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SUBDESENVOLVIMENTO
1. UM MUNDO DIFERENCIADO
O conceito de subdesenvolvimento é bastante recente. Surgiu com a onda de descolonização iniciada após a
Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nessa época, o avanço dos meios de comunicação de massa permitiu que a
opinião pública mundial tomasse conhecimento de que imensas áreas do globo se encontram em situação de
miséria. Os diferentes níveis de riqueza, que sempre distanciaram os vários povos do mundo, revelaram-se
gritantes e chocaram a opinião pública mundial.
Essas diferenças de estágios de desenvolvimento já haviam sido relatadas pelos europeus, principalmente na
segunda metade do século XIX, no ápice de sua expansão imperialista. Redigidas em bases pretensamente
científicas, esses relatos eram usados para justificar a dominação européia sobre outros povos. Para seus autores,
que tinham uma cultura tecnologicamente mais avançada e dotada de níveis econômicos, sociais e políticos mais
complexos, a evolução que os havia conduzido a esse estágio confirmava a superioridade dos brancos sobre os
povos de outras etnias. Dentro de sua visão eurocêntrica, os brancos se achavam no direito de impor os padrões de
sua civilização (ocidental e cristã) aos povos de outras terras. Dessa forma o imperialismo assumia o caráter de
“missão civilizadora”, assentada, em verdade, no racismo e nos interesses imperialistas.
As potências colonialistas européias, que lideraram a expansão marítima após o século XV, já tinham lançado mão
de idéias de uma pretensa superioridade racial branca para justificar o trabalho escravo ou servil, que era feito por
negros e índios. As riquezas retiradas das colônias, especialmente o ouro e a prata das Américas, propiciaram um
grande acúmulo de capital na Europa. Isso permitiu que as nações mais ricas, como a Inglaterra, por exemplo,
incentivassem as invenções, transformando-as em novas tecnologias que revolucionaram o sistema produtivo e
originaram a indústria.
Como conseqüência, as diferenças culturais e econômicas entre as nações se acentuaram ainda mais. Enquanto as
nações capitalistas em expansão passavam por uma arrancada de desenvolvimento, graças à Revolução Industrial,
a economia dos países colonizados, voltada para atender às necessidades de suas metrópoles ou ex-metrópoles,
enfraquecia-se progressivamente. A fragilização dessas sociedades se completou em todo o mundo, em diferentes
momentos, segundo os vários graus de dominação impostos. Observe o gráfico a seguir com as disparidades entre
os países:

A definição dos novos polos de poder e dos principais problemas da Nova Ordem Internacional passa pela
discussão dessa crescente concentração de riquezas nas mãos de poucos países e o consequente controle dos
investimentos em tecnologia e pesquisa que contribuirão para definir as potências do futuro. Nessa nova era
torna-se mais importante a eliminação do analfabetismo e o aprimoramento da qualidade da educação, já que seu
peso no controle estratégico do conhecimento e na definição dos limites de poder das nações está se ampliando.
2. O QUE É SUBDESENVOLVIMENTO
A forma de estudar a miséria no mundo tem se modificado graças às recentes transformações geopolíticas. Com o
fim da Guerra Fria, deixou de existir a tradicional divisão Primeiro Mundo (capitalista desenvolvido) e Segundo
Mundo (socialista), o que, logicamente, invalidou a expressão Terceiro Mundo, empregada desde a década de 1950
para designar todo o mundo pobre.
Grandes teóricos analisaram as causas do subdesenvolvimento ao longo de toda a história da economia moderna e
apontaram medidas para solucionar o problema da pobreza. Na segunda metade do século XX várias organizações
internacionais criaram políticas de ajuda e passaram a oferecer recursos para melhorar a situação dos países
subdesenvolvidos. Por isso houve, em muitos lugares, melhorias no saneamento básico, em educação e saúde,
elevação da expectativa de vida, redução do analfabetismo e queda da mortalidade infantil. O rápido processo de

