ARTE EM MOVIMENTO: OS MÓBILES COMO SUPORTE DE DIÁLOGO DAS
CRIANÇAS COM A TRIDIMENSIONALIDADE DO PLANETA
CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL RAIO DE SOL JOINVILLE – SC
JOSEANE HELENA SCHULZ
Considerando a função social da instituição escolar que é de formar cidadãos que
contribuam com a sociedade, que percebam e encontrem estratégias e soluções criativas para
resolver problemas e viver em harmonia com a natureza, o currículo deve oferecer uma
prática educativa contextualizadora e interdisciplinar. Uma proposta, que articule saberes
prévios das crianças com a ciência e a cultura já construída pela humanidade; que leve em
conta seus interesses, desejos e necessidades.
Nesta perspectiva foi criada uma proposta voltada a despertar diferentes tipos de
percepções e sensações capazes de promover o desenvolvimento estético infantil, tendo a arte
tridimensional utilizada na construção espaços pedagógico, buscando embasamento teórico
com pesquisas em livros, informações e imagens em sites de internet, e usando como
sugestão, algumas gravuras e vídeos do artista plástico Alexander Calder. De início
propiciando a apreciação sobre seus desenhos e pinturas e mais tarde sobre suas estruturas
aéreas móveis, os móbiles, oferecendo às crianças oportunidade discutir, conhecer, apreciar e
selecionar obras a serem exploradas. A escolha deste artista se deu pela ludicidade que suas
obras propiciariam sobre as experiências infantis e possibilitaram na criação de conceitos,
elaboração, articulação e socialização idéias, desejos e conhecimentos, foi oportunizado
acesso a informações sobre obras e artistas, rodas de conversas, contação de histórias,
apreciação de observação de conteúdos compilados de livros e outros meios visuais.
Com o intuito de conhecer um pouco sobre o artista Alexander Calder, ouvimos sua
biografia e passamos a compreender uma nova visão que este artista pretendia expressar.
Realizamos discussões e reflexões sobre obras de arte e passamos a explorar as suas obras,
onde as crianças fizeram descrições a respeito do que viam, sentiam, pensavam e sugeriram
títulos. Com essa reflexão debatemos a importância de conhecer os elementos da arte.
Iniciamos uma seqüência de atividades que propiciassem às crianças o conhecimento sobre
conteúdos de arte, articulando-os com outras áreas do conhecimento na medida em que essas
se faziam necessárias no processo de criação e construção.
Na Educação Infantil as crianças inventam e descobrem coisas, se aventuram em um
mundo desconhecido e não têm medo de criar. Os conceitos são mais facilmente apropriados
à medida que a criança experimenta e participa ativamente como construtora de seus
conhecimentos
Procurando desenvolver nas crianças seu interesse pelas criações estéticas e
sensibilização para com a vida e a natureza. Para sistematizar e orientar as estratégias
didáticas da instituição, foi desenvolvemos um projeto institucional com o objetivo de
revitalizar dois ambientes, um na construção de um horto medicinal e outro de um
minicamping agroecológico. Em ambos a arte tridimensional foi o eixo norteador, pois,
conforme nossos estudos e discussões, trabalhar com a tridimensionalidade das coisas,
propiciaria às crianças uma maior percepção sobre a realidade da vida e das pessoas,
descentralizando-as do mundo virtual, da televisão e de outras mídias que invadem seu
cotidiano.
O projeto “Chá com Arte” trouxe o desafio de trabalhar conteúdos de arte a partir de
elementos da natureza e ao mesmo tempo oportunizar às crianças sua vivência e integração
com o ambiente natural enquanto construíam algo significativo para sua vida. Esse projeto
apoia-se na Carta da Terra e prevê ações educativas que visem a compreensão sobre o tema
sustentabilidade, buscando a ressignificação dos espaços externos e tendo a efetiva
participação das crianças. A arte tridimensional foi recurso explorado para criação estética do
jardim e como forma de conectar a criança com a realidade material do planeta.
A necessidade de revitalizar os espaços pedagogicamente e o diálogo entre
professores, coordenadora pedagógica e gestores resultou na curiosidade e desejo de conhecer
As cores primárias presentes na obra foram citadas por várias crianças, partindo
dessa percepção, resolvemos descobrir e conhecer outros tons. Nos divertimos e começamos
formular conceitos sobre as novas nuances com a mistura de tintas, esse foi um momento bem
lúdico e prazeroso, misturamos tintas livremente sobre a mesa e também refletimos sobre a
origem das cores secundárias e terciárias em atividade mais direcionada.
