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Margarida Rodrigues ; nº18 ; 12ºB
‘’Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lagrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar            O HERÓI
Para que fosses nosso, ó mar!              COLECTIVO
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.’’
Fernado Pessoa , Mensagem
EPOPEIA DE PORTUGAL

COM O PROJECTO HUMANISTA VEIO A CELEBRAÇÃO DOS
FEITOS  HUMANOS,   NOMEADAMENTE,   A ADOPÇÃO   E
IMITAÇÃO INTEGRAL DOS MAIS NOBRES GENÉROS GRECO-
ROMANOS O GENERO ÉPICO.
A epopeia de Camões toma
                                                  lugar no Renascimento


                                                  Promoção do saber ;
                                                  Evolução Cientifica;
                                                  Antropocentrismo;
                                                  Fomentação de espirito
                                                  crítico e a ânsia do saber ;


                                                Portugal lança-se na aventura
                                                          marítima
Paralelamente     a    expansão                         Camões perante este
marítima que se inicia nos fins    Intensificam-se :
                                                          cenário procurou
do séc. XIV e se prolonga até ao   •Vicissitudes;          paralelamente á
séc. XVI é acompanhada pela        •Corrupção moral      narração dos feitos
intensificação      da     vida    •Infidelidades das   heroicos ser a voz da
cultural , tornando Lisboa a       mulheres              razão que Portugal
capital do comércio das            •Roubos              necessitava , ao longo
especiarias e de toda a            (…)                      de dez cantos
atividade das descobertas.
Os Lusíadas
‘’Se mais mundos houvera, lá chegara !’’-
                                             canto VII

                               Na verdade , Camões consegue emparceirar os
                               deuses mitológicos com o povo luso na
                               perfeição , na sua obra. Apoiando-se no irreal
                               mítico , que foram as referências aos deuses
                               do Olimpo, é capaz de engrandecer os
                               Homens. Quer seja pelos que valorizam
                               a gente lusa, ou pelos que actuam
                               contra esta , acabando por sair
NOTA BEM :                     vencidos deste confronto ( Baco) e assim
Apesar do relevo que os        agir como elementos glorificadores.
deuses e ninfas tomam nesta
epopeia, camões ,como bom
cristão, nunca cai no
paganismo, e destrói a sua
história mitológica no canto
IX(89-92)     :   ‘’Que   as
imortalidades que fingi/ A
antiguidade’’
Voz crítica e construtiva da sua
consciência e da sua emoção que, como os
bons clássicos de Roma e Grécia interrompe       Lamento e queixume de quem
o tom épico :                                    sente amargamente a ingratidão
                                                 ou os desconcertos do mundo:
* critica o desprezo e a ignorância que o povo
dá as Letras e Artes (V, 92-100)                 * Mágoa causada pela ingratidão
*critica o materialismo (VIII, 96-99)            da sociedade( VII, 78-93)
                                                 *Decadência da pátria e queixume
                                                 da falta de lisonjas e respeito que
                                                 recebeu (X, 145 e 146)
Canto VI
 Este canto é narrado pelo poeta. Inicia-
  -se com as festas de despedida de
  Melinde e partida para Calicut. Há
  uma nova afronta de Baco, que desce
  até ao palácio de Neptuno e convoca um
  Consílio dos Deuses, apesar da
  discussão que provoca, a decisão é
  apoiar Baco. Fernão Veloso narra o
  episódio dos Doze de Inglaterra aos
  marinheiros , que são, inesperadamente,
  interpelados     por     uma     grande
  tempestade causada pelo efusivo
  Baco. Perante esta situação Gama
  pede ajuda à Divina Guarda, prece
  ouvida por Vénus que socorre os
  portugueses . Chegados a Calicut,
  Gama agradece a Deus o sucesso
  da viagem. O canto encerra com as
  reflexões do poeta.
O Quinto Império de a ‘’Mensagem’’ (excerto):

‘’Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,                         ‘’Triste de quem é feliz’’, desta
Sem que um sonho, no erguer de asa              forma desprazerosa , livre de
                                                paixão, e luta pela vida
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz                           Faceta anti-heroica de
Ter por vida a sepultura.                              ‘’Os Lusíadas’’


Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
(…)’’
95
Por meio destes hórridos perigos,
Destes trabalhos graves e temores,      *Do Sul, e regiões de abrigo nuas,
Alcançam os que são de fama amigos      Engolindo o corrupto mantimento
As honras imortais e graus maiores;     Temperado com um árduo sofrimento;
Não encostados sempre nos antigos       98
Troncos nobres de seus antecessores;    E com forçar o rosto, que se enfia,
Não nos leitos dourados, entre os finos A parecer seguro, ledo, inteiro,
Animais de Moscóvia zibelinos;          Pera o pelouro ardente que assovia
96                                      E leva a perna ou braço ao companheir
Não cos manjares novos e esquisitos,    Destarte o peito um calo honroso cria,
Não cos passeios moles e ouciosos,      Desprezador das honras e dinheiro,
Não cos vários deleites e infinitos,    Das honras e dinheiro que a ventura
Que afeminam os peitos generosos;       Forjou, e não virtude justa e dura.
Não cos nunca vencidos apetitos,        99
Que a Fortuna tem sempre tão mimosos, Destarte se esclarece o entendimento,
Que não sofre a nenhum que o passo mude Que experiências fazem repousado,
Pera algũa obra heróica de virtude;     E fica vendo, como de alto assento,
97                                      O baxo trato humano embaraçado.
Mas com buscar, co seu forçoso braço,   Este, onde tiver força o regimento
As honras que ele chame próprias suas;  Direito e não de afeitos ocupado,
Vigiando e vestindo o forjado aço,      Subirá (como deve) a ilustre mando,
Sofrendo tempestades e ondas cruas,     Contra vontade sua, e não rogando.
Vencendo os torpes frios no regaço
*
1. Camões nesta reflexão começa por explicitar o
                 tipo de comportamento que os heróis devem
                 evitar :



Desprezar a luz de antigas glórias
de antecessores(‘’Não encostados
sempre nos antigos troncos
nobres / dos seus antecessores’’).
Paralelamente,      os     requintes
gustativos (‘’Não c’os manjares
novos      e     exquisitos’’),    o
comodismo(‘’Não c’os passeios
moles e ouciosos’’) e a satisfação
de infindáveis prazeres (‘’Não c’os
vários deleites e infinitos’’)
Assim, os desejos sem oposição,
alimentados pela sorte, impedem
‘’que o passo mude / Pera algũa
obra heróica de virtude’’.
II. Seguidamente explicita as honras heroicas :


A honra não pode ser senão o fruto de um esforço próprio, produto de uma luta
incessante face às dificuldades, conjugado com uma atitude genuína


                  ‘’Mas com buscar, c’o seu forçoso braço, / As honras que ele
                  chame próprias suas’’.
                  Todavia, essa via implica sacrifícios colossais:’’Sofrendo
                  tempestades e honras cruas’’; ‘’Engolindo o corrupto
                  mantimento’’.
                   São      comportamentos       dignos     da  honra,     quando
                  acompanhados duma valentia estóica, que permita manter
                  frieza e ânimo face aos maiores perigos ‘’E com forçar o rosto, que
                  se enfia, / A parecer seguro, ledo, inteiro’’.
                  Tal atitude conduz à construção da verdadeira honra,
                  nascida da virtude ‘’Desta arte o peito um calo honroso cria’’.
                  Esta glória conquistada coloca-o em «alto assento» e o distingue
                  do «baixo trato humano embaraçado», aceitando o poder por
                  patriotismo, mesmo «contra vontade sua».
Em suma          Camões dissocia a honra    É de salientar            um dos heróis
da ociosidade. Sendo o herói aquele que     quer de ‘’Os Lusíadas’’, quer da
luta e ultrapassa as suas limitações, por   Mensagem de Pessoa : Nuno Alvares
sua conta e não apoiado em honras de        Pereira, foi um estratega militar que
outrem.                                     levou os Portugueses a vitória na
                                            batalha de Aljubarrota ( contra Castela).


                                            ‘’Que auréola te cerca?
                                            É a espada que, volteando,
                                            faz que o ar alto perca
                                            seu azul negro e brando.

                                            Mas que espada é que, erguida,
                                            faz esse halo no céu?
                                            É Excalibur, a ungida,
                                            que o Rei Artur te deu.

