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Eliangela Ferreira Braz Pimentel 
Maria Luiza da Silva 
Nathalia de Araújo Mariano 
Patrícia Novaes de Araújo 
Suely Aparecida Marinho do Socorro 
Vanessa Bonfim Silva 
RESUMO – 5º PERÍODO: 1894 A 1920 – AINDA O MODELO 
AGRÁRIO-COMERCIAL-EXPORTADOR DEPENDENTE 
SÃO PAULO 
OUTUBRO DE 2014
RESUMO – 5º PERÍODO: 1894 A 1920 – AINDA O MODELO 
AGRÁRIO-COMERCIAL-EXPORTADOR DEPENDENTE 
Trabalho elaborado para a 
Disciplina de História da Educação 
Brasileira como exigência parcial 
para o 1º semestre do Curso de 
Pedagogia, Turma “B” sob a 
orientação do Prof. José Lopes de 
Oliveira. 
SÃO PAULO 
OUTUBRO DE 2014
5º Período 1894 a 1920 
Podemos dizer que o período em questão foi marcado 
primordialmente pela luta contra o florianismo, tendo como principais 
características básicas da organização escolar o intuito de afastar do poder o 
componente militar que representava a camada média, utilizando o regime 
Republicano para conseguir antigos fins. 
Parecia que só havia uma possibilidade de sair da crise econômica: 
aliar-se a burguesia internacional e reorganizar-se internamente. 
A reorganização interna foi conseguida com a “Política dos 
Governadores”, onde cada Estado federado era entregue à oligarquia regional que 
dominasse, de forma que essa ficasse com a tarefa de solucionar os problemas 
desses Estados, inclusive em casos de resistência podia-se fazer uso da força. 
A política econômica de “valorização” dos produtos agrícolas tinha 
como produto principal o café, porém essa política econômica era feita com a 
utilização de capital estrangeiro, e por isso mantinha os lucros nas mãos da 
burguesia estrangeira e da burguesia “agrário-exportadora” brasileira. 
Com isso a sociedade brasileira continua a modernizar-se, pagando 
um preço muito alto, preço esse pago pela população do campo que apesar de ser 
a produtora das riquezas mantinha-se excluída de quaisquer benefícios por não 
viver nas cidades. 
O sucesso do regime era garantido sem maiores problemas através 
da representação eleitoral manobrada pelo coronelismo e devido às condições de 
trabalho e isolamento da população rural, este sucesso só passa a ser abalado 
após a 1ª Guerra Mundial com a intensificação das manifestações urbanas de 
descontentamento. 
As várias reformas passadas pela organização escolar revelam a 
alternância entre a influência humanística clássica e a realista ou científica. 
O código de Epitácio Pessoa (1901) vem incluir a lógica e retirar a 
biologia, a sociologia e a moral acentuando a parte literária; enquanto a reforma
Rivadária (1911) retoma a orientação positivista ao tentar inspirar um critério 
pratico, abolindo o diploma, sendo este agora de responsabilidade das 
Faculdades, enquanto que o ensino secundário seria apenas formador de 
cidadãos e não o que definiria a aptidão para o nível seguinte. 
A dependência cultural traduz-se nisto: falta de criatividade e atraso 
constante e profundo em relação ao centro criador que serve de modelo. 
O que era visto como solução no antigo modelo passa a mostrar-se 
como agravante nas situações escolares, o que causou descredito tanto num 
modelo quanto em outro, pois da mesma forma que nada vale a teoria sem a 
prática, o contrário também é verdade. 
O analfabetismo vai se tornando um problema frente ao 
desenvolvimento em base urbano-comercial a partir da segunda metade do século 
XIX, devido ser a leitura que integrará o contexto social. 
A partir daí foram lançadas campanhas que proclamavam a 
necessidade da difusão da escola primária, fazendo com que alguns passassem a 
defender não só o fim do analfabetismo, mas também o ensino físico a fim de 
introduzir a formação patriótica. 
