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                                          SUMÁRIO




1. INTRODUÇÃO........................................................................................01
2. QUADRO TEÓRICO...............................................................................02
3. ABORDAGEM DA PERSPECTIVA DICOTÔMICA...............................04
4. DISTRIBUIÇÃO DO CONTEÚDO NO CAPÍTULO................................05
5. ATIVIDADES PROPOSTAS...................................................................06
6. CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA DO AUTOR...............07
7. CONCLUSÃO.........................................................................................08
2


   8. INTRODUÇÃO




      Este trabalho tem natureza pesquisadora, tendo em vista que se trata de
uma análise acerca dos conteúdos referentes à fala e escrita, sendo abordado
e trabalhado no Capítulo I- “Linguagem- Socialização e enuciação” do livro
didático de Português do Ensino Médio- Volume 1, do autor José de Nicola. A
análise está fundamentada na perspectiva dicotômica, trabalhada nos
subsídios teóricos de Luiz Marcuschi, no material de estudo colhido para
seguimento deste trabalho.

      O intuito de analisar o livro didático citado é investigar os pontos críticos
no que se refere à abordagem do tema: “fala e escrita”, posta nos conteúdos e
atividades propostas, através dos subsídios teóricos que fomentem as
informações detectadas e colhidas como pontos a serem refletidos.             Esse
interesse se despertou a partir do entendimento, pelo qual diz que, os Livros
Didáticos de Língua Portuguesa (doravante LDLP), a partir da implantação,
pelo MEC, do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), passaram a ser
objeto de estudo crescente por parte de teóricos da área, que refletem sobre
sua estrutura, organização, metodologia educacional e fundamentação para o
efetivo ensino da Língua Portuguesa.

      (MARCUSCHI, 2002), aliados a uma visão sociointeracionista da
linguagem, trouxeram uma modificação nas posturas oficiais sobre o ensino.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (doravante PCNs, 1998) incorporaram
grande parte desses novos conceitos, propondo novos tipos de trabalho na
disciplina de Língua Portuguesa, incluindo-se, aí, a oralidade e a escrita.

      Em virtude do que foi explanado, este trabalho se justifica, porque o livro
didático é, muitas vezes, o único material de que o professor dispõe na sala de
aula ou até fora dela, para preparar seus cursos, exercícios, provas (RANGEL,
2005), o que torna o fato de o LDLP não ser adequado ainda mais grave. Além
do mais, muitos alunos (talvez a grande maioria) só possuem o LDLP como
material de leitura e estudo, tornando o papel do livro ainda mais importante
3


para um bom desempenho no processo ensino/aprendizagem do uso efetivo da
Língua Portuguesa. Isso leva ao questionamento sobre a qualidade das
propostas de Produção de Texto abordadas nos LDLP.

      Dentro desse contexto introduzido, são considerando as diferentes
visões, sendo elas Dicotômica, Variacionista e Sociointeracionista, nos
entendimento dos conteúdos do capítulo, tendo como objetivo apresentar as
características linguísticas, apresentar a forma como essas diferentes
perspectivas vem sendo trabalhadas no Ensino Médio, sobretudo, dando
ênfase a perspectiva dicotômica no contexto da oralidade e escrita/fala e
escrita, considerando que essa perspectiva apresenta maior interesse na
abordagem dos conteúdos do capítulo e consequentemente das atividades
propostas.

      Este trabalho seguirá focando na ideia dicotômica de MARCUSCHI, em
que o mesmo diz que “é essa perspectiva dicotômica que divide a língua falada
e língua escrita em dois blocos distintos”. MARCUSCHI fala das questões de
diferenças entre a língua falada e escrita, segundo uma perspectiva dicotômica.

       Portanto, este trabalho pauta-se na importância e necessidade de uma
análise mais ampla da fala e escrita, que serve como estímulo para os estudos,
uma vez que a fala e escrita, ocupa um patamar alto em elação a outras áreas
de ensino da língua.




