos, nenhum motor ideológico. Entre a palavra 83 e seu sentido não existe vínculo natural e compreensível para a consciência, nem vínculo artístico. 4. Os atos individuais de fala constituem, do ponto de vista da língua; simples refrações ou variações fortuitas ou mesmo deformações das formas normativas. Mas são justamente estes atos individuais de fala que explicam a mudança histórica das formas da língua; enquanto tal, a mudança é, do ponto de vista do sistema, irracional e mesmo desprovida de sentido. Entre o sistema da língua e sua história não existe nem vínculo nem afinidade de motivos. Eles são estranhos entre si.
  • 14. • Objetivismo abstrato domínio da estrutura linguística sobre o sujeito; • Dicotomias de Saussure;
  • 15. Língua, Fala e Enunciação
  • 16. ‘’não encontraremos nenhum indício de um sistema de normas imutáveis. Pelo contrário, depararemos com a evolução ininterrupta das normas da língua [...] a língua apresenta-se como uma corrente evolutiva ininterrupta’’( Bakhtin, 2014, p.93) Língua
  • 17. ‘’Assim, de um ponto de vista objetivo, o sistema sincrônico não corresponde a nenhum momento efetivo do processo de evolução da língua. E, na verdade, para o historiador da língua que adota um ponto de vista diacrônico, o sistema sincrônico não constitui uma realidade; ele apenas serve de escala convencional para registrar os desvios que se produzem a cada momento no tempo.’’( Bakhtin, 2014, p.94) Sistema Diacrônico/ Sincrônico
  • 18. “No entanto, nenhum dos objetivistas abstratos chegou a compreender de maneira clara e precisa o funcionamento intrínseco da língua como sistema objetivo. Na maioria dos casos, eles oscilam entre as duas acepções que a palavra “objetivo” possui quando aplicada ao sistema lingüístico: a acepção, por assim dizer, entre aspas (expressando o ponto de vista da consciência subjetiva do locutor) e a acepção sem aspas (objetivo no sentido próprio)”. ( Bakhtin, 2014, p.95) Críticas ao Objetivismo Abstrato
  • 19. ‘’Na realidade, o locutor serve-se da língua para suas necessidades enunciativas concretas (para o locutor, a construção da língua está orientada no sentido da enunciação da fala). Trata-se, para ele, de utilizar as formas normativas (admitamos, por enquanto, a legitimidade destas) num dado contexto concreto. ’’( Bakhtin, 2014, p.95) Língua para fins enunciativos
  • 23. A. ‘’Em outros termos, o receptor, pertencente à mesma comunidade lingüística, também considera a forma lingüística utilizada como um signo variável e flexível e não como um sinal imutável e sempre idêntico a si mesmo. ’’( Bakhtin, 2014, p.96) B. ‘’O sinal é uma entidade de conteúdo imutável; ele não pode substituir, nem refletir, nem refratar nada; constitui apenas um instrumento técnico para designar este ou aquele objeto (preciso e imutável) ou este ou aquele acontecimento (igualmente preciso e imutável) ’’( Bakhtin, 2014, p.96) Signo / Sinal
  • 25. ‘‘’No processo de assimilação de uma língua estrangeira, sente-se a “sinalidade” e o reconhecimento, que não foram ainda dominados: a língua ainda não se tornou língua. A assimilação ideal de uma língua dá-se quando o sinal é completamente absorvido pelo signo e o reconhecimento pela compreensão. ’’( Bakhtin, 2014, p.97) Signo Sinal
  • 26. ‘’Na realidade, não são palavras o que pronunciamos ou escutamos, mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais, agradáveis ou desagradáveis, etc. A palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial. ’’( Bakhtin, 2014, p.99) A Linguagem é social
  • 27. ‘’Assim é a língua morta-escrita- estrangeira que serve de base à concepção da língua que emana da reflexão lingüística. A enunciação isolada-fechada-monológica, desvinculada de seu contexto lingüístico e real, à qual se opõe, não uma resposta potencial ativa, mas a compreensão passiva do filólogo: este é o “dado” último e o ponto de partida da reflexão linguística. ’’( Bakhtin, 2014, p.100) Críticas ao método filologista
  • 28. • A língua é um sistema de formas normativas; • A língua é abstrata e prevalece sobre o concreto; • O método desta corrente é a filologia, corrente esta que usa de documentos para tecer reflexões linguísticas; • A linguagem é isolada e retirada de seu contexto; • A polissemia e a plurivalência são substituídas pela univocidade; • O aspecto diacrônico é rejeitado. Base do Objetivismo Abstrato
  • 29. ‘’o ato de fala, ou, mais exatamente, seu produto, a enunciação, não pode de forma alguma ser considerado como individual no sentido estrito do termo; não pode ser explicado a partir das condições psicofisiológicas do sujeito falante. A enunciação é de natureza social.’’( Bakhtin, 2014, p.93) A Língua é social
  • 31. • Crítica ao subjetivismo individualista e teoria da expressão: idealismo linguístico como erro teórico; • Ainda crítica, agora a primazia do interno (espírito) ao externo; • Posse da palavra e responsabilidade (a se criticar {ponto meu}) do ouvinte pelo o que ouve; • Epistemologia Materialista marxista como crítica ao idealismo linguístico (Crítica a filosofia do direito de hegel {ponto meu}) ; • A ideologia cria o processo de enunciação (O freudismo como teoria individualista biológica {ponto meu}) • Exemplo da fome; • atividade mental do eu e do nós (atividade para si, burguesa e ideológica {muito influenciado pelo marxismo ponto meu}) • Construção mental bem organizada na coletividade