Brincamos com barbantes, cordas, palitos, massinha de modelar e conseguimos fazer
algumas considerações e perceber que as linhas são abertas e possuem o ponto inicial e um
ponto final, as crianças começaram a notar a presença delas em nosso entorno,
Os conceitos são mais facilmente apropriados à medida que a criança experimenta e
participa ativamente como construtora de seus conhecimentos. Brincar com cordas foi uma
boa ideia para auxiliar na compreensão e ilustração dos diferentes tipos de linhas: reta, curva,
quebrada, ondulada e espiral.
Houve a preocupação em deixar a criança agir e experimentar diferentes
possibilidades para alcançar as habilidades necessárias à suas aprendizagens, como por
exemplo, o acesso a diversos materiais, suportes e ferramentas para o fazer artístico; uso de
equipamentos como máquina fotográfica; participação em atividades de observação, produção
gráfica, manipulação de objetos; tudo com autonomia e liberdade para criação própria sem se
prender a padrões figurativos ou modelos estereotipados. Fomos pesquisar linhas no ambiente
externo, as crianças demonstraram interesse e facilidade em localizar as linhas no contexto,
fato que elucida aprendizagem.
Observamos a presença de vários estilos de linhas. Apreciamos a obra de Alexander
Calder.
Brincando com barbantes, cordas e massinha, conseguimos fazer considerações sobre
os tipos de linhas, perceber a presença delas no entorno e nos apropriar de algumas definições.
As crianças sugeriram colar barbantes em folhas de papel, os recursos e suportes foram
oferecidos e eles realizaram criações e representações confeccionando belas obras, segue
atividades escolhidas para comporem o portfólio com a justificativa de escolha da criança.
Ao utilizar o barbante as crianças perceberam que poderiam criar formas unindo as
pontas, com essa descoberta, utilizei mais uma vez a literatura infantil para servir de
ilustração e provocar interesse e curiosidade em conhecer as formas, levei a história “As Três
Partes” de Edson Luiz Kozminsk. Exploramos a geometria utilizando recursos como
literaturas, brinquedos, construção de formas no chão e sucatas.
Realizamos brincadeiras em equipes envolvendo cores e formas geométricas, onde,
com companheirismo cada equipe deveria deslocar-se até a forma sugerida por um elemento
da turma. Essa atividade foi bem rica, serviu para levar a criança a refletir para onde deveria
locomover-se, tendo que identificar a forma, estar atenda para cor que seu grupo recebeu e
agir com harmonia e espírito de equipe.
Como cabe ao professor oferecer para a criança a maior diversificação possível de
materiais, fornecendo suportes, técnicas, bem como desafios que venham favorecer o
desenvolvimento de aprendizagens, nós exploramos livros, blocos lógicos, brinquedos, caixas
de sucatas, formas tridimensionais, objetos e brincadeiras para abordar a geometria. Para
ampliar as possibilidades foram oferecidos várias alternativas e recursos para as crianças
desenvolverem a auto expressão com autonomia, acredito que o desenho tem papel
fundamental na formação do conhecimento e requer grande consideração no sentido de
valorizar todo tipo de produção da criança. Desde o nascimento a criança se depara com Artes
Visuais: nas cores e figuras de uma parede, em um quadro, nas ruas, em casa, nos brinquedos
e em todos os lugares presentes no cotidiano da vida infantil.
As crianças sentem prazer em desenhar, pintar, rabiscar, cortar e criar; afinal, é assim
que elas se expressam. Elas utilizam sua imaginação para inventar ou transformar desenhos,
criando sempre o inusitado, o novo, o diferente. Exploramos a criatividade com atividades de
recorte, colagem e criação de cena com figuras geométricas.
A presença de sucatas nos remeteu a questões ambientais, recordamos dos princípios
contidos na Carta da Terra. Cada turma recebeu um desafio e a união dos trabalhos resultaria
na representação dos princípios contidos na Carta da Terra em forma de pergaminho em um
evento a ser realizado com a comunidade e a nossa sala em parceria com outra turma de
quatro anos ficou responsável em confeccionar o planeta Terra, para isso utilizamos a técnica
da escultura com papietagem.
