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Livro Quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
2.1 – Nada. Vida futura
2.2 – Intuição das penas e gozos futuros
2.3 – Intervenção de Deus nas penas e recompensas
2.4 – Natureza das penas e gozos futuros
2.5 – Penas temporais
2.6 – Expiação e arrependimento
2.7 – Duração das penas futuras
2.8 – Ressurreição da carne
2.9 – Paraíso, inferno e purgatório
Referências
Slides:
https://pt.slideshare.net/MartaMiranda6/421-vida-futurapptx
https://pt.slideshare.net/MartaMiranda6/422-penas-e-gozos-futurospptx
https://pt.slideshare.net/slideshows/423-ressurreio-da-carne-paraso-
inferno-pugatriopptx/266357500
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2.1 – Nada. Vida futura
958 – Por que o homem tem, instintivamente, horror ao nada?
Porque o nada não existe.
Comentários:
A palavra “nada”
Linguagem:
 Pronome indefinido – é a ausência de algo ou coisa particular. Ex: Nada
foi encontrado;
 Advérbio – é usado para enfatizar a negação. Ex: Não é nada sério.
 Verbo – conjugação na 3.ª pessoa do singular. Ex: Ele nada na piscina.
 Substantivo masculino – denota a não existência, o que não existe, o
vazio.
Quando se fala de existência se fala da existência de algo. O nada não é coisa
alguma, logo não existe.
Física:
Fisicamente é preciso distinguir três coisas: o vácuo, o vazio e o nada. O
vácuo é um espaço não preenchido por qualquer matéria, em qualquer estado
físico. O vácuo, porém, ainda apresenta campos, sejam
eles magnéticos, elétricos, gravitacionais. Mesmo se fosse possível criar um
vácuo de cem por cento no qual não houvesse ondas sem matéria nem
campos interagindo, esse espaço ainda não estaria livre de eventos ou
matéria, uma vez que partículas e antipartículas estão constantemente se
formando e se aniquilando.
Mesmo se houvesse um vazio onde tivesse total ausência de matéria, campos
ou radiação, este vazio ainda seria considerado alguma coisa, pois haveria
ainda o espaço, isto é, a capacidade de caber algo, ainda que não houvesse
nenhum objeto para preenchê-lo. Todo o espaço, mesmo que não contenha
matéria, é preenchido por campo gravitacional.
Matemática:
Matematicamente, o conjunto vazio não é o mesmo que nada; ele é um
conjunto que não possui elementos (ou seja, que não contém nada), mas um
conjunto é sempre algo. É um elemento do conjunto dos subconjuntos de um
conjunto (chamado de conjunto das partes). Assim este "nada" matemático,
seria sempre um dos elementos de qualquer conjunto.
LIVRO quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
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Filosofia:
Ao pensar-se no "nada", associamos à nossa mente a ausência de qualquer
coisa que seja, o vazio absoluto. O nada foi pensado como conceito pelos
filósofos que questionavam inclusive se "o nada existe”.
Niilismo - filosofia cética e pessimista criada por Arthur Schopenhauer e
adotada por Friedrich Wilhelm Ritschl e Friedrich Nietzsche.
A crença no nada é chamada de niilismo. A palavra niilismo vem do latim “nihil”
e significa “nada”, é o vazio, é a representação cética da realidade e a
descrença dos valores morais.
O niilismo é uma corrente filosófica que está presente na filosofia, nas artes,
na religião, na política, na literatura. É uma filosofia pautada no ceticismo, que
recusa a reconhecer valores importantes para a existência humana.
Quem acredita nessa crença entende que o nada é aquilo que espera a
criatura após a morte.
Só existe a vida material, a qual estamos vivendo no momento e no futuro,
após a morte, não existe nada. Portanto, não devemos esperar nada após a
morte.
Nós apresentamos uma aversão natural a essa crença niilista, embora há
muitas pessoas que se prendem a ela para viverem no mundo material, para
usufruírem desregradamente daquilo que o mundo proporciona com a
justificativa de que se não existe nada além do mundo material, deve-se viver
aqui da melhor maneira e da forma que convir sem se importar com o amanhã.
Na verdade, as pessoas que buscam justificativa nessa crença, no niilismo
está indo contra a sua própria essência divina, pois todos nós sendo filhos de
Deus temos suas leis gravadas em nossa consciência, sendo assim, sabemos
no fundo do nosso íntimo que o nada não existe.
“Já que duvido, penso; já que penso, existo” – René Descartes (1596 – 1650).
Deus na sua perfeição não nos criou para o nada, não nos criou para uma
única existência física, tão curta, tão pequena diante da magnitude da vida, do
Universo e de tudo que nos cerca.
Para aquele que pensa bem além da vida material chega a conclusão de que
o nada não pode existir, o nada é uma crença que não corresponde com a
perfeição, com a inteligência suprema, com a misericórdia divina.
959 – De onde vem ao homem o sentimento instintivo da vida futura?
Já o dissemos: antes de sua encarnação, o Espírito conhece todas essas
coisas, e a alma guarda uma vaga lembrança do que sabe e do que viu em
seu estado espiritual. (393).
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Allan Kardec:
Em todos os tempos o homem se preocupou com o seu futuro de além-
túmulo, e isso é muito natural. Qualquer importância que ele ligue à vida
presente, não o pode impedir de considerar quanto ela é curta, e,
sobretudo, precária, visto que pode ser cortada a cada instante e ele não
está jamais seguro do dia de amanhã. Que se torna depois do instante
fatal? A questão é grave, porque não cogita mais de alguns anos, mas da
eternidade. Aquele que deve passar longos anos num país estrangeiro
se inquieta com a posição que aí terá; como, pois, não nos
preocuparíamos com a que teremos, deixando este mundo, visto que é
para sempre?
A ideia do nada tem alguma coisa que repugna à razão. O homem mais
negligente durante sua vida, chegado o momento supremo, se pergunta
o que vai tornar-se, e involuntariamente espera.
Crer em Deus sem admitir a vida futura seria um contrassenso. O
sentimento de uma existência melhor está no foro íntimo de todos os
homens. Deus não o colocou aí em vão.
A vida futura implica a conservação de nossa individualidade depois da
morte. Que nos importaria, com efeito, sobreviver ao nosso corpo se
nossa essência moral deveria se perder no oceano do infinito? As
consequências para nós seriam as mesmas que o nada.
Comentários:
O sentimento instintivo da vida futura não é natural do acaso.
Primeiro: O Espírito conhecia a vida na erraticidade antes de reencarnar e
mesmo que esqueçamos ou que não tenhamos a lembrança exata do que
vivenciamos no plano espiritual, esse fato está gravado em nós, como uma
intuição, como uma vaga lembrança das nossas vivências no plano espiritual.
Segundo: Isso faz parte da lei de Deus que está gravada em nossa
consciência. Então por mais que não queiramos dar atenção a esse
sentimento que nos acompanha, ele vai estar sempre presente em nós. É a
essência divina do Criador que está na nossa consciência, no nosso coração,
na nossa vida.
Mesmo aquele que diz que não acredita quando chega o momento supremo
se pergunta o que será dele.
No fundo, nós queremos manter a nossa individualidade, manter o que nós
somos, o nosso aprendizado. Queremos continuar vivos, seguindo a nossa
trajetória.
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A partir do momento que adquirimos mais entendimento e mais compreensão
esse sentimento instintivo vai se fortalecendo.
No primeiro momento esse sentimento é mais instinto, depois vamos tomando
consciência. Com o nosso crescimento, quando já temos a oportunidade de
saber e conhecer acerca da vida futura, deixa de ser apenas um instinto e
passa a ser uma certeza, uma segurança que temos dentro de nós.
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2.2 – Intuição das penas e gozos futuros
960 – De onde vem a crença, que se encontra entre todos os povos, de
penas e recompensas futuras?
É sempre a mesma coisa: pressentimento da realidade trazida ao homem pelo
Espírito nele encarnado; porque sabei-o, não é em vão que uma voz interior
vos fala: vosso erro está em não escutá-la bastante. Se nisso pensásseis bem,
frequentemente, vos tornaríeis melhores.
Comentários:
Nós chegamos aqui na Terra com essa voz interior que reflete não apenas as
nossas vivências do passado, mas também, o nosso planejamento
reencarnatório elaborado na erraticidade.
Por isso é importante prestarmos atenção a essa voz interior que nos fala, pois
geralmente é um alerta, é o chamado dos Espíritos amigos a nos conduzir no
caminho do bem, nos alertando acerca das verdades da vida, nos ajudando a
seguir os melhores rumos, sempre no caminho do bem.
Mesmo havendo o esquecimento do passado, aquilo que precisamos saber,
aquilo que é importante para nossa caminhada na atual existência vai nos
chegar de alguma forma, a qual será quase sempre através da intuição, apesar
de haver outras formas, como os sonhos, por exemplo.
Se já vivenciamos a vida espiritual nós sabemos que ela existe. Por isso há os
pressentimentos das penas e recompensas, pois sabemos na erraticidade, em
consequência das nossas atitudes equivocadas ou não, lá seremos mais ou
menos felizes.
Com certeza, já passamos por penas, por dificuldades, pois viemos de um
passado de equívocos, de erros. Já sofremos na erraticidade. Então temos
essa vivência em nós, gravada na nossa memória, no nosso coração. Por isso
temos esse pressentimento.
E ainda, não estamos só. A Espiritualidade também nos intui, independente
se cremos ou não.
A voz interior parte da consciência, de maneira que o homem ouça por muitos meios
possíveis e passe a aplicar os conselhos. Quando os esquece, ela torna a dizer, até que o
ser encarnado comece a viver, compreender e respeitar as leis espirituais. Tudo da lei se
encontra gravado na consciência.
Se o ser humano tem vaga ideia das penas que haverá de sofrer em fazendo o mal,
igualmente tem a mesma ideia das recompensas em fazendo o bem, e é nessa luta que ele
acorda, com o perpassar dos tempos, para o amor e a caridade. A alma não presta bastante
LIVRO quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
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atenção às advertências; é por isso que ela sofre, no entanto, esse é o aprendizado de
quem não tem ouvidos para ouvir, pela ignorância, situação essa, pela qual todos passam.
Somente o tempo pode prepará-los para o advento da luz. (Miramez)
961 – No momento da morte, qual é o sentimento que domina a maioria
dos homens: a dúvida, o medo ou a esperança?
A dúvida para os céticos endurecidos, o medo para os culpados e a esperança
para os homens de bem.
Comentários:
Resposta suscinta, direta, objetiva, mas completa. Disseram tudo.
Tudo depende do nosso coração, daquilo que estivermos feito enquanto
trabalhamos aqui na vida material.
 Céticos – irá vigorar a dúvida, o questionamento. Será que há ou não
algo após a morte?
 Culpados – irá vigorar o temor, o medo de serem punidos,
responsabilizados pelos seus atos em desconformidade com as leis
divinas.
 Homens de bem – irá vigorar a esperança porque caminharam em
conformidade com as orientações divinas, de Jesus, do Evangelho, das
leis divinas. Não há o que temer.
962 – Por que há céticos visto que a alma traz ao homem o sentimento
das coisas espirituais?
Há menos do que se julga. Muitos se fazem Espíritos fortes durante sua vida
por orgulho, mas, no momento da morte, não são tão fanfarrões.
Comentários:
Se a alma já vivenciou experiências na vida espiritual, na erraticidade, como
ele pode ser cético?
A espiritualidade nos diz que os céticos são em número muito menor do que
julgamos.
Há aqueles que dizem não crer, mas o seu íntimo oculto diz outra coisa.
O orgulho que se tem é que os fazem se mostrarem fortes, porém no momento
da morte deixam de agir dessa maneira e questionam se a vida espiritual será
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boa ou ruim, mostrando que na verdade não são céticos no sentido de
acreditarem que após a morte não há mais nada e que tudo se acaba.
Quanto mais imperfeita é a alma, quanto mais próximo da primitividade é o
Espírito, menos noção ele tem do plano espiritual.
Tem Espíritos que em função da sua imperfeição, estão na erraticidade, mas
tem pouca compreensão daquilo que se passa ao seu redor, tem pouca
compreensão de que estão no plano espiritual.
Muitas vezes eles retornam para nova reencarnação em decorrência de uma
completa atuação da Espiritualidade superior e em função das suas limitações
não participam do planejamento reencarnatório, não compreendem o
processo.
Retornam para a espiritualidade e voltam ao mundo material sem consciência
de que estiveram na erraticidade, que eles estavam desencarnados. Não tem
noção, não compreendem e não entendem que existe o mundo espiritual. Não
tem conhecimento acerca dessa realidade.
Isso se amplia com a evolução da alma.
As almas mais primitivas, mais imperfeitas tem menos consciência do mundo
espiritual. Por isso é mais difícil ter essa certeza, portanto, são mais céticos,
vivem mais o mundo material.
Diferente daqueles que já estão mais maduros, que já adquiriram mais
entendimento acerca do que experenciaram na erraticidade
Allan Kardec:
A consequência da vida futura é a responsabilidade de nossos atos. A
razão e a justiça nos dizem que, na repartição da felicidade à qual todo
homem aspira, os bons e os maus não podem ser confundidos. Deus não
pode querer que uns gozem, sem pena, de bens aos quais outros não
atingem senão com esforço e perseverança.
A ideia que Deus nos dá da sua justiça e da sua bondade pela sabedoria
de suas leis, não nos permite crer que o justo e o mau estejam num
mesmo plano aos seus olhos, nem de duvidar que eles receberão um dia,
um a recompensa, outro o castigo, do bem ou do mal que tenham feito.
É por isso que os sentimentos inatos que temos da justiça nos dão a
intuição das penas e das recompensas futuras.
Comentários:
No plano espiritual podemos viver coisas boas ou coisas ruins. Temos a
intuição das penas ou das recompensas futuras.
No fundo todos nós sabemos que o mal é o mal e que o bem é o bem.
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No fundo do nosso coração sabemos que a lei de justiça não pode permitir a
felicidade para aqueles que não praticaram o bem e não pode permitir a dor e
o sofrimento para aqueles que foram pessoas de bem.
A nossa própria noção de certo e errado nos conduz a esse raciocínio. Nós
sabemos o que fazemos ou o que deixamos de fazer.
No desencarne a pessoa tem uma noção do que irá vivenciar no mundo
espiritual, se é algo bom ou negativo.
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1.3 – Intervenção de Deus nas penas e recompensas
963 – Deus se ocupa pessoalmente de cada homem?
Ele não é muito grande e nós muito pequenos para que cada indivíduo
em particular tenha alguma importância aos seus olhos?
Deus se ocupa de todos os seres que criou, por menores que sejam; nada é
muito pequeno para a sua bondade.
Comentários:
Linda essa questão! Essa questão nos acalma, nos tranquiliza.
Quantos de nós já não perguntamos isso?
Quantas vezes já questionamos a grandiosidade de Deus para se preocupar
conosco...
Somos minúsculos. Um indivíduo dentre bilhões de seres (só na Terra) em um
universo gigantesco.
É muito importante para nós essa afirmação da Espiritualidade, nos mostrando
que somos filhos de Deus, obras dele e nada, absolutamente nada é destituído
de valor para a sua bondade.
Gênese – Capítulo II
É como se estivéssemos envolvidos em um fluido divino.
Em uma comparação: assim como existe o fluido cósmico universal (matéria)
que está em todo o Universo, Deus está presente em tudo, está em nós, sabe
tudo o que acontece conosco e da mesma forma que Ele está em nós, nós
estamos nEle.
Nessa comparação é como se estivéssemos absorvidos em um fluido divino e
esse fluido estivesse em todos os lugares do universo.
Tudo o que nós fazemos, vibramos, pensamos impacta esse fluido divino,
portanto, Deus tem acesso a tudo, absolutamente, tudo no Universo.
Ele sabe tudo o que passa conosco, as nossas dores, nossas angústias, os
nossos sentimentos, pensamentos.
Embora Ele saiba o que se passa conosco, a forma de nós ouvi-lo, de perceber
as orientações, a intuição e o cuidado que Ele tem conosco é através da
prece, pois a prece é o instrumento que nos permite conectar com Ele e captar
as suas orientações.
Ele sabe o que acontece conosco, mas para que possamos ouvi-lo,
precisamos elevar o nosso pensamento e entrando em sintonia com Ele
LIVRO quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
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vamos captar as suas orientações, o seu amor, as suas vibrações, as
inspirações positivas e salutares.
Com certeza, Deus se ocupa de todas as criaturas, mas às vezes é nós que
não nos ocupamos dele e acabamos bloqueando esse contato.
964 – Deus tem necessidade de se ocupar de cada um dos nossos atos
para nos recompensar ou nos punir, e a maioria desses atos não são
insignificantes para ele?
Deus tem suas leis que regulam todas as vossas ações; se as violais é vossa
falta. Sem dúvida, quando um homem comete um excesso, Deus não
pronuncia um julgamento contra ele para lhe dizer, por exemplo: foste guloso
e vou te punir. Mas ele traçou um limite; as doenças e, frequentemente, a
morte, são a consequência dos excessos: eis a punição. Ela é o resultado da
infração à lei. Assim em tudo.
Allan Kardec:
Todas as nossas ações estão submetidas às leis de Deus. Não há
nenhuma, por mais insignificante que nos pareça, que não possa ser-lhe
uma violação. Se suportamos as consequências dessa violação não
devemos imputá-la senão a nós mesmos que nos fazemos, assim, os
próprios artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade futura.
Essa verdade se torna sensível pelo apólogo seguinte:
“Um pai deu ao seu filho a educação e a instrução, quer dizer, os meios
de saber se conduzir. Ele lhe cede um campo para cultivar e lhe diz: Eis
a regra a seguir e todos os instrumentos necessários para tornar esse
campo fértil e assegurar tua existência. Dei-te instruções para
compreender essa regra; se a seguires, teu campo produzirá muito e te
proporcionará o repouso na tua velhice; do contrário, não produzirá nada
e morrerás de fome. Dito isso, deixo-o agir à sua vontade.”
Não é verdade que esse campo produzirá em razão dos cuidados dados
cultura, e que toda negligência será em detrimento da colheita? O filho
será, pois, na velhice, feliz ou infeliz segundo tenha seguido ou
negligenciado a regra traçada por seu pai. Deus é ainda mais previdente,
porque nos adverte a cada instante se fazemos bem ou mal: ele nos envia
os Espíritos para nos inspirar, mas não os escutamos. Há ainda a
diferença de que Deus dá sempre ao homem um recurso nas suas novas
existências para reparar seus erros passados, enquanto que o filho de
quem falamos, não o tem mais, se empregou mal seu tempo.
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Comentários:
Deus tem Suas leis como agentes de equilíbrio, as quais devemos estar em
constante observação em todas as nossas atividades. Se violamos essas leis
no mínimo que seja, vem a resposta delas para o nosso caminho.
Deus não fica analisando cada palavra, cada ato, cada gesto, cada atitude que
praticamos. Não fica comparando se aquele gesto está ou não em
conformidade com a lei divina.
Ele a tudo vê, mas não nos pune ou nos glorifica por cada ato individual
praticado. É um conjunto.
Temos as nossas oportunidades diárias, mas tudo é o conjunto, o resultado
do todo.
Em função de erros diários, provavelmente, a minha existência lá na frente
será negativa, a minha colheita no fim não será boa. Usando a comparação
feita por Kardec, a minha velhice será de dificuldades, de dores. Não terei todo
o amparo daquele campo de terras férteis que poderia ter sido bem utilizado
para a plantação em função das minhas atitudes.
Porém, isso é um tempo que Deus nos permite para que nesse período
possamos estudar, trabalhar, crescer e evoluir ou desperdiçar esse tempo em
função das nossas escolhas.
Deus nos traça um limite e muitas vezes extrapolamos esse limite com os
nossos equívocos.
Estamos aqui na nossa existência reencarnatória com a possibilidade de
crescer ou estagnar.
Estamos aqui com o campo fértil que é a nossa reencarnação para plantar.
Vamos plantar bem para colher bem. Se não o fizermos o limite é o nosso
desencarne.
A cada reencarnação, Deus nos dá um novo campo para semearmos com o
objetivo de bem colhermos.
Isso não significa que Ele não esteja atento a tudo o que realizamos. A
recompensa ou a pena é computada ao fim deste tempo, desse limite traçado
pelo Pai.
Não nenhum senhor senil sentado em um trono de ouro para observarmos,
como também, não há livro da capa preta com os registros das nossas ações
a serem glorificadas ou punidas.
Nossas ações por menores que sejam estão registradas no livro da vida que
é a nossa consciência.
Estamos submetidos à lei de sintonia, afinidade, de atração, repulsão, ação,
reação, causa e efeito, reencarnação.
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É como se Deus nos dissesse: Te criei, te forneço tudo o que precisas, te dou
inteligência e liberdade. Evolua, faça como quiseres, da forma e no tempo que
quiseres, respeitando as minhas leis. Caso as desrespeite, as consequências
são suas.
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2.4 – Natureza das penas e gozos futuros
965 – As penas e os gozos da alma, depois da morte, têm alguma coisa
de material?
Elas não podem ser materiais, visto que a alma não é material: o bom-senso
o diz. Essas penas e esses gozos não têm nada de carnal e, portanto, são mil
vezes mais vivos que os que experimentais sobre a Terra, porque o Espírito,
uma vez livre, é mais impressionável e a matéria não enfraquece mais suas
sensações. (237 a 257).
Comentários:
Como estamos acostumados a vida material e ao sofrimento ou o gozo que a
matéria nos proporciona nós temos muitas vezes a ideia equivocada de que
na erraticidade as penas e gozos serão igualmente materiais.
A Espiritualidade nos esclarece que o nosso Espírito não é matéria.
 Q.27 – Trindade Universal: Deus → Espírito → Matéria
Então na erraticidade estamos na nossa condição natural. Estamos ali como
Espíritos, libertos do corpo físico.
Somos muito mais impressionáveis. Isto é, as nossas percepções se ampliam.
Tudo o que vemos e que sentimos é mais forte, é mais pungente, tanto para o
bem, quanto par o mal.
Aqui a matéria é como se fosse um filtro, então o impacto que o nosso Espírito
sente aqui na Terra é menor, devido ao corpo físico.
Na erraticidade, o Espírito vive tudo numa intensidade maior, tanto para o bem,
quanto para o mal.
As percepções são muito mais visíveis e tudo é mais nítido para nós.
A felicidade que vivemos aqui já nos traz enorme satisfação. Imaginemos a
felicidade que vivenciamos lá.
As pessoas que têm acesso através do êxtase a essas vidas sublimes não
querem voltar. Querem continuar no estado de emancipação vivenciando
aquela situação de êxtase. Deve ser algo espetacular, incapaz de traduzir em
palavras a sensação de felicidade.
E da mesma forma as nossas penas também são bem mais dolorosas do que
a que vivemos aqui.
LIVRO quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
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966 – Por que o homem faz das penas e dos gozos da vida futura, uma
ideia, frequentemente, tão grosseira e tão absurda?
Inteligência que não pôde ainda desenvolver bastante. A criança compreende
como o adulto? Aliás, isso depende também daquilo que se lhe ensinou; e aí
há necessidade de uma reforma.
Vossa linguagem é muito incompleta para exprimir o que está em torno de vós;
por isso, foram necessárias comparações e são essas imagens e essas figuras
que tomastes pela realidade. Mas à medida que o homem se esclarece, seu
pensamento compreende as coisas que sua linguagem não pode exprimir.
Comentários:
Somos ainda muito ignorantes no sentido de que nos faltam entendimento,
conhecimento, inteligência e maturidade espiritual para compreender muitas
coisas, além do nosso vocabulário ser muito incompleto. A nossa linguagem
reflete a nossa vivência, aquilo que conhecemos (qualquer que seja a língua).
Onde vamos encontrar palavras para dizer daquilo que não conhecemos? Não
criamos vocabulário para aquilo que não conhecemos.
Então para que a Espiritualidade possa nos explicar aquilo que não
conhecemos e ainda não compreendemos precisa usar um termo de
comparação sempre imperfeito, conforme o que temos aqui na Terra, a fim de
que possamos alcançar o raciocínio daquilo que estão a nos dizer. Pois se
utilizarem uma comparação, usando somente a teoria na nossa linguagem
incompleta, não entenderemos.
Portanto, tudo decorre do nosso progresso que ainda não aconteceu de forma
plena a nos oportunizar o total conhecimento que nos daria uma ideia mais
abrangente das penas e gozos futuros.
967 – Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?
Conhecer todas as coisas, não ter nem ódio, nem ciúme, nem inveja, nem
ambição, nem qualquer das paixões que fazem a infelicidade dos homens. O
amor que os une é para eles a fonte de uma suprema felicidade. Eles não
experimentam nem as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias
da vida material. São felizes do bem que fazem. De resto, a felicidade dos
Espíritos é sempre proporcional à sua elevação. Só os Espíritos puros gozam,
é verdade, uma felicidade suprema, mas todos os outros não são infelizes.
Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus em que os gozos são
relativos ao estado moral. Os que estão bastante avançados compreendem a
felicidade dos que chegaram antes deles: a ela aspiram. Mas é para eles
objeto de emulação e não de ciúme. Sabem que deles depende alcançá-la e
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trabalham para esse fim, mas com a calma da boa consciência, e são felizes
por não terem que sofrer o que sofrem os maus.
Comentários:
André nos relata em suas obras, através de Chico Xavier, essa calma, essa
paz, a consciência tranquila (apesar de alguns débitos) entre os integrantes
do Nosso Lar.
 Cairbar Schutel também faz alguns relatos de Alvorada Nova.
Vejam o que nos aguardam quando formos bons Espíritos.
Quando estivermos conseguindo vivenciar verdadeiramente o Evangelho,
viveremos essa felicidade.
Estaremos dominando o conhecimento de todas as coisas, das infinitas
nuances da matéria, das coisas do Espírito, das ciências, das artes, da justiça
divina, da essência de Deus. Não apenas aquilo que vive no mundo material,
mas vamos saber tudo referente ao mundo espiritual, ao Universo, às leis
divinas.
À medida que formos evoluindo não sentiremos ódio, nem ciúme, nem inveja,
nem ambição, nem qualquer uma das paixões que existem ainda hoje na
Terra.
Imaginemos como é o coração daqueles Espíritos que já chegaram nessa
condição. Não tem como sentir infelicidade.
A infelicidade decorre das nossas imperfeições, das nossas análises
equivocadas do mundo, daquilo que nos acontece, dos sofrimentos que nos
chegam.
Eles não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as
angústias da vida material. São felizes pelo bem que fazem. Cada atitude no
bem lhes proporciona felicidade e esse bem nem sempre é para si próprio,
muitas vezes é pelo outro, mas o renunciar pelo outro é algo que os faz feliz.
A felicidade do outro é a sua também.
Quando temos a percepção dessas verdades, é um estímulo para que nós
possamos continuar trabalhando, buscando a nossa reforma íntima com a
mudança em nosso coração para que ele realmente possa ser melhor, para
que ele possa refletir em uma pessoa mais humana, mais espiritualizada, mais
fraterna.
A felicidade dos bons Espíritos consiste em ter uma tranquilidade de consciência
imperturbável. Eles se desvincularam do ódio, por amarem a todos sem distinção; não têm
ciúmes, por confiarem em todas as criaturas; não têm inveja, por serem partidários do
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desprendimento; não surge em seus pensamentos a ambição, por terem ingressado em
todos os movimentos da caridade. Desconhecem todas as paixões inferiores, por amarem
constantemente a Deus em todas as coisas; vivem bem com seus semelhantes em
quaisquer faixas de vida; compreendem as necessidades dos animais e sabem, pela vida
que levam, abençoar a todas as dimensões da natureza, respeitando-a como mãe.
968 – Colocais a ausência das necessidades materiais entre as
condições de felicidade para os Espíritos; mas a satisfação dessas
necessidades não é para o homem uma fonte de prazeres?
Sim, os prazeres do animal; e quando não podes satisfazer essas
necessidades, é uma tortura.
Comentários:
Sentimos necessidade dos gozos materiais porque ainda estamos mais
próximos da animalidade do que da angelitude.
A nossa condição ainda de pouca evolução nos faz desejar, querer, sentir
necessidade dos gozos que o mundo material nos proporciona.
A felicidade que sentimos, de fato, existe, mas é a felicidade do animal. Ainda
nos satisfazemos com o pouco.
A verdadeira felicidade não é alcançada com os gozos que o mundo pode nos
proporcionar, mas somente aqueles obtidos pelo nosso Espírito, pela nossa
alma.
É difícil percebermos o quão imperfeitos ainda somos, o quão estamos
distantes da sublimação nós estamos. Mas já estivemos muito mais longe.
Estamos no meio do caminho, há muita estrada pela frente.
Estamos todos os dias caminhando, dando um passo curto, mas sempre
dando um passo à frente
969 – O que é preciso entender quando se diz que os Espíritos puros
estão reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe cantar louvores?
É uma alegoria que pinta a inteligência que eles têm das perfeições de Deus,
porque veem e o compreendem, mas que não é preciso mais prender à letra
como muitas outras. Tudo na Natureza, desde o grão de areia, canta, quer
dizer, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Mas não creias
que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação durante a
eternidade, pois isso seria uma felicidade estúpida e monótona. Seria mais a
do egoísta, uma vez que sua existência seria uma inutilidade sem termo. Eles
não têm mais as tribulações da existência corporal: já é um gozo. Aliás, como
dissemos, eles conhecem e sabem todas as coisas e aproveitam a inteligência
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que adquiriram para ajudar o progresso dos outros Espíritos. É sua ocupação
e, ao mesmo tempo, um prazer.
Comentários:
Os Espíritos não ficam vivendo só de felicidade e contemplação divina.
Quando estudamos a razão pela qual fomos criados, a razão da existência da
reencarnação, a doutrina espírita nos oferece excelente oportunidade de
compreendermos que fomos criados para a felicidade, para a perfeição, mas
também para ajudar na obra da criação.
Faz parte da obra da criação, trabalhar pelo progresso do outro, trabalhar pelo
bem e pelo desenvolvimento dos nossos irmãos menores.
Os Espíritos puros, exercitam a felicidade trabalhando pelo próximo,
trabalhando na seara do Pai. Isso para eles é um motivo de felicidade,
portanto, percebemos que quanto mais o Espírito evolui, quanto mais progride
na escala de depuração espiritual, mais ele trabalha, cada vez mais pela
humanidade, ampliando cada vez mais a sua capacidade de amparo, de
auxílio, de ajuda, proporcionando ainda mais o seu crescimento, a sua
evolução.
Lembrando que Espíritos puros não mais reencarnem, pois não precisam mais
adquirir as virtudes que se conquista com a reencarnação, eles continuam
mesmo na erraticidade crescendo e evoluindo.
O progresso é constante e infinito.
A cada atividade, a cada progresso que eles realizam, se aproximam ainda
mais de Deus e mais trabalham em benefício de toda a criação.
É muito trabalho, mas ao mesmo tempo é muita satisfação.
Nos sentimos felizes, realizados com as nossas tarefas cumpridas.
Quanto mais difícil, mais complexa, maior é a satisfação.
Os Espíritos cantam louvores a Deus, mas é na execução do trabalho em que se
empenharam, na disseminação da harmonia universal. Vejamos que a própria natureza,
em todos os seus departamentos de vida, canta louvores, desde o átomo até as galáxias.
Nada há no universo sem movimento; se nada pára, como os Espíritos puros, que
chegaram à perfeição, poderiam ficar somente contemplando o Criador? O próprio Jesus
disse que o Pai trabalhava sempre e que Ele operava constantemente. Corro parar? Esses
agentes de Deus, de quem tanto falamos, são Espíritos altamente identificados com o Pai,
e que viajam por toda a criação, com destinos que os homens desconhecem, levando a
verdade e sustentando a fé e a ciência em todos os ambientei Eles trabalham mais do que
pensas, pois são cocriadores da eternidade. (Miramez)
19
970 – Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?
Eles são tão variáveis quanto as causas que os produziram, e proporcionais
ao grau de inferioridade, como os gozos o são para os graus de superioridade.
Podem se resumir assim: Invejarem tudo o que lhes falta para serem felizes e
não poderem obtê-lo; verem a felicidade e não poderem atingi-la; desgosto,
ciúme, raiva, desespero daquilo que os impede de ser feliz; remorso,
ansiedade moral indefinível. Eles têm o desejo de todos os prazeres e não
podem satisfazê-los, e é o que os tortura.
Comentários:
Livro: O Céu e o Inferno – Segunda parte – Capítulos 4 a 7.
Depoimento de Espíritos criminosos, materialistas percebemos que em
determinadas situações o sofrimento não é só moral, há algo também material,
físico.
Considerando serem Espíritos muito imperfeitos tem pouca compreensão para
entender as penas essencialmente morais, devido as suas posturas e por
serem muito materializados, apegados à matéria. Então os sofrimentos que
eles experimentam na erraticidade, tem algo material.
Independentemente de ser com um viés mais ou menos moral, eles são
sempre grandes, pois na erraticidade tudo é mais intenso, uma vez que se
alarga as potencialidades do Espírito.
Quando encarnado essas potencialidades são muito limitadas, pois o corpo
físico acaba exercendo a função de filtro para essas potencialidades, tanto
para a felicidade, quanto par o sofrimento.
971 – A influência que os Espíritos exercem, uns sobre os outros, é
sempre boa?
Sempre boa da parte dos bons Espíritos, claro. Mas os Espíritos perversos
procuram desviar do caminho do bem e do arrependimento os que eles creem
suscetíveis de se deixar arrastar, e que, frequentemente, arrastaram ao mal
durante a vida.
971.a) Assim, a morte não nos livra da tentação?
Não, mas a ação dos maus Espíritos é muito menor sobre os outros Espíritos
que sobre os homens, porque eles não têm por auxiliares as paixões materiais.
(996).
20
Comentários:
De Espírito para Espírito.
A influência dos Espíritos ocorre na vida, tanto daqueles que se encontram na
matéria, quanto fora dela.
A influência dos Espíritos é sempre condizente com que o Espírito é, aquilo
que ele pensa vibra com suas emoções e em conformidade com seu nível
evolutivo.
Espíritos bons só vão influenciar para o bem, já os Espíritos perversos,
libidinosos, maléficos vão tentar desviar o ser do caminho do bem.
Por isso precisamos estar atentos em quem somos e a essa sintonia, pois
somos sempre influenciados por Espíritos. Nós vivemos junto com eles.
Eles estão sempre conosco, nos acompanham em tudo, participam das
nossas reuniões, adentram os nossos lares. Conforme esteja nossa sintonia,
nosso pensamento, esse convívio mais próximo será com a Espiritualidade
amiga, superior, nossos Espíritos protetores.
Por outro lado, pode ser com aqueles Espíritos mais inferiores que nos são
simpáticos, em função da forma de vida que adotamos seguir.
972 – Como fazem os maus Espíritos para tentar os outros Espíritos,
visto que não dispõem do socorro das paixões?
Se as paixões não existem materialmente, elas existem ainda no pensamento
dos Espíritos atrasados. Os maus mantêm esses pensamentos, arrastando
suas vítimas para os lugares onde elas têm o espetáculo dessas paixões e
tudo o que as pode excitar.
972.a) Mas por que essas paixões, se já não têm mais objeto real?
É precisamente para o seu suplício: o avarento vê o ouro que não pode
possuir; o debochado, as orgias nas quais não pode tomar parte; o orgulhoso,
as honras que ele inveja e das quais não pode gozar.
Comentários:
Nós estamos falando de espíritos maus tentando influenciar outros Espíritos
desencarnados.
Como os espíritos maus conseguem tentar outros espíritos considerando que
as paixões materiais não são mais acessíveis a eles, pois estão em outra
condição, em outro plano?
21
As paixões de fato não existem materialmente, mas existem no pensamento
desses Espíritos atrasados.
E através desses pensamentos eles buscam essas paixões, eles anseiam por
elas e eles sofrem quando eles não as conseguem ter, quando eles não podem
realmente vivenciar aquelas paixões novamente.
Os maus, através dos pensamentos influenciam esses espíritos, fazendo com
que as suas vítimas sigam para os lugares onde o espetáculo daquelas
paixões possa excitá-los. Isso transforma em um suplício, pois devido estar
em outro plano não podem ter o objeto real do seu interesse.
Os Espíritos maus conseguem influenciar negativamente outros Espíritos
através das paixões porque conseguem levar esses Espíritos para esses
locais. Eles veem pessoas encarnadas vivenciando aquelas paixões sem que
eles também possam vivenciá-las plenamente. Isso é um suplício.
O avarento vê ouro, mas não pode mais possuir;
O devasso vê orgias, mas não pode fazer parte.
Será que na erraticidade não há orgias? Os Espíritos inferiores não procuram
excitar o exercício das suas paixões, como por exemplo, o ato sexual?
Há Espíritos que buscam na erraticidade as orgias, realizam atos sexuais, mas
não conseguem saciar da mesma forma. O perispírito sendo mais etéreo não
consegue fornecer as mesmas sensações materiais que o corpo físico.
A bebida não lhes concede os mesmos efeitos que na matéria.
O sexo, na erraticidade, não fornece aos Espíritos que buscam essas orgias o
que eles alcançavam quando estavam encarnados.
Para eles querer estar na matéria, mas não ser possível é uma tortura, um
suplício.
- Avô do André Luiz – No Mundo Maior – Capítulo 18 e 19
- Livro Sexo e Destino
973 – Quais são os maiores sofrimentos que podem suportar os maus
Espíritos?
Não há descrição possível das torturas morais que são a punição de certos
crimes. Mesmo os que as experimentam teriam dificuldades em vos dar uma
ideia delas. Mas, seguramente, a mais horrível é o pensamento de serem
condenados para sempre.
Allan Kardec:
22
O homem faz das penas e dos gozos da alma depois da morte uma ideia
mais ou menos elevada, segundo o estado de sua inteligência. Quanto
mais ele se desenvolve, mais essa ideia se depura e se liberta da matéria.
Ele compreende as coisas sob um ponto de vista mais racional e deixa
de prender à letra as imagens de uma linguagem figurada. A razão mais
esclarecida, nos ensinando que a alma é um ser todo espiritual, nos diz,
por isso mesmo, que ela não pode ser afetada pelas impressões que não
agem senão sobre a matéria. Mas não se segue disso que esteja isenta
de sofrimentos, nem que não receba a punição de suas faltas. (237).
As comunicações espíritas têm por resultado nos mostrar o estado
futuro da alma, não mais como uma teoria, mas como uma realidade. Elas
colocam sob nossos olhos todas as peripécias da vida de além-túmulo.
Mas no-las mostram ao mesmo tempo como consequências
perfeitamente lógicas da vida terrestre, e, ainda que liberto do aparelho
fantástico criado pela imaginação dos homens, elas não são menos
penosas para aqueles que fizeram mau uso de suas faculdades. A
diversidade dessas consequências é infinita, mas pode-se dizer em tese
geral: cada um é punido naquilo em que pecou. É assim que uns o são
pela visão incessante do mal que fizeram, outros pelos desgostos, pelo
medo, pela vergonha, pela dúvida, pelo isolamento, pelas trevas, pela
separação dos seres que lhe são caros, etc.
Comentários:
Os sofrimentos pelos quais os Espíritos maus irão sofrer na erraticidade são
inúmeros, extremamente variáveis, conforme o erro de cada um.
Cada um é punido naquilo que pecou.
Está tudo no livro da vida – a consciência.
O Espírito projeta a imagem dos seus pensamentos, dos seus sofrimentos.
Livro: O Céu e o Inferno, na sua segunda parte, nos fornecem uma ideia mais
clara dos vários tipos de sofrimentos que podemos vivenciar na erraticidade,
através do depoimento de vários Espíritos na erraticidade.
 Espíritos felizes
 Espíritos numa condição mediana
 Espíritos sofredores
 Espíritos suicidas
 Espíritos criminosos arrependidos
 Espíritos endurecidos
São testemunhas que nos trazem uma ideia daquilo que a Espiritualidade está
aqui nos falando, além das reuniões mediúnicas em todas as casas espíritas
que realiza tais atividades.
23
São vários os tipos de dificuldades morais que estamos sujeitos na
erraticidade quando optamos pela prática do mal.
Muitas vezes há determinadas punições que são mais materiais, mas grande
parte delas é moral. São mais difíceis e dolorosas do que podemos imaginar.
Porém, a mais difícil, a mais horrível é o fato de muitos Espíritos acharem que
irão sofrer por toda a eternidade.
Sabemos que não é assim. Ninguém sofre eternamente porque fomos criados
para a perfeição e para ela chegaremos mais cedo ou mais tarde.
974 – Qual a origem da doutrina do fogo eterno?
Imagem, como tantas outras coisas, tomadas pela realidade.
974.a) Mas esse medo não pode ter um bom resultado?
Vede, pois, se ele reprime muito, mesmo entre os que a ensinam. Se ensinais
coisas que a razão rejeita mais tarde, fareis uma impressão que não será nem
durável, nem salutar.
Allan Kardec:
O homem, não podendo mostrar, pela sua linguagem, a natureza desses
sofrimentos, não encontrou comparação mais enérgica que a do fogo,
porque para ele o fogo é o tipo do mais cruel suplício e o símbolo da ação
mais enérgica.
É por isso que a crença no fogo eterno remonta à mais alta antiguidade
e os povos modernos a herdaram dos povos antigos. É por isso também
que, em sua linguagem figurada, ele diz: o fogo das paixões; queimar-se
de amor, de ciúme, etc. etc.
Comentários:
A ideia do “Fogo eterno” decorre de uma imagem, de uma cultura, de uma
educação que nos foi dada durante séculos. De tanto ouvirmos, aprendermos
que esse fogo eterno era algo real, verdadeiro, nós assimilamos isso como
sendo uma realidade. Essa doutrina continuou conosco por muito tempo. E
ainda há aqueles que acreditam na existência desse fogo eterno.
Hoje temos o esclarecimento acerca disso.
É uma imagem figurada, criada pelo homem para retratar as dores, as
dificuldades, os suplícios pelos quais o homem passa quando está na
24
erraticidade, ao desencarnar enfrenta as sombras, os resquícios das suas
dores, dos seus erros, o enfrentamento consigo mesmo.
Hoje nós sabemos que esse fogo eterno não existe. Ninguém fica nessa
condição.
Importante nós entendermos que isso ocorre porque no passado, na época
em que se acreditava em um Deus vingativo, que punia nas penas eternas.
Essa imagem foi sendo trabalhada para que pudéssemos obedecer às leis de
Deus pelo temor.
Quando éramos bem mais materializados, endurecidos e orgulhosos, nós
tínhamos uma dificuldade muito grande em seguir as leis de Deus apenas pelo
entendimento moral. Precisávamos do medo, da punição, da sanção, o qual
fazia com que cumpríssemos as leis, pois sabíamos se não fizéssemos
poderíamos sofrer essas punições e agíamos mais adequadamente.
Tudo foi condizente com a evolução, com a moralidade, com o entendimento
da humanidade do passado.
Hoje com as luzes da inteligência, com o desenvolvimento, com o nosso bom
senso, com a nossa maturidade percebemos que isso não tem mais razão de
ser. Não há o fogo eterno físico, material.
Se entendermos que os sofrimentos, que as dores morais que vivenciamos na
erraticidade em decorrência dos nossos equívocos, nos queima de alguma
forma, às vezes trazendo uma dor até mais forte do que aas dores físicas.