  • 32. Como se apresenta a enunciação monológica do ponto de vista do subjetivismo individualista? (...) ela se apresenta como um ato puramente individual, como uma expressão da consciência individual, de seus desejos, suas intenções, seus impulsos criadores, seus gostos, etc. A categoria da expressão é aquela categoria geral, de nível superior, que engloba o ato de fala, a enunciação (p. 112-113) Mas o que é afinal a expressão? Sua mais simples e mais grosseira definição é: tudo aquilo que, tendo se formado e determinado de alguma maneira no psiquismo do indivíduo, exterioriza-se objetivamente para outrem com a ajuda de algum código de signos exteriores (p.113). . Crítica ao subjetivismo individualista
  • 33. A teoria da expressão supõe inevitavelmente um certo dualismo entre o que é interior e o que é exterior, com primazia explícita do conteúdo interior, já que todo ato de objetivação (expressão) procede do interior para o exterior. Suas fontes são interiores. Não é por acaso que a teoria do subjetivismo individualista, como todas as teorias da expressão, só se pôde desenvolver sobre um terreno idealista e espiritualista. Tudo que é essencial é interior, o que é exterior só se torna essencial a título de receptáculo do conteúdo interior, de meio de expressão do espírito (p. 113) A problemática da primazia do interno sobre o externo
  • 34. No complexo de Édipo reúnem-se os começos da religião, moralidade, sociedade e arte (FREUD, 1912- 1913, p. 129). Diríamos que a superestrutura psíquica, que se desenvolveu de modo tão diverso nos indivíduos, é desmontada, debilitada, e o fundamento inconsciente comum a todos é posto a nu (torna-se operante) (FREUD, 1920. p.20) “A força de Freud está em haver proposto essas questões com toda acuidade e ter reunido material para a sua análise. Sua fraqueza está em não ter entendido a essência sociológica de todos esses fenômenos e haver tentado metê-los à força nos limites estreitos de um organismo individual e de seu psiquismo. Ele explica processos essencialmente sociais do ponto de vista da psicologia individual.”(BAKHTIM, 2007. p.6) Crítica ao freudismo ESQUEMA FREUDIANO DO PSIQUISMO
  • 35. Em todo caso, todas as forças criadoras e organizadoras da expressão estão no interior. O exterior constitui apenas o material passivo do que está no interior. Basicamente, a expressão se constrói no interior; sua exteriorização não é senão a sua tradução. Disso resulta que a compreensão, o comentário e a explicação do fato ideológico devem dirigir-se para o interior, isto é, fazer o caminho inverso do da expressão: procedendo da objetivação exterior, a explicação deve infiltrar-se até as suas raízes formadoras internas. Essa é a concepção da expressão no subjetivismo individualista (p.114). O problema da representação freudiana (Vorstellung)
  • 36. A teoria da expressão que serve de fundamento à primeira orientação do pensamento filosófico-lingüístico é radicalmente falsa. O conteúdo a exprimir e sua objetivação externa são criados, como vimos, a partir de um único e mesmo material, pois não existe atividade mental sem expressão semiótica. Conseqüentemente, é preciso eliminar de saída o princípio de uma distinção qualitativa entre o conteúdo interior e a expressão exterior. Além disso, o centro organizador e formador não se situa no interior, mas no exterior. Não é a atividade mental que organiza a expressão, mas, ao contrário, é a expressão que organiza a atividade mental, que a modela e determina sua orientação (114). Qualquer que seja o aspecto da expressão-enunciação considerado, ele sera determinado pelas condições reais da enunciação em questão, isto é, antes de tudo pela situação social mais imediata (p.114) A inversão da primazia e uma visão materialista da linguagem…. mas a manutenção dualista se mantém
  • 37. Na verdade, qualquer que seja a enunciação considerada, mesmo que não se trate de uma informação factual (a comunicação, no sentido estrito), mas da expressão verbal de uma necessidade qualquer, por exemplo a fome, é certo que ela, na sua totalidade, é socialmente dirigida. (p.116) Na verdade, a simples tomada de consciência, mesmo confusa, de uma sensação qualquer, digamos a fome, pode dispensar uma expressão exterior mas não dispensa uma expressão ideológica. (...) De que maneira será marcada a sensação interior da fome? Isso depende ao mesmo tempo da situação imediata em que se situa a percepção, e da situação social da pessoa faminta, em geral. (p.116) Pode-se dizer que não é tanto a expressão que se adapta ao nosso mundo interior, mas o nosso mundo interior que se adapta às possibilidades de nossa expressão, aos seus caminhos e orientações possíveis (p.121) Por uma linguagem materialista
  • 38. O subjetivismo individualista tem toda a razão quando diz que não se pode isolar uma forma lingüística do seu conteúdo ideológico. Toda palavra é ideológica e toda utilização da língua está ligada à evolução ideológica. Está errado quando diz que esse conteúdo ideológico pode igualmente ser deduzido das condições do psiquismo individual (p.124). Por fim…
  • 39. Tema e significação na língua
  • 40. Tema e significação na língua
  • 41. • COMPREENSÃO: forma de diálogo, ativo e responsivo • A significação se realiza no processo de compreensão • Efeito da interação do locutor e do receptor produzido através do material de um determinado complexo sonoro • Só a comunicação verbal fornece à palavra a luz da sua significação • Tema e Significação (objetivos) acompanhados pelo acento apreciativo • Apreciação social transmite-se pela entonação expressiva • Entonações exprimem apreciações – auxiliares marginais das significações linguísticas • Na enunciação, cada elemento contém um sentido e uma apreciação • A mudança de significação é sempre uma reavaliação • Evolução semântica: evolução do horizonte apreciativo