Público-alvo : - Alunos de Português  - 12.º ano  Objectivos : - Entender a técnica do teatro épico. - Reconhecer o paralelismo histórico, séculos XIX e XX. Aprofundar o conhecimento das categorias do texto. - Desenvolver a competência de interpretação de textos literários. - Ler a obra . - Ganhar gosto pelo teatro. Escola  EB 2, 3 / Sec. Vieira de Araújo
Luís  Infante de Lacerda  Sttau Monteiro   Nasceu no dia 03/04/1926 em Lisboa e faleceu no dia 23/07/1993 na mesma cidade. Com dez anos de idade partiu para Londres com o pai, que exercia as funções de embaixador de Portugal.  Regressou a Portugal em 1943, quando o pai é demitido do cargo por Salazar. Licenciou-se em Direito. Colaborou em várias publicações, destacando-se a revista  Almanaque  e o suplemento "A Mosca" do  Diário de Lisboa.  Em 1961, publicou a peça de teatro  Felizmente Há Luar , distinguida com o Grande Prémio de Teatro, tendo sido proibida pela censura a sua representação. Só viria a ser representada em 1978 no Teatro Nacional.
Luís Sttau Monteiro   1926-1993
Foi preso em 1967 pela Pide após a publicação das peças de teatro  A Guerra Santa  e  A Estátua , sátiras que criticavam a ditadura e a guerra colonial. Adaptou ao teatro o romance, de Eça de Queirós,  A   Relíquia . Escreveu o romance inédito  Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão , adaptada como novela televisiva em 1982 com o título  Chuva na Areia .  Obras: Ficção:  Um Homem não Chora  (romance, 1960),  Angústia para o Jantar  (romance, 1961),  E se for Rapariga Chama-se Custódia  (novela, 1966).  Teatro:  Felizmente Há Luar  (1961),  Todos os Anos ,  pela Primavera  (1963),  Auto da Barca do Motor fora da Borda  (1966),  A Guerra Santa  (1967),  A Estátua  (1967),  As Mãos de Abraão Zacut  (1968).
 
Características Texto – modo dramático Destina-se a ser representado Falas das personagens  – Texto principal Didascálias - Texto secundário constituído pelas informações fornecidas pelo dramaturgo (autor) sobre, por exemplo, o tempo e o lugar da acção (cenário), o vestuário, os gestos das personagens, etc. Cabe ao encenador e aos actores, ao definirem a representação, a actualização das indicações cénicas.   Tempo da acção - condensado Personagens - poucas Espaço - reduzido Acção - resulta dos acontecimentos vividos pelas personagens
Modos de expressão Diálogo  - duas ou mais personagens em cena Monólogo -  uma personagem em cena Apartes  – comentários não ouvidos pelo seu interlocutor Linguagem Gestual, Mímica Sonoplastia  – efeitos de som Luminotécnica  – efeitos de luz
Felizmente Há Luar! Edições (Capas)
Invasões francesas – 1807 D. João VI refugia-se no Brasil – 1808 Exército francês deixa o país – 1810 Administração do reino entregue a uma tríade:  D. José António Meneses e Sousa Coutinho; D. Miguel Pereira Forjaz; William Beresford Contestação popular Gomes Freire acusado de conspiração é condenado à morte Advento do Liberalismo - 1820 Contexto Histórico
Paralelismo Histórico Tempo da História (século XIX – 1817) - agitação social  - regime absolutista e tirânico - classes sociais fortemente hierarquizadas - classes dominantes com medo de perder privilégios - povo oprimido e resignado - a “miséria, o medo e a ignorância” - obscurantismo, mas “felizmente há luar” - luta contra a opressão do regime absolutista - perseguições dos agentes de Beresford - as denúncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento que, hipócritas e sem escrúpulos, denunciam - censura - severa repressão dos conspiradores - processos sumários e pena de morte - execução do General Gomes Freire Tempo da escrita (século XX – 1961) - agitação social  - regime ditatorial de Salazar - maior desigualdade entre abastados e pobres - classes exploradas, com reforço do seu poder - povo reprimido e explorado - miséria, medo e analfabetismo - obscurantismo, mas crença nas mudanças - luta contra o regime totalitário e ditatorial - Perseguições da PIDE - denúncias dos chamados “bufos”, que surgem na sombra e se disfarçam, para colher informações e denunciar - censura à imprensa - prisão e duras medidas de repressão condenação em processos sem provas assassinato do General Humberto Delgado
Carácter Épico – Teatro Reflexivo - Trata-se de uma drama narrativo de carácter épico que retrata a trágica apoteose do movimento liberal oitocentista, em Portugal.  - Apresenta as condições da sociedade portuguesa do séc. XIX e a revolta dos mais esclarecidos, muitas vezes organizados em sociedades secretas.  - Segue a linha de Bertolt Brecht e mostra o mundo e o homem em constante transformação; mostra a preocupação com o homem e o seu destino, a luta contra a miséria e a alienação e a denúncia da ausência de moral; alerta para a necessidade de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem. - De acordo com Brecht, Sttau Monteiro proporciona uma análise crítica da sociedade, mostrando a realidade, do modo a levar os espectadores a reagir criticamente e a tomar uma posição.