A seguir menciono fala das crianças a respeito da construção citada acima: “Eu
gostei de fazer o planeta porque nós rasgamos o papel, aprendemos a cuidar da água e que
tem que fazer o planeta limpo”. (Izabel Ribeiro); “Foi legal colocar jornal no planeta, depois a
gente pintou de azul e ficou bonito nosso planeta”. (Fernanda Luize Correa Pscheidt).
Para apresentar à comunidade essa produção, realizamos uma tarde de chás com os
avós que puderam degustar infusões com ervas cultivadas pelas crianças no horto medicinal.
Reutilizar sucatas nos oportunizou uma abordagem sobre sólidos geométricos como
cubo, cilindro, pirâmide e esfera. Classificamos as sucatas por semelhança às formas
geométricas e também confeccionamos bonecos de sucata. Durante essa construção e
exploração de conceitos as crianças recordaram que o nome de uma obra que já havíamos
explorado era Pyramids.
Conduzimos novas aprendizagens motivados pela tendência artística criada por
Alexander Calder, os móbiles. Conhecendo um pouco mais a fundo a tendência artística de
Calder em suas estruturas com movimento, percebi que as crianças receberam a proposta dos
móbiles com grande entusiasmo. As atividades em sala passaram a ser conduzidas pela
apreciação e fruição das crianças sobre as estruturas com movimento elaboradas com arames,
peças de metal entre outros, combinando formas surrealistas e orgânicas com elementos
construtivistas e cores ricas em contrastes. Um importante conjunto de elementos da arte para
serem estudados pelas crianças.
Resolvemos transformar uma de suas obras planas em móbile tridimensional. Neste
sentido, num primeiro momento, para repertoriar as crianças e nutrir-lhes de referências
estéticas sobre esculturas, buscamos informações em diferentes sites da internet e utilizamos o
notebook e data show para lhes exibir imagens das obras de Alexander Calder. Também
visitamos o museu de Arte de nossa cidade, onde as crianças puderam sentir e observar várias
esculturas do artista plástico joinvilense Mário Avancini (1926-1992) esculpidas em pedra
sabão. Com diferentes fontes de informações e interações as crianças puderam estabelecer
relação entre as criações do artista plástico estudado e o objeto que pretendíamos criar.
Para realizar essa proposta, foi oferecido argila para as crianças modelarem as formas,
depois de modelado, auxiliei as crianças a prenderem um fio de nylon no meio da forma
modelada. Então as formas geométricas planas, ganharam volume e se transformaram em
sólidos nas mãos das crianças.
Dias mais tarde as crianças coloriram as formas com tinta guache.
Preparei um suporte de metal com resíduos de tela que se encontravam sem uso
aguardando o descarte adequado. Prendemos fios na estrutura retangular e depois as crianças
escolheram o local onde seriam amarradas suas formas modeladas com argila.
Esse móbile foi suspenso no teto da sala. Avaliamos toda a construção e
aprendizagens e apreciando o resultado, surgiu o desejo de ampliar essa proposta com a
construção de algo maior, que não ficasse exposto apenas dentro de nossa sala, mas que
pudesse atrair a atenção, ser visto, experimentado e utilizado pelas demais crianças da unidade
e comunidade escolar.
Após vários momentos de apreciação e discussões em grupo, sobre que tipo de
construção fazer no espaço externo, emerge a ideia coletiva de fazerem-se um conjunto de
cortinas com diferentes elementos, cores, formas e texturas, as quais seriam fixadas no portal
de entrada de acesso ao mini camping agroecológico1
. Um móbile gigante.
Com o objetivo de fazer com que as crianças projetassem mentalmente e
exprimissem verbalmente e graficamente suas ideias a respeito de um possível formato para
nosso cortinado, desenvolvi com elas diversas atividades. Entre elas: rodas de conversa,
brincadeiras, trabalhos com modelagem e desenhos em suportes diversos explorando texturas,
pontos, tipos de linhas, formas geométricas planas e sólidas e misturas de cores.
Neste momento era importante conhecer algumas texturas e outras percepções, pois
tínhamos um cortinado para elaborar.
