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A Argumentação Área de Integração
Módulo 1. Tema 1.3
A Argumentação como forma privilegiada de
comunicação
A discussão é a base da evolução das sociedades democráticas
A Argumentação permite resolver os conflitos sem
recurso à violência
O que é argumentar?
Argumentar é expor de forma encadeada um
conjunto de argumentos (razões) que justificam
uma conclusão.
Por outras palavras, um argumento é um conjunto
de premissas (razões, provas, ideias)
apresentadas para sustentar uma tese ou um
ponto de vista.
A Lógica
Foi Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)
na sua obra Organon, quem fez pela
primeira vez a distinção entre
demonstração e argumentação.
Aristóteles foi o fundador da Lógica,
a ciência que estuda os princípios e
as regras do pensamento coerente.
A palavra 'Lógica' tem origem no
termo grego Lógos, que significa
Razão, discurso racional.
A Lógica divide-se em duas grandes
áreas: a lógica formal e a lógica
informal.
A lógica formal ocupa-se da
demonstração e a informal, da
argumentação.
A Retórica
"A definição de retórica é conhecida: é a arte de bem falar, de
mostrar eloquência diante de um público para defender uma causa.
O carácter argumentativo está presente desde o início: justificamos
uma tese com argumentos, mas o adversário faz o mesmo: neste
caso, a retórica não se distingue em nada da argumentação.
Para os antigos, a retórica englobava tanto a arte de bem falar - ou
eloquência - como o estudo do discurso ou as técnicas de
persuasão até mesmo de manipulação. "
Michel Meyer, Questões de Retórica: Linguagem, Razão e Sedução. Lisboa. Ed.70.1997
Na Antiguidade a Retórica era antes
de mais o discurso do Poder ou dos
que aspiravam a exercê-lo.
"Os oradores, mestres da Retórica,
conhecidos como 'Sofistas', escreve
Chaim Perelman, educavam os seus
discípulos para a vida activa na
cidade: propunham-se formar
homens políticos ponderados,
capazes de intervir de forma eficaz
tanto nas deliberações políticas
como numa acção judicial, aptos, se
necessário, a exaltar os ideais e as
aspirações que deviam inspirar e
orientar a acção do povo."
http://afilosofia.no.sapo.pt/11filosret.htm
A Retórica ganhou uma grande importância em Atenas e nas
cidades que seguiram o seu tipo de governo: a democracia.
Qual a razão para esta valorização da retórica?
O que é que existe nos regimes democráticos que exige o
desenvolvimento a arte de discursar?
Democracia (demos/povo+cracia/governo)
significa: “Governo do Povo”
Atenas foi a primeira comunidade política organizada
sob a forma de um Estado a adoptar a democracia
como forma de governo.
Apesar das muitas imperfeições da
democracia ateniense as decisões
políticas eram tomadas pela assembleia
dos cidadãos (ecclesia), pelo que a
argumentação ganha uma importância
política inegável...
ninguém se conseguiria fazer eleger para cargos
importantes ou conseguiria fazer aprovar
qualquer lei, sem usar o discurso para persuadir
a assembleia a votar nesse sentido...
Nos nossos dias persuasão, principal objectivo da
retórica na antiguidade, materializa-se
principalmente nas áreas da publicidade e da
propaganda política (hoje, em vez de propaganda,
fala-se em marketing político).
A Argumentação em área de integraçaõ.pptx
Neste cartaz de Obama podemos ver com o o
marketing político funciona nos nossos dias: a
imagem sobrepõe-se à palavra, o político é
apresentado como um 'produto' a ser 'vendido' ao
eleitorado...
Demora poucos segundos a captar a mensagem.
Porque o auditório a que se dirige esta mensagem já
está preparado para a receber...
O que interessa não é pôr as pessoas a pensar
sobre as ideias que o candidato defende, mas levá-
las a votar, com base numa persuasão assente nas
emoções relacionadas com a imagem que foi sendo
construída do candidato.
Uma fotografia de Obama vem à partida carregada
de significados que foram 'semeados' na opinião
pública, de acordo com uma campanha planificada
até ao mais ínfimo pormenor, de forma a passar um
conjunto de ideias de força que incutem no auditório
(o eleitorado) a tendência para responder de
determinada forma (votando no candidato, indo aos
comícios, aderindo às suas iniciativas políticas).