   9. QUADRO TEÓRICO



      Dentro das três perspectivas de MARCUSCHI, sendo elas: dicotômica,
variacionista e sociointeracionista é possível analisar as relações entre
língua falada e língua escrita centrando-se nos conteúdos propostos no
capítulo do livro didático trabalhado, considerando ainda a produção discursiva
em seu todo como contextualização da prática nos assuntos de produção da
oralidade e escrita, ou seja, os usos e as formas de serem trabalhadas com os
alunos. Para isso propõe identifica a dicotomia que permeia esses dois pontos-
fala e escrita, postulando uma perspectiva que atribui à visão dicotômica.
4


   Segue um breve quadro teórico apresentando definições breves dessas três
perspectivas:




PERSPECTIVA                   A PERSPECTIVA                  A PERSPECTIVA
DICOTÔMICA                    VARIOCIONISTA                  SOCIOINTERACIONISTA




Distinguir a relação entre “trata do papel da escrita e      “Percebe a língua “como
fala e escrita. Separando da fala sob o ponto de vista fenômeno          interativo      e
língua falada e escrita, dos                     processos dinâmico, voltado para as
sendo que estas são educacionais                  e      faz atividades dialógicas que
predominantemente,            propostas    específicas    a marcam as características
para fins de estudo da respeito do tratamento da mais salientes da fala, tais
linguagem,         apresenta variação entre padrão e como             estratégias       de
diferenças,       tendo   em não-padrão lingüístico nos formulação em tempo real”
vista que divergem na contextos de ensino formal, (p. 33).
sua      maneira          de não fazendo distinção entre
aquisição     e    como   se fala e escrita” (p. 31).
articula sua estrutura.




       É a partir desses conceitos, que se pode ter uma base da grande
importância que se tem em reconhecer a integração expressiva que a oralidade
e a escrita possuem, estando inseridas em tais conceitos propriedades formais
(fala, que diz respeito ao modo como os falantes falam), propriedades da
escrita (como a coerência, abordando como as ideias e relações subjacentes
estão relacionadas em um determinado texto).
5


   10. ABORDAGEM DA PERSPECTIVA DICOTÔMICA




       No capítulo analisado: “Linguagem – Socialização e enuciação” foi
observado os critérios ou não dados pelo autor no que se refere o uso da
perspectiva dicotômica, analisando cada inserção desta, na acentuação de
conteúdos propostos. Assim sendo, em primeiro passo, considerou-se
importante destacar que há uma ausência de elementos mais planificados no
conteúdo proposto pelo autor José Nicola, conteúdos estes, que deveriam dar
maior ênfase ao uso e importância da língua, pois como estudado na
perspectiva dicotômica, o que determina a variação linguística em todas as
manifestações são os usos que faz da língua. São as formas linguísticas que
se igualam aos usos e não o contrário, e também atentar para a capacidade
linguística do falante.

        Mas segundo Marcuschi (2002) “há várias tendências de tratamento da
relação entre fala e escrita”. Isso significa que José de Nicola, poderia ter se
debruçado mais sobre a perspectiva dicotômica para melhor elucidar suas
propostas de conteúdo.

        Segundo ele, a tendência dos estudos que se ocupam das relações
fala e escrita, seriam quatro, a saber: As dicotomias estritas que “se dedica à
análise das relações entre as duas modalidades de uso da língua (fala versus
escrita) voltada para o código” e que propõe “uma única norma lingüística tida
como padrão, representada na norma culta” (p. 27). Nesta dicotomia a fala
seria considerada como “o lugar do erro e do caos gramatical” (p. 28). A fala
versus escrita apresenta:


                              Quadro 1: Dicotomias estritas
        fala                versus             escrita
        contextualizada                        descontextualizada
        dependente                             autônoma
        implícita                              explícita
        redundante                             condensada
6


        não-planejada                           planejada
        imprecisa                               precisa
        não-normatizada                         normatizada
        fragmentada                             completa (p. 27)



      Ainda é possível detectar que a forma como o conteúdo foi elucidado
não transmite total segurança, a começar pelo título do capítulo, sabendo que a
proposta é de trabalhar Fala e Escrita, que como já mencionado, sabe-se que
são as constituintes da maior e mais importante unidade de um grupo
lingüístico. No entanto, o autor se confunde ao demarcar um dos tópicos do
conteúdo com a intitulação de: “escrita e oralidade” quando na verdade não era
essa a intenção inicial, o que fez com que deixasse um tanto confuso a ideia do
capítulo e suas respectivas elucidações.




