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Teorias da Comunicação
A Globalização da Comunicação
Armand Mattelart
Prof. Ms. Elizeu Silva
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Armand Mattelart é um sociólogo belga radicado
na França, especializado no estudo da
comunicação internacional. Como ensaísta, é
autor de inúmeras obras dedicadas ao estudo da
mídia, da cultura de massa e da indústria cultural,
além das tecnologias de comunicação,
especialmente em sua dimensão histórica e
internacional.
Armand Mattelart.
Jodoine, Bélgica, 1936
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Em 1962, começou a carreira acadêmica na Escola de
Sociologia da Universidade Católica do Chile, em Santiago.
Permaneceu lá até sua extradição, em 1973, pela ditadura do
general Augusto Pinochet. Paralelamente às suas atividades
universitárias, trabalhou como especialista em desenvolvimento
social no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) e na Organização para a Alimentação e a Agricultura
(FAO).
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Dedica seus estudos aos processos de internacionalização da
comunicação desde a implantação de estradas transnacionais e
do processo de eletrificação da Europa até à globalização
contemporânea.
Adota como perspectiva a atuação dos conglomerados
econômicos no campo da comunicação, seus interesses e
impactos sobre a cultura, sobre os estados nacionais e sobre as
relações sociais.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Uma preocupação comum ocupa cientistas e técnicos
governamentais da Europa e dos países periféricos: a
monopolização da informação pelos bancos de dados
administrados por grandes empresas norte-americanas (como
ATT, IBM etc).
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
“O saber, advertem eles, terminará sendo modelado, como
sempre aconteceu, sobre os estoques de informações. Deixar a
outros, ou seja, aos bancos de dados americanos, a tarefa de
organizar essa “memória coletiva”, tornando-se simples cliente
seu, equivale a aceitar a alienação cultural; a formação de
bancos de dados constitui, portanto, um imperativo da soberania
nacional.”
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Contudo, predomina a visão inspirada nos canadenses McLuhan
e Quentin Fiore, segundo a qual, graças ao poder da televisão de
mobilizar o sentido das audiências, o advento da “aldeia
global”, a comunidade que se reencontra na tela da TV está a
caminho de reduzir a zero as ameaças de guerra, de acabar com
a divisão entre militares e civis, e de “fazer progredir a grandes
passos todos os territórios não industrializados, como a China,
Índia e África”.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Já Peter Drucker, teórico da administração, acredita ver na nova
fase da integração econômica mundial a entrada definitiva na era do
global shopping center e da global factory, apontando como
exemplo as redes de produção da IBM.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Zbigniew Brzezinski, americano-polonês e conselheiro do
presidente Carter para assuntos de segurança nacional vê na
globalização da comunicação o surgimento da ideia de “cidade
global”, pois o indivíduo está arriscado a ver-se jogado num
espaço anônimo.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
É dessa globalidade que transcende às “culturas firmemente
enraizadas”, às “identidades nacionais diferenciadas” e às
“religiões tradicionais solidamente estabelecidas” que se vai
formando uma “nova consciência planetária”, defende
Mattelart.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
No final dos anos 70 o Estado nacional se encontra assediado
por dois dilemas: Questionado por ser muito grande para
resolver os pequenos problemas da existência, ele também é
acusado de ter-se tornado muito pequeno para os grandes
problemas.
Para escapar ao duplo impasse, as redes de informação e
comunicação tornam-se a panaceia.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Por obra das tecnologias que permitem o fluxo global de
informação Os sistemas nacionais quebraram. Antes
regulamentadas, compartimentadas, as praças financeiras
passam a integrar um mercado global totalmente fluído, graças
à interconexão generalizada de tempo real.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Qualquer erro, por menor que seja, propaga-se por todo o
planeta em ondas de choque prefigurando as crises provocadas
pela ausência de mecanismos supranacionais de controle.