3° Ano– GEOGRAFIA - Prof. Valter Batista
melhoria que atingiu regiões da América Latina e Ásia trouxe a esperança de que existe possibilidade de sair do
subdesenvolvimento e quebrar o círculo vicioso da miséria.
Mas essa não é uma verdade para todos. A distância entre ricos e pobres continua aumentando em diversas
regiões do mundo. Muitos países continuam presos ao subdesenvolvimento, nos quais as condições
socioeconômicas impedem a expansão da economia, aumentando a miséria.
Em algumas partes do mundo a pobreza pode atingir grupos específicos da sociedade e estar relacionada a
problemas de discriminação racial ou étnica. Em outras, ela pode ter um caráter coletivo, já que a riqueza gerada
pela nação é tão pequena que, mesmo se fosse bem distribuída, geraria uma renda per capita muito baixa,
claramente insuficiente para a manutenção das necessidades mínimas da população. É o caso dos países que têm
um PIB per capita muito baixo. Observe no mapa a seguir.

Esse mapa é uma forma de definir a pobreza por meio de um aspecto quantitativo. Mas, existem muitas outras
formas de analisar e representar o subdesenvolvimento. Em geral são utilizados indicadores que fornecem dados
sobre o padrão médio da qualidade de vida das populações. O processo de comparação é sempre necessário para
que se tenha uma visão clara da posição do grupo social ou do país em análise.
Alguns indicadores são diretos e mostram os problemas de proliferação de doenças, desnutrição, baixa
escolaridade, má distribuição de renda, baixa expectativa de vida, alta mortalidade infantil, por exemplo. Outros
indicadores mostram o padrão de qualidade de vida de forma indireta e, muitas vezes, baseados num modelo ideal
criado a partir do modo de vida das sociedades ricas.
Dentro da Nova Ordem Internacional, a classificação dos países subdesenvolvidos e desenvolvidos recebeu outra
denominação, relacionada com o fim da bipolaridade que marcava as relações internacionais. Nesse novo período

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as questões econômicas e sociais, ligadas à globalização e o aumento da disparidade entre os países, cresceram em
importância, e se popularizou uma divisão do mundo como a indicada no mapa a seguir.

Nessa forma de dividir o mundo, temos o Norte formado
por um pequeno grupo de países, onde vivem cerca de
15% da população mundial. Pertencem a ele Estados
Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia e cerca de
vinte países da Europa, com destaque para Alemanha,
Reino Unido, França, Itália, Países Baixos, Bélgica e Suécia.
Dentre suas características, não comuns a todos, estão:

• baixa população urbana. Se elevada, o espaço é
desorganizado e tem graves problemas sociais;
• baixo consumo;
• exportação de recursos minerais e produtos agrícolas.
Em alguns há exportação de bens industriais;
• importação de bens de consumo e tecnologia;
• filiais de transnacionais e bancos.

• pequena participação do setor primário no PIB e na PEA;
• ampla e diversificada produção industrial;
• intensa atividade econômica do setor terciário, com forte
comércio, turismo e serviços;
• vanguarda tecnológica e elevados investimentos em
pesquisas;
• Elevada população urbana, em espaços com bom grau de
organização;
• Elevado consumo;
• Exportação de produtos industrializados e tecnologias;
• Importação de recursos naturais e energia;
• Sedes de transnacionais e bancos;
• Centros de decisão mundiais que controlam a
globalização.