   11. DISTRIBUIÇÃO DO CONTEÚDO NO CAPÍTULO




      A princípio o autor apresenta no capítulo uma tirinha propondo uma
interpretação por parte do leitor para mais na frente entrar no tópico:
“linguagem e socialização”. A partir dessas primeiras análises já se pode
perceber a forma resumida como o autor discute o assunto. E o que chama
mais atenção é o fato do assunto referente à interpretação textual requerer
uma base maior da fala e escrita, para que assim o leitor possa atribuir o seu
conhecimento ao conhecimento teórico, o qual o autor não menciona antes de
dá início as atividades pré-iniciais do capítulo. A tirinha está conexa ao tópico,
porém, não está elucidada de maneira detalhada obedecendo ao objetivo do
tema inicial do capítulo. Ou seja, o autor poderia ter introduzido conduzindo o
leitor a um conhecimento prévio do que iria tratar antes de lançar a tirinha.

      Não somente esta primeira parte, mas no decorrer do livro, percebe-se
uma maneira muito sucinta de tratar do assunto: “fala e escrita” por parte do
autor. José Nicola, não obedece às regras de roteiro, lançando à mente do
7


leitor rápidas ideias, resumidas e não especificadas. Especificar os tópicos com
mais detalhes seria importante, porque estaria abrindo mais espaço para
discussão do professor e aluno acerca do letramento, da fala, escrita e
oralidade. Todos esses pontos dariam importância maior à temática proposta,
caso fosse mais trabalhados a fundo nos critérios adotados pela teoria da
perspectiva dicotômica em função dos estudos de MARCUSCHI.

      De modo geral, pode-se dizer que não há uma interação devidamente
precisa de modo a produzir outros meios de trabalhar o conteúdo, não se
limitando apenas ao que foi proposto.




   12. ATIVIDADES PROPOSTAS




      As atividades propostas se encontram já no final do capítulo,
apresentando aspectos voltados para alunos vestibulando, deixando a desejar
no conteúdo em uso, porque não há muito esforço, nem criatividade nas
questões, sendo elas todas de vestibulares, exceto a primeira atividade. Ao
todo, são duas atividades. A primeira apresenta questões discursivas, contudo
possui apenas 3 questões. A segunda apresenta questões de objetivas.

      Através dessa observação percebe que essas atividades são propostas
apenas com intuito de levar o aluno a fazer interpretações pautadas na
metodologia usada nas questões dos vestibulares. José de Nicola conectou o
assunto às questões, em termos de assunto tratado, mas não as metodologias
para fusão de ambas as propostas- conteúdo/atividades.

      Entende-se que as atividades de um livro didático devem ser tidas como
uma forma de reforçar e exercitar o que foi estudado, mas na elaboração delas,
nem sempre é dado prioridade a estas questões. Como exemplo, esse
capítulo, que é puramente fora do contexto extenso do assunto.

      Um aluno sem base nenhuma de fala e escrita poderia sentir-se perdido
após ler o capítulo e passar para as seguintes atividades finais, tendo em vista
que o autor deixa a desejar quando não abre o espaço necessário para
8


discussão do assunto, apenas lança questões objetivas diante de um assunto
que poderia ser tratado com mais especificidades, por ser um assunto amplo e
importante para contribuir com a formação linguística do aluno. Conclui-se
assim, que tanto o assunto é objetivo demais, quanto às questões que são
meras imitações de questões de vestibulares.




   13. CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA DO AUTOR




      Jose de Nicola, apesar de ter um nome renomado no contexto o qual
está inserido no meio da educação, deixou um pouco a desejar na edição deste
capítulo, quando no desenvolvimento deste, adotou métodos muitos sucintos
para tratar de um assunto extenso e muito importante.

      A metodologia não é muito proveitosa na prática da sala de aula, porque
como já citado, o conteúdo deste capítulo trabalhado tem um sentindo imenso,
porém, não têm especificidades, detalhes que fariam toda a diferença na
atuação didática do professor e no entendimento do aluno.