Primeiro setor da ciber-economia a ter realizado sua integração,
a geofinança e seus espaços abstratos e desterritorializados
anunciam a desarticulação geral da organização econômica
mundial em relação ao território sobre o qual assenta-se a
soberania nacional.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Sistema logístico de transações globais, as redes de informação
das bolsas e do sistema financeiro se multiplicaram e reduziram
a números o mundo dos fluxos monetários.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
A globalização é, primeiramente, um modelo de administração
de empresas que, respondendo à crescente complexidade do
ambiente da concorrência, procede da criação e da exploração
de competências em nível mundial, objetivando maximizar os
lucros e consolidar suas fatias de mercado.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Em inglês, o termo “global” é sinônimo de holistic.
Diferentemente da palavra “mundialização” e suas variações
nas diversas línguas latinas que se limitam à dimensão
geográfica do processo, ela remete explicitamente a uma
filosofia holística, ou seja, à ideia de unidade totalizante ou
unidade sistemática. A empresa global é uma estrutura orgânica
onde cada parte é programada para servir ao todo.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Na transição para o modelo de gerenciamento global, a
multiplicação de riscos transformou a função “comunicação”
em uma das ferramentas da gestão estratégica. A exigência de
grande visibilidade transformou a personagem empresa em um
protagonista político diretamente implicado na administração da
Cidade.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Apoiando-se em vasta rede transnacional de ensino (público e
privado) das ciências da administração, em best sellers da
reengenharia administrativa ou na sociedade da terceira onda,
de workshops, de lobismo e de organizações corporativas, a
Global Business Community vai se transformando na nova elite
mundial capaz de naturalizar conceitos que podem ser
empregados por todos para designar o mundo “oficial”.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
A criação de um mercado único de imagens é um dos desafios
da busca de uma cultura dita global. Mal anunciado o
lançamento dos grandes blocos comerciais, os grupos de
comunicação e as redes planetárias (como a CNN) ou regionais
(pan-americanas, pan-árabes, pan-asiáticas ou pan-européias)
abriram a temporada de caça aos “universais culturais”.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Um dos axiomas da busca do denominador comum mundial é a
“convergência cultural dos consumidores”.
Atendendo aos interesses dos conglomerados econômicos
daquele país, as indústrias culturais dos Estados Unidos
aparecem sempre na atitude pretensiosa de fixar os parâmetros
da globalidade.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Conforme o relatório anual do Observatório Europeu do
Audiovisual, de todos os programas de ficção (seriados, filmes
para televisão e cinema) importados entre 1994 e 1995 por 88
televisões da União Europeia, cerca de 69% provinham dos
Estados Unidos. Quanto à exploração comercial dos filmes nos
cinemas, os mercados exteriores foram se tornando cada vez mais
vitais para as majors que embolsavam em média mais de 70% da
receita cinematográfica europeia.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
A construção destes grupos e redes globais de comunicação
exigiu uma radical desregulamentação das estruturas
comunicacionais nacionais, o que afetou igualmente os sistemas
do âmbito do serviço público e do setor do comércio.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Se estes grupos e redes continuam essencialmente no âmbito
das grandes nações industriais, outras personagens têm surgido
no mercado audiovisual. Os dois exemplos clássicos são o
grupo brasileiro Globo (o nome lhe calha bem) e o grupo
mexicano Televisa, cujos seriados e telenovelas são exibidos
muito além de seus países de origem.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Em fevereiro de 1993, o governo do presidente Clinton anuncia
o Plano Gore (Albert Gore, vice-presidente dos EUA) de
construção de superhighways da informação. No final deste
mesmo ano, o Livre Blanc, preparado por Jacques Delors, então
presidente da União Europeia, dá o chute inicial ao projeto
europeu de infovias.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Crescimento, competitividade, emprego, são os três
leitmotivs deste programa de mobilização do conjunto do
parque industrial europeu.