A ignorância fez o homem menos instruído crer que poderia pagar suas faltas no fogo
espiritual, ao qual se deu o nome que faz tremer a tantos: inferno. Mais tarde, os mais
espiritualizados passaram a descobrir que esse inferno existe mesmo, porém, q com mais
intensidade, dentro das criaturas, na condenação da própria consciência. Entretanto, ele é
transitório, e não eterno. Eterno, somente o amor. (Miramez)
975 – Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo?
Sim, e é isso que faz seu suplício, porque compreendem que estão privados
dela por suas faltas. É por isso que o Espírito, liberto da matéria, aspira depois
a uma nova existência corporal, porque cada existência pode abreviar a
duração desse suplício, se ela é bem empregada. Ele faz, então, a escolha
das provas pelas quais poderá expiar suas faltas, porque, sabei-o bem, o
Espírito sofre por todo o mal que faz, ou do qual foi a causa voluntária, por
todo o bem que poderia fazer e que não fez, e por todo o mal que resulta do
bem que ele não fez. O Espírito errante não tem mais véu, está como saído
do nevoeiro e vê o que o afasta da felicidade. Então, sofre mais, porque
compreende quanto é culpado. Para ele não há mais ilusão: vê a realidade
das coisas.
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Allan Kardec:
O Espírito, no estado errante, abraça de um lado todas as suas
existências passadas, de outro, vê o futuro prometido e compreende o
que lhe falta para atingi-lo. Tal como um viajor que chegou ao alto de uma
montanha, vê o caminho percorrido e o que lhe resta a percorrer para
chegar ao seu objetivo.
Comentários:
Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo.
Muitas vezes tem ciúmes porque o outro é feliz e ele ainda sofre.
Esse é um dos motivos para as obsessões. Muitas vezes o Espírito não tem
nada contra aquela pessoa, mas porque ela é feliz e ele não é, procura
influenciar para prejudicá-la, como se a infelicidade dela pudesse amenizar a
sua dor e o seu sofrimento.
Quando ele já está com a mente mais esclarecida percebe que precisa
reencarnar e com a vida corporal terá a oportunidade de pouco a pouco
resgatar seus equívocos, diminuindo suas dores. Sabe que precisa do mundo
material para expiar suas faltas mais rapidamente.
A expiação não acontece só na matéria.
Na erraticidade, nós também expiamos, mas para que possamos evoluir mais
rapidamente precisamos da vida material, pois a vida no corpo material é mais
difícil. O corpo físico exerce sobre o Espírito uma força muito grande exigindo
um esforço maior para vencer essa influência da matéria.
Em cada plano aprendemos e adquirimos virtudes diferenciadas.
Lá no plano espiritual, quando o Espírito tem consciência de tudo isso, ele
sofre pelo mal que ele fez, sofre pelo bem que poderia ter praticado e não
praticou. Compreende a necessidade de retornar à carne para começar seu
trabalho rumo à evolução e à felicidade.
Alguns compreendem por que o justo é feliz, e trabalham para. tal aquisição, pedindo novas
voltas ã Terra, no trabalho e na autoeducação espiritual.
Felicidade não se compra e não se vende; iluminação da alma depende do despertamento
dos valores imortais do Espírito, e o mais grandioso é que todos são possuidores destes
valores. (Miramez)
976 – A visão dos Espíritos que sofrem não é para os bons uma causa de
aflição? Em que se torna sua felicidade, se é perturbada?
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Não é uma aflição, posto que sabem que o mal terá um fim. Eles ajudam os
outros a progredirem e estendem-lhes a mão. Essa é sua ocupação e um
prazer quando têm êxito.
976.a) Isso se concebe da parte dos Espíritos estranhos ou indiferentes;
mas a visão dos pesares e dos sofrimentos daqueles que amaram sobre
a Terra, não perturba sua felicidade?
Se não vissem esses sofrimentos, é que vos seriam estranhos depois da
morte. Ora, a religião vos diz que as almas vos veem; mas eles consideram
vossas aflições sob um outro ponto de vista, pois sabem que esses
sofrimentos são úteis ao vosso adiantamento se os suportais com resignação.
Eles se afligem, pois, mais com a falta de coragem que vos retarda, que com
os sofrimentos em si mesmos, que são todos passageiros.
Comentários:
Os Espíritos mais evoluídos têm um olhar diferente no tocante às nossas
infelicidades, aos nossos sofrimentos.
Eles não são indiferentes ou estranhos aos nossos sofrimentos, mas por já
terem passado por tais sofrimentos, por saberem que são necessários e
importantes para nosso crescimento, por saberem que esses sofrimentos mais
cedo ou mais tarde nos conduzem para o bem.
Eles entendem como funciona a justiça divina e não se perturbam com isso.
Ao contrário, procuram sempre nos auxiliar, nos estendem a mão. Esses
trabalhos fazem parte da missão deles. Eles não ficam em contemplação de
Deus.
Eles contemplam, glorificam a Deus, mas se ocupam, essencialmente, em
ajudar o próximo. Isso é motivo de prazer.
Eles compreendem que o nosso sofrimento vai nos ajudar a caminhar, a
crescer e a evoluir.
Quando eles veem as nossas atitudes diante do sofrimento, as nossas faltas
de ânimo, as nossas blasfêmias lhes afligem mais do que os sofrimentos em
si mesmos, pois tudo depende da forma como agimos diante do sofrimento.
Todos nós sofremos.
Se sofremos com entendimento, resignação, fé e perseverança eles não vão
se entristecer. Ficam felizes por perceberem o nosso progresso, a nossa
ascensão para Deus.
Não é o sofrimento em si, mas a forma como cada um lida com o sofrimento.
Sempre pedirmos a Deus, resignação e força perante nossas provações.
27
977 – Os Espíritos, não podendo se esconder reciprocamente seus
pensamentos, e todos os atos da vida sendo conhecidos, seguir-se-ia
que o culpado está na presença perpétua de sua vítima?
Isso não pode ser de outro modo, o bom senso o diz.
977.a) Essa divulgação de todos os nossos atos repreensíveis e a
presença perpétua daqueles que lhe foram as vítimas são um castigo
para o culpado?
Maior do que se pensa, mas somente até que ele tenha expiado suas faltas,
seja como Espírito, seja como homem, nas novas existências corporais.
Allan Kardec:
Quando estivermos no mundo dos Espíritos, todo o nosso passado
estando a descoberto, o bem e o mal que fizemos serão igualmente
conhecidos. É em vão que aquele que fez o mal queira escapar da visão
de suas vítimas: sua presença inevitável será para ele um castigo e um
remorso incessante até que tenha expiado seus erros, enquanto que o
homem de bem, ao contrário, não encontrará, por toda parte, senão
olhares amigos e benevolentes. Para o mau, não há maior tormento sobre
a Terra, que a presença de suas vítimas e, por isso, ele as evita sem
cessar. Que será quando a ilusão das paixões estando dissipada, ele
compreender o mal que fez, vendo seus atos mais secretos revelados,
sua hipocrisia desmascarada, e não podendo se subtrair à sua visão?
Enquanto a alma do homem perverso está atormentada pela vergonha,
pelo desgosto e pelo remorso, a do justo goza de uma serenidade
perfeita.
Comentários:
Essa é uma situação que claramente observamos nos depoimentos dos
Espíritos ainda distanciados de Deus.
O Céu e o Inferno – 2ª parte
- Depoimento de vários Espíritos em condições diferentes;
- Os Espíritos culpados em inúmeros depoimentos colocam essa situação:
Eles sofrem porque no plano espiritual eles ficam defrontados continuamente
com suas vítimas, com os olhares das suas vítimas lembrando tudo aquilo que
eles fizeram de ruim;
- O remorso
28
Quando se modificam, quando se arrependem, quando compreendem o mal
que fizeram, são ajudados, amparados. A Espiritualidade os auxilia. Eles não
ficam sem amparo.
Enquanto esse despertar da consciência daquilo que fizeram de errado não
chega, eles passam por um castigo moral muito grande, pois esse castigo de
ter as vítimas ali presente e a todo momento relembrando seus erros,
realmente é muito difícil e sofrido.
Na vida material, quando fazemos algo errado, contra alguém ou para alguém,
nós nos sentimos tão envergonhados e não queremos encontrar aquela
pessoa, evitamos estar frente a frente com aquela pessoa que de alguma
forma prejudicamos.
Imaginemos isso no plano espiritual, quando somos defrontados com todas as
vítimas.
É muito delicado, muito difícil, mas é a lei de causa e efeito.
Devemos compreender que o mal não deve ser praticado, nem na Terra, nem
na matéria e nem na erraticidade.
978 – A lembrança das faltas que a alma pôde cometer quando era
imperfeita, não perturba sua felicidade, mesmo depois que ela está
depurada?
Não, porque resgatou suas faltas e saiu vitoriosa das provas às quais se
submeteu com esse fim.
Comentários:
À medida que vamos resgatando as nossas faltas a lembrança de quando
éramos mais imperfeitos, dos nossos equívocos do passado não nos causa
mal-estar, não perturba a nossa felicidade porque vencemos as provas e agora
nos encontramos em outra condição.
Quando ainda somos imperfeitos, a lembrança daquilo que fazemos de errado
nos traz desconforto, mal-estar, devido a nossa imperfeição não conseguirmos
ainda superar determinadas faltas, determinados equívocos que estão
relacionados a essas lembranças.
Se for a lembrança de algo que já superamos vai nos trazer um bem-estar,
uma alegria diante da nossa vitória.
Fica o seguinte raciocínio:
No passado eu era pior. Hoje sou uma pessoa melhor.
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A consciência, depois de limpa pelas bênçãos do arrependimento, juntamente com o
reparo, torna à sua limpidez como foi criada, sem existir desarmonia na sua engrenagem
divina. (Miramez)
979 – As provas que restam a suportar para rematar sua purificação não
são para a alma uma apreensão penosa, que perturba a sua felicidade?
Para a alma que está ainda enlameada, sim; é por isso que ela não pode gozar
de uma felicidade perfeita, senão quando esteja purificada; mas para aquela
que já se elevou, o pensamento das provas que lhe restam a suportar, nada
tem de penoso.
Allan Kardec:
A alma que alcançou certo grau de pureza já goza a felicidade. Um
sentimento de doce satisfação a penetra e ela é feliz por tudo aquilo que
vê, por tudo que a cerca. O véu se levanta para ela sobre os mistérios e
as maravilhas da criação, e as perfeições divinas lhe aparecem em todo
o seu esplendor.
Comentários:
Quando nós já nos elevamos um pouco e temos a consciência que as provas
vividas são maravilhosas oportunidades de crescimento e que foi através
delas que hoje estamos em uma condição maior.
Nessa condição as almas que já estão um pouco mais elevadas não se
angustiam, não tem sua felicidade alterada pelas provas que ainda precisa
passar, pois tem a consciência de que se hoje estão mais evoluídas foi em
função das provas pelas quais passaram e aprenderam estando em uma
condição um pouco mais evoluída.
Ainda não são almas completamente depuradas e sublimadas. Ainda
precisarão passar por provas até chegarem à perfeição, mas em função do
conhecimento que já adquiram não encaram as provas como se fosse algo
penoso. Elas compreendem o que isso significa, então elas não sentem
angustiadas, não sentem sofrimento em virtude das provas que necessitam
passar.
Fato muito diferente aos Espíritos imperfeitos. Essas almas qualquer tipo de
sofrimento é extremamente penoso. Elas querem se livrar daquele sofrimento,
daquela angústia, daquela dor o quanto antes. Isso para elas é realmente
penoso.
Tudo depende do estágio evolutivo em que se encontra a criatura.
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Quanto mais evoluído o Espírito terá mais serenidade, entendimento,
equilíbrio, paz interior. Não se angustia com as provas, com os desafios
necessários.
Às vezes se angustiam pelo receio de falir, de não conseguir vencer esses
desafios.
Ex: Jesus – passou por provas e situações muito dolorosas para ensinar à
humanidade o valor do amor, mas nem por isso Ele se afligiu, se angustiou.
Ele não teve a sua felicidade alterada em decorrência das dificuldades que Ele
precisou passar, não se angustiou. A sua condição evolutiva permitia que Ele
compreendesse o modo que estava vivendo e sua felicidade não foi alterada.
980 – O laço simpático que une os Espíritos da mesma ordem é para eles
uma fonte de felicidade?
A união dos Espíritos que se simpatizam para o bem é, para eles, uma das
maiores alegrias, porque não temem ver essa união perturbada pelo egoísmo.
Eles formam, no mundo inteiramente espiritual, famílias com o mesmo
sentimento, e é nisso que consiste a felicidade espiritual, como no teu mundo
vos agrupais em categorias, e sentis um certo prazer quando vos reunis. A
afeição pura e sincera que experimentam, e da qual eles são o objeto, é uma
fonte de felicidade, porque lá não há falsos amigos, nem hipócritas.
Allan Kardec:
O homem sente as premissas dessa felicidade sobre a Terra, quando
encontra almas com as quais pode se confundir numa união pura e santa.
Em uma vida mais depurada, essa alegria será inefável e sem limites,
porque não reencontrará senão almas simpáticas que o egoísmo não
arrefece, porque tudo é amor na Natureza: é o egoísmo que o mata.
Comentários:
É uma grande alegria para o nosso coração sabermos que estaremos unidos
aos Espíritos simpáticos, sendo isso muito gratificante para nós, é motivo de
felicidade.
Se aqui na Terra, encarnados, repletos de imperfeições como somos, nós
gostamos de estar ao lado dos nossos Espíritos afins. Seja para o mal ou seja
para o bem, nós gostamos de estar junto àqueles que apresentam laços de
afinidades para conosco.
31
Imaginemos os Espíritos mais evoluídos que não têm o egoísmo em seu
coração como nós ainda temos, devem usufruir de uma felicidade
maravilhosa. É um dos maiores prazeres que os Espíritos podem vivenciar.
Isso representa a base de vida pautada na união, na fraternidade e no amor
entre aqueles que seguem o Cristo.
Nós também viveremos esses momentos, de forma muito mais forte, mais
ampla, mais prazerosa do que conhecemos por aqui.
Aqui mesmo que de forma imperfeita somos felizes ao lado das pessoas
amigas e simpáticas.
Imaginar a felicidade que nos aguarda quando formos um pouco mais
depurados nos fortalece e nos dá novo ânimo para continuarmos trabalhando
a nossa reforma íntima.
981 – Há para o estado futuro do Espírito uma diferença entre aquele que,
em vida, teme a morte e aquele que a vê com indiferença e mesmo com
alegria?
A diferença pode ser muito grande. Entretanto, frequentemente, ela se apaga
diante das causas que dão esse temor ou esse desejo. Quer a tema, quer a
deseje, pode-se estar movido por sentimentos muito diversos e são esses
sentimentos que influem sobre o estado do Espírito. É evidente, por exemplo,
que naquele que deseja a morte unicamente porque vê nela o termo de suas
tribulações, é uma espécie de murmuração contra a Providência e contra as
provas que deve suportar.
Comentários:
Tudo depende da intenção.
O que move a pessoa a sentir indiferença, temor ou alegria pela morte.
 Se encontra feliz com a oportunidade de se libertar, mas com a
consciência tranquila com o dever cumprido por ter agido no bem, o
momento da morte será de alegria, de paz, de tranquilidade;
 Se vê com temor é porque sabe que aqui no mundo material não agiu
corretamente, não foi uma pessoa que vivenciou o evangelho, mas sim
o mundo, o orgulho e o egoísmo. É o temor em relação à justiça divina;
 Se deseja a morte como um meio de ver o término das suas tribulações,
acaba sendo uma queixa contra a providência Divina, contra as provas
que está suportando na vida material, uma certa irresignação.
Essa diferença pode ser grande, mas ela se apaga em decorrência das causas
determinantes do temor ou do desejo.
32
É a causa é que faz a diferença.
Em relação ao estado futuro do Espírito devemos saber quais os motivos que
levaram o Espírito agir de uma forma ou de outra, com alegria, com temor,
com desejo, com indiferença. A partir dessa causa é que saberemos como
será o estado do Espírito no plano espiritual.
982 – É necessário fazer profissão de fé espírita e de crer nas
manifestações para assegurar nossa sorte na vida futura?
Se fosse assim, seguir-se-ia que todos aqueles que não creem ou que não
tiveram os mesmos esclarecimentos são deserdados, o que seria absurdo. É
o bem que assegura a sorte futura; ora, o bem é sempre o bem, qualquer que
seja o caminho que a ele conduz. (165-799).
Allan Kardec:
A crença no Espiritismo ajuda a melhorar-se fixando as ideias sobre
certos pontos do futuro. Ela apressa o adiantamento dos indivíduos e
das massas, porque permite conhecer o que seremos um dia; é um ponto
de apoio, uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina a suportar as
provas com paciência e resignação. Ele desvia os atos que podem
retardar a felicidade futura e é assim que contribui para essa felicidade,
mas não diz que sem isso não se pode alcançá-la.
Comentários:
Na doutrina espírita não há sacramentos e nem rituais.
A prática do bem faz com que sejamos mais felizes.
O amor, o bem, a caridade é o que realmente nos transforma e nos eleva para
Deus.
A religião de Jesus era o amor e a caridade.
Se praticarmos o amor e a caridade onde quer que estejamos estaremos bem.
Devemos reconhecer que embora não precisemos da doutrina espírita para
sermos felizes, o entendimento que ela nos traz ajuda muito a cada um de nós
trabalhar mais rapidamente pelas nossas melhoras: a orientação sobre o
futuro, o entendimento acerca da dor, o estímulo para a reforma íntima.
Tudo isso nos auxilia no nosso crescimento espiritual, nos desperta e apressa
o nosso crescimento.
É uma luz que nos guia, nos ampara, nos ajuda a suportarmos as expiações
e as provas necessárias ao nosso crescimento, com paciência, resignação,
33
sem blasfêmias, sem vitimismo, mas com entendimento e compreensão de
que aquilo que passamos é necessário para o nosso aprendizado.
Não se pode dizer que é necessário ser espírita ou participar do Espiritismo para se salvar. Isso é
contra a caridade. Só com a prática da caridade é possível se salvar, em todos os mundos
habitados.
O que tranquiliza a consciência é o amor. Todos os verdadeiros religiosos se salvam; todos somos
ovelhas de Jesus e vivemos sob a Sua tutela divina. As religiões encaminham as almas para o bem,
e quem vive nele é que está livre de todos os sofrimentos passageiros, na Terra e fora dela.
Somos dotados de livre arbítrio para a semeadura, mas obrigados à colheita. Para nos salvarmos,
devemos conhecer a verdade, e ela nos tornará libertos. Para conhecer a verdade, devemos
vivenciar as virtudes expostas por Jesus no seu Evangelho.
Aquele que passa a viver o amor, sente todas as irradiações dele; quem passa a viver o perdão,
vem a sentir todos os seus benefícios, e assim sucessivamente, cada vez mais ganhando o que dá,
recebendo o que oferta.
O homem maduro, espiritualmente falando, pode estar ligado a qualquer religião ou filosofia, ou até
a nenhuma delas, que ele tem seu porte espiritual que lhe garante sua estabilidade na vida futura.
No entanto, a Doutrina dos Espíritos fornece aos espíritas meios mais fáceis de acelerar sua marcha
evolutiva, por mostrar o Cristo de maneira mais real e simples, abrindo os braços em oferta universal
para todas as criaturas de Deus.
34
2.5 – Penas temporais
983 – O Espírito que expia suas faltas numa nova existência, não tem
sofrimentos materiais e, então, é exato dizer que, depois da morte, a alma
não tem senão sofrimentos morais?
É bem verdade que, quando a alma está reencarnada, as tribulações da vida
são, para ela, um sofrimento; mas não tem ela senão o corpo que sofre
materialmente.
Dizeis frequentemente, daquele que está morto, que ele nada mais tem a
sofrer; isso não é sempre verdadeiro. Como Espírito, ele não tem mais dores
físicas; mas, segundo as faltas que cometeu, pode ter dores morais mais
pungentes e, numa nova existência, pode ser ainda mais infeliz. O mau rico
nela pedirá esmola e será vítima de todas as privações da miséria; o
orgulhoso, de todas as humilhações; aquele que abusa de sua autoridade e
trata seus subordinados com desprezo e dureza, então, será forçado a
obedecer a um senhor mais duro do que ele o foi. Todas as penas e as
tribulações da vida são a expiação de faltas de uma outra existência, quando
não são a consequência das faltas da vida atual. Quando houverdes saído
daqui, compreendê-la-eis. (273, 393, 399).
O homem que se crê feliz sobre a Terra porque pode satisfazer suas paixões,
é o que faz menos esforços para se melhorar. Frequentemente, ele expia
desde esta vida sua felicidade efêmera, mas a expiará certamente em uma
outra existência, também toda material.
Comentários:
A Espiritualidade nos revela que quando encarnado as tribulações são sempre
sofrimento, mas o sofrimento maior é do corpo físico.
Quando desencarnamos o sofrimento será moral, o que é bastante doloroso,
sofrido pelo Espírito.
Aqui no mundo material, sabemos que determinados sofrimentos morais são
muito piores que uma dor física no nosso organismo.
Tudo depende das faltas cometidas, dos nossos equívocos, dos nossos erros.
Isso determina a situação da alma após a morte e na próxima reencarnação o
tipo de sofrimento e o tipo de provas, enfim, aquilo que o Espírito terá que
passar.
Por isso, devemos sempre pautar os nossos pensamentos, as nossas ações
no bem, pois sejam os sofrimentos materiais (que enfrentamos quando
estamos na matéria, encarnados), sejam os morais (que vivenciamos na
LIVRO quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
35
erraticidade) não são bons. Sofrer não é bom, mas temos que aprender com
eles, obter deles as melhores lições para o nosso crescimento.
Ninguém gosta de sofrer.
Para nos vermos livres do sofrimento precisamos viver o amor.
984 – As vicissitudes da vida são sempre a punição de faltas atuais?
Não; já o dissemos: são provas impostas por Deus, ou escolhidas por vós
mesmos no estado de Espírito e antes da vossa reencarnação, para expiar as
faltas cometidas em uma outra existência, porque jamais a infração às leis de
Deus, e sobretudo à lei de justiça, fica impune. E se não é nesta vida será,
necessariamente, em uma outra, e por isso aquele que é justo aos vossos
olhos, frequentemente, está marcado pelo seu passado. (393).
Comentários:
ESE – Capítulo V – Bem-aventurados os aflitos
- Causas atuais das aflições
- Causas anteriores das aflições
As dificuldades, as vicissitudes, os sofrimentos da vida podem ter sua causa,
sua origem nos males, nos erros, nas nossas atitudes cometidas na atual
existência ou em existências anteriores.
Todas as nossas ações negativas criam débitos perante a justiça divina e nós
precisamos resgatá-las na mesma existência ou em reencarnações
subsequentes.
Quando passamos por determinadas situações e buscamos na nossa mente,
na nossa história atual algo que poderia ter motivado aquela situação e não
encontramos a causa na atual existência é porque, provavelmente, a causa
está numa existência anterior.
Não há sofrimento sem causa, sem um motivo justo.
Porém, não temos condições de afirmar com toda segurança se uma
determinada vicissitude é algo que decorreu da atual existência ou de outra,
pois, às vezes, pelo nosso nível de evolução, nossa pouca maturidade, não
conseguimos identificar claramente esse processo.
Mas uma coisa é certa. Quando nós pautamos no bem, certamente, iremos
colher o bem e se ainda não colhemos na atual existência, continuemos
fazendo o bem, pois a colheita é certa.
Se estamos passando por dificuldade, muitas vezes também pode ser provas
que nós escolhemos como Espíritos para expiar faltas cometidas em outras
36
existências ou para evoluirmos mais rapidamente, acelerando o nosso
processo evolutivo.
Nem toda vicissitude é necessariamente uma expiação, ou seja, consequência
de atitudes equivocadas de uma existência passada. Às vezes escolhemos
provas que não têm relação diretas com erros cometidos.
- Provas
Aqui nós temos a bênção do esquecimento fundamentado na justiça divina.
Aliado ao esquecimento temos a intuição da nossa consciência e a inspiração
do nosso amigo inseparável, nosso mentor.
985 – A reencarnação da alma num mundo menos grosseiro é uma
recompensa?
É a consequência de sua depuração, porque à medida que os Espíritos se
depuram, eles encarnam em mundos cada vez mais perfeitos, até que tenham
se despojado de toda a matéria e estejam lavados de todas as suas manchas,
para gozar eternamente da felicidade dos Espíritos puros, no seio de Deus.
Allan Kardec:
Nos mundos onde a existência é menos material que neste mundo, as
necessidades são menos grosseiras e todos os sofrimentos físicos
menos vivos. Os homens não conhecem mais as más paixões que, nos
mundos inferiores, os fazem inimigos uns dos outros. Não tendo nenhum
objeto de ódio, nem de ciúme, eles vivem entre si em paz, porque
praticam a lei da justiça, do amor e da caridade. Eles não conhecem os
aborrecimentos e as inquietações que nascem da inveja, do orgulho e do
egoísmo, e que fazem o tormento da nossa existência terrestre. (172-
182).
Comentários:
No futuro, quando estivermos mais depurados, menos imperfeitos teremos a
permissão de habitar mundos menos grosseiros.
A própria Terra passando par um mundo de regeneração já será um mundo
bem mais feliz comparado com o que vivemos hoje, com as lutas, com as
dificuldades. Temos condições de permanecer na Terra, nesse mundo de
regeneração.
37
Se continuarmos nos esforçando verdadeiramente para sermos pessoas mais
caridosas, mais evoluídas, mais amorosas teremos condições em permanecer
aqui.
Para que possamos usufruir da felicidade plena nesses mundos mais felizes
onde não há as vicissitudes que estamos acostumados a enfrentar ainda vai
um longo tempo.
Consequências da nossa melhora: (alguns exemplos)
 Estar sempre em paz consigo mesmo;
 Não precisar se preocupar com segurança nas moradias, na rua, nos
diversos lugares;
 Poder conversar qualquer assunto, pois sempre há compreensão e
respeito;
 Contribuição mútua para o crescimento de todos;
 Não precisar pedir perdão, pois não feriu ou prejudicou ninguém;
 Não ter o orgulho ferido, nem mágoas e ressentimentos;
 Viver em harmonia socializando tudo o que possui (bens e
conhecimento)
 Planeta somente escola, não mais hospital e penitenciària.
986 – O Espírito que progrediu na sua existência terrestre pode, algumas
vezes, reencarnar no mesmo mundo?
Sim, se não pôde cumprir a sua missão, ele mesmo pode pedir para completá-
la em uma nova existência; mas, então, isso não é mais para ele uma
expiação. (173).
Comentários:
Nós podemos reencarnar várias vezes em um mesmo mundo.
Se crescemos, evoluímos, se já realizamos o que deveríamos realizar por
aqui, mas ainda não conseguimos completar a nossa missão, podemos sim,
retornar e trabalhar outros aspectos do nosso processo evolutivo até adquirir
a plena condição para adentrar em outro mundo mais evoluído. Haverá outros
aprendizados, outros aprimoramentos e um melhor preparo para a etapa
seguinte.
Às vezes, se cumpre a missão parcialmente e retorna para concluir, não tendo
a necessidade de vivenciar tudo novamente, mas vem para trabalhar, para
realizar aquilo que faltou na existência anterior.
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Retorna quando precisa concluir a missão, mas não estará sujeito a uma
expiação porque já espiou na existência anterior a qual saiu vitorioso. Então
nessa, caso precise ainda estar nesse mundo, ele vem numa condição de
prova e não mais na condição de expiação.
Não é porque reencarnamos várias vezes em um mesmo mundo que não
evoluímos, que não crescemos.
O processo de evolução é contínuo e gradual. A transição de um mundo para
outro é tênue. Não é brusca.
A Terra é um planeta de provações e expiações, no entanto, não são somente Espíritos
desta natureza que devem ocupá-la. Dentre eles, almas de grande porte espiritual desejam
ajudar os Espíritos nela encarnados, com o seu trabalho e exemplo enobrecido. Essa é a
renúncia dos seres transcendentais. Sempre aportaram no planeta esses Espíritos de eco
para sustentação do amor e da caridade. O fato desses Espíritos elevados voltarem ac
mundo, não quer dizer que deverão passar por provações e expiações. (Miramez)
987 – Em que se torna o homem que, sem fazer o mal, nada faz para
sacudir a influência da matéria?
Visto que nada fez na direção da perfeição, deve recomeçar uma existência
da natureza da que deixou; fica estacionário, e é assim que ele pode prolongar
os sofrimentos da expiação.
Comentários:
Aqui a Espiritualidade deixa claro que é a ação no bem que nos faz crescer e
evoluir.
Quando não fazemos o mal, mas também não fazemos o bem ficamos
estagnados.
Na evolução não há retrocesso, portanto, ninguém retroage, mas nesse caso
fica estacionado naquele nível de evolução durante muito tempo. Tem muitos
Espíritos que agem assim. Ficam estacionados, perdendo as oportunidades
de progresso, perdendo as experiências reencarnatórias.
Não dando nenhum passo para a evolução terá que recomeçar uma nova
existência idêntica à precedente. E assim, prolonga os sofrimentos de
expiação.
Às vezes a situação se agrava em função das atitudes, da escolha de perder
essa oportunidade, a fim de que saia da situação de inércia. É como uma
sacudida para se movimentar.
É necessário sair do comodismo e agir, caminhar para frente.
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Com o conhecimento que já possuímos não podemos mais ficar estacionários.
O movimento é lei natural na criação de Deus e podemos entender que estacionar é
marchar devagarinho, e não parar efetivamente, voltando o Espírito para o plano de onde
saiu pior do que quando chegou ou, então, do mesmo nível espiritual. Isso nunca acontece
entre as almas. Sempre aprendemos alguma coisa, seja como for a reencarnação que
tivermos na Terra, ou mesmo em outros mundos. (Miramez)
988 – Há pessoas para as quais a vida se escoa numa calma perfeita; que,
não tendo necessidade de nada fazer para si mesmas, estão isentas de
cuidados. Essa existência feliz é uma prova de que elas nada têm a expiar
de uma existência anterior?
Conhece-as bem? Se o crês, enganas-te. Frequentemente, a calma não é
senão aparente. Podem ter escolhido essa existência, mas, quando a deixam,
percebem que ela não lhes serviu ao progresso e, então, como o preguiçoso,
lamentam o tempo perdido. Sabei bem que o Espírito não pode adquirir
conhecimentos e se elevar senão pela atividade; se adormece na negligência,
não avança. Ele é semelhante àquele que tem necessidade (segundo vossos
usos) de trabalhar e que vai passear ou deitar com a intenção de nada fazer.
Sabei, também, que cada um terá que prestar contas da inutilidade voluntária
de sua existência; essa inutilidade é sempre fatal à felicidade futura. A soma
da felicidade futura está em razão da soma do bem que se fez; a da infelicidade
está na razão do mal e dos infelizes que se tenham feito.
Comentários:
Às vezes a pessoa aparenta estar vivendo nessa condição, mas não
conhecemos, não sabemos o que realmente se passa com ela.
Não sabemos se realmente tem uma vida tranquila, sem problemas, sem
dificuldades, sem lutas, sem desafios. Não convivemos com ela. Pode ser que
entre quatro paredes não assim tão tranquila. Pode ser que ela também tenha
os seus desafios.
- Depende de como a pessoa lida com suas provações.
Pessoas nessa condição, que conhecemos, que estejam próximas a nós e que
possamos atestar que é um caso desses são poucas.
Caso haja, uma ou outra pessoa nessa condição, pouco evolui. Podem pedir
uma vida sem grandes desafios e Deus permite que assim aconteça. Quando
retorna para a erraticidade percebe que não houve avanço em sua caminhada,
fazendo-a refletir.
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Quando vemos aqueles que amamos caminharem, estarem em planos mais
evoluídos e nós aqui estagnados, vamos querer mudar, havendo o despertar
verdadeiro.
Paramos de querer uma vida de ociosidade, de preguiça, sem esforços,
buscando o ânimo em nosso íntimo para nos esforçar na nossa caminhada,
saindo da condição de pouca evolução.
Nada é inútil.
Quando não se tem quase nada mais para reparar, movimenta-se para crescer
e auxiliar e sempre haverá embates.
Se passamos por existências nas quais nada sofremos, como se diz na Terra, na paz de
Deus, isto pode ser um descanso da alma, para depois, em outras etapas, suportar o peso
de tribulações sem conta.
A vida tem regras para todas as criaturas; por que Deus iria delinear roteiros para uns e
para outros não? Onde estaria a justiça do Criador? Os preguiçosos estão em um processo
em que, no amanhã, encontrarão as lutas com mais intensidade. (Miramez)
989 – Há pessoas que, sem serem positivamente más, tornam infelizes
todos aqueles que as cercam, pelo seu caráter; qual é para elas
consequência?
Essas pessoas, seguramente, não são boas e o expiarão pela visão daqueles
que tornaram infelizes, e isso será para elas uma censura. Depois, numa outra
existência, suportarão o que fizeram suportar.
Comentários:
Não basta as pessoas não fazerem necessariamente o mal. Precisam fazer o
bem para serem realmente boas.
Essas pessoas de alguma forma prejudicam o outro, maltratam o outro, ferem
o outro.
Se no modo de ser, de agir e de pensar tornando aqueles ao nosso lado infeliz,
de alguma forma estamos fazendo o mal de alguma forma, pois mesmo não
sendo algo de forma proposital ou aquele grande mal, crimes hediondos, não
deixa de ser o mal, pois o mal é a ausência do bem.
Se não fazemos o bem, se não praticamos a caridade, se não oportunizamos
às pessoas que conosco convive, o bem-estar, a leveza, a paz, a harmonia, o
amor, então não fazemos essas pessoas felizes e, consequentemente,
estamos as prejudicando.
Há muitos que vivem na dependência do outro, suga tudo o que for possível,
mesmo inconsciente.
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Não se movimenta nem para fazer o mal, nem para fazer o bem. Geralmente,
são muito egoístas.
Isso pode reverter em sofrimento numa próxima existência ou, às vezes, na
atual mesmo, como também, na erraticidade. De alguma forma precisa expiar
os seus erros.
Toda atitude, todo pensamento, toda vibração que cause algum prejuízo ao
próximo não podem estar em conformidade com a lei de Deus.
Tudo o que não está em conformidade com a lei de Deus é responsabilidade
que adquirimos com a lei e em algum momento da nossa caminhada evolutiva
nós vamos precisar nos reajustar com a lei.
Jamais seremos Espíritos perfeitos tendo débitos do passado.
- Para cada folgado, há um sufocado.
642. Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma
situação futura??
– Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por
todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.
Não podemos ficar na ociosidade e na neutralidade. Temos que fazer o bem.
O amor, a caridade é atitude, ação, trabalho, esforço, doação.
Quem não faz o bem, já abre caminhos para que os impulsos do mal apareçam em suas
intenções.
Todo o mal que resulte da ausência da prática do bem, também é um mal pelo qual
responderemos.
Se eu poderia ter feito uma atitude positiva e não fiz, fiquei inerte e dessa inércia resultou
algum prejuízo a alguém, tenho certa responsabilidade e precisarei arcar com ela.
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2.6 – Expiação e arrependimento
990 – O arrependimento tem lugar no estado corporal ou no estado
espiritual?
No estado espiritual; mas ele pode também ter lugar no estado corporal,
quando compreendeis bem a diferença do bem e do mal.
Comentários:
Podemos nos arrepender estando encarnados ou desencarnados.
Podemos classificar como três as ocasiões de arrependimento do Espírito: há
aquele que se arrepende dos erros praticados ainda durante a vida, o que se
arrepende somente no momento do desencarne e, finalmente, aquele que se
arrepende já no mundo espiritual. Cada uma destas situações tem as suas
consequências, com os devidos reparos a fazer.
Quando percebemos os nossos erros, as nossas atitudes equivocadas,
quando já temos um conhecimento maior das leis de Deus, quando permitimos
ouvir a lei de Deus que está escrita em nossa consciência, temos plenas
condições de nos arrepender encarnados.
Temos muitos exemplos nas nossas próprias vidas na atual reencarnação.
Quantas vezes conseguimos identificar os nossos equívocos e nos
arrependemos verdadeiramente!
O arrependimento tem que ser sincero e real. Não é aquele pensamento de
se arrepender hoje, mas depois continua fazendo a mesma coisa.
O verdadeiro arrependimento é quando o nosso coração, o nosso ser, o nosso
Espírito compreende aquele equívoco, reconhecendo a necessidade de
trabalhar, de se esforçar para não mais cometer aquele ato equivocado.
O erro pode voltar a acontecer. Diante da nossa imperfeição é natural que
mesmo tendo a consciência, mesmo tentando, em algum momento ainda
falhamos.
As falhas vão se espaçando cada vez mais no tempo. O intervalo entre uma
queda e outra vai sendo cada vez maior. Isso é indício de progresso.
Ainda caímos, mas cada vez menos, até chegar o momento que não vamos
mais errar.
E quando cairmos temos que ter a humildade para reconhecer o erro, nos
perdoar e pedir perdão aos ofendidos.
LIVRO quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
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991 – Qual é a consequência do arrependimento no estado espiritual?
O desejo de uma nova encarnação, para se purificar. O Espírito compreende
as imperfeições que o privam de ser feliz, e, por isso, aspira a uma nova
existência, em que poderá expiar suas faltas. (332-975).
Comentários:
O arrependimento é uma situação pela qual muitos Espíritos pedem para
reencarnar.
O mundo material é uma oportunidade de crescimento, mas são situações
desafiadoras, provas, expiações. Então por que reencarnar?
Na erraticidade, às vezes estamos até numa condição razoável, mas
precisamos crescer e evoluir. Quando percebemos os nossos erros temos
consciência de que precisamos seguir o processo evolutivo para sermos
verdadeiramente felizes.
Diante do arrependimento daquilo que fizemos de errado buscamos a vida
material, pois sabemos que através das provas materiais que são mais difíceis
e nos eleva mais na escala evolutiva, sendo um mecanismo que nos aproxima
mais rápido da nossa felicidade almejada.
O arrependimento sempre causa no arrependido a vontade de reparar seus
erros, ir apagando pouco a pouco as consequências das atitudes cometidas
em equívoco.
- Às vezes demora muito para tomar consciência dos equívocos.
- Erros individuais
- Erros coletivos – bem maior o âmbito – quantos foram prejudicados.
992 – Qual é a consequência do arrependimento no estado corporal?
Avançar, desde a vida presente, se se tem tempo de reparar as faltas. Quando
a consciência faz uma censura e mostra uma imperfeição, sempre se pode
melhorar.
Comentários:
Quando agirmos em desconformidade com o Evangelho, errarmos,
magoarmos, ferirmos alguém e o nosso arrependimento se fizer presente ao
percebermos que não agimos como deveríamos vamos procurar trabalhar o
sentimento de humildade, reconhecer os equívocos e, se possível, reparar.
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Nem tudo o que fizemos de errado nessa vida é possível reparar nessa
existência, mas há males que é possível. Então é melhor reparar enquanto
estamos aqui do que levar para outras reencarnações esses atos equivocados
que cometemos, se na vida atual temos essa oportunidade.
Precisamos trabalhar as nossas imperfeições. Reconhecer o erro para muitos
de nós é difícil, pedir perdão também.
Procurar fazer o bem onde havia o mal também é ato difícil para nós. É um
grande desafio para os nossos corações orgulhosos e egoístas.
Estamos estudando o livro dos espíritos e o evangelho para quê?
Para tentarmos sermos melhores.
Devemos adquirir o conhecimento e colocá-lo em prática no nosso dia a dia.
O esforço é necessário.
O arrependimento é importantíssimo, mas não basta só arrepender. É
necessário agir: se tivermos tempo, reparar as nossas faltas. Temos
condições de sempre nos melhorarmos na vida atual, na erraticidade e na vida
futura.
O progresso é necessário, é constante e é da lei.
A importância do perdão.
Devemos perdoar sempre, pois somos necessitados de perdão.
993 – Não há homens que não têm senão o instinto do mal e são
inacessíveis ao arrependimento?
Já te disse que se deve progredir sem cessar. Aquele que, nesta vida, não tem
senão o instinto do mal, terá o do bem em uma outra, e é por isso que ele
renasce várias vezes, porque é preciso que todos avancem e atinjam o
objetivo, somente que alguns em um tempo mais curto, e os outros em um
tempo mais longo, segundo seu desejo. Aquele que não tem senão o instinto
do bem já está depurado, porque pôde ter o do mal numa existência anterior.
(804).
Comentários:
Todos nós estamos submetidos à lei do progresso.
Não podemos ficar eternamente inacessíveis ao bem e ao arrependimento.
Aquelas pessoas que na vida atual ainda praticam o mal são Espíritos,
provavelmente, mais jovens, criados a menos tempo, que tiveram menos
experiências reencarnatórias e, por isso demonstram ainda mais imperfeições
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porque estão mais próximos da animalidade do que da angelitude, mas isso
não pode ser eterno.
- Nasci assim, vou morrer assim.
994 – O homem perverso, que não reconheceu suas faltas durante a vida,
as reconhecerá sempre depois da morte?
Sim, ele as reconhecerá sempre, e então sofre mais, porque sente todo o mal
que fez, ou do qual foi a causa voluntária. Entretanto, o arrependimento não é
sempre imediato; há Espíritos que se obstinam no mau caminho, malgrado
seus sofrimentos. Mas, cedo ou tarde, eles reconhecerão o falso caminho no
qual estão empenhados, e o arrependimento virá. É para esclarecê-los que
trabalham os bons Espíritos, e que vós mesmos podeis também trabalhar.
Comentários:
São coisas distintas: o reconhecer as faltas e o arrependimento.
Não é porque o Espírito na erraticidade reconhece as faltas cometidas na vida
material que ele se arrepende, podendo continuar obstinado no mal por muito
tempo, inclusive, por milênios.
Muitos Espíritos reconhecem o mal, sabem que praticaram o mal quando
encarnados e na erraticidade optam por continuar praticando o mal. Porém
cedo ou tarde vão reconhecer os seus equívocos e vão se arrepender. E a
partir daí vão travar uma luta interior para se modificarem e praticarem o amor,
a justiça, a caridade e todas as virtudes que nos aproximam de Deus.
Todos nós ao estarmos na erraticidade teremos consciência dos nossos
equívocos, mesmo aqueles que estão em desequilíbrio emocional, mesmo
aqueles que ficam adormecidos estão com a consciência trabalhando e ela
não engana ninguém. Ela sempre nos mostra o que fizemos de bom ou de
ruim.
Livro: Eustáquio – Quinze séculos de uma trajetória.
Exemplos de Espíritos obstinados no mal.
- Magos Negros
- Vampiros
995 – Há Espíritos que, sem serem maus, sejam indiferentes à sua sorte?
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Há Espíritos que não se ocupam com nada útil: estão na expectativa. Mas
sofrem, nesse caso, proporcionalmente, e como devem ter seu progresso em
tudo, esse progresso se manifesta pela dor.
995.a) Não têm eles o desejo de abreviar seus sofrimentos?
Sem dúvida o têm, mas não dispõem de bastante energia para querer o que
poderia aliviá-los. Quantas pessoas tendes entre vós, que preferem morrer de
miséria a trabalhar?
Comentários:
Há várias pessoas nessa situação. Pessoas que querem uma condição
melhor, querem sair da miséria, querem ter mais alegrias, mas lhes faltam
energia, bom ânimo, coragem, perseverança para trabalhar, sair da ociosidade
e buscar suas próprias melhoras.
Mesmo passando por sofrimento não tem ânimo para buscar a sua melhora.
Não é que são indiferentes, lhes faltam vontade, ânimo para trabalhar, mas no
momento certo sairão dessa condição.
