As dimensões humanas da
conservação biológica:
As ciências sociais em conservação
USP
Carla Morsello
CONBIO
 Por que dimensões humanas?
 Fundamentação científica:
◦ Teoria da Escolha Racional
◦ Problemas na racionalidade
 Heurísticas
 Vieses
 Teoria do Processo Dual
 Teorias da Psicologia.
Plano de aula
Ameaças à biodiversidade
(Fonte:MA)
O Problema
 Perda de biodiversidade tem origem
antrópica  solução passa por mudar
comportamento humano.
 Gestão da conservação  lidar com
humanos (como?)
◦ Gestão interna: das relações na própria
instituição e pessoal (e.g., “raiva” de quem
tem valores diferentes).
◦ Gestão externa: com outras organizações
 Comunicar com o público e apoio.
Relevância
 Conflitos: criação
de UC, ataques de
fauna
 Envolvimento dos
atores em projetos
 Maior participação:
monitoramento
(cientista cidadão)
 Até que ponto
“conscientizar”
serve?
Exemplos de
situações em
que é
necessário
entender as
dimensões
humanas
necessário
Passos em que a dimensão humana é
relevante para a Conservação Biológica
Ameaças/i
mpactos
Planejamento
das ações de
conservação
Implementação
das ações
Monitoramento
das ações
Restauração
 Complexo, multifacetado e variável
segundo a situação, contexto ambiental,
contexto social e aspectos relacionados
ao indivíduo (e.g., valores, atitudes, etc).
 Muitos fatores afetam se e quando
indivíduos realizam comportamentos.
 Senso comum nem sempre está correto:
◦ Por exemplo: Conhecimento  muda
atitudes  muda comportamento? Não!
O comportamento humano é
complexo e variável
 Parte da premissa que informar sobre o
problema leva a mudança em atitudes
que mudam ação: sqn!
 Exs mostram que nem sempre ocorre:
A falácia da conscientização
◦ Pessoas fumam
◦ Comem muito chocolate
◦ Ambientalistas comem
carne, andam de carro e
alguns nem reciclam o
próprio lixo!
 Tipo de informação: por ex., reciclagem
◦ Informar onde levar o lixo (procedimento) para
alguém que quer reciclar 
◦ Informações gerais: não reciclar o lixo causa
problemas ao ambiente 
 Mas pode não ser suficiente: outras estratégias
(e.g., marketing social), baseadas em
conhecimento científico, podem ajudar:
◦ Por exemplo, assumir compromisso público: assinar
termo, colar adesivo em casa, broche etc.
Efeitos variam
Partem de diferentes teorias das Ciências Sociais
Existe ciência que fundamenta
Teoria
 Nas Ciências Sociais, estas teorias
◦ Explicam o comportamento humano e quais
fatores o afetam.
◦ Com isso, ajudam a entender, prever e
delinear estratégias influenciar esse
comportamento.
Teoria:
Explicação de como ou porque algo
ocorre em diferentes situações.
Maior parte dos trabalhos,
quase toda a Economia partem
de uma teoria:
Teoria de Escolha Racional
Teoria da escolha racional
 Decisões são resultado de ponderação de
custos e benefícios a partir de preferências
estáveis (sempre as mesmas, independente
do contexto)
 Custos e ganhos: dinheiro, felicidade, tempo
 Assume:
◦ Onisciência:
 Conhecimento completo
◦ Onipotência:
 Capacidade de calcular e
comparar retornos (otimização)
Custos Benefícios
Por exemplo: incentivos
econômicos
Incentivos
Diretos
Incentivos
Indiretos
Adotam incentivos indiretos?
Incentivos
Indiretos
• Estabelecer objetivo
(“utilidade”): tempo
dinheiro, felicidade.
• Computar os custos e
benefícios para cada
conjunto de atividades.
• Calcular as probabilidades
de ocorrência de cada.
• Prever o retorno líquido a
partir de tal escolha.
• Tomar a decisão.
Mas comportamento não é
somente, nem sempre, racional
Teoria do Sistema Dual
 Contrapõe aTeoria da Escolha Racional
 Explica como as nossas decisões partem
de dois sistemas de pensamento
distintos, com características diversas
 Esses sistemas têm base biológica
(neurológica).