Em fevereiro de 1995, o G7, grupo dos sete países mais
industrializados, reuniu-se em Bruxelas para uma
conferência sobre as novas tecnologias da informação e da
comunicação.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Os Estados Unidos foram representados pelo seu Vice-
Presidente. Convidados pela primeira vez a uma reunião
deste porte, 45 diretores-chefe de empresas americanos,
europeus e japoneses estiveram de acordo quanto à
necessidade imperiosa de apressar a desregulamentação dos
serviços de telecomunicação e a supressão dos
monopóliolios públicos a fim de acelerar a extensão das
futuras artérias eletrônicas.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Os Estados Unidos foram representados pelo seu Vice-
Presidente. Convidados pela primeira vez a uma reunião
deste porte, 45 diretores-chefe de empresas americanos,
europeus e japoneses estiveram de acordo quanto à
necessidade imperiosa de apressar a desregulamentação dos
serviços de telecomunicação e a supressão dos
monopóliolios públicos a fim de acelerar a extensão das
futuras artérias eletrônicas.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Nesse contexto, a liberdade de expressão dos cidadãos
ganha um outro concorrente direto com a “liberdade de
expressão comercial”, apresentada como um novo “direito
humano”.
Começa-se a assistir a uma tensão constante entre o “poder
do consumidor” e a vontade dos cidadãos garantida pelas
instituições democráticas.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
A liberdade de expressão comercial, novo eixo de
ordenamento do mundo é, com efeito, indissociável do
velho princípio do Free Flow of Information.
Mascarando as causas das lutas pelo controle da arquitetura
e dos conteúdos das redes de saber, a geopolítica retoma os
discursos messiânicos sobre as virtudes democráticas da
tecnologia.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
“Dar nome errado às coisas torna o mundo mais infeliz”,
costumava dizer Albert Camus. A globalização é uma destas
expressões insidiosas a integrar o jargão das noções
instrumentais que, em virtude das lógicas mercantis e à
revelia dos cidadãos, adquiriram direito de cidadania a
ponto de tornar-se indispensáveis para a comunicação entre
pessoas de culturas diversas.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Esta linguagem funcional constitui um prêt-àporter ideológico
que mascara os desvios da nova ordem mundial.
A integração das economias e dos sistemas de comunicação
conduz ao surgimento de novas disparidades entre países ou
regiões, e entre os grupos sociais.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
As redes, inseridas como estão na divisão internacional do
trabalho, hierarquizam o espaço e conduzem a uma polarização
sempre maior entre o(s) centro(s) e a(s) periferia(s).
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Três mudanças importantes estão envolvidas na redistribuição
dos desnivelamentos do espaço mundial: a irrupção dos novos
países industrializados, em particular dos “tigres asiáticos”
(Coréia, Hong Kong, Singapura,Taiwan), e seus êmulos no
Sudeste asiático; a formação de grandes blocos de livre
comércio em torno dos pólos do “poder triádico” (América do
Norte,Ásia Oriental e União Européia); e recuperação do
“Terceiro Mundo” como sujeito da história.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
A concentração em torno de pólos e a organização da economia
mundial em redes de pólo a pólo, em detrimento dos espaços
intermediários menos favorecidos e, portanto, expostos ao risco
de marginalização e desertificação, são portadores de risco de
dualização da economia mundial e de uma geografia social de
duas velocidades. É a “economia de arquipélago” ou o “tecno-
apartheid global”.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Na Tailândia, êmulo dos quatro “tigres”, Bangkok detém 68%
do total das linhas telefônicas disponíveis no país. E a
densidade em matéria de tecnologias de informação e de
comunicação no pólo centralizado em São Paulo (Brasil) está
próxima do “triângulo de ouro” europeu e anos-luz à frente de
Recife.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
As geoestratégias de segmentação ou de criação de “grupos de
consumo” (comunidades de consumo) do marketing levam em
consideração esse tipo de dado. Estimando que as variáveis de
estilos e de níveis de vida são mais importantes que a
proximidade geográfica, a indústria publicitária procura
construir vastas comunidades transnacionais de consumidores
que têm em comum os mesmos “socioestilos”, preferências de
consumo e práticas culturais.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
De alguma maneira, estas tipologias de alvos salta-fronteiras só
fazem confirmar um desequilíbrio estrutural: a proliferação dos
símbolos ubiquitários da “cultura global”.