3.
QUADRO
SOCIOECONÔMICO
SUBDESENVOLVIMENTO

Já o Sul é formado pelo conjunto dos países
subdesenvolvidos, com mais de 160 nações, onde
vivem 85% da população mundial. Esse conjunto tem
sido colocado na posição subalterna ao grupo de nações
ricas e desenvolvidas, servindo como periferia do
capitalismo
(fornecem
matéria-prima,
mercado
consumidor e locais para investimentos dos excedentes de
capital do Norte). Dentre suas características mais comuns
estão:
• média e alta participação do setor primário no PIB e na
PEA;
• pequena ou até inexistente produção industrial;
• baixa atividade do setor terciário. Em alguns países há
hipertrofia do setor terciário;
• atraso e dependência tecnológica;

DO

No seu conjunto, os países subdesenvolvidos apresentam
uma economia desarticulada e dependente, que se
caracteriza por três aspectos principais:
• Dependência externa (em relação a capital, mercados e
tecnologia) associada a endividamento, déficit público e
inflação. Esses fenômenos atingem até mesmo alguns dos
países subdesenvolvidos industrializados.
• Perda de controle de muitas das decisões internas, pois
as empresas transnacionais, que controlam e exploram
importantes recursos naturais, produções industriais,
infraestrutura e sistemas bancários, dominam a
organização da produção e do mercado, manipulando
preços.
• Desorganização das estruturas econômicas tradicionais,
voltadas para a subsistência, que passam a não conseguir
atender às necessidades básicas do mercado interno,
causando maior dependência em relação ao exterior e
provocando êxodo rural, fome e desemprego.
Para
aprofundar
essa
síntese,
veremos
mais
detalhadamente alguns dos problemas sociais e
econômicos
mais
importantes
dos
países
subdesenvolvidos.
A) SETOR PRIMÁRIO NUMEROSO
Em muitos países subdesenvolvidos, a maior parte da
população ainda se encontra no campo, e a maioria dos
trabalhadores se concentra no setor primário da economia,
ou seja, na agropecuária. Essa característica é um

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indicador de que a urbanização é baixa e de que o processo
industrial não está organizado, além de demonstrar que a
agricultura é tradicional, com um baixo grau de
mecanização.
B) A ECONOMIA RURAL
Em muitos países subdesenvolvidos a economia ainda está
baseada na agropecuária, atividade que, além de ocupar
grande espaço e empregar a maior parte dos trabalhadores
do país, gera a maior parte de seu PIB.
C) SETOR SECUNDÁRIO DEPENDENTE
Nos países subdesenvolvidos, embora muitos recursos
naturais sejam abundantes, não ocorreu desenvolvimento
industrial autônomo. Quase sempre sua produção voltouse para a exportação, em geral controlada por
transnacionais. Portanto, os raros países subdesenvolvidos
que se industrializaram fizeram-no sob dependência de
capital e tecnologia externos, o que implicou
endividamento, pagamento de royalties e evasão de
divisas, entre outras consequências.
D) SETOR TERCIÁRIO HIPERTROFIADO
Nos países desenvolvidos a parcela de população ativa no
campo é muito baixa e a que se dedica ao setor secundário
vem diminuindo rapidamente. A redução da parcela de
trabalhadores das indústrias é consequência de nova
revolução produtiva, denominada de Terceira Revolução
Industrial, assentada em tecnologias de substituição de
mão de obra por automação. Por isso está ocorrendo um
encolhimento da oferta de trabalho no setor industrial e
uma explosão de crescimento do setor terciário.
E) O DESEMPREGO
Quase todas as pessoas precisam de um emprego, com o
qual obtêm um salário usado para suprir suas
necessidades materiais e a de seus dependentes. O
emprego pode ser temporário ou permanente,
remunerado ou não. É também uma forma de integração à
sociedade, sem o qual o sujeito fica marginalizado,
tornando-se um excluído social. Na atualidade tornou-se
comum a classificação do desemprego em duas grandes
categorias:
• Desemprego estrutural — determinado por
transformações modernizadoras nas estruturas de
produção, em geral devido à introdução de novas
tecnologias que substituem os trabalhadores por
máquinas.
É
setorial,
atingindo
principalmente
trabalhadores braçais da indústria e servidores pouco
especializados do setor terciário. Paralelamente ocorre o
aumento da procura de trabalhadores de melhor formação.
• Desemprego conjuntural — ocorre de forma cíclica,
sendo típico dos períodos de depressão econômica,
restrição de créditos, baixos investimentos e pequeno
consumo.
F) CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS
O estudo do comércio internacional permite que se
compreenda a gênese do subdesenvolvimento, na medida
em que ele reflete a dependência internacional, o
endividamento externo e a deterioração dos termos de
troca.
G) FLUXOS DE CAPITAIS
Qualquer política de desenvolvimento deve ter como
requisito básico a criação de condições para a acumulação
de capital, para que os países possam financiar com
recursos próprios seus programas de modernização
específicos, reduzindo a necessidade de contrair
empréstimos e se endividar. Os investimentos feitos pelos
países desenvolvidos nos países subdesenvolvidos visam,
além do lucro, o controle de setores básicos, tais como
recursos minerais, fontes energéticas, meios de transporte,

