A CRUZ DE CRISTO: AMOR DE DEUS E COMPROMISSO DAS PESSOAS 
Pe. José Bortoline – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulos, 2007 
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * 
ANO: A – TEMPO LITÚRGICO: FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA – COR: VERMELHO 
I. INTRODUÇÃO GERAL 
1. Deus escolheu o caminho da cruz como forma para revelar 
seu amor e comunicar a vida. A cruz de Cristo é, portanto, o 
anúncio do projeto de Deus concretizado em Jesus de Nazaré. 
Mas é também uma denúncia de todas as formas de opressão que 
não levam à vida, e um desafio para quem se compromete com 
Jesus. 
2. Sem docilidade a Javé e sem constância na caminhada, o 
processo de libertação se deteriora facilmente, levando à morte 
(1ª leitura Nm 21,4b-9). Sendo Jesus a única fonte de salvação 
e o perfeito revelador do amor do Pai, a única atitude cabível ao 
cristão é o esforço de aderir a Jesus numa fé solícita e compro-missada 
(Evangelho Jo 3,13-17). O projeto de Deus, manifesta-do 
na vida de seu Filho único, prolonga-se na prática dos cristãos 
que procuram ter em si as mesmas opções de vida (= sentimen-tos) 
daquele que lhes deu o nome (2ª leitura Fl 2,6-11). 
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 
1ª leitura (Nm 21,4b-9): Docilidade a Javé e constância 
no caminho nos levam a superar os sinais de morte 
3. O trecho é conhecido como o episódio da serpente de bron-ze. 
O fato está ligado à existência – no tempo do êxodo – de 
minas de cobre na região da Arabá, no itinerário de ingresso na 
Terra Prometida. O texto é também uma tentativa de explicar por 
que no Templo de Jerusalém havia uma serpente chamada Noestã 
(o nome deriva do metal de que era feita, o bronze, em hebraico 
nehoshet) e por que foi destruída no tempo do rei Ezequias (716- 
687 a.c.; cf. 2Rs 18,4). Atribuía-se, erroneamente, a Moisés a 
fabricação de tal imagem, que recebia culto idolátrico (cf. Sb 
16,6-7). 
4. A serpente ocupava, nas religiões do antigo Oriente Médio, 
um lugar de destaque, enquanto figura de altos teores simbólicos, 
sendo, ao mesmo tempo, figura benéfica e maléfica. Era um em-blema 
divino. Quando associada às divindades da fecundidade, 
tornava-se sinal de saúde e de vida. Só com o amadurecimento da 
fé javista é que elementos como a serpente de bronze foram su-pressos 
em Israel. A serpente de bronze também não escapou 
desse esforço de purificação. De fato, no nosso texto, não é tanto 
ela quem restitui a vida quanto Deus que, na sua misericórdia, 
não abandona seu povo em poder da morte. 
5. O trecho inicia com uma indicação importante: o povo que 
caminha para a Terra Prometida terá de contornar uma grande 
ameaça, ou seja, não atravessar o território de Edom, para não 
correr graves riscos (v. 4a). O caminho, portanto, será longo e 
demorado. A impaciência do povo se faz logo sentir na atitude 
característica da murmuração: "Por que nos tiraste do Egito? Foi 
para morrermos neste deserto? Não temos nem pão nem água, e 
estamos enjoados desse pão de miséria" (v. 5; cf. Ex 14,11; 
22,27). A acusação era grave: tratava-se de uma perversão do 
ideal da libertação. O Egito era a morte. A saída dele, a vida. 
Aqui, Israel chama de "vida" à morte e de "morte" ao caminho de 
libertação! 
6. O motivo da murmuração é evidente: o deserto é lugar 
difícil de se viver. Veladamente, Israel começa a desacreditar da 
capacidade de Javé em conduzir o povo a bom termo. E a tenta-ção 
de voltar ao Egito, acomodando-se às suas estruturas opresso-ras, 
põe em risco o caminho para a libertação. 
7. A situação se torna insuportável com o surgimento das 
serpentes venenosas, que exercem função pedagógica para Israel, 
levando-o ao arrependimento e suscitando nele a consciência de 
que só Javé pode libertar o povo da morte, conduzindo-o à vida: 
"Pecamos, falando contra Javé e contra você. Suplique a Javé que 
afaste de nós essas serpentes" (v. 7a). 