A reprodução das fortes tendências de segregação entre os
grupos data rich e os demais, data poor, é um risco apontado
até nos documentos mais oficiais e refere-se tanto à conexão
com a infra-estrutura mundial da informação quanto à
elaboração de bancos de dados próprios
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Alguns acreditam ser inevitável a instauração de um
McMundo, sendo a monocultura o resultado lógico do livre
comércio e da formação dos grandes blocos econômicos.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
A história encarregou-se de apontar, em diversas ocasiões, as
falhas das representações baseadas na “aldeia global” que têm
alimentado o imaginário do grande público sobre o futuro da
comunidade humana e que, na realpolitik das empresas, têm,
sobretudo, constituído uma fonte inesgotável de legitimação
das grandes sagas da conquista do mercado mundial.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Contudo, há quem defenda que a intensificação da circulação
dos fluxos culturais, a existência inegável de uma tendência à
globalização da cultura não resultam na homogeneização do
planeta, mas num mundo cada vez mais mestiço.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
As novas hipóteses sobre as relações interculturais indicam que
iniciou-se, um pouco por toda parte, um processo de
revalorização das culturas particulares, condição indispensável
para a criação de um modelo econômico e social menos
submisso aos ditames do mercado externo.
A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Nunca será demais dizer que somente a busca de uma
interdependência capaz de liberar as diversas comunidades
humanas da obsessão das identidades únicas e de derrubar as
cercas mentais da intolerância atiçada tanto pelos
nacionalismos exclusivistas como pelo mundialismo dos
triângulos de ouro do livre comércio merece que se consagre a
ele a aspiração da “grande República democrática”.
FOLKCOMUNICAÇÃO
Bibliografia
MATTELART, Armand. A globalização da comunicação. Bauru, SP : EDUSC, 2000

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Aula 14 Armand Mattelart - Globalização da Comunicação

  • 1. Teorias da Comunicação A Globalização da Comunicação Armand Mattelart Prof. Ms. Elizeu Silva
  • 2. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Armand Mattelart é um sociólogo belga radicado na França, especializado no estudo da comunicação internacional. Como ensaísta, é autor de inúmeras obras dedicadas ao estudo da mídia, da cultura de massa e da indústria cultural, além das tecnologias de comunicação, especialmente em sua dimensão histórica e internacional. Armand Mattelart. Jodoine, Bélgica, 1936
  • 3. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Em 1962, começou a carreira acadêmica na Escola de Sociologia da Universidade Católica do Chile, em Santiago. Permaneceu lá até sua extradição, em 1973, pela ditadura do general Augusto Pinochet. Paralelamente às suas atividades universitárias, trabalhou como especialista em desenvolvimento social no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e na Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
  • 4. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Dedica seus estudos aos processos de internacionalização da comunicação desde a implantação de estradas transnacionais e do processo de eletrificação da Europa até à globalização contemporânea. Adota como perspectiva a atuação dos conglomerados econômicos no campo da comunicação, seus interesses e impactos sobre a cultura, sobre os estados nacionais e sobre as relações sociais.
  • 5. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Uma preocupação comum ocupa cientistas e técnicos governamentais da Europa e dos países periféricos: a monopolização da informação pelos bancos de dados administrados por grandes empresas norte-americanas (como ATT, IBM etc).
  • 6. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO “O saber, advertem eles, terminará sendo modelado, como sempre aconteceu, sobre os estoques de informações. Deixar a outros, ou seja, aos bancos de dados americanos, a tarefa de organizar essa “memória coletiva”, tornando-se simples cliente seu, equivale a aceitar a alienação cultural; a formação de bancos de dados constitui, portanto, um imperativo da soberania nacional.”
