O documento descreve a vida e obra do compositor brasileiro Noel Rosa, destacando sua importância para a música popular brasileira e a atualidade de suas letras, que refletem questões sociais que ainda persistem nos dias de hoje.
2. enem-2011
Quem
é
pobre,
pouco
se
apega,
é
um
giro-‐o-‐giro
no
vago
dos
gerais,
que
nem
os
pássaros
de
rios
e
lagoas.
O
senhor
vê:
o
Zé-‐Zim,
o
melhor
meeiro
meu
aqui,
risonho
e
habilidoso.
Pergunto:
–
Zé-‐Zim,
por
que
é
que
você
não
cria
galinhas-‐d'angola,
como
todo
o
mundo
faz?
–
Quero
criar
nada
não…
–
me
deu
resposta:
–
Eu
gosto
muito
de
mudar…
[…]
Belo
um
dia,
ele
tora.
Ninguém
discrepa.
Eu,
tantas,
mesmo
digo.
Eu
dou
proteção.
[…]
Essa
não
faltou
também
à
minha
mãe,
quando
eu
era
menino,
no
sertãozinho
de
minha
terra.
[…]
Gente
melhor
do
lugar
eram
todos
dessa
família
Guedes,
Jidião
Guedes;
quando
saíram
de
lá,
nos
trouxeram
junto,
minha
mãe
e
eu.
Ficamos
exisUndo
em
território
baixio
da
Sirga,
da
outra
banda,
ali
onde
o
de-‐Janeiro
vai
no
São
Francisco,
o
senhor
sabe.
ROSA,
J.
G.
Grande
sertão:
veredas.
Rio
de
Janeiro:
José
Olympio,
s.d.
3. enem-2011
Na
passagem
citada,
Riobaldo
expõe
uma
situação
decorrente
de
uma
desigualdade
social
pica
das
áreas
rurais
brasileiras
marcadas
pela
concentração
de
terras
e
pela
relação
de
dependência
entre
agregados
e
fazendeiros.
No
texto,
destaca-‐se
essa
relação
porque
o
personagem-‐
narrador
relata
a
seu
interlocutor
a
história
de
Zé-‐Zim,
demonstrando
sua
pouca
disposição
em
ajudar
seus
agregados,
uma
vez
que
superou
essa
condição
graças
à
sua
força
de
trabalho.
descreve
o
processo
e
transformação
de
um
meeiro
-‐
espécie
de
agregado
-‐
em
proprietário
de
terra.
denuncia
a
falta
de
compromisso
e
a
desocupação
dos
moradores,
que
pouco
se
envolvem
no
trabalho
da
terra.
mostra
como
a
condição
material
da
vida
do
sertanejo
é
dificultada
pela
sua
dupla
condição
de
homem
livre
e,
ao
mesmo
tempo,
dependente.
mantém
o
distanciamento
narraUvo
condizente
com
sua
posição
social,
de
proprietário
de
terras.
4. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
A
alternaUva
mais
condizente
com
o
fragmento
transcrito
de
Grande
sertão:
veredas
é
a
alternaUva
“d”.
No
trecho,
entrevê-‐se
que
ao
agregado
é
facultado
trabalhar
na
terra,
mas,
se
ele
quiser
parUr,
nada
levará
de
seu
–
eis
a
condição
paradoxal:
é
livre
para
dispor
de
si
quando
quiser,
mas
seu
trabalho
não
resulta
em
ganho
que
o
permiUria
fixar-‐se
na
terra.
5. enem-2011
Você
tem
palacete
reluzente
Tem
joias
e
criados
à
vontade
Sem
ter
nenhuma
herança
ou
parente
Só
anda
de
automóvel
na
cidade…
E
o
povo
pergunta
com
maldade:
Onde
está
a
honesUdade?
Onde
está
a
honesUdade?
O
seu
dinheiro
nasce
de
repente
E
embora
não
se
saiba
se
é
verdade
Você
acha
nas
ruas
diariamente
Anéis,
dinheiro
e
felicidade…
Vassoura
dos
salões
da
sociedade
Que
varre
o
que
encontrar
em
sua
frente
Promove
fesUvais
de
caridade
Em
nome
de
qualquer
defunto
ausente…
ROSA,
Noel.
Disponível
em:
hcp://mpbnet.com.br.
Acesso
em
abr.2010.
6. enem-2011
Um
vulto
da
história
da
música
popular
brasileira,
reconhecido
nacionalmente,
é
Noel
Rosa.