      O autor discorre apenas de noções básicas da fala e escrita, não
fazendo menção como deveria, ao título do capítulo, que envolve três pontos,
sendo eles, a linguagem, a socialização e a enuciação. O interessante seria
que para cada ponto, o autor usasse técnicas mais fundamentadas de
exposição da temática, aumentando a quantidade de informações e exemplos;
diminuindo as imagens desnecessárias em algumas partes do capítulo, como
por exemplo, as imagens da página 130.

      Em visão ampla o autor acompanha a mesma metodologia que muitos
outros autores seguem ao elaborar o manual didático, sobretudo, quando o
assunto se refere à linguagem. Geralmente são sempre repetitivos em suas
metodologias.
9


   14. CONCLUSÃO




      Mediante as principais considerações feitas acerca do tema, foi possível
perceber a extensão e complexidade que se tem um único capítulo pegando
um processo de desenvolvimento metodológico até a interpretação do leitor.
Dessa forma, o capítulo trabalhado se mostrou um tanto deficiente no sentido
de abrangência do assunto proposto: fala e escrita.

      Não se pode deixar de considerar que a fala e escrita são as
constituintes da maior e mais importante unidade de um grupo linguístico, a sua
língua. É somente com a completa coerência entre elas que é possível que se
alcance o sucesso comunicativo entre quem fala e quem escreve.

      Ambos os casos possuem uma relação fundamental, estas pelas quais
nunca cogita a hipótese de que a sociedade atual pudesse evoluir moral e
cientificamente com a ausência de uma delas. Embora sejam separadas em
suas distinções e aplicações diferentes, o que predomina é a ligação maior
entre locutor e interlocutor, responsável pela pujança da comunicação.

      Tomando este comentário como base, compreende-se que há uma
necessidade muito grande em melhorar a avaliação e escolas dos livros
didáticos, sobretudo para o ensino médio, sobretudo para os temas da
linguagem, que são extremamente importantes nas relações sócias e no que
as constitui: a comunicação. Assim sendo, livro didático é a base, e por ser a
base, deve estar bem fomentada para conseguir preencher todas as lacunas e
desmistificar mitos existentes no contexto da fala e da escrita na língua
portuguesa.
10


REFERÊNCIAS:




MARCUSCHI, Luiz A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 6ª
ed. São Paulo: Cortez, 2005;




NICOLA, Jose de. Linguagem, Socialização e enunciação. Ensino Médio.
V.1. São Paulo: scipione, 2011.

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Análise de livro didático língua portuguesa