996 – Uma vez que os Espíritos veem o mal que resulta para eles de suas
imperfeições, como se dá que haja os que agravam sua posição e
prolongam seu estado de inferioridade, fazendo o mal como Espíritos,
desviando os homens do bom caminho?
São aqueles cujo arrependimento é tardio, que agem assim. O Espírito que se
arrepende pode, em seguida, deixar-se arrastar de novo no caminho do mal
por outros Espíritos ainda mais atrasados. (971).
Comentários:
Nós mesmo aqui, encarnados, fazemos isso. Praticamos uma atitude
equivocada, nos arrependemos, temos em nosso íntimo a vontade de não
mais praticar, mas acabamos repetindo o erro. Quando percebemos já
cometemos o mesmo equívoco novamente.
Houve o arrependimento, mas nos faltou força de vontade para que
pudéssemos lutar contra as nossas imperfeições ou nos deixamos nos
arrastar por influências perniciosas de Espíritos que não querem o nosso
progresso, ou ainda, o arrependimento não foi sincero.
Nós passamos por essa situação e os Espíritos desencarnados também.
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O fato de cairmos não significa que estejamos agravando a nossa evolução.
O nível evolutivo que alcançamos se mantém. Não há regressão do nível
evolutivo. Se continuarmos caindo ficamos na condição de estagnação, mas
não de regressão.
997 – Veem-se Espíritos de uma inferioridade notória, acessíveis aos
bons sentimentos e tocados pelas preces que se fazem por eles. Como
se dá que outros Espíritos, que se deveria crer mais esclarecidos,
mostrem um endurecimento e um cinismo dos quais nada pode triunfar?
A prece não tem efeito senão em favor do Espírito que se arrepende. Aquele
que, possuído pelo orgulho, se revolta contra Deus e persiste no seu
descaminho, exagerando-o ainda, como o fazem os Espíritos infelizes, sobre
eles a prece nada pode e não poderá nada, senão no dia em que uma luz de
arrependimento se manifeste neles. (664).
Allan Kardec:
Não se deve perder de vista que o Espírito, depois da morte do corpo,
não se transforma subitamente; se sua vida foi repreensível, é porque ele
era imperfeito. Ora, a morte não o torna imediatamente perfeito; ele pode
persistir em seus erros, em suas falsas opiniões, em seus preconceitos,
até que seja esclarecido pelo estudo, pela reflexão e pelo sofrimento.
Comentários:
Enquanto não mudarmos o nosso jeito de ser e de ver as coisas pelo estudo,
pela reflexão ou pelo sofrimento continuamos arraigados às nossas opiniões,
aos nossos preconceitos. O nosso orgulho é muito forte e não nos deixa ver a
verdade, perceber o nosso erro, não nos deixa arrependermos e passarmos a
buscar um caminho diferente. E assim, acabamos nos tornando inacessíveis
aos bons sentimentos, as preces que para nós são dirigidas.
O arrependimento decorre da humildade. Quando olhamos para o alto e
percebemos os nossos erros, as injustiças que cometemos, o mal que ainda
habita em nós e, assim, buscamos o bem, trabalhar o nosso interior ampliando
os valores divinos e pouco a pouco vamos destruindo os sentimentos inferiores
que ainda temos.
Para isso precisamos trabalhar o orgulho, pois o orgulho não nos deixa nos
olharmos, nos percebermos que ainda somos um Espírito inferior e que
precisa trabalhar para se melhor, mudar as atitudes.
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Aqueles que são tocados pelos bons sentimentos e pela prece é porque deu
abertura. Houve um fio de arrependimento, então há a brecha oportuna para
ajuda.
O convite à caridade é sempre feito com amor, e coração algum resiste ao amor. Depois,
entretanto, o entusiasmo pode esfriar por faltar maturidade espiritual. No entanto, sempre
fica algo no coração para o futuro; também os que convites recusam, são filhos de Deus. O
amanhã os espera com o mesmo carinho que os Espíritos do bem têm para todos.
(Miramez)
998 – A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado de Espírito?
A expiação se cumpre durante a existência corporal pelas provas às quais o
Espírito está submetido, e na vida espiritual, pelos sofrimentos morais ligados
ao estado de inferioridade do Espírito.
Comentários:
A expiação se cumpre tanto na matéria, quanto na erraticidade, mas de
maneira diferente.
Na existência corporal a expiação se faz presente nas provas que o Espírito
estará submetido, o que por vezes, nos traz desafios, dores, fragilidades em
determinados momentos das nossas vidas. Nem sempre conseguimos sair
vitoriosos, mas diante das atitudes equivocadas precisamos enfrentar a lei de
causa e efeito, através do retorno dessas atitudes.
Na erraticidade, as provas e expiação se mostra de forma diferente. Como não
estamos mais na matéria não temos o peso do corpo material,
consequentemente, a expiação tem que ter outro teor. Ela é muito mais moral.
Por isso que os sofrimentos morais que os Espíritos enfrentam na erraticidade
às vezes chegam a ser bem mais difíceis que as provas que eles vivenciam
aqui.
Não é porque estamos na condição de Espíritos, sem o corpo matéria, é que
vamos deixar de ter sentimentos. É o contrário, pois no plano espiritual
sentimos tudo com muito mais intensidade. Como não temos a matéria física
para filtrar, o Espírito (com o corpo perispiritual) sente tudo mais forte. Tem as
suas potencialidades mais ampliadas. Sentimos fortemente as emoções que
nos acolhe. Por isso muitos dizem que sofriam bem menos quando estavam
encarnados.
49
999 – O arrependimento sincero durante a vida basta para apagar as
faltas e fazer encontrar graça diante de Deus?
O arrependimento ajuda o progresso do Espírito, mas o passado deve ser
expiado.
999.a) Se, de acordo com isso, um criminoso dissesse que, visto dever,
em todo caso, expiar seu passado, não tem necessidade de
arrependimento, em que resultaria isso para ele?
Se ele se endurece no pensamento do mal, sua expiação será mais longa e
mais penosa.
Comentários:
O sangue de Jesus não lavou pecado de ninguém.
O arrependimento é importante. É o primeiro passo para que nós possamos
caminhar para Deus.
São cinco passos necessários:
- A identificação do equívoco – buscar no livro da consciência nossos atos,
palavras, pensamentos, omissões equivocadas.
- O arrependimento – é fundamental, precisa acontecer. É o entendimento de
que transgredimos a lei de Deus. Sentimento de humildade em que
reconhecemos a nossa pequenez e o fato de termos agido em
desconformidade com a lei divina. O arrependimento aliado ao perdão suaviza
as dores.
- O pedido de perdão – Ter humildade para pedir perdão (se for possível) e se
auto perdoar.
- A expiação – resultante da lei de causa e efeito que é uma lei divina na qual
todos nós estamos submetidos queiramos ou não. Abre o caminho da
reabilitação. Passar pelas dificuldades referentes ao mal cometido
- A reparação – oportunidade para fazer o bem a quem nós prejudicamos ou
a outras pessoas, pois muitas vezes a quem nós prejudicamos já se encontram
bem mais elevados e às vezes em outro plano diferente do nosso. Anula o
efeito destruindo a causa.
Resignação, força, vontade e fé.
O Céu e o Inferno – Código penal da vida futura
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1000 – Podemos nós, desde esta vida, resgatar nossas faltas?
Sim, reparando-as. Mas não creiais resgatá-las por algumas privações pueris
ou doando depois de vossa morte, quando não tereis mais necessidade de
nada. Deus não tem em nenhuma conta um arrependimento estéril, sempre
fácil, e que não custa senão a pena de se bater no peito. A perda de um
pequeno dedo trabalhando, apaga mais faltas que o suplício da carne
sofredora durante anos, sem outro objetivo que o bem de si mesmo. (726).
O mal não é reparado senão pelo bem, e a reparação não tem nenhum mérito,
se não atinge o homem no seu orgulho ou nos seus interesses materiais.
De que lhe serve, para sua justificação, restituir depois da morte o bem mal
adquirido, agora que se lhe torna inútil e que deles já se aproveitou?
De que lhe serve a privação de alguns prazeres fúteis e de algumas
superfluidades, se o mal que ele fez a outro continue o mesmo?
De que lhe serve, enfim, se humilhar diante de Deus, se conserva seu orgulho
diante dos homens? (720-721).
Comentários:
Não é qualquer postura nossa nessa vida que se diga de arrependimento e de
reparação que serve para verdadeiramente resgatar as nossas faltas. Precisa
haver sinceridade, verdade, desejo real de trabalharmos as nossas
imperfeições, desejo sincero de mudança.
Esse arrependimento não pode ser movido por um objetivo exclusivamente
pessoal para parecermos humildes diante de Deus, enquanto diante do mundo
ainda ostentamos o nosso orgulho.
Quando verdadeiramente nos arrependemos, nos colocamos em uma
condição de pequenez diante de Deus. Deve-se olhar para baixo e pedir
perdão pelos atos equivocados, pedir uma oportunidade para servir.
Só por meio do bem se repara o mal e a reparação nenhum mérito apresenta
se não nos atingir nem o nosso orgulho, nem nossos interesses materiais. Se
o orgulho e o egoísmo não forem dissipados em nosso coração, em nosso ser
não é o verdadeiro arrependimento.
Nós podemos resgatar as nossas faltas ainda aqui na vida material, mas com
sinceridade.
Deus considera mais as nossas intenções do que os nossos atos.
Expiação e arrependimento são indispensáveis para o nosso progresso, para
que estejamos na condição de reparar os nossos erros. Precisam ser sinceros
e verdadeiros para que o resgate das faltas realmente aconteça.
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O arrependimento deve ser sincero, compreendendo que fora da caridade não há salvação.
Não podemos iludir a nós mesmos, diante da vida maior, o nosso dever é refazer nossas
condições espirituais, e isso deve ser constante, para chegarmos ao amor sem condições.
Não é levando o corpo físico a determinarias privações que a alma se ilumina. O fanatismo
torce a verdade. (Miramez)
1001 – Não há nenhum mérito em assegurar, depois da morte, um
emprego útil dos bens que possuímos?
Nenhum mérito não é o termo; isso vale sempre mais que nada. Mas o mal é
que aquele que não dá senão depois da morte, frequentemente, mais egoísta
que generoso. Quer ter a honra do bem, sem ter-lhe o trabalho. Aquele que se
priva, na sua vida, tem duplo proveito: o mérito do sacrifício e o prazer de ver
os felizes que fez. Mas o egoísmo lá está e diz-lhe: O que dás suprimes dos
teus gozos. E como o egoísmo fala mais alto que o desinteresse e a caridade,
ele guarda, sob pretexto de suas necessidades e das necessidades da sua
posição. Ah! lamentai aquele que não conhece o prazer de dar; este é
verdadeiramente deserdado de uma das mais puras e mais suaves alegrias.
Deus, submetendo-o à prova da fortuna, tão difícil e tão perigosa para seu
futuro, quis lhe dar por compensação a felicidade da generosidade da qual ele
pode gozar desde este mundo. (814).
Comentários:
Se temos a condição de doarmos, de fazermos a caridade enquanto estamos
aqui, por que não fazermos?
Com o pretexto de que primeiro temos que suprir as nossas necessidades ou
que a nossa posição não permite que possamos fazer a caridade em vida e
resolvemos fazer apenas após a nossa morte, na verdade reflete egoísmo.
Muitas pessoas que têm bem menos que nós, conseguem ajudar, no sentido
da ajuda material, pois a ajuda moral e espiritual perante Deus é ainda mais
meritória.
Aqueles que resolveram ajudar após a morte pelo menos tiveram a
consciência para que algo de bom fosse feito com aqueles bens, mas poderia
ter sido feito em vida, poderia ter gozado da ventura da generosidade desde
esse mundo.
Não é que não haja mérito algum. É melhor fazer, mesmo após a morte do
que não fazer, porém seria muito mais agradável a Deus se já fizesse isso
pessoalmente, em vida.
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- não é sair distribuindo tudo o que tem a qualquer um, mas com critério, com
planejamento, diante das reais necessidades e sem ostentação.
Mas, quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está
fazendo a direita. (Mateus 6:3)
1002 – O que deve fazer aquele que, no último momento da vida,
reconhece suas faltas, mas não tem tempo de repará-las? Arrepender-se
basta, nesse caso?
O arrependimento apressa sua reabilitação, mas não o absolve. Não há diante
dele o futuro que jamais se fecha?
Comentários:
Não basta o arrependimento.
No momento certo iremos nos reajustarmos com a lei.
Precisaremos expiar e, principalmente, reparar.
A reparação se adquire através da prática do bem.
No caso da questão, a pessoa se arrependeu, mas não teve tempo ainda para
fazer o bem, até porque estava no leito de morte e precisará de uma nova
experiência, de novas oportunidades para a prática do bem que não foi
realizada na existência que finda.
Precisamos olhar para nós para sabermos se já estamos na prática do bem,
da verdadeira caridade.
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2.7 – Duração das penas futuras
1003 – A duração dos sofrimentos do culpado, na vida futura, é arbitrada
ou subordinada a alguma lei?
Deus não age jamais por capricho, e tudo, no Universo, está regido por leis
em que revelam a sua sabedoria e a sua bondade.
Comentários:
Muita gente tem dúvida se Deus fixa um prazo para os nossos sofrimentos.
Vamos refletir. Sabemos que:
 Para que possamos nos quitar com a lei são necessários: o
arrependimento, a expiação e a reparação
 Deus é justiça, é bondade, é misericordioso, nos criou para o bem, para
a felicidade.
 A maldade não é uma criação divina, mas nossa, do homem.
 Deus não quer a nossa dor, mas o nosso aprendizado
Diante dessa análise, percebemos que não corresponderia a Deus
estabelecer um prazo específico para o nosso sofrimento na erraticidade.
Ex:
1 – Supomos que um determinado ser tenha uma pena de cem anos na
erraticidade. Se nesse prazo, digamos lá pelos 40 anos ele se arrependa
verdadeiramente. Ele seria obrigado a ficar mais 60 anos naquela condição
como se seu arrependimento não tivesse nenhum valor, porque Deus teria
determinado uma pena de 100 anos! Seria justo?
2 – Supomos que Deus tenha estabelecido os mesmos 100 anos. Passou esse
período e aquele ser em nada se alterou, continua com a mesma revolta, o
mesmo coração endurecido. Terminou esse prazo e ele estará quitado com a
lei, sem demonstrar nenhuma mudança interior. Faz sentido? É justo?
Assim, verificamos que a duração da pena está diretamente ligada com o
nosso arrependimento, com a nossa mudança, com o nosso despertar para
os valores espirituais.
Diante do desejo sincero de mudança o amparo vem.
Força para superar as adversidades.
Isso não quer dizer que não precisaremos passar pela expiação e pela
reparação. Precisaremos sim, pois faz parte do processo de quitação dos
nossos débitos.
LIVRO quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
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Precisamos entender que sofremos para o nosso despertar. Quando isso
ocorre não há por que Deus continuar infringindo a dor aos seus filhos, pois
Ele nos ama.
1004 – Sobre o que está baseada a duração dos sofrimentos do culpado?
Sobre o tempo necessário ao seu aperfeiçoamento. O estado de sofrimento e
de felicidade, sendo proporcional ao grau de depuração do Espírito, a duração
e a natureza dos seus sofrimentos depende do tempo que ele emprega para
se melhorar. À medida que ele progride e que os seus sentimentos se
depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza. (São Luís)
Comentários:
Essa pergunta completa a pergunta anterior.
O tempo necessário depende do tempo que o Espírito precisa para se
melhorar.
Tudo depende do grau de purificação do Espírito
Quanto mais rapidamente se depurar, se modificar, buscando a Deus, mais
rápido começa a sentir a redução das suas penas, do seu sofrimento e vai
perceber a ajuda da Espiritualidade amiga.
A duração dos sofrimentos é proporcional à purificação dos pensamentos das criaturas. Se
queres diminuir teus padecimentos, deves trabalhar dentro de ti mesmo, analisando e
corrigindo ideias e, certamente, ações que te fazem sofrer. (Miramez)
1005 – Para o Espírito sofredor, o tempo parece tão longo, ou menos
longo, como se estivesse vivo?
Parece-lhe ainda mais longo: o sono não existe para ele. Não é senão para os
Espíritos que atingiram um certo grau de depuração que o tempo se eclipsa,
por assim dizer, diante do infinito. (240).
Comentários:
Percebemos esse fato diante do depoimento dos Espíritos sofredores que
sempre nos colocam que sofrem há muito tempo como se fosse um sofrimento
eterno. (Livro Céu e Inferno)
Nessas condições o tempo na erraticidade parece mais longo.
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Aqui bem ou mal temos o período de sono. Ficamos uma parte do dia sem a
consciência plena doque está acontecendo, embora pequena é como se
houvesse uma pausa nas nossas dores, nos nossos sofrimentos. Temos esse
momento para reabilitar as nossas energias, buscar novos ânimos. Na
erraticidade não tem esse tempo, por isso, o tempo parece maior e, mesmo
porque lá tudo é mais intenso.
Para os Espíritos mais evoluídos o tempo se apaga diante do infinito. A
passagem do tempo para eles não os angustia.
O tempo é o mesmo para as almas que se encontram vivendo nele por necessidades, no
entanto, para os que sofrem ele parece mais longo, ao passo que para os que já acordaram
para o amor, esse tempo passa com uma velocidade maior.
Para o Espírito sofredor no mundo espiritual, a inquietação é constante, com todos os seus
pormenores, e a dor moral é permanente. É neste caso que ele pede para voltar à carne e
por vezes escolhe duras provações, porque é pela dor e concentrado nela que esquece e
resgata o que fez no estado de malfeitor. (Miramez)
1006 – A duração dos sofrimentos do Espírito pode ser eterna?
Sem dúvida, se for eternamente mau, quer dizer, se não deva jamais se
arrepender nem se melhorar, ele sofrerá eternamente. Mas Deus não criou
seres para que sejam perpetuamente devotados ao mal. Ele não os criou
senão simples e ignorantes, e todos devem progredir num tempo mais ou
menos longo, segundo sua vontade. A vontade pode ser mais ou menos tardia,
como há crianças mais ou menos precoces, contudo, ela vem, cedo ou tarde,
pela irresistível necessidade que o Espírito experimenta de sair de sua
inferioridade e ser feliz. A lei que rege a duração das penas é, pois,
eminentemente sábia e benevolente, visto que subordina essa duração aos
esforços do Espírito; ela não lhe tira jamais seu livre-arbítrio: se dela faz mau
uso, suporta-lhe as consequências. (São Luís)
Comentários:
Não existe pena eterna para o Espírito. Certas religiões costumam amedrontar
seus fiéis com penas eternas, porém, isto não existe, porquanto Deus é
onisciente. Quando Ele nos criou, já sabia dos nossos destinos. Quando
surgimos, foi na condição de simples e ignorantes, mas, com o passar do
tempo, fomos despertando para a luz dos conhecimentos com certa liberdade
de escolha. Se escolhemos mal as oportunidades, sofremos as consequências
do mal que fizemos.
Todos nós estamos submetidos à lei do progresso e como tal seremos
perfeitos, então não há como permanecer no mal, permanecer no sofrimento.
56
Em algum momento da caminhada evolutiva nos arrependemos e mudamos o
nosso roteiro
Podemos até dizer que o sofrimento é eterno, no entanto, a mesma alma não
fica nele eternamente. Cada um sente o que precisa para o seu devido
despertamento espiritual. O Espírito não tem condições de ser eternamente
mau, por isso que não pode sofrer eternamente.
Seria um absurdo a alma ficar em zonas inferiores para sempre. Então as
mãos que nos criaram, nos fizeram desiguais, algumas com predisposição
para o mal e outras para o bem? O bem somente surge no coração das
criaturas pela presença da maturidade espiritual, diante de múltiplas
reencarnações, forja essa que leva o Espírito a saber discernir o bem do mal,
a compreender a bondade de Deus e a respeitar as Suas leis. (Miramez)
1007 – Há Espíritos que jamais se arrependem?
Há Espíritos nos quais o arrependimento é muito tardio; mas pretender que
eles não se melhorem jamais seria negar a lei do progresso e dizer que a
criança não pode tornar-se adulto. (São Luís)
Comentários:
A Espiritualidade nos mostra nessas questões que o arrependimento faz parte
do nosso processo evolutivo.
Considerando que toda a criação divina está submetida à lei do progresso não
é possível que o Espírito nunca se arrependa.
Esse arrependimento pode ser tardio. Podem demorar milênios para se
arrependerem dos seus erros, para crescerem e evoluírem.
Em situações em que os Espíritos são muito rebeldes às leis divinas, a dor em
algum momento vai tocar o coração desses irmãos e aquilo que às vezes não
conseguimos só pelo amor, iremos receber a visita da dor. Nenhum Espírito
foi criado para a dor, portanto, chega um momento que o nosso íntimo não
suporta mais e, nesse momento, mesmo que tardio, virá o arrependimento.
Todos vão melhorar, todos vão crescer, todos vão evoluir.
Podes observar a mudança do apóstolo Paulo, de perseguidor pertinaz à glória do
apostolado depois do chamamento no deserto. Podes ir mais além, no caso de Maria de
Magdala, que acelerou profundas reformas em sua intimidade. Cresceram muito rápido,
peia acumulação de energia em demasia, no mal. (Miramez)
57
1008 – A duração das penas depende sempre da vontade do Espírito, e
não há as que lhe são impostas por um tempo dado?
Sim, as penas podem ser-lhe impostas por um tempo, mas Deus, que não
quer senão o bem de suas criaturas, acolhe sempre o arrependimento, e o
desejo de melhorar-se não é jamais estéril. (São Luís)
Comentários:
A duração das penas fica sempre condicionada ao arrependimento do Espírito,
mesmo no caso de uma pena ter sido determinada por um tempo específico,
havendo o arrependimento sincero, o ser será amparado, auxiliado,
fortalecido. Isso em todas as situações, em todas as condições
Deus, é Deus de amor, de misericórdia. Ele não quer o nosso sofrimento. Ele
quer o nosso aprendizado.
O arrependimento é o passo inicial para o processo de depuração, de
evolução.
Deus não permitiria que o ser após o arrependimento sincero permanecesse
por um tempo demasiado no sofrimento quando o estágio inicial já foi
alcançado.
É possível que haja o estabelecimento de tempo determinado para uma pena,
sim. Porém, havendo o arrependimento, aquele Espírito será auxiliado e
aquela pena será reduzida.
1009 – Segundo esse entendimento, as penas impostas não o seriam
jamais pela eternidade?
Interrogai vosso bom senso, vossa razão, perguntai-vos se uma condenação
perpétua, por alguns momentos de erro, não seria a negação da bondade de
Deus? Que é, com efeito, a duração da vida, fosse ela de cem anos, em
relação à eternidade? Eternidade! compreendeis bem essa palavra?,
sofrimentos, torturas sem fim, sem esperança, por algumas faltas! Vosso
julgamento não rejeita semelhante pensamento? Que os antigos tenham visto
no senhor do Universo um Deus terrível, ciumento e vingativo, isso se
concebe; na sua ignorância, emprestaram à divindade as paixões dos
homens. Mas não está aí o Deus dos cristãos que coloca o amor, a caridade,
a misericórdia, o esquecimento das ofensas no lugar das primeiras virtudes:
poderia ele próprio faltar às qualidades das quais faz um dever? Não há
contradição em atribuir-lhe a bondade infinita e a vingança infinita? Dizeis que
antes de tudo ele é justo, e que o homem não compreende sua justiça, mas a
justiça não exclui a bondade, e ele não seria bom se consagrasse penas
horríveis, perpétuas, à maior parte de suas criaturas. Poderia fazer a seus
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filhos uma obrigação da justiça, se não lhes tivesse dado os meios de
compreendê-la? Aliás, não é o sublime da justiça, unida à bondade, fazer
depender a duração das penas dos esforços do culpado para se melhorar? Aí
está a verdade desta palavra: “A cada um segundo suas obras.” (Santo
Agostinho)
Interessai-vos, por todos os meios que estão em vosso poder, em combater,
em destruir a ideia da eternidade das penas, pensamento blasfematório,
contrário à justiça e à bondade de Deus, a mais fecunda fonte da
incredulidade, do materialismo e da indiferença que invadiu as massas depois
que sua inteligência começou a se desenvolver. O Espirito, em vias de se
esclarecer, não fora senão mesmo desbastado, dela cedo compreendeu a
monstruosa injustiça; sua razão a repele e, então, lhe falta raramente confundir
num mesmo ostracismo a pena que o revolta e o Deus ao qual a atribui: daí
os males inumeráveis que se precipitaram sobre vós e aos quais viemos vos
trazer remédio. A tarefa que vos assinalamos vos será tanto mais fácil quanto
as autoridades sobre as quais se apoiam os defensores dessa crença têm
todas evitado de se pronunciarem formalmente; nem os concílios, nem os Pais
da Igreja decidiram essa grave questão. Se, segundo os próprios
Evangelistas, e tomando ao pé da letra as palavras emblemáticas do Cristo,
ele ameaçou os culpados com um fogo que não se apaga, com um fogo
eterno, não há absolutamente nada nessas palavras que prove tê-los
condenado eternamente.
Pobres ovelhas desgarradas, sabei pressentir, junto a vós, o bom Pastor que,
longe de vos querer banir para sempre de sua presença, vem ele mesmo ao
vosso reencontro para vos reconduzir ao aprisco. Filhos pródigos, abandonai
vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna: o pai vos
estende os braços e mantém-se sempre pronto para festejar vosso retorno à
família. (Lammenais)
Guerras de palavras! Guerras de palavras! Não fizestes verter bastante
sangue? É preciso, pois, ainda reacender as fogueiras? Discutem-se sobre os
temas eternidade das penas, eternidade dos castigos. Não sabeis, pois, que
o que entendeis hoje por eternidade, os antigos não o entendiam como vós?
Que o teólogo consulte as fontes, e como todos vós, descobrirá nelas que o
texto hebreu não deu à palavra que os Gregos, os latinos e os modernos
traduziram por penas sem fim, irremissíveis, a mesma significação. Eternidade
dos castigos corresponde à eternidade do mal. Sim, tanto que o mal exista
entre os homens, os castigos subsistirão; é no sentido relativo que importa
interpretar os textos sagrados. A eternidade das penas, portanto, não é senão
relativa e não absoluta. Dia virá em que todos os homens se revestirão, pelo
arrependimento, com a túnica da inocência e nesse dia não mais haverá
gemidos e ranger de dentes. Vossa razão humana é limitada, é verdade, mas
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tal qual é, é um presente de Deus, e com essa ajuda da razão, não há um só
homem de boa fé que compreenda de outro modo a eternidade dos castigos.
A eternidade dos castigos! Como! seria preciso, pois, admitir que o mal fosse
eterno. Só Deus é eterno e não poderia criar o mal eterno; sem isso seria
preciso arrancar-lhe o mais sublime dos seus atributos: o soberano poder,
porque não é soberanamente poderoso quem pode criar um elemento
destruidor de suas obras. Humanidade! Humanidade! não mergulhes, pois,
mais teus melancólicos olhares nas profundezas da Terra para aí procurar os
castigos; chora, espera, expia e refugia-te no pensamento de um Deus
intimamente bom, absolutamente poderoso, essencialmente justo. (Platão)
Gravitar para a unidade divina, tal é o destino da Humanidade. Para alcançá-
lo, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe
são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça. Pois bem! Digo-
vos, em verdade, mentis a esses princípios fundamentais, comprometendo a
ideia de Deus pelo exagero de sua severidade; duplamente a comprometeis,
deixando penetrar no Espírito da criatura a ideia de que há nela mais de
clemência, de mansuetude, de amor e de verdadeira justiça, do que não
atribuís ao ser infinito. Destruís mesmo a ideia do inferno, tornando-o ridículo
e inadmissível às vossas crenças, como o é ao vosso coração o hediondo
espetáculo dos carrascos, das fogueiras e das torturas da Idade Média. Pois
que! É quando a era das represálias cegas já foi para sempre banida das
legislações humanas, que esperais mantê-la no ideal? Oh! crede-me, crede-
me, irmãos em Deus e em Jesus Cristo, crede-me, ou resignai-vos em deixar
perecer entre vossas mãos todos os vossos dogmas antes de os deixar variar,
ou bem vivificai-os abrindo-os aos benfazejos eflúvios que os Bons lhe vertem
nesse momento. A ideia do inferno com suas fornalhas ardentes, com suas
caldeiras ferventes, pôde ser tolerada, quer dizer, perdoável, em um século de
ferro: mas no décimo-nono, isso não é mais que um vão fantasma próprio,
quando muito, para assustar as criancinhas e no qual elas não creem mais
quando são grandes. Persistindo nessa mitologia assustadora, engendrais a
incredulidade, mãe de toda a desorganização social; eis porque tremo vendo
toda uma ordem social abalar e desabar sobre sua base falsa de sanção penal.
Homens de fé ardente e viva, vanguardeiros do dia da luz, ao trabalho,
portanto! não para manter velhas fábulas e, de hoje em diante, sem crédito,
mas para reavivar, revificar a verdadeira sanção penal, sob formas
relacionadas com os vossos costumes, vossos sentimentos e as luzes de
vossa época.
Que é, com efeito, o culpado? É aquele que por um desvio, por um falso
movimento da alma, se distancia do objetivo da criação, que consiste no culto
harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo
Homem-Deus, por Jesus Cristo.
60
Que é o castigo? A consequência natural, derivada desse falso movimento;
uma soma de dores necessária para o desgostar de sua disformidade, pela
experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que excita a alma, pela
amargura, a se curvar sobre si mesma e a retornar para o caminho da
salvação. O objetivo do castigo não é outro senão a reabilitação, a libertação.
Querer que o castigo seja eterno, por uma falta que não é eterna, é negar-lhe
toda a razão de ser.
Oh! Digo-vos em verdade, cessai, cessai de colocar em paralelo, na sua
eternidade, o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência da criatura; isso
seria aí criar uma penalidade injustificável. Afirmai, ao contrário, a amortização
gradual dos castigos e das penas pela transmigração, e consagrareis com a
razão unida ao sentimento, a unidade divina. (Paulo, Apóstolo)
Comentários:
Gravitar para a unidade divina, tal é o destino da Humanidade.
Para alcançá-lo, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência;
Três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça.
O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção, a libertação. Querer o
eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.
O conhecimento espiritual é apresentado e transmitido de povo em povo obedecendo a
posição evolutiva de cada um, até chegar os dias atuais. (Robson Pinheiro – A Gestação da Terra)
Allan Kardec:
Vê-se excitar o homem ao bem, e o afastar do mal, pelo engodo de
recompensas e o medo de castigos; mas se esses castigos são
apresentados de maneira a que a razão se recusa a acreditar neles, não
terão sobre o homem nenhuma influência; longe disso, ele rejeitará tudo:
a forma e o fundo. Que se lhe apresente, ao contrário, o futuro de maneira
lógica, e então ele não o rejeitará. O Espiritismo lhe dá essa explicação.
A doutrina da eternidade das penas, no sentido absoluto, faz do ser
supremo um Deus implacável. Seria lógico dizer de um soberano que ele
é muito bom, muito benevolente, muito indulgente, que não quer senão
a felicidade dos que o cercam, mas que, ao mesmo tempo, é ciumento,
vingativo, inflexível no seu rigor, e que pune com o último suplício as
três quartas partes de seus indivíduos por uma ofensa ou uma infração
às suas leis, aqueles que faliram por não as ter conhecido? Não seria
isso uma contradição? Ora, Deus pode ser menos bom do que seria um
homem?
Outra contradição se apresenta aqui. Visto que Deus tudo sabe, sabia,
pois, criando uma alma, que ela faliria; ela foi, portanto, desde sua
61
formação, votada à infelicidade eterna: isso é possível, é racional? Com
a doutrina das penas relativas tudo está justificado. Deus sabia, sem
dúvida, que ela faliria, mas lhe dá os meios de se esclarecer por sua
própria experiência, por suas próprias faltas. É necessário que ela expie
seus erros para ser melhor consolidada no bem, mas a porta da
esperança não lhe é fechada para sempre, e Deus faz depender o
momento de sua libertação dos esforços que faz para o atingir. Eis o que
todos podem compreender, o que a lógica, a mais meticulosa, pode
admitir. Se as penas futuras tivessem sido apresentadas sob este ponto
de vista, haveria bem menos céticos.
A palavra eterno é frequentemente empregada, na linguagem vulgar,
como figura, para designar uma coisa de longa duração, e da qual não se
prevê o termo, embora se saiba muito bem que esse termo existe.
Dizemos, por exemplo, os gelos eternos das altas montanhas, dos polos,
embora saibamos de um lado que o mundo físico pode ter um fim, e, de
outra parte, que o estado dessas regiões pode mudar pelo deslocamento
natural do eixo ou por um cataclisma. A palavra eterno, nesse caso, não
quer, pois, dizer perpétuo até o infinito. Quando sofremos uma longa
moléstia, dizemos que nosso mal é eterno; que há, pois, de espantar em
que os Espíritos que sofrem depois de anos, séculos, de milhares de
anos mesmo, o digam igualmente? Não olvidemos, sobretudo, que sua
inferioridade, não lhes permitindo ver o extremo do caminho, creem
sofrer sempre, o que é para eles uma punição.
De resto, a doutrina do fogo material, das fornalhas e das torturas
emprestadas ao Tártaro do paganismo, está hoje completamente
abandonada pela alta teologia, e não é mais senão nas escolas que esses
assustadores quadros alegóricos são ainda dados como verdades
positivas, por alguns homens mais zelosos que esclarecidos, e isso
erradamente, porque essas imaginações jovens, uma vez saídas do seu
terror, poderão aumentar o número dos incrédulos. A teologia reconhece
hoje que a palavra fogo é empregada figuradamente, e deve se entender
como um fogo moral. (974).
Os que seguiram como nós as peripécias da vida e dos sofrimentos de
além-túmulo, nas comunicações espíritas, puderam se convencer que,
por não ter nada de material, elas não são menos pungentes. Com
relação mesmo à sua duração, certos teólogos começam a admitir no
sentido restrito indicado acima e pensam que, com efeito, a palavra
eterno pode se entender como as penas em si mesmas, como
consequência de uma lei imutável, e não sua aplicação a cada indivíduo.
No dia em que a religião admitir essa interpretação, assim como algumas
outras que são a consequência do progresso das luzes, ela reunirá as
ovelhas desgarradas.
62
2.8 – Ressurreição da carne
1010 – O dogma da ressurreição da carne é a consagração da
reencarnação ensinada pelos Espíritos?
Como quereis que o seja de outro modo? Essas palavras, como tantas outras,
não parecem insensatas aos olhos de certas pessoas, senão porque as tomam
ao pé da letra. Por isso, conduzem à incredulidade. Mas dai-lhes uma
interpretação lógica, e aqueles que chamais livres pensadores as admitirão
sem dificuldade, precisamente porque eles refletem; porque não vos enganeis,
esses livres pensadores não desejam mais do que crer. Eles têm, como os
outros, talvez mais que os outros, sede do futuro, mas não podem admitir o
que é contestado pela ciência. A doutrina da pluralidade das existências está
conforme a justiça de Deus. Só ela pode explicar o que, sem ela, é
inexplicável. Como quereríeis que o princípio não estivesse na própria
religião?
1010.a) Assim a igreja, pelo dogma da ressurreição da carne, ensina ela
mesma a doutrina da reencarnação?
Isso é evidente. Essa doutrina, aliás, é a consequência de muitas coisas que
passaram despercebidas e que não se tardará a compreender nesse sentido.
Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto
das Escrituras sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como
alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por
provas irrecusáveis. Mas como é chegado o tempo de não mais empregar a
linguagem figurada, eles se exprimem sem alegoria e dão às coisas um
sentido claro e preciso, que não possa estar sujeito a nenhuma interpretação
falsa. Eis porque, dentro de algum tempo, tereis mais pessoas sinceramente
religiosas e crentes que as que não tendes hoje. (São Luís)
Comentários:
Allan Kardec:
A Ciência, com efeito, demonstra a impossibilidade da ressurreição
segundo a ideia vulgar. Se os restos do corpo humano permanecessem
homogêneos, fossem dispersos e reduzidos a pó, se conceberia ainda a
reunião em um momento dado; mas as coisas não se passam assim. O
corpo é formado de elementos diversos: oxigênio, hidrogênio, azoto,
carbono, etc.
LIVRO quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
63
Pela decomposição, esses elementos se dispersam para servir na
formação de novos corpos, de tal sorte que a mesma molécula, de
carbono, por exemplo, entrará na composição de vários milhares de
corpos diferentes (não falamos senão de corpos humanos sem contar os
dos animais); que tal indivíduo, talvez tenha no seu corpo moléculas que
pertenceram aos homens das primeiras idades; que essas mesmas
moléculas orgânicas que absorveis na vossa alimentação provêm,
talvez, do corpo de tal indivíduo que conhecestes, e assim por diante. A
matéria, sendo em quantidade definida e suas transformações em
quantidades indefinidas, como cada um desses corpos poderia se
reconstruir dos mesmos elementos? Há nisso uma impossibilidade
material. Não se pode, pois, racionalmente, admitir a ressurreição da
carne senão como uma figura simbolizando o fenômeno da reencarnação
e, nesse caso, não há nada que choque a razão, nada que esteja em
contradição com os dados da Ciência.
Verdade que, segundo o dogma, essa ressurreição não deve ter lugar
senão no fim dos tempos, enquanto que, segundo a Doutrina Espírita, ela
ocorre todos os dias. Mas não há ainda nesse quadro do julgamento final
uma grande e bela figura que esconde, sob o véu da alegoria, uma dessas
verdades imutáveis que não encontrará mais céticos quando for
restabelecida em sua verdadeira significação? Que se queira bem
meditar a teoria espírita sobre o futuro das almas e sua sorte depois das
diferentes provas que elas devem suportar, e se verá que, à exceção da
simultaneidade, o julgamento que condena ou que as absolve não é uma
ficção, assim como pensam os incrédulos. Observemos ainda que ela é
a consequência natural da pluralidade dos mundos, hoje perfeitamente
admitida, enquanto que, segundo a doutrina do juízo final, a Terra é
considerada o único mundo habitado.
Comentários:
A temática ressurreição versus reencarnação é muito comum dentre
aqueles que procuram estudar a doutrina espírita e conhecer um pouco mais
as suas verdades.
Nessa questão a Espiritualidade nos mostra que a ressurreição da carne
na verdade significa a reencarnação e quando nós aprofundamos nos estudos
das palavras evangélicas percebemos que se referem à reencarnação.
A Espiritualidade e Kardec nos mostram que é impossível a ressurreição na
ideia que se conhece.
Não há como recompor os elementos que decompõe e se dissipam a partir da
decomposição dos corpos, pois novos elementos são formados.
64
A ciência nos mostra que é impossível a ressurreição da carne como muitas
crenças propagam.
A reencarnação é exatamente o que Jesus à época quis nos mostrar, quando
por exemplo, disse que João Batista era a reencarnação de Elias.
Basta ampliarmos as nossas percepções para compreender essa temática.
65
2.9 – Paraíso, Inferno e Purgatório
Questão sem número1
: Haverá no Universo lugares circunscritos para as
penas e gozos dos Espíritos segundo seus merecimentos?
Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau
de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua
felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar
circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa.
Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados,
conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.
Comentários:
1011 – Um lugar circunscrito no Universo está destinado às penas e aos
gozos dos Espíritos, segundo seus méritos?2
( * )
Já respondemos a essa questão. As penas e os gozos são inerentes ao grau
de perfeição dos Espíritos. Cada um possui em si mesmo o princípio de sua
própria felicidade ou infelicidade, e como eles estão por toda a parte, nenhum
lugar circunscrito, nem fechado, não está destinado a um antes que a outro.
Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes,
conforme o mundo que eles habitem mais ou menos avançado.
Comentários:
Muitas pessoas têm dúvidas quanto a um lugar circunscrito.
Ouvimos falar dos umbrais, das regiões felizes, das colônias espirituais, dos
mundos felizes.
1
NOTA: A Questão sem nº
Sobre a questão 1011 eis a Nota Especial n° 2, da Editora (FEB) (à 34ª edição, em 1974): “Em edições anteriores a esta,
as questões n°s 1012 a 1019 figuraram sob os n°s 1011 a 1018, respectivamente, sem ter sido atribuído número à
questão imediatamente seguinte à de n° 1010, mantendo-se, não obstante, o texto em sua incolumidade original. O
lapso, nasceu, no passado, de compreensível equívoco, pois na sequência da numeração das questões o Codificador
salteou o n° 1011 na 2ª edição francesa, definitiva, de março de 1860. Todavia, o texto foi mantido assim, mesmo nas
quatorze edições que se seguiram até a desencarnação de Allan Kardec.”
No volume XX da Coleção “Filosofia Espírita”, pág. 119, eis a Nota da Editora, incluída ao pé da página do comentário à
questão sem nº : “Acatamos Nota Especial nº 02, da FEB, pág. 494 do “O Livro dos Espíritos”, Este capítulo comenta a
pergunta existente entre as de nº 1010 e 1012.”
2
- A partir da questão nº 1010, a numeração do original francês foi alterada, em virtude de ter sido suprimida a de
nº 1011. (N. do T.)
LIVRO quarto: Esperanças e Consolações
Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
66
Quando não temos ainda conhecimento pensamos que os umbrais são
lugares destinados ao cumprimento de penas e as regiões felizes seriam
lugares reservados à felicidade, à plenitude dos Espíritos.
A Espiritualidade nos mostra que as penas e os gozos são inerentes ao grau
de perfeição dos Espíritos, de forma que os Espíritos tiram de si a sua
felicidade ou infelicidade.
Aqui na Terra podemos estar bem, felizes ou podemos estar tristes, estejamos
no lugar mais belo da Terra ou no lugar mais deprimente da Terra, depende
da nossa alma, do nosso Espírito, do nosso coração.
Na erraticidade, um Espírito preso à matéria, agarrado à sensualidade, mesmo
que ele esteja em uma colônia espiritual destinada ao bem, ele vai se sentir
infeliz, pois o coração dele assim está, mesmo que ele esteja em um ambiente
mais agradável.
Assim como Jesus ou qualquer Espírito superior for até uma região umbralina
ou trevosa prestar algum amparo ou até residir por algum tempo, como ocorre
nas colônias de transição (algumas localizadas em regiões umbralinas) estará
em paz, com plenitude. A sua felicidade não será alterada.
Em decorrência disso, não podemos circunscrever um lugar específico onde
os Espíritos estarão ou não, onde eles serão felizes ou não. Cada um tira de
si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça e como os Espíritos
estão em toda parte não há um lugar circunscrito ou fechado destinado a uma
coisa ou outra.
Precisamos trabalhar a nossa felicidade onde quer que estejamos.
Precisamos buscar a paz do nosso coração, estejamos na condição de
Espírito encarnado ou desencarnado.
Cabe a cada um de nós trabalhar o nosso próprio eu.
Não fiquemos imaginando que ao desencarnar estaremos em um lugar mais
feliz. Se não estivermos felizes aqui também não estaremos lá.
Trabalharmos sempre a nossa reforma.
Santa Teresinha do Menino Jesus era bem clara sobre os seus planos para a vida depois
da morte: “Vou passar o meu céu fazendo o bem na Terra!".
“Se eu alguma vez vier a ser Santa - serei certamente uma santa da 'escuridão'. Estarei
continuamente ausente do Céu - para acender a luz daqueles que se encontram na
escuridão na Terra.” Madre Teresa
67
1012 – Segundo isso, o inferno e o paraíso não existiriam tal como o
homem o representa?