Para ampliar as possibilidades de criar hipóteses e fazer novas descobertas fizemos
um passeio ao redor da unidade para pesquisar texturas e outras percepções em folhas, troncos
de árvores, grama, pedras, chão, paredes e outros elementos encontrados. Nada melhor do que
disponibilizar recursos para aprimorar o conhecimento deles e aguçar a curiosidade e vontade
de desvendar mistérios, já que é assim, que as crianças ampliam seu repertório visual e dão
asas a sua imaginação.
Enquanto as crianças aprendiam observando, criando, compartilhando e
experimentando novas possibilidades de construções a partir das referências de Alexander
Calder, íamos selecionando os materiais a comporem o cortinado das sensações, assim
chamado porque as crianças iam percebendo pelo material coletado (sementes, CDs,
tampinhas, tocos de madeiras, miçangas, bolinhas de rolon e outros elementos) que a cortina
não seria só algo visivelmente bonito a ser exposto. Ela propiciaria a todas as crianças e
adultos do CEI o contato com texturas, sons e toques diferentes ao se passar por entre elas.
Ampliamos nossos conhecimentos sobre os elementos da arte e estreitando nossa
relação com o meio ambiente, envolvemos nossos familiares para coletar do meio ambiente
resíduos que pudessem compor nosso cortinado, sejam eles objetos naturais ou artificiais que
estivessem descartados.
As famílias se envolveram em nossa ideia. Recolheram e enviaram para sala de aula
diferentes elementos. Esse material foi manipulado pelas as crianças, onde exploramos suas
características e propriedades, essa exploração serviu de apoio para relembrar alguns
conceitos. Separamos e classificamos esses materiais por diferentes atributos como cores,
tamanhos, formas, texturas, naturais e artificiais.
Em alguns desses elementos aplicamos técnicas diversas, como pintura com lápis de
cor, giz de cera, cola colorida, outros foram colocados em seu estado natural.
Ficou definido com as crianças que iríamos organizar os elementos nos fios de forma
organizada e no decorrer de vários dias, afinal tínhamos muitos elementos para arrumar até
formar nosso cortinado.
Foram vários dias que ocupamos parte do tempo passando os diversos elementos em
fios. Atingimos nossas expectativas com a construção de um grande móbile lúdico que
propicia às 320 crianças da unidade e a suas famílias, a interação com movimento, cores e
texturas.
Como o portal de acesso não ficou pronto no prazo previsto, montamos nosso grande
móbile provisoriamente em um corredor próximo a sala de aula para futura mudança ao seu
destino final e esse foi um fato de interessante, pois nossa obra ficou exposta em um local que
chamou atenção de todos que chegavam a nossa unidade ou desfrutavam de nossos espaços.
Finalmente no segundo semestre pudemos transportar nossa obra ao seu local
definitivo, o portal de acesso ao mini camping agroecológico. Mesmo depois de tanto tempo
as crianças mostraram-se motivadas e interessadas em dar o destino pretendido ao nosso
grande móbile lúdico.
A avaliação foi processual, formativa e documentada em portfólio eletrônico. Os
avanços significativos, a assimilação de conceitos foi positiva e ficaram evidentes em diversas
situações. As crianças passaram a perceber e comentar sobre a presença de linhas, formas e
texturas no cotidiano.
A cada final de uma sequência de atividades, fazíamos discussões em roda de
conversa para rememorar o processo vivido, selecionar fotos e outros registros e construir o
nosso portfólio. Esse momento era especialmente importante para direcionamento do meu
planejamento para as novas propostas pedagógicas seguintes.
Abordar os elementos da arte foi facilitador na construção de registros gráficos
ampliando a criatividade e o repertório e favorecendo a continuidade dos estudos.
Em diversas situações do cotidiano podíamos observar as crianças percebendo e
comentando espontaneamente entre si o que aprenderam e tiveram interesse em explorar
outras obras do artista Alexander Calder no segundo semestre, complementando as conquistas
e aprendizagens.
Ultrapassamos os muros do CEI alcançando os lares, pais ofereceram registros
narrando avanços obtidos por seus filhos, descreveram crianças falando em obra de arte, a
empolgação em explicar o que aprendiam a procura de objetos para descrever, e outros
comentários que confirmam progresso e orgulho de fazer parte desta história.