Teoria do Sistema Dual
Devagar
Consciente
Esforço
Decisões
complexas
Confiável
Rápido
Inconsciente
Automático
Decisões
diárias
Sujeito a
erro
Sistema 1
Intuitivo, instinto
Sistema 2
Racional
95% 5%
A existência desses dois sistemas
explica porque o nosso
comportamento não pode ser sempre
explicado pela lógica da escolha
racional.
Formulação partiu de evidências
empíricas de experimentos que
mostram limitações cognitivias e
vieses sistemáticos (desvios não
aleatórios) ao esperado pela
racionalidade.
Limitações
cognitivas
Conhecimento
limitado
Racionalidade é
limitada; heurísticas
Tempo é restrito
Vieses cognitivos
(2 exemplos)
Compromisso
Default
Comportamento não é somente,
nem sempre, racional
 Pessoas não possuem todo o
conhecimento e capacidade
para tomar decisões
(otimizar).
◦ Ex.: computar todos os custos e
retornos para, por ex., explicar
qual conjunto de atividades um
grupo indígena escolhe.
 Tempo de tomada de decisão
é restrito:
◦ Caçar: computa tudo antes de
fazê-lo? Sim/ não no máximo
(vale ou não a munição).
Limitações
cognitivas
Conhecimento
e capacidades
computacionais
limitadas
Tempo é
restrito
Racionalidade é limitada:
Satisfação e heurísticas de decisão
 Satisfação:
◦ Determina um
nível de satisfação
(ex: dinheiro,
comida, felicidade)
e decide baseado
nisso  escolha
para quando nível
de satisfação é
alcançado( não
otimiza).
 Heurísticas rápidas e
frugais:
◦ estratégias que
ignoram parte da
informação para tornar
a escolha mais fácil e
rápida
◦ Passos: 1) Procura ativa
(alternativas), 2) Para (busca é
difícil), 3) decide com o que tem
(Simon, 1950’s) (Gigerenzer eTood, 2000)
Qual cidade dos EUA dentre
essas duas tem maior população:
San Francisco ou San Antonio?
Exemplo de heurística
Mesma pergunta comparando
dois grupos
Americanos Alemães
San
Francisco
66% 100%
San
Antonio 33% 0%
Menos
conhecimento e
maior taxa de
acerto.
Por que?
Heurística do reconhecimento:
a mais simples
 Quando se faz uma escolha entre duas
alternativas: coloca-se valor maior
naquela conhecida e não no melhor
resultado; repetem-se escolhas prévias.
◦ Evolutivamente foi selecionada por busca de
alimentos, enfrentamento de perigos?
 Outras heurísticas:
◦ Mirar, olho por olho (cooperação), escolher a
última, etc.
Outros exemplos
Limitações
cognitivas
Conhecimento
limitado
Racionalidade é
limitada; heurísticas
Tempo é restrito
Vieses cognitivos
(2 exemplos)
Compromisso
Default
Comportamento não é racional e tem
vieses sistemáticos (não aleatórios)
 Decisões podem ser irracionais, mas são
previsíveis  desvios são sistemáticos
(não aleatórios), i.e. pessoas tendem a
fazer o mesmo (evolução?)  seguem
heurísticas comuns.
Vieses
Viés de compromisso
 Experimentos como
incentivar reuso de
toalhas em hotéis:
◦ Só mensagem no quarto
◦ Compromisso assinado
 Associado a de normas
sociais
◦ + broche
◦ + o que os outros fazem
70% fazem tal
Viés de compromisso
 Com compromisso assinado ou sabendo
que os outros fazem, pessoas
cumprem mais. Um exemplo de
resultado.
Número de
toalhas
penduradas
Viés de default (padrão)
 Pessoas tendem a
seguir o que já
está  2 lados.
 Doações na área
de conservação
 Com valor fixo:
pessoas doam
mais do que se
escolherem.
Mensageiro
Saliência
Normas
sociais
Perspectiva:
Aversão ao
risco
Hábito
Outros vieses
Empurrãozinhos (Nudges) para
comportamento pró-ambiental
(Byerly et al, 2018)
Contribuições da Psicologia
Teorias não racionais
 Exemplos:
◦ Comportamento Planejado: vários
assuntos
◦ Valor-Crença-Norma: apoio a causas
e movimentos públicos (ambiental)
◦ “Motivation crowding”:
voluntarismo (PSA)
◦ Dissonância cognitiva: ambientalista
come carne, toma banho longo 
justifica (eu!!) ou muda
◦ Normas sociais: efeito do que o
grupo faz os outros conservam:
eu também!