Não são senão figuras: há por toda a parte Espíritos felizes e infelizes.
Entretanto, como também já o dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem
se reúnem por simpatia; mas podem se reunir onde querem, quando são
perfeitos.
Allan Kardec:
A localização absoluta dos lugares de penas e recompensas não existe
senão na imaginação do homem. Provém da tendência a materializar e a
circunscrever as coisas das quais eles não podem compreender a
essência infinita.
Comentários:
Quando adentramos o estudo da doutrina espírita um dos questionamentos
mais comuns que fazemos ou que recebemos é exatamente esse: onde ficam
os Espíritos ao desencarnarem; para onde seguem os Espíritos bons, os
Espíritos ditosos, os Espíritos ainda imperfeitos...
Questionam-se:
Será que o Inferno existe?
O Céu?
O Purgatório?
A Espiritualidade nos orienta que tudo é sintonia. Tudo depende dos nossos
pensamentos e sentimentos.
Se estivermos felizes, estaremos nos sentindo ditosos onde quer que
estejamos, na matéria ou fora dela;
Há Espíritos em todos os lugares. Não só aqui no mundo material ou só na
erraticidade.
Estamos a todo momento rodeados e influenciados por Espíritos e como tudo
é sintonia no Universo, os Espíritos ditosos se buscam, se reúnem, assim
como os inditosos também.
Os Espíritos se reúnem por simpatia e podem reunir-se onde queiram,
principalmente, quando perfeitos. Quando chega a essa condição tem trânsito
livre pelo Universo. Não precisa estar circunscrito em um ambiente, em um
planeta, em uma morada espiritual.
Os afins se buscam na matéria e fora dela.
Portanto, essa localização absoluta das penas e das recompensas só existe
na imaginação do homem, porque nós ainda sendo muito imperfeitos,
68
materializados, precisamos a tudo materializar e circunscrever para que
possamos compreender melhor. No mundo espiritual não é assim.
A partir do momento que sabemos que podemos habitar toda parte, todo o
Universo, conseguimos compreender que a ideia que o homem faz de Inferno
e Paraíso é uma simples alegoria.
Os espíritas já conhecem essa verdade, pois já leram livros e mais livros que retratam as
zonas onde existem as trevas compactas, com levas e mais levas de Espíritos obstinados
no mal, presos nas suas maldades, e outros que circulam no espaço, sem rumo,
espalhando as suas más intenções.
Os umbrais se encontram cheios de almas portadoras de sentimentos inferiores, arraigadas
nas paixões, sem conhecerem ou sentirem as belezas imortais do amor e da caridade, do
perdão e da fé em Jesus Cristo. Todos temos notícias de colônias espirituais igualmente
repletas de Espíritos reformados e reformando-se à luz do Evangelho de Jesus. Não
podemos dizer que são almas venturosas, por estarem ainda em processo de
arrependimento, objetivando a perfeição, trabalhando para merecer outra reencarnação, na
qual poderão refundir os sentimentos para que o amor cresça nos seus corações. Não é o
ambiente que os torna felizes, mas o que despertam dentro de si.
Jesus já dizia com propriedade que o céu está dentro de cada um, esperando apenas que
os valores despertem para que a luz comece a nascer no coração e a tranquilizar a
consciência. Pode notar o estudioso do espiritualismo que, quando um pensamento fixa na
sua mente, de que ele fez algo em desacordo com o bem, espraia-se sofrimento em todo o
seu ser, surgindo a melancolia, o desespero, a revolta, e aí prossegue nesta linha de
contradições. É a consciência em estado de alerta, para que ele possa sair dessa condição
contrária à lei da harmonia. (Miramez)
1013 – Que se deve entender pelo purgatório?
Dores físicas e morais: é o tempo da expiação. Quase sempre é sobre a Terra
que fazeis vosso purgatório e que Deus vos faz expiar vossas faltas.
Allan Kardec:
O que o homem chama purgatório é também uma figura pela qual se deve
entender, não um lugar determinado qualquer, mas o estado dos
Espíritos imperfeitos que estão em expiação até a purificação completa
que os deve elevar ao nível dos Espíritos bem-aventurados. Essa
purificação, operando-se nas diversas encarnações, o purgatório
consiste nas provas da vida corporal.
Comentários:
Livro O Céu e o Inferno – Capítulo 5
69
A doutrina espírita nos ensina que o purgatório é um lugar de expiação, é um
momento, um tempo de expiação.
A palavra purgatório vem de purgar, onde estamos dissipando as nossas
energias deletérias, as nossas imperfeições, as nossas sombras.
Fazemos isso em qualquer lugar. Enquanto não alcançarmos a condição de
Espíritos perfeitos, ainda teremos algo a purgar, alguma imperfeição para
eliminar.
Esse período expiatório ocorre tanto na Terra, quanto na erraticidade, ou seja,
tanto na vida material, quanto na vida espiritual.
Mundos de provas e expiação como a Terra é um mundo essencialmente para
que os Espíritos possam purgar os seus equívocos.
Não pensemos em um lugar circunscrito, como no passado se pensavam em
relação ao Céu e o Inferno.
O purgatório é todo lugar, todo ambiente, na matéria ou fora dela, onde o
Espírito está ali expiando as suas faltas.
Nós deixaremos de nos encontrar em um purgatório quando alcançarmos a
condição de Espíritos perfeitos, a purificação completa.
1014 – Como se dá que Espíritos que, por sua linguagem, revelam
superioridade, tenham respondido a pessoas muito sérias a respeito do
inferno e do purgatório, conforme a ideia que deles se faz vulgarmente?
Eles falam uma linguagem compreendida pelas pessoas que os interrogam.
Quando essas pessoas são muito imbuídas de certas ideias, não as querem
chocar muito bruscamente para não melindrar suas convicções. Se um
Espírito viesse dizer, sem precauções oratórias, a um muçulmano, que Maomé
não é um profeta, ele seria muito mal-recebido.
1014.a) Concebe-se que possa ser assim da parte dos Espíritos que
querem nos instruir; mas como se dá que os Espíritos interrogados
sobre sua situação tenham respondido que sofriam as torturas do
inferno ou do purgatório?
Quando são inferiores e não completamente desmaterializados, conservam
uma parte de suas ideias terrestres e exprimem suas impressões pelos termos
que lhes são familiares. Eles se encontram em um meio que não lhes permite,
senão pela metade, sondar o futuro e é por causa disso que, frequentemente,
os Espíritos errantes ou recém desencarnados falam como o fariam em vida.
Inferno pode se traduzir por uma vida de prova, extremamente penosa, com a
70
incerteza de uma melhora. Purgatório, uma vida também de prova, mas com
consciência de um futuro melhor. Quando experimentas uma grande dor, não
dizes para ti mesmo que sofres como um condenado? Não são mais que
palavras, e sempre em sentido figurado.
Comentários:
por que determinados Espíritos superiores comentam acerca do Inferno e
do Purgatório conforme as ideias correntes ou daquela sociedade?
Por que eles a verdade no sentido de dizer que o Inferno e o Purgatório não
existem da forma como aquelas pessoas pensam?
Quando as pessoas estão seguras de certas ideias se colocarmos uma
verdade muito diferente daquilo que elas entendem como correto vai haver um
choque muito grande, brusco que vai ferir suas convicções e não servirá para
que elas possar mudar suas opiniões.
Pelo contrário, será um motivo para elas recusarem o que está sendo
transmitido naquele momento e permanecerão arraigadas nas suas firmes
convicções.
A Espiritualidade sabe disso. Por isso que as mudanças são suaves, graduais.
As verdades vão sendo trazidas conforme o entendimento, conforme o
preparo de cada um para acessar uma nova verdade, uma nova informação.
O exemplo do mulçumano. Se um Espírito dissesse que Maomé não era
profeta, essa ideia seria muito mal acolhida, o que não ajudaria. Pelo contrário
iria afastar aquele mulçumano das ideias a serem trazidas.
Da mesma forma, outras verdades, como a reencarnação, a comunicabilidade
com os Espíritos, a pluralidade dos mundos, a evolução, etc.
Se até certo tempo não estávamos preparados para entender o que significa
inferno, purgatório não poderíamos ter acesso lá no passado ao que hoje
sabemos. Iríamos recusar no ontem. Por isso só no momento certo, quando
estamos em condições, com maturidade espiritual e emocional necessárias
para saber a verdade é que Deus permite que essa verdade nos chegue de
uma forma clara, sem alegorias, sem sentido figurado.
Quando não temos conhecimento até achamos que estamos no inferno.
Muitos Espíritos acreditam que estão no inferno ou no purgatório diante do que
aprenderam, do que ouviram.
Sem o conhecimento de que tudo acaba e que com o arrependimento somos
ajudados.
Sem o conhecimento de que nascemos para a perfeição e para a felicidade.
71
A linguagem dos Espíritos Superiores se realiza de acordo com as necessidades do
momento, no tocante à elevação dos que perguntam. Eles não violentam mente alguma,
no entanto, de tempos em tempos as revelações vão tomando caráter mais verdadeiro para
que a verdade se mostre como o sol.
A Doutrina dos Espíritos, revelação mais adiantada, retirou muitos véus que encobriam
aspectos da verdade, tornando as mentes dos encarnados mais aguçadas e predispostas
ao desconhecido. Mesmo os Espíritos mais elevados costumam fazer afirmações que se
parecem com ensino de outras organizações religiosas, dependendo de quem os interroga.
Mas, agora, no seio da luz, da chave de conhecimentos que descem do céu à Terra, a
verdade vem sem a capa da letra. Os Espíritos falam mais claramente, mas, se entre os
próprios espíritas há quem refugue e combata determinadas revelações, quanto mais entre
os que desconhecem a Doutrina! (Miramez)
1015 – Que se deve entender por uma alma em pena?
Uma alma errante e sofredora, incerta de seu futuro, e à qual podeis
proporcionar um alívio que, frequentemente, ela solicita vindo se comunicar
convosco. (664).
Comentários:
A alma a penar é um termo utilizado como o reflexo de um Espírito errante
(aquele que se encontra na erraticidade, aguardando uma nova reencarnação.
É o período entre uma reencarnação e outra).
É uma alma imperfeita e sofre. Ainda passa por sofrimentos, por algum tipo de
expiação (maior ou menor), dependendo do seu nível de evolução.
Qualquer Espírito sofredor que apresente nessa condição de alma penada
deve ser ajudado. Podemos contribuir através das preces.
Quando eles têm condições de se comunicar conosco através do intercâmbio
mediúnico é uma oportunidade que temos para aliviar as suas dores.
Quando os encontramos em desdobramento pelo sono podemos levar uma
palavra de vibração, de carinho.
Essa questão vem nos alertar, nos lembrar que sempre podemos ajudar,
sempre é possível fazer algo em benefício daqueles que sofrem, estejam eles
na matéria ou fora dela.
Para isso é necessário que olhemos para o outro, que possamos compreender
as suas necessidades procurando mecanismos para ajudar, para aliviar as
suas dores e com isso contribuir para que eles sejam um pouco mais felizes.
Todos seremos Espíritos puros e plenamente felizes, mas até chegarmos
nesse estágio temos uma grande caminhada.
72
Então vamos ajudando uns aos outros, vamos ajudar essas almas que penam
na erraticidade e por aqui na matéria também. Eis o ensinamento de Jesus: a
caridade.
Alma a penar, no dizer do Catolicismo, é o Espírito sofredor, que se encontra com a
consciência em chamas. Na verdade, isso é processo de despertamento espiritual, como
já dissemos muitas vezes. Antes parecia o sofrimento sem remissão, mas, com o advento
da Doutrina dos Espíritos, a esperança chegou aos corações que tanto sofriam com certos
adjetivos que traziam medo para os homens. (Miramez)
1016 – Em que sentido se deve entender a palavra céu?
Crês que ele seja um lugar, como os Campos Elíseos dos antigos, onde todos
os bons Espíritos são amontoados desordenadamente sem outro cuidado que
o de gozar pela eternidade uma felicidade passiva? Não, é o espaço universal,
são os planetas, as estrelas, e todos os mundos superiores, onde os Espíritos
gozam de todas as suas faculdades sem ter as atribulações da vida material,
nem as angústias inerentes à inferioridade.
Comentários:
A Espiritualidade nos mostra que o Céu também não é um lugar circunscrito
onde os Espíritos ficam lá aglomerados utilizando todo o seu tempo para viver
de uma felicidade passiva por toda a eternidade.
Essa ideia seria deixar de compreender a nobreza de Deus e da sua lei.
Deus que nunca parou de obrar, trabalha cotidianamente em benefício de
todos nós.
Jesus, Espírito puro continua trabalhando em benefício de toda a humanidade.
Os Espíritos superiores, os Espíritos elevados ficariam nesse Céu
aglomerados, sem outra preocupação que não a de viver por uma felicidade
pela eternidade de forma passiva? Não, isso não condiz com a justiça divina,
com as qualidades inerentes a Deus e a cada um de nós.
O Céu é todo o Universo, as estrelas, os planetas, os mundos superiores, onde
quer que os Espíritos possam gozar das suas faculdades, sem as tribulações,
as preocupações, as angústias da vida material. Essas tribulações, essa
ligação com o mundo material são características da inferioridade.
O Céu só existe para os Espíritos já depurados, para aqueles Espíritos que no
seu coração já sentem o verdadeiro o amor, a plenitude de suas faculdades
não são mais limitados como nós que estamos ainda vinculados às paixões
inferiores.
73
Os Espíritos que podem dizer que estão no Céu, que se sentem no Céu estão
em todos os lugares, sempre trabalhando e com seus corações em paz.
Portanto, nem o inferno, nem o purgatório, nem o céu são lugares circunscritos
na erraticidade, mas pode ser e são qualquer lugar do Universo, na matéria ou
fora dela, desde que estejamos purificados no céu dos sentimentos, caso
contrário nos sentiremos no inferno ou no purgatório.
1017 – Os Espíritos disseram habitar o quarto, o quinto céu, etc.; que
entendiam por isso?
Vós lhes perguntais qual céu habitam, porque tendes a ideia de vários céus
colocados como os andares de uma casa. Então, vos respondem segundo
vossa linguagem, mas, para eles, essas palavras, quarto, quinto céu exprimem
diferentes graus de depuração e, por conseguinte, de felicidade. É
absolutamente como quando se pergunta a um Espírito se ele está no inferno;
se é infeliz dirá sim, porque para ele inferno é sinônimo de sofrimento. Mas ele
sabe muito bem que não se trata de uma fornalha. Um pagão teria dito que
estava no Tártaro.
Allan Kardec:
É o mesmo que outras expressões análogas, tais como cidade das
flores, cidade dos eleitos, primeira, segunda ou terceira esfera, etc., que
não são senão alegorias empregadas por certos Espíritos, seja como
figuras, seja algumas vezes por ignorância da realidade das coisas e
mesmo das mais simples noções científicas.
Segundo a ideia restrita que se fazia antigamente dos lugares de penas
e de recompensas, e sobretudo na opinião de que a Terra era o centro do
Universo, que o céu formava uma abóboda e que havia uma região de
estrelas e se colocava o céu em cima e o inferno embaixo. Daí as
expressões subir ao céu, estar no mais alto dos céus, ser precipitado no
inferno. Hoje que a Ciência demonstrou que a Terra não é senão um dos
menores mundos entre tantos milhões de outros, sem importância
especial; que ela historiou sua formação e descreveu sua constituição,
provou que o espaço é infinito e não há nem alto nem baixo no Universo,
foi preciso renunciar em colocar o céu acima das nuvens e o inferno nos
lugares baixos. Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe foi assinalado.
Estava reservado ao Espiritismo dar a todas essas coisas a explicação
mais racional, a mais grandiosa e ao mesmo tempo a mais consoladora
para a Humanidade. Assim, pode-se dizer que carregamos conosco
nosso inferno e nosso paraíso. Nosso purgatório o encontramos na
nossa encarnação, nas nossas vidas corporais ou físicas.
74
Comentários:
A posição do terceiro, quarto, quinto Céu é uma forma alegórica de dizer que
há várias esferas, vários graus de purificação e de felicidade.
Por exemplo, quem estiver no quinto céu, estará numa condição de mais
purificação, mais alegria e felicidade do que no quarto ou no terceiro céu.
É apenas uma forma de expressar a quantidade ou a condição em que se
encontram esses Espíritos na erraticidade. O quanto de felicidade que esse
Espírito vivencia.
Mais uma vez deixamos claro que não há um lugar circunscrito para o céu e
para o inferno e nem para o purgatório.
O purgatório são todos os lugares onde purgamos, expiamos as nossas faltas,
seja na matéria ou fora dela.
Estado de céu ou de inferno é essencialmente íntimo, interior. Não tem uma
relação direta com o meio exterior.
Podemos estar na Terra e nos sentirmos no Céu.
Podemos estar em um mundo até mais feliz e nos sentirmos no inferno.
O que a Espiritualidade sempre nos orienta. Os Espírito mais felizes se
buscam. Estarão sempre unidos pela sintonia, portanto, Espíritos mais
purificados ao se reunirem pelos seus pensamentos, pela sua condição, então
emitem vibrações positivas e o meio no qual eles estejam retrate aquela
felicidade, aquele bem-estar, aquela harmonia.
Tudo depende da condição da sintonia de cada um.
1018 – Em que sentido é preciso entender estas palavras do Cristo: Meu
reino não é deste mundo?
Assim respondendo, o Cristo falava num sentido figurado. Ele queria dizer que
não reina senão sobre os corações puros e desinteressados. Ele está por toda
a parte, onde domina o amor ao bem; mas os homens, ávidos de coisas deste
mundo e ligados aos bens da Terra, não estão com ele.
Comentários:
Muitas pessoas interpretam as palavras de Jesus no sentido literal de que o
reino do Pai, o reino do Cristo não é o planeta Terra, seria apenas a morada
espiritual o que é verdade, porém não é uma verdade absoluta.
75
Se aqui na Terra estiverem reunidos Espíritos ainda imperfeitos onde a
vivência do Evangelho, do amor não é uma realidade, o reino de Deus não é
aqui, pois ainda não está implantado nesses corações. Lembrando que quem
implanta o reino de Deus em nossos corações somos nós mesmos.
Se no plano espiritual a vivência da lei de amor for verdadeira, presente na
vida de cada um, com certeza lá será o reino de Deus.
Para as pessoas aqui na Terra já vivencia verdadeiramente o amor, o reino de
Deus está ali presente. Sabemos que aqui na Terra prepondera a imperfeição,
mas já há muitos Espíritos que procuram vivenciar o reino de Deus, através
da fraternidade, da caridade, da lei de amor. Enfim, todas as virtudes nobres
que nos aproximam do Cristo.
Jesus falava no sentido figurado, mas onde quer que reine o amor, onde quer
que haja corações puros e desinteressados, lá ele estará, lá será o reino dele.
Não é o reino material ou o reino espiritual.
Não é o reino do plano físico ou o da erraticidade.
Jesus quis dizer que a Terra não era o seu reino por ainda ser um lugar onde
predomina o orgulho, o egoísmo, o ódio, a vaidade, onde os seres ainda não
vivenciam a sua lei.
O dia que a Terra se tornar um mundo mais feliz, com certeza ela será o reino
de Deus e, consequentemente, do Cristo.
1019 – Jamais o reino do bem poderá ter lugar sobre a Terra?
O bem reinará sobre a Terra quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os
bons vencerem sobre os maus. Então, farão nela reinar o amor e a justiça, que
são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das
leis de Deus que o homem atrairá sobre a Terra os bons Espíritos e dela
afastará os maus. Mas os maus não a deixarão senão quando dela forem
banidos o orgulho e o egoísmo.
A transformação da Humanidade foi predita e atingis esse momento, que
apressa todos os homens que ajudam o progresso. Ela se cumprirá pela
encarnação de Espíritos melhores, que constituirão sobre a Terra uma nova
geração. Então, os Espíritos dos maus, que a morte ceifa cada dia, e todos
aqueles que tentem atrasar a marcha das coisas, dela serão excluídos, porque
serão deslocados do convívio com os homens de bem, dos quais perturbariam
a felicidade. Eles irão para mundos novos, menos avançados, cumprir missões
penosas, onde poderão trabalhar para seu próprio adiantamento, ao mesmo
tempo que trabalharão para o adiantamento de seus irmãos ainda mais
atrasados. Não vedes nessa exclusão da Terra transformada a sublime figura
do Paraíso perdido, e no homem chegado sobre a Terra em semelhantes
76
condições, e trazendo em si o germe de suas paixões e os traços de sua
inferioridade primitiva, a figura não menos sublime do pecado original? O
pecado original, considerado sob esse ponto de vista, prende-se à natureza
ainda imperfeita do homem, que não é responsável senão por si mesmo e
suas faltas, e não das de seus pais. Todos vós, homens de fé e de boa
vontade, trabalhai, portanto, com zelo e coragem na grande obra da
regeneração, porque colhereis centuplicado o grão que houverdes semeado.
Infelizes aqueles que fecham os olhos à luz, porque se preparam para longos
séculos de trevas e de decepções. Infelizes dos que colocam todas as suas
alegrias nos bens deste mundo, porque sofrerão mais privações do que
tiveram de prazeres. Infelizes, sobretudo, os egoístas, porque não encontrarão
ninguém para os ajudar a carregar o fardo de suas misérias. (São Luís)
Comentários:
Vemos aqui a questão da transição planetária, da geração nova, que são
Espíritos mais evoluídos, mais bondosos, mais próximos da evolução que
todos nós almejamos. Esses ficarão e herdarão a Terra.
Aqui também trata da questão do exílio. Os Espíritos que não se adaptarem à
nova condição do planeta serão excluídos para outros mais novos, mais
primitivos, nos quais eles possam com sua intelectualidade ajudar os seres
que já vivem naquele planeta novo a crescerem e, também, ali vão expiar,
sofrer um pouquinho para que possam agregar mais conhecimento e,
principalmente, moralidade.
Aqui também trata da similaridade com o pecado original, aquela questão de
serem expulsos do paraíso quando cometem atos equivocados. A doutrina
espírita nos mostra que essa ideia parte da questão do exílio que muitos
Espíritos sofrem quando estão em um lugar melhor, num lugar bom, que está
evoluindo e crescendo, mas como não se ajustam, praticam ainda atos
equivocados são exilados, são retirados, expulsos daquele mundo para
mundos mais difíceis, mais inferiores, de lutas e provações. Dentre as
explicações do pecado original, podemos compreender nessa questão 1019.
A Gênese, em seus últimos capítulos nos explicam essa questão no tocante
ao pecado original, como a doutrina espírita interpreta essa situação, nos fala
da geração nova constituída por espíritos mais benévolos, dispostos a seguir
no caminho do bem.
A doutrina espírita é maravilhosa, pois nos explica de forma racional todas as
situações que envolve a nós e toda a criação de Deus, nos fornece respostas
para muitos questionamentos que estiveram em nosso íntimo por muito tempo.
Ela nos liberta, basta querermos.
77
A Geração Nova
Autor: Allan Kardec
Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem
Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se
dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que
a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo
sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado,
serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e
confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento
de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda
atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais levarão os
conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar.
Substituí-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a
paz e a fraternidade.
A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um
cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá
gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança
alguma na ordem natural das coisas.
Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, com a única,
mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na
Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez
de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um
Espírito mais adiantado e propenso ao bem.
Muito menos, pois, se trata de uma nova geração corpórea, do que de uma
nova geração de Espíritos. Sem dúvida, neste sentido é que Jesus entendia
as coisas, quando declarava: «Digo-vos, em verdade, que esta geração não
passará sem que estes fatos tenham ocorrido.» Assim decepcionados ficarão
os que contêm ver a transformação operar-se por efeitos sobrenaturais e
maravilhosos.
A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações.
Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da
outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são
peculiares.
Têm ideias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem. Pela
natureza das disposições morais, porém sobretudo das disposições intuitivas
e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue
por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do
bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau
de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos
78
eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham
predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos a secundar o
movimento de regeneração.
O que, ao contrário, distingue os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a
revolta contra Deus, pelo se negarem a reconhecer qualquer poder superior
aos poderes humanos; a propensão instintiva para as paixões degradantes,
para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme;
enfim, o apego a tildo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.
Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada pelo afastamento dos que
se obstinam em não emendar-se; porque são incompatíveis com o reinado da
fraternidade e porque o contacto com eles constituirá sempre um sofrimento
para os homens de bem. Quando a Terra se achar livre deles, os homens
caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes está reservado, mesmo
neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, enquanto
esperem que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos
superiores.
Não se deve entender que por meio dessa emigração de Espíritos sejam
expulsos da Terra e relegados para mundos inferiores todos os Espíritos
retardatários. Muitos, ao contrário, aí voltarão, porquanto muitos há que o são
porque cederam ao arrastamento das circunstâncias e do exemplo. Nesses, a
casca é pior do que o cerne. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos
prejuízos do mundo corporal, eles, em sua maioria, verão as coisas de maneira
inteiramente diversa daquela porque as viam quando em vida, conforme os
múltiplos casos que conhecemos. Para isso, têm a auxiliá-los Espíritos
benévolos que por eles se interessam e se dão pressa em esclarecê-los e em
lhes mostrar quão falso era o caminho que seguiam. Nós mesmos, pelas
nossas preces e exortações, podemos concorrer para que eles se melhorem,
visto que entre mortos e vivos há perpétua solidariedade.
É muito simples o modo porque se opera a transformação, sendo, como se vê,
todo ele de ordem moral, sem se afastar em nada das leis da Natureza.
Sejam os que componham a nova geração Espíritos melhores, ou Espíritos
antigos que se melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que trazem
disposições melhores, há sempre uma renovação. Assim, segundo suas
disposições naturais, os Espíritos encarnados formam duas categorias: de um
lado, os retardatários, que partem; de outro, os progressistas, que chegam. O
estado dos costumes e da sociedade estará, portanto, no seio de um povo, de
uma raça, ou do mundo inteiro, em relação com aquela das duas categorias
que preponderar.
Uma comparação vulgar ainda melhor dará a compreender o que se passa
nessa circunstância. Figuremos um regimento composto na sua maioria de
homens turbulentos e indisciplinados, os quais ocasionarão nele constantes
desordens que a lei penal terá por vezes dificuldades em reprimir. Esses
homens são os mais fortes, porque mais numerosos do que os outros. Eles se
79
amparam, animam e estimulam pelo exemplo. Os poucos bons nenhuma
influência exercem; seus conselhos são desprezados; sofrem com a
companhia dos outros, que os achincalham e maltratam. Não é essa uma
imagem da sociedade atual?
Suponhamos que esses homens são retirados um a um, dez a dez, cem a
cem, do regimento e substituídos gradativamente por iguais números de bons
soldados, mesmo por alguns dos que, já tendo sido expulsos, se corrigiram.
Ao cabo de algum tempo, existirá o mesmo regimento, mas transformado. A
boa ordem terá sucedido à desordem.
As grandes partidas coletivas, entretanto, não têm por único fim ativar as
saídas; têm igualmente o de transformar mais rapidamente o espírito da
massa, livrando-a das más influências e o de dar maior ascendente às ideias
novas.
Por estarem muitos, apesar de suas imperfeições, maduros para a
transformação, é que muitos partem, a fim de apenas se retemperarem em
fonte mais pura. Enquanto se conservassem no mesmo meio e sob as
mesmas influências, persistiriam nas suas opiniões e nas suas maneiras de
apreciar as coisas. Uma estada no mundo dos Espíritos bastará para lhes
descerrar os olhos, por isso que aí veem o que não podiam ver na Terra. O
incrédulo, o fanático, o absolutista, poderão, conseguintemente, voltar com
ideias inatas de fé, tolerância e liberdade. Ao regressarem, acharão mudadas
as coisas e experimentarão a influência do novo meio em que houverem
nascido. Longe de se oporem às novas ideias, constituir-se-ão seus auxiliares.
A regeneração da Humanidade, portanto, não exige absolutamente a
renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições
morais. Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão predispostos,
desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo. Assim, nem
sempre os que voltam são outros Espíritos; são com frequência os mesmos
Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira.
Quando insulado e individual, esse melhoramento passa despercebido e
nenhuma influência ostensiva alcança sobre o mundo.
Muito outro é o efeito, quando a melhora se produz simultaneamente sobre
grandes massas, porque, então, conforme as proporções que assuma, numa
geração, pode modificar profundamente as ideias de um povo ou de uma raça.
É o que quase sempre se nota depois dos grandes choques que dizimam as
populações. Os flagelos destruidores apenas destroem corpos, não atingem o
Espírito; ativam o movimento de vaivém entre o mundo corporal e o mundo
espiritual e, por conseguinte, o movimento progressivo dos Espíritos
encarnados e desencarnados. É de notar-se que em todas as épocas da
História, às grandes crises sociais se seguiu uma era de progresso.
Opera-se presentemente um desses movimentos gerais, destinados a realizar
uma remodelação da Humanidade. A multiplicidade das causas de destruição
80
constitui sinal característico dos tempos, visto que elas apressarão a eclosão
dos novos germens. São as folhas que caem no outono e às quais sucedem
outras folhas cheias de vida, porquanto a Humanidade tem suas estações,
como os indivíduos têm suas várias idades. As folhas mortas da Humanidade
caem batidas pelas rajadas e pelos golpes de vento, porém, para renascerem
mais vivazes sob o mesmo sopro de vida, que não se extingue, mas se
purifica.
Para o materialista, os flagelos destruidores são calamidades carentes de
compensação, sem resultados aproveitáveis, pois que, na opinião deles, os
aludidos flagelos aniquilam os seres para sempre. Para aquele, porém, que
sabe que a morte unicamente destrói o envoltório, tais flagelos não acarretam
as mesmas consequências e não lhe causam o mínimo pavor; ele lhes
compreende o objetivo e não ignora que os homens não perdem mais por
morrerem juntos, do que por morrerem isolados, dado que, duma forma ou
doutra, a isso hão de todos sempre chegar.
Os incrédulos rirão destas coisas e as qualificarão de quiméricas; mas, digam
o que disserem, não fugirão à lei comum; cairão a seu turno, como os outros,
e, então, que lhes acontecerá? Eles dizem: Nada! Viverão, no entanto, a
despeito de si próprios e se verão, um dia, forçados a abrir os olhos.
Livro: A Gênese, cap. 18 - Sinais dos Tempos – Itens 27 à 35.
81
EMIGRAÇÕES PLANETÁRIAS E JUÍZOS PERIÓDICOS3
"Homens, por que lamentais as calamidades que vós mesmos amontoastes sobre a vossa
cabeça?"
Adolfo, espírito, em O Evangelho segundo o espiritismo, cap. 7, item 12
"Fisicamente, a Terra teve as convulsões da sua infância; entrou agora num período de relativa
estabilidade [...] Mas ainda está em pleno trabalho de gestação do progresso moral. Aí residirá
a causa de suas maiores comoções. Até que a humanidade haja crescido suficientemente em
perfeição, pela inteligência e pela prática das Leis divinas, as maiores perturbações serão
causadas mais pelos homens do que pela natureza, isto é, serão antes morais do que físicas."
Allan Kardec, em A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo, cap.9, item 14.
MUNDOS E SÓIS, com seus sistemas que desfilam na família universal,
funcionam como educandários, escolas de ascese espiritual para as
consciências em aprendizado. Considerando o vocabulário humano, pode-se
afirmar que os planetas, com suas humanidades, representam estágios e
campos de aprimoramento do espírito que se lança no grande caudal da
evolução. Os globos dispersos no espaço são palcos de dramas e de poemas
de amor, bem como, de universidades siderais, de oficinas de trabalho e,
ainda, de templos da sabedoria. Desempenham funções que estais longe de
compreender, e, apesar das observações de vossos cientistas, , não guardais
a ideia verdadeira a respeito da natureza sideral, tampouco espiritual dessa
família cósmica.
PLURALIDADE DA VIDA
Iniciando-se nas primeiras manifestações da inteligência, após eras de
aperfeiçoamento nas expressões primitivas, o espírito elabora a consciência
através de mil formas e mil vidas, no vasto palco dos mundos que a Infinita
Sabedoria concebeu no seio do cosmos.
Cada orbe guarda em si possibilidades de crescimento que são exploradas
pelas humanidades siderais. Muitas vezes, observais certos planetas que vos
parecem astros mortos ou que não oferecem condições para o
desenvolvimento da vida tal como a conheceis. Todavia, esquecei-vos de que
a mesma vida que prodigaliza inúmeras expressões e nuances em vossa
própria Terra é capaz de se manifestar de diferentes maneiras e em bases
diversas daquelas que caracterizam as espécies observadas em vosso Plano.
Assim sendo, podeis utilizar vosso pensamento para imaginar outras formas
por meio das quais a consciência se exprime, revelando-se em vibrações e
características distintas daquelas em que ora existis.
3
- Gestação da Terra, capítulo 5 (na íntegra)
82
A vida universal não se fundamenta sobre princípios equivalentes aos que se
verificam em âmbito terreno. Outros meios, outros campos energéticos se
desdobram além da vossa dimensão e constituem bases diferentes para a vida
no cosmos. Nem sequer podeis afirmar que o mesmo ar, a mesma composição
química atmosférica passível de ser inalada por vossa humanidade, deva ser
igual quando se trata de outras manifestações da consciência, em outros
corpos, em outros planetas. A variedade infinita de mundos e seres, de
campos e dimensões não tem como parâmetro o acanhado modelo terrestre.
EXAMES SELETIVOS
Tal como ocorre com as vossas escolas terrestres, as escolas siderais
passam, periodicamente, por processos seletivos. Nesse caso, eles têm por
objetivo definir o padrão evolutivo de cada mundo, visando ao melhor
aproveitamento daqueles que fizeram jus a um estágio mais elevado, em
virtude da dedicação e do esforço próprios.
Certo número de consciências, ao não alcançar a média evolutiva exigida para
a permanência em determinado colégio sideral, mostra-se incompatível com o
estado evolutivo da humanidade ali matriculada. Portanto, elas são
transferidas de escola planetária, reiniciando seu aprendizado em outros
mundos, onde possam encontrar clima propício para seu crescimento, sempre
de acordo com a lei das afinidades.
Ao se considerarem os fatores a seguir, podem ser previstas algumas
situações que os degredados ou futuros emigrantes cósmicos vivenciam. São
eles: as características das personalidades arroladas neste processo de
desterro planetário coletivo; as modificações da paisagem natural e do
ambiente das dimensões inferiores; o grau de esclarecimento e de
desenvolvimento de humanidade do espírito; e a condição de réus siderais,
ante a equidade da justiça divina.
Por mais que a saudade as aflija ao longo dos milênios, por mais que se
acentuem os dilemas existenciais causados pela separação de suas famílias
cármicas durante o dilatado período de desmembramento compulsório, às
inteligências degredadas é vedado retornar. Não importa o momento, nem
sequer para visitarem os antigos afetos que deixaram para trás, seja os que
não sofreram pena equivalente, seja os que foram deportados para diferentes
orbes. Essa dispersão ali e acolá, em mundos quase incomunicáveis devido
às disparidades evolutivas entre eles ocasiona impactos severos de ordem
psicológica e existencial nos expatriados siderais. Crise sem precedentes é
sentida no nível mais profundo e marca por séculos, talvez milênios, o
psiquismo dos cidadãos que têm de se adaptar a estilo de vida tão diferente,
à sobrevivência e às limitações impostas pelos novos corpos, em quase nada
semelhantes àqueles aos quais se habituaram por eras no planeta de origem.
83
Todos os mundos disseminados no espaço, em algum momento de sua
trajetória como escola sideral, passam por situação similar. A Terra,
particularmente, atravessa um desses períodos que denominais juízo e que,
para nós, significa apenas uma adequação a novas etapas evolutivas.
A consciência cósmica começa a se realçar na humanidade terrena. Conceitos
cada vez mais holísticos e abrangentes manifestam-se em vossos
pensamentos, inaugurando um período diferente na mentalidade mundial, a
fim de vos preparar para a era do amor universal, para a consciência cósmico-
sideral. Desse modo, estareis aptos a travar contato com outras formas de
vida, isto é, irmãos vossos mais experientes, que mais tarde influirão na futura
civilização global – muito embora a influência desses irmãos estelares se dê
muito mais pelos pensamentos insuflados, inspiradores do que por meio de
interferências físicas propriamente. Provocarão uma revolução em vosso
modo de ver o mundo e a vida, de tal maneira que nada, absolutamente nada
será como antes após a constatação da vida além dos limites atmosféricos da
Terra.
O velho sistema perece, com seus representantes e aqueles que se
sintonizam com ele, por se mostrar falho, limitado e não servir mais à
necessidade evolutiva do planeta. Outra mentalidade, outra visão, mais
universalista, surge em meio ao caos aparente onde se sepulta o velho mundo,
as velhas e acanhadas concepções que determinam o fim de uma etapa da
civilização global.
Junto com essa realidade arcaica, finda-se um período sideral, e as almas que
não amadureceram não encontram mais guarida no solo abençoado do
planeta Terra. Faz-se necessária a transferência para outra instituição de
ensino. Prosseguirão o aprendizado em mundos compatíveis com seu grau
evolutivo e seu estado íntimo, fatores que decidem a localização geográfica e
dimensional de cada espírito no processo seletivo geral. Aqueles que
receberem o aval de suas consciências quanto ao seu próprio
desenvolvimento espiritual permanecerão na escola planetária, em melhores
condições, a fim de inaugurarem a nova civilização, sob uma psicosfera mais
auspiciosa.
A transmigração – ou transferência compulsória de domicílio planetário –
ocorre majoritariamente com espíritos na forma extrafísica, mas não só. Salvo
raras exceções, obedece a um programa de caráter multiplanetário, que leva
em conta as necessidades das humanidades envolvidas, tanto no âmbito
socio-espiritual quanto perante a justiça sideral. Geralmente abarca grupos de
inteligências afins, que formam uma espécie de condomínio espiritual, de
natureza cármica. São indivíduos com manias e vícios semelhantes, que
cometeram pecados e faltas do mesmo gênero, dotados de características
vibratórias e comportamentais similares.
Esta hora seletiva é crucial para todos vós. Todos os esforços, todas as
potencialidades e as tendências latentes ou manifestas de modo esparso, em
84
diferentes épocas, eclodem em conjunto, em vosso tempo, resultando num
clima psíquico, social e espiritual que incita a demonstração da verdadeira
realidade íntima de cada um.
A profusão de epidemias, enfermidades, guerras e conflitos socioeconômicos
de vossa geração, bem como a sede de poder e a gana pelo domínio das
consciências, além da proliferação de seitas e religiões estranhas e de
filosofias absurdas, compõem atmosfera fervente propícia para fazer vir à tona
a condição interior de cada indivíduo, assim como das coletividades terrestres.
Trata-se de um processo necessário para a aferição dos valores e a afirmação
dos princípios que servem como critério para distinguir a porção de vossa
humanidade que partirá daquela outra que permanecerá na morada terrena.
Convém lembrar que mais de 70% dos humanos permanecem mergulhados
no grande maia, absortos em meio à vida social e aos desafios da
sobrevivência e, além do mais, aturdidos diante do vasto cardápio de
distrações oferecidos aos habitantes do mundo. Poucos têm acordado, ainda
que lentamente, da hipnose dos sentidos. Por isso, somente impactos globais
e desafios causticantes, capazes de abalar a sonolência existencial da espécie
humana, farão com que mais pessoas despertem – mesmo que atordoadas –
a fim de assumirem seu papel no grande trabalho de reconstrução da
civilização que sucederá a atual.
Sobre as cinzas das tristes realidades humanas ela será erguida, a nova
civilização: mais madura, mais experiente, mais universalista e moralizada,
pois, sob o fogo das experiências dolorosas que caracterizam o momento atual
do vosso mundo, forja-se um novo homem, uma nova raça, um novo tempo.
Podemos considerar que o drama evolutivo que o orbe enfrenta funciona como
o parto de um novo ser, a gestação da nova Terra, renovada e integrada à
comunidade de planetas mais felizes.
PINHEIRO, Robson. Gestação da Terra. 2ª ed. Belo Horizonte: Casa dos
Espíritos, 2022, capítulo 5.
85
Amados irmãos
O momento é de mudanças, de transformação. É momento de tomada de
consciência, seguir adiante com compromisso e responsabilidade. É
momento de desfazer de toda a infantilidade assumindo a maturidade.
Não percamos tempo com coisas pequenas, coisas miúdas que não
acrescenta, que não traz crescimento.
Não fique esperando. É tempo de agir, de correr atrás de tudo aquilo que
possa nos elevar.
Estamos exatamente na fase de como nos informou nosso Mestre Jesus:
“que quem estiver no campo não olhe para trás”, “quem estiver no terraço
não desça”.
Mude os propósitos.
Balance todo o seu ser, excluindo todas as impurezas que ainda carregas.
Não perca tempo.
Reflita em ação, estude e trabalhe.
Siga o nosso modelo Jesus:
 Humildade, como na manjedoura.
 Sabedoria, como no sermão da Montanha.
 Trabalho, amor e caridade, como nos três anos de jornada junto aos
apóstolos e discípulos.
 Conexão com o Pai, como no Monte das Oliveiras.
 Perdão, como no Calvário.
Abracemos verdadeiramente o Evangelho de Jesus e trabalhemos pela
evolução da humanidade.
Não esqueça em nenhum momento da nossa essência.
Somos seres multidimensionais, transcendemos no tempo e no espaço.
Portanto, viva como ser infinito que somos.
Enxergue a vida de forma mais ampla, transponha as coisas miúdas, supere
as dificuldades com mais leveza, considerando a essência do seu ser em
permanente burilamento, que tornará cada vez mais intenso em função da
situação que estamos vivendo no momento.
Não percamos tempo.
Sigamos o grande exemplo da Manjedoura à Cruz em constante ação.
Irmão Felipe / Médium: Marta Gomes
Rondonópolis, 15 de dezembro de 2023.
86
NO PORVIR
Mesmo depois que passar a grande tempestade, o coração augusto do Cristo
sangrará de dor, porque não será sem uma profunda e divina melancolia que verá
partir, para rudes degredes reeducativos, os afilhados ingratos e rebeldes que
não lhe quiseram aceitar a doce proteção...
Os filhos da iniquidade, empedernidos no crime e cristalizados no orgulho,
deixarão as fronteiras fisiomagnéticas da Terra, em demanda das novas
experiências a que fizeram jus; mas aqui, no orbe aliviado e repleto de
escombros, uma nova idade de trabalho e de esperança nascerá, ao Sol da
Regeneração e da Graça.
Nesse mundo renovado, a paz inalterável instituirá um progresso sem temores e
uma civilização sem maldade. Os habitantes do planeta estarão muito longe da
angelitude, mas serão operosos e sinceros, um tanto sofredores e endividados
para com a Eterna Justiça, mas fraternos e dóceis à inspiração superior.
A subsistência exigirá esforços titânicos, na agricultura dignificada e no trato
exaustivo das águas despoluídas, mas não haverá penúria, nem fome.
Por algum tempo, muitos corações sangrarão no sacrifício de missões ásperas,
na solidão e no silêncio dos sentimentos em penitência; mas não existirá
desespero nem prostituição, viciações letais ou mendicância, infância carente ou
velhice abandonada.
A morte fisiológica continuará enlutando, na amargura de separações
indesejadas, mas o merecimento e a intercessão poderão proporcionar
periódicos reencontros das almas amantes e saudosas, em fraternizações de
fenomenologia sublimai.
