Desenvolvimento e estudo da estabilidade de xampu anticaspa
1. Desenvolvimento e estudo de estabilidade de Xampu Anti-
caspa a base de Piritionato de Zinco 2%
Elton A. D. Lourenço1
, Magaly A. M. M.de Lyra2*
1
Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) – Recife, PE-Brasil
2
Faculdade Estácio do Recife (FIR) – Recife, PE - Brasil
*[email protected]
Resumo
Um dos xampus anticaspa mais utilizados, atualmente, possui como princípio ativo o
Piritionato de Zinco (PTZ), pois, além de fungicida, apresenta atividade bactericida e
algicida. Baseado nessas informações, este artigo teve como objetivo a obtenção de um
xampu a base de PTZ à 2% e avaliação da sua estabilidade preliminar e acelerada. Foi
obtida uma formulação a qual foi avaliada no teste de centrifugação, estabilidade
preliminar e acelerada, as propriedades organolépticas e físico-químicas do produto
final antes e após a incorporação do Piritionato de Zinco à 2%. Com base em todos os
resultados obtidos, podemos concluir que a formulação desenvolvida, mostrou-se com
uma boa estabilidade frente às condições as quais foi submetida.
Abstract
One of the most widely used anti-dandruff shampoos nowadays, Zinc Pyrithione (PTZ)
as the active ingredient, because in addition of beging fungicide, it also presents
bactericide and algaecide activities. Based on this information, this paper aims to obtain
a shampoo base PTZ 2% and acelerate and preliminary assessment of its stability and
accelerated. The formulations were obtained from three different compositions, which
were evaluated in the centrifugation test, and preliminary accelerated stability, the
organoleptic and physicochemical final product before and after the incorporation of
Zinc Pyrithione 2%. Based on all the results, we can conclude that the formulation
developed, showed up with a good stability in the conditions which it was submitted.
1. Introdução
Atualmente, existem, no mercado, diversos produtos de higiene pessoal com
objetivos diferentes. Um produto destaque são os xampus, os quais possuem como
finalidade a limpeza dos cabelos e do couro cabeludo mais além de servir como veículo
de princípios ativos, podem ser acrescentados nas suas formulações alguns princípios
ativos que tenham alguma ação terapêutica (Ferreira, 2008).
Em uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)
sobre o perfil nosológico das doenças dermatológicas no Brasil, baseado em mais de 57
mil consultas dermatológicas, foi demonstrado que um dos principais motivos de
consulta foram as micoses superficiais (8,7%), tanto no setor público como no setor
privado, e em todos os grupos etários avaliados. A causa mais frequente e o crescimento
excessivo de um fungo comensal leveduriforme chamado Pityrosporum (Malassezia)
2. ovale, que está associado com a presença de caspa, atualmente uma das alterações mais
comuns que acometem o couro cabeludo. Acredita-se que cerca de 50% da população
adulta apresente este problema, que tem como característica a descamação excessiva,
difusa e visível do couro cabeludo, com a presença de irritação e coceira local (SBD,
2006; Nemer, 2004).
Um dos produtos anticaspa mais utilizados, atualmente, possui como ingrediente
ativo o piritionato de zinco (PTZ), pois, além de fungicida, apresenta atividades
bactericida e algicida (Shih et al., 2004). Já em relação a sua toxicidade, o PTZ
apresenta toxicidade inespecífica às células epidérmicas. Liga-se ao cabelo e as camadas
externas da pele de maneira forte (França, 2006).
Qualquer produto, seja ele industrial ou manipulado, há uma necessidade de
realizar testes preliminares de estabilidade e avaliação da qualidade do produto antes da
liberação do controle de qualidade para o consumidor final. Estes testes são realizados
para garantir basicamente a sua estabilidade até o fim do seu prazo de validade, ou seja,
garantir que o produto realize de forma eficaz a sua ação para com a qual foi criado
(Anvisa, 2012).