  • 7. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Contudo, predomina a visão inspirada nos canadenses McLuhan e Quentin Fiore, segundo a qual, graças ao poder da televisão de mobilizar o sentido das audiências, o advento da “aldeia global”, a comunidade que se reencontra na tela da TV está a caminho de reduzir a zero as ameaças de guerra, de acabar com a divisão entre militares e civis, e de “fazer progredir a grandes passos todos os territórios não industrializados, como a China, Índia e África”.
  • 8. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Já Peter Drucker, teórico da administração, acredita ver na nova fase da integração econômica mundial a entrada definitiva na era do global shopping center e da global factory, apontando como exemplo as redes de produção da IBM.
  • 9. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Zbigniew Brzezinski, americano-polonês e conselheiro do presidente Carter para assuntos de segurança nacional vê na globalização da comunicação o surgimento da ideia de “cidade global”, pois o indivíduo está arriscado a ver-se jogado num espaço anônimo.
  • 10. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO É dessa globalidade que transcende às “culturas firmemente enraizadas”, às “identidades nacionais diferenciadas” e às “religiões tradicionais solidamente estabelecidas” que se vai formando uma “nova consciência planetária”, defende Mattelart.
  • 11. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO No final dos anos 70 o Estado nacional se encontra assediado por dois dilemas: Questionado por ser muito grande para resolver os pequenos problemas da existência, ele também é acusado de ter-se tornado muito pequeno para os grandes problemas. Para escapar ao duplo impasse, as redes de informação e comunicação tornam-se a panaceia.
  • 12. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Por obra das tecnologias que permitem o fluxo global de informação Os sistemas nacionais quebraram. Antes regulamentadas, compartimentadas, as praças financeiras passam a integrar um mercado global totalmente fluído, graças à interconexão generalizada de tempo real.
  • 13. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Qualquer erro, por menor que seja, propaga-se por todo o planeta em ondas de choque prefigurando as crises provocadas pela ausência de mecanismos supranacionais de controle. Primeiro setor da ciber-economia a ter realizado sua integração, a geofinança e seus espaços abstratos e desterritorializados anunciam a desarticulação geral da organização econômica mundial em relação ao território sobre o qual assenta-se a soberania nacional.
  • 14. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Sistema logístico de transações globais, as redes de informação das bolsas e do sistema financeiro se multiplicaram e reduziram a números o mundo dos fluxos monetários.
  • 15. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO A globalização é, primeiramente, um modelo de administração de empresas que, respondendo à crescente complexidade do ambiente da concorrência, procede da criação e da exploração de competências em nível mundial, objetivando maximizar os lucros e consolidar suas fatias de mercado.
  • 16. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Em inglês, o termo “global” é sinônimo de holistic. Diferentemente da palavra “mundialização” e suas variações nas diversas línguas latinas que se limitam à dimensão geográfica do processo, ela remete explicitamente a uma filosofia holística, ou seja, à ideia de unidade totalizante ou unidade sistemática. A empresa global é uma estrutura orgânica onde cada parte é programada para servir ao todo.
  • 17. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Na transição para o modelo de gerenciamento global, a multiplicação de riscos transformou a função “comunicação” em uma das ferramentas da gestão estratégica. A exigência de grande visibilidade transformou a personagem empresa em um protagonista político diretamente implicado na administração da Cidade.
  • 18. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Apoiando-se em vasta rede transnacional de ensino (público e privado) das ciências da administração, em best sellers da reengenharia administrativa ou na sociedade da terceira onda, de workshops, de lobismo e de organizações corporativas, a Global Business Community vai se transformando na nova elite mundial capaz de naturalizar conceitos que podem ser empregados por todos para designar o mundo “oficial”.
  • 19. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO A criação de um mercado único de imagens é um dos desafios da busca de uma cultura dita global. Mal anunciado o lançamento dos grandes blocos comerciais, os grupos de comunicação e as redes planetárias (como a CNN) ou regionais (pan-americanas, pan-árabes, pan-asiáticas ou pan-européias) abriram a temporada de caça aos “universais culturais”.