 Muitas outras...
Muitas teorias
que variam
nos
conceitos,
adequação a
situações
Conceitos centrais da Psicologia
Atitudes
Normas
Crenças
Comportamento
Intenções
comportamentais
Atitudes e
normas
Crenças
básicas
Valores
Dificuldade
de
mudar
Valores
 Estados desejáveis,
modos de conduta
ou qualidades da
vida que indivíduos
ou grupos
consideram
desejáveis.
 Constructos mentais
gerais e não
específicos
 Ex.Valor da vida,
honestidade.
 Formam-se cedo na
vida e são poucos.
 Difíceis de mudar.
 Conservação das
espécies é importante
porque todas têm direito
de existir.
Altruísta ou mutualista
 Conservação das
espécies é importante
para manter recursos
para humanos.
Utilitarista
Valores afetam estratégias de
conservação
Crenças
 Aspecto cognitivo
(consciente) sobre
a probabilidade
que um objeto ou
evento está
associado a um
atributo
 Assume que algo
é correto/verade
ou não
 São contextuais e
nascem da
experiência e
cultura
 Precedem
comportamento
Crenças e comportamento: tabus
alimentares nos Xinguanos
(Fonte: Shepard et al., 2012)
Atitudes
 Avaliação positiva
de um objeto,
situação, espécie.
 Não é ação!
◦ Diferente de
linguagem
coloquial
 São específicas:
ex. espécie e
matar a espécie
 Importante pois
precedem e
explicam
comportamento
 Podem ser
mudadas 
educação,
conscientização
etc miram nelas.
Atitudes: Carisma e investimentos
de conservação:
Nível de ameaça ou carisma explicam
investimentos?
Traços juvenis
Traços humanos
Tamanho Atratividade
$
Investimentos na conservação de aves
por OSCIPS no Brasil
45,6%
(Fonte:
Reisfeld
e
Morsello,ñ
publ.)
Criticamente
ameaçada
Vulnerável
16,5%
Tamanho
A espécie já se foi...
e contexto é ainda
mesmo.
Vale à pena reintroduzir?
Onde?
Outro exemplo
Atitudes positivas = probabilidade de
apoio à reintrodução de ursos
 Resultados para amostra de questionários enviados por
correio por subgrupo: probabilidade de sucesso a partir
de atitudes dos moradores,importância, risco) etc.
(Fonte: Bowman et al., 2004)
Áreas
públicas
protegidas
Modelo
espacialmente
explícito de
probabilidade de
apoio, a partir de
dados censitários
Normas
 Frequentemente,
associadas a sanções
e punições para
encorajar
comportamentos:
◦ Olhar atravessado,
outros piores.
 Variam em força nos
indivíduos do grupo
 Conceito varia um
pouco em teorias
diferentes.
 Descritivas:
◦ O que as pessoas
estão fazendo/
fazem.
 Injuntivas:
◦ O que as pessoas
devem fazer.
Norma social gera redes de
transferência espontânea de recursos
na RESEX Médio Juruá
(Fonte: Rizek,Vicente e Morsello, em prep.)
Com mercado
de PFNMs
Sem mercado de
PFNMs
Caça
Caça
 Uma das teorias mais abrangentes e
adotadas na área ambiental que combina
em um framework como os conceitos
centrais da Psicologia estão associados /
determinam o comportamento humano.
 Exemplo de teoria e de como serve a
avaliar os determinantes de um
comportamento na prática.
A Teoria do Comportamento
Planejado de Ajzen
Crença sobre
o
comporta-
mento
Atitudes para
com o
comporta-
mento
Crença sobre
as normas
relativas ao
comporta-
mento
Normas
subjetivas
Percepção
sobre
o controle do
comporta-
mento
Controle
comporta-
mental
percebido
Intenção
comportamental
Comporta-
mento
Controle
comportamental
real
Modelo de
Ajzen
Exemplo: Predação de onças por
conflito de ataque a gado
?
(Marchini e MacDonald, 2012)
Diferentes contextos sociais
Amazônia Pantanal
Resultados de Modelos Lineares Gerais (i.e., GLM). Comparação de série de
modelos estruturados escolhidos a priori.