De acordo com Staub et al (2007), a exposição do produto à luz pode influenciar
na estabilidade levando a modificações físico-químicas, tais como coloração ou
descoloração do produto; além disso, a exposição inapropriada à luz pode originar
produtos tóxicos de fotodegradação. Já a temperatura, pode afetar a estabilidade por
meio do aumento da velocidade da reação, ocasionando alterações na atividade de
componentes, viscosidade, aspecto, cor e odor do produto; em contrapartida, baixas
temperaturas podem acelerar possíveis alterações físicas como turvação, precipitação e
cristalização. A influência da temperatura pode ser reduzida pela correta seleção da
forma de armazenamento, seja sob temperatura ambiente, refrigeração ou congelamento
(Anvisa, 2012; Thompson, 2006).
Desta forma, os estudos de estabilidade visam contribuir para, orientar o
desenvolvimento da formulação e escolha da embalagem adequada; fornecer subsídios
para o aperfeiçoamento das formulações; estimar o prazo de validade e fornecer
informações para a sua confirmação; auxiliar no monitoramento da estabilidade
organoléptica, físico-química e microbiológica, produzindo informações sobre a
confiabilidade e segurança dos produtos (Thompson, 2006).
Diante do exposto, este artigo teve como objetivo a obtenção de um xampu a
base de PTZ à 2% e avaliação da sua estabilidade preliminar e acelerada.
2. Material e Métodos
A formulação obtida teve como composição a descrita no Quadro 1, as quais foi
avaliada quanto as propriedades organolépticas e físico-químicas do produto final antes
e após a incorporação do princípio ativo, tendo como amostra de referência
padrão/controle o xampu Clear - Loreal. Na formulação, foi utilizado o ativo PTZ do
lote ALL 50341 fornecido pela Rishon Produtos Cosméticos, o qual foi incorporado na
base de xampu suspensor em concentração de 2%. Todas as análises foram realizadas
em triplicata e com tratamento estatístico.
3. Quadro 1 – Composição da formulação desenvolvida do xampu.
a. Teste de Centrifugação
Antes de iniciar os testes de estabilidade, as formulações foram submetidas ao
teste de centrifugação utilizando a centrífuga de marca CentriBio modelo TDL80-2B,
com rotação de 3.000 rpm por 30 minutos. No estudo foi verificado se as mesmas
permaneceram estáveis ou se apresentaram algum sinal de instabilidade. As amostras
que permaneceram estáveis à aplicação da força centrífuga foram acondicionadas, em
triplicata, e submetidas aos estresses térmicos.
b. Estabilidade Preliminar
As amostras (base e formulações) foram levadas para a realização do ciclo
gelo/degelo de acordo com o guia de estabilidade da Anvisa (2012), onde foram
armazenadas em temperaturas alternadas de 45 ± 20
C, e a –5 ± 20
C, em intervalos
regulares de tempo de 24 horas durante 12 dias (6 ciclos).
c. Estabilidade Acelerada
As formulações foram levadas a condições extremas de temperatura com o
objetivo de acelerar possíveis reações entre seus componentes gerando a sua
instabilidade. Esta fase teve como duração 45 dias onde, foram submetidas ao
aquecimento em estufa Olidef® CZ, sob temperatura de 40 ± 20
C; a refrigeração em
geladeira Consul®, modelo CRC28, sob temperatura de 5 ± 20
C; e, por fim, a
exposição à radiação luminosa (luz solar ambiental). A periodicidade de avaliação das
amostras foi nos tempos zero, 24 horas e aos 70
, 150
, 300
e 450
dias.