Ensino Primário 
O único levantamento estatístico organizado relativo ao Ensino 
Primário neste período diz respeito ao então Distrito Federal, durante os anos de 
1907 a 1912, o que nos permite dizer que as indicações relativas ao âmbito 
nacional referem-se a cálculos muito gerais. 
No início da Republica, a melhora não foi apenas quantitativa, uma 
vez que nasce aí a introdução ao ensino graduado, com o aparecimento das 
“escolas modelo”. Mas ainda em 1907 a escola primaria mostra-se formada por 
uma só classe, um só professor, que agrupava vários níveis de adiantamento. 
É possível notar a insuficiência nas verbas destinadas ao 
atendimento estudantil o que causaria a impossibilidade de se ter a possibilidade
de ensinar bem a muitas pessoas ao mesmo tempo. E com isso o educador ficava 
num dilema: atender menos e melhor, ou mais e pior. 
Ensino Médio 
A restrição dos dados numéricos relativos ao ensino secundário 
público limita bastante as condições de análise porque, como enfatizam autores 
que escreveram tanto durante o período como posteriormente, a ampliação mais 
significativa se deu no ensino particular. 
Afrânio Peixoto declara, em 1923: 
“Sobre a formação das elites, (...) no Brasil se está processando a 
seleção dos incapazes feita pelo ensino secundário; na escola primária, o filho do 
rico, irmanado com o do pobre, são bons e maus alunos, mas como os pobres são 
infinitamente mais numerosos, se tem numerosos alunos maus, tem também 
muitos bem-dotados: digamos: se em 10 ricos há um aluno inteligente, em 90 
pobres haverá 9 alunos iguais a esse rico (...). Vai começar o ensino secundário. 
Mas pobre não pode frequentá-lo; o liceu, o ginásio, o colégio custam caro. As 90 
pobres vão para as fábricas, para a lavoura, para as mãos de obra. Os 10 ricos, 
esses farão exames, esses serão bacharéis, médicos, engenheiros, jornalistas, 
burocratas, políticos, constituirão a elite nacional, (...). Mas como nesses 10, 
apenas 1 é inteligente, essa “elite’ tem apenas 0,1 de capacidade”. 
“De fato, o ensino desceu até onde podia descer: não se fazia mais 
questão de aprender ou de ensinar, porque só duas preocupações existiam, a dos 
pais querendo que os filhos completassem o curso secundário no menor espaço 
de tempo possível e a dos ginásios na ambição mercantil, estabelecendo-se duas 
fórmulas: bacharel quanto antes, dinheiro quanto mais. 
O crescimento do ensino profissional, se, de um lado, pode 
representar o encaminhamento da contradição entre escolarizados e não 
escolarizados, de outro pode representar o surgimento e/ou aprofundamento de 
outra contradição entre formação de “elite” e de “povo”, como foi assinalado 
anteriormente.
Ensino Superior 
A esfera estadual parece ter buscado um maior, e não 
necessariamente melhor, aproveitamento de suas escolas, uma vez que mesmo 
diminuindo o numero de suas escolas e professores, apresentou um aumento de 
matrícula e conclusão de curso. 
Outro dado a destacar é o de que a matrícula no ensino superior 
representava 0,05% da população total do país, que em 1900, era de mais de 17 
milhões de habitantes, isto é, em 2.000 habitantes havia um cursando ensino 
superior. 
O fenômeno do bacharelismo, assinalado quando da discussão do 
ensino secundário já indica o tipo de formação conseguido através do ensino 
superior. 
A única exceção foi a Faculdade de Medicina da Bahia, de 1891 a 
1905, por influência de Nina Rodrigues: esta servia à pesquisa do ensino. 
Por esse motivo a Reforma Carlos Maximiliano (1915) traz a seguinte 
resolução: “O governo Federal, quando achar oportuno reunirá em Universidade a 
Escola Politécnica e de Medicina do Rio de Janeiro, incorporando a elas uma das 
Faculdades Livres de direito”.