  • 20. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Um dos axiomas da busca do denominador comum mundial é a “convergência cultural dos consumidores”. Atendendo aos interesses dos conglomerados econômicos daquele país, as indústrias culturais dos Estados Unidos aparecem sempre na atitude pretensiosa de fixar os parâmetros da globalidade.
  • 21. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Conforme o relatório anual do Observatório Europeu do Audiovisual, de todos os programas de ficção (seriados, filmes para televisão e cinema) importados entre 1994 e 1995 por 88 televisões da União Europeia, cerca de 69% provinham dos Estados Unidos. Quanto à exploração comercial dos filmes nos cinemas, os mercados exteriores foram se tornando cada vez mais vitais para as majors que embolsavam em média mais de 70% da receita cinematográfica europeia.
  • 22. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO A construção destes grupos e redes globais de comunicação exigiu uma radical desregulamentação das estruturas comunicacionais nacionais, o que afetou igualmente os sistemas do âmbito do serviço público e do setor do comércio.
  • 23. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Se estes grupos e redes continuam essencialmente no âmbito das grandes nações industriais, outras personagens têm surgido no mercado audiovisual. Os dois exemplos clássicos são o grupo brasileiro Globo (o nome lhe calha bem) e o grupo mexicano Televisa, cujos seriados e telenovelas são exibidos muito além de seus países de origem.
  • 24. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Em fevereiro de 1993, o governo do presidente Clinton anuncia o Plano Gore (Albert Gore, vice-presidente dos EUA) de construção de superhighways da informação. No final deste mesmo ano, o Livre Blanc, preparado por Jacques Delors, então presidente da União Europeia, dá o chute inicial ao projeto europeu de infovias.
  • 25. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Crescimento, competitividade, emprego, são os três leitmotivs deste programa de mobilização do conjunto do parque industrial europeu. Em fevereiro de 1995, o G7, grupo dos sete países mais industrializados, reuniu-se em Bruxelas para uma conferência sobre as novas tecnologias da informação e da comunicação.
  • 26. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Os Estados Unidos foram representados pelo seu Vice- Presidente. Convidados pela primeira vez a uma reunião deste porte, 45 diretores-chefe de empresas americanos, europeus e japoneses estiveram de acordo quanto à necessidade imperiosa de apressar a desregulamentação dos serviços de telecomunicação e a supressão dos monopóliolios públicos a fim de acelerar a extensão das futuras artérias eletrônicas.
  • 27. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Os Estados Unidos foram representados pelo seu Vice- Presidente. Convidados pela primeira vez a uma reunião deste porte, 45 diretores-chefe de empresas americanos, europeus e japoneses estiveram de acordo quanto à necessidade imperiosa de apressar a desregulamentação dos serviços de telecomunicação e a supressão dos monopóliolios públicos a fim de acelerar a extensão das futuras artérias eletrônicas.
  • 28. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Nesse contexto, a liberdade de expressão dos cidadãos ganha um outro concorrente direto com a “liberdade de expressão comercial”, apresentada como um novo “direito humano”. Começa-se a assistir a uma tensão constante entre o “poder do consumidor” e a vontade dos cidadãos garantida pelas instituições democráticas.
  • 29. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO A liberdade de expressão comercial, novo eixo de ordenamento do mundo é, com efeito, indissociável do velho princípio do Free Flow of Information. Mascarando as causas das lutas pelo controle da arquitetura e dos conteúdos das redes de saber, a geopolítica retoma os discursos messiânicos sobre as virtudes democráticas da tecnologia.
  • 30. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO “Dar nome errado às coisas torna o mundo mais infeliz”, costumava dizer Albert Camus. A globalização é uma destas expressões insidiosas a integrar o jargão das noções instrumentais que, em virtude das lógicas mercantis e à revelia dos cidadãos, adquiriram direito de cidadania a ponto de tornar-se indispensáveis para a comunicação entre pessoas de culturas diversas.