2.4 Testes Organolépticas
Em relação ao aspecto visual, foi observado se a amostra em estudo manteve as
mesmas características “macroscópicas” da amostra de referência padrão/controle
(Clear – Loreal) ou se ocorreram alterações do tipo separação de fases, turvação,
Base de Xampu Componentes % Funções
C
Lauril éter sulfato 30 Agente tensoativo
5 Agente Espessante
Betaion (Betaina de coco) 2 Tensoativo anfótero
Glicerina 10 Agente umectante
Cloreto de sódio 0,4 Agente Espessante
0,2 Agente Conservante
EDTA 0,1 Agente quelante
Ácido citrico Ph 6,0 - 7,0 - Agente regulador de pH
Água qsp 100ml qsp 100ml Veículo
Alkalan k 90 (Dietalonamina de
ácido graxo)
Novamit (metilisotiazolinona e
fenoxietanol)
4. precipitação e outros. A análise da cor (colorimetria) e odor foram realizados por meio
visual e através do olfato, respectivamente, comparando a cor com o tempo zero da
amostra e o odor, em análise, com o odor do padrão de referência, armazenado nas
mesmas condições.
2.5 Físico-Químicos
2.5.1 Determinação de pH
A determinação do pH das formulações foi executada em duas etapas. Na
primeira, foi aferido o pH de todas as bases, ajustando quando necessário, e na segunda
fase foi medido após a incorporação do princípio ativo. Todas as aferições foram
realizadas em um Phmetro marca Gehaka e modelo PG1800, previamente calibrado.
2.5.2 Determinação de Viscosidade
Foram oferecidas medidas a resistência das amostras ao fluxo comparando com
o padrão através da análise de viscosidade, utilizando o viscosímetro marca Quimis® e
modelo Q868M21, spindell 3 e 4, rotação 10 rpm durante 2 minutos, podendo assim,
determinar as suas curvas reológicas.
2.5.3 Densidade
A densidade relativa (dr) das amostras foram calculadas utilizando um
picnômetro, que se trata de um pequeno frasco de vidro construído cuidadosamente de
forma que o volume do fluido que contenha seja invariável10
. A densidade foi calculada
através da seguinte equação11
:
d = M1 - M0
V
Onde: d = densidade; M0 = massa do picnômetro vazio, em gramas; M1 = massa
do picnômetro com a amostra, em gramas; V = volume da amostra em mL.
3. Resultados e Discussão
3.1 Teste de Centrifugação
A centrifugação, o estresse térmico e os ciclos de congelamento e
descongelamento são ensaios realizados em condições extremas de armazenamento que
podem fornecer indicações de instabilidade da formulação, mostrando a necessidade de
alteração na sua composição (Isaac et al, 2008).
Na avaliação da base C isolada e com o princípio ativo incorporado e amostra
controle, não foram evidenciadas a separação de fases em nenhuma das amostras
submetidas ao teste de centrifugação.
As amostras dos grupos C foram analisadas nas etapas seguintes do estudo de
5. estabilidade, uma vez que, mantiveram-se visualmente estáveis no teste de
centrifugação.
3.2 Estabilidade Preliminar
O teste de estabilidade preliminar, realizado em um curto intervalo de tempo,
pode ser considerado um teste orientativo no desenvolvimento de produtos. Consiste em
submeter a amostra a condições extremas de temperatura, objetivando acelerar
processos de instabilidade, para auxiliar na triagem de formulações e não ser estimativo
de vida útil do produto (Isaac et al., 2008).
No que diz respeito aos parâmetros organolépticos não houveram nenhuma
alteração na coloração, homogeneidade e no odor das amostras submetidas às condições
extremas de temperatura e ciclo de aquecimento e resfriamento, permanecendo,
portanto, compatíveis com a amostra do tempo 0 e se mantendo, assim, estáveis
visualmente. Essas avaliações da homogeneidade, cor e odor do produto acabado são de
fundamental importância, pois é, possivelmente, um dos métodos mais simples para se
determinar a qualidade de uma formulação de cosmético. Alterações na cor, odor e
precipitação da preparação podem ser indicativas de alterações químicas, bem como
contaminação microbiológica.
Em relação ao pH, as formulações do grupo C e o Controle tiveram pequenas
variações no pH, exceto as formulações C1*, C2*, C3* que tiveram variações um pouco
maior. Entretanto, todas as formulações do grupo C e o Controle permaneceram com o
pH dentro da faixa (5,0 e 7,0) considerada adequada para formulações de xampu.
