MODALIZAÇÃO
Modalidade
Força ilocutória
Indicadores modais
Lexicalização da modalidade
Indicadores atitudinais
Silogismo deôntico
MODALIDADE
O estudo da modalidade originou-se,
na antiguidade clássica, no âmbito da
lógica e da matemática; mas, hoje, é de
suma importância para as disciplinas da
linguagem e do discurso.
Os principais tipos de modalidade são:
 necessário/possível (modalidade alética)
 certo/incerto (modalidade epistêmica)
 obrigatório/facultativo (modalidade deôntica)
Modalização, força ilocutória
Na enunciação de uma frase, distinguem-se
pelo menos três atos de linguagem:
 ato de enunciação;
 ato de predicação;
 ato ilocutório.
Para entendermos essas noções,
consideremos os enunciados:
 X fuma muito.
 X fuma muito?
 X, fume muito.
 Que X fume muito.
Modalização, força ilocutória
 Ato de enunciação  proferir uma frase;
 Ato proposicional  referir (trata-se de X) e predicar (sobre
quem falo Y: “fumar muito”);
 Ato ilocutório  dar um “modo” ao enunciado (afirmação,
interogação, ordem, desejo, etc).
A distinção entre ato proposicional e ato ilocutório é
fundamental para a argumentação, pois possibilita separar
um conteúdo proposicional de sua força ilocucionária.
Nos exemplos dados, o conteúdo proposicional é sempre o
mesmo (“X fuma muito”), mas não o sentido dos enunciados,
pois este só se completa com o valor modal que o ato
ilocutório acrescenta.
Indicadores modais
Sendo assim, a mesma proposição pode ser
veiculada sob modalidades diferentes.
Por ex.:
 (1) É necessário [é possível; é impossível; é
provável] que a guerra termine.
 (2) É obrigatório [é facultativo, é recomendado, é
proibido] o uso de crachás.
Concluindo, o ato ilocucionário fica marcado na
frase pelo acréscimo de indicadores modais,
isto é, por palavras/lexias que sinalizam o
MODO como aquilo que se diz é dito.
Lexicalização da modalidade
1. performativos explícitos: eu ordeno, eu proíbo. Os verbos
ditos performativos caracterizam-se por realizar o
próprio ato por eles enunciado quando proferidos na 1ª
pessoa do singular: dizer eu prometo que… constitui uma
promessa; dizer Declaro aberta a sessão, se eu for
responsável por ela, constitui a abertura da sessão. Se o
padre disser eu vos declaro marido e mulher, numa
cerimônia religiosa, institui o vínculo matrimonial.
Assim, o modo como o enunciador se compromete na
enunciação pode ser marcado por um performativo: “Te
proíbo de ir à festa”; “Peço que aguardem novas
informações”; “Acredito que ele venha”.
Lexicalização da modalidade
2. auxiliares modais: dever, querer, precisar, poder, ter
de. É de se notar que mesmo auxiliar modal pode
exprimir modalidades diferentes, como é o caso dos
verbos dever e poder nos seguintes exemplos:
 Todos os candidatos devem comparecer em traje
social (é obrigatório: deôntico)
 O tempo deve melhorar amanhã (é possível:
epistêmico)
 Vamos, a reunião deve estar começando (é provável:
epistêmico)
 Os candidatos podem apresentar-se em traje
esportivo (é facultativo: deôntico)
 Os preços podem cair nos próximos meses (é
possível: epistêmico)
Lexicalização da modalidade
3. advérbios modalizadores do enunciado:
provavelmente, certamente, possivelmente,
indubitavelmente;
4. predicados cristalizados: é certo, é preciso, é
possível, é provável, é improvável, é
impossível;
5. emprego do futuro do pretérito com valor de
presente: eu gostaria de um litro de leite e
dois pãezinhos; o consumidor deveria
formalizar uma reclamação junto ao PROCON;
Lexicalização da modalidade
6. verbos de atitude proposicional do
sujeito: eu creio, eu sei, eu acho, eu
duvido etc;
7. operadores argumentativos: quase,
pouco, um pouco, muito, mesmo etc
 Ela quase não estuda;
 Ela estuda pouco;
 Ela estuda um pouco;
 Ela estuda muito;
 Ela estuda mesmo.
Indicadores atitudinais
Além dos indicadores de modalidade, existem
também os indicadores de atitude ou estado
psicológico com que o locutor se representa
diante dos enunciados que produz. São
exemplos os advérbios atitudinais:
 Infelizmente, não poderei ir à sua festa.
 Felizmente, ninguém se machucou na queda.