indústrias de base e outros, amarrando os países
periféricos à zona de influência geopolítica dos credores.
H) PROBLEMAS DEMOGRÁFICOS
Durante algum tempo o elevado crescimento vegetativo
das populações dos países subdesenvolvidos foi apontado
como uma das causas essenciais do subdesenvolvimento.
Hoje sabemos que o excessivo crescimento da população
pode ocasionar alguns problemas para certos países
subdesenvolvidos, mas apontar esse fenômeno como causa
do subdesenvolvimento ou dizer que a queda das taxas de
natalidade de um país, pode levar ao desenvolvimento é,
no mínimo, um exagero.
I) A URBANIZAÇÃO
Muitos países subdesenvolvidos caracterizam-se pela
manutenção de elevada parcela de população no campo.
Somente no começo do século XXI a população mundial
superou os 50% de urbanização, mas essa é apenas uma
média. Enquanto em alguns países desenvolvidos há
elevadíssima urbanização, com mais de 80% do total da
população vivendo em cidades, em muitos países
subdesenvolvidos ocorre uma situação oposta, ou seja, a
maior parte da população vive no campo.
J) A FOME
A fome é a mais grave e a mais direta indicação do nível de
indigência social e aparece sob duas formas:
• aguda — leva à morte por inanição e é definida por um
critério quantitativo, medido pelo baixo consumo de
calorias. Segundo dados da FAO, 70% da população do
mundo subdesenvolvido consome menos que 2.400
calorias por dia (em média, o mínimo necessário para um
adulto). Os surtos de fome aguda podem ser causados por
fatores estruturais, como a baixa renda da população,
associados a fenômenos conjunturais, como secas e demais
ameaças à colheita. Na atualidade, a FAO calcula que há
mais de 800 milhões de pessoas famintas no mundo.
• crônica — também conhecida como subnutrição, muito
mais disseminada pelo mundo, é menos evidente; definida
por critérios qualitativos, decorre de uma alimentação
deficiente em proteínas. Traz consequências graves, que
ficam latentes durante anos e, em geral, manifestam-se no
final da infância. Reduz, de saída, o potencial humano de
vastas camadas da população, levando a uma menor
capacidade intelectual dos indivíduos e a dificuldades de
aprendizagem. Segundo a FAO, existiam mais de 600
milhões de subnutridos na Ásia, 320 milhões na África e 70
milhões na América Latina.
K) EDUCAÇÃO
Sob o ponto de vista quantitativo, um grande número de
países subdesenvolvidos está chegando hoje aos índices de
alfabetização da Europa do século XIX. Embora este seja
um marco atrasado, ele representa o resultado de um
grande esforço de alfabetização em massa. Mas existe
ainda mais de 25% das crianças do mundo, entre 6 e 11
anos, fora da escola. Entretanto, a simples alfabetização
não habilita o cidadão a acompanhar os constantes
avanços técnicos e científicos da era tecnológica moderna,
que requerem mão de obra cada vez mais qualificada. Em
segundo lugar, porque verificamos que a precária
estrutura produtiva dos países pobres não absorve as
camadas de maior qualificação, e condena-se grande parte
dos contingentes mais qualificados, formados em suas
universidades, à atuação profissional de nível puramente
técnico, destinada à adaptação e aplicação de tecnologia
vinda do exterior.