Bibliografia 
RIBEIRO, Maria Luísa Santos, História da Educação: Organização 
Escolar. São Paulo, Editora Moraes, 1981, 5ª ed., pág. 75-89.

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5º Período da História da Educação no Brasil

  • 1. Eliangela Ferreira Braz Pimentel Maria Luiza da Silva Nathalia de Araújo Mariano Patrícia Novaes de Araújo Suely Aparecida Marinho do Socorro Vanessa Bonfim Silva RESUMO – 5º PERÍODO: 1894 A 1920 – AINDA O MODELO AGRÁRIO-COMERCIAL-EXPORTADOR DEPENDENTE SÃO PAULO OUTUBRO DE 2014
  • 2. RESUMO – 5º PERÍODO: 1894 A 1920 – AINDA O MODELO AGRÁRIO-COMERCIAL-EXPORTADOR DEPENDENTE Trabalho elaborado para a Disciplina de História da Educação Brasileira como exigência parcial para o 1º semestre do Curso de Pedagogia, Turma “B” sob a orientação do Prof. José Lopes de Oliveira. SÃO PAULO OUTUBRO DE 2014
  • 3. 5º Período 1894 a 1920 Podemos dizer que o período em questão foi marcado primordialmente pela luta contra o florianismo, tendo como principais características básicas da organização escolar o intuito de afastar do poder o componente militar que representava a camada média, utilizando o regime Republicano para conseguir antigos fins. Parecia que só havia uma possibilidade de sair da crise econômica: aliar-se a burguesia internacional e reorganizar-se internamente. A reorganização interna foi conseguida com a “Política dos Governadores”, onde cada Estado federado era entregue à oligarquia regional que dominasse, de forma que essa ficasse com a tarefa de solucionar os problemas desses Estados, inclusive em casos de resistência podia-se fazer uso da força. A política econômica de “valorização” dos produtos agrícolas tinha como produto principal o café, porém essa política econômica era feita com a utilização de capital estrangeiro, e por isso mantinha os lucros nas mãos da burguesia estrangeira e da burguesia “agrário-exportadora” brasileira. Com isso a sociedade brasileira continua a modernizar-se, pagando um preço muito alto, preço esse pago pela população do campo que apesar de ser a produtora das riquezas mantinha-se excluída de quaisquer benefícios por não viver nas cidades. O sucesso do regime era garantido sem maiores problemas através da representação eleitoral manobrada pelo coronelismo e devido às condições de trabalho e isolamento da população rural, este sucesso só passa a ser abalado após a 1ª Guerra Mundial com a intensificação das manifestações urbanas de descontentamento. As várias reformas passadas pela organização escolar revelam a alternância entre a influência humanística clássica e a realista ou científica. O código de Epitácio Pessoa (1901) vem incluir a lógica e retirar a biologia, a sociologia e a moral acentuando a parte literária; enquanto a reforma
  • 4. Rivadária (1911) retoma a orientação positivista ao tentar inspirar um critério pratico, abolindo o diploma, sendo este agora de responsabilidade das Faculdades, enquanto que o ensino secundário seria apenas formador de cidadãos e não o que definiria a aptidão para o nível seguinte. A dependência cultural traduz-se nisto: falta de criatividade e atraso constante e profundo em relação ao centro criador que serve de modelo. O que era visto como solução no antigo modelo passa a mostrar-se como agravante nas situações escolares, o que causou descredito tanto num modelo quanto em outro, pois da mesma forma que nada vale a teoria sem a prática, o contrário também é verdade. O analfabetismo vai se tornando um problema frente ao desenvolvimento em base urbano-comercial a partir da segunda metade do século XIX, devido ser a leitura que integrará o contexto social. A partir daí foram lançadas campanhas que proclamavam a necessidade da difusão da escola primária, fazendo com que alguns passassem a defender não só o fim do analfabetismo, mas também o ensino físico a fim de introduzir