Nosso grande móbile em forma de cortinado foi exposto ao público durante evento
de inauguração do espaço do minicamping agroecológico e permanece nesse local até hoje
para todos que quiserem experimentá-lo. E assim o objeto artístico criado pelas crianças se
transformou em brinquedo para adultos e crianças.

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  • 1. ARTE EM MOVIMENTO: OS MÓBILES COMO SUPORTE DE DIÁLOGO DAS CRIANÇAS COM A TRIDIMENSIONALIDADE DO PLANETA CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL RAIO DE SOL JOINVILLE – SC JOSEANE HELENA SCHULZ Considerando a função social da instituição escolar que é de formar cidadãos que contribuam com a sociedade, que percebam e encontrem estratégias e soluções criativas para resolver problemas e viver em harmonia com a natureza, o currículo deve oferecer uma prática educativa contextualizadora e interdisciplinar. Uma proposta, que articule saberes prévios das crianças com a ciência e a cultura já construída pela humanidade; que leve em conta seus interesses, desejos e necessidades. Nesta perspectiva foi criada uma proposta voltada a despertar diferentes tipos de percepções e sensações capazes de promover o desenvolvimento estético infantil, tendo a arte tridimensional utilizada na construção espaços pedagógico, buscando embasamento teórico com pesquisas em livros, informações e imagens em sites de internet, e usando como sugestão, algumas gravuras e vídeos do artista plástico Alexander Calder. De início propiciando a apreciação sobre seus desenhos e pinturas e mais tarde sobre suas estruturas aéreas móveis, os móbiles, oferecendo às crianças oportunidade discutir, conhecer, apreciar e selecionar obras a serem exploradas. A escolha deste artista se deu pela ludicidade que suas obras propiciariam sobre as experiências infantis e possibilitaram na criação de conceitos, elaboração, articulação e socialização idéias, desejos e conhecimentos, foi oportunizado acesso a informações sobre obras e artistas, rodas de conversas, contação de histórias, apreciação de observação de conteúdos compilados de livros e outros meios visuais. Com o intuito de conhecer um pouco sobre o artista Alexander Calder, ouvimos sua biografia e passamos a compreender uma nova visão que este artista pretendia expressar. Realizamos discussões e reflexões sobre obras de arte e passamos a explorar as suas obras, onde as crianças fizeram descrições a respeito do que viam, sentiam, pensavam e sugeriram títulos. Com essa reflexão debatemos a importância de conhecer os elementos da arte. Iniciamos uma seqüência de atividades que propiciassem às crianças o conhecimento sobre conteúdos de arte, articulando-os com outras áreas do conhecimento na medida em que essas se faziam necessárias no processo de criação e construção. Na Educação Infantil as crianças inventam e descobrem coisas, se aventuram em um mundo desconhecido e não têm medo de criar. Os conceitos são mais facilmente apropriados à medida que a criança experimenta e participa ativamente como construtora de seus conhecimentos
  • 2. Procurando desenvolver nas crianças seu interesse pelas criações estéticas e sensibilização para com a vida e a natureza. Para sistematizar e orientar as estratégias didáticas da instituição, foi desenvolvemos um projeto institucional com o objetivo de revitalizar dois ambientes, um na construção de um horto medicinal e outro de um minicamping agroecológico. Em ambos a arte tridimensional foi o eixo norteador, pois, conforme nossos estudos e discussões, trabalhar com a tridimensionalidade das coisas, propiciaria às crianças uma maior percepção sobre a realidade da vida e das pessoas, descentralizando-as do mundo virtual, da televisão e de outras mídias que invadem seu cotidiano. O projeto “Chá com Arte” trouxe o desafio de trabalhar conteúdos de arte a partir de elementos da natureza e ao mesmo tempo oportunizar às crianças sua vivência e integração com o ambiente natural enquanto construíam algo significativo para sua vida. Esse projeto apoia-se na Carta da Terra e prevê ações educativas que visem a compreensão sobre o tema sustentabilidade, buscando a ressignificação dos espaços externos e tendo a efetiva participação das crianças. A arte tridimensional foi recurso explorado para criação estética do jardim e como forma de conectar a criança com a realidade material do planeta. A necessidade de revitalizar os espaços pedagogicamente e o diálogo entre professores, coordenadora pedagógica e gestores resultou na curiosidade e desejo de conhecer As cores primárias presentes na obra foram citadas por várias crianças, partindo dessa percepção, resolvemos descobrir e conhecer outros tons. Nos divertimos e começamos formular conceitos sobre as novas nuances com a mistura de tintas, esse foi um momento bem lúdico e prazeroso, misturamos tintas livremente sobre a mesa e também refletimos sobre a origem das cores secundárias e terciárias em atividade mais direcionada.
