O MESSIAS E SEUS SEGUIDORES
Pe. José Bortolini – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades – Paulus, 2007
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL *
ANO: C – TEMPO LITÚRGICO: 12° DOMINGO TEMPO COMUM – COR: VERDE
I. INTRODUÇÃO GERAL
1. Nossas comunidades são compostas por pessoas de raças,
classes sociais e sexos diferentes. Isso pode ser uma riqueza.
Mas é também uma denúncia, pois em Cristo não há mais
judeu e não-judeu, escravo ou livre, homem ou mulher (cf. 2ª
leitura Gl 3,26-29). Celebramos, portanto, a riqueza da uni-
dade na diversidade das raças, mas pedimos perdão porque
discriminamos, vivendo uma “Religião da Lei”, e não o Evan-
gelho de Jesus Cristo.
2. Celebramos a morte do Messias inocente e justo, Cristo
Jesus. Sua ressurreição é a vitória sobre as estruturas de morte
(cf. Evangelho Lc 9,18-24). Ele não permite que inocentes e
indefesos continuem sendo massacrados (cf. 1ª leitura Zc
12,10-11.13,1). Ele não está de acordo que seu povo continue
morrendo à míngua, pois sua proposta é de vida e liberdade
para todos.
3. Nossas celebrações são momentos de pesar e súplica, mas
também de esperança e vitória, pois o Messias morto e ressus-
citado nos convoca. Vamos renunciar a tudo o que impede a
vida e a fraternidade. Vamos assumir diariamente a causa de
Jesus, que é nossa cruz. Vamos segui-lo para transformar o
mundo.
II. COMENTÁRIODOSTEXTOSBÍBLICOS
1ª leitura (Zc 12,10-11.13,1): Lições do assassinato de um
inocente
4. Os dois versículos propostos como primeira leitura deste
domingo são bastante obscuros. Fazem parte de uma seção
maior (caps. 9-14), que os estudiosos costumam chamar de
Segundo Zacarias, autor anônimo difícil de ser situado no
espaço e no tempo. Percebe-se, nesses capítulos, a presença da
linguagem apocalíptica e sua simbologia, o que torna mais
difícil determinar com clareza quando surgiu esse texto e a
quem se destinava. Sabe-se, simplesmente, que são textos pós-
exílicos.
5. O v. 10a fala de um tempo em que o Senhor irá derramar
sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um
espírito de graça e de súplica. Alguns estudiosos lêem, em
lugar de “espírito de graça”, um “espírito de pesar profundo”,
que condiz melhor com o contexto. Tratar-se-ia, então, de um
tempo de arrependimento e conversão, de pranto e luto. Situ-
ando-nos no tempo do profeta, podemos perguntar: Quando
isso irá acontecer?
6. A linguagem apocalíptica dificilmente fala de coisas
futuras. Dá a impressão de prever o futuro, mas na verdade
está falando de modo misterioso das coisas que acontecem no
presente. O tempo de arrependimento e conversão, de pranto e
luto é, portanto, o momento presente em que o texto foi escri-
to. Mas o que causou tudo isso?
7. A resposta vem a seguir: “Ao contemplar-me transpassa-
do por eles mesmos, ficarão de luto, como se faz luto por um
filho único; chorarão como se chora amargamente um primo-
gênito” (v. 10b). O motivo, portanto, é o assassinato de um
inocente. E isso se torna muito mais grave por se parecer com
a morte de filho único ou de primogênito. Daí decorrem pran-
to e luto, arrependimento e conversão. O v. 11 compara esse
tempo de luto aos dias em que Judá pranteou Josias, o rei justo
e piedoso, morto na batalha de Meguido (cf. 2Rs 23,29). O
texto deixa claro que o povo matou um inocente e, tardiamen-
te, tomou consciência das conseqüências desse fato. Mas
quem é o transpassado?
8. Há diversas tentativas de resposta. Alguns afirmam que é
o povo de Israel. Vítima da idolatria, toma consciência, lamen-
ta profundamente, se arrepende de forma espetacular e volta
para Deus. Outros sustentam que o transpassado é o rei Josias,
símbolo do povo exilado. Finalmente, há quem defenda a idéia
de que é o próprio Deus que se sente transpassado nos inocen-
tes mortos.
9. As três alternativas nos conduzem sempre à mesma ques-
tão: qual o significado e alcance do assassinato de pessoas
inocentes (menores, sem-terra, lideranças populares)? O que
aprender de um povo oprimido que morre à míngua? O que
aprender da morte violenta de líderes sindicais, sendo que os
executores e mandantes continuam impunes? Isso não é um
atentado contra o próprio Deus, que se sente transpassado nos
inocentes mortos?