Um político é uma mercadoria?
A Argumentação em área de integraçaõ.pptx
A publicidade está presente
em todo o espaço social em
que habitamos.
O nosso ambiente sócio-
cultural está 'marcado' pelas
marcas.
Por todo o lado somos
bombardeados por apelos
ao consumo, ou à adesão a
comportamentos
massificados (o apelo ao
voto funciona da mesma
forma que a publicidade,
digamos, comercial).
A Argumentação em área de integraçaõ.pptx
A Argumentação em área de integraçaõ.pptx
Os Princípios Lógicos da Razão
O pensamento racional, em
todas as suas formas,
obedece a princípios
formais, que lhe garantem a
coerência.
Existem três princípios
lógicos fundamentais: o
princípio da identidade, o
princípio da não-contradição
e o princípio do terceiro
excluído.
O Princípio da Identidade, que na linguagem
da Lógica Clássica se exprime seguinte forma:
- A=A
- Cada ser é igual a si mesmo.
O Princípio da Não-Contradição: - Uma coisa
não pode ser e não ser ao mesmo tempo, de
acordo com a mesma perspectiva. (Uma
proposição não pode ser verdadeira e falsa ao
mesmo tempo, de acordo com a mesma
perspectiva).
O Princípio do Terceiro Excluído: - Uma coisa é
ou não é, não há uma terceira hipótese. (Uma
proposição é verdadeira ou falsa, não há uma
terceira hipótese).
Argumentação e Demonstração
Conforme o tipo de argumentos (razões) de que nos servimos para
justificar uma dada conclusão, podemos estar perante uma
demonstração ou uma argumentação.
No caso da demonstração, as premissas do argumento são
verdadeiras e a partir delas só podemos deduzir uma conclusão
verdadeira.
Exemplo:
Todos os mamíferos têm pulmões
Todas as baleias são mamíferos
Logo, todas as baleias têm pulmões
As premissas que partimos são verdadeiras e também inquestionáveis. A
conclusão só pode ser uma. Negá-la seria entrar em contradição.
Aristóteles designou este tipo raciocínio de analítico.
A demonstração é usada nas ciências exactas como forma de estabelecer
verdades inquestionáveis (evidências).
Contudo, há muitos assuntos em relação aos quais é impossível alcançarmos
conclusões evidentes...
No caso da argumentação as premissas dos argumentos são mais
ou menos prováveis. Muitas pessoas são susceptíveis de serem
convencidas da verdade das conclusões, mas nem todas irão
concordar com esta posição. A conclusão está longe de gerar uma
unanimidade.
Exemplo:
Todos os alunos são estudiosos
João é aluno
Logo, João é estudioso
As premissas de que partimos são muito discutíveis.
A conclusão inferida a partir das premissas, embora
logicamente válida, não obtém a concordância de
todos.
Aristóteles chamou dialético a este tipo de
argumento.
Neste caso o orador não se pode limitar a expor algo que é
admitido como verdadeiro, mas tem que persuadir quem o ouve
da veracidade das suas conclusões.
Orador Auditório
Discurso
Emissor Receptor
Mensagem
A Argumentação em área de integraçaõ.pptx
A Argumentação em área de integraçaõ.pptx
O carácter (ethos) do orador contribui para a
eficácia persuasiva do discurso.
A receptividade (pathos) do auditório
condiciona o discurso
O orador deve conhecer bem o auditório a
quem se dirige...
A estrutura dos argumentos e a sua coerência
são importantes para uma adesão racional do
auditório
Na argumentação a conclusão é mais ou menos plausível; as provas
apresentadas são susceptíveis de múltiplas interpretações, frequentemente
marcadas pela subjectividade de quem argumenta e do contexto em que o
faz.
só se argumenta nas situações em que existem várias respostas possíveis
Daí a importância da liberdade de
expressão
Na demonstração a conclusão é universal, decorrendo de
forma necessária das premissas, e impõe-se desde logo à
consciência como verdadeira; as provas são sem margem de
erro e não estão contaminadas por factores subjectivos ou de
contexto.
A demonstração assume um carácter impessoal. É por isso
que podemos dizer que a mesma foi correta ou
incorretamente feita, dado só se admitir uma única conclusão.