Sobre a viscosidade, sabemos que a mesma se define como a resistência que o
produto oferece à deformação ou ao fluxo. A viscosidade depende das características
físico-químicas e das condições de temperatura do material. Um xampu deve ter uma
viscosidade adequada para que permaneça na mão antes de aplicado aos cabelos e,
durante a aplicação, deverá diluir-se facilmente e espalhar-se rapidamente pelo couro
cabeludo. Durante a pesquisa não foi encontrado valores de referência para viscosidade
de xampu. Em relação a este quesito, na comparação entre a viscosidade inicial (Tempo
0) e a final (Tempo 12) das amostras, verificou-se que não tiveram uma mudança
significativa nas suas viscosidades apesar de durante esse intervalo de tempo terem
havido variações nos seus valores, continuando assim, com uma viscosidade ideal para
o uso.
Com relação à densidade das amostras, foram verificadas que, durante todo o
teste, ocorreram variações mínimas onde as amostras permaneceram estáveis em
comparação ao tempo inicial com o final. Entretanto, é considerado de uma forma geral
que a densidade ideal para xampus líquidos encontre-se entre 1,010 e 1,020g/ml. Deste
modo, podemos perceber, de acordo com as tabelas 1, 2 e 3, as amostras do grupo C
permaneceram durante todo o teste dentre desta especificação.
6. Tabela 1,2 e 3- Resultados do teste de estabilidade preliminar.
O estudo da estabilidade contribui para orientar o desenvolvimento da
formulação e do material de acondicionamento; fornecer subsídios para
aperfeiçoamento das formulações; estimar o prazo de validade e fornecer informações
para sua confirmação; auxiliar no monitoramento da estabilidade organoléptica,
físicoquímica e microbiológica, produzindo informações sobre a confiabilidade e
segurança dos produtos (Isaac et al., 2008).
3.3 Estabilidade Acelerada
3.3.1 Características Organolépticas
Em relação aos parâmetros organolépticos, nenhuma das amostras apresentaram
alterações de coloração e odor após serem submetidas às condições extremas de
temperatura de aquecimento e resfriamento, permanecendo, portanto, estáveis
visualmente, durante todo o período de análise.
Plano dos Testes a Serem Realizados
Estabilidade Preliminar
C 3 C 3* C O NTRO LE
TEMPO TEMP. Ph VISC O S. DENS. Ph VISC O S . DENS. Ph VISC O S. DENS.
T0 6,85 5412,4 1,009 6,19 5462,9 1,016 6,28 11546 1,024
T1 6,96 5711,8 1,01 6,18 5600,9 1,012 6,38 11500 1,027
T2 6,9 5799,8 1,01 6,99 5866,9 1,013 6,18 12694 1,029
T3 7,2 6021,1 1,015 6,98 4975,2 1,016 6,36 11662 1,025
T4 6,95 6001,1 1,017 6,23 5100 1,015 6,35 11800 1,027
T5 7 7022 1,018 6,4 5304 1,015 6,5 11801 1,026
T6 6,91 7012 1,018 6,4 5480 1,017 6,52 11801 1,026
T7 6,7 7022 1,018 6,4 5799 1,018 6,5 11843 1,028
T8 6,9 6822 1,018 6,51 5999 1,018 6,5 11846 1,028
T9 7 6322,1 1,017 6,55 5649,8 1,018 6,49 11900 1,028
T10 6,8 6191 1,017 6,67 5555,7 1,017 6,46 12233 1,028
T11 6,81 6142 1,017 6,8 4583 1,01 6,4 12346 1,028
T12 7,1 5512,9 1,009 6,85 4583,9 1,01 6,39 12449 1,029
35 ± 20
C
5 ± 20
C
40 ± 20
C
5 ± 20
C
40 ± 20
C
5 ± 20
C
40 ± 20
C
5 ± 20
C
40 ± 20
C
5 ± 20
C
40 ± 20
C
5 ± 20
C
40 ± 20
C
Plano dos Testes a Serem Realizados Plano dos Testes a SeremRealizados
Estabilidade Preliminar Estabilidade Preliminar
C1 C1* CONTROLE C2 C2* CONTROLE
TEMPO TEMP. Ph VISCOS. DENS. Ph VISCOS. DENS. Ph VISCOS. DENS. TEMPO TEMP. Ph VISCOS. DENS. Ph VISCOS. DENS. Ph VISCOS. DENS.