10. O evangelho de João (19,37) viu em Jesus crucificado a
realização daquilo que Zacarias anunciava de forma obscura.
E isso também é questionador: a morte de Jesus destruiu, para
sempre, as forças de morte. Por que, então, nosso povo conti-
nua sendo massacrado?
Evangelho (Lc 9,18-24): O Messias e seus seguidores
11. O trecho escolhido para este domingo situa-se no final da
atividade de Jesus na Galiléia (Lc 4,14-9,50). A seguir, ele
empreenderá o longo caminho para Jerusalém, onde será mor-
to e ressuscitará. Dessa cidade os discípulos, repletos do Espí-
rito, sairão para levar a Boa Notícia da libertação até os con-
fins do mundo.
a. Jesus é o Messias de Deus (vv. 18-21)
12. No evangelho de Lucas, os grandes momentos da vida de
Jesus e suas maiores opções nascem de sua comunhão com o
projeto do Pai, na oração. O evangelista gosta de mostrar Jesus
orando ao Pai (v. 18a; cf. 3,21; 5,16; 6,12; 9,28).
13. A pergunta que ele faz aos discípulos: “Quem diz o povo
que eu sou?” (v. 18b) tem a função de levar seus seguidores a
uma síntese daquilo que ele é. A resposta dos discípulos deno-
ta que as pessoas não chegaram a descobrir a identidade de
Jesus: ele acaba sendo confundido com João Batista, Elias ou
um dos antigos profetas que ressuscitou (v. 19). Das velhas
opiniões do povo passa-se à certeza que os seguidores de Jesus
adquirem a partir daquilo que ele realizou: “E vocês, quem
vocês dizem que eu sou?” (v. 20a).
14. A resposta de Pedro, representando os discípulos, é a
grande profissão de fé que sintetiza o que Jesus realizou na
Galiléia: “Tu és o Messias de Deus” (v. 20b). A palavra Mes-
sias (Christós, em grego) resume o que Jesus é e faz: mestre,
profeta e revelador, com plenos poderes, ungido pelo Espírito
de Deus (cf. 4,18). Ele é a presença libertadora de Javé. Com
sua palavra e ação revela e ensina quem é Deus e qual o seu
projeto: liberdade e vida para todos.
15. Jesus recomenda silêncio aos discípulos, pois seu messia-
nismo ainda não se realizou completamente. E, para quem
deseja estar com ele, não bastam palavras. Faz-se necessário o
compromisso (cf. vv. 23-24).
b. O Messias de Deus vai medir forças com a morte e a ven-
cerá (v. 22)
16. O messianismo de Jesus é marcado pelo conflito com os
poderes que geram a morte. Ele tem consciência de que deve
sofrer muito. Jesus não vai sofrer por acaso. Seu sofrimento,
resultado do confronto com o Sinédrio, faz parte dos planos de
Deus. Ele vai enfrentar as estruturas de morte. Enfrentará as
forças da morte na qualidade de “Filho do Homem”, ou seja,
na sua fragilidade humana, sem recursos extraordinários vin-
dos do alto ou de fora. Em seu corpo e humanidade irá revelar
o projeto de Deus.
17. O versículo em questão mostra quem são os adversários
de Jesus: anciãos, sumos sacerdotes e doutores da Lei. São
todos membros do Sinédrio, o supremo tribunal daquele tem-
po. Os anciãos eram aristocratas leigos, latifundiários, donos
do dinheiro. Formavam o núcleo central do partido dos sadu-
ceus, defensores de uma religião materialista. Os sumos sa-
cerdotes eram a aristocracia sacerdotal, detentores dos mais
elevados degraus da hierarquia sacerdotal, cujo primado era o
sumo sacerdócio. Também eles pertenciam ao partido dos
saduceus. Eram os donos do poder. Os doutores da Lei, tam-
bém eles membros do Sinédrio, em sua maioria pertenciam ao
partido dos fariseus. Eram os donos da “verdade”.