Nem todas as teses podem ser demonstradas
Por exemplo:
Quando há eleições nenhum partido pode
demonstrar que as suas propostas são as
melhores para o país.
A argumentação está sempre presente na nossa
vida...
Praticamente todas as decisões
que tomamos na nossa vida
necessitam de uma ponderação
das suas vantagens e
desvantagens.
Não nos possível fugir à
necessidade de fazer escolhas.
E nada nos garante que, ao
escolher, alcançaremos os
resultados de que estamos à
espera.
Na argumentação não há apenas uma resposta possível
para os problemas: cada tese que defendemos pode ser
refutada através da apresentação de contra-argumentos.
O valor das nossas opiniões (teses) depende das
justificações que apresentamos para as sustentar.
O discurso argumentativo supõe a disponibilidade de duas ou mais
pessoas (interlocutores), para confrontarem, de forma pacífica, os seus
pontos de vista e argumentos.
Fazem-no de um modo que procura cativar a atenção e adesão às suas
ideias por parte de quem os ouve (auditório).
E para que isso possa acontecer o discurso dever ser coerente e
consistente, isto é credível, mas, para além disso, o orador tem que ser
persuasivo, tem que se dirigir ao seu auditório de forma eficaz.
Demonstração
Ciências
Exactas
Lógica
Formal
Matemática
Argumentação
Tribunais
Vida
quotidiana
Ciências
humanas
Política
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A Manipulação
A fronteira entre a persuasão e a
manipulação pode ser muito
ténue....
A argumentação tem uma ética:
Quem visa persuadir um auditório tem que respeitar
os membros desse auditório, tratando-os como iguais
a si.
Quem manipula considera as pessoas a quem se
dirige como intelectualmente inferiores, trata-as como
se não fossem capazes de pensar por si próprias.
Portugal viveu 48 anos em ditadura
De 28 de Maio de 1926 a 25 de Abril de 1974
A Argumentação em área de integraçaõ.pptx
A liberdade de expressão foi
abolida
Os portugueses foram tratados como seres inferiores,
incapazes de escolher livremente o seu futuro...
Muitos foram presos, torturados e
assassinados,
por não terem abdicado do seu direito à
liberdade.
A Argumentação em área de integraçaõ.pptx
Salgueiro Maia, o capitão sem
medo...
A Argumentação em área de integraçaõ.pptx
Podemos dizer que hoje, vivendo em
democracia, estamos livres da manipulação?
Hoje, até que ponto
somos livres?
Na nossa democracia
há manipulação?
Como podemos
resistir à
manipulação?
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  • 1. A Argumentação Área de Integração Módulo 1. Tema 1.3
  • 2. A Argumentação como forma privilegiada de comunicação A discussão é a base da evolução das sociedades democráticas
  • 3. A Argumentação permite resolver os conflitos sem recurso à violência
  • 4. O que é argumentar? Argumentar é expor de forma encadeada um conjunto de argumentos (razões) que justificam uma conclusão. Por outras palavras, um argumento é um conjunto de premissas (razões, provas, ideias) apresentadas para sustentar uma tese ou um ponto de vista.
  • 5. A Lógica Foi Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) na sua obra Organon, quem fez pela primeira vez a distinção entre demonstração e argumentação. Aristóteles foi o fundador da Lógica, a ciência que estuda os princípios e as regras do pensamento coerente. A palavra 'Lógica' tem origem no termo grego Lógos, que significa Razão, discurso racional. A Lógica divide-se em duas grandes áreas: a lógica formal e a lógica informal. A lógica formal ocupa-se da demonstração e a informal, da argumentação.
  • 6. A Retórica "A definição de retórica é conhecida: é a arte de bem falar, de mostrar eloquência diante de um público para defender uma causa. O carácter argumentativo está presente desde o início: justificamos uma tese com argumentos, mas o adversário faz o mesmo: neste caso, a retórica não se distingue em nada da argumentação. Para os antigos, a retórica englobava tanto a arte de bem falar - ou eloquência - como o estudo do discurso ou as técnicas de persuasão até mesmo de manipulação. " Michel Meyer, Questões de Retórica: Linguagem, Razão e Sedução. Lisboa. Ed.70.1997
  • 7. Na Antiguidade a Retórica era antes de mais o discurso do Poder ou dos que aspiravam a exercê-lo. "Os oradores, mestres da Retórica, conhecidos como 'Sofistas', escreve Chaim Perelman, educavam os seus discípulos para a vida activa na cidade: propunham-se formar homens políticos ponderados, capazes de intervir de forma eficaz tanto nas deliberações políticas como numa acção judicial, aptos, se necessário, a exaltar os ideais e as aspirações que deviam inspirar e orientar a acção do povo." http://afilosofia.no.sapo.pt/11filosret.htm
  • 8. A Retórica ganhou uma grande importância em Atenas e nas cidades que seguiram o seu tipo de governo: a democracia. Qual a razão para esta valorização da retórica? O que é que existe nos regimes democráticos que exige o desenvolvimento a arte de discursar?