Ele
nasceu
em
1910,
no
Rio
de
Janeiro;
portanto,
se
esUvesse
vivo,
estaria
completando
100
anos.
Mas
faleceu
aos
26
anos
de
idade,
víUma
de
tuberculose,
deixando
um
acervo
de
grande
valor
para
o
patrimônio
cultural
brasileiro.
Muitas
de
suas
letras
representam
a
sociedade
contemporânea,
como
se
Uvessem
sido
escritas
no
século
XXI.
Disponível
em:
hcp://mpbnet.com.br.
Acesso
em:
abr.2010.
7. enem-2011
Um
texto
pertencente
ao
patrimônio
literário-‐cultural
brasileiro
é
atualizável,
na
medida
em
que
ele
se
refere
a
valores
e
situações
de
um
povo.
A
atualidade
da
canção
"Onde
está
a
honesUdade?",
de
Noel
Rosa,
evidencia-‐se
por
meio:
da
ironia,
ao
se
referir
ao
enriquecimento
de
origem
duvidosa
de
alguns.
da
críUca
aos
ricos
que
possuem
joias,
mas
não
tem
herança.
da
maldade
do
povo
a
perguntar
sobre
a
honesUdade.
do
privilégio
de
alguns
em
clamar
pela
honesUdade.
da
insistência
em
promover
eventos
beneficentes.
8. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
O
locutor
de
“Onde
está
a
honesUdade”
cria
uma
personagem
à
qual
atribui
muitas
riquezas.
Na
primeira
estrofe,
quesUona-‐se
a
origem
de
tantos
bens.
Na
quarta
estrofe,
entretanto,
há
uma
metáfora
por
intermédio
da
qual
o
locutor
insinua
a
origem
criminosa
do
dinheiro
da
personagem.
Trata-‐se
da
expressão
vassoura
dos
salões,
que
remete
a
rapinagem,
roubo,
apropriação
indevida.
Marque-‐se,
pois,
a
alternaUva
“a”.
9. enem-2011
O
meu
nome
é
Severino,
não
tenho
outro
de
pia.
Como
há
muitos
Severinos,
que
é
santo
de
romaria,
deram
então
de
me
chamar
Severino
de
Maria;
como
há
muitos
Severinos
com
mães
chamadas
Maria,
fiquei
sendo
o
da
Maria
do
finado
Zacarias,
mas
isso
ainda
diz
pouco:
há
muitos
na
freguesia,
por
causa
de
um
coronel
que
se
chamou
Zacarias
e
que
foi
o
mais
anUgo
senhor
desta
sesmaria.
Como
então
dizer
quem
fala
ora
a
Vossas
Senhorias.
MELO
NETO,
J.
C.
Obra
completa.
Rio
de
Janeiro:
Aguilar,
1994.
Fragmento.
10. enem-2011
João
Cabral,
que
já
emprestara
sua
voz
ao
rio,
transfere-‐a,
aqui,
ao
reUrante
Severino,
que,
como
o
Capibaribe,
também
segue
no
caminho
do
Recife.
A
autoapresentação
do
personagem,
na
fala
inicial
do
texto,
nos
mostra
um
Severino
que,
quanto
mais
se
define,
menos
se
individualiza,
pois
seus
traços
biográficos
são
sempre
parUlhados
por
outros
homens.
SECCHIN,
A.
C.
João
Cabral:
a
poesia
do
menos.
Rio
de
Janeiro:
Topbooks,
1999.
11. enem-2011
Com
base
no
trecho
de
Morte
e
vida
severina
(Texto
I)
e
na
análise
críUca
(Texto
II),
observa-‐se
que
a
relação
entre
o
texto
poéUco
e
o
contexto
social
a
que
ele
faz
referência
aponta
para
um
problema
social
expresso
literariamente
pela
pergunta:
“Como
então
dizer
quem
fala/
ora
a
Vossas
Senhorias?”.
A
resposta
à
pergunta
expressa
no
poema
é
dada
por
meio
da:
descrição
minuciosa
dos
traços
biográficos
do
personagem-‐narrador.
construção
da
figura
do
reUrante
nordesUno
como
um
homem
resignado
com
a
sua
situação.
representação,
na
figura
do
personagem-‐narrador,
de
outros
Severinos
que
comparUlham
sua
condição.
apresentação
do
personagem-‐narrador
como
uma
projeção
do
próprio
poeta,
em
sua
crise
existencial.
descrição
de
Severino,
que,
apesar
de
humilde,
orgulha-‐se
de
ser
descendente
do
coronel
Zacarias.
12. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
Atentando
para
a
relação
existente
entre
o
texto
poéUco
e
o
contexto
social,
pode-‐se
dizer
que
o
protagonista
representa
[tanto
pelo
nome
de
caráter
genérico
quanto
pelas
ações
que
espelham
as
condições
sócio-‐existenciais
dos
outros
migrantes
sertanejos]
o
nordesUno
que
se
desloca
de
um
bioma
inóspito
para
outro
com
maiores
possibilidades
de
sobrevivência.
Assinale-‐se,
portanto,
a
alternaUva
“c”.
13. enem-2011
Lá
no
morro,
se
eu
fizer
uma
falseta
A
Risoleta
desiste
logo
do
francês
e
do
inglês
A
gíria
que
o
nosso
morro
criou
Bem
cedo
a
cidade
aceitou
e
usou
[...]
Essa
gente
hoje
em
dia
que
tem
mania
de
exibição
Não
entende
que
o
samba
não
tem
tradução
no
idioma
francês
Tudo
aquilo
que
o
malandro
pronuncia
Com
voz
macia
é
brasileiro,
já
passou
de
português
Amor
lá
no
morro
é
amor
pra
chuchu
As
rimas
do
samba
não
são
I
love
you
E
esse
negócio
de
alô,
alô
boy
e
alô
Johnny
Só
pode
ser
conversa
de
telefone.
ROSA,
N.
In.:
SOBRAL,
João
J.
V.
A
tradução
dos
bambas.
Revista
de
Língua
Portuguesa.
v.4,
n.54.
SP:
Segmento,
abr.2010.
14. enem-2011
As
canções
de
Noel
Rosa,
compositor
brasileiro
de
Vila
Isabel,
apesar
de
revelarem
uma
aguçada
preocupação
do
arUsta
com
seu
tempo
e
com
as
mudanças
políUco-‐
culturais
no
Brasil,
no
início
dos
anos
1920,
ainda
são
modernas.
Nesse
fragmento
do
samba
“Não
tem
tradução”,
por
meio
do
recurso
da
metalinguagem,
o
poeta
propõe
incorporar
novos
costumes
de
origem
francesa
e
americana,
juntamente
com
vocábulos
estrangeiros.
respeitar
e
preservar
o
português
padrão
como
forma
de
fortalecimento
do
idioma
do
Brasil.
valorizar
a
fala
popular
brasileira
como
patrimônio
linguísUco
e
forma
legíUma
de
idenUdade
nacional.
mudar
os
valores
sociais
vigentes
à
época,
com
o
advento
do
novo
e
quente
ritmo
da
música
popular
brasileira.
ironizar
a
malandragem
carioca,
aculturada
pela
invasão
de
valores
étnicos
de
sociedades
mais
desenvolvidas.
15. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
O
texto
de
Noel
Rosa
defende
a
língua
brasileira
coloquial,
o
que
pode
ser
constatado
nos
quatro
primeiros
versos
e
no
uso
da
gíria
no
verso
“amor
lá
no
morro
é
amor
pra
chuchu”.
Ao
mesmo
tempo
em
que
defende
a
língua
portuguesa
coloquial
usada
no
Brasil,
o
locutor
desdenha
da
influência
francesa
e
inglesa,
o
que
se
vê
em
“Lá
no
morro,
se
eu
fizer
uma
falseta/
A
Risoleta
desiste
logo
do
francês
e
do
inglês”.
Assinale-‐se,
pois,
a
alternaUva
“c”.
16. enem-2011
Esta
estrada
onde
moro,
entre
duas
voltas
do
caminho,
Interessa
mais
que
uma
avenida
urbana.
Nas
cidades
todas
as
pessoas
se
parecem.
Todo
mundo
é
igual.
Todo
mundo
é
toda
a
gente.
Aqui,
não:
sente-‐se
bem
que
cada
um
traz
a
sua
alma.
Cada
criatura
é
única.
Até
os
cães.
Andam
sempre
preocupados.
E
quanta
gente
vem
e
vai!
E
tudo
tem
aquele
caráter
impressivo
que
faz
meditar:
Enterro
a
pé
ou
a
carrocinha
de
leite
puxada
por
um
bodezinho
manhoso.
Nem
falta
o
murmúrio
da
água,
para
sugerir,
pela
voz
dos
símbolos,
Que
a
vida
passa!
que
a
vida
passa!