3° Ano– GEOGRAFIA - Prof. Valter Batista

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  • 1. SUBDESENVOLVIMENTO 1. UM MUNDO DIFERENCIADO O conceito de subdesenvolvimento é bastante recente. Surgiu com a onda de descolonização iniciada após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nessa época, o avanço dos meios de comunicação de massa permitiu que a opinião pública mundial tomasse conhecimento de que imensas áreas do globo se encontram em situação de miséria. Os diferentes níveis de riqueza, que sempre distanciaram os vários povos do mundo, revelaram-se gritantes e chocaram a opinião pública mundial. Essas diferenças de estágios de desenvolvimento já haviam sido relatadas pelos europeus, principalmente na segunda metade do século XIX, no ápice de sua expansão imperialista. Redigidas em bases pretensamente científicas, esses relatos eram usados para justificar a dominação européia sobre outros povos. Para seus autores, que tinham uma cultura tecnologicamente mais avançada e dotada de níveis econômicos, sociais e políticos mais complexos, a evolução que os havia conduzido a esse estágio confirmava a superioridade dos brancos sobre os povos de outras etnias. Dentro de sua visão eurocêntrica, os brancos se achavam no direito de impor os padrões de sua civilização (ocidental e cristã) aos povos de outras terras. Dessa forma o imperialismo assumia o caráter de “missão civilizadora”, assentada, em verdade, no racismo e nos interesses imperialistas. As potências colonialistas européias, que lideraram a expansão marítima após o século XV, já tinham lançado mão de idéias de uma pretensa superioridade racial branca para justificar o trabalho escravo ou servil, que era feito por negros e índios. As riquezas retiradas das colônias, especialmente o ouro e a prata das Américas, propiciaram um grande acúmulo de capital na Europa. Isso permitiu que as nações mais ricas, como a Inglaterra, por exemplo, incentivassem as invenções, transformando-as em novas tecnologias que revolucionaram o sistema produtivo e originaram a indústria. Como conseqüência, as diferenças culturais e econômicas entre as nações se acentuaram ainda mais. Enquanto as nações capitalistas em expansão passavam por uma arrancada de desenvolvimento, graças à Revolução Industrial, a economia dos países colonizados, voltada para atender às necessidades de suas metrópoles ou ex-metrópoles, enfraquecia-se progressivamente. A fragilização dessas sociedades se completou em todo o mundo, em diferentes momentos, segundo os vários graus de dominação impostos. Observe o gráfico a seguir com as disparidades entre os países: A definição dos novos polos de poder e dos principais problemas da Nova Ordem Internacional passa pela discussão dessa crescente concentração de riquezas nas mãos de poucos países e o consequente controle dos investimentos em tecnologia e pesquisa que contribuirão para definir as potências do futuro. Nessa nova era torna-se mais importante a eliminação do analfabetismo e o aprimoramento da qualidade da educação, já que seu peso no controle estratégico do conhecimento e na definição dos limites de poder das nações está se ampliando. 2. O QUE É SUBDESENVOLVIMENTO A forma de estudar a miséria no mundo tem se modificado graças às recentes transformações geopolíticas. Com o fim da Guerra Fria, deixou de existir a tradicional divisão Primeiro Mundo (capitalista desenvolvido) e Segundo Mundo (socialista), o que, logicamente, invalidou a expressão Terceiro Mundo, empregada desde a década de 1950 para designar todo o mundo pobre. Grandes teóricos analisaram as causas do subdesenvolvimento ao longo de toda a história da economia moderna e apontaram medidas para solucionar o problema da pobreza. Na segunda metade do século XX várias organizações internacionais criaram políticas de ajuda e passaram a oferecer recursos para melhorar a situação dos países subdesenvolvidos. Por isso houve, em muitos lugares, melhorias no saneamento básico, em educação e saúde, elevação da expectativa de vida, redução do analfabetismo e queda da mortalidade infantil. O rápido processo de 3° Ano– GEOGRAFIA - Prof. Valter Batista