8. Diante da intercessão de Moisés (v. 7b), Javé toma a inicia-tiva 
de conceder vida, fazendo da serpente – um agente de morte 
– sinal de salvação: quem fosse mordido, ao contemplar a serpen-te 
de bronze, vivia (v. 9). 
9. A literatura bíblica posterior interpretou o episódio em 
chave de misericórdia divina, assegurando que a serpente de 
bronze não possuía nenhum poder em si mesma: "Quando caiu 
sobre eles a fúria terrível das feras, e morriam mordidos por ser-pentes 
tortuosas, tua cólera não durou até o fim. Foram assusta-dos 
por pouco tempo e como correção, mas receberam um sinal 
de salvação, para lhes recordar o mandamento da tua Lei. Quem 
se voltava para o sinal era salvo, não pelo que via, mas graças a ti, 
o Salvador de todos" (Sb 16,5-7). 
Evangelho (Jo 3,13-17): Jesus é a fonte da vida para 
todos 
10. Os versículos propostos na liturgia de hoje pertencem ao 
diálogo de Jesus com Nicodemos (3,1-12). O tema central desse 
capítulo pode ser resumido assim: O que é ser homem novo? Jesus 
desafia Nicodemos a um novo nascimento, ou seja, nascer do alto 
(ou do elevado, que é o próprio Jesus). Nicodemos, "o mestre em 
Israel" – título outrora dado a Moisés –, ignora totalmente o que 
seja nascer do alto, e faz o papel do idiota: imagina que a pessoa 
tenha de entrar novamente e sair do seio materno. O Evangelho 
de João não perdoa ironias contra Nicodemos, homem ligado à 
Lei e membro do Sinédrio, o tribunal superior que condenará 
Jesus à morte. 
11. Nicodemos tem de nascer de novo e nascer do alto (de Jesus 
elevado na cruz) se quiser ser discípulo do Mestre Jesus. Enquan-to 
permanecer agarrado à Lei e ao Sinédrio não poderá ser consi-derado 
seguidor de Jesus. Pelo contrário, será conivente com a 
morte do justo e do inocente, perfilando-se ao lado dos que geram 
a morte do povo. 
12. O v. 13 gira em torno das palavras subir e descer, ao passo 
que o v. 14 está condensado nos verbos levantar e ser levantado. 
No Evangelho de João Jesus se declara o Caminho (cf. 14,6), e 
isso em parte resume todo o Evangelho. Jesus é Caminho enquan-to 
vem de Deus e desce para o meio da humanidade (a isso se 
pode chamar de dimensão descendente); mas o é também enquanto 
sai do meio da humanidade para subir para Deus (dimensão as-cendente). 
Na primeira dimensão revela sobretudo quem é Deus; 
na segunda mostra a vocação da humanidade: voltar a Deus, do 
qual ela saiu. No v. 13 se afirma que aquele que subiu ao céu é o 
mesmo que desceu do céu: o Filho do Homem. A expressão "Fi-lho 
do Homem" ressalta a humanidade de Jesus. Ele se revelou 
plenamente humano. E por ser plenamente humano deu a conhe-cer 
quem é Deus; por ser plenamente humano mostrou o caminho 
da humanidade: ser humana como Jesus e fundir-se para sempre 
com Deus. O humano revelou à humanidade quem é Deus e abriu 
para a humanidade o caminho do reencontro com Deus. 
13. O v. 14 continua o tema da humanidade de Jesus, mostrando 
até que ponto foi humano por amor à humanidade: "Assim como 
Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso 
que o Filho do Homem seja levantado": (O fato recorda, eviden-temente, 
o texto de Números 21,4b-9; cf. 1ª leitura). Aqui fica 
claro o que Jesus, com a expressão "nascer de novo/do alto" 
queria dizer a Nicodemos: o alto (ou elevado) é o próprio Jesus 
crucificado porque foi até as últimas conseqüências no seu amor 
pela humanidade (cf. 13,1). O humano Jesus é o crucificado que 
dá a vida porque ama. Isso é nascer do alto/do elevado. A vida
que Jesus elevado comunica aos que lhe dão adesão supera a vida 
passageira comunicada pela serpente de bronze: "Todo aquele 
que nele acredita, nele terá a vida eterna" (v. 15). 