(Marchini e MacDonald, 2012)
Conclusões
 Dimensões humanas são essenciais a
todas as fases da conservação:
◦ Delinear estratégias, entender próprio
comportamento, criar “empurrões” benéficos
etc.
 Avaliação a partir de diferentes modelos
teóricos, que avançam de premissas
somente racionais (contribuições da
Psiciologia). Momentos diferentes do
processo
 Ganhar pessoas para a causa!!
Referências
 Ávila, F.; Bianchi, A. M. (Ed.). (2015)Guia de Economia comportamental
e experimental. São Paulo: Economia Comportamental.
 Baca-Motes, Katie, Amber Brown, Ayelet Gneezy, ElizabethA Keenan,
and Leif D Nelson. 2012. Commitment and behavior change: Evidence
from the field Journal of Consumer Research 39 (5):1070-1084
 Becker, Gary Stanley. (1993). ATreatise on the Family. Cambridge,
Massachusetts: Harvard University Press.
 Bowman, J.L., Leopold, B.D.,Vilella, F.J., Gill, D.A., Decker, 2004. A
spatially explicit model, derived from demographic variables, to predict
attitutes toward black bear restoration. Journal of Wildlife Management
68, 223-232.
 Gigerenzer,G.;Todd, P. M. e ABC Research Group. (2000). Simple
Heuristics that Make Us Smart. Oxford: Oxford University Press.
 Kahneman, D.; Egan, P. (2011). Thinking, fast and slow. NewYork: Farrar,
Straus and Giroux.
 Marchini, S., Macdonald, D.W., 2012. Predicting ranchers’ intention to kill
jaguars: Case studies in Amazonia and Pantanal. BiologicalConservation
147, 213-221.
Referências
 Reisfeld,A.; Morsello, C.2010. Conservação de Aves no Brasil: estudo da
compatibilidade entre os investimentos em conservação Estudo da
Compatibilidade entre os investimentos em conservação de aves no
Brasil e os níveis de ameaça das espécies. Não publicado.
 Rizek, M. B.; Brites,A. D., Morsello,C. Does increased market exposure
affets cooperation networks and increase vulnerability? Em preparação.
 Shepard Jr, G.H., Levi,T., Neves, E.G., Peres, C.A.,Yu, D.W., 2012. Hunting
in Ancient and Modern Amazonia: Rethinking Sustainability.American
Anthropologist 114, 652-667.
 Simon, Herbert A. 1955. A Behavioral Model of Rational Choice. The
Quarterly Journal of Economics 69 (1):99-118.
 Stern, M. J. (2018). Social ScienceTheory for Environmental
Sustainability: A Practical Guide. Oxford University Press.
 Thaler, R. H.; Sunstein, C. (2008). Nudge: Improving decisions about
health, wealth, and happiness. New Haven, CT:Yale University Press.
 Todd, P. M.; Gigerenzer,G. (2012). Ecological rationality: Intelligence in
the world. OUP USA.

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AULA 14 - Dimensões humanas da conservação.ppt

  • 1. As dimensões humanas da conservação biológica: As ciências sociais em conservação USP Carla Morsello CONBIO
  • 2.  Por que dimensões humanas?  Fundamentação científica: ◦ Teoria da Escolha Racional ◦ Problemas na racionalidade  Heurísticas  Vieses  Teoria do Processo Dual  Teorias da Psicologia. Plano de aula
  • 5.  Perda de biodiversidade tem origem antrópica  solução passa por mudar comportamento humano.  Gestão da conservação  lidar com humanos (como?) ◦ Gestão interna: das relações na própria instituição e pessoal (e.g., “raiva” de quem tem valores diferentes). ◦ Gestão externa: com outras organizações  Comunicar com o público e apoio. Relevância
  • 6.  Conflitos: criação de UC, ataques de fauna  Envolvimento dos atores em projetos  Maior participação: monitoramento (cientista cidadão)  Até que ponto “conscientizar” serve? Exemplos de situações em que é necessário entender as dimensões humanas necessário
  • 7. Passos em que a dimensão humana é relevante para a Conservação Biológica Ameaças/i mpactos Planejamento das ações de conservação Implementação das ações Monitoramento das ações Restauração
  • 8.  Complexo, multifacetado e variável segundo a situação, contexto ambiental, contexto social e aspectos relacionados ao indivíduo (e.g., valores, atitudes, etc).  Muitos fatores afetam se e quando indivíduos realizam comportamentos.  Senso comum nem sempre está correto: ◦ Por exemplo: Conhecimento  muda atitudes  muda comportamento? Não! O comportamento humano é complexo e variável
  • 9.  Parte da premissa que informar sobre o problema leva a mudança em atitudes que mudam ação: sqn!  Exs mostram que nem sempre ocorre: A falácia da conscientização ◦ Pessoas fumam ◦ Comem muito chocolate ◦ Ambientalistas comem carne, andam de carro e alguns nem reciclam o próprio lixo!