  • 3. Brincamos com barbantes, cordas, palitos, massinha de modelar e conseguimos fazer algumas considerações e perceber que as linhas são abertas e possuem o ponto inicial e um ponto final, as crianças começaram a notar a presença delas em nosso entorno, Os conceitos são mais facilmente apropriados à medida que a criança experimenta e participa ativamente como construtora de seus conhecimentos. Brincar com cordas foi uma boa ideia para auxiliar na compreensão e ilustração dos diferentes tipos de linhas: reta, curva, quebrada, ondulada e espiral. Houve a preocupação em deixar a criança agir e experimentar diferentes possibilidades para alcançar as habilidades necessárias à suas aprendizagens, como por exemplo, o acesso a diversos materiais, suportes e ferramentas para o fazer artístico; uso de equipamentos como máquina fotográfica; participação em atividades de observação, produção gráfica, manipulação de objetos; tudo com autonomia e liberdade para criação própria sem se prender a padrões figurativos ou modelos estereotipados. Fomos pesquisar linhas no ambiente externo, as crianças demonstraram interesse e facilidade em localizar as linhas no contexto, fato que elucida aprendizagem. Observamos a presença de vários estilos de linhas. Apreciamos a obra de Alexander Calder. Brincando com barbantes, cordas e massinha, conseguimos fazer considerações sobre os tipos de linhas, perceber a presença delas no entorno e nos apropriar de algumas definições. As crianças sugeriram colar barbantes em folhas de papel, os recursos e suportes foram oferecidos e eles realizaram criações e representações confeccionando belas obras, segue atividades escolhidas para comporem o portfólio com a justificativa de escolha da criança. Ao utilizar o barbante as crianças perceberam que poderiam criar formas unindo as pontas, com essa descoberta, utilizei mais uma vez a literatura infantil para servir de ilustração e provocar interesse e curiosidade em conhecer as formas, levei a história “As Três Partes” de Edson Luiz Kozminsk. Exploramos a geometria utilizando recursos como literaturas, brinquedos, construção de formas no chão e sucatas. Realizamos brincadeiras em equipes envolvendo cores e formas geométricas, onde, com companheirismo cada equipe deveria deslocar-se até a forma sugerida por um elemento da turma. Essa atividade foi bem rica, serviu para levar a criança a refletir para onde deveria locomover-se, tendo que identificar a forma, estar atenda para cor que seu grupo recebeu e agir com harmonia e espírito de equipe. Como cabe ao professor oferecer para a criança a maior diversificação possível de materiais, fornecendo suportes, técnicas, bem como desafios que venham favorecer o
  • 4. desenvolvimento de aprendizagens, nós exploramos livros, blocos lógicos, brinquedos, caixas de sucatas, formas tridimensionais, objetos e brincadeiras para abordar a geometria. Para ampliar as possibilidades foram oferecidos várias alternativas e recursos para as crianças desenvolverem a auto expressão com autonomia, acredito que o desenho tem papel fundamental na formação do conhecimento e requer grande consideração no sentido de valorizar todo tipo de produção da criança. Desde o nascimento a criança se depara com Artes Visuais: nas cores e figuras de uma parede, em um quadro, nas ruas, em casa, nos brinquedos e em todos os lugares presentes no cotidiano da vida infantil. As crianças sentem prazer em desenhar, pintar, rabiscar, cortar e criar; afinal, é assim que elas se expressam. Elas utilizam sua imaginação para inventar ou transformar desenhos, criando sempre o inusitado, o novo, o diferente. Exploramos a criatividade com atividades de recorte, colagem e criação de cena com figuras geométricas. A presença de sucatas nos remeteu a questões ambientais, recordamos dos princípios contidos na Carta da Terra. Cada turma recebeu um desafio e a união dos trabalhos resultaria na representação dos princípios contidos na Carta da Terra em forma de pergaminho em um evento a ser realizado com a comunidade e a nossa sala em parceria com outra turma de quatro anos ficou responsável em confeccionar o planeta Terra, para isso utilizamos a técnica da escultura com papietagem. A seguir menciono fala das crianças a respeito da construção citada acima: “Eu gostei de fazer o planeta porque nós rasgamos