a formação patriótica. Ensino Primário O único levantamento estatístico organizado relativo ao Ensino Primário neste período diz respeito ao então Distrito Federal, durante os anos de 1907 a 1912, o que nos permite dizer que as indicações relativas ao âmbito nacional referem-se a cálculos muito gerais. No início da Republica, a melhora não foi apenas quantitativa, uma vez que nasce aí a introdução ao ensino graduado, com o aparecimento das “escolas modelo”. Mas ainda em 1907 a escola primaria mostra-se formada por uma só classe, um só professor, que agrupava vários níveis de adiantamento. É possível notar a insuficiência nas verbas destinadas ao atendimento estudantil o que causaria a impossibilidade de se ter a possibilidade
  • 5. de ensinar bem a muitas pessoas ao mesmo tempo. E com isso o educador ficava num dilema: atender menos e melhor, ou mais e pior. Ensino Médio A restrição dos dados numéricos relativos ao ensino secundário público limita bastante as condições de análise porque, como enfatizam autores que escreveram tanto durante o período como posteriormente, a ampliação mais significativa se deu no ensino particular. Afrânio Peixoto declara, em 1923: “Sobre a formação das elites, (...) no Brasil se está processando a seleção dos incapazes feita pelo ensino secundário; na escola primária, o filho do rico, irmanado com o do pobre, são bons e maus alunos, mas como os pobres são infinitamente mais numerosos, se tem numerosos alunos maus, tem também muitos bem-dotados: digamos: se em 10 ricos há um aluno inteligente, em 90 pobres haverá 9 alunos iguais a esse rico (...). Vai começar o ensino secundário. Mas pobre não pode frequentá-lo; o liceu, o ginásio, o colégio custam caro. As 90 pobres vão para as fábricas, para a lavoura, para as mãos de obra. Os 10 ricos, esses farão exames, esses serão bacharéis, médicos, engenheiros, jornalistas, burocratas, políticos, constituirão a elite nacional, (...). Mas como nesses 10, apenas 1 é inteligente, essa “elite’ tem apenas 0,1 de capacidade”. “De fato, o ensino desceu até onde podia descer: não se fazia mais questão de aprender ou de ensinar, porque só duas preocupações existiam, a dos pais querendo que os filhos completassem o curso secundário no menor espaço de tempo possível e a dos ginásios na ambição mercantil, estabelecendo-se duas fórmulas: bacharel quanto antes, dinheiro quanto mais. O crescimento do ensino profissional, se, de um lado, pode representar o encaminhamento da contradição entre escolarizados e não escolarizados, de outro pode representar o surgimento e/ou aprofundamento de outra contradição entre formação de “elite” e de “povo”, como foi assinalado anteriormente.
  • 6. Ensino Superior A esfera estadual parece ter buscado um maior, e não necessariamente melhor, aproveitamento de suas escolas, uma vez que mesmo diminuindo o numero de suas escolas e professores, apresentou um aumento de matrícula e conclusão de curso. Outro dado a destacar é o de que a matrícula no ensino superior representava 0,05% da população total do país, que em 1900, era de mais de 17 milhões de habitantes, isto é, em 2.000 habitantes havia um cursando ensino superior. O fenômeno do bacharelismo, assinalado quando da discussão do ensino secundário já indica o tipo de formação conseguido através do ensino superior. A única exceção foi a Faculdade de Medicina da Bahia, de 1891 a 1905, por influência de Nina Rodrigues: esta servia à pesquisa do ensino. Por esse motivo a Reforma Carlos Maximiliano (1915) traz a seguinte resolução: “O governo Federal, quando achar oportuno reunirá em Universidade a Escola Politécnica e de Medicina do Rio de Janeiro, incorporando a elas uma das Faculdades Livres de direito”.
  • 7. Bibliografia RIBEIRO, Maria Luísa Santos, História da Educação: Organização Escolar. São Paulo, Editora Moraes, 1981, 5ª ed., pág. 75-89.