A Ciência alcançará culminâncias jamais sonhadas... Naves esplêndidas farão
viagens regulares a esferas superiores e as excursões de férias serão comuns,
a mundos de perene beleza.
Necessidades e fraquezas não poderão ser extirpadas por milagre, mas os frutos
venenosos da maldade jamais chegarão aos extremos do homicídio.
O Estatuto dos Povos manterá o Parlamento das Nações, onde Excelsos
Espíritos materializados designarão, em nome e por escolha do Cristo, os
Governadores da Terra.
Sem monarquias, oligarquias, plutocracias ou democracias, haverá apenas uma
Espiritocracia Evangélica, fundada no celeste platonismo do mérito maior, do
maior saber e da maior virtude, para o serviço mais amplo e mais fecundo.
Reinarão na Terra a Ordem e a Paz.
O Amor Universal será Estatuto Divino.
A Terra pertencerá aos mansos de coração...
SANT’ANNA, Hernani T. Universo e vida. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978, cap. XII.
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Questões de destaque:
Q. 625 – O tipo mais perfeito que Deus nos ofereceu. Nosso modelo e guia.
Q. 886 – O verdadeiro sentido da palavra caridade.
Q. 917 – Como destruir o egoísmo
Q. 918 – Caracteres da pessoa de bem
Q. 919 – Conhecimento de si mesmo.
88
REFERÊNCIAS:
KARDEC, Allan. A Gênese: Os Milagres e as Predições Segundo o
Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 52ª Ed. Araras – SP: IDE, 2018.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de
Salvador Gentile. 365ª Ed. Araras – SP: IDE, 2009.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 182ª
Ed. Araras – SP: IDE, 2009.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 85ª Ed.
Araras – SP: IDE, 2008.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução de Salvador Gentile. Araras –
SP: IDE, 2008.
KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 19ª Ed. Rio
de Janeiro: FEB, 1983.
MLODINOW, Leonard. De primatas a astronautas: A jornada do homem
em busca do conhecimento. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.
PINHEIRO, Robson. Gestação da Terra. 2ª ed. Belo Horizonte: Casa dos
Espíritos, 2022.
SANT’ANNA, Hernani T. Universo e vida. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978.
SILVEIRA, Adelino. Chico, de Francisco. São Paulo: Cultura Espírita União,
1987.
XAVIER, Chico. A Caminho da Luz. 21ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. Pelo
Espírito Emmanuel.
XAVIER, Chico. Nosso Lar. 64ª ed. Brasília: FEB, 2021. Pelo Espírito André
Luiz.
XAVIER, Chico. Os Mensageiros. 47ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito
André Luiz.
XAVIER, Chico. Missionários da Luz. 45ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2021. Pelo
Espírito André Luiz.
XAVIER, Chico. Obreiros da Vida Eterna. 35ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo
Espírito André Luiz.
XAVIER, Chico. No Mundo Maior. 28ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito
André Luiz.
XAVIER, Chico. Libertação. 33ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito André
Luiz.
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XAVIER, Chico & VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. 28ª ed.
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2018. Pelo Espírito André Luiz.
XAVIER, Chico. E a vida continua.... 35ª ed. Esp. Rio de Janeiro: FEB, 2021.
Pelo Espírito André Luiz.
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Capítulo II - Penas e Gozos Futuros.docx

  • 1. 1 Livro Quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros 2.1 – Nada. Vida futura 2.2 – Intuição das penas e gozos futuros 2.3 – Intervenção de Deus nas penas e recompensas 2.4 – Natureza das penas e gozos futuros 2.5 – Penas temporais 2.6 – Expiação e arrependimento 2.7 – Duração das penas futuras 2.8 – Ressurreição da carne 2.9 – Paraíso, inferno e purgatório Referências Slides: https://pt.slideshare.net/MartaMiranda6/421-vida-futurapptx https://pt.slideshare.net/MartaMiranda6/422-penas-e-gozos-futurospptx https://pt.slideshare.net/slideshows/423-ressurreio-da-carne-paraso- inferno-pugatriopptx/266357500
  • 2. 2 2.1 – Nada. Vida futura 958 – Por que o homem tem, instintivamente, horror ao nada? Porque o nada não existe. Comentários: A palavra “nada” Linguagem:  Pronome indefinido – é a ausência de algo ou coisa particular. Ex: Nada foi encontrado;  Advérbio – é usado para enfatizar a negação. Ex: Não é nada sério.  Verbo – conjugação na 3.ª pessoa do singular. Ex: Ele nada na piscina.  Substantivo masculino – denota a não existência, o que não existe, o vazio. Quando se fala de existência se fala da existência de algo. O nada não é coisa alguma, logo não existe. Física: Fisicamente é preciso distinguir três coisas: o vácuo, o vazio e o nada. O vácuo é um espaço não preenchido por qualquer matéria, em qualquer estado físico. O vácuo, porém, ainda apresenta campos, sejam eles magnéticos, elétricos, gravitacionais. Mesmo se fosse possível criar um vácuo de cem por cento no qual não houvesse ondas sem matéria nem campos interagindo, esse espaço ainda não estaria livre de eventos ou matéria, uma vez que partículas e antipartículas estão constantemente se formando e se aniquilando. Mesmo se houvesse um vazio onde tivesse total ausência de matéria, campos ou radiação, este vazio ainda seria considerado alguma coisa, pois haveria ainda o espaço, isto é, a capacidade de caber algo, ainda que não houvesse nenhum objeto para preenchê-lo. Todo o espaço, mesmo que não contenha matéria, é preenchido por campo gravitacional. Matemática: Matematicamente, o conjunto vazio não é o mesmo que nada; ele é um conjunto que não possui elementos (ou seja, que não contém nada), mas um conjunto é sempre algo. É um elemento do conjunto dos subconjuntos de um conjunto (chamado de conjunto das partes). Assim este "nada" matemático, seria sempre um dos elementos de qualquer conjunto. LIVRO quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
  • 3. 3 Filosofia: Ao pensar-se no "nada", associamos à nossa mente a ausência de qualquer coisa que seja, o vazio absoluto. O nada foi pensado como conceito pelos filósofos que questionavam inclusive se "o nada existe”. Niilismo - filosofia cética e pessimista criada por Arthur Schopenhauer e adotada por Friedrich Wilhelm Ritschl e Friedrich Nietzsche. A crença no nada é chamada de niilismo. A palavra niilismo vem do latim “nihil” e significa “nada”, é o vazio, é a representação cética da realidade e a descrença dos valores morais. O niilismo é uma corrente filosófica que está presente na filosofia, nas artes, na religião, na política, na literatura. É uma filosofia pautada no ceticismo, que recusa a reconhecer valores importantes para a existência humana. Quem acredita nessa crença entende que o nada é aquilo que espera a criatura após a morte. Só existe a vida material, a qual estamos vivendo no momento e no futuro, após a morte, não existe nada. Portanto, não devemos esperar nada após a morte. Nós apresentamos uma aversão natural a essa crença niilista, embora há muitas pessoas que se prendem a ela para viverem no mundo material, para usufruírem desregradamente daquilo que o mundo proporciona com a justificativa de que se não existe nada além do mundo material, deve-se viver aqui da melhor maneira e da forma que convir sem se importar com o amanhã. Na verdade, as pessoas que buscam justificativa nessa crença, no niilismo está indo contra a sua própria essência divina, pois todos nós sendo filhos de Deus temos suas leis gravadas em nossa consciência, sendo assim, sabemos no fundo do nosso íntimo que o nada não existe. “Já que duvido, penso; já que penso, existo” – René Descartes (1596 – 1650). Deus na sua perfeição não nos criou para o nada, não nos criou para uma única existência física, tão curta, tão pequena diante da magnitude da vida, do Universo e de tudo que nos cerca. Para aquele que pensa bem além da vida material chega a conclusão de que o nada não pode existir, o nada é uma crença que não corresponde com a perfeição, com a inteligência suprema, com a misericórdia divina. 959 – De onde vem ao homem o sentimento instintivo da vida futura? Já o dissemos: antes de sua encarnação, o Espírito conhece todas essas coisas, e a alma guarda uma vaga lembrança do que sabe e do que viu em seu estado espiritual. (393).
  • 4. 4 Allan Kardec: Em todos os tempos o homem se preocupou com o seu futuro de além- túmulo, e isso é muito natural. Qualquer importância que ele ligue à vida presente, não o pode impedir de considerar quanto ela é curta, e, sobretudo, precária, visto que pode ser cortada a cada instante e ele não está jamais seguro do dia de amanhã. Que se torna depois do instante fatal? A questão é grave, porque não cogita mais de alguns anos, mas da eternidade. Aquele que deve passar longos anos num país estrangeiro se inquieta com a posição que aí terá; como, pois, não nos preocuparíamos com a que teremos, deixando este mundo, visto que é para sempre? A ideia do nada tem alguma coisa que repugna à razão. O homem mais negligente durante sua vida, chegado o momento supremo, se pergunta o que vai tornar-se, e involuntariamente espera. Crer em Deus sem admitir a vida futura seria um contrassenso. O sentimento de uma existência melhor está no foro íntimo de todos os homens. Deus não o colocou aí em vão. A vida futura implica a conservação de nossa individualidade depois da morte. Que nos importaria, com efeito, sobreviver ao nosso corpo se nossa essência moral deveria se perder no oceano do infinito? As consequências para nós seriam as mesmas que o nada. Comentários: O sentimento instintivo da vida futura não é natural do acaso. Primeiro: O Espírito conhecia a vida na erraticidade antes de reencarnar e mesmo que esqueçamos ou que não tenhamos a lembrança exata do que vivenciamos no plano espiritual, esse fato está gravado em nós, como uma intuição, como uma vaga lembrança das nossas vivências no plano espiritual. Segundo: Isso faz parte da lei de Deus que está gravada em nossa consciência. Então por mais que não queiramos dar atenção a esse sentimento que nos acompanha, ele vai estar sempre presente em nós. É a essência divina do Criador que está na nossa consciência, no nosso coração, na nossa vida. Mesmo aquele que diz que não acredita quando chega o momento supremo se pergunta o que será dele. No fundo, nós queremos manter a nossa individualidade, manter o que nós somos, o nosso aprendizado. Queremos continuar vivos, seguindo a nossa trajetória.
  • 5. 5 A partir do momento que adquirimos mais entendimento e mais compreensão esse sentimento instintivo vai se fortalecendo. No primeiro momento esse sentimento é mais instinto, depois vamos tomando consciência. Com o nosso crescimento, quando já temos a oportunidade de saber e conhecer acerca da vida futura, deixa de ser apenas um instinto e passa a ser uma certeza, uma segurança que temos dentro de nós.
  • 6. 6 2.2 – Intuição das penas e gozos futuros 960 – De onde vem a crença, que se encontra entre todos os povos, de penas e recompensas futuras? É sempre a mesma coisa: pressentimento da realidade trazida ao homem pelo Espírito nele encarnado; porque sabei-o, não é em vão que uma voz interior vos fala: vosso erro está em não escutá-la bastante. Se nisso pensásseis bem, frequentemente, vos tornaríeis melhores. Comentários: Nós chegamos aqui na Terra com essa voz interior que reflete não apenas as nossas vivências do passado, mas também, o nosso planejamento reencarnatório elaborado na erraticidade. Por isso é importante prestarmos atenção a essa voz interior que nos fala, pois geralmente é um alerta, é o chamado dos Espíritos amigos a nos conduzir no caminho do bem, nos alertando acerca das verdades da vida, nos ajudando a seguir os melhores rumos, sempre no caminho do bem. Mesmo havendo o esquecimento do passado, aquilo que precisamos saber, aquilo que é importante para nossa caminhada na atual existência vai nos chegar de alguma forma, a qual será quase sempre através da intuição, apesar de haver outras formas, como os sonhos, por exemplo. Se já vivenciamos a vida espiritual nós sabemos que ela existe. Por isso há os pressentimentos das penas e recompensas, pois sabemos na erraticidade, em consequência das nossas atitudes equivocadas ou não, lá seremos mais ou menos felizes. Com certeza, já passamos por penas, por dificuldades, pois viemos de um passado de equívocos, de erros. Já sofremos na erraticidade. Então temos essa vivência em nós, gravada na nossa memória, no nosso coração. Por isso temos esse pressentimento. E ainda, não estamos só. A Espiritualidade também nos intui, independente se cremos ou não. A voz interior parte da consciência, de maneira que o homem ouça por muitos meios possíveis e passe a aplicar os conselhos. Quando os esquece, ela torna a dizer, até que o ser encarnado comece a viver, compreender e respeitar as leis espirituais. Tudo da lei se encontra gravado na consciência. Se o ser humano tem vaga ideia das penas que haverá de sofrer em fazendo o mal, igualmente tem a mesma ideia das recompensas em fazendo o bem, e é nessa luta que ele acorda, com o perpassar dos tempos, para o amor e a caridade. A alma não presta bastante LIVRO quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
  • 7. 7 atenção às advertências; é por isso que ela sofre, no entanto, esse é o aprendizado de quem não tem ouvidos para ouvir, pela ignorância, situação essa, pela qual todos passam. Somente o tempo pode prepará-los para o advento da luz. (Miramez) 961 – No momento da morte, qual é o sentimento que domina a maioria dos homens: a dúvida, o medo ou a esperança? A dúvida para os céticos endurecidos, o medo para os culpados e a esperança para os homens de bem. Comentários: Resposta suscinta, direta, objetiva, mas completa. Disseram tudo. Tudo depende do nosso coração, daquilo que estivermos feito enquanto trabalhamos aqui na vida material.  Céticos – irá vigorar a dúvida, o questionamento. Será que há ou não algo após a morte?  Culpados – irá vigorar o temor, o medo de serem punidos, responsabilizados pelos seus atos em desconformidade com as leis divinas.  Homens de bem – irá vigorar a esperança porque caminharam em conformidade com as orientações divinas, de Jesus, do Evangelho, das leis divinas. Não há o que temer. 962 – Por que há céticos visto que a alma traz ao homem o sentimento das coisas espirituais? Há menos do que se julga. Muitos se fazem Espíritos fortes durante sua vida por orgulho, mas, no momento da morte, não são tão fanfarrões. Comentários: Se a alma já vivenciou experiências na vida espiritual, na erraticidade, como ele pode ser cético? A espiritualidade nos diz que os céticos são em número muito menor do que julgamos. Há aqueles que dizem não crer, mas o seu íntimo oculto diz outra coisa. O orgulho que se tem é que os fazem se mostrarem fortes, porém no momento da morte deixam de agir dessa maneira e questionam se a vida espiritual será
  • 8. 8 boa ou ruim, mostrando que na verdade não são céticos no sentido de acreditarem que após a morte não há mais nada e que tudo se acaba. Quanto mais imperfeita é a alma, quanto mais próximo da primitividade é o Espírito, menos noção ele tem do plano espiritual. Tem Espíritos que em função da sua imperfeição, estão na erraticidade, mas tem pouca compreensão daquilo que se passa ao seu redor, tem pouca compreensão de que estão no plano espiritual. Muitas vezes eles retornam para nova reencarnação em decorrência de uma completa atuação da Espiritualidade superior e em função das suas limitações não participam do planejamento reencarnatório, não compreendem o processo. Retornam para a espiritualidade e voltam ao mundo material sem consciência de que estiveram na erraticidade, que eles estavam desencarnados. Não tem noção, não compreendem e não entendem que existe o mundo espiritual. Não tem conhecimento acerca dessa realidade. Isso se amplia com a evolução da alma. As almas mais primitivas, mais imperfeitas tem menos consciência do mundo espiritual. Por isso é mais difícil ter essa certeza, portanto, são mais céticos, vivem mais o mundo material. Diferente daqueles que já estão mais maduros, que já adquiriram mais entendimento acerca do que experenciaram na erraticidade Allan Kardec: A consequência da vida futura é a responsabilidade de nossos atos. A razão e a justiça nos dizem que, na repartição da felicidade à qual todo homem aspira, os bons e os maus não podem ser confundidos. Deus não pode querer que uns gozem, sem pena, de bens aos quais outros não atingem senão com esforço e perseverança. A ideia que Deus nos dá da sua justiça e da sua bondade pela sabedoria de suas leis, não nos permite crer que o justo e o mau estejam num mesmo plano aos seus olhos, nem de duvidar que eles receberão um dia, um a recompensa, outro o castigo, do bem ou do mal que tenham feito. É por isso que os sentimentos inatos que temos da justiça nos dão a intuição das penas e das recompensas futuras. Comentários: No plano espiritual podemos viver coisas boas ou coisas ruins. Temos a intuição das penas ou das recompensas futuras. No fundo todos nós sabemos que o mal é o mal e que o bem é o bem.
  • 9. 9 No fundo do nosso coração sabemos que a lei de justiça não pode permitir a felicidade para aqueles que não praticaram o bem e não pode permitir a dor e o sofrimento para aqueles que foram pessoas de bem. A nossa própria noção de certo e errado nos conduz a esse raciocínio. Nós sabemos o que fazemos ou o que deixamos de fazer. No desencarne a pessoa tem uma noção do que irá vivenciar no mundo espiritual, se é algo bom ou negativo.
  • 10. 10 1.3 – Intervenção de Deus nas penas e recompensas 963 – Deus se ocupa pessoalmente de cada homem? Ele não é muito grande e nós muito pequenos para que cada indivíduo em particular tenha alguma importância aos seus olhos? Deus se ocupa de todos os seres que criou, por menores que sejam; nada é muito pequeno para a sua bondade. Comentários: Linda essa questão! Essa questão nos acalma, nos tranquiliza. Quantos de nós já não perguntamos isso? Quantas vezes já questionamos a grandiosidade de Deus para se preocupar conosco... Somos minúsculos. Um indivíduo dentre bilhões de seres (só na Terra) em um universo gigantesco. É muito importante para nós essa afirmação da Espiritualidade, nos mostrando que somos filhos de Deus, obras dele e nada, absolutamente nada é destituído de valor para a sua bondade. Gênese – Capítulo II É como se estivéssemos envolvidos em um fluido divino. Em uma comparação: assim como existe o fluido cósmico universal (matéria) que está em todo o Universo, Deus está presente em tudo, está em nós, sabe tudo o que acontece conosco e da mesma forma que Ele está em nós, nós estamos nEle. Nessa comparação é como se estivéssemos absorvidos em um fluido divino e esse fluido estivesse em todos os lugares do universo. Tudo o que nós fazemos, vibramos, pensamos impacta esse fluido divino, portanto, Deus tem acesso a tudo, absolutamente, tudo no Universo. Ele sabe tudo o que passa conosco, as nossas dores, nossas angústias, os nossos sentimentos, pensamentos. Embora Ele saiba o que se passa conosco, a forma de nós ouvi-lo, de perceber as orientações, a intuição e o cuidado que Ele tem conosco é através da prece, pois a prece é o instrumento que nos permite conectar com Ele e captar as suas orientações. Ele sabe o que acontece conosco, mas para que possamos ouvi-lo, precisamos elevar o nosso pensamento e entrando em sintonia com Ele LIVRO quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
  • 11. 11 vamos captar as suas orientações, o seu amor, as suas vibrações, as inspirações positivas e salutares. Com certeza, Deus se ocupa de todas as criaturas, mas às vezes é nós que não nos ocupamos dele e acabamos bloqueando esse contato. 964 – Deus tem necessidade de se ocupar de cada um dos nossos atos para nos recompensar ou nos punir, e a maioria desses atos não são insignificantes para ele? Deus tem suas leis que regulam todas as vossas ações; se as violais é vossa falta. Sem dúvida, quando um homem comete um excesso, Deus não pronuncia um julgamento contra ele para lhe dizer, por exemplo: foste guloso e vou te punir. Mas ele traçou um limite; as doenças e, frequentemente, a morte, são a consequência dos excessos: eis a punição. Ela é o resultado da infração à lei. Assim em tudo. Allan Kardec: Todas as nossas ações estão submetidas às leis de Deus. Não há nenhuma, por mais insignificante que nos pareça, que não possa ser-lhe uma violação. Se suportamos as consequências dessa violação não devemos imputá-la senão a nós mesmos que nos fazemos, assim, os próprios artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade futura. Essa verdade se torna sensível pelo apólogo seguinte: “Um pai deu ao seu filho a educação e a instrução, quer dizer, os meios de saber se conduzir. Ele lhe cede um campo para cultivar e lhe diz: Eis a regra a seguir e todos os instrumentos necessários para tornar esse campo fértil e assegurar tua existência. Dei-te instruções para compreender essa regra; se a seguires, teu campo produzirá muito e te proporcionará o repouso na tua velhice; do contrário, não produzirá nada e morrerás de fome. Dito isso, deixo-o agir à sua vontade.” Não é verdade que esse campo produzirá em razão dos cuidados dados cultura, e que toda negligência será em detrimento da colheita? O filho será, pois, na velhice, feliz ou infeliz segundo tenha seguido ou negligenciado a regra traçada por seu pai. Deus é ainda mais previdente, porque nos adverte a cada instante se fazemos bem ou mal: ele nos envia os Espíritos para nos inspirar, mas não os escutamos. Há ainda a diferença de que Deus dá sempre ao homem um recurso nas suas novas existências para reparar seus erros passados, enquanto que o filho de quem falamos, não o tem mais, se empregou mal seu tempo.
  • 12. 12 Comentários: Deus tem Suas leis como agentes de equilíbrio, as quais devemos estar em constante observação em todas as nossas atividades. Se violamos essas leis no mínimo que seja, vem a resposta delas para o nosso caminho. Deus não fica analisando cada palavra, cada ato, cada gesto, cada atitude que praticamos. Não fica comparando se aquele gesto está ou não em conformidade com a lei divina. Ele a tudo vê, mas não nos pune ou nos glorifica por cada ato individual praticado. É um conjunto. Temos as nossas oportunidades diárias, mas tudo é o conjunto, o resultado do todo. Em função de erros diários, provavelmente, a minha existência lá na frente será negativa, a minha colheita no fim não será boa. Usando a comparação feita por Kardec, a minha velhice será de dificuldades, de dores. Não terei todo o amparo daquele campo de terras férteis que poderia ter sido bem utilizado para a plantação em função das minhas atitudes. Porém, isso é um tempo que Deus nos permite para que nesse período possamos estudar, trabalhar, crescer e evoluir ou desperdiçar esse tempo em função das nossas escolhas. Deus nos traça um limite e muitas vezes extrapolamos esse limite com os nossos equívocos. Estamos aqui na nossa existência reencarnatória com a possibilidade de crescer ou estagnar. Estamos aqui com o campo fértil que é a nossa reencarnação para plantar. Vamos plantar bem para colher bem. Se não o fizermos o limite é o nosso desencarne. A cada reencarnação, Deus nos dá um novo campo para semearmos com o objetivo de bem colhermos. Isso não significa que Ele não esteja atento a tudo o que realizamos. A recompensa ou a pena é computada ao fim deste tempo, desse limite traçado pelo Pai. Não nenhum senhor senil sentado em um trono de ouro para observarmos, como também, não há livro da capa preta com os registros das nossas ações a serem glorificadas ou punidas. Nossas ações por menores que sejam estão registradas no livro da vida que é a nossa consciência. Estamos submetidos à lei de sintonia, afinidade, de atração, repulsão, ação, reação, causa e efeito, reencarnação.
  • 13. 13 É como se Deus nos dissesse: Te criei, te forneço tudo o que precisas, te dou inteligência e liberdade. Evolua, faça como quiseres, da forma e no tempo que quiseres, respeitando as minhas leis. Caso as desrespeite, as consequências são suas.
  • 14. 14 2.4 – Natureza das penas e gozos futuros 965 – As penas e os gozos da alma, depois da morte, têm alguma coisa de material? Elas não podem ser materiais, visto que a alma não é material: o bom-senso o diz. Essas penas e esses gozos não têm nada de carnal e, portanto, são mil vezes mais vivos que os que experimentais sobre a Terra, porque o Espírito, uma vez livre, é mais impressionável e a matéria não enfraquece mais suas sensações. (237 a 257). Comentários: Como estamos acostumados a vida material e ao sofrimento ou o gozo que a matéria nos proporciona nós temos muitas vezes a ideia equivocada de que na erraticidade as penas e gozos serão igualmente materiais. A Espiritualidade nos esclarece que o nosso Espírito não é matéria.  Q.27 – Trindade Universal: Deus → Espírito → Matéria Então na erraticidade estamos na nossa condição natural. Estamos ali como Espíritos, libertos do corpo físico. Somos muito mais impressionáveis. Isto é, as nossas percepções se ampliam. Tudo o que vemos e que sentimos é mais forte, é mais pungente, tanto para o bem, quanto par o mal. Aqui a matéria é como se fosse um filtro, então o impacto que o nosso Espírito sente aqui na Terra é menor, devido ao corpo físico. Na erraticidade, o Espírito vive tudo numa intensidade maior, tanto para o bem, quanto para o mal. As percepções são muito mais visíveis e tudo é mais nítido para nós. A felicidade que vivemos aqui já nos traz enorme satisfação. Imaginemos a felicidade que vivenciamos lá. As pessoas que têm acesso através do êxtase a essas vidas sublimes não querem voltar. Querem continuar no estado de emancipação vivenciando aquela situação de êxtase. Deve ser algo espetacular, incapaz de traduzir em palavras a sensação de felicidade. E da mesma forma as nossas penas também são bem mais dolorosas do que a que vivemos aqui. LIVRO quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
  • 15. 15 966 – Por que o homem faz das penas e dos gozos da vida futura, uma ideia, frequentemente, tão grosseira e tão absurda? Inteligência que não pôde ainda desenvolver bastante. A criança compreende como o adulto? Aliás, isso depende também daquilo que se lhe ensinou; e aí há necessidade de uma reforma. Vossa linguagem é muito incompleta para exprimir o que está em torno de vós; por isso, foram necessárias comparações e são essas imagens e essas figuras que tomastes pela realidade. Mas à medida que o homem se esclarece, seu pensamento compreende as coisas que sua linguagem não pode exprimir. Comentários: Somos ainda muito ignorantes no sentido de que nos faltam entendimento, conhecimento, inteligência e maturidade espiritual para compreender muitas coisas, além do nosso vocabulário ser muito incompleto. A nossa linguagem reflete a nossa vivência, aquilo que conhecemos (qualquer que seja a língua). Onde vamos encontrar palavras para dizer daquilo que não conhecemos? Não criamos vocabulário para aquilo que não conhecemos. Então para que a Espiritualidade possa nos explicar aquilo que não conhecemos e ainda não compreendemos precisa usar um termo de comparação sempre imperfeito, conforme o que temos aqui na Terra, a fim de que possamos alcançar o raciocínio daquilo que estão a nos dizer. Pois se utilizarem uma comparação, usando somente a teoria na nossa linguagem incompleta, não entenderemos. Portanto, tudo decorre do nosso progresso que ainda não aconteceu de forma plena a nos oportunizar o total conhecimento que nos daria uma ideia mais abrangente das penas e gozos futuros. 967 – Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos? Conhecer todas as coisas, não ter nem ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é para eles a fonte de uma suprema felicidade. Eles não experimentam nem as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes do bem que fazem. De resto, a felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua elevação. Só os Espíritos puros gozam, é verdade, uma felicidade suprema, mas todos os outros não são infelizes. Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus em que os gozos são relativos ao estado moral. Os que estão bastante avançados compreendem a felicidade dos que chegaram antes deles: a ela aspiram. Mas é para eles objeto de emulação e não de ciúme. Sabem que deles depende alcançá-la e
  • 16. 16 trabalham para esse fim, mas com a calma da boa consciência, e são felizes por não terem que sofrer o que sofrem os maus. Comentários: André nos relata em suas obras, através de Chico Xavier, essa calma, essa paz, a consciência tranquila (apesar de alguns débitos) entre os integrantes do Nosso Lar.  Cairbar Schutel também faz alguns relatos de Alvorada Nova. Vejam o que nos aguardam quando formos bons Espíritos. Quando estivermos conseguindo vivenciar verdadeiramente o Evangelho, viveremos essa felicidade. Estaremos dominando o conhecimento de todas as coisas, das infinitas nuances da matéria, das coisas do Espírito, das ciências, das artes, da justiça divina, da essência de Deus. Não apenas aquilo que vive no mundo material, mas vamos saber tudo referente ao mundo espiritual, ao Universo, às leis divinas. À medida que formos evoluindo não sentiremos ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer uma das paixões que existem ainda hoje na Terra. Imaginemos como é o coração daqueles Espíritos que já chegaram nessa condição. Não tem como sentir infelicidade. A infelicidade decorre das nossas imperfeições, das nossas análises equivocadas do mundo, daquilo que nos acontece, dos sofrimentos que nos chegam. Eles não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes pelo bem que fazem. Cada atitude no bem lhes proporciona felicidade e esse bem nem sempre é para si próprio, muitas vezes é pelo outro, mas o renunciar pelo outro é algo que os faz feliz. A felicidade do outro é a sua também. Quando temos a percepção dessas verdades, é um estímulo para que nós possamos continuar trabalhando, buscando a nossa reforma íntima com a mudança em nosso coração para que ele realmente possa ser melhor, para que ele possa refletir em uma pessoa mais humana, mais espiritualizada, mais fraterna. A felicidade dos bons Espíritos consiste em ter uma tranquilidade de consciência imperturbável. Eles se desvincularam do ódio, por amarem a todos sem distinção; não têm ciúmes, por confiarem em todas as criaturas; não têm inveja, por serem partidários do
  • 17. 17 desprendimento; não surge em seus pensamentos a ambição, por terem ingressado em todos os movimentos da caridade. Desconhecem todas as paixões inferiores, por amarem constantemente a Deus em todas as coisas; vivem bem com seus semelhantes em quaisquer faixas de vida; compreendem as necessidades dos animais e sabem, pela vida que levam, abençoar a todas as dimensões da natureza, respeitando-a como mãe. 968 – Colocais a ausência das necessidades materiais entre as condições de felicidade para os Espíritos; mas a satisfação dessas necessidades não é para o homem uma fonte de prazeres? Sim, os prazeres do animal; e quando não podes satisfazer essas necessidades, é uma tortura. Comentários: Sentimos necessidade dos gozos materiais porque ainda estamos mais próximos da animalidade do que da angelitude. A nossa condição ainda de pouca evolução nos faz desejar, querer, sentir necessidade dos gozos que o mundo material nos proporciona. A felicidade que sentimos, de fato, existe, mas é a felicidade do animal. Ainda nos satisfazemos com o pouco. A verdadeira felicidade não é alcançada com os gozos que o mundo pode nos proporcionar, mas somente aqueles obtidos pelo nosso Espírito, pela nossa alma. É difícil percebermos o quão imperfeitos ainda somos, o quão estamos distantes da sublimação nós estamos. Mas já estivemos muito mais longe. Estamos no meio do caminho, há muita estrada pela frente. Estamos todos os dias caminhando, dando um passo curto, mas sempre dando um passo à frente 969 – O que é preciso entender quando se diz que os Espíritos puros estão reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe cantar louvores? É uma alegoria que pinta a inteligência que eles têm das perfeições de Deus, porque veem e o compreendem, mas que não é preciso mais prender à letra como muitas outras. Tudo na Natureza, desde o grão de areia, canta, quer dizer, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Mas não creias que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação durante a eternidade, pois isso seria uma felicidade estúpida e monótona. Seria mais a do egoísta, uma vez que sua existência seria uma inutilidade sem termo. Eles não têm mais as tribulações da existência corporal: já é um gozo. Aliás, como dissemos, eles conhecem e sabem todas as coisas e aproveitam a inteligência
  • 18. 18 que adquiriram para ajudar o progresso dos outros Espíritos. É sua ocupação e, ao mesmo tempo, um prazer. Comentários: Os Espíritos não ficam vivendo só de felicidade e contemplação divina. Quando estudamos a razão pela qual fomos criados, a razão da existência da reencarnação, a doutrina espírita nos oferece excelente oportunidade de compreendermos que fomos criados para a felicidade, para a perfeição, mas também para ajudar na obra da criação. Faz parte da obra da criação, trabalhar pelo progresso do outro, trabalhar pelo bem e pelo desenvolvimento dos nossos irmãos menores. Os Espíritos puros, exercitam a felicidade trabalhando pelo próximo, trabalhando na seara do Pai. Isso para eles é um motivo de felicidade, portanto, percebemos que quanto mais o Espírito evolui, quanto mais progride na escala de depuração espiritual, mais ele trabalha, cada vez mais pela humanidade, ampliando cada vez mais a sua capacidade de amparo, de auxílio, de ajuda, proporcionando ainda mais o seu crescimento, a sua evolução. Lembrando que Espíritos puros não mais reencarnem, pois não precisam mais adquirir as virtudes que se conquista com a reencarnação, eles continuam mesmo na erraticidade crescendo e evoluindo. O progresso é constante e infinito. A cada atividade, a cada progresso que eles realizam, se aproximam ainda mais de Deus e mais trabalham em benefício de toda a criação. É muito trabalho, mas ao mesmo tempo é muita satisfação. Nos sentimos felizes, realizados com as nossas tarefas cumpridas. Quanto mais difícil, mais complexa, maior é a satisfação. Os Espíritos cantam louvores a Deus, mas é na execução do trabalho em que se empenharam, na disseminação da harmonia universal. Vejamos que a própria natureza, em todos os seus departamentos de vida, canta louvores, desde o átomo até as galáxias. Nada há no universo sem movimento; se nada pára, como os Espíritos puros, que chegaram à perfeição, poderiam ficar somente contemplando o Criador? O próprio Jesus disse que o Pai trabalhava sempre e que Ele operava constantemente. Corro parar? Esses agentes de Deus, de quem tanto falamos, são Espíritos altamente identificados com o Pai, e que viajam por toda a criação, com destinos que os homens desconhecem, levando a verdade e sustentando a fé e a ciência em todos os ambientei Eles trabalham mais do que pensas, pois são cocriadores da eternidade. (Miramez)
  • 19. 19 970 – Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores? Eles são tão variáveis quanto as causas que os produziram, e proporcionais ao grau de inferioridade, como os gozos o são para os graus de superioridade. Podem se resumir assim: Invejarem tudo o que lhes falta para serem felizes e não poderem obtê-lo; verem a felicidade e não poderem atingi-la; desgosto, ciúme, raiva, desespero daquilo que os impede de ser feliz; remorso, ansiedade moral indefinível. Eles têm o desejo de todos os prazeres e não podem satisfazê-los, e é o que os tortura. Comentários: Livro: O Céu e o Inferno – Segunda parte – Capítulos 4 a 7. Depoimento de Espíritos criminosos, materialistas percebemos que em determinadas situações o sofrimento não é só moral, há algo também material, físico. Considerando serem Espíritos muito imperfeitos tem pouca compreensão para entender as penas essencialmente morais, devido as suas posturas e por serem muito materializados, apegados à matéria. Então os sofrimentos que eles experimentam na erraticidade, tem algo material. Independentemente de ser com um viés mais ou menos moral, eles são sempre grandes, pois na erraticidade tudo é mais intenso, uma vez que se alarga as potencialidades do Espírito. Quando encarnado essas potencialidades são muito limitadas, pois o corpo físico acaba exercendo a função de filtro para essas potencialidades, tanto para a felicidade, quanto par o sofrimento. 971 – A influência que os Espíritos exercem, uns sobre os outros, é sempre boa? Sempre boa da parte dos bons Espíritos, claro. Mas os Espíritos perversos procuram desviar do caminho do bem e do arrependimento os que eles creem suscetíveis de se deixar arrastar, e que, frequentemente, arrastaram ao mal durante a vida. 971.a) Assim, a morte não nos livra da tentação? Não, mas a ação dos maus Espíritos é muito menor sobre os outros Espíritos que sobre os homens, porque eles não têm por auxiliares as paixões materiais. (996).
  • 20. 20 Comentários: De Espírito para Espírito. A influência dos Espíritos ocorre na vida, tanto daqueles que se encontram na matéria, quanto fora dela. A influência dos Espíritos é sempre condizente com que o Espírito é, aquilo que ele pensa vibra com suas emoções e em conformidade com seu nível evolutivo. Espíritos bons só vão influenciar para o bem, já os Espíritos perversos, libidinosos, maléficos vão tentar desviar o ser do caminho do bem. Por isso precisamos estar atentos em quem somos e a essa sintonia, pois somos sempre influenciados por Espíritos. Nós vivemos junto com eles. Eles estão sempre conosco, nos acompanham em tudo, participam das nossas reuniões, adentram os nossos lares. Conforme esteja nossa sintonia, nosso pensamento, esse convívio mais próximo será com a Espiritualidade amiga, superior, nossos Espíritos protetores. Por outro lado, pode ser com aqueles Espíritos mais inferiores que nos são simpáticos, em função da forma de vida que adotamos seguir. 972 – Como fazem os maus Espíritos para tentar os outros Espíritos, visto que não dispõem do socorro das paixões? Se as paixões não existem materialmente, elas existem ainda no pensamento dos Espíritos atrasados. Os maus mantêm esses pensamentos, arrastando suas vítimas para os lugares onde elas têm o espetáculo dessas paixões e tudo o que as pode excitar. 972.a) Mas por que essas paixões, se já não têm mais objeto real? É precisamente para o seu suplício: o avarento vê o ouro que não pode possuir; o debochado, as orgias nas quais não pode tomar parte; o orgulhoso, as honras que ele inveja e das quais não pode gozar. Comentários: Nós estamos falando de espíritos maus tentando influenciar outros Espíritos desencarnados. Como os espíritos maus conseguem tentar outros espíritos considerando que as paixões materiais não são mais acessíveis a eles, pois estão em outra condição, em outro plano?
  • 21. 21 As paixões de fato não existem materialmente, mas existem no pensamento desses Espíritos atrasados. E através desses pensamentos eles buscam essas paixões, eles anseiam por elas e eles sofrem quando eles não as conseguem ter, quando eles não podem realmente vivenciar aquelas paixões novamente. Os maus, através dos pensamentos influenciam esses espíritos, fazendo com que as suas vítimas sigam para os lugares onde o espetáculo daquelas paixões possa excitá-los. Isso transforma em um suplício, pois devido estar em outro plano não podem ter o objeto real do seu interesse. Os Espíritos maus conseguem influenciar negativamente outros Espíritos através das paixões porque conseguem levar esses Espíritos para esses locais. Eles veem pessoas encarnadas vivenciando aquelas paixões sem que eles também possam vivenciá-las plenamente. Isso é um suplício. O avarento vê ouro, mas não pode mais possuir; O devasso vê orgias, mas não pode fazer parte. Será que na erraticidade não há orgias? Os Espíritos inferiores não procuram excitar o exercício das suas paixões, como por exemplo, o ato sexual? Há Espíritos que buscam na erraticidade as orgias, realizam atos sexuais, mas não conseguem saciar da mesma forma. O perispírito sendo mais etéreo não consegue fornecer as mesmas sensações materiais que o corpo físico. A bebida não lhes concede os mesmos efeitos que na matéria. O sexo, na erraticidade, não fornece aos Espíritos que buscam essas orgias o que eles alcançavam quando estavam encarnados. Para eles querer estar na matéria, mas não ser possível é uma tortura, um suplício. - Avô do André Luiz – No Mundo Maior – Capítulo 18 e 19 - Livro Sexo e Destino 973 – Quais são os maiores sofrimentos que podem suportar os maus Espíritos? Não há descrição possível das torturas morais que são a punição de certos crimes. Mesmo os que as experimentam teriam dificuldades em vos dar uma ideia delas. Mas, seguramente, a mais horrível é o pensamento de serem condenados para sempre. Allan Kardec:
  • 22. 22 O homem faz das penas e dos gozos da alma depois da morte uma ideia mais ou menos elevada, segundo o estado de sua inteligência. Quanto mais ele se desenvolve, mais essa ideia se depura e se liberta da matéria. Ele compreende as coisas sob um ponto de vista mais racional e deixa de prender à letra as imagens de uma linguagem figurada. A razão mais esclarecida, nos ensinando que a alma é um ser todo espiritual, nos diz, por isso mesmo, que ela não pode ser afetada pelas impressões que não agem senão sobre a matéria. Mas não se segue disso que esteja isenta de sofrimentos, nem que não receba a punição de suas faltas. (237). As comunicações espíritas têm por resultado nos mostrar o estado futuro da alma, não mais como uma teoria, mas como uma realidade. Elas colocam sob nossos olhos todas as peripécias da vida de além-túmulo. Mas no-las mostram ao mesmo tempo como consequências perfeitamente lógicas da vida terrestre, e, ainda que liberto do aparelho fantástico criado pela imaginação dos homens, elas não são menos penosas para aqueles que fizeram mau uso de suas faculdades. A diversidade dessas consequências é infinita, mas pode-se dizer em tese geral: cada um é punido naquilo em que pecou. É assim que uns o são pela visão incessante do mal que fizeram, outros pelos desgostos, pelo medo, pela vergonha, pela dúvida, pelo isolamento, pelas trevas, pela separação dos seres que lhe são caros, etc. Comentários: Os sofrimentos pelos quais os Espíritos maus irão sofrer na erraticidade são inúmeros, extremamente variáveis, conforme o erro de cada um. Cada um é punido naquilo que pecou. Está tudo no livro da vida – a consciência. O Espírito projeta a imagem dos seus pensamentos, dos seus sofrimentos. Livro: O Céu e o Inferno, na sua segunda parte, nos fornecem uma ideia mais clara dos vários tipos de sofrimentos que podemos vivenciar na erraticidade, através do depoimento de vários Espíritos na erraticidade.  Espíritos felizes  Espíritos numa condição mediana  Espíritos sofredores  Espíritos suicidas  Espíritos criminosos arrependidos  Espíritos endurecidos São testemunhas que nos trazem uma ideia daquilo que a Espiritualidade está aqui nos falando, além das reuniões mediúnicas em todas as casas espíritas que realiza tais atividades.