  • 1. 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................01 2. QUADRO TEÓRICO...............................................................................02 3. ABORDAGEM DA PERSPECTIVA DICOTÔMICA...............................04 4. DISTRIBUIÇÃO DO CONTEÚDO NO CAPÍTULO................................05 5. ATIVIDADES PROPOSTAS...................................................................06 6. CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA DO AUTOR...............07 7. CONCLUSÃO.........................................................................................08
  • 2. 2 8. INTRODUÇÃO Este trabalho tem natureza pesquisadora, tendo em vista que se trata de uma análise acerca dos conteúdos referentes à fala e escrita, sendo abordado e trabalhado no Capítulo I- “Linguagem- Socialização e enuciação” do livro didático de Português do Ensino Médio- Volume 1, do autor José de Nicola. A análise está fundamentada na perspectiva dicotômica, trabalhada nos subsídios teóricos de Luiz Marcuschi, no material de estudo colhido para seguimento deste trabalho. O intuito de analisar o livro didático citado é investigar os pontos críticos no que se refere à abordagem do tema: “fala e escrita”, posta nos conteúdos e atividades propostas, através dos subsídios teóricos que fomentem as informações detectadas e colhidas como pontos a serem refletidos. Esse interesse se despertou a partir do entendimento, pelo qual diz que, os Livros Didáticos de Língua Portuguesa (doravante LDLP), a partir da implantação, pelo MEC, do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), passaram a ser objeto de estudo crescente por parte de teóricos da área, que refletem sobre sua estrutura, organização, metodologia educacional e fundamentação para o efetivo ensino da Língua Portuguesa. (MARCUSCHI, 2002), aliados a uma visão sociointeracionista da linguagem, trouxeram uma modificação nas posturas oficiais sobre o ensino. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (doravante PCNs, 1998) incorporaram grande parte desses novos conceitos, propondo novos tipos de trabalho na disciplina de Língua Portuguesa, incluindo-se, aí, a oralidade e a escrita. Em virtude do que foi explanado, este trabalho se justifica, porque o livro didático é, muitas vezes, o único material de que o professor dispõe na sala de aula ou até fora dela, para preparar seus cursos, exercícios, provas (RANGEL, 2005), o que torna o fato de o LDLP não ser adequado ainda mais grave. Além do mais, muitos alunos (talvez a grande maioria) só possuem o LDLP como material de leitura e estudo, tornando o papel do livro ainda mais importante
  • 3. 3 para um bom desempenho no processo ensino/aprendizagem do uso efetivo da Língua Portuguesa. Isso leva ao questionamento sobre a qualidade das propostas de Produção de Texto abordadas nos LDLP. Dentro desse contexto introduzido, são considerando as diferentes visões, sendo elas Dicotômica, Variacionista e Sociointeracionista, nos entendimento dos conteúdos do capítulo, tendo como objetivo apresentar as características linguísticas, apresentar a forma como essas diferentes perspectivas vem sendo trabalhadas no Ensino Médio, sobretudo, dando ênfase a perspectiva dicotômica no contexto da oralidade e escrita/fala e escrita, considerando que essa perspectiva apresenta maior interesse na abordagem dos conteúdos do capítulo e consequentemente das atividades propostas. Este trabalho seguirá focando na ideia dicotômica de MARCUSCHI, em que o mesmo diz que “é essa perspectiva dicotômica que divide a língua falada e língua escrita em dois blocos distintos”. MARCUSCHI fala das questões de diferenças entre a língua falada e escrita, segundo uma perspectiva dicotômica. Portanto, este trabalho pauta-se na importância e necessidade de uma análise mais ampla da fala e escrita, que serve como estímulo para os estudos, uma vez que a fala e escrita, ocupa um patamar alto em elação a outras áreas de ensino da língua. 9. QUADRO TEÓRICO Dentro das três perspectivas de MARCUSCHI, sendo elas: dicotômica, variacionista e sociointeracionista é possível analisar as relações entre língua falada e língua escrita centrando-se nos conteúdos propostos no capítulo do livro didático trabalhado, considerando ainda a produção discursiva em seu todo como contextualização da prática nos assuntos de produção da oralidade e escrita, ou seja, os usos e as formas de serem trabalhadas com os alunos. Para isso propõe identifica a dicotomia que permeia esses dois pontos- fala e escrita, postulando uma perspectiva que atribui à visão dicotômica.