Inspirada na teoria marxista, o teatro de Brecht afasta-se da concepção do teatro aristotélico que pretendia despertar emoções, levando o espectador a identificar-se com o herói. O drama já não se destina a criar o terror e a piedade, isto é, já não é a função catártica, purificadora, realizada através das emoções. O teatro moderno tem como preocupação fundamental levar os espectadores a pensar. Surge assim a técnica do distanciamento entre o actor e a personagem e entre o espectador e a história, para que se possa fazer um juízo crítico
Estrutura interna Exposição  – apresentação das personagens e abordagem do conflito. Conflito  – (ascendente e descendente) expõe-se de forma gradual,  passando pelo ponto mais alto da intensidade dramática - o Clímax. Desenlace  – desfecho do conflito
Estrutura Externa Actos  – mudança de cenário Cenas  – mudança de personagens Quadros  – mudança de personagens No teatro clássico a divisão era em três ou cinco actos. O teatro moderno não respeita as normas tradicionais.
Didascálias Fornecem indicações e explicitação ideológica da peça Explicações do autor Posição das personagens em cena Indicações aos actores Caracterização das personagens Indicação das pausas Saída ou entrada de personagens Apresentação da dimensão interior das personagens Indicações sonoras …
Referências concretas Relacionadas com os opressores  - Atitudes de sarcasmo, ironia, escárnio, indiferença, galhofa, adulação. Relacionadas com os oprimidos  - Atitudes de desprezo, irritação, tristeza, esperança, medo, desânimo. Outras marcações  - Tom de voz, movimentos, posições, cenários, gestos, vestuário, sons (som dos tambores, o silêncio, a voz que fala antes de entrar no palco, um sino que toca a rebate, o murmúrio de vozes, o toque de uma campainha, o murmúrio da multidão)  Jogo de luzes  - o contraste entre a escuridão e a luz. A escuridão não é total, porque "felizmente há luar".
Personagens Três grupos Distintos Povo : Manuel, Rita, Antigo Soldado, Outros Populares Traidores do Povo : Vicente, Andrade Corvo, Morais Sarmento, Dois Polícias Governantes : Principal Sousa, D. Miguel de Forjaz, Marechal Beresford
Gomes Freire Protagonista, embora nunca apareça é evocado através da esperança do povo, das perseguições dos governadores e da revolta da sua mulher e amigos. É acusado de ser o grão-mestre da maçonaria, estrangeirado, soldado brilhante, idolatrado pelo povo. Acredita na justiça e luta pela liberdade. É apresentado como o defensor do povo oprimido. Herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado). Símbolo de esperança de liberdade.
D. MIGUEL FORJAZ Primo de Gomes Freire. Carácter megalómano. Prepotente; autoritário, mas servil. Cobarde e calculista político. Corrompido pelo poder. Vingativo. Simboliza a decadência do país que governa
PRINCIPAL SOUSA (D. José António de Meneses e Sousa Coutinho) Defensor do obscurantismo. Fanático religioso. Hipócrita. Autocrático e dogmático. Representa o poder eclesiástico. Odeia os franceses.
