Biogênese X Abiogênese imprimir para os dois primeiros EJA.pdf
1. Biogênese X Abiogênese
A teoria da biogênese admite que todos os seres vivos são originados de outros seres vivos preexistentes. Antes da biogênese, a
teoria aceita para explicar a origem dos seres vivos era a abiogênese. A abiogênese defendia que os seres vivos originam-se de modo
espontâneo. Por exemplo, acreditava-se que os vermes que surgiam em cadáveres de humanos e animais eram resultados da geração
espontânea do processo de putrefação. Muitos cientistas da época questionavam a abiogênese. Louis Pasteur foi o responsável por
derrubar definitivamente a abiogênese. Porém, até isso acontecer, vários estudiosos realizam experimentos para comprovar e
fortalecer cada uma das teorias. Atualmente, a biogênese é a teoria aceita para explicar como os seres vivos surgiram na Terra.
Abiogênese x Biogênese: os experimentos
Em 1668, Francesco Redi foi primeiro a questionar a teoria da abiogênese. Para isso, realizou um experimento com pedaços de
carnes cruas dentro de frascos fechados e abertos. Após alguns dias, surgiram larvas apenas nos frascos abertos. Redi concluiu que
as moscas colocaram ovos nos frascos abertos. Como nos frascos fechados não surgiram larvas, ficou demonstrado que seres vivos
não surgiam de modo espontâneo. O experimento de Redi provou que organismos vivos só podem surgir a partir de uma outra forma
de vida preexistente. Porém, em 1745, John Needham voltou a reforçar a teoria da abiogênese. Ele realizou um experimento onde
aqueceu, em tubos de ensaio, caldos nutritivos com alimentos. Os tubos de ensaio foram fechados para impedir a entrada de ar e de
formas de vida, sendo novamente aquecidos. Com os dias, surgiram microrganismos dentro dos tubos. Needham concluiu que esses
seres surgiram por geração espontânea, porque ao aquecer os tubos foram eliminadas todas as formas vivas. Ele concluiu que existia
uma "força vital" que era a responsável pelo surgimento dos microrganismos. Assim, a teoria da abiogênese voltou a ganhar força.
Em 1770, Lazzaro Spallanzani questionou o experimento de Needham. Ele realizou o mesmo experimento de Needham, porém,
colocou o caldo nutritivo em balões hermeticamente fechados e os submeteu à fervura. Depois de alguns dias, observou que não
existiam microrganismos. Spallanzani concluiu que Needham não havia fervido os seus caldos nutritivos por tempo suficiente e os
microrganismos não foram totalmente eliminados. Needham respondeu dizendo que Spallanzani havia fervido o caldo nutritivo por
muito tempo e destruiu a "força vital". Nesses questionamentos entre experimentos, Needham saiu com vantagem e a abiogênese
continuou fortalecida.
Em 1862, Louis Pasteur realizou um experimento de derrubou definitivamente a abiogênese. Ele realizou experimentos com caldos
nutritivos em balões do tipo pescoço de cisne. Ao ferver o líquido e quebrar o pescoço do balão, surgiam microrganismos. Enquanto
o pescoço não era quebrado, os microrganismos não apareciam. Pasteur provou que a fervura não destruia nenhuma "força ativa",
bastava quebrar o pescoço do balão que os microrganismos surgiam. Assim, a biogênese foi aceita como a teoria para explicar o
surgimento dos seres vivos.
A origem da vida
A origem da vida no planeta Terra é, sem dúvidas, um assunto que intriga toda a humanidade. Várias já foram as hipóteses criadas
para explicar tal evento, porém até os dias atuais nenhuma foi completamente comprovada. Neste texto abordaremos algumas das
principais ideias de gênese da vida.
Criacionismo
De acordo com o criacionismo, todos os seres vivos surgiram na Terra por meio de uma criação divina. Segundo essa ideia, Deus
criou todos os seres vivos, incluindo os seres humanos, como está relatado na Bíblia. Essa ideia de origem da vida é uma das mais
antigas e até hoje é aceita por muitos fiéis em torno de todo o planeta.