E
que
a
mocidade
vai
acabar.
BANDEIRA,
M.
O
ritmo
dissoluto.
Rio
de
Janeiro:
Aguilar,
1967.
17. enem-2011
A
lírica
de
Manuel
Bandeira
é
pautada
na
apreensão
de
significados
profundos
a
parUr
de
elementos
do
coUdiano.
No
poema
“Estrada”,
o
lirismo
presente
no
contraste
entre
campo
e
cidade
aponta
para
o
desejo
do
eu
lírico
de
resgatar
a
movimentação
dos
centros
urbanos,
o
que
revela
sua
nostalgia
com
relação
à
cidade.
a
percepção
do
caráter
efêmero
da
vida,
possibilitada
pela
observação
da
aparente
inércia
da
vida
rural.
a
opção
do
eu
lírico
pelo
espaço
bucólico
como
possibilidade
de
meditação
sobre
a
sua
juventude.
a
visão
negaUva
da
passagem
do
tempo,
visto
que
esta
gera
insegurança.
a
profunda
sensação
de
medo
gerada
pela
reflexão
acerca
da
morte.
18. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
No
poema
em
análise,
há
um
locutor
que
parte
da
oposição
campo
x
cidade
para
falar
sobre
o
caráter
efêmero
da
da
vida.
Assinale-‐se,
portanto,
a
alternaUva
“b”.
19. enem-2011
Não,
não
há
por
que
menUr
ou
esconder
A
dor
que
foi
maior
do
que
é
capaz
meu
coração
Não,
nem
há
por
que
seguir
cantando
só
para
explicar
Não
vai
nunca
entender
de
amor
quem
nunca
soube
amar
Ah,
eu
vou
voltar
pra
mim
Seguir
sozinho
assim
Até
me
consumir
ou
consumir
toda
essa
dor
Até
senUr
de
novo
o
coração
capaz
de
amor
VANDRÉ,
G.
Disponível
em:
hcp://letras.terra.com.br.
Acesso
em:
29
jun.
2011.
20. enem-2011
Na
canção
de
Geraldo
Vandré,
tem-‐se
a
manifestação
da
função
poéUca
da
linguagem,
que
é
percebida
na
elaboração
arsUca
e
criaUva
da
mensagem,
por
meio
de
combinações
sonoras
e
rítmicas.
Pela
análise
do
texto,
entretanto,
percebe-‐se,
também,
a
presença
marcante
da
função
emoUva
ou
expressiva,
por
meio
da
qual
o
emissor
imprime
à
canção
as
marcas
de
sua
aUtude
pessoal,
seus
senUmentos.
transmite
informações
objeUvas
sobre
o
tema
de
que
trata
a
canção.
busca
persuadir
o
receptor
da
canção
a
adotar
um
certo
comportamento.
procura
explicar
a
própria
linguagem
que
uUliza
para
construir
a
canção.
objeUva
verificar
ou
fortalecer
a
eficiência
da
mensagem
veiculada.
21. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
Trata-‐se
de
uma
questão
de
função
da
linguagem.
No
enunciado,
afirma-‐se,
de
antemão,
que,
no
texto
em
análise,
predomina
a
função
emoUva.
Dentre
as
alternaUvas,
a
única
que
traz
comentário
perUnente
a
tal
função
é
a
letra
“a”.
22. enem-2011
AbaUdos
pelo
fadinho
harmonioso
e
nostálgico
dos
desterrados,
iam
todos,
até
mesmo
os
brasileiros,
se
concentrando
e
caindo
em
tristeza;
mas,
de
repente,
o
cavaquinho
de
Por~rio,
acompanhado
pelo
violão
do
Firmo,
romperam
vibrantemente
com
um
chorado
baiano.
Nada
mais
que
os
primeiros
acordes
da
música
crioula
para
que
o
sangue
de
toda
aquela
gente
despertasse
logo,
como
se
alguém
lhe
fusUgasse
o
corpo
com
urUgas
bravas.
E
seguiram-‐se
outras
notas,
e
outras,
cada
vez
mais
ardentes
e
mais
delirantes.
Já
não
eram
dois
instrumentos
que
soavam,
eram
lúbricos
gemidos
e
suspiros
soltos
em
torrente,
a
correrem
serpenteando,
como
cobras
numa
floresta
incendiada;
eram
ais
convulsos,
chorados
em
frenesi
de
amor:
música
feita
de
beijos
e
soluços
gostosos;
carícia
de
fera,
carícia
de
doer,
fazendo
estalar
de
gozo.