                                            'Sperança consumada,
                                            S. Portugal em ser,
                                            ergue a luz da tua espada
                                            para a estrada se ver! ‘’
Bibliografia
 http://andrey7amabov.wordpress.com/20
    11/03/09/os-lusiadas-o-valor-das-honras-
    e-das-glorias-conquistadas-por-merito-
    proprio-excurso-do-poeta-situado-no-
    canto-vi/
   http://pt.scribd.com/doc/57699520/Refle
    xoes-do-poeta-Os-Lusiadas
   http://atena2010.wordpress.com/2012/04
    /15/d-sebastiao-nos-lusiadas/
   http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarrei
    ro/archive/2007/06/20/lusiadas.aspx
    http://www.slideshare.net/sebentadigital
    /os-lusadas-reflexes-do-poeta
   http://www.tabacaria.com.pt/lusiadas/Lu
    siadas.htm

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Os Lusíadas

  • 1. Margarida Rodrigues ; nº18 ; 12ºB
  • 2. ‘’Ó mar salgado, quanto do teu sal São lagrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão resaram! Quantas noivas ficaram por casar O HERÓI Para que fosses nosso, ó mar! COLECTIVO Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abysmo deu, Mas nelle é que espelhou o céu.’’ Fernado Pessoa , Mensagem
  • 3. EPOPEIA DE PORTUGAL COM O PROJECTO HUMANISTA VEIO A CELEBRAÇÃO DOS FEITOS HUMANOS, NOMEADAMENTE, A ADOPÇÃO E IMITAÇÃO INTEGRAL DOS MAIS NOBRES GENÉROS GRECO- ROMANOS O GENERO ÉPICO.
  • 4. A epopeia de Camões toma lugar no Renascimento Promoção do saber ; Evolução Cientifica; Antropocentrismo; Fomentação de espirito crítico e a ânsia do saber ; Portugal lança-se na aventura marítima Paralelamente a expansão Camões perante este marítima que se inicia nos fins Intensificam-se : cenário procurou do séc. XIV e se prolonga até ao •Vicissitudes; paralelamente á séc. XVI é acompanhada pela •Corrupção moral narração dos feitos intensificação da vida •Infidelidades das heroicos ser a voz da cultural , tornando Lisboa a mulheres razão que Portugal capital do comércio das •Roubos necessitava , ao longo especiarias e de toda a (…) de dez cantos atividade das descobertas.
  • 6. ‘’Se mais mundos houvera, lá chegara !’’- canto VII Na verdade , Camões consegue emparceirar os deuses mitológicos com o povo luso na perfeição , na sua obra. Apoiando-se no irreal mítico , que foram as referências aos deuses do Olimpo, é capaz de engrandecer os Homens. Quer seja pelos que valorizam a gente lusa, ou pelos que actuam contra esta , acabando por sair NOTA BEM : vencidos deste confronto ( Baco) e assim Apesar do relevo que os agir como elementos glorificadores. deuses e ninfas tomam nesta epopeia, camões ,como bom cristão, nunca cai no paganismo, e destrói a sua história mitológica no canto IX(89-92) : ‘’Que as imortalidades que fingi/ A antiguidade’’
  • 7. Voz crítica e construtiva da sua consciência e da sua emoção que, como os bons clássicos de Roma e Grécia interrompe Lamento e queixume de quem o tom épico : sente amargamente a ingratidão ou os desconcertos do mundo: * critica o desprezo e a ignorância que o povo dá as Letras e Artes (V, 92-100) * Mágoa causada pela ingratidão *critica o materialismo (VIII, 96-99) da sociedade( VII, 78-93) *Decadência da pátria e queixume da falta de lisonjas e respeito que recebeu (X, 145 e 146)
  • 8. Canto VI  Este canto é narrado pelo poeta. Inicia- -se com as festas de despedida de Melinde e partida para Calicut. Há uma nova afronta de Baco, que desce até ao palácio de Neptuno e convoca um Consílio dos Deuses, apesar da discussão que provoca, a decisão é apoiar Baco. Fernão Veloso narra o episódio dos Doze de Inglaterra aos marinheiros , que são, inesperadamente, interpelados por uma grande tempestade causada pelo efusivo Baco. Perante esta situação Gama pede ajuda à Divina Guarda, prece ouvida por Vénus que socorre os portugueses . Chegados a Calicut, Gama agradece a Deus o sucesso da viagem. O canto encerra com as reflexões do poeta.
  • 9. O Quinto Império de a ‘’Mensagem’’ (excerto): ‘’Triste de quem vive em casa, Contente com o seu lar, ‘’Triste de quem é feliz’’, desta Sem que um sonho, no erguer de asa forma desprazerosa , livre de paixão, e luta pela vida Faça até mais rubra a brasa Da lareira a abandonar! Triste de quem é feliz! Vive porque a vida dura. Nada na alma lhe diz Mais que a lição da raiz Faceta anti-heroica de Ter por vida a sepultura. ‘’Os Lusíadas’’ Eras sobre eras se somem No tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem. Que as forças cegas se domem Pela visão que a alma tem! (…)’’