WILLIAM BERESFORD Cínico em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação. Oportunista; autoritário, mas bom estratega militar. Consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos dois governadores portugueses. É poderoso, interesseiro, calculista. Trocista e sarcástico.
VICENTE Sarcástico, demagogo, falso e servil. Oportunista (move-se pelo interesse da recompensa material). Hipócrita, traidor, desleal, despreza a sua origem e o seu passado. Delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social  (só desse modo pode ascender socialmente).
Matilde de Melo Corajosa, exprime romanticamente o seu amor. Reage violentamente perante o ódio e as injustiças,  Sincera. Ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre. Representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder. Apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem um discurso tanto marcado pelo amor, como pelo ódio.
Sousa Falcão Inseparável amigo, sofre junto de Matilde e assume as mesmas ideias que Gomes Freire Não teve a coragem do general.  Representa a amizade e a fidelidade, mas também a impotência perante o despotismo.
Frei Diogo Homem sério e honesto Representante do clero – é o contraposto do Principal Sousa. Confessor de Gomes Freire
Manuel Denuncia a opressão a que o povo está sujeito.  Protagoniza a consciência do povo.  É corajoso. Metáfora do povo português.
Populares Representam o povo oprimido. Funcionam como coro. Pobres. A ironia é a sua arma.
Espaço cénico Não existe descrição do cenário. Jogos de luz /sombra. Posição das personagens. Espaço social. Referências feitas pelas personagens a espaços físicos determinados.
Espaço Físico Lisboa – macroespaço A Baixa – sede da Regência O Rato – casa de Gomes Freire. Campo de Sant’Ana – local das execuções Serra de Santo António – local donde se avista S. Julião da Barra.
Espaço Social Contexto Histórico-social  – Invasões francesas, Conselho de Regência, Gomes Freire e a Maçonaria, Repressão política… E spaço social  – Clima de opressão social, pobreza, revolta popular… O meio social em que estão inseridas as personagens distingue-se através do vestuário, linguagem e adereços.
Tempo (paralelismo epocal) Tempo Histórico  - Século XIX - 1817 – Absolutismo e repressão popular Tempo da Escrita  - Século XX – 1961 – Ditadura salazarista e repressão política Tempo da Representação : 1h30m/2h. Tempo da acção dramática: a acção concentrada em 2 dias.
Linguagem e Estilo Natural e viva. C aracterizadora e individualizadora de algumas das personagens Frases em latim com conotação irónica. Frases incompletas por hesitação ou interrupção (marcas características do discurso oral).  Léxico do domínio político. Léxico de carácter religioso. Recurso frequente à ironia e ao sarcasmo. Como drama narrativo, pressupõe uma acção apresentada ao espectador e com possibilidade de ser vivida por ele. Preocupação fundamental de levar os espectadores a pensar - técnica realista/influência de Bertolt Brecht.
Ideologia da obra Metáfora política  – apesar de a acção remeter para um facto preciso, o objectivo é apresentar a situação política do Portugal do Estado Novo. Paralelismo: D. Miguel e Salazar Paralelismo: Gomes Freire e Humberto Delgado. Empenhamento político do autor. Luta pela Liberdade. Bertolt Brecht – marxismo – transformação da sociedade. Intemporalidade da peça remete para a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de perseguição.
Entrevista dada pelo autor ao  Diário de Lisboa
 
 
 
 
O Título O título aparece ao longo da peça duas vezes: na fala de D. Miguel e na fala final de Matilde. É simbólico o facto de o título coincidir com as palavras finais da obra, o que desde logo lhe confere circularidade. Para D. Miguel -  o luar permitiria que as pessoas vissem mais facilmente o clarão da fogueira, isso faria com que elas ficassem atemorizadas e percebessem que aquele é o fim último de quem afronta o regime.  Para Matilde - as palavras são fruto de um sofrimento interiorizado reflectido, são a esperança e o não conformismo nascidos após a revolta, a luz que vence as trevas, a vida que triunfa da morte. A luz do luar (liberdade) vencerá a escuridão da noite (opressão) e todos poderão contemplar, enfim, a injustiça que está a ser praticada.