  • 9. Democracia (demos/povo+cracia/governo) significa: “Governo do Povo” Atenas foi a primeira comunidade política organizada sob a forma de um Estado a adoptar a democracia como forma de governo.
  • 10. Apesar das muitas imperfeições da democracia ateniense as decisões políticas eram tomadas pela assembleia dos cidadãos (ecclesia), pelo que a argumentação ganha uma importância política inegável...
  • 11. ninguém se conseguiria fazer eleger para cargos importantes ou conseguiria fazer aprovar qualquer lei, sem usar o discurso para persuadir a assembleia a votar nesse sentido...
  • 12. Nos nossos dias persuasão, principal objectivo da retórica na antiguidade, materializa-se principalmente nas áreas da publicidade e da propaganda política (hoje, em vez de propaganda, fala-se em marketing político).
  • 14. Neste cartaz de Obama podemos ver com o o marketing político funciona nos nossos dias: a imagem sobrepõe-se à palavra, o político é apresentado como um 'produto' a ser 'vendido' ao eleitorado...
  • 15. Demora poucos segundos a captar a mensagem. Porque o auditório a que se dirige esta mensagem já está preparado para a receber...
  • 16. O que interessa não é pôr as pessoas a pensar sobre as ideias que o candidato defende, mas levá- las a votar, com base numa persuasão assente nas emoções relacionadas com a imagem que foi sendo construída do candidato.
  • 17. Uma fotografia de Obama vem à partida carregada de significados que foram 'semeados' na opinião pública, de acordo com uma campanha planificada até ao mais ínfimo pormenor, de forma a passar um conjunto de ideias de força que incutem no auditório (o eleitorado) a tendência para responder de determinada forma (votando no candidato, indo aos comícios, aderindo às suas iniciativas políticas).
  • 18. Um político é uma mercadoria?
  • 20. A publicidade está presente em todo o espaço social em que habitamos. O nosso ambiente sócio- cultural está 'marcado' pelas marcas. Por todo o lado somos bombardeados por apelos ao consumo, ou à adesão a comportamentos massificados (o apelo ao voto funciona da mesma forma que a publicidade, digamos, comercial).
  • 23. Os Princípios Lógicos da Razão O pensamento racional, em todas as suas formas, obedece a princípios formais, que lhe garantem a coerência. Existem três princípios lógicos fundamentais: o princípio da identidade, o princípio da não-contradição e o princípio do terceiro excluído.
  • 24. O Princípio da Identidade, que na linguagem da Lógica Clássica se exprime seguinte forma: - A=A - Cada ser é igual a si mesmo.
  • 25. O Princípio da Não-Contradição: - Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo, de acordo com a mesma perspectiva. (Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo, de acordo com a mesma perspectiva).
  • 26. O Princípio do Terceiro Excluído: - Uma coisa é ou não é, não há uma terceira hipótese. (Uma proposição é verdadeira ou falsa, não há uma terceira hipótese).
  • 27. Argumentação e Demonstração Conforme o tipo de argumentos (razões) de que nos servimos para justificar uma dada conclusão, podemos estar perante uma demonstração ou uma argumentação.
  • 28. No caso da demonstração, as premissas do argumento são verdadeiras e a partir delas só podemos deduzir uma conclusão verdadeira. Exemplo: Todos os mamíferos têm pulmões Todas as baleias são mamíferos Logo, todas as baleias têm pulmões
  • 29. As premissas que partimos são verdadeiras e também inquestionáveis. A conclusão só pode ser uma. Negá-la seria entrar em contradição. Aristóteles designou este tipo raciocínio de analítico. A demonstração é usada nas ciências exactas como forma de estabelecer verdades inquestionáveis (evidências). Contudo, há muitos assuntos em relação aos quais é impossível alcançarmos conclusões evidentes...