  • 10. 95 Por meio destes hórridos perigos, Destes trabalhos graves e temores, *Do Sul, e regiões de abrigo nuas, Alcançam os que são de fama amigos Engolindo o corrupto mantimento As honras imortais e graus maiores; Temperado com um árduo sofrimento; Não encostados sempre nos antigos 98 Troncos nobres de seus antecessores; E com forçar o rosto, que se enfia, Não nos leitos dourados, entre os finos A parecer seguro, ledo, inteiro, Animais de Moscóvia zibelinos; Pera o pelouro ardente que assovia 96 E leva a perna ou braço ao companheir Não cos manjares novos e esquisitos, Destarte o peito um calo honroso cria, Não cos passeios moles e ouciosos, Desprezador das honras e dinheiro, Não cos vários deleites e infinitos, Das honras e dinheiro que a ventura Que afeminam os peitos generosos; Forjou, e não virtude justa e dura. Não cos nunca vencidos apetitos, 99 Que a Fortuna tem sempre tão mimosos, Destarte se esclarece o entendimento, Que não sofre a nenhum que o passo mude Que experiências fazem repousado, Pera algũa obra heróica de virtude; E fica vendo, como de alto assento, 97 O baxo trato humano embaraçado. Mas com buscar, co seu forçoso braço, Este, onde tiver força o regimento As honras que ele chame próprias suas; Direito e não de afeitos ocupado, Vigiando e vestindo o forjado aço, Subirá (como deve) a ilustre mando, Sofrendo tempestades e ondas cruas, Contra vontade sua, e não rogando. Vencendo os torpes frios no regaço *
  • 11. 1. Camões nesta reflexão começa por explicitar o tipo de comportamento que os heróis devem evitar : Desprezar a luz de antigas glórias de antecessores(‘’Não encostados sempre nos antigos troncos nobres / dos seus antecessores’’). Paralelamente, os requintes gustativos (‘’Não c’os manjares novos e exquisitos’’), o comodismo(‘’Não c’os passeios moles e ouciosos’’) e a satisfação de infindáveis prazeres (‘’Não c’os vários deleites e infinitos’’) Assim, os desejos sem oposição, alimentados pela sorte, impedem ‘’que o passo mude / Pera algũa obra heróica de virtude’’.
  • 12. II. Seguidamente explicita as honras heroicas : A honra não pode ser senão o fruto de um esforço próprio, produto de uma luta incessante face às dificuldades, conjugado com uma atitude genuína ‘’Mas com buscar, c’o seu forçoso braço, / As honras que ele chame próprias suas’’. Todavia, essa via implica sacrifícios colossais:’’Sofrendo tempestades e honras cruas’’; ‘’Engolindo o corrupto mantimento’’.  São comportamentos dignos da honra, quando acompanhados duma valentia estóica, que permita manter frieza e ânimo face aos maiores perigos ‘’E com forçar o rosto, que se enfia, / A parecer seguro, ledo, inteiro’’. Tal atitude conduz à construção da verdadeira honra, nascida da virtude ‘’Desta arte o peito um calo honroso cria’’. Esta glória conquistada coloca-o em «alto assento» e o distingue do «baixo trato humano embaraçado», aceitando o poder por patriotismo, mesmo «contra vontade sua».
  • 13. Em suma Camões dissocia a honra É de salientar um dos heróis da ociosidade. Sendo o herói aquele que quer de ‘’Os Lusíadas’’, quer da luta e ultrapassa as suas limitações, por Mensagem de Pessoa : Nuno Alvares sua conta e não apoiado em honras de Pereira, foi um estratega militar que outrem. levou os Portugueses a vitória na batalha de Aljubarrota ( contra Castela). ‘’Que auréola te cerca? É a espada que, volteando, faz que o ar alto perca seu azul negro e brando. Mas que espada é que, erguida, faz esse halo no céu? É Excalibur, a ungida, que o Rei Artur te deu. 'Sperança consumada, S. Portugal em ser, ergue a luz da tua espada para a estrada se ver! ‘’
  • 14. Bibliografia  http://andrey7amabov.wordpress.com/20 11/03/09/os-lusiadas-o-valor-das-honras- e-das-glorias-conquistadas-por-merito- proprio-excurso-do-poeta-situado-no- canto-vi/  http://pt.scribd.com/doc/57699520/Refle xoes-do-poeta-Os-Lusiadas  http://atena2010.wordpress.com/2012/04 /15/d-sebastiao-nos-lusiadas/  http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarrei ro/archive/2007/06/20/lusiadas.aspx  http://www.slideshare.net/sebentadigital /os-lusadas-reflexes-do-poeta  http://www.tabacaria.com.pt/lusiadas/Lu siadas.htm