Outros Símbolos Saia verde: a saia encontra-se associada à felicidade e foi comprada numa terra de liberdade: Paris. O verde é a cor predominante na natureza e dos campos na Primavera, associando-se à força, à fertilidade e à esperança. A luz – como metáfora do vencer a escuridão (opressão, falta de liberdade e de esclarecimento). Se a luz se encontra associada à vida,  a noite e as trevas relacionam-se com o mal. A luz representa a esperança num momento trágico. Lua: simbolicamente, por estar privada de luz própria, na dependência do Sol e por atravessar fases, mudando de forma, representa: dependência, periodicidade. A luz da lua, devido aos ciclos lunares, também se associa à renovação.  O fogo é um elemento destruidor e ao mesmo tempo purificador e regenerador, sendo a purificação pela água complementada pela do fogo. Se no presente a fogueira se relaciona com a tristeza e escuridão, no futuro relacionar-se-á com esperança e liberdade. Moeda de cinco reis – símbolo do desrespeito que os mais poderosos mantinham para com o próximo, contrariando os mandamentos de Deus. Tambores – símbolo da repressão sempre presente.
Fotografias de personalidades históricas referidas na peça
Dom João VI
Gomes Freire de Andrade
William  Beresford
Dom Miguel Pereira Forjaz
http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/luar.htm#epico Fonte de informação electrónica Bibliografia: In MOREIRA, Vasco, outro,  Preparação para o Exame Nacional 2006 , Português – 12 º ano, Porto Editora In JACINTO, Conceição, outro, Colecção “Estudar Português” -  Felizmente Há Luar! , -  Porto Editora
Não pensem que esta exposição dispensa a leitura integral da obra …
Felizmente Há Luar!
Boa Semana !...
José Maria Araújo 2007 FIM

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Felizmente Há Luar

  • 1. Público-alvo : - Alunos de Português - 12.º ano Objectivos : - Entender a técnica do teatro épico. - Reconhecer o paralelismo histórico, séculos XIX e XX. Aprofundar o conhecimento das categorias do texto. - Desenvolver a competência de interpretação de textos literários. - Ler a obra . - Ganhar gosto pelo teatro. Escola EB 2, 3 / Sec. Vieira de Araújo
  • 2. Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro Nasceu no dia 03/04/1926 em Lisboa e faleceu no dia 23/07/1993 na mesma cidade. Com dez anos de idade partiu para Londres com o pai, que exercia as funções de embaixador de Portugal. Regressou a Portugal em 1943, quando o pai é demitido do cargo por Salazar. Licenciou-se em Direito. Colaborou em várias publicações, destacando-se a revista Almanaque e o suplemento "A Mosca" do Diário de Lisboa. Em 1961, publicou a peça de teatro Felizmente Há Luar , distinguida com o Grande Prémio de Teatro, tendo sido proibida pela censura a sua representação. Só viria a ser representada em 1978 no Teatro Nacional.
  • 4. Foi preso em 1967 pela Pide após a publicação das peças de teatro A Guerra Santa e A Estátua , sátiras que criticavam a ditadura e a guerra colonial. Adaptou ao teatro o romance, de Eça de Queirós, A Relíquia . Escreveu o romance inédito Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão , adaptada como novela televisiva em 1982 com o título Chuva na Areia . Obras: Ficção: Um Homem não Chora (romance, 1960), Angústia para o Jantar (romance, 1961), E se for Rapariga Chama-se Custódia (novela, 1966). Teatro: Felizmente Há Luar (1961), Todos os Anos , pela Primavera (1963), Auto da Barca do Motor fora da Borda (1966), A Guerra Santa (1967), A Estátua (1967), As Mãos de Abraão Zacut (1968).
  • 5.  