18. Em síntese, Jesus irá enfrentar as classes dirigentes, os
donos do dinheiro, do poder e da verdade. Em suas mãos ele
“deve ser morto” porque o ensinamento e a prática de Jesus
contrastam frontalmente com o projeto do Sinédrio. Mas a
morte de Jesus nas mãos dos poderosos é a vitória de Deus,
pois ressuscitará no terceiro dia. É assim que ele realiza seu
messianismo: morrendo, vencendo a morte e comunicando
vida.
c. Os seguidores do Messias (vv. 23-24)
19. O v. 23 apresenta três condições para ser discípulo do
Messias que enfrenta as estruturas de morte: renunciar a si
mesmo, tomar diariamente a cruz e seguir a Jesus. Renunciar
a si mesmo significa desfazer-se de toda ambição pessoal. Em
outras palavras, não ser como o pessoal do Sinédrio: vencer a
ambição do latifúndio, do dinheiro, do poder e do domínio e
controle da verdade. É ser pobre, rompendo definitivamente
com a sociedade que matou Jesus e continua matando pessoas.
Em termos mais concretos, significa reforma agrária, partilha
dos bens, participação do povo nos destinos do mesmo, edu-
cação para todos etc.
20. Tomar a cruz é admitir ser perseguido, não ter medo de
ser “marcado para morrer” pela sociedade que matou o profeta
e o justo. Lucas, nesse particular, acrescenta o advérbio “diari-
amente”, para salientar que a luta é dura e que a resistência
precisa ser constante.
21. Seguir a Jesus é aceitar ser banido, marginalizado, ir com
ele até o fim, enfrentando todas as hostilidades da sociedade
injusta que levou Jesus à morte. Concretamente, isso significa
“perder a vida”. Mas Jesus garante: quem perde assim a vida
irá encontrá-la (v. 24), pois ele ressuscitou e é Senhor da vida.
2ª leitura (Gl 3,26-29): Não há mais judeu nem grego, es-
cravo ou livre, homem ou mulher
22. O trecho de Gálatas escolhido para a liturgia deste do-
mingo traz uma das grandes sínteses de tudo o que Paulo ensi-
nou. Há um só Pai e todos são filhos seus. A união das pessoas
em torno de um único Pai aconteceu com a pregação do Evan-
gelho e com o batismo, conseqüência da adesão ao projeto de
Deus revelado em Jesus Cristo: “Vocês são filhos de Deus
pela fé em Cristo Jesus” (v. 26).
23. Paulo vê o batismo como nova identidade. Essa afirmação
decorre do simbolismo da roupa nova. O batismo é assumir a
identidade de Cristo. Com ele nos tornamos cristãos. Cristão,
portanto, é a expressão visível de Cristo, do qual recebemos o
nome e a identidade.
24. Quais as conseqüências disso? Aqui chegamos a uma das
maiores sínteses do Evangelho de Paulo: “Não há mais judeu
ou não-judeu, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos
vocês são um só em Cristo Jesus” (v. 28). Os judeus discrimi-
navam os não-judeus. E nas comunidades gálatas, os judeu-
cristãos achavam que os pagãos (gregos) convertidos ao E-
vangelho seriam cristãos “de segunda classe”. Os judeus ad-
mitiam classes: alguns precisam ser senhores, e outros foram
destinados a ser escravos. Discriminavam também entre ho-
mem e mulher: o bom judeu agradece a Deus, todas as ma-
nhãs, por tê-lo criado homem.
25. Os gregos também faziam questão de raça, admitiam
classes sociais e relegavam a mulher a um plano inferior.
Segundo as classificações gregas, os escravos vinham após os
rebanhos, e eram considerados como coisas, propriedade de
alguém, que pode dispor deles a seu contento.
26. No mundo romano, os escravos são considerados res (=
coisa), algo que pode ser comprado ou vendido. Para o filóso-
fo Catão, um escravo velho vale menos que um velho boi:
deste, pelo menos, pode-se aproveitar a carne, ainda que dura
para os dentes. O historiador Tácito, falando do massacre de
um grupo de escravos, qualifica-o como “vile damnum”, isto
é, “perda de pouco valor”.
27. O Evangelho acaba com tudo isso: “Todos vocês são um
só em Cristo Jesus”! Nós, desgraçadamente, nunca levamos a
sério o Evangelho que Paulo prega. A Igreja também não. E
nos calamos diante da escandalosa diferença entre o salário
mínimo e o dos deputados e senadores, por exemplo. Paulo
encontrou dificuldades pastorais para chegar à concretização
desse ideal. Mas deu passos muito maiores que os nossos: o
escravo Onésimo tornou-se cristão livre e as mulheres ocupa-
vam espaço muito maior nas comunidades paulinas do que nas
nossas (veja-se o caso da diaconisa Febe).