  • 23. 23 São vários os tipos de dificuldades morais que estamos sujeitos na erraticidade quando optamos pela prática do mal. Muitas vezes há determinadas punições que são mais materiais, mas grande parte delas é moral. São mais difíceis e dolorosas do que podemos imaginar. Porém, a mais difícil, a mais horrível é o fato de muitos Espíritos acharem que irão sofrer por toda a eternidade. Sabemos que não é assim. Ninguém sofre eternamente porque fomos criados para a perfeição e para ela chegaremos mais cedo ou mais tarde. 974 – Qual a origem da doutrina do fogo eterno? Imagem, como tantas outras coisas, tomadas pela realidade. 974.a) Mas esse medo não pode ter um bom resultado? Vede, pois, se ele reprime muito, mesmo entre os que a ensinam. Se ensinais coisas que a razão rejeita mais tarde, fareis uma impressão que não será nem durável, nem salutar. Allan Kardec: O homem, não podendo mostrar, pela sua linguagem, a natureza desses sofrimentos, não encontrou comparação mais enérgica que a do fogo, porque para ele o fogo é o tipo do mais cruel suplício e o símbolo da ação mais enérgica. É por isso que a crença no fogo eterno remonta à mais alta antiguidade e os povos modernos a herdaram dos povos antigos. É por isso também que, em sua linguagem figurada, ele diz: o fogo das paixões; queimar-se de amor, de ciúme, etc. etc. Comentários: A ideia do “Fogo eterno” decorre de uma imagem, de uma cultura, de uma educação que nos foi dada durante séculos. De tanto ouvirmos, aprendermos que esse fogo eterno era algo real, verdadeiro, nós assimilamos isso como sendo uma realidade. Essa doutrina continuou conosco por muito tempo. E ainda há aqueles que acreditam na existência desse fogo eterno. Hoje temos o esclarecimento acerca disso. É uma imagem figurada, criada pelo homem para retratar as dores, as dificuldades, os suplícios pelos quais o homem passa quando está na
  • 24. 24 erraticidade, ao desencarnar enfrenta as sombras, os resquícios das suas dores, dos seus erros, o enfrentamento consigo mesmo. Hoje nós sabemos que esse fogo eterno não existe. Ninguém fica nessa condição. Importante nós entendermos que isso ocorre porque no passado, na época em que se acreditava em um Deus vingativo, que punia nas penas eternas. Essa imagem foi sendo trabalhada para que pudéssemos obedecer às leis de Deus pelo temor. Quando éramos bem mais materializados, endurecidos e orgulhosos, nós tínhamos uma dificuldade muito grande em seguir as leis de Deus apenas pelo entendimento moral. Precisávamos do medo, da punição, da sanção, o qual fazia com que cumpríssemos as leis, pois sabíamos se não fizéssemos poderíamos sofrer essas punições e agíamos mais adequadamente. Tudo foi condizente com a evolução, com a moralidade, com o entendimento da humanidade do passado. Hoje com as luzes da inteligência, com o desenvolvimento, com o nosso bom senso, com a nossa maturidade percebemos que isso não tem mais razão de ser. Não há o fogo eterno físico, material. Se entendermos que os sofrimentos, que as dores morais que vivenciamos na erraticidade em decorrência dos nossos equívocos, nos queima de alguma forma, às vezes trazendo uma dor até mais forte do que aas dores físicas. A ignorância fez o homem menos instruído crer que poderia pagar suas faltas no fogo espiritual, ao qual se deu o nome que faz tremer a tantos: inferno. Mais tarde, os mais espiritualizados passaram a descobrir que esse inferno existe mesmo, porém, q com mais intensidade, dentro das criaturas, na condenação da própria consciência. Entretanto, ele é transitório, e não eterno. Eterno, somente o amor. (Miramez) 975 – Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo? Sim, e é isso que faz seu suplício, porque compreendem que estão privados dela por suas faltas. É por isso que o Espírito, liberto da matéria, aspira depois a uma nova existência corporal, porque cada existência pode abreviar a duração desse suplício, se ela é bem empregada. Ele faz, então, a escolha das provas pelas quais poderá expiar suas faltas, porque, sabei-o bem, o Espírito sofre por todo o mal que faz, ou do qual foi a causa voluntária, por todo o bem que poderia fazer e que não fez, e por todo o mal que resulta do bem que ele não fez. O Espírito errante não tem mais véu, está como saído do nevoeiro e vê o que o afasta da felicidade. Então, sofre mais, porque compreende quanto é culpado. Para ele não há mais ilusão: vê a realidade das coisas.
  • 25. 25 Allan Kardec: O Espírito, no estado errante, abraça de um lado todas as suas existências passadas, de outro, vê o futuro prometido e compreende o que lhe falta para atingi-lo. Tal como um viajor que chegou ao alto de uma montanha, vê o caminho percorrido e o que lhe resta a percorrer para chegar ao seu objetivo. Comentários: Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo. Muitas vezes tem ciúmes porque o outro é feliz e ele ainda sofre. Esse é um dos motivos para as obsessões. Muitas vezes o Espírito não tem nada contra aquela pessoa, mas porque ela é feliz e ele não é, procura influenciar para prejudicá-la, como se a infelicidade dela pudesse amenizar a sua dor e o seu sofrimento. Quando ele já está com a mente mais esclarecida percebe que precisa reencarnar e com a vida corporal terá a oportunidade de pouco a pouco resgatar seus equívocos, diminuindo suas dores. Sabe que precisa do mundo material para expiar suas faltas mais rapidamente. A expiação não acontece só na matéria. Na erraticidade, nós também expiamos, mas para que possamos evoluir mais rapidamente precisamos da vida material, pois a vida no corpo material é mais difícil. O corpo físico exerce sobre o Espírito uma força muito grande exigindo um esforço maior para vencer essa influência da matéria. Em cada plano aprendemos e adquirimos virtudes diferenciadas. Lá no plano espiritual, quando o Espírito tem consciência de tudo isso, ele sofre pelo mal que ele fez, sofre pelo bem que poderia ter praticado e não praticou. Compreende a necessidade de retornar à carne para começar seu trabalho rumo à evolução e à felicidade. Alguns compreendem por que o justo é feliz, e trabalham para. tal aquisição, pedindo novas voltas ã Terra, no trabalho e na autoeducação espiritual. Felicidade não se compra e não se vende; iluminação da alma depende do despertamento dos valores imortais do Espírito, e o mais grandioso é que todos são possuidores destes valores. (Miramez) 976 – A visão dos Espíritos que sofrem não é para os bons uma causa de aflição? Em que se torna sua felicidade, se é perturbada?
  • 26. 26 Não é uma aflição, posto que sabem que o mal terá um fim. Eles ajudam os outros a progredirem e estendem-lhes a mão. Essa é sua ocupação e um prazer quando têm êxito. 976.a) Isso se concebe da parte dos Espíritos estranhos ou indiferentes; mas a visão dos pesares e dos sofrimentos daqueles que amaram sobre a Terra, não perturba sua felicidade? Se não vissem esses sofrimentos, é que vos seriam estranhos depois da morte. Ora, a religião vos diz que as almas vos veem; mas eles consideram vossas aflições sob um outro ponto de vista, pois sabem que esses sofrimentos são úteis ao vosso adiantamento se os suportais com resignação. Eles se afligem, pois, mais com a falta de coragem que vos retarda, que com os sofrimentos em si mesmos, que são todos passageiros. Comentários: Os Espíritos mais evoluídos têm um olhar diferente no tocante às nossas infelicidades, aos nossos sofrimentos. Eles não são indiferentes ou estranhos aos nossos sofrimentos, mas por já terem passado por tais sofrimentos, por saberem que são necessários e importantes para nosso crescimento, por saberem que esses sofrimentos mais cedo ou mais tarde nos conduzem para o bem. Eles entendem como funciona a justiça divina e não se perturbam com isso. Ao contrário, procuram sempre nos auxiliar, nos estendem a mão. Esses trabalhos fazem parte da missão deles. Eles não ficam em contemplação de Deus. Eles contemplam, glorificam a Deus, mas se ocupam, essencialmente, em ajudar o próximo. Isso é motivo de prazer. Eles compreendem que o nosso sofrimento vai nos ajudar a caminhar, a crescer e a evoluir. Quando eles veem as nossas atitudes diante do sofrimento, as nossas faltas de ânimo, as nossas blasfêmias lhes afligem mais do que os sofrimentos em si mesmos, pois tudo depende da forma como agimos diante do sofrimento. Todos nós sofremos. Se sofremos com entendimento, resignação, fé e perseverança eles não vão se entristecer. Ficam felizes por perceberem o nosso progresso, a nossa ascensão para Deus. Não é o sofrimento em si, mas a forma como cada um lida com o sofrimento. Sempre pedirmos a Deus, resignação e força perante nossas provações.
  • 27. 27 977 – Os Espíritos, não podendo se esconder reciprocamente seus pensamentos, e todos os atos da vida sendo conhecidos, seguir-se-ia que o culpado está na presença perpétua de sua vítima? Isso não pode ser de outro modo, o bom senso o diz. 977.a) Essa divulgação de todos os nossos atos repreensíveis e a presença perpétua daqueles que lhe foram as vítimas são um castigo para o culpado? Maior do que se pensa, mas somente até que ele tenha expiado suas faltas, seja como Espírito, seja como homem, nas novas existências corporais. Allan Kardec: Quando estivermos no mundo dos Espíritos, todo o nosso passado estando a descoberto, o bem e o mal que fizemos serão igualmente conhecidos. É em vão que aquele que fez o mal queira escapar da visão de suas vítimas: sua presença inevitável será para ele um castigo e um remorso incessante até que tenha expiado seus erros, enquanto que o homem de bem, ao contrário, não encontrará, por toda parte, senão olhares amigos e benevolentes. Para o mau, não há maior tormento sobre a Terra, que a presença de suas vítimas e, por isso, ele as evita sem cessar. Que será quando a ilusão das paixões estando dissipada, ele compreender o mal que fez, vendo seus atos mais secretos revelados, sua hipocrisia desmascarada, e não podendo se subtrair à sua visão? Enquanto a alma do homem perverso está atormentada pela vergonha, pelo desgosto e pelo remorso, a do justo goza de uma serenidade perfeita. Comentários: Essa é uma situação que claramente observamos nos depoimentos dos Espíritos ainda distanciados de Deus. O Céu e o Inferno – 2ª parte - Depoimento de vários Espíritos em condições diferentes; - Os Espíritos culpados em inúmeros depoimentos colocam essa situação: Eles sofrem porque no plano espiritual eles ficam defrontados continuamente com suas vítimas, com os olhares das suas vítimas lembrando tudo aquilo que eles fizeram de ruim; - O remorso
  • 28. 28 Quando se modificam, quando se arrependem, quando compreendem o mal que fizeram, são ajudados, amparados. A Espiritualidade os auxilia. Eles não ficam sem amparo. Enquanto esse despertar da consciência daquilo que fizeram de errado não chega, eles passam por um castigo moral muito grande, pois esse castigo de ter as vítimas ali presente e a todo momento relembrando seus erros, realmente é muito difícil e sofrido. Na vida material, quando fazemos algo errado, contra alguém ou para alguém, nós nos sentimos tão envergonhados e não queremos encontrar aquela pessoa, evitamos estar frente a frente com aquela pessoa que de alguma forma prejudicamos. Imaginemos isso no plano espiritual, quando somos defrontados com todas as vítimas. É muito delicado, muito difícil, mas é a lei de causa e efeito. Devemos compreender que o mal não deve ser praticado, nem na Terra, nem na matéria e nem na erraticidade. 978 – A lembrança das faltas que a alma pôde cometer quando era imperfeita, não perturba sua felicidade, mesmo depois que ela está depurada? Não, porque resgatou suas faltas e saiu vitoriosa das provas às quais se submeteu com esse fim. Comentários: À medida que vamos resgatando as nossas faltas a lembrança de quando éramos mais imperfeitos, dos nossos equívocos do passado não nos causa mal-estar, não perturba a nossa felicidade porque vencemos as provas e agora nos encontramos em outra condição. Quando ainda somos imperfeitos, a lembrança daquilo que fazemos de errado nos traz desconforto, mal-estar, devido a nossa imperfeição não conseguirmos ainda superar determinadas faltas, determinados equívocos que estão relacionados a essas lembranças. Se for a lembrança de algo que já superamos vai nos trazer um bem-estar, uma alegria diante da nossa vitória. Fica o seguinte raciocínio: No passado eu era pior. Hoje sou uma pessoa melhor.
  • 29. 29 A consciência, depois de limpa pelas bênçãos do arrependimento, juntamente com o reparo, torna à sua limpidez como foi criada, sem existir desarmonia na sua engrenagem divina. (Miramez) 979 – As provas que restam a suportar para rematar sua purificação não são para a alma uma apreensão penosa, que perturba a sua felicidade? Para a alma que está ainda enlameada, sim; é por isso que ela não pode gozar de uma felicidade perfeita, senão quando esteja purificada; mas para aquela que já se elevou, o pensamento das provas que lhe restam a suportar, nada tem de penoso. Allan Kardec: A alma que alcançou certo grau de pureza já goza a felicidade. Um sentimento de doce satisfação a penetra e ela é feliz por tudo aquilo que vê, por tudo que a cerca. O véu se levanta para ela sobre os mistérios e as maravilhas da criação, e as perfeições divinas lhe aparecem em todo o seu esplendor. Comentários: Quando nós já nos elevamos um pouco e temos a consciência que as provas vividas são maravilhosas oportunidades de crescimento e que foi através delas que hoje estamos em uma condição maior. Nessa condição as almas que já estão um pouco mais elevadas não se angustiam, não tem sua felicidade alterada pelas provas que ainda precisa passar, pois tem a consciência de que se hoje estão mais evoluídas foi em função das provas pelas quais passaram e aprenderam estando em uma condição um pouco mais evoluída. Ainda não são almas completamente depuradas e sublimadas. Ainda precisarão passar por provas até chegarem à perfeição, mas em função do conhecimento que já adquiram não encaram as provas como se fosse algo penoso. Elas compreendem o que isso significa, então elas não sentem angustiadas, não sentem sofrimento em virtude das provas que necessitam passar. Fato muito diferente aos Espíritos imperfeitos. Essas almas qualquer tipo de sofrimento é extremamente penoso. Elas querem se livrar daquele sofrimento, daquela angústia, daquela dor o quanto antes. Isso para elas é realmente penoso. Tudo depende do estágio evolutivo em que se encontra a criatura.
  • 30. 30 Quanto mais evoluído o Espírito terá mais serenidade, entendimento, equilíbrio, paz interior. Não se angustia com as provas, com os desafios necessários. Às vezes se angustiam pelo receio de falir, de não conseguir vencer esses desafios. Ex: Jesus – passou por provas e situações muito dolorosas para ensinar à humanidade o valor do amor, mas nem por isso Ele se afligiu, se angustiou. Ele não teve a sua felicidade alterada em decorrência das dificuldades que Ele precisou passar, não se angustiou. A sua condição evolutiva permitia que Ele compreendesse o modo que estava vivendo e sua felicidade não foi alterada. 980 – O laço simpático que une os Espíritos da mesma ordem é para eles uma fonte de felicidade? A união dos Espíritos que se simpatizam para o bem é, para eles, uma das maiores alegrias, porque não temem ver essa união perturbada pelo egoísmo. Eles formam, no mundo inteiramente espiritual, famílias com o mesmo sentimento, e é nisso que consiste a felicidade espiritual, como no teu mundo vos agrupais em categorias, e sentis um certo prazer quando vos reunis. A afeição pura e sincera que experimentam, e da qual eles são o objeto, é uma fonte de felicidade, porque lá não há falsos amigos, nem hipócritas. Allan Kardec: O homem sente as premissas dessa felicidade sobre a Terra, quando encontra almas com as quais pode se confundir numa união pura e santa. Em uma vida mais depurada, essa alegria será inefável e sem limites, porque não reencontrará senão almas simpáticas que o egoísmo não arrefece, porque tudo é amor na Natureza: é o egoísmo que o mata. Comentários: É uma grande alegria para o nosso coração sabermos que estaremos unidos aos Espíritos simpáticos, sendo isso muito gratificante para nós, é motivo de felicidade. Se aqui na Terra, encarnados, repletos de imperfeições como somos, nós gostamos de estar ao lado dos nossos Espíritos afins. Seja para o mal ou seja para o bem, nós gostamos de estar junto àqueles que apresentam laços de afinidades para conosco.
  • 31. 31 Imaginemos os Espíritos mais evoluídos que não têm o egoísmo em seu coração como nós ainda temos, devem usufruir de uma felicidade maravilhosa. É um dos maiores prazeres que os Espíritos podem vivenciar. Isso representa a base de vida pautada na união, na fraternidade e no amor entre aqueles que seguem o Cristo. Nós também viveremos esses momentos, de forma muito mais forte, mais ampla, mais prazerosa do que conhecemos por aqui. Aqui mesmo que de forma imperfeita somos felizes ao lado das pessoas amigas e simpáticas. Imaginar a felicidade que nos aguarda quando formos um pouco mais depurados nos fortalece e nos dá novo ânimo para continuarmos trabalhando a nossa reforma íntima. 981 – Há para o estado futuro do Espírito uma diferença entre aquele que, em vida, teme a morte e aquele que a vê com indiferença e mesmo com alegria? A diferença pode ser muito grande. Entretanto, frequentemente, ela se apaga diante das causas que dão esse temor ou esse desejo. Quer a tema, quer a deseje, pode-se estar movido por sentimentos muito diversos e são esses sentimentos que influem sobre o estado do Espírito. É evidente, por exemplo, que naquele que deseja a morte unicamente porque vê nela o termo de suas tribulações, é uma espécie de murmuração contra a Providência e contra as provas que deve suportar. Comentários: Tudo depende da intenção. O que move a pessoa a sentir indiferença, temor ou alegria pela morte.  Se encontra feliz com a oportunidade de se libertar, mas com a consciência tranquila com o dever cumprido por ter agido no bem, o momento da morte será de alegria, de paz, de tranquilidade;  Se vê com temor é porque sabe que aqui no mundo material não agiu corretamente, não foi uma pessoa que vivenciou o evangelho, mas sim o mundo, o orgulho e o egoísmo. É o temor em relação à justiça divina;  Se deseja a morte como um meio de ver o término das suas tribulações, acaba sendo uma queixa contra a providência Divina, contra as provas que está suportando na vida material, uma certa irresignação. Essa diferença pode ser grande, mas ela se apaga em decorrência das causas determinantes do temor ou do desejo.
  • 32. 32 É a causa é que faz a diferença. Em relação ao estado futuro do Espírito devemos saber quais os motivos que levaram o Espírito agir de uma forma ou de outra, com alegria, com temor, com desejo, com indiferença. A partir dessa causa é que saberemos como será o estado do Espírito no plano espiritual. 982 – É necessário fazer profissão de fé espírita e de crer nas manifestações para assegurar nossa sorte na vida futura? Se fosse assim, seguir-se-ia que todos aqueles que não creem ou que não tiveram os mesmos esclarecimentos são deserdados, o que seria absurdo. É o bem que assegura a sorte futura; ora, o bem é sempre o bem, qualquer que seja o caminho que a ele conduz. (165-799). Allan Kardec: A crença no Espiritismo ajuda a melhorar-se fixando as ideias sobre certos pontos do futuro. Ela apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas, porque permite conhecer o que seremos um dia; é um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina a suportar as provas com paciência e resignação. Ele desvia os atos que podem retardar a felicidade futura e é assim que contribui para essa felicidade, mas não diz que sem isso não se pode alcançá-la. Comentários: Na doutrina espírita não há sacramentos e nem rituais. A prática do bem faz com que sejamos mais felizes. O amor, o bem, a caridade é o que realmente nos transforma e nos eleva para Deus. A religião de Jesus era o amor e a caridade. Se praticarmos o amor e a caridade onde quer que estejamos estaremos bem. Devemos reconhecer que embora não precisemos da doutrina espírita para sermos felizes, o entendimento que ela nos traz ajuda muito a cada um de nós trabalhar mais rapidamente pelas nossas melhoras: a orientação sobre o futuro, o entendimento acerca da dor, o estímulo para a reforma íntima. Tudo isso nos auxilia no nosso crescimento espiritual, nos desperta e apressa o nosso crescimento. É uma luz que nos guia, nos ampara, nos ajuda a suportarmos as expiações e as provas necessárias ao nosso crescimento, com paciência, resignação,
  • 33. 33 sem blasfêmias, sem vitimismo, mas com entendimento e compreensão de que aquilo que passamos é necessário para o nosso aprendizado. Não se pode dizer que é necessário ser espírita ou participar do Espiritismo para se salvar. Isso é contra a caridade. Só com a prática da caridade é possível se salvar, em todos os mundos habitados. O que tranquiliza a consciência é o amor. Todos os verdadeiros religiosos se salvam; todos somos ovelhas de Jesus e vivemos sob a Sua tutela divina. As religiões encaminham as almas para o bem, e quem vive nele é que está livre de todos os sofrimentos passageiros, na Terra e fora dela. Somos dotados de livre arbítrio para a semeadura, mas obrigados à colheita. Para nos salvarmos, devemos conhecer a verdade, e ela nos tornará libertos. Para conhecer a verdade, devemos vivenciar as virtudes expostas por Jesus no seu Evangelho. Aquele que passa a viver o amor, sente todas as irradiações dele; quem passa a viver o perdão, vem a sentir todos os seus benefícios, e assim sucessivamente, cada vez mais ganhando o que dá, recebendo o que oferta. O homem maduro, espiritualmente falando, pode estar ligado a qualquer religião ou filosofia, ou até a nenhuma delas, que ele tem seu porte espiritual que lhe garante sua estabilidade na vida futura. No entanto, a Doutrina dos Espíritos fornece aos espíritas meios mais fáceis de acelerar sua marcha evolutiva, por mostrar o Cristo de maneira mais real e simples, abrindo os braços em oferta universal para todas as criaturas de Deus.
  • 34. 34 2.5 – Penas temporais 983 – O Espírito que expia suas faltas numa nova existência, não tem sofrimentos materiais e, então, é exato dizer que, depois da morte, a alma não tem senão sofrimentos morais? É bem verdade que, quando a alma está reencarnada, as tribulações da vida são, para ela, um sofrimento; mas não tem ela senão o corpo que sofre materialmente. Dizeis frequentemente, daquele que está morto, que ele nada mais tem a sofrer; isso não é sempre verdadeiro. Como Espírito, ele não tem mais dores físicas; mas, segundo as faltas que cometeu, pode ter dores morais mais pungentes e, numa nova existência, pode ser ainda mais infeliz. O mau rico nela pedirá esmola e será vítima de todas as privações da miséria; o orgulhoso, de todas as humilhações; aquele que abusa de sua autoridade e trata seus subordinados com desprezo e dureza, então, será forçado a obedecer a um senhor mais duro do que ele o foi. Todas as penas e as tribulações da vida são a expiação de faltas de uma outra existência, quando não são a consequência das faltas da vida atual. Quando houverdes saído daqui, compreendê-la-eis. (273, 393, 399). O homem que se crê feliz sobre a Terra porque pode satisfazer suas paixões, é o que faz menos esforços para se melhorar. Frequentemente, ele expia desde esta vida sua felicidade efêmera, mas a expiará certamente em uma outra existência, também toda material. Comentários: A Espiritualidade nos revela que quando encarnado as tribulações são sempre sofrimento, mas o sofrimento maior é do corpo físico. Quando desencarnamos o sofrimento será moral, o que é bastante doloroso, sofrido pelo Espírito. Aqui no mundo material, sabemos que determinados sofrimentos morais são muito piores que uma dor física no nosso organismo. Tudo depende das faltas cometidas, dos nossos equívocos, dos nossos erros. Isso determina a situação da alma após a morte e na próxima reencarnação o tipo de sofrimento e o tipo de provas, enfim, aquilo que o Espírito terá que passar. Por isso, devemos sempre pautar os nossos pensamentos, as nossas ações no bem, pois sejam os sofrimentos materiais (que enfrentamos quando estamos na matéria, encarnados), sejam os morais (que vivenciamos na LIVRO quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
  • 35. 35 erraticidade) não são bons. Sofrer não é bom, mas temos que aprender com eles, obter deles as melhores lições para o nosso crescimento. Ninguém gosta de sofrer. Para nos vermos livres do sofrimento precisamos viver o amor. 984 – As vicissitudes da vida são sempre a punição de faltas atuais? Não; já o dissemos: são provas impostas por Deus, ou escolhidas por vós mesmos no estado de Espírito e antes da vossa reencarnação, para expiar as faltas cometidas em uma outra existência, porque jamais a infração às leis de Deus, e sobretudo à lei de justiça, fica impune. E se não é nesta vida será, necessariamente, em uma outra, e por isso aquele que é justo aos vossos olhos, frequentemente, está marcado pelo seu passado. (393). Comentários: ESE – Capítulo V – Bem-aventurados os aflitos - Causas atuais das aflições - Causas anteriores das aflições As dificuldades, as vicissitudes, os sofrimentos da vida podem ter sua causa, sua origem nos males, nos erros, nas nossas atitudes cometidas na atual existência ou em existências anteriores. Todas as nossas ações negativas criam débitos perante a justiça divina e nós precisamos resgatá-las na mesma existência ou em reencarnações subsequentes. Quando passamos por determinadas situações e buscamos na nossa mente, na nossa história atual algo que poderia ter motivado aquela situação e não encontramos a causa na atual existência é porque, provavelmente, a causa está numa existência anterior. Não há sofrimento sem causa, sem um motivo justo. Porém, não temos condições de afirmar com toda segurança se uma determinada vicissitude é algo que decorreu da atual existência ou de outra, pois, às vezes, pelo nosso nível de evolução, nossa pouca maturidade, não conseguimos identificar claramente esse processo. Mas uma coisa é certa. Quando nós pautamos no bem, certamente, iremos colher o bem e se ainda não colhemos na atual existência, continuemos fazendo o bem, pois a colheita é certa. Se estamos passando por dificuldade, muitas vezes também pode ser provas que nós escolhemos como Espíritos para expiar faltas cometidas em outras
  • 36. 36 existências ou para evoluirmos mais rapidamente, acelerando o nosso processo evolutivo. Nem toda vicissitude é necessariamente uma expiação, ou seja, consequência de atitudes equivocadas de uma existência passada. Às vezes escolhemos provas que não têm relação diretas com erros cometidos. - Provas Aqui nós temos a bênção do esquecimento fundamentado na justiça divina. Aliado ao esquecimento temos a intuição da nossa consciência e a inspiração do nosso amigo inseparável, nosso mentor. 985 – A reencarnação da alma num mundo menos grosseiro é uma recompensa? É a consequência de sua depuração, porque à medida que os Espíritos se depuram, eles encarnam em mundos cada vez mais perfeitos, até que tenham se despojado de toda a matéria e estejam lavados de todas as suas manchas, para gozar eternamente da felicidade dos Espíritos puros, no seio de Deus. Allan Kardec: Nos mundos onde a existência é menos material que neste mundo, as necessidades são menos grosseiras e todos os sofrimentos físicos menos vivos. Os homens não conhecem mais as más paixões que, nos mundos inferiores, os fazem inimigos uns dos outros. Não tendo nenhum objeto de ódio, nem de ciúme, eles vivem entre si em paz, porque praticam a lei da justiça, do amor e da caridade. Eles não conhecem os aborrecimentos e as inquietações que nascem da inveja, do orgulho e do egoísmo, e que fazem o tormento da nossa existência terrestre. (172- 182). Comentários: No futuro, quando estivermos mais depurados, menos imperfeitos teremos a permissão de habitar mundos menos grosseiros. A própria Terra passando par um mundo de regeneração já será um mundo bem mais feliz comparado com o que vivemos hoje, com as lutas, com as dificuldades. Temos condições de permanecer na Terra, nesse mundo de regeneração.
  • 37. 37 Se continuarmos nos esforçando verdadeiramente para sermos pessoas mais caridosas, mais evoluídas, mais amorosas teremos condições em permanecer aqui. Para que possamos usufruir da felicidade plena nesses mundos mais felizes onde não há as vicissitudes que estamos acostumados a enfrentar ainda vai um longo tempo. Consequências da nossa melhora: (alguns exemplos)  Estar sempre em paz consigo mesmo;  Não precisar se preocupar com segurança nas moradias, na rua, nos diversos lugares;  Poder conversar qualquer assunto, pois sempre há compreensão e respeito;  Contribuição mútua para o crescimento de todos;  Não precisar pedir perdão, pois não feriu ou prejudicou ninguém;  Não ter o orgulho ferido, nem mágoas e ressentimentos;  Viver em harmonia socializando tudo o que possui (bens e conhecimento)  Planeta somente escola, não mais hospital e penitenciària. 986 – O Espírito que progrediu na sua existência terrestre pode, algumas vezes, reencarnar no mesmo mundo? Sim, se não pôde cumprir a sua missão, ele mesmo pode pedir para completá- la em uma nova existência; mas, então, isso não é mais para ele uma expiação. (173). Comentários: Nós podemos reencarnar várias vezes em um mesmo mundo. Se crescemos, evoluímos, se já realizamos o que deveríamos realizar por aqui, mas ainda não conseguimos completar a nossa missão, podemos sim, retornar e trabalhar outros aspectos do nosso processo evolutivo até adquirir a plena condição para adentrar em outro mundo mais evoluído. Haverá outros aprendizados, outros aprimoramentos e um melhor preparo para a etapa seguinte. Às vezes, se cumpre a missão parcialmente e retorna para concluir, não tendo a necessidade de vivenciar tudo novamente, mas vem para trabalhar, para realizar aquilo que faltou na existência anterior.
  • 38. 38 Retorna quando precisa concluir a missão, mas não estará sujeito a uma expiação porque já espiou na existência anterior a qual saiu vitorioso. Então nessa, caso precise ainda estar nesse mundo, ele vem numa condição de prova e não mais na condição de expiação. Não é porque reencarnamos várias vezes em um mesmo mundo que não evoluímos, que não crescemos. O processo de evolução é contínuo e gradual. A transição de um mundo para outro é tênue. Não é brusca. A Terra é um planeta de provações e expiações, no entanto, não são somente Espíritos desta natureza que devem ocupá-la. Dentre eles, almas de grande porte espiritual desejam ajudar os Espíritos nela encarnados, com o seu trabalho e exemplo enobrecido. Essa é a renúncia dos seres transcendentais. Sempre aportaram no planeta esses Espíritos de eco para sustentação do amor e da caridade. O fato desses Espíritos elevados voltarem ac mundo, não quer dizer que deverão passar por provações e expiações. (Miramez) 987 – Em que se torna o homem que, sem fazer o mal, nada faz para sacudir a influência da matéria? Visto que nada fez na direção da perfeição, deve recomeçar uma existência da natureza da que deixou; fica estacionário, e é assim que ele pode prolongar os sofrimentos da expiação. Comentários: Aqui a Espiritualidade deixa claro que é a ação no bem que nos faz crescer e evoluir. Quando não fazemos o mal, mas também não fazemos o bem ficamos estagnados. Na evolução não há retrocesso, portanto, ninguém retroage, mas nesse caso fica estacionado naquele nível de evolução durante muito tempo. Tem muitos Espíritos que agem assim. Ficam estacionados, perdendo as oportunidades de progresso, perdendo as experiências reencarnatórias. Não dando nenhum passo para a evolução terá que recomeçar uma nova existência idêntica à precedente. E assim, prolonga os sofrimentos de expiação. Às vezes a situação se agrava em função das atitudes, da escolha de perder essa oportunidade, a fim de que saia da situação de inércia. É como uma sacudida para se movimentar. É necessário sair do comodismo e agir, caminhar para frente.
  • 39. 39 Com o conhecimento que já possuímos não podemos mais ficar estacionários. O movimento é lei natural na criação de Deus e podemos entender que estacionar é marchar devagarinho, e não parar efetivamente, voltando o Espírito para o plano de onde saiu pior do que quando chegou ou, então, do mesmo nível espiritual. Isso nunca acontece entre as almas. Sempre aprendemos alguma coisa, seja como for a reencarnação que tivermos na Terra, ou mesmo em outros mundos. (Miramez) 988 – Há pessoas para as quais a vida se escoa numa calma perfeita; que, não tendo necessidade de nada fazer para si mesmas, estão isentas de cuidados. Essa existência feliz é uma prova de que elas nada têm a expiar de uma existência anterior? Conhece-as bem? Se o crês, enganas-te. Frequentemente, a calma não é senão aparente. Podem ter escolhido essa existência, mas, quando a deixam, percebem que ela não lhes serviu ao progresso e, então, como o preguiçoso, lamentam o tempo perdido. Sabei bem que o Espírito não pode adquirir conhecimentos e se elevar senão pela atividade; se adormece na negligência, não avança. Ele é semelhante àquele que tem necessidade (segundo vossos usos) de trabalhar e que vai passear ou deitar com a intenção de nada fazer. Sabei, também, que cada um terá que prestar contas da inutilidade voluntária de sua existência; essa inutilidade é sempre fatal à felicidade futura. A soma da felicidade futura está em razão da soma do bem que se fez; a da infelicidade está na razão do mal e dos infelizes que se tenham feito. Comentários: Às vezes a pessoa aparenta estar vivendo nessa condição, mas não conhecemos, não sabemos o que realmente se passa com ela. Não sabemos se realmente tem uma vida tranquila, sem problemas, sem dificuldades, sem lutas, sem desafios. Não convivemos com ela. Pode ser que entre quatro paredes não assim tão tranquila. Pode ser que ela também tenha os seus desafios. - Depende de como a pessoa lida com suas provações. Pessoas nessa condição, que conhecemos, que estejam próximas a nós e que possamos atestar que é um caso desses são poucas. Caso haja, uma ou outra pessoa nessa condição, pouco evolui. Podem pedir uma vida sem grandes desafios e Deus permite que assim aconteça. Quando retorna para a erraticidade percebe que não houve avanço em sua caminhada, fazendo-a refletir.
  • 40. 40 Quando vemos aqueles que amamos caminharem, estarem em planos mais evoluídos e nós aqui estagnados, vamos querer mudar, havendo o despertar verdadeiro. Paramos de querer uma vida de ociosidade, de preguiça, sem esforços, buscando o ânimo em nosso íntimo para nos esforçar na nossa caminhada, saindo da condição de pouca evolução. Nada é inútil. Quando não se tem quase nada mais para reparar, movimenta-se para crescer e auxiliar e sempre haverá embates. Se passamos por existências nas quais nada sofremos, como se diz na Terra, na paz de Deus, isto pode ser um descanso da alma, para depois, em outras etapas, suportar o peso de tribulações sem conta. A vida tem regras para todas as criaturas; por que Deus iria delinear roteiros para uns e para outros não? Onde estaria a justiça do Criador? Os preguiçosos estão em um processo em que, no amanhã, encontrarão as lutas com mais intensidade. (Miramez) 989 – Há pessoas que, sem serem positivamente más, tornam infelizes todos aqueles que as cercam, pelo seu caráter; qual é para elas consequência? Essas pessoas, seguramente, não são boas e o expiarão pela visão daqueles que tornaram infelizes, e isso será para elas uma censura. Depois, numa outra existência, suportarão o que fizeram suportar. Comentários: Não basta as pessoas não fazerem necessariamente o mal. Precisam fazer o bem para serem realmente boas. Essas pessoas de alguma forma prejudicam o outro, maltratam o outro, ferem o outro. Se no modo de ser, de agir e de pensar tornando aqueles ao nosso lado infeliz, de alguma forma estamos fazendo o mal de alguma forma, pois mesmo não sendo algo de forma proposital ou aquele grande mal, crimes hediondos, não deixa de ser o mal, pois o mal é a ausência do bem. Se não fazemos o bem, se não praticamos a caridade, se não oportunizamos às pessoas que conosco convive, o bem-estar, a leveza, a paz, a harmonia, o amor, então não fazemos essas pessoas felizes e, consequentemente, estamos as prejudicando. Há muitos que vivem na dependência do outro, suga tudo o que for possível, mesmo inconsciente.
  • 41. 41 Não se movimenta nem para fazer o mal, nem para fazer o bem. Geralmente, são muito egoístas. Isso pode reverter em sofrimento numa próxima existência ou, às vezes, na atual mesmo, como também, na erraticidade. De alguma forma precisa expiar os seus erros. Toda atitude, todo pensamento, toda vibração que cause algum prejuízo ao próximo não podem estar em conformidade com a lei de Deus. Tudo o que não está em conformidade com a lei de Deus é responsabilidade que adquirimos com a lei e em algum momento da nossa caminhada evolutiva nós vamos precisar nos reajustar com a lei. Jamais seremos Espíritos perfeitos tendo débitos do passado. - Para cada folgado, há um sufocado. 642. Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura?? – Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer. Não podemos ficar na ociosidade e na neutralidade. Temos que fazer o bem. O amor, a caridade é atitude, ação, trabalho, esforço, doação. Quem não faz o bem, já abre caminhos para que os impulsos do mal apareçam em suas intenções. Todo o mal que resulte da ausência da prática do bem, também é um mal pelo qual responderemos. Se eu poderia ter feito uma atitude positiva e não fiz, fiquei inerte e dessa inércia resultou algum prejuízo a alguém, tenho certa responsabilidade e precisarei arcar com ela.
  • 42. 42 2.6 – Expiação e arrependimento 990 – O arrependimento tem lugar no estado corporal ou no estado espiritual? No estado espiritual; mas ele pode também ter lugar no estado corporal, quando compreendeis bem a diferença do bem e do mal. Comentários: Podemos nos arrepender estando encarnados ou desencarnados. Podemos classificar como três as ocasiões de arrependimento do Espírito: há aquele que se arrepende dos erros praticados ainda durante a vida, o que se arrepende somente no momento do desencarne e, finalmente, aquele que se arrepende já no mundo espiritual. Cada uma destas situações tem as suas consequências, com os devidos reparos a fazer. Quando percebemos os nossos erros, as nossas atitudes equivocadas, quando já temos um conhecimento maior das leis de Deus, quando permitimos ouvir a lei de Deus que está escrita em nossa consciência, temos plenas condições de nos arrepender encarnados. Temos muitos exemplos nas nossas próprias vidas na atual reencarnação. Quantas vezes conseguimos identificar os nossos equívocos e nos arrependemos verdadeiramente! O arrependimento tem que ser sincero e real. Não é aquele pensamento de se arrepender hoje, mas depois continua fazendo a mesma coisa. O verdadeiro arrependimento é quando o nosso coração, o nosso ser, o nosso Espírito compreende aquele equívoco, reconhecendo a necessidade de trabalhar, de se esforçar para não mais cometer aquele ato equivocado. O erro pode voltar a acontecer. Diante da nossa imperfeição é natural que mesmo tendo a consciência, mesmo tentando, em algum momento ainda falhamos. As falhas vão se espaçando cada vez mais no tempo. O intervalo entre uma queda e outra vai sendo cada vez maior. Isso é indício de progresso. Ainda caímos, mas cada vez menos, até chegar o momento que não vamos mais errar. E quando cairmos temos que ter a humildade para reconhecer o erro, nos perdoar e pedir perdão aos ofendidos. LIVRO quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
  • 43. 43 991 – Qual é a consequência do arrependimento no estado espiritual? O desejo de uma nova encarnação, para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o privam de ser feliz, e, por isso, aspira a uma nova existência, em que poderá expiar suas faltas. (332-975). Comentários: O arrependimento é uma situação pela qual muitos Espíritos pedem para reencarnar. O mundo material é uma oportunidade de crescimento, mas são situações desafiadoras, provas, expiações. Então por que reencarnar? Na erraticidade, às vezes estamos até numa condição razoável, mas precisamos crescer e evoluir. Quando percebemos os nossos erros temos consciência de que precisamos seguir o processo evolutivo para sermos verdadeiramente felizes. Diante do arrependimento daquilo que fizemos de errado buscamos a vida material, pois sabemos que através das provas materiais que são mais difíceis e nos eleva mais na escala evolutiva, sendo um mecanismo que nos aproxima mais rápido da nossa felicidade almejada. O arrependimento sempre causa no arrependido a vontade de reparar seus erros, ir apagando pouco a pouco as consequências das atitudes cometidas em equívoco. - Às vezes demora muito para tomar consciência dos equívocos. - Erros individuais - Erros coletivos – bem maior o âmbito – quantos foram prejudicados. 992 – Qual é a consequência do arrependimento no estado corporal? Avançar, desde a vida presente, se se tem tempo de reparar as faltas. Quando a consciência faz uma censura e mostra uma imperfeição, sempre se pode melhorar. Comentários: Quando agirmos em desconformidade com o Evangelho, errarmos, magoarmos, ferirmos alguém e o nosso arrependimento se fizer presente ao percebermos que não agimos como deveríamos vamos procurar trabalhar o sentimento de humildade, reconhecer os equívocos e, se possível, reparar.
  • 44. 44 Nem tudo o que fizemos de errado nessa vida é possível reparar nessa existência, mas há males que é possível. Então é melhor reparar enquanto estamos aqui do que levar para outras reencarnações esses atos equivocados que cometemos, se na vida atual temos essa oportunidade. Precisamos trabalhar as nossas imperfeições. Reconhecer o erro para muitos de nós é difícil, pedir perdão também. Procurar fazer o bem onde havia o mal também é ato difícil para nós. É um grande desafio para os nossos corações orgulhosos e egoístas. Estamos estudando o livro dos espíritos e o evangelho para quê? Para tentarmos sermos melhores. Devemos adquirir o conhecimento e colocá-lo em prática no nosso dia a dia. O esforço é necessário. O arrependimento é importantíssimo, mas não basta só arrepender. É necessário agir: se tivermos tempo, reparar as nossas faltas. Temos condições de sempre nos melhorarmos na vida atual, na erraticidade e na vida futura. O progresso é necessário, é constante e é da lei. A importância do perdão. Devemos perdoar sempre, pois somos necessitados de perdão. 993 – Não há homens que não têm senão o instinto do mal e são inacessíveis ao arrependimento? Já te disse que se deve progredir sem cessar. Aquele que, nesta vida, não tem senão o instinto do mal, terá o do bem em uma outra, e é por isso que ele renasce várias vezes, porque é preciso que todos avancem e atinjam o objetivo, somente que alguns em um tempo mais curto, e os outros em um tempo mais longo, segundo seu desejo. Aquele que não tem senão o instinto do bem já está depurado, porque pôde ter o do mal numa existência anterior. (804). Comentários: Todos nós estamos submetidos à lei do progresso. Não podemos ficar eternamente inacessíveis ao bem e ao arrependimento. Aquelas pessoas que na vida atual ainda praticam o mal são Espíritos, provavelmente, mais jovens, criados a menos tempo, que tiveram menos experiências reencarnatórias e, por isso demonstram ainda mais imperfeições
  • 45. 45 porque estão mais próximos da animalidade do que da angelitude, mas isso não pode ser eterno. - Nasci assim, vou morrer assim. 994 – O homem perverso, que não reconheceu suas faltas durante a vida, as reconhecerá sempre depois da morte? Sim, ele as reconhecerá sempre, e então sofre mais, porque sente todo o mal que fez, ou do qual foi a causa voluntária. Entretanto, o arrependimento não é sempre imediato; há Espíritos que se obstinam no mau caminho, malgrado seus sofrimentos. Mas, cedo ou tarde, eles reconhecerão o falso caminho no qual estão empenhados, e o arrependimento virá. É para esclarecê-los que trabalham os bons Espíritos, e que vós mesmos podeis também trabalhar. Comentários: São coisas distintas: o reconhecer as faltas e o arrependimento. Não é porque o Espírito na erraticidade reconhece as faltas cometidas na vida material que ele se arrepende, podendo continuar obstinado no mal por muito tempo, inclusive, por milênios. Muitos Espíritos reconhecem o mal, sabem que praticaram o mal quando encarnados e na erraticidade optam por continuar praticando o mal. Porém cedo ou tarde vão reconhecer os seus equívocos e vão se arrepender. E a partir daí vão travar uma luta interior para se modificarem e praticarem o amor, a justiça, a caridade e todas as virtudes que nos aproximam de Deus. Todos nós ao estarmos na erraticidade teremos consciência dos nossos equívocos, mesmo aqueles que estão em desequilíbrio emocional, mesmo aqueles que ficam adormecidos estão com a consciência trabalhando e ela não engana ninguém. Ela sempre nos mostra o que fizemos de bom ou de ruim. Livro: Eustáquio – Quinze séculos de uma trajetória. Exemplos de Espíritos obstinados no mal. - Magos Negros - Vampiros 995 – Há Espíritos que, sem serem maus, sejam indiferentes à sua sorte?