  • 30. No caso da argumentação as premissas dos argumentos são mais ou menos prováveis. Muitas pessoas são susceptíveis de serem convencidas da verdade das conclusões, mas nem todas irão concordar com esta posição. A conclusão está longe de gerar uma unanimidade. Exemplo: Todos os alunos são estudiosos João é aluno Logo, João é estudioso
  • 31. As premissas de que partimos são muito discutíveis. A conclusão inferida a partir das premissas, embora logicamente válida, não obtém a concordância de todos. Aristóteles chamou dialético a este tipo de argumento.
  • 32. Neste caso o orador não se pode limitar a expor algo que é admitido como verdadeiro, mas tem que persuadir quem o ouve da veracidade das suas conclusões. Orador Auditório Discurso Emissor Receptor Mensagem
  • 35. O carácter (ethos) do orador contribui para a eficácia persuasiva do discurso.
  • 36. A receptividade (pathos) do auditório condiciona o discurso O orador deve conhecer bem o auditório a quem se dirige...
  • 37. A estrutura dos argumentos e a sua coerência são importantes para uma adesão racional do auditório
  • 38. Na argumentação a conclusão é mais ou menos plausível; as provas apresentadas são susceptíveis de múltiplas interpretações, frequentemente marcadas pela subjectividade de quem argumenta e do contexto em que o faz. só se argumenta nas situações em que existem várias respostas possíveis Daí a importância da liberdade de expressão
  • 39. Na demonstração a conclusão é universal, decorrendo de forma necessária das premissas, e impõe-se desde logo à consciência como verdadeira; as provas são sem margem de erro e não estão contaminadas por factores subjectivos ou de contexto. A demonstração assume um carácter impessoal. É por isso que podemos dizer que a mesma foi correta ou incorretamente feita, dado só se admitir uma única conclusão. Nem todas as teses podem ser demonstradas Por exemplo: Quando há eleições nenhum partido pode demonstrar que as suas propostas são as melhores para o país.
  • 40. A argumentação está sempre presente na nossa vida... Praticamente todas as decisões que tomamos na nossa vida necessitam de uma ponderação das suas vantagens e desvantagens. Não nos possível fugir à necessidade de fazer escolhas. E nada nos garante que, ao escolher, alcançaremos os resultados de que estamos à espera.
  • 41. Na argumentação não há apenas uma resposta possível para os problemas: cada tese que defendemos pode ser refutada através da apresentação de contra-argumentos. O valor das nossas opiniões (teses) depende das justificações que apresentamos para as sustentar.
  • 42. O discurso argumentativo supõe a disponibilidade de duas ou mais pessoas (interlocutores), para confrontarem, de forma pacífica, os seus pontos de vista e argumentos. Fazem-no de um modo que procura cativar a atenção e adesão às suas ideias por parte de quem os ouve (auditório). E para que isso possa acontecer o discurso dever ser coerente e consistente, isto é credível, mas, para além disso, o orador tem que ser persuasivo, tem que se dirigir ao seu auditório de forma eficaz.
  • 45. A Manipulação A fronteira entre a persuasão e a manipulação pode ser muito ténue....
  • 46. A argumentação tem uma ética: Quem visa persuadir um auditório tem que respeitar os membros desse auditório, tratando-os como iguais a si. Quem manipula considera as pessoas a quem se dirige como intelectualmente inferiores, trata-as como se não fossem capazes de pensar por si próprias.
  • 47. Portugal viveu 48 anos em ditadura De 28 de Maio de 1926 a 25 de Abril de 1974
  • 49. A liberdade de expressão foi abolida
  • 50. Os portugueses foram tratados como seres inferiores, incapazes de escolher livremente o seu futuro...
  • 51. Muitos foram presos, torturados e assassinados, por não terem abdicado do seu direito à liberdade.
  • 53. Salgueiro Maia, o capitão sem medo...
  • 55. Podemos dizer que hoje, vivendo em democracia, estamos livres da manipulação?
  • 56. Hoje, até que ponto somos livres? Na nossa democracia há manipulação? Como podemos resistir à manipulação?