 É com prazer (satisfação, alegria) que o convido a
fazer parte de nossa equipe.
 Anunciamos, pesarosamente, o falecimento de
nosso diretor.
 Francamente, não gosto de pessoas exageradas.
 Vou abordar concisamente essa questão.
Indicadores atitudinais
A atitude subjetiva do locutor em face de seu
enunciado pode traduzir-se, também, numa
avaliação ou valoração dos fatos, estados ou
qualidades atribuídas a um referente.
São, em geral, expressões adjetivas e formas
intensificadoras, como:
 O engenheiro realizou um excelente trabalho.
 O orador foi extremamente feliz em sua
exposição.
Silogismo deôntico
O silogismo jurídico não é estritamente lógico, pois seu teor
normativo é marcado pela modalidade deôntica.
Vejamos um exemplo:
MAIOR Todo empregado dispensado sem justa causa deve
ser indenizado pelas férias não gozadas.
MENOR Ora, João é empregado dispensado sem justa
causa.
CONCLUSÃO Logo, João deve ser indenizado pelas férias
não gozadas.
A premissa maior refere uma norma jurídica traduzida em
enunciado deôntico pelo modalizador deve ser.
A premissa menor refere um caso particular, apresentado
como não deôntico.
A conclusão confirma a pertinência do caso à norma.
Silogismo deôntico
É possível questionar se a premissa menor
não comportaria, ela também, um
modalizador deôntico.
Ora, não se argumenta a partir dos fatos
empíricos, mas da feição que eles assumem
nos autos. A comprovação processual não é a
verificação dos fatos, mas uma versão
processualmente construída de sua
ocorrência.
Assim, a premissa menor demanda o mesmo
modal deôntico:
Silogismo deôntico
MAIOR Todo empregado
dispensado sem justa causa deve ser
indenizado pelas férias não gozadas.
MENOR Ora, João deve ser,
pelas provas reunidas nos autos,
considerado um empregado
dispensado sem justa causa.
CONCLUSÃO Logo, João deve ser
indenizado pelas férias não gozadas.
Silogismo deôntico
A análise dos valores modais
introduzidos no silogismo pelo
operador deve ser sugere a natureza
retórica da argumentação jurídica;
pois indica que sua conclusão pode
ultrapassar as premissas, como, aliás,
ocorre a toda argumentação em
língua natural.

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educaçãoentretenimento,ensinoetecnologia

  • 1. MODALIZAÇÃO Modalidade Força ilocutória Indicadores modais Lexicalização da modalidade Indicadores atitudinais Silogismo deôntico
  • 2. MODALIDADE O estudo da modalidade originou-se, na antiguidade clássica, no âmbito da lógica e da matemática; mas, hoje, é de suma importância para as disciplinas da linguagem e do discurso. Os principais tipos de modalidade são:  necessário/possível (modalidade alética)  certo/incerto (modalidade epistêmica)  obrigatório/facultativo (modalidade deôntica)
  • 3. Modalização, força ilocutória Na enunciação de uma frase, distinguem-se pelo menos três atos de linguagem:  ato de enunciação;  ato de predicação;  ato ilocutório. Para entendermos essas noções, consideremos os enunciados:  X fuma muito.  X fuma muito?  X, fume muito.  Que X fume muito.
  • 4. Modalização, força ilocutória  Ato de enunciação  proferir uma frase;  Ato proposicional  referir (trata-se de X) e predicar (sobre quem falo Y: “fumar muito”);  Ato ilocutório  dar um “modo” ao enunciado (afirmação, interogação, ordem, desejo, etc). A distinção entre ato proposicional e ato ilocutório é fundamental para a argumentação, pois possibilita separar um conteúdo proposicional de sua força ilocucionária. Nos exemplos dados, o conteúdo proposicional é sempre o mesmo (“X fuma muito”), mas não o sentido dos enunciados, pois este só se completa com o valor modal que o ato ilocutório acrescenta.
  • 5. Indicadores modais Sendo assim, a mesma proposição pode ser veiculada sob modalidades diferentes. Por ex.:  (1) É necessário [é possível; é impossível; é provável] que a guerra termine.  (2) É obrigatório [é facultativo, é recomendado, é proibido] o uso de crachás. Concluindo, o ato ilocucionário fica marcado na frase pelo acréscimo de indicadores modais, isto é, por palavras/lexias que sinalizam o MODO como aquilo que se diz é dito.