  • 4. 4 Segue um breve quadro teórico apresentando definições breves dessas três perspectivas: PERSPECTIVA A PERSPECTIVA A PERSPECTIVA DICOTÔMICA VARIOCIONISTA SOCIOINTERACIONISTA Distinguir a relação entre “trata do papel da escrita e “Percebe a língua “como fala e escrita. Separando da fala sob o ponto de vista fenômeno interativo e língua falada e escrita, dos processos dinâmico, voltado para as sendo que estas são educacionais e faz atividades dialógicas que predominantemente, propostas específicas a marcam as características para fins de estudo da respeito do tratamento da mais salientes da fala, tais linguagem, apresenta variação entre padrão e como estratégias de diferenças, tendo em não-padrão lingüístico nos formulação em tempo real” vista que divergem na contextos de ensino formal, (p. 33). sua maneira de não fazendo distinção entre aquisição e como se fala e escrita” (p. 31). articula sua estrutura. É a partir desses conceitos, que se pode ter uma base da grande importância que se tem em reconhecer a integração expressiva que a oralidade e a escrita possuem, estando inseridas em tais conceitos propriedades formais (fala, que diz respeito ao modo como os falantes falam), propriedades da escrita (como a coerência, abordando como as ideias e relações subjacentes estão relacionadas em um determinado texto).
  • 5. 5 10. ABORDAGEM DA PERSPECTIVA DICOTÔMICA No capítulo analisado: “Linguagem – Socialização e enuciação” foi observado os critérios ou não dados pelo autor no que se refere o uso da perspectiva dicotômica, analisando cada inserção desta, na acentuação de conteúdos propostos. Assim sendo, em primeiro passo, considerou-se importante destacar que há uma ausência de elementos mais planificados no conteúdo proposto pelo autor José Nicola, conteúdos estes, que deveriam dar maior ênfase ao uso e importância da língua, pois como estudado na perspectiva dicotômica, o que determina a variação linguística em todas as manifestações são os usos que faz da língua. São as formas linguísticas que se igualam aos usos e não o contrário, e também atentar para a capacidade linguística do falante. Mas segundo Marcuschi (2002) “há várias tendências de tratamento da relação entre fala e escrita”. Isso significa que José de Nicola, poderia ter se debruçado mais sobre a perspectiva dicotômica para melhor elucidar suas propostas de conteúdo. Segundo ele, a tendência dos estudos que se ocupam das relações fala e escrita, seriam quatro, a saber: As dicotomias estritas que “se dedica à análise das relações entre as duas modalidades de uso da língua (fala versus escrita) voltada para o código” e que propõe “uma única norma lingüística tida como padrão, representada na norma culta” (p. 27). Nesta dicotomia a fala seria considerada como “o lugar do erro e do caos gramatical” (p. 28). A fala versus escrita apresenta: Quadro 1: Dicotomias estritas fala versus escrita contextualizada descontextualizada dependente autônoma implícita explícita redundante condensada
  • 6. 6 não-planejada planejada imprecisa precisa não-normatizada normatizada fragmentada completa (p. 27) Ainda é possível detectar que a forma como o conteúdo foi elucidado não transmite total segurança, a começar pelo título do capítulo, sabendo que a proposta é de trabalhar Fala e Escrita, que como já mencionado, sabe-se que são as constituintes da maior e mais importante unidade de um grupo lingüístico. No entanto, o autor se confunde ao demarcar um dos tópicos do conteúdo com a intitulação de: “escrita e oralidade” quando na verdade não era essa a intenção inicial, o que fez com que deixasse um tanto confuso a ideia do capítulo e suas respectivas elucidações. 11. DISTRIBUIÇÃO DO CONTEÚDO NO CAPÍTULO A princípio o autor apresenta no capítulo uma tirinha propondo uma interpretação por parte do leitor para mais na frente entrar no tópico: “linguagem e socialização”. A partir dessas primeiras análises já se pode perceber a forma resumida como o autor discute o assunto. E o que chama mais atenção é o fato do assunto referente à interpretação textual requerer uma base maior da fala e escrita, para que assim o leitor possa atribuir o seu conhecimento ao conhecimento teórico, o qual o autor não menciona antes de dá início as atividades pré-iniciais do capítulo. A tirinha está conexa ao tópico, porém, não está elucidada de maneira detalhada obedecendo ao objetivo do tema inicial do capítulo. Ou seja, o autor poderia ter introduzido conduzindo o leitor a um conhecimento prévio do que iria tratar antes de lançar a tirinha. Não somente esta primeira parte, mas no decorrer do livro, percebe-se uma maneira muito sucinta de tratar do assunto: “fala e escrita” por parte do autor. José Nicola, não obedece às regras de roteiro, lançando à mente do