T0 6,85 5412,4 1,009 6,19 5462,9 1,016 6,28 11546 1,024 T0 6,85 5412,4 1,009 6,19 5462,9 1,016 6,28 11546 1,024
T1 6,97 5712,8 1,01 6,19 5600,9 1,012 6,38 11500 1,027 T1 6,98 5711,9 1,01 6,19 5600,9 1,014 6,38 11500 1,027
T2 7 5732,8 1,01 6,97 5888,9 1,01 6,18 12694 1,029 T2 7,1 5799,8 1,012 6,97 5858,5 1,01 6,18 12694 1,029
T3 7,1 6021,1 1,015 6,98 4985,2 1,016 6,36 11662 1,025 T3 7,1 6221,1 1,015 6,98 4999,2 1,016 6,36 11662 1,025
T4 6,96 6091,1 1,017 6,29 5111 1,015 6,35 11800 1,027 T4 6,95 6022,9 1,017 6,29 5100 1,015 6,35 11800 1,027
T5 6,8 7033 1,019 6,4 5304 1,017 6,5 11801 1,026 T5 6,9 7022 1,018 6,4 5325 1,017 6,5 11801 1,026
T6 6,91 7000 1,018 6,5 5488 1,016 6,52 11801 1,026 T6 6,99 6999,9 1,017 6,56 5480 1,017 6,52 11801 1,026
T7 6,9 7022 1,018 6,4 5799 1,018 6,5 11843 1,028 T7 6,9 7019,9 1,018 6,4 5697 1,018 6,5 11843 1,028
T8 6,8 6829 1,018 6,51 5985 1,017 6,5 11846 1,028 T8 6,89 6822 1,016 6,51 5999 1,018 6,5 11846 1,028
T9 7 6322,1 1,017 6,55 5649,8 1,017 6,49 11900 1,028 T9 7 6322,1 1,017 6,59 5659,4 1,017 6,49 11900 1,028
T10 6,9 6191 1,016 6,65 5555,7 1,017 6,46 12233 1,028 T10 6,9 6191 1,017 6,67 5555,7 1,017 6,46 12233 1,028
T11 6,87 6149 1,017 6,8 4599 1,014 6,4 12346 1,028 T11 6,83 6142 1,017 6,8 4555,5 1,015 6,4 12346 1,028
T12 7 5512,9 1,009 6,85 4583,9 1,015 6,39 12449 1,029 T12 7 5512,9 1,009 6,81 4583,1 1,01 6,39 12449 1,029
35 ± 20
C 35 ± 20
C
5 ± 20
C 5 ± 20
C
40 ± 20
C 40 ± 20
C
5 ± 20
C 5 ± 20
C
40 ± 20
C 40 ± 20
C
5 ± 20
C 5 ± 20
C
40 ± 20
C 40 ± 20
C
5 ± 20
C 5 ± 20
C
40 ± 20
C 40 ± 20
C
5 ± 20
C 5 ± 20
C
40 ± 20
C 40 ± 20
C
5 ± 20
C 5 ± 20
C
40 ± 20
C 40 ± 20
C
7. 3.3.2 Características físico-químicas
3.3.2.1 Determinação de pH
As amostras do grupo C e o Controle tiveram variações abaixo de 1 no pH onde,
as bases (C1, C2 e C3) variaram de 6,85 a 6,97, amostra com ativo (C1*, C2* e C3*)
variaram de 6,18 a 6,41 e a Controle de 6,27 a 6,38 (Figura 1); Mantendo-se um pH de
ligeiramente ácido a próximo da neutralidade. Como podemos verificar, as formulações
do grupo C e o Controle permaneceram com o pH estável dentro da faixa considerável
adequada para formulações de xampu que devem permanecer entre 5,0 e 7,0, porém,
devem ter pH preferencialmente ácido, compatível com o pH da pele. Para formulações
capilares, deve-se estimar o fato de que o couro cabeludo quando na presença de caspa
está sofrendo uma agressão física e, dessa forma, se o pH ideal não for respeitado,
outros problemas, como irritabilidade acentuada, poderá causar desconforto ao paciente
e dessa forma, ocasionar a não aceitação do produto.