Panspermia
Panspermia é uma hipótese que afirma que a vida no planeta pode ter sido iniciada com base em partículas da vida que chegaram à
Terra através do espaço. De acordo com o filósofo grego Anaxágoras, existiam sementes da vida em todo o Universo. Desse modo,
a vida pode não ter sido originada aqui, e sim ter chegado ao planeta depois. Essa ideia criou força no século XIX, quando os
químicos Thenard, Vauquelin e Berzelius descobriram compostos orgânicos em amostras de um meteorito. Em 1871, o físico
William Thomson propôs que meteoros ou asteroides, ao colidirem com planetas que continham vida, poderiam ter ejetado rochas
contendo seres vivos. Assim, rochas contendo vida podem ter trazido ou colaborado com a origem da vida na Terra.
Teoria de Oparin e Haldane
De forma independente, os cientistas Oparin e Haldane levantaram uma hipótese que é hoje considerada a mais aceita de origem da
vida. Eles propuseram que a atmosfera primitiva da Terra apresentava compostos que sofreram a ação de raios e da radiação
ultravioleta, dando origem a moléculas simples. Essas moléculas orgânicas ficavam nos oceanos primitivos, formando uma espécie
de “sopa primitiva”. De acordo com os pesquisadores, a atmosfera primitiva terrestre era composta basicamente por amônia,
hidrogênio, metano e vapor d'água. O vapor d'água da atmosfera condensava-se e dava origem a chuvas. A água, ao cair no solo,
evaporava-se rapidamente, uma vez que a superfície terrestre ainda era quente, dando inicio, desse modo, a um ciclo de chuvas.
Nesse cenário observava-se ainda descargas elétricas e a radiação ultravioleta do Sol, que fazia com que os elementos atmosféricos
reagissem e formassem compostos, os aminoácidos. A água das chuvas levou esses aminoácidos à superfície terrestre. Esses, ao
encontrarem condições favoráveis, começaram a formar estruturas semelhantes a proteínas. Com a formação dos oceanos, essas
2. “proteínas primitivas” foram arrastadas para esses locais e formaram os coacervados, os quais podem ser definidos como agregados
de proteínas rodeados por água. Após algum tempo, esses coacervados tornaram-se estáveis e mais complexos. A ideia de Oparin-
Haldane foi posteriormente testada pelos pesquisadores Miller e Urey, em 1953. Eles criaram um experimento em que foi possível
simular as condições da Terra primitiva. O resultado foi impressionante, tendo sido eles capazes de produzir aminoácidos e outros
compostos orgânicos. Desse modo, ambos concluíram que moléculas orgânicas podiam ser geradas de maneira espontânea em
condições equivalentes às da Terra primitiva.
Representação do experimento realizado por Miller.
Entretanto, posteriormente, descobriu-se que a atmosfera primitiva provavelmente não era um ambiente como o sugerido por Oparin
e Haldane. Ainda assim, mesmo considerando as novas descobertas para as características da atmosfera da Terra primitiva, foi
possível produzir moléculas orgânicas. Vale salientar também que a atmosfera primitiva poderia ser redutora em pequenas porções,
como aquelas perto de aberturas de vulcões. Experimentos realizados nessas condições também geraram aminoácidos.
Alimentação do primeiro ser vivo: hipóteses autotrófica e heterotrófica
Além de compreender como os seres vivos surgiram, os cientistas também buscam saber como esses sobreviveram em um ambiente
tão remoto. Muito se discute ainda se o primeiro ser vivo era autotrófico ou heterotrófico, sendo possível observar muita discordância
entre os autores de livros didáticos nesse sentido. Veja a seguir essas duas hipóteses:
Hipótese heterotrófica: afirma que o primeiro ser vivo não era capaz de produzir seu próprio alimento. Desse modo, esses primeiros
seres alimentavam-se de moléculas orgânicas que estavam presentes no meio. Os que defendem essa ideia afirmam que os seres
vivos primitivos seriam muito simples e incapazes de produzir seu próprio alimento. Provavelmente esses organismos extraiam
energia dos alimentos por meio da realização da fermentação.
Hipótese autotrófica: afirma que os primeiros seres vivos eram capazes de produzir seu próprio alimento. Os autores que sustentam
essa ideia acreditam que a Terra não possuía moléculas orgânicas suficientes para alimentar esses primeiros seres. Entretanto, vale
destacar que provavelmente os primeiros organismos conseguiram obter seu alimento pelo processo de quimiossíntese, que não
necessita de energia luminosa, como a fotossíntese. Na quimiossíntese os seres vivos produzem moléculas orgânicas utilizando a
energia química proveniente de compostos inorgânicos.