AZEVEDO,
A.
O
cor@ço.
São
Paulo:
ÁUca,
1983.
23. enem-2011
No
romance
O
cor@ço
(1890),
de
Aluísio
Azevedo,
as
personagens
são
observadas
como
elementos
coleUvos
caracterizados
por
condicionantes
de
origem
social,
sexo
e
etnia.
Na
passagem
transcrita,
o
confronto
entre
brasileiros
e
portugueses
revela
prevalência
do
elemento
brasileiro,
pois
destaca
o
nome
de
personagens
brasileiras
e
omite
o
de
personagens
portuguesas.
exalta
a
força
do
cenário
natural
brasileiro
e
considera
o
do
português
inexpressivo.
mostra
o
poder
envolvente
da
música
brasileira,
que
cala
o
fado
português.
destaca
o
senUmentalismo
brasileiro,
contrário
à
tristeza
dos
portugueses.
atribui
aos
brasileiros
uma
habilidade
maior
com
instrumentos
musicais.
24. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
Se,
no
início
do
fragmento,
as
personagens
mostravam-‐se
seduzidos
pela
tristeza
oriunda
da
música
portuguesa,
bastam
os
primeiros
acordes
sensuais
da
música
crioula
para
que
toda
aquela
gente
despertasse
logo
pelos
ais
convulsos,
chorados
em
frenesi
de
amor.
Assinale-‐se,
pois,
a
alternaUva
“c”.
25. enem-2011
Guardar
uma
coisa
não
é
escondê-‐la
ou
trancá-‐la.
Em
cofre
não
se
guarda
coisa
alguma.
Em
cofre
perde-‐se
a
coisa
à
vista.
Guardar
uma
coisa
é
olhá-‐la,
fitá-‐la,
mirá-‐la
por
admirá-‐la,
isto
é,
iluminá-‐la
ou
ser
por
ela
iluminado.
Guardar
uma
coisa
é
vigiá-‐la,
isto
é,
fazer
vigília
por
ela,
isto
é,
velar
por
ela,
isto
é,
estar
acordado
por
ela,
isto
é,
estar
por
ela
ou
ser
por
ela.
Por
isso
melhor
se
guarda
o
voo
de
um
pássaro
Do
que
um
pássaro
sem
voos.
Por
isso
se
escreve,
por
isso
se
diz,
por
isso
se
publica,
por
isso
se
declara
e
declama
um
poema:
Para
guardá-‐lo:
Para
que
ele,
por
sua
vez,
guarde
o
que
guarda:
Guarde
o
que
quer
que
guarda
um
poema:
Por
isso
o
lance
do
poema:
Por
guardar-‐se
o
que
se
quer
guardar.
CÍCERO,
A.
In.:
MORICONI,
I.
(Org.).
Os
cem
melhores
poemas
brasileiros
do
século.
Rio
de
Janeiro:
ObjeUva,
2001.
26. enem-2011
A
memória
é
um
importante
recurso
do
patrimônio
cultural
de
uma
nação.
Ela
está
presente
nas
lembranças
do
passado
e
no
acervo
cultural
de
um
povo.
Ao
tratar
o
fazer
poéUco
como
uma
das
maneiras
de
se
guardar
o
que
se
quer,
o
texto
ressalta
a
importância
dos
estudos
históricos
para
a
construção
da
memória
social
de
um
povo.
valoriza
as
lembranças
individuais
em
detrimento
das
narraUvas
populares
ou
coleUvas.
reforça
a
capacidade
da
literatura
em
promover
a
subjeUvidade
e
os
valores
humanos.
destaca
a
importância
de
se
reservar
o
texto
literário
àqueles
que
possuem
maior
repertório
cultural.
revela
a
superioridade
da
escrita
poéUca
como
forma
ideal
de
preservação
da
memória
cultural.
27. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
O
poema
de
Antônio
Cícero
destaca
a
capacidade
da
poesia
de
capturar,
por
intermédio
do
ato
de
criação
literária,
aquilo
que
o
sujeito
julga
ser
relevante.
Trata-‐se
de
uma
forma
de
dar
permanência
não
só
à
memória
individual
e
subjeUva,
mas
também
à
coleUva
e
interpessoal.
Assinale-‐se,
pois,
a
alternaUva
“c”.