  • 2. melhoria que atingiu regiões da América Latina e Ásia trouxe a esperança de que existe possibilidade de sair do subdesenvolvimento e quebrar o círculo vicioso da miséria. Mas essa não é uma verdade para todos. A distância entre ricos e pobres continua aumentando em diversas regiões do mundo. Muitos países continuam presos ao subdesenvolvimento, nos quais as condições socioeconômicas impedem a expansão da economia, aumentando a miséria. Em algumas partes do mundo a pobreza pode atingir grupos específicos da sociedade e estar relacionada a problemas de discriminação racial ou étnica. Em outras, ela pode ter um caráter coletivo, já que a riqueza gerada pela nação é tão pequena que, mesmo se fosse bem distribuída, geraria uma renda per capita muito baixa, claramente insuficiente para a manutenção das necessidades mínimas da população. É o caso dos países que têm um PIB per capita muito baixo. Observe no mapa a seguir. Esse mapa é uma forma de definir a pobreza por meio de um aspecto quantitativo. Mas, existem muitas outras formas de analisar e representar o subdesenvolvimento. Em geral são utilizados indicadores que fornecem dados sobre o padrão médio da qualidade de vida das populações. O processo de comparação é sempre necessário para que se tenha uma visão clara da posição do grupo social ou do país em análise. Alguns indicadores são diretos e mostram os problemas de proliferação de doenças, desnutrição, baixa escolaridade, má distribuição de renda, baixa expectativa de vida, alta mortalidade infantil, por exemplo. Outros indicadores mostram o padrão de qualidade de vida de forma indireta e, muitas vezes, baseados num modelo ideal criado a partir do modo de vida das sociedades ricas. Dentro da Nova Ordem Internacional, a classificação dos países subdesenvolvidos e desenvolvidos recebeu outra denominação, relacionada com o fim da bipolaridade que marcava as relações internacionais. Nesse novo período 3° Ano– GEOGRAFIA - Prof. Valter Batista
  • 3. as questões econômicas e sociais, ligadas à globalização e o aumento da disparidade entre os países, cresceram em importância, e se popularizou uma divisão do mundo como a indicada no mapa a seguir. Nessa forma de dividir o mundo, temos o Norte formado por um pequeno grupo de países, onde vivem cerca de 15% da população mundial. Pertencem a ele Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia e cerca de vinte países da Europa, com destaque para Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Países Baixos, Bélgica e Suécia. Dentre suas características, não comuns a todos, estão: • baixa população urbana. Se elevada, o espaço é desorganizado e tem graves problemas sociais; • baixo consumo; • exportação de recursos minerais e produtos agrícolas. Em alguns há exportação de bens industriais; • importação de bens de consumo e tecnologia; • filiais de transnacionais e bancos. • pequena participação do setor primário no PIB e na PEA; • ampla e diversificada produção industrial; • intensa atividade econômica do setor terciário, com forte comércio, turismo e serviços; • vanguarda tecnológica e elevados investimentos em pesquisas; • Elevada população urbana, em espaços com bom grau de organização; • Elevado consumo; • Exportação de produtos industrializados e tecnologias; • Importação de recursos naturais e energia; • Sedes de transnacionais e bancos; • Centros de decisão mundiais que controlam a globalização. 