  • 46. 46 Há Espíritos que não se ocupam com nada útil: estão na expectativa. Mas sofrem, nesse caso, proporcionalmente, e como devem ter seu progresso em tudo, esse progresso se manifesta pela dor. 995.a) Não têm eles o desejo de abreviar seus sofrimentos? Sem dúvida o têm, mas não dispõem de bastante energia para querer o que poderia aliviá-los. Quantas pessoas tendes entre vós, que preferem morrer de miséria a trabalhar? Comentários: Há várias pessoas nessa situação. Pessoas que querem uma condição melhor, querem sair da miséria, querem ter mais alegrias, mas lhes faltam energia, bom ânimo, coragem, perseverança para trabalhar, sair da ociosidade e buscar suas próprias melhoras. Mesmo passando por sofrimento não tem ânimo para buscar a sua melhora. Não é que são indiferentes, lhes faltam vontade, ânimo para trabalhar, mas no momento certo sairão dessa condição. 996 – Uma vez que os Espíritos veem o mal que resulta para eles de suas imperfeições, como se dá que haja os que agravam sua posição e prolongam seu estado de inferioridade, fazendo o mal como Espíritos, desviando os homens do bom caminho? São aqueles cujo arrependimento é tardio, que agem assim. O Espírito que se arrepende pode, em seguida, deixar-se arrastar de novo no caminho do mal por outros Espíritos ainda mais atrasados. (971). Comentários: Nós mesmo aqui, encarnados, fazemos isso. Praticamos uma atitude equivocada, nos arrependemos, temos em nosso íntimo a vontade de não mais praticar, mas acabamos repetindo o erro. Quando percebemos já cometemos o mesmo equívoco novamente. Houve o arrependimento, mas nos faltou força de vontade para que pudéssemos lutar contra as nossas imperfeições ou nos deixamos nos arrastar por influências perniciosas de Espíritos que não querem o nosso progresso, ou ainda, o arrependimento não foi sincero. Nós passamos por essa situação e os Espíritos desencarnados também.
  • 47. 47 O fato de cairmos não significa que estejamos agravando a nossa evolução. O nível evolutivo que alcançamos se mantém. Não há regressão do nível evolutivo. Se continuarmos caindo ficamos na condição de estagnação, mas não de regressão. 997 – Veem-se Espíritos de uma inferioridade notória, acessíveis aos bons sentimentos e tocados pelas preces que se fazem por eles. Como se dá que outros Espíritos, que se deveria crer mais esclarecidos, mostrem um endurecimento e um cinismo dos quais nada pode triunfar? A prece não tem efeito senão em favor do Espírito que se arrepende. Aquele que, possuído pelo orgulho, se revolta contra Deus e persiste no seu descaminho, exagerando-o ainda, como o fazem os Espíritos infelizes, sobre eles a prece nada pode e não poderá nada, senão no dia em que uma luz de arrependimento se manifeste neles. (664). Allan Kardec: Não se deve perder de vista que o Espírito, depois da morte do corpo, não se transforma subitamente; se sua vida foi repreensível, é porque ele era imperfeito. Ora, a morte não o torna imediatamente perfeito; ele pode persistir em seus erros, em suas falsas opiniões, em seus preconceitos, até que seja esclarecido pelo estudo, pela reflexão e pelo sofrimento. Comentários: Enquanto não mudarmos o nosso jeito de ser e de ver as coisas pelo estudo, pela reflexão ou pelo sofrimento continuamos arraigados às nossas opiniões, aos nossos preconceitos. O nosso orgulho é muito forte e não nos deixa ver a verdade, perceber o nosso erro, não nos deixa arrependermos e passarmos a buscar um caminho diferente. E assim, acabamos nos tornando inacessíveis aos bons sentimentos, as preces que para nós são dirigidas. O arrependimento decorre da humildade. Quando olhamos para o alto e percebemos os nossos erros, as injustiças que cometemos, o mal que ainda habita em nós e, assim, buscamos o bem, trabalhar o nosso interior ampliando os valores divinos e pouco a pouco vamos destruindo os sentimentos inferiores que ainda temos. Para isso precisamos trabalhar o orgulho, pois o orgulho não nos deixa nos olharmos, nos percebermos que ainda somos um Espírito inferior e que precisa trabalhar para se melhor, mudar as atitudes.
  • 48. 48 Aqueles que são tocados pelos bons sentimentos e pela prece é porque deu abertura. Houve um fio de arrependimento, então há a brecha oportuna para ajuda. O convite à caridade é sempre feito com amor, e coração algum resiste ao amor. Depois, entretanto, o entusiasmo pode esfriar por faltar maturidade espiritual. No entanto, sempre fica algo no coração para o futuro; também os que convites recusam, são filhos de Deus. O amanhã os espera com o mesmo carinho que os Espíritos do bem têm para todos. (Miramez) 998 – A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado de Espírito? A expiação se cumpre durante a existência corporal pelas provas às quais o Espírito está submetido, e na vida espiritual, pelos sofrimentos morais ligados ao estado de inferioridade do Espírito. Comentários: A expiação se cumpre tanto na matéria, quanto na erraticidade, mas de maneira diferente. Na existência corporal a expiação se faz presente nas provas que o Espírito estará submetido, o que por vezes, nos traz desafios, dores, fragilidades em determinados momentos das nossas vidas. Nem sempre conseguimos sair vitoriosos, mas diante das atitudes equivocadas precisamos enfrentar a lei de causa e efeito, através do retorno dessas atitudes. Na erraticidade, as provas e expiação se mostra de forma diferente. Como não estamos mais na matéria não temos o peso do corpo material, consequentemente, a expiação tem que ter outro teor. Ela é muito mais moral. Por isso que os sofrimentos morais que os Espíritos enfrentam na erraticidade às vezes chegam a ser bem mais difíceis que as provas que eles vivenciam aqui. Não é porque estamos na condição de Espíritos, sem o corpo matéria, é que vamos deixar de ter sentimentos. É o contrário, pois no plano espiritual sentimos tudo com muito mais intensidade. Como não temos a matéria física para filtrar, o Espírito (com o corpo perispiritual) sente tudo mais forte. Tem as suas potencialidades mais ampliadas. Sentimos fortemente as emoções que nos acolhe. Por isso muitos dizem que sofriam bem menos quando estavam encarnados.
  • 49. 49 999 – O arrependimento sincero durante a vida basta para apagar as faltas e fazer encontrar graça diante de Deus? O arrependimento ajuda o progresso do Espírito, mas o passado deve ser expiado. 999.a) Se, de acordo com isso, um criminoso dissesse que, visto dever, em todo caso, expiar seu passado, não tem necessidade de arrependimento, em que resultaria isso para ele? Se ele se endurece no pensamento do mal, sua expiação será mais longa e mais penosa. Comentários: O sangue de Jesus não lavou pecado de ninguém. O arrependimento é importante. É o primeiro passo para que nós possamos caminhar para Deus. São cinco passos necessários: - A identificação do equívoco – buscar no livro da consciência nossos atos, palavras, pensamentos, omissões equivocadas. - O arrependimento – é fundamental, precisa acontecer. É o entendimento de que transgredimos a lei de Deus. Sentimento de humildade em que reconhecemos a nossa pequenez e o fato de termos agido em desconformidade com a lei divina. O arrependimento aliado ao perdão suaviza as dores. - O pedido de perdão – Ter humildade para pedir perdão (se for possível) e se auto perdoar. - A expiação – resultante da lei de causa e efeito que é uma lei divina na qual todos nós estamos submetidos queiramos ou não. Abre o caminho da reabilitação. Passar pelas dificuldades referentes ao mal cometido - A reparação – oportunidade para fazer o bem a quem nós prejudicamos ou a outras pessoas, pois muitas vezes a quem nós prejudicamos já se encontram bem mais elevados e às vezes em outro plano diferente do nosso. Anula o efeito destruindo a causa. Resignação, força, vontade e fé. O Céu e o Inferno – Código penal da vida futura
  • 50. 50 1000 – Podemos nós, desde esta vida, resgatar nossas faltas? Sim, reparando-as. Mas não creiais resgatá-las por algumas privações pueris ou doando depois de vossa morte, quando não tereis mais necessidade de nada. Deus não tem em nenhuma conta um arrependimento estéril, sempre fácil, e que não custa senão a pena de se bater no peito. A perda de um pequeno dedo trabalhando, apaga mais faltas que o suplício da carne sofredora durante anos, sem outro objetivo que o bem de si mesmo. (726). O mal não é reparado senão pelo bem, e a reparação não tem nenhum mérito, se não atinge o homem no seu orgulho ou nos seus interesses materiais. De que lhe serve, para sua justificação, restituir depois da morte o bem mal adquirido, agora que se lhe torna inútil e que deles já se aproveitou? De que lhe serve a privação de alguns prazeres fúteis e de algumas superfluidades, se o mal que ele fez a outro continue o mesmo? De que lhe serve, enfim, se humilhar diante de Deus, se conserva seu orgulho diante dos homens? (720-721). Comentários: Não é qualquer postura nossa nessa vida que se diga de arrependimento e de reparação que serve para verdadeiramente resgatar as nossas faltas. Precisa haver sinceridade, verdade, desejo real de trabalharmos as nossas imperfeições, desejo sincero de mudança. Esse arrependimento não pode ser movido por um objetivo exclusivamente pessoal para parecermos humildes diante de Deus, enquanto diante do mundo ainda ostentamos o nosso orgulho. Quando verdadeiramente nos arrependemos, nos colocamos em uma condição de pequenez diante de Deus. Deve-se olhar para baixo e pedir perdão pelos atos equivocados, pedir uma oportunidade para servir. Só por meio do bem se repara o mal e a reparação nenhum mérito apresenta se não nos atingir nem o nosso orgulho, nem nossos interesses materiais. Se o orgulho e o egoísmo não forem dissipados em nosso coração, em nosso ser não é o verdadeiro arrependimento. Nós podemos resgatar as nossas faltas ainda aqui na vida material, mas com sinceridade. Deus considera mais as nossas intenções do que os nossos atos. Expiação e arrependimento são indispensáveis para o nosso progresso, para que estejamos na condição de reparar os nossos erros. Precisam ser sinceros e verdadeiros para que o resgate das faltas realmente aconteça.
  • 51. 51 O arrependimento deve ser sincero, compreendendo que fora da caridade não há salvação. Não podemos iludir a nós mesmos, diante da vida maior, o nosso dever é refazer nossas condições espirituais, e isso deve ser constante, para chegarmos ao amor sem condições. Não é levando o corpo físico a determinarias privações que a alma se ilumina. O fanatismo torce a verdade. (Miramez) 1001 – Não há nenhum mérito em assegurar, depois da morte, um emprego útil dos bens que possuímos? Nenhum mérito não é o termo; isso vale sempre mais que nada. Mas o mal é que aquele que não dá senão depois da morte, frequentemente, mais egoísta que generoso. Quer ter a honra do bem, sem ter-lhe o trabalho. Aquele que se priva, na sua vida, tem duplo proveito: o mérito do sacrifício e o prazer de ver os felizes que fez. Mas o egoísmo lá está e diz-lhe: O que dás suprimes dos teus gozos. E como o egoísmo fala mais alto que o desinteresse e a caridade, ele guarda, sob pretexto de suas necessidades e das necessidades da sua posição. Ah! lamentai aquele que não conhece o prazer de dar; este é verdadeiramente deserdado de uma das mais puras e mais suaves alegrias. Deus, submetendo-o à prova da fortuna, tão difícil e tão perigosa para seu futuro, quis lhe dar por compensação a felicidade da generosidade da qual ele pode gozar desde este mundo. (814). Comentários: Se temos a condição de doarmos, de fazermos a caridade enquanto estamos aqui, por que não fazermos? Com o pretexto de que primeiro temos que suprir as nossas necessidades ou que a nossa posição não permite que possamos fazer a caridade em vida e resolvemos fazer apenas após a nossa morte, na verdade reflete egoísmo. Muitas pessoas que têm bem menos que nós, conseguem ajudar, no sentido da ajuda material, pois a ajuda moral e espiritual perante Deus é ainda mais meritória. Aqueles que resolveram ajudar após a morte pelo menos tiveram a consciência para que algo de bom fosse feito com aqueles bens, mas poderia ter sido feito em vida, poderia ter gozado da ventura da generosidade desde esse mundo. Não é que não haja mérito algum. É melhor fazer, mesmo após a morte do que não fazer, porém seria muito mais agradável a Deus se já fizesse isso pessoalmente, em vida.
  • 52. 52 - não é sair distribuindo tudo o que tem a qualquer um, mas com critério, com planejamento, diante das reais necessidades e sem ostentação. Mas, quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita. (Mateus 6:3) 1002 – O que deve fazer aquele que, no último momento da vida, reconhece suas faltas, mas não tem tempo de repará-las? Arrepender-se basta, nesse caso? O arrependimento apressa sua reabilitação, mas não o absolve. Não há diante dele o futuro que jamais se fecha? Comentários: Não basta o arrependimento. No momento certo iremos nos reajustarmos com a lei. Precisaremos expiar e, principalmente, reparar. A reparação se adquire através da prática do bem. No caso da questão, a pessoa se arrependeu, mas não teve tempo ainda para fazer o bem, até porque estava no leito de morte e precisará de uma nova experiência, de novas oportunidades para a prática do bem que não foi realizada na existência que finda. Precisamos olhar para nós para sabermos se já estamos na prática do bem, da verdadeira caridade.
  • 53. 53 2.7 – Duração das penas futuras 1003 – A duração dos sofrimentos do culpado, na vida futura, é arbitrada ou subordinada a alguma lei? Deus não age jamais por capricho, e tudo, no Universo, está regido por leis em que revelam a sua sabedoria e a sua bondade. Comentários: Muita gente tem dúvida se Deus fixa um prazo para os nossos sofrimentos. Vamos refletir. Sabemos que:  Para que possamos nos quitar com a lei são necessários: o arrependimento, a expiação e a reparação  Deus é justiça, é bondade, é misericordioso, nos criou para o bem, para a felicidade.  A maldade não é uma criação divina, mas nossa, do homem.  Deus não quer a nossa dor, mas o nosso aprendizado Diante dessa análise, percebemos que não corresponderia a Deus estabelecer um prazo específico para o nosso sofrimento na erraticidade. Ex: 1 – Supomos que um determinado ser tenha uma pena de cem anos na erraticidade. Se nesse prazo, digamos lá pelos 40 anos ele se arrependa verdadeiramente. Ele seria obrigado a ficar mais 60 anos naquela condição como se seu arrependimento não tivesse nenhum valor, porque Deus teria determinado uma pena de 100 anos! Seria justo? 2 – Supomos que Deus tenha estabelecido os mesmos 100 anos. Passou esse período e aquele ser em nada se alterou, continua com a mesma revolta, o mesmo coração endurecido. Terminou esse prazo e ele estará quitado com a lei, sem demonstrar nenhuma mudança interior. Faz sentido? É justo? Assim, verificamos que a duração da pena está diretamente ligada com o nosso arrependimento, com a nossa mudança, com o nosso despertar para os valores espirituais. Diante do desejo sincero de mudança o amparo vem. Força para superar as adversidades. Isso não quer dizer que não precisaremos passar pela expiação e pela reparação. Precisaremos sim, pois faz parte do processo de quitação dos nossos débitos. LIVRO quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
  • 54. 54 Precisamos entender que sofremos para o nosso despertar. Quando isso ocorre não há por que Deus continuar infringindo a dor aos seus filhos, pois Ele nos ama. 1004 – Sobre o que está baseada a duração dos sofrimentos do culpado? Sobre o tempo necessário ao seu aperfeiçoamento. O estado de sofrimento e de felicidade, sendo proporcional ao grau de depuração do Espírito, a duração e a natureza dos seus sofrimentos depende do tempo que ele emprega para se melhorar. À medida que ele progride e que os seus sentimentos se depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza. (São Luís) Comentários: Essa pergunta completa a pergunta anterior. O tempo necessário depende do tempo que o Espírito precisa para se melhorar. Tudo depende do grau de purificação do Espírito Quanto mais rapidamente se depurar, se modificar, buscando a Deus, mais rápido começa a sentir a redução das suas penas, do seu sofrimento e vai perceber a ajuda da Espiritualidade amiga. A duração dos sofrimentos é proporcional à purificação dos pensamentos das criaturas. Se queres diminuir teus padecimentos, deves trabalhar dentro de ti mesmo, analisando e corrigindo ideias e, certamente, ações que te fazem sofrer. (Miramez) 1005 – Para o Espírito sofredor, o tempo parece tão longo, ou menos longo, como se estivesse vivo? Parece-lhe ainda mais longo: o sono não existe para ele. Não é senão para os Espíritos que atingiram um certo grau de depuração que o tempo se eclipsa, por assim dizer, diante do infinito. (240). Comentários: Percebemos esse fato diante do depoimento dos Espíritos sofredores que sempre nos colocam que sofrem há muito tempo como se fosse um sofrimento eterno. (Livro Céu e Inferno) Nessas condições o tempo na erraticidade parece mais longo.
  • 55. 55 Aqui bem ou mal temos o período de sono. Ficamos uma parte do dia sem a consciência plena doque está acontecendo, embora pequena é como se houvesse uma pausa nas nossas dores, nos nossos sofrimentos. Temos esse momento para reabilitar as nossas energias, buscar novos ânimos. Na erraticidade não tem esse tempo, por isso, o tempo parece maior e, mesmo porque lá tudo é mais intenso. Para os Espíritos mais evoluídos o tempo se apaga diante do infinito. A passagem do tempo para eles não os angustia. O tempo é o mesmo para as almas que se encontram vivendo nele por necessidades, no entanto, para os que sofrem ele parece mais longo, ao passo que para os que já acordaram para o amor, esse tempo passa com uma velocidade maior. Para o Espírito sofredor no mundo espiritual, a inquietação é constante, com todos os seus pormenores, e a dor moral é permanente. É neste caso que ele pede para voltar à carne e por vezes escolhe duras provações, porque é pela dor e concentrado nela que esquece e resgata o que fez no estado de malfeitor. (Miramez) 1006 – A duração dos sofrimentos do Espírito pode ser eterna? Sem dúvida, se for eternamente mau, quer dizer, se não deva jamais se arrepender nem se melhorar, ele sofrerá eternamente. Mas Deus não criou seres para que sejam perpetuamente devotados ao mal. Ele não os criou senão simples e ignorantes, e todos devem progredir num tempo mais ou menos longo, segundo sua vontade. A vontade pode ser mais ou menos tardia, como há crianças mais ou menos precoces, contudo, ela vem, cedo ou tarde, pela irresistível necessidade que o Espírito experimenta de sair de sua inferioridade e ser feliz. A lei que rege a duração das penas é, pois, eminentemente sábia e benevolente, visto que subordina essa duração aos esforços do Espírito; ela não lhe tira jamais seu livre-arbítrio: se dela faz mau uso, suporta-lhe as consequências. (São Luís) Comentários: Não existe pena eterna para o Espírito. Certas religiões costumam amedrontar seus fiéis com penas eternas, porém, isto não existe, porquanto Deus é onisciente. Quando Ele nos criou, já sabia dos nossos destinos. Quando surgimos, foi na condição de simples e ignorantes, mas, com o passar do tempo, fomos despertando para a luz dos conhecimentos com certa liberdade de escolha. Se escolhemos mal as oportunidades, sofremos as consequências do mal que fizemos. Todos nós estamos submetidos à lei do progresso e como tal seremos perfeitos, então não há como permanecer no mal, permanecer no sofrimento.
  • 56. 56 Em algum momento da caminhada evolutiva nos arrependemos e mudamos o nosso roteiro Podemos até dizer que o sofrimento é eterno, no entanto, a mesma alma não fica nele eternamente. Cada um sente o que precisa para o seu devido despertamento espiritual. O Espírito não tem condições de ser eternamente mau, por isso que não pode sofrer eternamente. Seria um absurdo a alma ficar em zonas inferiores para sempre. Então as mãos que nos criaram, nos fizeram desiguais, algumas com predisposição para o mal e outras para o bem? O bem somente surge no coração das criaturas pela presença da maturidade espiritual, diante de múltiplas reencarnações, forja essa que leva o Espírito a saber discernir o bem do mal, a compreender a bondade de Deus e a respeitar as Suas leis. (Miramez) 1007 – Há Espíritos que jamais se arrependem? Há Espíritos nos quais o arrependimento é muito tardio; mas pretender que eles não se melhorem jamais seria negar a lei do progresso e dizer que a criança não pode tornar-se adulto. (São Luís) Comentários: A Espiritualidade nos mostra nessas questões que o arrependimento faz parte do nosso processo evolutivo. Considerando que toda a criação divina está submetida à lei do progresso não é possível que o Espírito nunca se arrependa. Esse arrependimento pode ser tardio. Podem demorar milênios para se arrependerem dos seus erros, para crescerem e evoluírem. Em situações em que os Espíritos são muito rebeldes às leis divinas, a dor em algum momento vai tocar o coração desses irmãos e aquilo que às vezes não conseguimos só pelo amor, iremos receber a visita da dor. Nenhum Espírito foi criado para a dor, portanto, chega um momento que o nosso íntimo não suporta mais e, nesse momento, mesmo que tardio, virá o arrependimento. Todos vão melhorar, todos vão crescer, todos vão evoluir. Podes observar a mudança do apóstolo Paulo, de perseguidor pertinaz à glória do apostolado depois do chamamento no deserto. Podes ir mais além, no caso de Maria de Magdala, que acelerou profundas reformas em sua intimidade. Cresceram muito rápido, peia acumulação de energia em demasia, no mal. (Miramez)
  • 57. 57 1008 – A duração das penas depende sempre da vontade do Espírito, e não há as que lhe são impostas por um tempo dado? Sim, as penas podem ser-lhe impostas por um tempo, mas Deus, que não quer senão o bem de suas criaturas, acolhe sempre o arrependimento, e o desejo de melhorar-se não é jamais estéril. (São Luís) Comentários: A duração das penas fica sempre condicionada ao arrependimento do Espírito, mesmo no caso de uma pena ter sido determinada por um tempo específico, havendo o arrependimento sincero, o ser será amparado, auxiliado, fortalecido. Isso em todas as situações, em todas as condições Deus, é Deus de amor, de misericórdia. Ele não quer o nosso sofrimento. Ele quer o nosso aprendizado. O arrependimento é o passo inicial para o processo de depuração, de evolução. Deus não permitiria que o ser após o arrependimento sincero permanecesse por um tempo demasiado no sofrimento quando o estágio inicial já foi alcançado. É possível que haja o estabelecimento de tempo determinado para uma pena, sim. Porém, havendo o arrependimento, aquele Espírito será auxiliado e aquela pena será reduzida. 1009 – Segundo esse entendimento, as penas impostas não o seriam jamais pela eternidade? Interrogai vosso bom senso, vossa razão, perguntai-vos se uma condenação perpétua, por alguns momentos de erro, não seria a negação da bondade de Deus? Que é, com efeito, a duração da vida, fosse ela de cem anos, em relação à eternidade? Eternidade! compreendeis bem essa palavra?, sofrimentos, torturas sem fim, sem esperança, por algumas faltas! Vosso julgamento não rejeita semelhante pensamento? Que os antigos tenham visto no senhor do Universo um Deus terrível, ciumento e vingativo, isso se concebe; na sua ignorância, emprestaram à divindade as paixões dos homens. Mas não está aí o Deus dos cristãos que coloca o amor, a caridade, a misericórdia, o esquecimento das ofensas no lugar das primeiras virtudes: poderia ele próprio faltar às qualidades das quais faz um dever? Não há contradição em atribuir-lhe a bondade infinita e a vingança infinita? Dizeis que antes de tudo ele é justo, e que o homem não compreende sua justiça, mas a justiça não exclui a bondade, e ele não seria bom se consagrasse penas horríveis, perpétuas, à maior parte de suas criaturas. Poderia fazer a seus
  • 58. 58 filhos uma obrigação da justiça, se não lhes tivesse dado os meios de compreendê-la? Aliás, não é o sublime da justiça, unida à bondade, fazer depender a duração das penas dos esforços do culpado para se melhorar? Aí está a verdade desta palavra: “A cada um segundo suas obras.” (Santo Agostinho) Interessai-vos, por todos os meios que estão em vosso poder, em combater, em destruir a ideia da eternidade das penas, pensamento blasfematório, contrário à justiça e à bondade de Deus, a mais fecunda fonte da incredulidade, do materialismo e da indiferença que invadiu as massas depois que sua inteligência começou a se desenvolver. O Espirito, em vias de se esclarecer, não fora senão mesmo desbastado, dela cedo compreendeu a monstruosa injustiça; sua razão a repele e, então, lhe falta raramente confundir num mesmo ostracismo a pena que o revolta e o Deus ao qual a atribui: daí os males inumeráveis que se precipitaram sobre vós e aos quais viemos vos trazer remédio. A tarefa que vos assinalamos vos será tanto mais fácil quanto as autoridades sobre as quais se apoiam os defensores dessa crença têm todas evitado de se pronunciarem formalmente; nem os concílios, nem os Pais da Igreja decidiram essa grave questão. Se, segundo os próprios Evangelistas, e tomando ao pé da letra as palavras emblemáticas do Cristo, ele ameaçou os culpados com um fogo que não se apaga, com um fogo eterno, não há absolutamente nada nessas palavras que prove tê-los condenado eternamente. Pobres ovelhas desgarradas, sabei pressentir, junto a vós, o bom Pastor que, longe de vos querer banir para sempre de sua presença, vem ele mesmo ao vosso reencontro para vos reconduzir ao aprisco. Filhos pródigos, abandonai vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna: o pai vos estende os braços e mantém-se sempre pronto para festejar vosso retorno à família. (Lammenais) Guerras de palavras! Guerras de palavras! Não fizestes verter bastante sangue? É preciso, pois, ainda reacender as fogueiras? Discutem-se sobre os temas eternidade das penas, eternidade dos castigos. Não sabeis, pois, que o que entendeis hoje por eternidade, os antigos não o entendiam como vós? Que o teólogo consulte as fontes, e como todos vós, descobrirá nelas que o texto hebreu não deu à palavra que os Gregos, os latinos e os modernos traduziram por penas sem fim, irremissíveis, a mesma significação. Eternidade dos castigos corresponde à eternidade do mal. Sim, tanto que o mal exista entre os homens, os castigos subsistirão; é no sentido relativo que importa interpretar os textos sagrados. A eternidade das penas, portanto, não é senão relativa e não absoluta. Dia virá em que todos os homens se revestirão, pelo arrependimento, com a túnica da inocência e nesse dia não mais haverá gemidos e ranger de dentes. Vossa razão humana é limitada, é verdade, mas
  • 59. 59 tal qual é, é um presente de Deus, e com essa ajuda da razão, não há um só homem de boa fé que compreenda de outro modo a eternidade dos castigos. A eternidade dos castigos! Como! seria preciso, pois, admitir que o mal fosse eterno. Só Deus é eterno e não poderia criar o mal eterno; sem isso seria preciso arrancar-lhe o mais sublime dos seus atributos: o soberano poder, porque não é soberanamente poderoso quem pode criar um elemento destruidor de suas obras. Humanidade! Humanidade! não mergulhes, pois, mais teus melancólicos olhares nas profundezas da Terra para aí procurar os castigos; chora, espera, expia e refugia-te no pensamento de um Deus intimamente bom, absolutamente poderoso, essencialmente justo. (Platão) Gravitar para a unidade divina, tal é o destino da Humanidade. Para alcançá- lo, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça. Pois bem! Digo- vos, em verdade, mentis a esses princípios fundamentais, comprometendo a ideia de Deus pelo exagero de sua severidade; duplamente a comprometeis, deixando penetrar no Espírito da criatura a ideia de que há nela mais de clemência, de mansuetude, de amor e de verdadeira justiça, do que não atribuís ao ser infinito. Destruís mesmo a ideia do inferno, tornando-o ridículo e inadmissível às vossas crenças, como o é ao vosso coração o hediondo espetáculo dos carrascos, das fogueiras e das torturas da Idade Média. Pois que! É quando a era das represálias cegas já foi para sempre banida das legislações humanas, que esperais mantê-la no ideal? Oh! crede-me, crede- me, irmãos em Deus e em Jesus Cristo, crede-me, ou resignai-vos em deixar perecer entre vossas mãos todos os vossos dogmas antes de os deixar variar, ou bem vivificai-os abrindo-os aos benfazejos eflúvios que os Bons lhe vertem nesse momento. A ideia do inferno com suas fornalhas ardentes, com suas caldeiras ferventes, pôde ser tolerada, quer dizer, perdoável, em um século de ferro: mas no décimo-nono, isso não é mais que um vão fantasma próprio, quando muito, para assustar as criancinhas e no qual elas não creem mais quando são grandes. Persistindo nessa mitologia assustadora, engendrais a incredulidade, mãe de toda a desorganização social; eis porque tremo vendo toda uma ordem social abalar e desabar sobre sua base falsa de sanção penal. Homens de fé ardente e viva, vanguardeiros do dia da luz, ao trabalho, portanto! não para manter velhas fábulas e, de hoje em diante, sem crédito, mas para reavivar, revificar a verdadeira sanção penal, sob formas relacionadas com os vossos costumes, vossos sentimentos e as luzes de vossa época. Que é, com efeito, o culpado? É aquele que por um desvio, por um falso movimento da alma, se distancia do objetivo da criação, que consiste no culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo Homem-Deus, por Jesus Cristo.
  • 60. 60 Que é o castigo? A consequência natural, derivada desse falso movimento; uma soma de dores necessária para o desgostar de sua disformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que excita a alma, pela amargura, a se curvar sobre si mesma e a retornar para o caminho da salvação. O objetivo do castigo não é outro senão a reabilitação, a libertação. Querer que o castigo seja eterno, por uma falta que não é eterna, é negar-lhe toda a razão de ser. Oh! Digo-vos em verdade, cessai, cessai de colocar em paralelo, na sua eternidade, o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência da criatura; isso seria aí criar uma penalidade injustificável. Afirmai, ao contrário, a amortização gradual dos castigos e das penas pela transmigração, e consagrareis com a razão unida ao sentimento, a unidade divina. (Paulo, Apóstolo) Comentários: Gravitar para a unidade divina, tal é o destino da Humanidade. Para alcançá-lo, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; Três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção, a libertação. Querer o eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser. O conhecimento espiritual é apresentado e transmitido de povo em povo obedecendo a posição evolutiva de cada um, até chegar os dias atuais. (Robson Pinheiro – A Gestação da Terra) Allan Kardec: Vê-se excitar o homem ao bem, e o afastar do mal, pelo engodo de recompensas e o medo de castigos; mas se esses castigos são apresentados de maneira a que a razão se recusa a acreditar neles, não terão sobre o homem nenhuma influência; longe disso, ele rejeitará tudo: a forma e o fundo. Que se lhe apresente, ao contrário, o futuro de maneira lógica, e então ele não o rejeitará. O Espiritismo lhe dá essa explicação. A doutrina da eternidade das penas, no sentido absoluto, faz do ser supremo um Deus implacável. Seria lógico dizer de um soberano que ele é muito bom, muito benevolente, muito indulgente, que não quer senão a felicidade dos que o cercam, mas que, ao mesmo tempo, é ciumento, vingativo, inflexível no seu rigor, e que pune com o último suplício as três quartas partes de seus indivíduos por uma ofensa ou uma infração às suas leis, aqueles que faliram por não as ter conhecido? Não seria isso uma contradição? Ora, Deus pode ser menos bom do que seria um homem? Outra contradição se apresenta aqui. Visto que Deus tudo sabe, sabia, pois, criando uma alma, que ela faliria; ela foi, portanto, desde sua
  • 61. 61 formação, votada à infelicidade eterna: isso é possível, é racional? Com a doutrina das penas relativas tudo está justificado. Deus sabia, sem dúvida, que ela faliria, mas lhe dá os meios de se esclarecer por sua própria experiência, por suas próprias faltas. É necessário que ela expie seus erros para ser melhor consolidada no bem, mas a porta da esperança não lhe é fechada para sempre, e Deus faz depender o momento de sua libertação dos esforços que faz para o atingir. Eis o que todos podem compreender, o que a lógica, a mais meticulosa, pode admitir. Se as penas futuras tivessem sido apresentadas sob este ponto de vista, haveria bem menos céticos. A palavra eterno é frequentemente empregada, na linguagem vulgar, como figura, para designar uma coisa de longa duração, e da qual não se prevê o termo, embora se saiba muito bem que esse termo existe. Dizemos, por exemplo, os gelos eternos das altas montanhas, dos polos, embora saibamos de um lado que o mundo físico pode ter um fim, e, de outra parte, que o estado dessas regiões pode mudar pelo deslocamento natural do eixo ou por um cataclisma. A palavra eterno, nesse caso, não quer, pois, dizer perpétuo até o infinito. Quando sofremos uma longa moléstia, dizemos que nosso mal é eterno; que há, pois, de espantar em que os Espíritos que sofrem depois de anos, séculos, de milhares de anos mesmo, o digam igualmente? Não olvidemos, sobretudo, que sua inferioridade, não lhes permitindo ver o extremo do caminho, creem sofrer sempre, o que é para eles uma punição. De resto, a doutrina do fogo material, das fornalhas e das torturas emprestadas ao Tártaro do paganismo, está hoje completamente abandonada pela alta teologia, e não é mais senão nas escolas que esses assustadores quadros alegóricos são ainda dados como verdades positivas, por alguns homens mais zelosos que esclarecidos, e isso erradamente, porque essas imaginações jovens, uma vez saídas do seu terror, poderão aumentar o número dos incrédulos. A teologia reconhece hoje que a palavra fogo é empregada figuradamente, e deve se entender como um fogo moral. (974). Os que seguiram como nós as peripécias da vida e dos sofrimentos de além-túmulo, nas comunicações espíritas, puderam se convencer que, por não ter nada de material, elas não são menos pungentes. Com relação mesmo à sua duração, certos teólogos começam a admitir no sentido restrito indicado acima e pensam que, com efeito, a palavra eterno pode se entender como as penas em si mesmas, como consequência de uma lei imutável, e não sua aplicação a cada indivíduo. No dia em que a religião admitir essa interpretação, assim como algumas outras que são a consequência do progresso das luzes, ela reunirá as ovelhas desgarradas.
  • 62. 62 2.8 – Ressurreição da carne 1010 – O dogma da ressurreição da carne é a consagração da reencarnação ensinada pelos Espíritos? Como quereis que o seja de outro modo? Essas palavras, como tantas outras, não parecem insensatas aos olhos de certas pessoas, senão porque as tomam ao pé da letra. Por isso, conduzem à incredulidade. Mas dai-lhes uma interpretação lógica, e aqueles que chamais livres pensadores as admitirão sem dificuldade, precisamente porque eles refletem; porque não vos enganeis, esses livres pensadores não desejam mais do que crer. Eles têm, como os outros, talvez mais que os outros, sede do futuro, mas não podem admitir o que é contestado pela ciência. A doutrina da pluralidade das existências está conforme a justiça de Deus. Só ela pode explicar o que, sem ela, é inexplicável. Como quereríeis que o princípio não estivesse na própria religião? 1010.a) Assim a igreja, pelo dogma da ressurreição da carne, ensina ela mesma a doutrina da reencarnação? Isso é evidente. Essa doutrina, aliás, é a consequência de muitas coisas que passaram despercebidas e que não se tardará a compreender nesse sentido. Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis. Mas como é chegado o tempo de não mais empregar a linguagem figurada, eles se exprimem sem alegoria e dão às coisas um sentido claro e preciso, que não possa estar sujeito a nenhuma interpretação falsa. Eis porque, dentro de algum tempo, tereis mais pessoas sinceramente religiosas e crentes que as que não tendes hoje. (São Luís) Comentários: Allan Kardec: A Ciência, com efeito, demonstra a impossibilidade da ressurreição segundo a ideia vulgar. Se os restos do corpo humano permanecessem homogêneos, fossem dispersos e reduzidos a pó, se conceberia ainda a reunião em um momento dado; mas as coisas não se passam assim. O corpo é formado de elementos diversos: oxigênio, hidrogênio, azoto, carbono, etc. LIVRO quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
  • 63. 63 Pela decomposição, esses elementos se dispersam para servir na formação de novos corpos, de tal sorte que a mesma molécula, de carbono, por exemplo, entrará na composição de vários milhares de corpos diferentes (não falamos senão de corpos humanos sem contar os dos animais); que tal indivíduo, talvez tenha no seu corpo moléculas que pertenceram aos homens das primeiras idades; que essas mesmas moléculas orgânicas que absorveis na vossa alimentação provêm, talvez, do corpo de tal indivíduo que conhecestes, e assim por diante. A matéria, sendo em quantidade definida e suas transformações em quantidades indefinidas, como cada um desses corpos poderia se reconstruir dos mesmos elementos? Há nisso uma impossibilidade material. Não se pode, pois, racionalmente, admitir a ressurreição da carne senão como uma figura simbolizando o fenômeno da reencarnação e, nesse caso, não há nada que choque a razão, nada que esteja em contradição com os dados da Ciência. Verdade que, segundo o dogma, essa ressurreição não deve ter lugar senão no fim dos tempos, enquanto que, segundo a Doutrina Espírita, ela ocorre todos os dias. Mas não há ainda nesse quadro do julgamento final uma grande e bela figura que esconde, sob o véu da alegoria, uma dessas verdades imutáveis que não encontrará mais céticos quando for restabelecida em sua verdadeira significação? Que se queira bem meditar a teoria espírita sobre o futuro das almas e sua sorte depois das diferentes provas que elas devem suportar, e se verá que, à exceção da simultaneidade, o julgamento que condena ou que as absolve não é uma ficção, assim como pensam os incrédulos. Observemos ainda que ela é a consequência natural da pluralidade dos mundos, hoje perfeitamente admitida, enquanto que, segundo a doutrina do juízo final, a Terra é considerada o único mundo habitado. Comentários: A temática ressurreição versus reencarnação é muito comum dentre aqueles que procuram estudar a doutrina espírita e conhecer um pouco mais as suas verdades. Nessa questão a Espiritualidade nos mostra que a ressurreição da carne na verdade significa a reencarnação e quando nós aprofundamos nos estudos das palavras evangélicas percebemos que se referem à reencarnação. A Espiritualidade e Kardec nos mostram que é impossível a ressurreição na ideia que se conhece. Não há como recompor os elementos que decompõe e se dissipam a partir da decomposição dos corpos, pois novos elementos são formados.
  • 64. 64 A ciência nos mostra que é impossível a ressurreição da carne como muitas crenças propagam. A reencarnação é exatamente o que Jesus à época quis nos mostrar, quando por exemplo, disse que João Batista era a reencarnação de Elias. Basta ampliarmos as nossas percepções para compreender essa temática.