28. Por que não há, segundo o Evangelho, discriminação de
raça, condição social e sexo? Porque somos todos de Cristo,
descendentes de Abraão, herdeiros segundo a promessa (v.
29). Abraão é pai dos que crêem (cf. Gn 15,6). Os que acredi-
tam em Cristo são abençoados, junto com Abraão, que acredi-
tou (cf. Gl 3,9). A promessa feita a Abraão é esta: “Todas as
nações serão abençoadas em você” (Gl 3,8; cf. Gn 12,3). Por-
tanto, que sentido têm as diferenciações? Discriminar é estar
ainda sob a religião da Lei, abolida para sempre pela morte e
ressurreição de Cristo. Então, que tipo de religião é a nossa?
Religião da Lei, ou religião que nasce do Evangelho de Jesus
Cristo?
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
29. Lições do assassinato de um inocente (2ª leitura Gl 3,26-29). O que aprendemos da mor-
te violenta de pessoas? O que aprendemos da morte à míngua do nosso povo? Não são nossos
dias um tempo de clamor, súplica e tomada de consciência?
30. O Messias e seus seguidores (Evangelho Lc 9,18-24). O messianismo de Jesus é resistên-
cia, enfrentamento e vitória sobre as forças de morte. Quem é Jesus para nós? Renunciar a nós
mesmos, tomar a cruz diariamente e seguir a Jesus: qual o sentido dessas exigências para a ca-
minhada das comunidades cristãs?
31. Não há mais judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher (2ª leitura Gl 3,26-
29). Por que continuamos a discriminar e a criar classes sociais? É isso estar revestido de Cris-
to? Não estamos ainda vivendo a “Religião da Lei”? Quais as conseqüências do nosso batismo?

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A resposta vem a seguir: “Ao contemplar-me transpassa- do por eles mesmos, ficarão de luto, como se faz luto por um filho único; chorarão como se chora amargamente um primo- gênito” (v. 10b). O motivo, portanto, é o assassinato de um inocente. E isso se torna muito mais grave por se parecer com a morte de filho único ou de primogênito. Daí decorrem pran- to e luto, arrependimento e conversão. O v. 11 compara esse tempo de luto aos dias em que Judá pranteou Josias, o rei justo e piedoso, morto na batalha de Meguido (cf. 2Rs 23,29). O texto deixa claro que o povo matou um inocente e, tardiamen- te, tomou consciência das conseqüências desse fato. Mas quem é o transpassado? 8. Há diversas tentativas de resposta. Alguns afirmam que é o povo de Israel. Vítima da idolatria, toma consciência, lamen- ta profundamente, se arrepende de forma espetacular e volta para Deus. Outros sustentam que o transpassado é o rei Josias, símbolo do povo exilado. Finalmente, há quem defenda a idéia de que é o próprio Deus que se sente transpassado nos inocen- tes mortos. 9. As três alternativas nos conduzem sempre à mesma ques- tão: qual o significado e alcance do assassinato de pessoas inocentes (menores, sem-terra, lideranças populares)? O que aprender de um povo oprimido que morre à míngua? O que aprender da morte violenta de líderes sindicais, sendo que os executores e mandantes continuam impunes? Isso não é um atentado contra o próprio Deus, que se sente transpassado nos inocentes mortos? 10. O evangelho de João (19,37) viu em Jesus crucificado a realização daquilo que Zacarias anunciava de forma obscura. E isso também é questionador: a morte de Jesus destruiu, para sempre, as forças de morte. Por que, então, nosso povo conti- nua sendo massacrado? Evangelho (Lc 9,18-24): O Messias e seus seguidores 11. O trecho escolhido para este domingo situa-se no final da atividade de Jesus na Galiléia (Lc 4,14-9,50). A seguir, ele empreenderá o longo caminho para Jerusalém, onde será mor- to e ressuscitará. Dessa cidade os discípulos, repletos do Espí- rito, sairão para levar a Boa Notícia da libertação até os con- fins do mundo. a. Jesus é o Messias de Deus (vv. 18-21) 12. No evangelho de Lucas, os grandes momentos da vida de Jesus e suas maiores opções nascem de sua comunhão com o projeto do Pai, na oração. O evangelista gosta de mostrar Jesus orando ao Pai (v. 18a; cf. 3,21; 5,16; 6,12; 9,28). 