14. Os vv. 16-17 estão fortemente ligados ao que precede, ou 
seja, o amor de Deus manifestado na morte de Jesus. Sua morte 
insere o ser humano no mistério de Deus: ele dá a vida porque 
ama; a morte de Jesus é conseqüência desse amor. 
15. A 1ª leitura mostrou Deus perdoando e devolvendo vida ao 
seu povo. O evangelho de hoje vai além, porque nos mostra não 
só o Deus que livra de um perigo mortal (picada de serpente 
venenosa), mas inclusive vencendo aqueles limites próprios da 
condição humana, como a morte. 
16. Deus ama a todos, sem distinção. Não ama somente um 
povo. Ele ama o mundo. Às vezes, no Evangelho de João, mundo 
significa a humanidade toda, capaz de aceitar ou rejeitar o projeto 
de vida que vem de Deus. Ora, o amor de Deus é oferta gratuita 
que atinge o ser humano em profundidade, antecipando-se à sua 
capacidade de amar. Ele nos ama não porque sejamos bons, mas 
porque ele é bom, quer salvar, quer comunicar vida em plenitude 
(v. 16). 
17. A vida em plenitude se realizou na encarnação e morte de 
Jesus. O v. 16 mostra Deus desprendendo-se do Filho único, a 
ponto de entregá-lo em vista da salvação de quem nele crê. Jesus 
é a personificação do amor do Pai levado às últimas conseqüên-cias: 
a entrega do Filho único. A salvação de Jesus não discrimina 
as pessoas: todos necessitam dela e todos têm acesso a ela, medi-ante 
a fé em Jesus, a fonte da vida: "Porque Deus enviou seu 
Filho ao mundo não para julgar o mundo, mas para que o mundo 
seja salvo por ele" (v. 17). 
18. Aquilo que a 1ª leitura só insinuava, o evangelho lhe dá 
pleno significado e realização: Deus não deseja que as pessoas se 
percam, nem sente satisfação em condenar alguém. O prazer de 
Deus é salvar a todos, é desarmar a todos com a lógica do amor. 
Portanto, o sofrimento, a injustiça, o pecado, a opressão, tudo o 
que gera a morte do povo é contrário ao projeto de Deus. Esse 
projeto visa a erradicar essas forças de morte para criar canais que 
comuniquem vida em plenitude. É isso que Jesus veio revelar 
com sua vida e sua fala. É isso que deseja criar com a força de 
sua morte e ressurreição, presentes e atuantes nas comunidades 
que lhe dão crédito e adesão. 
2ª leitura (Fl 2,6-11): O Evangelho de Jesus Cristo 
19. Ao escrever aos filipenses Paulo está preso em Éfeso, mas 
provavelmente tem em mãos um trunfo que lhe garantirá a liber-dade: 
basta que prove ser cidadão romano. A decisão de fazer 
valer seus direitos de cidadão romano provocou grande mal-estar 
em Éfeso e também em Filipos. De fato, para os primeiros cris-tãos, 
o martírio era um momento forte e propício para o anúncio 
do Evangelho de Jesus Cristo. Declarar-se cristão e morrer vio-lentamente 
por causa disso, provocava adesões à fé. Por que, 
então, Paulo foge desse momento? Estaria anunciando uma coisa 
e vivendo outra? 
20. Eis, então, que escreve aos filipenses. Para ele é vantagem 
morrer, mas opta pela libertação em vista da possibilidade de 
ainda continuar evangelizando (1,23-24). A seguir, passa a mos-trar 
os conflitos que ameaçam a comunidade: conflitos de fora (os 
falsos missionários, cf. 1,27-30) e os conflitos internos (divisões 
da comunidade, cf. 2,1-4). Por fim, convida para que todos te-nham 
as mesmas disposições de vida (sentimentos) que havia em 
Jesus Cristo. 