o papel, aprendemos a cuidar da água e que tem que fazer o planeta limpo”. (Izabel Ribeiro); “Foi legal colocar jornal no planeta, depois a gente pintou de azul e ficou bonito nosso planeta”. (Fernanda Luize Correa Pscheidt). Para apresentar à comunidade essa produção, realizamos uma tarde de chás com os avós que puderam degustar infusões com ervas cultivadas pelas crianças no horto medicinal. Reutilizar sucatas nos oportunizou uma abordagem sobre sólidos geométricos como cubo, cilindro, pirâmide e esfera. Classificamos as sucatas por semelhança às formas geométricas e também confeccionamos bonecos de sucata. Durante essa construção e exploração de conceitos as crianças recordaram que o nome de uma obra que já havíamos explorado era Pyramids. Conduzimos novas aprendizagens motivados pela tendência artística criada por Alexander Calder, os móbiles. Conhecendo um pouco mais a fundo a tendência artística de Calder em suas estruturas com movimento, percebi que as crianças receberam a proposta dos móbiles com grande entusiasmo. As atividades em sala passaram a ser conduzidas pela
  • 5. apreciação e fruição das crianças sobre as estruturas com movimento elaboradas com arames, peças de metal entre outros, combinando formas surrealistas e orgânicas com elementos construtivistas e cores ricas em contrastes. Um importante conjunto de elementos da arte para serem estudados pelas crianças. Resolvemos transformar uma de suas obras planas em móbile tridimensional. Neste sentido, num primeiro momento, para repertoriar as crianças e nutrir-lhes de referências estéticas sobre esculturas, buscamos informações em diferentes sites da internet e utilizamos o notebook e data show para lhes exibir imagens das obras de Alexander Calder. Também visitamos o museu de Arte de nossa cidade, onde as crianças puderam sentir e observar várias esculturas do artista plástico joinvilense Mário Avancini (1926-1992) esculpidas em pedra sabão. Com diferentes fontes de informações e interações as crianças puderam estabelecer relação entre as criações do artista plástico estudado e o objeto que pretendíamos criar. Para realizar essa proposta, foi oferecido argila para as crianças modelarem as formas, depois de modelado, auxiliei as crianças a prenderem um fio de nylon no meio da forma modelada. Então as formas geométricas planas, ganharam volume e se transformaram em sólidos nas mãos das crianças. Dias mais tarde as crianças coloriram as formas com tinta guache. Preparei um suporte de metal com resíduos de tela que se encontravam sem uso aguardando o descarte adequado. Prendemos fios na estrutura retangular e depois as crianças escolheram o local onde seriam amarradas suas formas modeladas com argila. Esse móbile foi suspenso no teto da sala. Avaliamos toda a construção e aprendizagens e apreciando o resultado, surgiu o desejo de ampliar essa proposta com a construção de algo maior, que não ficasse exposto apenas dentro de nossa sala, mas que pudesse atrair a atenção, ser visto, experimentado e utilizado pelas demais crianças da unidade e comunidade escolar. Após vários momentos de apreciação e discussões em grupo, sobre que tipo de construção fazer no espaço externo, emerge a ideia coletiva de fazerem-se um conjunto de cortinas com diferentes elementos, cores, formas e texturas, as quais seriam fixadas no portal de entrada de acesso ao mini camping agroecológico1 . Um móbile gigante. Com o objetivo de fazer com que as crianças projetassem mentalmente e exprimissem verbalmente e graficamente suas ideias a respeito de um possível formato para nosso cortinado, desenvolvi com elas diversas atividades. Entre elas: rodas de conversa,
  • 6. brincadeiras, trabalhos com modelagem e desenhos em suportes diversos explorando texturas, pontos, tipos de linhas, formas geométricas planas e sólidas e misturas de cores. Neste momento era importante conhecer algumas texturas e outras percepções, pois tínhamos um cortinado para elaborar. Para ampliar as possibilidades de criar hipóteses e fazer novas descobertas fizemos um passeio ao redor da unidade para pesquisar texturas e outras percepções em folhas, troncos de árvores, grama, pedras, chão, paredes e outros elementos encontrados. Nada melhor do que disponibilizar recursos para aprimorar o conhecimento deles e aguçar a curiosidade e vontade de