28. enem-2011
Língua
do
meu
Amor
velosa
e
doce,
que
me
convences
de
que
sou
frase,
que
me
contornas,
que
me
vestes
quase,
como
se
o
corpo
meu
de
U
vindo
me
fosse.
Língua
que
me
caUvas,
que
me
enleias
os
surtos
de
ave
estranha,
em
linhas
longas
de
invisíveis
teias,
de
que
és,
há
tanto,
habilidosa
aranha...
[…]
Amo-‐te
as
sugestões
gloriosas
e
funestas,
amo-‐te
como
todas
as
mulheres
te
amam,
ó
língua-‐lama,
ó
língua-‐resplendor,
pela
carne
de
som
que
à
ideia
emprestas
e
pelas
frases
mudas
que
proferes
nos
silêncios
de
Amor!…
MACHADO,
G.
In.:
MORICONI,
I.
(Org.).
Os
cem
melhores
poemas
brasileiros
do
século.
Rio
de
Janeiro:
ObjeUva,
2001.
29. enem-2011
A
poesia
de
Gilka
Machado
idenUfica-‐se
com
as
concepções
arsUcas
simbolistas.
Entretanto,
o
texto
selecionado
incorpora
referências
temáUcas
e
formais
modernistas,
já
que,
nele,
a
poeta
procura
desconstruir
a
visão
metafórica
do
amor
e
abandona
o
cuidado
formal.
concebe
a
mulher
como
um
ser
sem
linguagem
e
quesUona
o
poder
da
palavra.
quesUona
o
trabalho
intelectual
da
mulher
e
antecipa
a
construção
do
verso
livre.
propõe
um
modelo
novo
de
eroUzação
na
lírica
amorosa
e
propõe
a
simplificação
verbal.
explora
a
construção
da
essência
feminina,
a
parUr
da
polissemia
de
"língua",
e
inova
o
léxico.
30. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
O
poema
de
Gilka
Machado
explora
a
polissemia
da
palavra
língua,
entendida
como
órgão
e
como
idioma.
Exploram-‐se,
ainda,
construções
inovadoras,
o
que
se
constata
em
língua-‐lama
e
língua-‐resplendor.
Isso
nos
permite
assinalar
a
alternaUva
“e”.
31. enem-2011
Dados
preliminares
divulgados
por
pesquisadores
da
Universidade
Federal
do
Pará
(UFPA)
apontaram
o
Aquífero
Alter
do
Chão
como
o
maior
depósito
de
água
potável
do
planeta.
Com
volume
esUmado
em
86
000
quilômetros
cúbicos
de
água
doce,
a
reserva
subterrânea
está
localizada
sob
os
estados
do
Amazonas,
Pará
e
Amapá.
“Essa
quanUdade
de
água
seria
suficiente
para
abastecer
a
população
mundial
durante
500
anos”,
diz
Milton
Maca,
geólogo
da
UFPA.
Em
termos
comparaUvos,
Alter
do
Chão
tem
quase
o
dobro
do
volume
de
água
do
Aquífero
Guarani
(com
45
000
quilômetros
cúbicos).
Até
então,
Guarani
era
a
maior
reserva
subterrânea
do
mundo,
distribuída
por
Brasil,
ArgenUna,
Paraguai
e
Uruguai.
É
água
que
não
acaba
mais.
In.:
Época.
No
623,
26
abr.
2010.
32. enem-2011
Essa
nocia,
publicada
em
uma
revista
de
grande
circulação,
apresenta
resultados
de
uma
pesquisa
cienfica
realizada
por
uma
universidade
brasileira.
Nessa
situação
específica
de
comunicação,
a
função
referencial
da
linguagem
predomina,
porque
o
autor
do
texto
prioriza
as
suas
opiniões,
baseadas
em
fatos.
os
aspectos
objeUvos
e
precisos.
os
elementos
de
persuasão
do
leitor
os
elementos
estéUcos
na
construção
do
texto.
os
aspectos
subjeUvos
da
mencionada
pesquisa.
33. SOLUÇÃO COMENTADA
enem-2011
Nesta
questão
de
funções
da
linguagem,
tal
qual
ocorreu
na
que
envolveu
a
função
emoUva
ou
expressiva,
o
fato
de,
no
enunciado,
afirmar-‐se
que
no
texto
em
análise
predomina
a
função
referencial
[ou
denotaUva]
é
suficiente
para
que
se
marque
a
alternaUva
“b”,
dispensando
a
leitura
do
texto
moUvador.