21. O hino de Filipenses 2,6-11 tem dois movimentos: o primei-ro 
é de cima para baixo, e fala do esvaziamento de Jesus. É como 
uma escada com vários degraus: Jesus não se apegou à sua igual-dade 
com Deus, esvaziou-se, tornou-se servo, semelhante aos 
homens, humilhou-se, fez-se obediente até a morte de cruz. O 
sujeito dessas ações é o próprio Jesus que, consciente e livremen-te, 
despoja-se de tudo. Seu lugar social é junto aos escravos, sem 
privilégios, marginalizados e condenados. Para ele não há outra 
forma de revelar o projeto de Deus a não ser esvaziando-se da-quelas 
realidades humanas das quais com dificuldade abrimos 
mão: prerrogativas, posição social, honra, dignidade, fama e, o 
que é mais precioso, a própria vida. Jesus perdeu todas essas 
coisas. Desceu no poço mais profundo da miséria e solidão hu-manas. 
De fato, o primeiro movimento desse hino não fala de 
Deus. Tem-se a impressão de que Jesus, despojado de tudo, tenha 
sido inclusive abandonado por Deus. 
22. O preço da encarnação foi a cruz. E o Evangelho de Paulo é 
exatamente o Evangelho de um crucificado. Nós estamos muito 
habituados a pensar na divindade de Jesus. Por isso perguntamos: 
onde foi parar sua divindade? Ficou escondida por um momento? 
Ou era justamente no fato de ser plenamente humano que revela-va 
o ser de Deus? (cf. evangelho.) Imaginar que Deus seja um ser 
desencarnado e abstrato é a desculpa que algumas pessoas encon-tram 
para fugir à difícil tarefa de nos encarnarmos nas realidades 
humanas mais sofridas, pois, ao fazermos isso, teremos de nos 
despojar de uma série de coisas, exatamente aquelas coisas das 
quais Jesus se despojou: prerrogativas, status, fama, promoção 
pessoal etc. 
23. A primeira parte do hino tem seu ponto alto na maior baixe-za: 
Jesus se fez servo e foi morto como um bandido, na cruz. Essa 
foi sua opção de vida consciente. Esse hino retoma um texto 
muito antigo de Isaías, aplicando-o a Jesus. Trata-se do quarto 
canto do Servo de Javé (Is 52,13—3,12). 
24. O segundo movimento do hino de Filipenses é de baixo para 
cima. Aqui o sujeito é Deus. É ele quem exalta Jesus, ressusci-tando- 
o e colocando-o no posto mais elevado que possa existir. O 
Nome que ele recebeu do Pai é o título de Senhor, termo muito 
importante para os primeiros cristãos e parte integrante de sua fé. 
Jesus é o Senhor do universo e da história. Diante dele toda a 
criação se prostra em adoração (2,10). Também esta segunda 
parte se inspira no quarto canto do Servo de Javé (cf. Is 52,13-15; 
53,10-12). 
25. Deus Pai é glorificado quando as pessoas reconhecem em 
Jesus o humano que passou pela encarnação das realidades mais 
sofridas e humilhantes, culminando com a morte na cruz, conde-nação 
imposta aos criminosos. Evangelho é, portanto, anúncio 
daquele que se fez servo, obediente até a morte, e morte de cruz. 
Esse anúncio não acontece sem que as pessoas também se encar-nem, 
apostando a vida, como fez Paulo. 
III. PISTAS PARA REFLEXÃO 
26. A festa da Exaltação da Santa Cruz nos introduz no cerne do projeto de Deus, realizado na 
vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus. Esse projeto nos revela, de um lado, o imenso a-mor 
de Deus, convidando-nos a aceitá-lo agradecidos. De outro lado, mostra-nos que cabe a ca-da 
um e a toda a comunidade, aderir plenamente a Jesus na fé. 
· O que é que ainda impede o caminho da comunidade rumo à libertação? (1ª leitura Nm 
21,4b-9). 
· Em que medida a comunidade já aderiu a Jesus, comprometendo-se com o seu projeto, e em 
que medida precisa ainda nascer de novo? (Evangelho Jo 3,13-17). 
· Quais as opções de vida (= sentimentos) de Jesus Cristo devemos ainda fazer nossas? (2ª lei-tura 
Fl 2,6-11).