desvendar mistérios, já que é assim, que as crianças ampliam seu repertório visual e dão asas a sua imaginação. Enquanto as crianças aprendiam observando, criando, compartilhando e experimentando novas possibilidades de construções a partir das referências de Alexander Calder, íamos selecionando os materiais a comporem o cortinado das sensações, assim chamado porque as crianças iam percebendo pelo material coletado (sementes, CDs, tampinhas, tocos de madeiras, miçangas, bolinhas de rolon e outros elementos) que a cortina não seria só algo visivelmente bonito a ser exposto. Ela propiciaria a todas as crianças e adultos do CEI o contato com texturas, sons e toques diferentes ao se passar por entre elas. Ampliamos nossos conhecimentos sobre os elementos da arte e estreitando nossa relação com o meio ambiente, envolvemos nossos familiares para coletar do meio ambiente resíduos que pudessem compor nosso cortinado, sejam eles objetos naturais ou artificiais que estivessem descartados. As famílias se envolveram em nossa ideia. Recolheram e enviaram para sala de aula diferentes elementos. Esse material foi manipulado pelas as crianças, onde exploramos suas características e propriedades, essa exploração serviu de apoio para relembrar alguns conceitos. Separamos e classificamos esses materiais por diferentes atributos como cores, tamanhos, formas, texturas, naturais e artificiais. Em alguns desses elementos aplicamos técnicas diversas, como pintura com lápis de cor, giz de cera, cola colorida, outros foram colocados em seu estado natural. Ficou definido com as crianças que iríamos organizar os elementos nos fios de forma organizada e no decorrer de vários dias, afinal tínhamos muitos elementos para arrumar até formar nosso cortinado. Foram vários dias que ocupamos parte do tempo passando os diversos elementos em fios. Atingimos nossas expectativas com a construção de um grande móbile lúdico que
  • 7. propicia às 320 crianças da unidade e a suas famílias, a interação com movimento, cores e texturas. Como o portal de acesso não ficou pronto no prazo previsto, montamos nosso grande móbile provisoriamente em um corredor próximo a sala de aula para futura mudança ao seu destino final e esse foi um fato de interessante, pois nossa obra ficou exposta em um local que chamou atenção de todos que chegavam a nossa unidade ou desfrutavam de nossos espaços. Finalmente no segundo semestre pudemos transportar nossa obra ao seu local definitivo, o portal de acesso ao mini camping agroecológico. Mesmo depois de tanto tempo as crianças mostraram-se motivadas e interessadas em dar o destino pretendido ao nosso grande móbile lúdico. A avaliação foi processual, formativa e documentada em portfólio eletrônico. Os avanços significativos, a assimilação de conceitos foi positiva e ficaram evidentes em diversas situações. As crianças passaram a perceber e comentar sobre a presença de linhas, formas e texturas no cotidiano. A cada final de uma sequência de atividades, fazíamos discussões em roda de conversa para rememorar o processo vivido, selecionar fotos e outros registros e construir o nosso portfólio. Esse momento era especialmente importante para direcionamento do meu planejamento para as novas propostas pedagógicas seguintes. Abordar os elementos da arte foi facilitador na construção de registros gráficos ampliando a criatividade e o repertório e favorecendo a continuidade dos estudos. Em diversas situações do cotidiano podíamos observar as crianças percebendo e comentando espontaneamente entre si o que aprenderam e tiveram interesse em explorar outras obras do artista Alexander Calder no segundo semestre, complementando as conquistas e aprendizagens. Ultrapassamos os muros do CEI alcançando os lares, pais ofereceram registros narrando avanços obtidos por seus filhos, descreveram crianças falando em obra de arte, a empolgação em explicar o que aprendiam a procura de objetos para descrever, e outros comentários que confirmam progresso e orgulho de fazer parte desta história. Nosso grande móbile em forma de cortinado foi exposto ao público durante evento de inauguração do espaço do minicamping agroecológico e permanece nesse local até hoje para todos que quiserem experimentá-lo. E assim o objeto artístico criado pelas crianças se transformou em brinquedo para adultos e crianças.