  • 65. 65 2.9 – Paraíso, Inferno e Purgatório Questão sem número1 : Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos segundo seus merecimentos? Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam. Comentários: 1011 – Um lugar circunscrito no Universo está destinado às penas e aos gozos dos Espíritos, segundo seus méritos?2 ( * ) Já respondemos a essa questão. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um possui em si mesmo o princípio de sua própria felicidade ou infelicidade, e como eles estão por toda a parte, nenhum lugar circunscrito, nem fechado, não está destinado a um antes que a outro. Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes, conforme o mundo que eles habitem mais ou menos avançado. Comentários: Muitas pessoas têm dúvidas quanto a um lugar circunscrito. Ouvimos falar dos umbrais, das regiões felizes, das colônias espirituais, dos mundos felizes. 1 NOTA: A Questão sem nº Sobre a questão 1011 eis a Nota Especial n° 2, da Editora (FEB) (à 34ª edição, em 1974): “Em edições anteriores a esta, as questões n°s 1012 a 1019 figuraram sob os n°s 1011 a 1018, respectivamente, sem ter sido atribuído número à questão imediatamente seguinte à de n° 1010, mantendo-se, não obstante, o texto em sua incolumidade original. O lapso, nasceu, no passado, de compreensível equívoco, pois na sequência da numeração das questões o Codificador salteou o n° 1011 na 2ª edição francesa, definitiva, de março de 1860. Todavia, o texto foi mantido assim, mesmo nas quatorze edições que se seguiram até a desencarnação de Allan Kardec.” No volume XX da Coleção “Filosofia Espírita”, pág. 119, eis a Nota da Editora, incluída ao pé da página do comentário à questão sem nº : “Acatamos Nota Especial nº 02, da FEB, pág. 494 do “O Livro dos Espíritos”, Este capítulo comenta a pergunta existente entre as de nº 1010 e 1012.” 2 - A partir da questão nº 1010, a numeração do original francês foi alterada, em virtude de ter sido suprimida a de nº 1011. (N. do T.) LIVRO quarto: Esperanças e Consolações Capítulo II: Penas e Gozos Futuros
  • 66. 66 Quando não temos ainda conhecimento pensamos que os umbrais são lugares destinados ao cumprimento de penas e as regiões felizes seriam lugares reservados à felicidade, à plenitude dos Espíritos. A Espiritualidade nos mostra que as penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos, de forma que os Espíritos tiram de si a sua felicidade ou infelicidade. Aqui na Terra podemos estar bem, felizes ou podemos estar tristes, estejamos no lugar mais belo da Terra ou no lugar mais deprimente da Terra, depende da nossa alma, do nosso Espírito, do nosso coração. Na erraticidade, um Espírito preso à matéria, agarrado à sensualidade, mesmo que ele esteja em uma colônia espiritual destinada ao bem, ele vai se sentir infeliz, pois o coração dele assim está, mesmo que ele esteja em um ambiente mais agradável. Assim como Jesus ou qualquer Espírito superior for até uma região umbralina ou trevosa prestar algum amparo ou até residir por algum tempo, como ocorre nas colônias de transição (algumas localizadas em regiões umbralinas) estará em paz, com plenitude. A sua felicidade não será alterada. Em decorrência disso, não podemos circunscrever um lugar específico onde os Espíritos estarão ou não, onde eles serão felizes ou não. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça e como os Espíritos estão em toda parte não há um lugar circunscrito ou fechado destinado a uma coisa ou outra. Precisamos trabalhar a nossa felicidade onde quer que estejamos. Precisamos buscar a paz do nosso coração, estejamos na condição de Espírito encarnado ou desencarnado. Cabe a cada um de nós trabalhar o nosso próprio eu. Não fiquemos imaginando que ao desencarnar estaremos em um lugar mais feliz. Se não estivermos felizes aqui também não estaremos lá. Trabalharmos sempre a nossa reforma. Santa Teresinha do Menino Jesus era bem clara sobre os seus planos para a vida depois da morte: “Vou passar o meu céu fazendo o bem na Terra!". “Se eu alguma vez vier a ser Santa - serei certamente uma santa da 'escuridão'. Estarei continuamente ausente do Céu - para acender a luz daqueles que se encontram na escuridão na Terra.” Madre Teresa
  • 67. 67 1012 – Segundo isso, o inferno e o paraíso não existiriam tal como o homem o representa? Não são senão figuras: há por toda a parte Espíritos felizes e infelizes. Entretanto, como também já o dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem se reunir onde querem, quando são perfeitos. Allan Kardec: A localização absoluta dos lugares de penas e recompensas não existe senão na imaginação do homem. Provém da tendência a materializar e a circunscrever as coisas das quais eles não podem compreender a essência infinita. Comentários: Quando adentramos o estudo da doutrina espírita um dos questionamentos mais comuns que fazemos ou que recebemos é exatamente esse: onde ficam os Espíritos ao desencarnarem; para onde seguem os Espíritos bons, os Espíritos ditosos, os Espíritos ainda imperfeitos... Questionam-se: Será que o Inferno existe? O Céu? O Purgatório? A Espiritualidade nos orienta que tudo é sintonia. Tudo depende dos nossos pensamentos e sentimentos. Se estivermos felizes, estaremos nos sentindo ditosos onde quer que estejamos, na matéria ou fora dela; Há Espíritos em todos os lugares. Não só aqui no mundo material ou só na erraticidade. Estamos a todo momento rodeados e influenciados por Espíritos e como tudo é sintonia no Universo, os Espíritos ditosos se buscam, se reúnem, assim como os inditosos também. Os Espíritos se reúnem por simpatia e podem reunir-se onde queiram, principalmente, quando perfeitos. Quando chega a essa condição tem trânsito livre pelo Universo. Não precisa estar circunscrito em um ambiente, em um planeta, em uma morada espiritual. Os afins se buscam na matéria e fora dela. Portanto, essa localização absoluta das penas e das recompensas só existe na imaginação do homem, porque nós ainda sendo muito imperfeitos,
  • 68. 68 materializados, precisamos a tudo materializar e circunscrever para que possamos compreender melhor. No mundo espiritual não é assim. A partir do momento que sabemos que podemos habitar toda parte, todo o Universo, conseguimos compreender que a ideia que o homem faz de Inferno e Paraíso é uma simples alegoria. Os espíritas já conhecem essa verdade, pois já leram livros e mais livros que retratam as zonas onde existem as trevas compactas, com levas e mais levas de Espíritos obstinados no mal, presos nas suas maldades, e outros que circulam no espaço, sem rumo, espalhando as suas más intenções. Os umbrais se encontram cheios de almas portadoras de sentimentos inferiores, arraigadas nas paixões, sem conhecerem ou sentirem as belezas imortais do amor e da caridade, do perdão e da fé em Jesus Cristo. Todos temos notícias de colônias espirituais igualmente repletas de Espíritos reformados e reformando-se à luz do Evangelho de Jesus. Não podemos dizer que são almas venturosas, por estarem ainda em processo de arrependimento, objetivando a perfeição, trabalhando para merecer outra reencarnação, na qual poderão refundir os sentimentos para que o amor cresça nos seus corações. Não é o ambiente que os torna felizes, mas o que despertam dentro de si. Jesus já dizia com propriedade que o céu está dentro de cada um, esperando apenas que os valores despertem para que a luz comece a nascer no coração e a tranquilizar a consciência. Pode notar o estudioso do espiritualismo que, quando um pensamento fixa na sua mente, de que ele fez algo em desacordo com o bem, espraia-se sofrimento em todo o seu ser, surgindo a melancolia, o desespero, a revolta, e aí prossegue nesta linha de contradições. É a consciência em estado de alerta, para que ele possa sair dessa condição contrária à lei da harmonia. (Miramez) 1013 – Que se deve entender pelo purgatório? Dores físicas e morais: é o tempo da expiação. Quase sempre é sobre a Terra que fazeis vosso purgatório e que Deus vos faz expiar vossas faltas. Allan Kardec: O que o homem chama purgatório é também uma figura pela qual se deve entender, não um lugar determinado qualquer, mas o estado dos Espíritos imperfeitos que estão em expiação até a purificação completa que os deve elevar ao nível dos Espíritos bem-aventurados. Essa purificação, operando-se nas diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida corporal. Comentários: Livro O Céu e o Inferno – Capítulo 5
  • 69. 69 A doutrina espírita nos ensina que o purgatório é um lugar de expiação, é um momento, um tempo de expiação. A palavra purgatório vem de purgar, onde estamos dissipando as nossas energias deletérias, as nossas imperfeições, as nossas sombras. Fazemos isso em qualquer lugar. Enquanto não alcançarmos a condição de Espíritos perfeitos, ainda teremos algo a purgar, alguma imperfeição para eliminar. Esse período expiatório ocorre tanto na Terra, quanto na erraticidade, ou seja, tanto na vida material, quanto na vida espiritual. Mundos de provas e expiação como a Terra é um mundo essencialmente para que os Espíritos possam purgar os seus equívocos. Não pensemos em um lugar circunscrito, como no passado se pensavam em relação ao Céu e o Inferno. O purgatório é todo lugar, todo ambiente, na matéria ou fora dela, onde o Espírito está ali expiando as suas faltas. Nós deixaremos de nos encontrar em um purgatório quando alcançarmos a condição de Espíritos perfeitos, a purificação completa. 1014 – Como se dá que Espíritos que, por sua linguagem, revelam superioridade, tenham respondido a pessoas muito sérias a respeito do inferno e do purgatório, conforme a ideia que deles se faz vulgarmente? Eles falam uma linguagem compreendida pelas pessoas que os interrogam. Quando essas pessoas são muito imbuídas de certas ideias, não as querem chocar muito bruscamente para não melindrar suas convicções. Se um Espírito viesse dizer, sem precauções oratórias, a um muçulmano, que Maomé não é um profeta, ele seria muito mal-recebido. 1014.a) Concebe-se que possa ser assim da parte dos Espíritos que querem nos instruir; mas como se dá que os Espíritos interrogados sobre sua situação tenham respondido que sofriam as torturas do inferno ou do purgatório? Quando são inferiores e não completamente desmaterializados, conservam uma parte de suas ideias terrestres e exprimem suas impressões pelos termos que lhes são familiares. Eles se encontram em um meio que não lhes permite, senão pela metade, sondar o futuro e é por causa disso que, frequentemente, os Espíritos errantes ou recém desencarnados falam como o fariam em vida. Inferno pode se traduzir por uma vida de prova, extremamente penosa, com a
  • 70. 70 incerteza de uma melhora. Purgatório, uma vida também de prova, mas com consciência de um futuro melhor. Quando experimentas uma grande dor, não dizes para ti mesmo que sofres como um condenado? Não são mais que palavras, e sempre em sentido figurado. Comentários: por que determinados Espíritos superiores comentam acerca do Inferno e do Purgatório conforme as ideias correntes ou daquela sociedade? Por que eles a verdade no sentido de dizer que o Inferno e o Purgatório não existem da forma como aquelas pessoas pensam? Quando as pessoas estão seguras de certas ideias se colocarmos uma verdade muito diferente daquilo que elas entendem como correto vai haver um choque muito grande, brusco que vai ferir suas convicções e não servirá para que elas possar mudar suas opiniões. Pelo contrário, será um motivo para elas recusarem o que está sendo transmitido naquele momento e permanecerão arraigadas nas suas firmes convicções. A Espiritualidade sabe disso. Por isso que as mudanças são suaves, graduais. As verdades vão sendo trazidas conforme o entendimento, conforme o preparo de cada um para acessar uma nova verdade, uma nova informação. O exemplo do mulçumano. Se um Espírito dissesse que Maomé não era profeta, essa ideia seria muito mal acolhida, o que não ajudaria. Pelo contrário iria afastar aquele mulçumano das ideias a serem trazidas. Da mesma forma, outras verdades, como a reencarnação, a comunicabilidade com os Espíritos, a pluralidade dos mundos, a evolução, etc. Se até certo tempo não estávamos preparados para entender o que significa inferno, purgatório não poderíamos ter acesso lá no passado ao que hoje sabemos. Iríamos recusar no ontem. Por isso só no momento certo, quando estamos em condições, com maturidade espiritual e emocional necessárias para saber a verdade é que Deus permite que essa verdade nos chegue de uma forma clara, sem alegorias, sem sentido figurado. Quando não temos conhecimento até achamos que estamos no inferno. Muitos Espíritos acreditam que estão no inferno ou no purgatório diante do que aprenderam, do que ouviram. Sem o conhecimento de que tudo acaba e que com o arrependimento somos ajudados. Sem o conhecimento de que nascemos para a perfeição e para a felicidade.
  • 71. 71 A linguagem dos Espíritos Superiores se realiza de acordo com as necessidades do momento, no tocante à elevação dos que perguntam. Eles não violentam mente alguma, no entanto, de tempos em tempos as revelações vão tomando caráter mais verdadeiro para que a verdade se mostre como o sol. A Doutrina dos Espíritos, revelação mais adiantada, retirou muitos véus que encobriam aspectos da verdade, tornando as mentes dos encarnados mais aguçadas e predispostas ao desconhecido. Mesmo os Espíritos mais elevados costumam fazer afirmações que se parecem com ensino de outras organizações religiosas, dependendo de quem os interroga. Mas, agora, no seio da luz, da chave de conhecimentos que descem do céu à Terra, a verdade vem sem a capa da letra. Os Espíritos falam mais claramente, mas, se entre os próprios espíritas há quem refugue e combata determinadas revelações, quanto mais entre os que desconhecem a Doutrina! (Miramez) 1015 – Que se deve entender por uma alma em pena? Uma alma errante e sofredora, incerta de seu futuro, e à qual podeis proporcionar um alívio que, frequentemente, ela solicita vindo se comunicar convosco. (664). Comentários: A alma a penar é um termo utilizado como o reflexo de um Espírito errante (aquele que se encontra na erraticidade, aguardando uma nova reencarnação. É o período entre uma reencarnação e outra). É uma alma imperfeita e sofre. Ainda passa por sofrimentos, por algum tipo de expiação (maior ou menor), dependendo do seu nível de evolução. Qualquer Espírito sofredor que apresente nessa condição de alma penada deve ser ajudado. Podemos contribuir através das preces. Quando eles têm condições de se comunicar conosco através do intercâmbio mediúnico é uma oportunidade que temos para aliviar as suas dores. Quando os encontramos em desdobramento pelo sono podemos levar uma palavra de vibração, de carinho. Essa questão vem nos alertar, nos lembrar que sempre podemos ajudar, sempre é possível fazer algo em benefício daqueles que sofrem, estejam eles na matéria ou fora dela. Para isso é necessário que olhemos para o outro, que possamos compreender as suas necessidades procurando mecanismos para ajudar, para aliviar as suas dores e com isso contribuir para que eles sejam um pouco mais felizes. Todos seremos Espíritos puros e plenamente felizes, mas até chegarmos nesse estágio temos uma grande caminhada.
  • 72. 72 Então vamos ajudando uns aos outros, vamos ajudar essas almas que penam na erraticidade e por aqui na matéria também. Eis o ensinamento de Jesus: a caridade. Alma a penar, no dizer do Catolicismo, é o Espírito sofredor, que se encontra com a consciência em chamas. Na verdade, isso é processo de despertamento espiritual, como já dissemos muitas vezes. Antes parecia o sofrimento sem remissão, mas, com o advento da Doutrina dos Espíritos, a esperança chegou aos corações que tanto sofriam com certos adjetivos que traziam medo para os homens. (Miramez) 1016 – Em que sentido se deve entender a palavra céu? Crês que ele seja um lugar, como os Campos Elíseos dos antigos, onde todos os bons Espíritos são amontoados desordenadamente sem outro cuidado que o de gozar pela eternidade uma felicidade passiva? Não, é o espaço universal, são os planetas, as estrelas, e todos os mundos superiores, onde os Espíritos gozam de todas as suas faculdades sem ter as atribulações da vida material, nem as angústias inerentes à inferioridade. Comentários: A Espiritualidade nos mostra que o Céu também não é um lugar circunscrito onde os Espíritos ficam lá aglomerados utilizando todo o seu tempo para viver de uma felicidade passiva por toda a eternidade. Essa ideia seria deixar de compreender a nobreza de Deus e da sua lei. Deus que nunca parou de obrar, trabalha cotidianamente em benefício de todos nós. Jesus, Espírito puro continua trabalhando em benefício de toda a humanidade. Os Espíritos superiores, os Espíritos elevados ficariam nesse Céu aglomerados, sem outra preocupação que não a de viver por uma felicidade pela eternidade de forma passiva? Não, isso não condiz com a justiça divina, com as qualidades inerentes a Deus e a cada um de nós. O Céu é todo o Universo, as estrelas, os planetas, os mundos superiores, onde quer que os Espíritos possam gozar das suas faculdades, sem as tribulações, as preocupações, as angústias da vida material. Essas tribulações, essa ligação com o mundo material são características da inferioridade. O Céu só existe para os Espíritos já depurados, para aqueles Espíritos que no seu coração já sentem o verdadeiro o amor, a plenitude de suas faculdades não são mais limitados como nós que estamos ainda vinculados às paixões inferiores.
  • 73. 73 Os Espíritos que podem dizer que estão no Céu, que se sentem no Céu estão em todos os lugares, sempre trabalhando e com seus corações em paz. Portanto, nem o inferno, nem o purgatório, nem o céu são lugares circunscritos na erraticidade, mas pode ser e são qualquer lugar do Universo, na matéria ou fora dela, desde que estejamos purificados no céu dos sentimentos, caso contrário nos sentiremos no inferno ou no purgatório. 1017 – Os Espíritos disseram habitar o quarto, o quinto céu, etc.; que entendiam por isso? Vós lhes perguntais qual céu habitam, porque tendes a ideia de vários céus colocados como os andares de uma casa. Então, vos respondem segundo vossa linguagem, mas, para eles, essas palavras, quarto, quinto céu exprimem diferentes graus de depuração e, por conseguinte, de felicidade. É absolutamente como quando se pergunta a um Espírito se ele está no inferno; se é infeliz dirá sim, porque para ele inferno é sinônimo de sofrimento. Mas ele sabe muito bem que não se trata de uma fornalha. Um pagão teria dito que estava no Tártaro. Allan Kardec: É o mesmo que outras expressões análogas, tais como cidade das flores, cidade dos eleitos, primeira, segunda ou terceira esfera, etc., que não são senão alegorias empregadas por certos Espíritos, seja como figuras, seja algumas vezes por ignorância da realidade das coisas e mesmo das mais simples noções científicas. Segundo a ideia restrita que se fazia antigamente dos lugares de penas e de recompensas, e sobretudo na opinião de que a Terra era o centro do Universo, que o céu formava uma abóboda e que havia uma região de estrelas e se colocava o céu em cima e o inferno embaixo. Daí as expressões subir ao céu, estar no mais alto dos céus, ser precipitado no inferno. Hoje que a Ciência demonstrou que a Terra não é senão um dos menores mundos entre tantos milhões de outros, sem importância especial; que ela historiou sua formação e descreveu sua constituição, provou que o espaço é infinito e não há nem alto nem baixo no Universo, foi preciso renunciar em colocar o céu acima das nuvens e o inferno nos lugares baixos. Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe foi assinalado. Estava reservado ao Espiritismo dar a todas essas coisas a explicação mais racional, a mais grandiosa e ao mesmo tempo a mais consoladora para a Humanidade. Assim, pode-se dizer que carregamos conosco nosso inferno e nosso paraíso. Nosso purgatório o encontramos na nossa encarnação, nas nossas vidas corporais ou físicas.
  • 74. 74 Comentários: A posição do terceiro, quarto, quinto Céu é uma forma alegórica de dizer que há várias esferas, vários graus de purificação e de felicidade. Por exemplo, quem estiver no quinto céu, estará numa condição de mais purificação, mais alegria e felicidade do que no quarto ou no terceiro céu. É apenas uma forma de expressar a quantidade ou a condição em que se encontram esses Espíritos na erraticidade. O quanto de felicidade que esse Espírito vivencia. Mais uma vez deixamos claro que não há um lugar circunscrito para o céu e para o inferno e nem para o purgatório. O purgatório são todos os lugares onde purgamos, expiamos as nossas faltas, seja na matéria ou fora dela. Estado de céu ou de inferno é essencialmente íntimo, interior. Não tem uma relação direta com o meio exterior. Podemos estar na Terra e nos sentirmos no Céu. Podemos estar em um mundo até mais feliz e nos sentirmos no inferno. O que a Espiritualidade sempre nos orienta. Os Espírito mais felizes se buscam. Estarão sempre unidos pela sintonia, portanto, Espíritos mais purificados ao se reunirem pelos seus pensamentos, pela sua condição, então emitem vibrações positivas e o meio no qual eles estejam retrate aquela felicidade, aquele bem-estar, aquela harmonia. Tudo depende da condição da sintonia de cada um. 1018 – Em que sentido é preciso entender estas palavras do Cristo: Meu reino não é deste mundo? Assim respondendo, o Cristo falava num sentido figurado. Ele queria dizer que não reina senão sobre os corações puros e desinteressados. Ele está por toda a parte, onde domina o amor ao bem; mas os homens, ávidos de coisas deste mundo e ligados aos bens da Terra, não estão com ele. Comentários: Muitas pessoas interpretam as palavras de Jesus no sentido literal de que o reino do Pai, o reino do Cristo não é o planeta Terra, seria apenas a morada espiritual o que é verdade, porém não é uma verdade absoluta.
  • 75. 75 Se aqui na Terra estiverem reunidos Espíritos ainda imperfeitos onde a vivência do Evangelho, do amor não é uma realidade, o reino de Deus não é aqui, pois ainda não está implantado nesses corações. Lembrando que quem implanta o reino de Deus em nossos corações somos nós mesmos. Se no plano espiritual a vivência da lei de amor for verdadeira, presente na vida de cada um, com certeza lá será o reino de Deus. Para as pessoas aqui na Terra já vivencia verdadeiramente o amor, o reino de Deus está ali presente. Sabemos que aqui na Terra prepondera a imperfeição, mas já há muitos Espíritos que procuram vivenciar o reino de Deus, através da fraternidade, da caridade, da lei de amor. Enfim, todas as virtudes nobres que nos aproximam do Cristo. Jesus falava no sentido figurado, mas onde quer que reine o amor, onde quer que haja corações puros e desinteressados, lá ele estará, lá será o reino dele. Não é o reino material ou o reino espiritual. Não é o reino do plano físico ou o da erraticidade. Jesus quis dizer que a Terra não era o seu reino por ainda ser um lugar onde predomina o orgulho, o egoísmo, o ódio, a vaidade, onde os seres ainda não vivenciam a sua lei. O dia que a Terra se tornar um mundo mais feliz, com certeza ela será o reino de Deus e, consequentemente, do Cristo. 1019 – Jamais o reino do bem poderá ter lugar sobre a Terra? O bem reinará sobre a Terra quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons vencerem sobre os maus. Então, farão nela reinar o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá sobre a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Mas os maus não a deixarão senão quando dela forem banidos o orgulho e o egoísmo. A transformação da Humanidade foi predita e atingis esse momento, que apressa todos os homens que ajudam o progresso. Ela se cumprirá pela encarnação de Espíritos melhores, que constituirão sobre a Terra uma nova geração. Então, os Espíritos dos maus, que a morte ceifa cada dia, e todos aqueles que tentem atrasar a marcha das coisas, dela serão excluídos, porque serão deslocados do convívio com os homens de bem, dos quais perturbariam a felicidade. Eles irão para mundos novos, menos avançados, cumprir missões penosas, onde poderão trabalhar para seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão para o adiantamento de seus irmãos ainda mais atrasados. Não vedes nessa exclusão da Terra transformada a sublime figura do Paraíso perdido, e no homem chegado sobre a Terra em semelhantes
  • 76. 76 condições, e trazendo em si o germe de suas paixões e os traços de sua inferioridade primitiva, a figura não menos sublime do pecado original? O pecado original, considerado sob esse ponto de vista, prende-se à natureza ainda imperfeita do homem, que não é responsável senão por si mesmo e suas faltas, e não das de seus pais. Todos vós, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, portanto, com zelo e coragem na grande obra da regeneração, porque colhereis centuplicado o grão que houverdes semeado. Infelizes aqueles que fecham os olhos à luz, porque se preparam para longos séculos de trevas e de decepções. Infelizes dos que colocam todas as suas alegrias nos bens deste mundo, porque sofrerão mais privações do que tiveram de prazeres. Infelizes, sobretudo, os egoístas, porque não encontrarão ninguém para os ajudar a carregar o fardo de suas misérias. (São Luís) Comentários: Vemos aqui a questão da transição planetária, da geração nova, que são Espíritos mais evoluídos, mais bondosos, mais próximos da evolução que todos nós almejamos. Esses ficarão e herdarão a Terra. Aqui também trata da questão do exílio. Os Espíritos que não se adaptarem à nova condição do planeta serão excluídos para outros mais novos, mais primitivos, nos quais eles possam com sua intelectualidade ajudar os seres que já vivem naquele planeta novo a crescerem e, também, ali vão expiar, sofrer um pouquinho para que possam agregar mais conhecimento e, principalmente, moralidade. Aqui também trata da similaridade com o pecado original, aquela questão de serem expulsos do paraíso quando cometem atos equivocados. A doutrina espírita nos mostra que essa ideia parte da questão do exílio que muitos Espíritos sofrem quando estão em um lugar melhor, num lugar bom, que está evoluindo e crescendo, mas como não se ajustam, praticam ainda atos equivocados são exilados, são retirados, expulsos daquele mundo para mundos mais difíceis, mais inferiores, de lutas e provações. Dentre as explicações do pecado original, podemos compreender nessa questão 1019. A Gênese, em seus últimos capítulos nos explicam essa questão no tocante ao pecado original, como a doutrina espírita interpreta essa situação, nos fala da geração nova constituída por espíritos mais benévolos, dispostos a seguir no caminho do bem. A doutrina espírita é maravilhosa, pois nos explica de forma racional todas as situações que envolve a nós e toda a criação de Deus, nos fornece respostas para muitos questionamentos que estiveram em nosso íntimo por muito tempo. Ela nos liberta, basta querermos.
  • 77. 77 A Geração Nova Autor: Allan Kardec Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar. Substituí-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade. A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas. Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem. Muito menos, pois, se trata de uma nova geração corpórea, do que de uma nova geração de Espíritos. Sem dúvida, neste sentido é que Jesus entendia as coisas, quando declarava: «Digo-vos, em verdade, que esta geração não passará sem que estes fatos tenham ocorrido.» Assim decepcionados ficarão os que contêm ver a transformação operar-se por efeitos sobrenaturais e maravilhosos. A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares. Têm ideias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais, porém sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo. Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos
  • 78. 78 eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração. O que, ao contrário, distingue os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, pelo se negarem a reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme; enfim, o apego a tildo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza. Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contacto com eles constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se achar livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes está reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, enquanto esperem que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos superiores. Não se deve entender que por meio dessa emigração de Espíritos sejam expulsos da Terra e relegados para mundos inferiores todos os Espíritos retardatários. Muitos, ao contrário, aí voltarão, porquanto muitos há que o são porque cederam ao arrastamento das circunstâncias e do exemplo. Nesses, a casca é pior do que o cerne. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos prejuízos do mundo corporal, eles, em sua maioria, verão as coisas de maneira inteiramente diversa daquela porque as viam quando em vida, conforme os múltiplos casos que conhecemos. Para isso, têm a auxiliá-los Espíritos benévolos que por eles se interessam e se dão pressa em esclarecê-los e em lhes mostrar quão falso era o caminho que seguiam. Nós mesmos, pelas nossas preces e exortações, podemos concorrer para que eles se melhorem, visto que entre mortos e vivos há perpétua solidariedade. É muito simples o modo porque se opera a transformação, sendo, como se vê, todo ele de ordem moral, sem se afastar em nada das leis da Natureza. Sejam os que componham a nova geração Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que trazem disposições melhores, há sempre uma renovação. Assim, segundo suas disposições naturais, os Espíritos encarnados formam duas categorias: de um lado, os retardatários, que partem; de outro, os progressistas, que chegam. O estado dos costumes e da sociedade estará, portanto, no seio de um povo, de uma raça, ou do mundo inteiro, em relação com aquela das duas categorias que preponderar. Uma comparação vulgar ainda melhor dará a compreender o que se passa nessa circunstância. Figuremos um regimento composto na sua maioria de homens turbulentos e indisciplinados, os quais ocasionarão nele constantes desordens que a lei penal terá por vezes dificuldades em reprimir. Esses homens são os mais fortes, porque mais numerosos do que os outros. Eles se
  • 79. 79 amparam, animam e estimulam pelo exemplo. Os poucos bons nenhuma influência exercem; seus conselhos são desprezados; sofrem com a companhia dos outros, que os achincalham e maltratam. Não é essa uma imagem da sociedade atual? Suponhamos que esses homens são retirados um a um, dez a dez, cem a cem, do regimento e substituídos gradativamente por iguais números de bons soldados, mesmo por alguns dos que, já tendo sido expulsos, se corrigiram. Ao cabo de algum tempo, existirá o mesmo regimento, mas transformado. A boa ordem terá sucedido à desordem. As grandes partidas coletivas, entretanto, não têm por único fim ativar as saídas; têm igualmente o de transformar mais rapidamente o espírito da massa, livrando-a das más influências e o de dar maior ascendente às ideias novas. Por estarem muitos, apesar de suas imperfeições, maduros para a transformação, é que muitos partem, a fim de apenas se retemperarem em fonte mais pura. Enquanto se conservassem no mesmo meio e sob as mesmas influências, persistiriam nas suas opiniões e nas suas maneiras de apreciar as coisas. Uma estada no mundo dos Espíritos bastará para lhes descerrar os olhos, por isso que aí veem o que não podiam ver na Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista, poderão, conseguintemente, voltar com ideias inatas de fé, tolerância e liberdade. Ao regressarem, acharão mudadas as coisas e experimentarão a influência do novo meio em que houverem nascido. Longe de se oporem às novas ideias, constituir-se-ão seus auxiliares. A regeneração da Humanidade, portanto, não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais. Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão predispostos, desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo. Assim, nem sempre os que voltam são outros Espíritos; são com frequência os mesmos Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira. Quando insulado e individual, esse melhoramento passa despercebido e nenhuma influência ostensiva alcança sobre o mundo. Muito outro é o efeito, quando a melhora se produz simultaneamente sobre grandes massas, porque, então, conforme as proporções que assuma, numa geração, pode modificar profundamente as ideias de um povo ou de uma raça. É o que quase sempre se nota depois dos grandes choques que dizimam as populações. Os flagelos destruidores apenas destroem corpos, não atingem o Espírito; ativam o movimento de vaivém entre o mundo corporal e o mundo espiritual e, por conseguinte, o movimento progressivo dos Espíritos encarnados e desencarnados. É de notar-se que em todas as épocas da História, às grandes crises sociais se seguiu uma era de progresso. Opera-se presentemente um desses movimentos gerais, destinados a realizar uma remodelação da Humanidade. A multiplicidade das causas de destruição
  • 80. 80 constitui sinal característico dos tempos, visto que elas apressarão a eclosão dos novos germens. São as folhas que caem no outono e às quais sucedem outras folhas cheias de vida, porquanto a Humanidade tem suas estações, como os indivíduos têm suas várias idades. As folhas mortas da Humanidade caem batidas pelas rajadas e pelos golpes de vento, porém, para renascerem mais vivazes sob o mesmo sopro de vida, que não se extingue, mas se purifica. Para o materialista, os flagelos destruidores são calamidades carentes de compensação, sem resultados aproveitáveis, pois que, na opinião deles, os aludidos flagelos aniquilam os seres para sempre. Para aquele, porém, que sabe que a morte unicamente destrói o envoltório, tais flagelos não acarretam as mesmas consequências e não lhe causam o mínimo pavor; ele lhes compreende o objetivo e não ignora que os homens não perdem mais por morrerem juntos, do que por morrerem isolados, dado que, duma forma ou doutra, a isso hão de todos sempre chegar. Os incrédulos rirão destas coisas e as qualificarão de quiméricas; mas, digam o que disserem, não fugirão à lei comum; cairão a seu turno, como os outros, e, então, que lhes acontecerá? Eles dizem: Nada! Viverão, no entanto, a despeito de si próprios e se verão, um dia, forçados a abrir os olhos. Livro: A Gênese, cap. 18 - Sinais dos Tempos – Itens 27 à 35.
  • 81. 81 EMIGRAÇÕES PLANETÁRIAS E JUÍZOS PERIÓDICOS3 "Homens, por que lamentais as calamidades que vós mesmos amontoastes sobre a vossa cabeça?" Adolfo, espírito, em O Evangelho segundo o espiritismo, cap. 7, item 12 "Fisicamente, a Terra teve as convulsões da sua infância; entrou agora num período de relativa estabilidade [...] Mas ainda está em pleno trabalho de gestação do progresso moral. Aí residirá a causa de suas maiores comoções. Até que a humanidade haja crescido suficientemente em perfeição, pela inteligência e pela prática das Leis divinas, as maiores perturbações serão causadas mais pelos homens do que pela natureza, isto é, serão antes morais do que físicas." Allan Kardec, em A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo, cap.9, item 14. MUNDOS E SÓIS, com seus sistemas que desfilam na família universal, funcionam como educandários, escolas de ascese espiritual para as consciências em aprendizado. Considerando o vocabulário humano, pode-se afirmar que os planetas, com suas humanidades, representam estágios e campos de aprimoramento do espírito que se lança no grande caudal da evolução. Os globos dispersos no espaço são palcos de dramas e de poemas de amor, bem como, de universidades siderais, de oficinas de trabalho e, ainda, de templos da sabedoria. Desempenham funções que estais longe de compreender, e, apesar das observações de vossos cientistas, , não guardais a ideia verdadeira a respeito da natureza sideral, tampouco espiritual dessa família cósmica. PLURALIDADE DA VIDA Iniciando-se nas primeiras manifestações da inteligência, após eras de aperfeiçoamento nas expressões primitivas, o espírito elabora a consciência através de mil formas e mil vidas, no vasto palco dos mundos que a Infinita Sabedoria concebeu no seio do cosmos. Cada orbe guarda em si possibilidades de crescimento que são exploradas pelas humanidades siderais. Muitas vezes, observais certos planetas que vos parecem astros mortos ou que não oferecem condições para o desenvolvimento da vida tal como a conheceis. Todavia, esquecei-vos de que a mesma vida que prodigaliza inúmeras expressões e nuances em vossa própria Terra é capaz de se manifestar de diferentes maneiras e em bases diversas daquelas que caracterizam as espécies observadas em vosso Plano. Assim sendo, podeis utilizar vosso pensamento para imaginar outras formas por meio das quais a consciência se exprime, revelando-se em vibrações e características distintas daquelas em que ora existis. 3 - Gestação da Terra, capítulo 5 (na íntegra)
  • 82. 82 A vida universal não se fundamenta sobre princípios equivalentes aos que se verificam em âmbito terreno. Outros meios, outros campos energéticos se desdobram além da vossa dimensão e constituem bases diferentes para a vida no cosmos. Nem sequer podeis afirmar que o mesmo ar, a mesma composição química atmosférica passível de ser inalada por vossa humanidade, deva ser igual quando se trata de outras manifestações da consciência, em outros corpos, em outros planetas. A variedade infinita de mundos e seres, de campos e dimensões não tem como parâmetro o acanhado modelo terrestre. EXAMES SELETIVOS Tal como ocorre com as vossas escolas terrestres, as escolas siderais passam, periodicamente, por processos seletivos. Nesse caso, eles têm por objetivo definir o padrão evolutivo de cada mundo, visando ao melhor aproveitamento daqueles que fizeram jus a um estágio mais elevado, em virtude da dedicação e do esforço próprios. Certo número de consciências, ao não alcançar a média evolutiva exigida para a permanência em determinado colégio sideral, mostra-se incompatível com o estado evolutivo da humanidade ali matriculada. Portanto, elas são transferidas de escola planetária, reiniciando seu aprendizado em outros mundos, onde possam encontrar clima propício para seu crescimento, sempre de acordo com a lei das afinidades. Ao se considerarem os fatores a seguir, podem ser previstas algumas situações que os degredados ou futuros emigrantes cósmicos vivenciam. São eles: as características das personalidades arroladas neste processo de desterro planetário coletivo; as modificações da paisagem natural e do ambiente das dimensões inferiores; o grau de esclarecimento e de desenvolvimento de humanidade do espírito; e a condição de réus siderais, ante a equidade da justiça divina. Por mais que a saudade as aflija ao longo dos milênios, por mais que se acentuem os dilemas existenciais causados pela separação de suas famílias cármicas durante o dilatado período de desmembramento compulsório, às inteligências degredadas é vedado retornar. Não importa o momento, nem sequer para visitarem os antigos afetos que deixaram para trás, seja os que não sofreram pena equivalente, seja os que foram deportados para diferentes orbes. Essa dispersão ali e acolá, em mundos quase incomunicáveis devido às disparidades evolutivas entre eles ocasiona impactos severos de ordem psicológica e existencial nos expatriados siderais. Crise sem precedentes é sentida no nível mais profundo e marca por séculos, talvez milênios, o psiquismo dos cidadãos que têm de se adaptar a estilo de vida tão diferente, à sobrevivência e às limitações impostas pelos novos corpos, em quase nada semelhantes àqueles aos quais se habituaram por eras no planeta de origem.
  • 83. 83 Todos os mundos disseminados no espaço, em algum momento de sua trajetória como escola sideral, passam por situação similar. A Terra, particularmente, atravessa um desses períodos que denominais juízo e que, para nós, significa apenas uma adequação a novas etapas evolutivas. A consciência cósmica começa a se realçar na humanidade terrena. Conceitos cada vez mais holísticos e abrangentes manifestam-se em vossos pensamentos, inaugurando um período diferente na mentalidade mundial, a fim de vos preparar para a era do amor universal, para a consciência cósmico- sideral. Desse modo, estareis aptos a travar contato com outras formas de vida, isto é, irmãos vossos mais experientes, que mais tarde influirão na futura civilização global – muito embora a influência desses irmãos estelares se dê muito mais pelos pensamentos insuflados, inspiradores do que por meio de interferências físicas propriamente. Provocarão uma revolução em vosso modo de ver o mundo e a vida, de tal maneira que nada, absolutamente nada será como antes após a constatação da vida além dos limites atmosféricos da Terra. O velho sistema perece, com seus representantes e aqueles que se sintonizam com ele, por se mostrar falho, limitado e não servir mais à necessidade evolutiva do planeta. Outra mentalidade, outra visão, mais universalista, surge em meio ao caos aparente onde se sepulta o velho mundo, as velhas e acanhadas concepções que determinam o fim de uma etapa da civilização global. Junto com essa realidade arcaica, finda-se um período sideral, e as almas que não amadureceram não encontram mais guarida no solo abençoado do planeta Terra. Faz-se necessária a transferência para outra instituição de ensino. Prosseguirão o aprendizado em mundos compatíveis com seu grau evolutivo e seu estado íntimo, fatores que decidem a localização geográfica e dimensional de cada espírito no processo seletivo geral. Aqueles que receberem o aval de suas consciências quanto ao seu próprio desenvolvimento espiritual permanecerão na escola planetária, em melhores condições, a fim de inaugurarem a nova civilização, sob uma psicosfera mais auspiciosa. A transmigração – ou transferência compulsória de domicílio planetário – ocorre majoritariamente com espíritos na forma extrafísica, mas não só. Salvo raras exceções, obedece a um programa de caráter multiplanetário, que leva em conta as necessidades das humanidades envolvidas, tanto no âmbito socio-espiritual quanto perante a justiça sideral. Geralmente abarca grupos de inteligências afins, que formam uma espécie de condomínio espiritual, de natureza cármica. São indivíduos com manias e vícios semelhantes, que cometeram pecados e faltas do mesmo gênero, dotados de características vibratórias e comportamentais similares. Esta hora seletiva é crucial para todos vós. Todos os esforços, todas as potencialidades e as tendências latentes ou manifestas de modo esparso, em
  • 84. 84 diferentes épocas, eclodem em conjunto, em vosso tempo, resultando num clima psíquico, social e espiritual que incita a demonstração da verdadeira realidade íntima de cada um. A profusão de epidemias, enfermidades, guerras e conflitos socioeconômicos de vossa geração, bem como a sede de poder e a gana pelo domínio das consciências, além da proliferação de seitas e religiões estranhas e de filosofias absurdas, compõem atmosfera fervente propícia para fazer vir à tona a condição interior de cada indivíduo, assim como das coletividades terrestres. Trata-se de um processo necessário para a aferição dos valores e a afirmação dos princípios que servem como critério para distinguir a porção de vossa humanidade que partirá daquela outra que permanecerá na morada terrena. Convém lembrar que mais de 70% dos humanos permanecem mergulhados no grande maia, absortos em meio à vida social e aos desafios da sobrevivência e, além do mais, aturdidos diante do vasto cardápio de distrações oferecidos aos habitantes do mundo. Poucos têm acordado, ainda que lentamente, da hipnose dos sentidos. Por isso, somente impactos globais e desafios causticantes, capazes de abalar a sonolência existencial da espécie humana, farão com que mais pessoas despertem – mesmo que atordoadas – a fim de assumirem seu papel no grande trabalho de reconstrução da civilização que sucederá a atual. Sobre as cinzas das tristes realidades humanas ela será erguida, a nova civilização: mais madura, mais experiente, mais universalista e moralizada, pois, sob o fogo das experiências dolorosas que caracterizam o momento atual do vosso mundo, forja-se um novo homem, uma nova raça, um novo tempo. Podemos considerar que o drama evolutivo que o orbe enfrenta funciona como o parto de um novo ser, a gestação da nova Terra, renovada e integrada à comunidade de planetas mais felizes. PINHEIRO, Robson. Gestação da Terra. 2ª ed. Belo Horizonte: Casa dos Espíritos, 2022, capítulo 5.
  • 85. 85 Amados irmãos O momento é de mudanças, de transformação. É momento de tomada de consciência, seguir adiante com compromisso e responsabilidade. É momento de desfazer de toda a infantilidade assumindo a maturidade. Não percamos tempo com coisas pequenas, coisas miúdas que não acrescenta, que não traz crescimento. Não fique esperando. É tempo de agir, de correr atrás de tudo aquilo que possa nos elevar. Estamos exatamente na fase de como nos informou nosso Mestre Jesus: “que quem estiver no campo não olhe para trás”, “quem estiver no terraço não desça”. Mude os propósitos. Balance todo o seu ser, excluindo todas as impurezas que ainda carregas. Não perca tempo. Reflita em ação, estude e trabalhe. Siga o nosso modelo Jesus:  Humildade, como na manjedoura.  Sabedoria, como no sermão da Montanha.  Trabalho, amor e caridade, como nos três anos de jornada junto aos apóstolos e discípulos.  Conexão com o Pai, como no Monte das Oliveiras.  Perdão, como no Calvário. Abracemos verdadeiramente o Evangelho de Jesus e trabalhemos pela evolução da humanidade. Não esqueça em nenhum momento da nossa essência. Somos seres multidimensionais, transcendemos no tempo e no espaço. Portanto, viva como ser infinito que somos. Enxergue a vida de forma mais ampla, transponha as coisas miúdas, supere as dificuldades com mais leveza, considerando a essência do seu ser em permanente burilamento, que tornará cada vez mais intenso em função da situação que estamos vivendo no momento. Não percamos tempo. Sigamos o grande exemplo da Manjedoura à Cruz em constante ação. Irmão Felipe / Médium: Marta Gomes Rondonópolis, 15 de dezembro de 2023.
  • 86. 86 NO PORVIR Mesmo depois que passar a grande tempestade, o coração augusto do Cristo sangrará de dor, porque não será sem uma profunda e divina melancolia que verá partir, para rudes degredes reeducativos, os afilhados ingratos e rebeldes que não lhe quiseram aceitar a doce proteção... Os filhos da iniquidade, empedernidos no crime e cristalizados no orgulho, deixarão as fronteiras fisiomagnéticas da Terra, em demanda das novas experiências a que fizeram jus; mas aqui, no orbe aliviado e repleto de escombros, uma nova idade de trabalho e de esperança nascerá, ao Sol da Regeneração e da Graça. Nesse mundo renovado, a paz inalterável instituirá um progresso sem temores e uma civilização sem maldade. Os habitantes do planeta estarão muito longe da angelitude, mas serão operosos e sinceros, um tanto sofredores e endividados para com a Eterna Justiça, mas fraternos e dóceis à inspiração superior. A subsistência exigirá esforços titânicos, na agricultura dignificada e no trato exaustivo das águas despoluídas, mas não haverá penúria, nem fome. Por algum tempo, muitos corações sangrarão no sacrifício de missões ásperas, na solidão e no silêncio dos sentimentos em penitência; mas não existirá desespero nem prostituição, viciações letais ou mendicância, infância carente ou velhice abandonada. A morte fisiológica continuará enlutando, na amargura de separações indesejadas, mas o merecimento e a intercessão poderão proporcionar periódicos reencontros das almas amantes e saudosas, em fraternizações de fenomenologia sublimai. A Ciência alcançará culminâncias jamais sonhadas... Naves esplêndidas farão viagens regulares a esferas superiores e as excursões de férias serão comuns, a mundos de perene beleza. Necessidades e fraquezas não poderão ser extirpadas por milagre, mas os frutos venenosos da maldade jamais chegarão aos extremos do homicídio. O Estatuto dos Povos manterá o Parlamento das Nações, onde Excelsos Espíritos materializados designarão, em nome e por escolha do Cristo, os Governadores da Terra. Sem monarquias, oligarquias, plutocracias ou democracias, haverá apenas uma Espiritocracia Evangélica, fundada no celeste platonismo do mérito maior, do maior saber e da maior virtude, para o serviço mais amplo e mais fecundo. Reinarão na Terra a Ordem e a Paz. O Amor Universal será Estatuto Divino. A Terra pertencerá aos mansos de coração... SANT’ANNA, Hernani T. Universo e vida. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978, cap. XII.
  • 87. 87 Questões de destaque: Q. 625 – O tipo mais perfeito que Deus nos ofereceu. Nosso modelo e guia. Q. 886 – O verdadeiro sentido da palavra caridade. Q. 917 – Como destruir o egoísmo Q. 918 – Caracteres da pessoa de bem Q. 919 – Conhecimento de si mesmo.
  • 88. 88 REFERÊNCIAS: KARDEC, Allan. A Gênese: Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 52ª Ed. Araras – SP: IDE, 2018. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 365ª Ed. Araras – SP: IDE, 2009. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 182ª Ed. Araras – SP: IDE, 2009. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 85ª Ed. Araras – SP: IDE, 2008. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução de Salvador Gentile. Araras – SP: IDE, 2008. KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 19ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1983. MLODINOW, Leonard. De primatas a astronautas: A jornada do homem em busca do conhecimento. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2015. PINHEIRO, Robson. Gestação da Terra. 2ª ed. Belo Horizonte: Casa dos Espíritos, 2022. SANT’ANNA, Hernani T. Universo e vida. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978. SILVEIRA, Adelino. Chico, de Francisco. São Paulo: Cultura Espírita União, 1987. XAVIER, Chico. A Caminho da Luz. 21ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. Pelo Espírito Emmanuel. XAVIER, Chico. Nosso Lar. 64ª ed. Brasília: FEB, 2021. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico. Os Mensageiros. 47ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico. Missionários da Luz. 45ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2021. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico. Obreiros da Vida Eterna. 35ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico. No Mundo Maior. 28ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico. Libertação. 33ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico. Entre a Terra e o Céu. 27ª ed. Brasília: FEB, 2018. Pelo Espírito André Luiz.
  • 89. 89 XAVIER, Chico. Nos domínios da Mediunidade. 36ª ed. Brasília: FEB, 2018. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico. Ação e Reação. 30ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico & VIEIRA, Waldo. Evolução em dois Mundos. 27ª ed. Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico & VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. 28ª ed. Brasília: FEB, 2018. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico & VIEIRA, Waldo. Sexo e Destino. 34ª ed. Brasília: FEB, 2018. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER, Chico. E a vida continua.... 35ª ed. Esp. Rio de Janeiro: FEB, 2021. Pelo Espírito André Luiz. https://www.bibliaonline.com.br/ http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/questoes.html https://super.abril.com.br/historia/os-bastidores-do-livro-dos-espiritos/ https://www.youtube.com/user/livrodosespiritos/videos https://www.youtube.com/watch?v=4xRhAKctMo8&list=PLI- OgasY7T5tz8FFyT2yr5aKTPbavF7by&index=111 https://www.youtube.com/playlist?list=PLlRlJDlCghdwROpe8PBZF5_wFxlJqq UnZ https://espirito.org.br/artigos/possessao-3/ https://pt.slideshare.net/espirinauta/reinos-da-natureza https://slideplayer.com.br/slide/14346629/ http://www.caminhosluz.com.br