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Foi para morrermos neste deserto? Não temos nem pão nem água, e estamos enjoados desse pão de miséria" (v. 5; cf. Ex 14,11; 22,27). A acusação era grave: tratava-se de uma perversão do ideal da libertação. O Egito era a morte. A saída dele, a vida. Aqui, Israel chama de "vida" à morte e de "morte" ao caminho de libertação! 6. O motivo da murmuração é evidente: o deserto é lugar difícil de se viver. Veladamente, Israel começa a desacreditar da capacidade de Javé em conduzir o povo a bom termo. E a tenta-ção de voltar ao Egito, acomodando-se às suas estruturas opresso-ras, põe em risco o caminho para a libertação. 7. A situação se torna insuportável com o surgimento das serpentes venenosas, que exercem função pedagógica para Israel, levando-o ao arrependimento e suscitando nele a consciência de que só Javé pode libertar o povo da morte, conduzindo-o à vida: "Pecamos, falando contra Javé e contra você. Suplique a Javé que afaste de nós essas serpentes" (v. 7a). 8. Diante da intercessão de Moisés (v. 7b), Javé toma a inicia-tiva de conceder vida, fazendo da serpente – um agente de morte – sinal de salvação: quem fosse mordido, ao contemplar a serpen-te de bronze, vivia (v. 9). 9. A literatura bíblica posterior interpretou o episódio em chave de misericórdia divina, assegurando que a serpente de bronze não possuía nenhum poder em si mesma: "Quando caiu sobre eles a fúria terrível das feras, e morriam mordidos por ser-pentes tortuosas, tua cólera não durou até o fim. Foram assusta-dos por pouco tempo e como correção, mas receberam um sinal de salvação, para lhes recordar o mandamento da tua Lei. Quem se voltava para o sinal era salvo, não pelo que via, mas graças a ti, o Salvador de todos" (Sb 16,5-7). Evangelho (Jo 3,13-17): Jesus é a fonte da vida para todos 10. Os versículos propostos na liturgia de hoje pertencem ao diálogo de Jesus com Nicodemos (3,1-12). O tema central desse capítulo pode ser resumido assim: O que é ser homem novo? Jesus desafia Nicodemos a um novo nascimento, ou seja, nascer do alto (ou do elevado, que é o próprio Jesus). Nicodemos, "o mestre em Israel" – título outrora dado a Moisés –, ignora totalmente o que seja nascer do alto, e faz o papel do idiota: imagina que a pessoa tenha de entrar novamente e sair do seio materno. O Evangelho de João não perdoa ironias contra Nicodemos, homem ligado à Lei e membro do Sinédrio, o tribunal superior que condenará Jesus à morte. 11. Nicodemos tem de nascer de novo e nascer do alto (de Jesus elevado na cruz) se quiser ser discípulo do Mestre Jesus. Enquan-to permanecer agarrado à Lei e ao Sinédrio não poderá ser consi-derado seguidor de Jesus. Pelo contrário, será conivente com a morte do justo e do inocente, perfilando-se ao lado dos que geram a morte do povo. 12. O v. 13 gira em torno das palavras subir e descer, ao passo que o v. 14 está condensado nos verbos levantar e ser levantado. No Evangelho de João Jesus se declara o Caminho (cf. 14,6), e isso em parte resume todo o Evangelho. Jesus é Caminho enquan-to vem de Deus e desce para o meio da humanidade (a isso se pode chamar de dimensão descendente); mas o é também enquanto sai do meio da humanidade para subir para Deus (dimensão as-cendente). Na primeira dimensão revela sobretudo quem é Deus; na segunda mostra a vocação da humanidade: voltar a Deus, do qual ela saiu. No v. 13 se afirma que aquele que subiu ao céu é o mesmo que desceu do céu: o Filho do Homem. A expressão "Fi-lho do Homem" ressalta a humanidade de Jesus. Ele se revelou plenamente humano. E por ser plenamente humano deu a conhe-cer quem é Deus; por ser plenamente humano mostrou o caminho da humanidade: ser humana como Jesus e fundir-se para sempre com Deus. O humano revelou à humanidade quem é Deus e abriu para a humanidade o caminho do