  • 6. Lexicalização da modalidade 1. performativos explícitos: eu ordeno, eu proíbo. Os verbos ditos performativos caracterizam-se por realizar o próprio ato por eles enunciado quando proferidos na 1ª pessoa do singular: dizer eu prometo que… constitui uma promessa; dizer Declaro aberta a sessão, se eu for responsável por ela, constitui a abertura da sessão. Se o padre disser eu vos declaro marido e mulher, numa cerimônia religiosa, institui o vínculo matrimonial. Assim, o modo como o enunciador se compromete na enunciação pode ser marcado por um performativo: “Te proíbo de ir à festa”; “Peço que aguardem novas informações”; “Acredito que ele venha”.
  • 7. Lexicalização da modalidade 2. auxiliares modais: dever, querer, precisar, poder, ter de. É de se notar que mesmo auxiliar modal pode exprimir modalidades diferentes, como é o caso dos verbos dever e poder nos seguintes exemplos:  Todos os candidatos devem comparecer em traje social (é obrigatório: deôntico)  O tempo deve melhorar amanhã (é possível: epistêmico)  Vamos, a reunião deve estar começando (é provável: epistêmico)  Os candidatos podem apresentar-se em traje esportivo (é facultativo: deôntico)  Os preços podem cair nos próximos meses (é possível: epistêmico)
  • 8. Lexicalização da modalidade 3. advérbios modalizadores do enunciado: provavelmente, certamente, possivelmente, indubitavelmente; 4. predicados cristalizados: é certo, é preciso, é possível, é provável, é improvável, é impossível; 5. emprego do futuro do pretérito com valor de presente: eu gostaria de um litro de leite e dois pãezinhos; o consumidor deveria formalizar uma reclamação junto ao PROCON;
  • 9. Lexicalização da modalidade 6. verbos de atitude proposicional do sujeito: eu creio, eu sei, eu acho, eu duvido etc; 7. operadores argumentativos: quase, pouco, um pouco, muito, mesmo etc  Ela quase não estuda;  Ela estuda pouco;  Ela estuda um pouco;  Ela estuda muito;  Ela estuda mesmo.
  • 10. Indicadores atitudinais Além dos indicadores de modalidade, existem também os indicadores de atitude ou estado psicológico com que o locutor se representa diante dos enunciados que produz. São exemplos os advérbios atitudinais:  Infelizmente, não poderei ir à sua festa.  Felizmente, ninguém se machucou na queda.  É com prazer (satisfação, alegria) que o convido a fazer parte de nossa equipe.  Anunciamos, pesarosamente, o falecimento de nosso diretor.  Francamente, não gosto de pessoas exageradas.  Vou abordar concisamente essa questão.
  • 11. Indicadores atitudinais A atitude subjetiva do locutor em face de seu enunciado pode traduzir-se, também, numa avaliação ou valoração dos fatos, estados ou qualidades atribuídas a um referente. São, em geral, expressões adjetivas e formas intensificadoras, como:  O engenheiro realizou um excelente trabalho.  O orador foi extremamente feliz em sua exposição.
  • 12. Silogismo deôntico O silogismo jurídico não é estritamente lógico, pois seu teor normativo é marcado pela modalidade deôntica. Vejamos um exemplo: MAIOR Todo empregado dispensado sem justa causa deve ser indenizado pelas férias não gozadas. MENOR Ora, João é empregado dispensado sem justa causa. CONCLUSÃO Logo, João deve ser indenizado pelas férias não gozadas. A premissa maior refere uma norma jurídica traduzida em enunciado deôntico pelo modalizador deve ser. A premissa menor refere um caso particular, apresentado como não deôntico. A conclusão confirma a pertinência do caso à norma.
  • 13. Silogismo deôntico É possível questionar se a premissa menor não comportaria, ela também, um modalizador deôntico. Ora, não se argumenta a partir dos fatos empíricos, mas da feição que eles assumem nos autos. A comprovação processual não é a verificação dos fatos, mas uma versão processualmente construída de sua ocorrência. Assim, a premissa menor demanda o mesmo modal deôntico:
  • 14. Silogismo deôntico MAIOR Todo empregado dispensado sem justa causa deve ser indenizado pelas férias não gozadas. MENOR Ora, João deve ser, pelas provas reunidas nos autos, considerado um empregado dispensado sem justa causa. CONCLUSÃO Logo, João deve ser indenizado pelas férias não gozadas.
  • 15. Silogismo deôntico A análise dos valores modais introduzidos no silogismo pelo operador deve ser sugere a natureza retórica da argumentação jurídica; pois indica que sua conclusão pode ultrapassar as premissas, como, aliás, ocorre a toda argumentação em língua natural.