  • 10.  Tipo de informação: por ex., reciclagem ◦ Informar onde levar o lixo (procedimento) para alguém que quer reciclar  ◦ Informações gerais: não reciclar o lixo causa problemas ao ambiente   Mas pode não ser suficiente: outras estratégias (e.g., marketing social), baseadas em conhecimento científico, podem ajudar: ◦ Por exemplo, assumir compromisso público: assinar termo, colar adesivo em casa, broche etc. Efeitos variam
  • 11. Partem de diferentes teorias das Ciências Sociais Existe ciência que fundamenta
  • 12. Teoria  Nas Ciências Sociais, estas teorias ◦ Explicam o comportamento humano e quais fatores o afetam. ◦ Com isso, ajudam a entender, prever e delinear estratégias influenciar esse comportamento. Teoria: Explicação de como ou porque algo ocorre em diferentes situações.
  • 13. Maior parte dos trabalhos, quase toda a Economia partem de uma teoria: Teoria de Escolha Racional
  • 14. Teoria da escolha racional  Decisões são resultado de ponderação de custos e benefícios a partir de preferências estáveis (sempre as mesmas, independente do contexto)  Custos e ganhos: dinheiro, felicidade, tempo  Assume: ◦ Onisciência:  Conhecimento completo ◦ Onipotência:  Capacidade de calcular e comparar retornos (otimização) Custos Benefícios
  • 16. Adotam incentivos indiretos? Incentivos Indiretos • Estabelecer objetivo (“utilidade”): tempo dinheiro, felicidade. • Computar os custos e benefícios para cada conjunto de atividades. • Calcular as probabilidades de ocorrência de cada. • Prever o retorno líquido a partir de tal escolha. • Tomar a decisão.
  • 17. Mas comportamento não é somente, nem sempre, racional Teoria do Sistema Dual
  • 18.  Contrapõe aTeoria da Escolha Racional  Explica como as nossas decisões partem de dois sistemas de pensamento distintos, com características diversas  Esses sistemas têm base biológica (neurológica). Teoria do Sistema Dual
  • 20. A existência desses dois sistemas explica porque o nosso comportamento não pode ser sempre explicado pela lógica da escolha racional. Formulação partiu de evidências empíricas de experimentos que mostram limitações cognitivias e vieses sistemáticos (desvios não aleatórios) ao esperado pela racionalidade.
  • 21. Limitações cognitivas Conhecimento limitado Racionalidade é limitada; heurísticas Tempo é restrito Vieses cognitivos (2 exemplos) Compromisso Default Comportamento não é somente, nem sempre, racional
  • 22.  Pessoas não possuem todo o conhecimento e capacidade para tomar decisões (otimizar). ◦ Ex.: computar todos os custos e retornos para, por ex., explicar qual conjunto de atividades um grupo indígena escolhe.  Tempo de tomada de decisão é restrito: ◦ Caçar: computa tudo antes de fazê-lo? Sim/ não no máximo (vale ou não a munição). Limitações cognitivas Conhecimento e capacidades computacionais limitadas Tempo é restrito
  • 23. Racionalidade é limitada: Satisfação e heurísticas de decisão  Satisfação: ◦ Determina um nível de satisfação (ex: dinheiro, comida, felicidade) e decide baseado nisso  escolha para quando nível de satisfação é alcançado( não otimiza).  Heurísticas rápidas e frugais: ◦ estratégias que ignoram parte da informação para tornar a escolha mais fácil e rápida ◦ Passos: 1) Procura ativa (alternativas), 2) Para (busca é difícil), 3) decide com o que tem (Simon, 1950’s) (Gigerenzer eTood, 2000)
  • 24. Qual cidade dos EUA dentre essas duas tem maior população: San Francisco ou San Antonio? Exemplo de heurística
  • 25. Mesma pergunta comparando dois grupos Americanos Alemães San Francisco 66% 100% San Antonio 33% 0% Menos conhecimento e maior taxa de acerto. Por que?