  • 6. Características Texto – modo dramático Destina-se a ser representado Falas das personagens – Texto principal Didascálias - Texto secundário constituído pelas informações fornecidas pelo dramaturgo (autor) sobre, por exemplo, o tempo e o lugar da acção (cenário), o vestuário, os gestos das personagens, etc. Cabe ao encenador e aos actores, ao definirem a representação, a actualização das indicações cénicas. Tempo da acção - condensado Personagens - poucas Espaço - reduzido Acção - resulta dos acontecimentos vividos pelas personagens
  • 7. Modos de expressão Diálogo - duas ou mais personagens em cena Monólogo - uma personagem em cena Apartes – comentários não ouvidos pelo seu interlocutor Linguagem Gestual, Mímica Sonoplastia – efeitos de som Luminotécnica – efeitos de luz
  • 8. Felizmente Há Luar! Edições (Capas)
  • 9. Invasões francesas – 1807 D. João VI refugia-se no Brasil – 1808 Exército francês deixa o país – 1810 Administração do reino entregue a uma tríade: D. José António Meneses e Sousa Coutinho; D. Miguel Pereira Forjaz; William Beresford Contestação popular Gomes Freire acusado de conspiração é condenado à morte Advento do Liberalismo - 1820 Contexto Histórico
  • 10. Paralelismo Histórico Tempo da História (século XIX – 1817) - agitação social - regime absolutista e tirânico - classes sociais fortemente hierarquizadas - classes dominantes com medo de perder privilégios - povo oprimido e resignado - a “miséria, o medo e a ignorância” - obscurantismo, mas “felizmente há luar” - luta contra a opressão do regime absolutista - perseguições dos agentes de Beresford - as denúncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento que, hipócritas e sem escrúpulos, denunciam - censura - severa repressão dos conspiradores - processos sumários e pena de morte - execução do General Gomes Freire Tempo da escrita (século XX – 1961) - agitação social - regime ditatorial de Salazar - maior desigualdade entre abastados e pobres - classes exploradas, com reforço do seu poder - povo reprimido e explorado - miséria, medo e analfabetismo - obscurantismo, mas crença nas mudanças - luta contra o regime totalitário e ditatorial - Perseguições da PIDE - denúncias dos chamados “bufos”, que surgem na sombra e se disfarçam, para colher informações e denunciar - censura à imprensa - prisão e duras medidas de repressão condenação em processos sem provas assassinato do General Humberto Delgado
  • 11. Carácter Épico – Teatro Reflexivo - Trata-se de uma drama narrativo de carácter épico que retrata a trágica apoteose do movimento liberal oitocentista, em Portugal. - Apresenta as condições da sociedade portuguesa do séc. XIX e a revolta dos mais esclarecidos, muitas vezes organizados em sociedades secretas. - Segue a linha de Bertolt Brecht e mostra o mundo e o homem em constante transformação; mostra a preocupação com o homem e o seu destino, a luta contra a miséria e a alienação e a denúncia da ausência de moral; alerta para a necessidade de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem. - De acordo com Brecht, Sttau Monteiro proporciona uma análise crítica da sociedade, mostrando a realidade, do modo a levar os espectadores a reagir criticamente e a tomar uma posição.
  • 12. Inspirada na teoria marxista, o teatro de Brecht afasta-se da concepção do teatro aristotélico que pretendia despertar emoções, levando o espectador a identificar-se com o herói. O drama já não se destina a criar o terror e a piedade, isto é, já não é a função catártica, purificadora, realizada através das emoções. O teatro moderno tem como preocupação fundamental levar os espectadores a pensar. Surge assim a técnica do distanciamento entre o actor e a personagem e entre o espectador e a história, para que se possa fazer um juízo crítico
  • 13. Estrutura interna Exposição – apresentação das personagens e abordagem do conflito. Conflito – (ascendente e descendente) expõe-se de forma gradual, passando pelo ponto mais alto da intensidade dramática - o Clímax. Desenlace – desfecho do conflito
  • 14. Estrutura Externa Actos – mudança de cenário Cenas – mudança de personagens Quadros – mudança de personagens No teatro clássico a divisão era em três ou cinco actos. O teatro moderno não respeita as normas tradicionais.