reencontro com Deus. 13. O v. 14 continua o tema da humanidade de Jesus, mostrando até que ponto foi humano por amor à humanidade: "Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado": (O fato recorda, eviden-temente, o texto de Números 21,4b-9; cf. 1ª leitura). Aqui fica claro o que Jesus, com a expressão "nascer de novo/do alto" queria dizer a Nicodemos: o alto (ou elevado) é o próprio Jesus crucificado porque foi até as últimas conseqüências no seu amor pela humanidade (cf. 13,1). O humano Jesus é o crucificado que dá a vida porque ama. Isso é nascer do alto/do elevado. A vida
  • 2. que Jesus elevado comunica aos que lhe dão adesão supera a vida passageira comunicada pela serpente de bronze: "Todo aquele que nele acredita, nele terá a vida eterna" (v. 15). 14. Os vv. 16-17 estão fortemente ligados ao que precede, ou seja, o amor de Deus manifestado na morte de Jesus. Sua morte insere o ser humano no mistério de Deus: ele dá a vida porque ama; a morte de Jesus é conseqüência desse amor. 15. A 1ª leitura mostrou Deus perdoando e devolvendo vida ao seu povo. O evangelho de hoje vai além, porque nos mostra não só o Deus que livra de um perigo mortal (picada de serpente venenosa), mas inclusive vencendo aqueles limites próprios da condição humana, como a morte. 16. Deus ama a todos, sem distinção. Não ama somente um povo. Ele ama o mundo. Às vezes, no Evangelho de João, mundo significa a humanidade toda, capaz de aceitar ou rejeitar o projeto de vida que vem de Deus. Ora, o amor de Deus é oferta gratuita que atinge o ser humano em profundidade, antecipando-se à sua capacidade de amar. Ele nos ama não porque sejamos bons, mas porque ele é bom, quer salvar, quer comunicar vida em plenitude (v. 16). 17. A vida em plenitude se realizou na encarnação e morte de Jesus. O v. 16 mostra Deus desprendendo-se do Filho único, a ponto de entregá-lo em vista da salvação de quem nele crê. Jesus é a personificação do amor do Pai levado às últimas conseqüên-cias: a entrega do Filho único. A salvação de Jesus não discrimina as pessoas: todos necessitam dela e todos têm acesso a ela, medi-ante a fé em Jesus, a fonte da vida: "Porque Deus enviou seu Filho ao mundo não para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele" (v. 17). 18. Aquilo que a 1ª leitura só insinuava, o evangelho lhe dá pleno significado e realização: Deus não deseja que as pessoas se percam, nem sente satisfação em condenar alguém. O prazer de Deus é salvar a todos, é desarmar a todos com a lógica do amor. Portanto, o sofrimento, a injustiça, o pecado, a opressão, tudo o que gera a morte do povo é contrário ao projeto de Deus. Esse projeto visa a erradicar essas forças de morte para criar canais que comuniquem vida em plenitude. É isso que Jesus veio revelar com sua vida e sua fala. É isso que deseja criar com a força de sua morte e ressurreição, presentes e atuantes nas comunidades que lhe dão crédito e adesão. 2ª leitura (Fl 2,6-11): O Evangelho de Jesus Cristo 19. Ao escrever aos filipenses Paulo está preso em Éfeso, mas provavelmente tem em mãos um trunfo que lhe garantirá a liber-dade: basta que prove ser cidadão romano. A decisão de fazer valer seus direitos de cidadão romano provocou grande mal-estar em Éfeso e também em Filipos. De fato, para os primeiros cris-tãos, o martírio era um momento forte e propício para o anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Declarar-se cristão e morrer vio-lentamente por causa disso, provocava adesões à fé. Por que, então, Paulo foge desse momento? Estaria anunciando uma coisa e vivendo outra? 20. Eis, então, que escreve aos filipenses. Para ele é vantagem morrer, mas opta pela libertação em vista da possibilidade de ainda continuar evangelizando (1,23-24). A seguir, passa a mos-trar os conflitos que ameaçam a comunidade: conflitos de fora (os falsos missionários, cf. 1,27-30) e os conflitos internos (divisões da comunidade, cf. 2,1-4). Por fim, convida para que todos te-nham as mesmas disposições de vida (sentimentos) que havia em Jesus Cristo. 