  • 26. Heurística do reconhecimento: a mais simples  Quando se faz uma escolha entre duas alternativas: coloca-se valor maior naquela conhecida e não no melhor resultado; repetem-se escolhas prévias. ◦ Evolutivamente foi selecionada por busca de alimentos, enfrentamento de perigos?  Outras heurísticas: ◦ Mirar, olho por olho (cooperação), escolher a última, etc.
  • 28. Limitações cognitivas Conhecimento limitado Racionalidade é limitada; heurísticas Tempo é restrito Vieses cognitivos (2 exemplos) Compromisso Default Comportamento não é racional e tem vieses sistemáticos (não aleatórios)
  • 29.  Decisões podem ser irracionais, mas são previsíveis  desvios são sistemáticos (não aleatórios), i.e. pessoas tendem a fazer o mesmo (evolução?)  seguem heurísticas comuns. Vieses
  • 30. Viés de compromisso  Experimentos como incentivar reuso de toalhas em hotéis: ◦ Só mensagem no quarto ◦ Compromisso assinado  Associado a de normas sociais ◦ + broche ◦ + o que os outros fazem 70% fazem tal
  • 31. Viés de compromisso  Com compromisso assinado ou sabendo que os outros fazem, pessoas cumprem mais. Um exemplo de resultado. Número de toalhas penduradas
  • 32. Viés de default (padrão)  Pessoas tendem a seguir o que já está  2 lados.  Doações na área de conservação  Com valor fixo: pessoas doam mais do que se escolherem.
  • 34. Empurrãozinhos (Nudges) para comportamento pró-ambiental (Byerly et al, 2018)
  • 36.  Exemplos: ◦ Comportamento Planejado: vários assuntos ◦ Valor-Crença-Norma: apoio a causas e movimentos públicos (ambiental) ◦ “Motivation crowding”: voluntarismo (PSA) ◦ Dissonância cognitiva: ambientalista come carne, toma banho longo  justifica (eu!!) ou muda ◦ Normas sociais: efeito do que o grupo faz os outros conservam: eu também!  Muitas outras... Muitas teorias que variam nos conceitos, adequação a situações
  • 37. Conceitos centrais da Psicologia Atitudes Normas Crenças
  • 39. Valores  Estados desejáveis, modos de conduta ou qualidades da vida que indivíduos ou grupos consideram desejáveis.  Constructos mentais gerais e não específicos  Ex.Valor da vida, honestidade.  Formam-se cedo na vida e são poucos.  Difíceis de mudar.
  • 40.  Conservação das espécies é importante porque todas têm direito de existir. Altruísta ou mutualista  Conservação das espécies é importante para manter recursos para humanos. Utilitarista Valores afetam estratégias de conservação
  • 41. Crenças  Aspecto cognitivo (consciente) sobre a probabilidade que um objeto ou evento está associado a um atributo  Assume que algo é correto/verade ou não  São contextuais e nascem da experiência e cultura  Precedem comportamento
  • 42. Crenças e comportamento: tabus alimentares nos Xinguanos (Fonte: Shepard et al., 2012)
  • 43. Atitudes  Avaliação positiva de um objeto, situação, espécie.  Não é ação! ◦ Diferente de linguagem coloquial  São específicas: ex. espécie e matar a espécie  Importante pois precedem e explicam comportamento  Podem ser mudadas  educação, conscientização etc miram nelas.
  • 44. Atitudes: Carisma e investimentos de conservação: Nível de ameaça ou carisma explicam investimentos? Traços juvenis Traços humanos Tamanho Atratividade
  • 45. $ Investimentos na conservação de aves por OSCIPS no Brasil 45,6% (Fonte: Reisfeld e Morsello,ñ publ.) Criticamente ameaçada Vulnerável 16,5% Tamanho
  • 46. A espécie já se foi... e contexto é ainda mesmo. Vale à pena reintroduzir? Onde? Outro exemplo
  • 47. Atitudes positivas = probabilidade de apoio à reintrodução de ursos  Resultados para amostra de questionários enviados por correio por subgrupo: probabilidade de sucesso a partir de atitudes dos moradores,importância, risco) etc. (Fonte: Bowman et al., 2004)
  • 49. Normas  Frequentemente, associadas a sanções e punições para encorajar comportamentos: ◦ Olhar atravessado, outros piores.  Variam em força nos indivíduos do grupo  Conceito varia um pouco em teorias diferentes.  Descritivas: ◦ O que as pessoas estão fazendo/ fazem.  Injuntivas: ◦ O que as pessoas devem fazer.