  • 15. Didascálias Fornecem indicações e explicitação ideológica da peça Explicações do autor Posição das personagens em cena Indicações aos actores Caracterização das personagens Indicação das pausas Saída ou entrada de personagens Apresentação da dimensão interior das personagens Indicações sonoras …
  • 16. Referências concretas Relacionadas com os opressores - Atitudes de sarcasmo, ironia, escárnio, indiferença, galhofa, adulação. Relacionadas com os oprimidos - Atitudes de desprezo, irritação, tristeza, esperança, medo, desânimo. Outras marcações - Tom de voz, movimentos, posições, cenários, gestos, vestuário, sons (som dos tambores, o silêncio, a voz que fala antes de entrar no palco, um sino que toca a rebate, o murmúrio de vozes, o toque de uma campainha, o murmúrio da multidão) Jogo de luzes - o contraste entre a escuridão e a luz. A escuridão não é total, porque "felizmente há luar".
  • 17. Personagens Três grupos Distintos Povo : Manuel, Rita, Antigo Soldado, Outros Populares Traidores do Povo : Vicente, Andrade Corvo, Morais Sarmento, Dois Polícias Governantes : Principal Sousa, D. Miguel de Forjaz, Marechal Beresford
  • 18. Gomes Freire Protagonista, embora nunca apareça é evocado através da esperança do povo, das perseguições dos governadores e da revolta da sua mulher e amigos. É acusado de ser o grão-mestre da maçonaria, estrangeirado, soldado brilhante, idolatrado pelo povo. Acredita na justiça e luta pela liberdade. É apresentado como o defensor do povo oprimido. Herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado). Símbolo de esperança de liberdade.
  • 19. D. MIGUEL FORJAZ Primo de Gomes Freire. Carácter megalómano. Prepotente; autoritário, mas servil. Cobarde e calculista político. Corrompido pelo poder. Vingativo. Simboliza a decadência do país que governa
  • 20. PRINCIPAL SOUSA (D. José António de Meneses e Sousa Coutinho) Defensor do obscurantismo. Fanático religioso. Hipócrita. Autocrático e dogmático. Representa o poder eclesiástico. Odeia os franceses.
  • 21. WILLIAM BERESFORD Cínico em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação. Oportunista; autoritário, mas bom estratega militar. Consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos dois governadores portugueses. É poderoso, interesseiro, calculista. Trocista e sarcástico.
  • 22. VICENTE Sarcástico, demagogo, falso e servil. Oportunista (move-se pelo interesse da recompensa material). Hipócrita, traidor, desleal, despreza a sua origem e o seu passado. Delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social (só desse modo pode ascender socialmente).
  • 23. Matilde de Melo Corajosa, exprime romanticamente o seu amor. Reage violentamente perante o ódio e as injustiças, Sincera. Ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre. Representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder. Apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem um discurso tanto marcado pelo amor, como pelo ódio.
  • 24. Sousa Falcão Inseparável amigo, sofre junto de Matilde e assume as mesmas ideias que Gomes Freire Não teve a coragem do general. Representa a amizade e a fidelidade, mas também a impotência perante o despotismo.
  • 25. Frei Diogo Homem sério e honesto Representante do clero – é o contraposto do Principal Sousa. Confessor de Gomes Freire
  • 26. Manuel Denuncia a opressão a que o povo está sujeito. Protagoniza a consciência do povo. É corajoso. Metáfora do povo português.
  • 27. Populares Representam o povo oprimido. Funcionam como coro. Pobres. A ironia é a sua arma.
  • 28. Espaço cénico Não existe descrição do cenário. Jogos de luz /sombra. Posição das personagens. Espaço social. Referências feitas pelas personagens a espaços físicos determinados.
  • 29. Espaço Físico Lisboa – macroespaço A Baixa – sede da Regência O Rato – casa de Gomes Freire. Campo de Sant’Ana – local das execuções Serra de Santo António – local donde se avista S. Julião da Barra.