21. O hino de Filipenses 2,6-11 tem dois movimentos: o primei-ro é de cima para baixo, e fala do esvaziamento de Jesus. É como uma escada com vários degraus: Jesus não se apegou à sua igual-dade com Deus, esvaziou-se, tornou-se servo, semelhante aos homens, humilhou-se, fez-se obediente até a morte de cruz. O sujeito dessas ações é o próprio Jesus que, consciente e livremen-te, despoja-se de tudo. Seu lugar social é junto aos escravos, sem privilégios, marginalizados e condenados. Para ele não há outra forma de revelar o projeto de Deus a não ser esvaziando-se da-quelas realidades humanas das quais com dificuldade abrimos mão: prerrogativas, posição social, honra, dignidade, fama e, o que é mais precioso, a própria vida. Jesus perdeu todas essas coisas. Desceu no poço mais profundo da miséria e solidão hu-manas. De fato, o primeiro movimento desse hino não fala de Deus. Tem-se a impressão de que Jesus, despojado de tudo, tenha sido inclusive abandonado por Deus. 22. O preço da encarnação foi a cruz. E o Evangelho de Paulo é exatamente o Evangelho de um crucificado. Nós estamos muito habituados a pensar na divindade de Jesus. Por isso perguntamos: onde foi parar sua divindade? Ficou escondida por um momento? Ou era justamente no fato de ser plenamente humano que revela-va o ser de Deus? (cf. evangelho.) Imaginar que Deus seja um ser desencarnado e abstrato é a desculpa que algumas pessoas encon-tram para fugir à difícil tarefa de nos encarnarmos nas realidades humanas mais sofridas, pois, ao fazermos isso, teremos de nos despojar de uma série de coisas, exatamente aquelas coisas das quais Jesus se despojou: prerrogativas, status, fama, promoção pessoal etc. 23. A primeira parte do hino tem seu ponto alto na maior baixe-za: Jesus se fez servo e foi morto como um bandido, na cruz. Essa foi sua opção de vida consciente. Esse hino retoma um texto muito antigo de Isaías, aplicando-o a Jesus. Trata-se do quarto canto do Servo de Javé (Is 52,13—3,12). 24. O segundo movimento do hino de Filipenses é de baixo para cima. Aqui o sujeito é Deus. É ele quem exalta Jesus, ressusci-tando- o e colocando-o no posto mais elevado que possa existir. O Nome que ele recebeu do Pai é o título de Senhor, termo muito importante para os primeiros cristãos e parte integrante de sua fé. Jesus é o Senhor do universo e da história. Diante dele toda a criação se prostra em adoração (2,10). Também esta segunda parte se inspira no quarto canto do Servo de Javé (cf. Is 52,13-15; 53,10-12). 25. Deus Pai é glorificado quando as pessoas reconhecem em Jesus o humano que passou pela encarnação das realidades mais sofridas e humilhantes, culminando com a morte na cruz, conde-nação imposta aos criminosos. Evangelho é, portanto, anúncio daquele que se fez servo, obediente até a morte, e morte de cruz. Esse anúncio não acontece sem que as pessoas também se encar-nem, apostando a vida, como fez Paulo. III. PISTAS PARA REFLEXÃO 26. A festa da Exaltação da Santa Cruz nos introduz no cerne do projeto de Deus, realizado na vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus. Esse projeto nos revela, de um lado, o imenso a-mor de Deus, convidando-nos a aceitá-lo agradecidos. De outro lado, mostra-nos que cabe a ca-da um e a toda a comunidade, aderir plenamente a Jesus na fé. · O que é que ainda impede o caminho da comunidade rumo à libertação? (1ª leitura Nm 21,4b-9). · Em que medida a comunidade já aderiu a Jesus, comprometendo-se com o seu projeto, e em que medida precisa ainda nascer de novo? (Evangelho Jo 3,13-17). · Quais as opções de vida (= sentimentos) de Jesus Cristo devemos ainda fazer nossas? (2ª lei-tura Fl 2,6-11).