3. QUADRO SOCIOECONÔMICO SUBDESENVOLVIMENTO Já o Sul é formado pelo conjunto dos países subdesenvolvidos, com mais de 160 nações, onde vivem 85% da população mundial. Esse conjunto tem sido colocado na posição subalterna ao grupo de nações ricas e desenvolvidas, servindo como periferia do capitalismo (fornecem matéria-prima, mercado consumidor e locais para investimentos dos excedentes de capital do Norte). Dentre suas características mais comuns estão: • média e alta participação do setor primário no PIB e na PEA; • pequena ou até inexistente produção industrial; • baixa atividade do setor terciário. Em alguns países há hipertrofia do setor terciário; • atraso e dependência tecnológica; DO No seu conjunto, os países subdesenvolvidos apresentam uma economia desarticulada e dependente, que se caracteriza por três aspectos principais: • Dependência externa (em relação a capital, mercados e tecnologia) associada a endividamento, déficit público e inflação. Esses fenômenos atingem até mesmo alguns dos países subdesenvolvidos industrializados. • Perda de controle de muitas das decisões internas, pois as empresas transnacionais, que controlam e exploram importantes recursos naturais, produções industriais, infraestrutura e sistemas bancários, dominam a organização da produção e do mercado, manipulando preços. • Desorganização das estruturas econômicas tradicionais, voltadas para a subsistência, que passam a não conseguir atender às necessidades básicas do mercado interno, causando maior dependência em relação ao exterior e provocando êxodo rural, fome e desemprego. Para aprofundar essa síntese, veremos mais detalhadamente alguns dos problemas sociais e econômicos mais importantes dos países subdesenvolvidos. A) SETOR PRIMÁRIO NUMEROSO Em muitos países subdesenvolvidos, a maior parte da população ainda se encontra no campo, e a maioria dos trabalhadores se concentra no setor primário da economia, ou seja, na agropecuária. Essa característica é um 3° Ano– GEOGRAFIA - Prof. Valter Batista
  • 4. indicador de que a urbanização é baixa e de que o processo industrial não está organizado, além de demonstrar que a agricultura é tradicional, com um baixo grau de mecanização. B) A ECONOMIA RURAL Em muitos países subdesenvolvidos a economia ainda está baseada na agropecuária, atividade que, além de ocupar grande espaço e empregar a maior parte dos trabalhadores do país, gera a maior parte de seu PIB. C) SETOR SECUNDÁRIO DEPENDENTE Nos países subdesenvolvidos, embora muitos recursos naturais sejam abundantes, não ocorreu desenvolvimento industrial autônomo. Quase sempre sua produção voltouse para a exportação, em geral controlada por transnacionais. Portanto, os raros países subdesenvolvidos que se industrializaram fizeram-no sob dependência de capital e tecnologia externos, o que implicou endividamento, pagamento de royalties e evasão de divisas, entre outras consequências. D) SETOR TERCIÁRIO HIPERTROFIADO Nos países desenvolvidos a parcela de população ativa no campo é muito baixa e a que se dedica ao setor secundário vem diminuindo rapidamente. A redução da parcela de trabalhadores das indústrias é consequência de nova revolução produtiva, denominada de Terceira Revolução Industrial, assentada em tecnologias de substituição de mão de obra por automação. Por isso está ocorrendo um encolhimento da oferta de trabalho no setor industrial e uma explosão de crescimento do setor terciário. E) O DESEMPREGO Quase todas as pessoas precisam de um emprego, com o qual obtêm um salário usado para suprir suas necessidades materiais e a de seus dependentes. O emprego pode ser temporário ou permanente, remunerado ou não. É também uma forma de integração à sociedade, sem o qual o sujeito fica marginalizado, tornando-se um excluído social. Na atualidade tornou-se comum a classificação do desemprego em duas grandes categorias: • Desemprego estrutural — determinado por transformações modernizadoras nas estruturas de produção, em geral devido à introdução de novas tecnologias que substituem os trabalhadores por máquinas. É setorial, atingindo principalmente trabalhadores braçais da indústria e servidores pouco especializados do setor terciário. Paralelamente ocorre o aumento da procura de trabalhadores de melhor formação. • Desemprego conjuntural — ocorre de forma cíclica, sendo típico dos períodos de depressão econômica, restrição de créditos, baixos investimentos e pequeno