Figura 1 - Determinação do pH durante o teste de estabilidade acelerada.
3.3.2.2 Determinação de Viscosidade
Em relação a viscosidade de um fluido, a mesma pode ser descrita normalmente
como sua resistência ao fluxo ou movimento. Em um xampu, usualmente, corrige-se o
pH até a faixa estabelecida, depois se procede a correção da viscosidade, com a adição
de cloreto de sódio. Baseado nessas informações, foram medidas a resistência das
formulações ao fluxo (Figura 2).
8. Figura 2 - Determinação da viscosidade durante o teste de estabilidade acelerada.
Nas formulações dos grupos C e Controle houveram variações no decorrer do
teste nas três temperaturas, entretanto, permanecendo com uma viscosidade ideal para
sua utilização. As bases (C1, C2 e C3) variaram de 5412,4 a 7231 cP ; amostra com
ativo (C1*, C2* e C3*) variaram de 5462,9 a 6705,8 cP e por fim, o Controle variou de
11055 a 11980 cP.
As formulações do grupo C apresentaram na sua composição dois agentes que,
além de terem papel de limpeza, tem a capacidade de sinergicamente contribuírem na
viscosidade, que são o lauril éter sulfato de sódio tensoativo aniônico(em menor
concentração em relação as outras formulações) e a cocoamidopropil betaína, que é um
tensoativo anfótero utilizado com as finalidades de melhorar espuma, viscosidade da
formulação, e a penteabilidade e condicionamento dos cabelos, diminui a irritação
causada por agentes aniônicos e atua como um excelente agente de limpeza para peles
oleosas, apresentando também, propriedades de diminuir a tensão superficial da água e
dos outros líquidos, ou seja, diminuírem a força resultante de coesão entre as moléculas
dos líquidos. Além deles, a glicerina é um excelente umectante que retém a água na
pele, bem como na formulação impedindo assim a evaporação de água da fórmula. Já a
dietanolamina de ácido graxo de coco contribuiu também para aumento da viscosidade
já que atua como agente espessante, espumante e sobrengordurante.
3.3.2.3 Densidade
Com a utilização de um picnômetro, foram obtidos os seguintes resultados,
conforme a figura 3, do teste de estabilidade acelerada.
Foram evidenciadas que durante todo o teste, todas as formulações obtiveram
pequenas variações onde, os valores do tempo final ficaram próximos ao inicial. A
formulação C1, C2 e C3 variaram de 1,009 à 1,2; Amostra com ativo (C1*, C2* e C3*)
variaram de 1,012 à 1,019 e por fim, a formulação Controle variou de 1,024 à 1,028.
Todavia, é considerado de uma forma geral que a densidade ideal para xampus líquidos
9. encontre-se entre 1,010 e 1,020g/ml. Deste modo podemos perceber, que as formulações
do grupo C permaneceram, durante todo o teste, dentre deste intervalo.
Figura 3 - Determinação da densidade durante o teste de estabilidade acelerada.
4. Conclusão
O estudo da estabilidade fornece indicações sobre o comportamento do produto,
em determinado intervalo de tempo, frente a condições ambientais a que possa ser
submetido, desde a fabricação até o término da validade.
Diante do exposto, evidenciamos que a formulação desenvolvida (Base C com o
ativo PTZ à 2%), mostrou-se estável frente as condições as quais foi submetida,
possibilitando o desenvolvimento de xampus anticaspa, dentro dos parâmetros de
qualidade e com estabilidade.
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