  • 31. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Esta linguagem funcional constitui um prêt-àporter ideológico que mascara os desvios da nova ordem mundial. A integração das economias e dos sistemas de comunicação conduz ao surgimento de novas disparidades entre países ou regiões, e entre os grupos sociais.
  • 32. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO As redes, inseridas como estão na divisão internacional do trabalho, hierarquizam o espaço e conduzem a uma polarização sempre maior entre o(s) centro(s) e a(s) periferia(s).
  • 33. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Três mudanças importantes estão envolvidas na redistribuição dos desnivelamentos do espaço mundial: a irrupção dos novos países industrializados, em particular dos “tigres asiáticos” (Coréia, Hong Kong, Singapura,Taiwan), e seus êmulos no Sudeste asiático; a formação de grandes blocos de livre comércio em torno dos pólos do “poder triádico” (América do Norte,Ásia Oriental e União Européia); e recuperação do “Terceiro Mundo” como sujeito da história.
  • 34. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO A concentração em torno de pólos e a organização da economia mundial em redes de pólo a pólo, em detrimento dos espaços intermediários menos favorecidos e, portanto, expostos ao risco de marginalização e desertificação, são portadores de risco de dualização da economia mundial e de uma geografia social de duas velocidades. É a “economia de arquipélago” ou o “tecno- apartheid global”.
  • 35. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Na Tailândia, êmulo dos quatro “tigres”, Bangkok detém 68% do total das linhas telefônicas disponíveis no país. E a densidade em matéria de tecnologias de informação e de comunicação no pólo centralizado em São Paulo (Brasil) está próxima do “triângulo de ouro” europeu e anos-luz à frente de Recife.
  • 36. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO As geoestratégias de segmentação ou de criação de “grupos de consumo” (comunidades de consumo) do marketing levam em consideração esse tipo de dado. Estimando que as variáveis de estilos e de níveis de vida são mais importantes que a proximidade geográfica, a indústria publicitária procura construir vastas comunidades transnacionais de consumidores que têm em comum os mesmos “socioestilos”, preferências de consumo e práticas culturais.
  • 37. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO De alguma maneira, estas tipologias de alvos salta-fronteiras só fazem confirmar um desequilíbrio estrutural: a proliferação dos símbolos ubiquitários da “cultura global”. A reprodução das fortes tendências de segregação entre os grupos data rich e os demais, data poor, é um risco apontado até nos documentos mais oficiais e refere-se tanto à conexão com a infra-estrutura mundial da informação quanto à elaboração de bancos de dados próprios
  • 38. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Alguns acreditam ser inevitável a instauração de um McMundo, sendo a monocultura o resultado lógico do livre comércio e da formação dos grandes blocos econômicos.
  • 39. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO A história encarregou-se de apontar, em diversas ocasiões, as falhas das representações baseadas na “aldeia global” que têm alimentado o imaginário do grande público sobre o futuro da comunidade humana e que, na realpolitik das empresas, têm, sobretudo, constituído uma fonte inesgotável de legitimação das grandes sagas da conquista do mercado mundial.
  • 40. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Contudo, há quem defenda que a intensificação da circulação dos fluxos culturais, a existência inegável de uma tendência à globalização da cultura não resultam na homogeneização do planeta, mas num mundo cada vez mais mestiço.
  • 41. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO As novas hipóteses sobre as relações interculturais indicam que iniciou-se, um pouco por toda parte, um processo de revalorização das culturas particulares, condição indispensável para a criação de um modelo econômico e social menos submisso aos ditames do mercado externo.
  • 42. A GLOBALIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Nunca será demais dizer que somente a busca de uma interdependência capaz de liberar as diversas comunidades humanas da obsessão das identidades únicas e de derrubar as cercas mentais da intolerância atiçada tanto pelos nacionalismos exclusivistas como pelo mundialismo dos triângulos de ouro do livre comércio merece que se consagre a ele a aspiração da “grande República democrática”.
  • 43. FOLKCOMUNICAÇÃO Bibliografia MATTELART, Armand. A globalização da comunicação. Bauru, SP : EDUSC, 2000