  • 50. Norma social gera redes de transferência espontânea de recursos na RESEX Médio Juruá (Fonte: Rizek,Vicente e Morsello, em prep.) Com mercado de PFNMs Sem mercado de PFNMs Caça Caça
  • 51.  Uma das teorias mais abrangentes e adotadas na área ambiental que combina em um framework como os conceitos centrais da Psicologia estão associados / determinam o comportamento humano.  Exemplo de teoria e de como serve a avaliar os determinantes de um comportamento na prática. A Teoria do Comportamento Planejado de Ajzen
  • 52. Crença sobre o comporta- mento Atitudes para com o comporta- mento Crença sobre as normas relativas ao comporta- mento Normas subjetivas Percepção sobre o controle do comporta- mento Controle comporta- mental percebido Intenção comportamental Comporta- mento Controle comportamental real Modelo de Ajzen
  • 53. Exemplo: Predação de onças por conflito de ataque a gado ? (Marchini e MacDonald, 2012)
  • 54. Diferentes contextos sociais Amazônia Pantanal Resultados de Modelos Lineares Gerais (i.e., GLM). Comparação de série de modelos estruturados escolhidos a priori. (Marchini e MacDonald, 2012)
  • 55. Conclusões  Dimensões humanas são essenciais a todas as fases da conservação: ◦ Delinear estratégias, entender próprio comportamento, criar “empurrões” benéficos etc.  Avaliação a partir de diferentes modelos teóricos, que avançam de premissas somente racionais (contribuições da Psiciologia). Momentos diferentes do processo  Ganhar pessoas para a causa!!
  • 56. Referências  Ávila, F.; Bianchi, A. M. (Ed.). (2015)Guia de Economia comportamental e experimental. São Paulo: Economia Comportamental.  Baca-Motes, Katie, Amber Brown, Ayelet Gneezy, ElizabethA Keenan, and Leif D Nelson. 2012. Commitment and behavior change: Evidence from the field Journal of Consumer Research 39 (5):1070-1084  Becker, Gary Stanley. (1993). ATreatise on the Family. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press.  Bowman, J.L., Leopold, B.D.,Vilella, F.J., Gill, D.A., Decker, 2004. A spatially explicit model, derived from demographic variables, to predict attitutes toward black bear restoration. Journal of Wildlife Management 68, 223-232.  Gigerenzer,G.;Todd, P. M. e ABC Research Group. (2000). Simple Heuristics that Make Us Smart. Oxford: Oxford University Press.  Kahneman, D.; Egan, P. (2011). Thinking, fast and slow. NewYork: Farrar, Straus and Giroux.  Marchini, S., Macdonald, D.W., 2012. Predicting ranchers’ intention to kill jaguars: Case studies in Amazonia and Pantanal. BiologicalConservation 147, 213-221.
  • 57. Referências  Reisfeld,A.; Morsello, C.2010. Conservação de Aves no Brasil: estudo da compatibilidade entre os investimentos em conservação Estudo da Compatibilidade entre os investimentos em conservação de aves no Brasil e os níveis de ameaça das espécies. Não publicado.  Rizek, M. B.; Brites,A. D., Morsello,C. Does increased market exposure affets cooperation networks and increase vulnerability? Em preparação.  Shepard Jr, G.H., Levi,T., Neves, E.G., Peres, C.A.,Yu, D.W., 2012. Hunting in Ancient and Modern Amazonia: Rethinking Sustainability.American Anthropologist 114, 652-667.  Simon, Herbert A. 1955. A Behavioral Model of Rational Choice. The Quarterly Journal of Economics 69 (1):99-118.  Stern, M. J. (2018). Social ScienceTheory for Environmental Sustainability: A Practical Guide. Oxford University Press.  Thaler, R. H.; Sunstein, C. (2008). Nudge: Improving decisions about health, wealth, and happiness. New Haven, CT:Yale University Press.  Todd, P. M.; Gigerenzer,G. (2012). Ecological rationality: Intelligence in the world. OUP USA.