13. A pergunta que ele faz aos discípulos: “Quem diz o povo que eu sou?” (v. 18b) tem a função de levar seus seguidores a uma síntese daquilo que ele é. A resposta dos discípulos deno- ta que as pessoas não chegaram a descobrir a identidade de Jesus: ele acaba sendo confundido com João Batista, Elias ou um dos antigos profetas que ressuscitou (v. 19). Das velhas opiniões do povo passa-se à certeza que os seguidores de Jesus adquirem a partir daquilo que ele realizou: “E vocês, quem vocês dizem que eu sou?” (v. 20a). 14. A resposta de Pedro, representando os discípulos, é a grande profissão de fé que sintetiza o que Jesus realizou na Galiléia: “Tu és o Messias de Deus” (v. 20b). A palavra Mes- sias (Christós, em grego) resume o que Jesus é e faz: mestre, profeta e revelador, com plenos poderes, ungido pelo Espírito de Deus (cf. 4,18). Ele é a presença libertadora de Javé. Com sua palavra e ação revela e ensina quem é Deus e qual o seu projeto: liberdade e vida para todos. 15. Jesus recomenda silêncio aos discípulos, pois seu messia- nismo ainda não se realizou completamente. E, para quem deseja estar com ele, não bastam palavras. Faz-se necessário o compromisso (cf. vv. 23-24). b. O Messias de Deus vai medir forças com a morte e a ven- cerá (v. 22) 16. O messianismo de Jesus é marcado pelo conflito com os poderes que geram a morte. Ele tem consciência de que deve sofrer muito. Jesus não vai sofrer por acaso. Seu sofrimento, resultado do confronto com o Sinédrio, faz parte dos planos de Deus. Ele vai enfrentar as estruturas de morte. Enfrentará as forças da morte na qualidade de “Filho do Homem”, ou seja,
  • 2. na sua fragilidade humana, sem recursos extraordinários vin- dos do alto ou de fora. Em seu corpo e humanidade irá revelar o projeto de Deus. 17. O versículo em questão mostra quem são os adversários de Jesus: anciãos, sumos sacerdotes e doutores da Lei. São todos membros do Sinédrio, o supremo tribunal daquele tem- po. Os anciãos eram aristocratas leigos, latifundiários, donos do dinheiro. Formavam o núcleo central do partido dos sadu- ceus, defensores de uma religião materialista. Os sumos sa- cerdotes eram a aristocracia sacerdotal, detentores dos mais elevados degraus da hierarquia sacerdotal, cujo primado era o sumo sacerdócio. Também eles pertenciam ao partido dos saduceus. Eram os donos do poder. Os doutores da Lei, tam- bém eles membros do Sinédrio, em sua maioria pertenciam ao partido dos fariseus. Eram os donos da “verdade”. 18. Em síntese, Jesus irá enfrentar as classes dirigentes, os donos do dinheiro, do poder e da verdade. Em suas mãos ele “deve ser morto” porque o ensinamento e a prática de Jesus contrastam frontalmente com o projeto do Sinédrio. Mas a morte de Jesus nas mãos dos poderosos é a vitória de Deus, pois ressuscitará no terceiro dia. É assim que ele realiza seu messianismo: morrendo, vencendo a morte e comunicando vida. c. Os seguidores do Messias (vv. 23-24) 19. O v. 23 apresenta três condições para ser discípulo do Messias que enfrenta as estruturas de morte: renunciar a si mesmo, tomar diariamente a cruz e seguir a Jesus. Renunciar a si mesmo significa desfazer-se de toda ambição pessoal. Em outras palavras, não ser como o pessoal do Sinédrio: vencer a ambição do latifúndio, do dinheiro, do poder e do domínio e controle da verdade. É ser pobre, rompendo definitivamente com a sociedade que matou Jesus e continua matando pessoas. Em termos mais concretos, significa reforma agrária, partilha dos bens, participação do povo nos destinos do mesmo, edu- cação para todos etc. 20. Tomar a cruz é admitir ser perseguido, não ter medo de ser “marcado para morrer” pela sociedade que matou o profeta e o justo. Lucas, nesse particular, acrescenta o advérbio “diari- amente”, para salientar que a luta é dura e que a resistência precisa ser constante. 