  • 7. 7 leitor rápidas ideias, resumidas e não especificadas. Especificar os tópicos com mais detalhes seria importante, porque estaria abrindo mais espaço para discussão do professor e aluno acerca do letramento, da fala, escrita e oralidade. Todos esses pontos dariam importância maior à temática proposta, caso fosse mais trabalhados a fundo nos critérios adotados pela teoria da perspectiva dicotômica em função dos estudos de MARCUSCHI. De modo geral, pode-se dizer que não há uma interação devidamente precisa de modo a produzir outros meios de trabalhar o conteúdo, não se limitando apenas ao que foi proposto. 12. ATIVIDADES PROPOSTAS As atividades propostas se encontram já no final do capítulo, apresentando aspectos voltados para alunos vestibulando, deixando a desejar no conteúdo em uso, porque não há muito esforço, nem criatividade nas questões, sendo elas todas de vestibulares, exceto a primeira atividade. Ao todo, são duas atividades. A primeira apresenta questões discursivas, contudo possui apenas 3 questões. A segunda apresenta questões de objetivas. Através dessa observação percebe que essas atividades são propostas apenas com intuito de levar o aluno a fazer interpretações pautadas na metodologia usada nas questões dos vestibulares. José de Nicola conectou o assunto às questões, em termos de assunto tratado, mas não as metodologias para fusão de ambas as propostas- conteúdo/atividades. Entende-se que as atividades de um livro didático devem ser tidas como uma forma de reforçar e exercitar o que foi estudado, mas na elaboração delas, nem sempre é dado prioridade a estas questões. Como exemplo, esse capítulo, que é puramente fora do contexto extenso do assunto. Um aluno sem base nenhuma de fala e escrita poderia sentir-se perdido após ler o capítulo e passar para as seguintes atividades finais, tendo em vista que o autor deixa a desejar quando não abre o espaço necessário para
  • 8. 8 discussão do assunto, apenas lança questões objetivas diante de um assunto que poderia ser tratado com mais especificidades, por ser um assunto amplo e importante para contribuir com a formação linguística do aluno. Conclui-se assim, que tanto o assunto é objetivo demais, quanto às questões que são meras imitações de questões de vestibulares. 13. CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA DO AUTOR Jose de Nicola, apesar de ter um nome renomado no contexto o qual está inserido no meio da educação, deixou um pouco a desejar na edição deste capítulo, quando no desenvolvimento deste, adotou métodos muitos sucintos para tratar de um assunto extenso e muito importante. A metodologia não é muito proveitosa na prática da sala de aula, porque como já citado, o conteúdo deste capítulo trabalhado tem um sentindo imenso, porém, não têm especificidades, detalhes que fariam toda a diferença na atuação didática do professor e no entendimento do aluno. O autor discorre apenas de noções básicas da fala e escrita, não fazendo menção como deveria, ao título do capítulo, que envolve três pontos, sendo eles, a linguagem, a socialização e a enuciação. O interessante seria que para cada ponto, o autor usasse técnicas mais fundamentadas de exposição da temática, aumentando a quantidade de informações e exemplos; diminuindo as imagens desnecessárias em algumas partes do capítulo, como por exemplo, as imagens da página 130. Em visão ampla o autor acompanha a mesma metodologia que muitos outros autores seguem ao elaborar o manual didático, sobretudo, quando o assunto se refere à linguagem. Geralmente são sempre repetitivos em suas metodologias.
  • 9. 9 14. CONCLUSÃO Mediante as principais considerações feitas acerca do tema, foi possível perceber a extensão e complexidade que se tem um único capítulo pegando um processo de desenvolvimento metodológico até a interpretação do leitor. Dessa forma, o capítulo trabalhado se mostrou um tanto deficiente no sentido de abrangência do assunto proposto: fala e escrita. Não se pode deixar de considerar que a fala e escrita são as constituintes da maior e mais importante unidade de um grupo linguístico, a sua língua. É somente com a completa coerência entre elas que é possível que se alcance o sucesso comunicativo entre quem fala e quem escreve. Ambos os casos possuem uma relação fundamental, estas pelas quais nunca cogita a hipótese de que a sociedade atual pudesse evoluir moral e cientificamente com a ausência de uma delas. Embora sejam separadas em suas distinções e aplicações diferentes, o que predomina é a ligação maior entre locutor e interlocutor, responsável pela pujança da comunicação. Tomando este comentário como base, compreende-se que há uma necessidade muito grande em melhorar a avaliação e escolas dos livros didáticos, sobretudo para o ensino médio, sobretudo para os temas da linguagem, que são extremamente importantes nas relações sócias e no que as constitui: a comunicação. Assim sendo, livro didático é a base, e por ser a base, deve estar bem fomentada para conseguir preencher todas as lacunas e desmistificar mitos existentes no contexto da fala e da escrita na língua portuguesa.
  • 10. 10 REFERÊNCIAS: MARCUSCHI, Luiz A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2005; NICOLA, Jose de. Linguagem, Socialização e enunciação. Ensino Médio. V.1. São Paulo: scipione, 2011.