  • 30. Espaço Social Contexto Histórico-social – Invasões francesas, Conselho de Regência, Gomes Freire e a Maçonaria, Repressão política… E spaço social – Clima de opressão social, pobreza, revolta popular… O meio social em que estão inseridas as personagens distingue-se através do vestuário, linguagem e adereços.
  • 31. Tempo (paralelismo epocal) Tempo Histórico - Século XIX - 1817 – Absolutismo e repressão popular Tempo da Escrita - Século XX – 1961 – Ditadura salazarista e repressão política Tempo da Representação : 1h30m/2h. Tempo da acção dramática: a acção concentrada em 2 dias.
  • 32. Linguagem e Estilo Natural e viva. C aracterizadora e individualizadora de algumas das personagens Frases em latim com conotação irónica. Frases incompletas por hesitação ou interrupção (marcas características do discurso oral). Léxico do domínio político. Léxico de carácter religioso. Recurso frequente à ironia e ao sarcasmo. Como drama narrativo, pressupõe uma acção apresentada ao espectador e com possibilidade de ser vivida por ele. Preocupação fundamental de levar os espectadores a pensar - técnica realista/influência de Bertolt Brecht.
  • 33. Ideologia da obra Metáfora política – apesar de a acção remeter para um facto preciso, o objectivo é apresentar a situação política do Portugal do Estado Novo. Paralelismo: D. Miguel e Salazar Paralelismo: Gomes Freire e Humberto Delgado. Empenhamento político do autor. Luta pela Liberdade. Bertolt Brecht – marxismo – transformação da sociedade. Intemporalidade da peça remete para a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de perseguição.
  • 34. Entrevista dada pelo autor ao Diário de Lisboa
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  • 39. O Título O título aparece ao longo da peça duas vezes: na fala de D. Miguel e na fala final de Matilde. É simbólico o facto de o título coincidir com as palavras finais da obra, o que desde logo lhe confere circularidade. Para D. Miguel - o luar permitiria que as pessoas vissem mais facilmente o clarão da fogueira, isso faria com que elas ficassem atemorizadas e percebessem que aquele é o fim último de quem afronta o regime. Para Matilde - as palavras são fruto de um sofrimento interiorizado reflectido, são a esperança e o não conformismo nascidos após a revolta, a luz que vence as trevas, a vida que triunfa da morte. A luz do luar (liberdade) vencerá a escuridão da noite (opressão) e todos poderão contemplar, enfim, a injustiça que está a ser praticada.
  • 40. Outros Símbolos Saia verde: a saia encontra-se associada à felicidade e foi comprada numa terra de liberdade: Paris. O verde é a cor predominante na natureza e dos campos na Primavera, associando-se à força, à fertilidade e à esperança. A luz – como metáfora do vencer a escuridão (opressão, falta de liberdade e de esclarecimento). Se a luz se encontra associada à vida, a noite e as trevas relacionam-se com o mal. A luz representa a esperança num momento trágico. Lua: simbolicamente, por estar privada de luz própria, na dependência do Sol e por atravessar fases, mudando de forma, representa: dependência, periodicidade. A luz da lua, devido aos ciclos lunares, também se associa à renovação. O fogo é um elemento destruidor e ao mesmo tempo purificador e regenerador, sendo a purificação pela água complementada pela do fogo. Se no presente a fogueira se relaciona com a tristeza e escuridão, no futuro relacionar-se-á com esperança e liberdade. Moeda de cinco reis – símbolo do desrespeito que os mais poderosos mantinham para com o próximo, contrariando os mandamentos de Deus. Tambores – símbolo da repressão sempre presente.
  • 41. Fotografias de personalidades históricas referidas na peça
  • 43. Gomes Freire de Andrade
  • 46. http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/luar.htm#epico Fonte de informação electrónica Bibliografia: In MOREIRA, Vasco, outro, Preparação para o Exame Nacional 2006 , Português – 12 º ano, Porto Editora In JACINTO, Conceição, outro, Colecção “Estudar Português” - Felizmente Há Luar! , - Porto Editora
  • 47. Não pensem que esta exposição dispensa a leitura integral da obra …