21. Seguir a Jesus é aceitar ser banido, marginalizado, ir com ele até o fim, enfrentando todas as hostilidades da sociedade injusta que levou Jesus à morte. Concretamente, isso significa “perder a vida”. Mas Jesus garante: quem perde assim a vida irá encontrá-la (v. 24), pois ele ressuscitou e é Senhor da vida. 2ª leitura (Gl 3,26-29): Não há mais judeu nem grego, es- cravo ou livre, homem ou mulher 22. O trecho de Gálatas escolhido para a liturgia deste do- mingo traz uma das grandes sínteses de tudo o que Paulo ensi- nou. Há um só Pai e todos são filhos seus. A união das pessoas em torno de um único Pai aconteceu com a pregação do Evan- gelho e com o batismo, conseqüência da adesão ao projeto de Deus revelado em Jesus Cristo: “Vocês são filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (v. 26). 23. Paulo vê o batismo como nova identidade. Essa afirmação decorre do simbolismo da roupa nova. O batismo é assumir a identidade de Cristo. Com ele nos tornamos cristãos. Cristão, portanto, é a expressão visível de Cristo, do qual recebemos o nome e a identidade. 24. Quais as conseqüências disso? Aqui chegamos a uma das maiores sínteses do Evangelho de Paulo: “Não há mais judeu ou não-judeu, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vocês são um só em Cristo Jesus” (v. 28). Os judeus discrimi- navam os não-judeus. E nas comunidades gálatas, os judeu- cristãos achavam que os pagãos (gregos) convertidos ao E- vangelho seriam cristãos “de segunda classe”. Os judeus ad- mitiam classes: alguns precisam ser senhores, e outros foram destinados a ser escravos. Discriminavam também entre ho- mem e mulher: o bom judeu agradece a Deus, todas as ma- nhãs, por tê-lo criado homem. 25. Os gregos também faziam questão de raça, admitiam classes sociais e relegavam a mulher a um plano inferior. Segundo as classificações gregas, os escravos vinham após os rebanhos, e eram considerados como coisas, propriedade de alguém, que pode dispor deles a seu contento. 26. No mundo romano, os escravos são considerados res (= coisa), algo que pode ser comprado ou vendido. Para o filóso- fo Catão, um escravo velho vale menos que um velho boi: deste, pelo menos, pode-se aproveitar a carne, ainda que dura para os dentes. O historiador Tácito, falando do massacre de um grupo de escravos, qualifica-o como “vile damnum”, isto é, “perda de pouco valor”. 27. O Evangelho acaba com tudo isso: “Todos vocês são um só em Cristo Jesus”! Nós, desgraçadamente, nunca levamos a sério o Evangelho que Paulo prega. A Igreja também não. E nos calamos diante da escandalosa diferença entre o salário mínimo e o dos deputados e senadores, por exemplo. Paulo encontrou dificuldades pastorais para chegar à concretização desse ideal. Mas deu passos muito maiores que os nossos: o escravo Onésimo tornou-se cristão livre e as mulheres ocupa- vam espaço muito maior nas comunidades paulinas do que nas nossas (veja-se o caso da diaconisa Febe). 28. Por que não há, segundo o Evangelho, discriminação de raça, condição social e sexo? Porque somos todos de Cristo, descendentes de Abraão, herdeiros segundo a promessa (v. 29). Abraão é pai dos que crêem (cf. Gn 15,6). Os que acredi- tam em Cristo são abençoados, junto com Abraão, que acredi- tou (cf. Gl 3,9). A promessa feita a Abraão é esta: “Todas as nações serão abençoadas em você” (Gl 3,8; cf. Gn 12,3). Por- tanto, que sentido têm as diferenciações? Discriminar é estar ainda sob a religião da Lei, abolida para sempre pela morte e ressurreição de Cristo. Então, que tipo de religião é a nossa? Religião da Lei, ou religião que nasce do Evangelho de Jesus Cristo? III. PISTAS PARA REFLEXÃO 29. Lições do assassinato de um inocente (2ª leitura Gl 3,26-29). O que aprendemos da mor- te violenta de pessoas? O que aprendemos da morte à míngua do nosso povo? Não são nossos dias um tempo de clamor, súplica e tomada de consciência? 30. O Messias e seus seguidores (Evangelho Lc 9,18-24). O messianismo de Jesus é resistên- cia, enfrentamento e vitória sobre as forças de morte. Quem é Jesus para nós? Renunciar a nós mesmos, tomar a cruz diariamente e seguir a Jesus: qual o sentido dessas exigências para a ca- minhada das comunidades cristãs? 31. Não há mais judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher (2ª leitura Gl 3,26- 29). Por que continuamos a discriminar e a criar classes sociais? É isso estar revestido de Cris- to? Não estamos ainda vivendo a “Religião da Lei”? Quais as conseqüências do nosso batismo?