consumo. F) CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS O estudo do comércio internacional permite que se compreenda a gênese do subdesenvolvimento, na medida em que ele reflete a dependência internacional, o endividamento externo e a deterioração dos termos de troca. G) FLUXOS DE CAPITAIS Qualquer política de desenvolvimento deve ter como requisito básico a criação de condições para a acumulação de capital, para que os países possam financiar com recursos próprios seus programas de modernização específicos, reduzindo a necessidade de contrair empréstimos e se endividar. Os investimentos feitos pelos países desenvolvidos nos países subdesenvolvidos visam, além do lucro, o controle de setores básicos, tais como recursos minerais, fontes energéticas, meios de transporte, indústrias de base e outros, amarrando os países periféricos à zona de influência geopolítica dos credores. H) PROBLEMAS DEMOGRÁFICOS Durante algum tempo o elevado crescimento vegetativo das populações dos países subdesenvolvidos foi apontado como uma das causas essenciais do subdesenvolvimento. Hoje sabemos que o excessivo crescimento da população pode ocasionar alguns problemas para certos países subdesenvolvidos, mas apontar esse fenômeno como causa do subdesenvolvimento ou dizer que a queda das taxas de natalidade de um país, pode levar ao desenvolvimento é, no mínimo, um exagero. I) A URBANIZAÇÃO Muitos países subdesenvolvidos caracterizam-se pela manutenção de elevada parcela de população no campo. Somente no começo do século XXI a população mundial superou os 50% de urbanização, mas essa é apenas uma média. Enquanto em alguns países desenvolvidos há elevadíssima urbanização, com mais de 80% do total da população vivendo em cidades, em muitos países subdesenvolvidos ocorre uma situação oposta, ou seja, a maior parte da população vive no campo. J) A FOME A fome é a mais grave e a mais direta indicação do nível de indigência social e aparece sob duas formas: • aguda — leva à morte por inanição e é definida por um critério quantitativo, medido pelo baixo consumo de calorias. Segundo dados da FAO, 70% da população do mundo subdesenvolvido consome menos que 2.400 calorias por dia (em média, o mínimo necessário para um adulto). Os surtos de fome aguda podem ser causados por fatores estruturais, como a baixa renda da população, associados a fenômenos conjunturais, como secas e demais ameaças à colheita. Na atualidade, a FAO calcula que há mais de 800 milhões de pessoas famintas no mundo. • crônica — também conhecida como subnutrição, muito mais disseminada pelo mundo, é menos evidente; definida por critérios qualitativos, decorre de uma alimentação deficiente em proteínas. Traz consequências graves, que ficam latentes durante anos e, em geral, manifestam-se no final da infância. Reduz, de saída, o potencial humano de vastas camadas da população, levando a uma menor capacidade intelectual dos indivíduos e a dificuldades de aprendizagem. Segundo a FAO, existiam mais de 600 milhões de subnutridos na Ásia, 320 milhões na África e 70 milhões na América Latina. K) EDUCAÇÃO Sob o ponto de vista quantitativo, um grande número de países subdesenvolvidos está chegando hoje aos índices de alfabetização da Europa do século XIX. Embora este seja um marco atrasado, ele representa o resultado de um grande esforço de alfabetização em massa. Mas existe ainda mais de 25% das crianças do mundo, entre 6 e 11 anos, fora da escola. Entretanto, a simples alfabetização não habilita o cidadão a acompanhar os constantes avanços técnicos e científicos da era tecnológica moderna, que requerem mão de obra cada vez mais qualificada. Em segundo lugar, porque verificamos que a precária estrutura produtiva dos países pobres não absorve as camadas de maior qualificação, e condena-se grande parte dos contingentes mais qualificados, formados em suas universidades, à atuação profissional de nível puramente técnico, destinada à adaptação e aplicação de tecnologia vinda do exterior. 3° Ano– GEOGRAFIA - Prof. Valter Batista