Luciano Moura de Mello e Vinícius Brasil do Amaral
Diversidade Biológicados Arroios Capivaras, Ribeiro e orla do
Guaíba no município de Barra do Ribeiro, RS
Alexandra Alves Cantos • Clodoaldo Leites Pinheiro • Daiane Maria Melo Pazinato •Darliane Evangelho Silva
Débora Tatiane Borges Motta • Antônio Hector Bastide Ramos • Gelson Luis Menezes de Souza
Leonardo Pompéu de Moraes • Luiz Liberato Costa Corrêa • Vinícius Braga Comaretto
Marjorie Knippling do Amaral • Pâmela Salen Domingues Quadro • Pâmela Martins Mugica
A riqueza natural como instrumento
para a gestão sustentável dos recursos locais
Diversidade Biológicados Arroios Capivaras, Ribeiro e orla do
Guaíba no município de Barra do Ribeiro, RS
Luciano Moura de Mello e Vinícius Brasil do Amaral
Alexandra Alves Cantos • Clodoaldo Leites Pinheiro • Daiane Maria Melo Pazinato •Darliane Evangelho Silva
Débora Tatiane Borges Motta • Antônio Hector Bastide Ramos • Gelson Luis Menezes de Souza
Leonardo Pompéu de Moraes • Luiz Liberato Costa Corrêa • Vinícius Braga Comaretto
Marjorie Knippling do Amaral • Pâmela Salen Domingues Quadro • Pâmela Martins Mugica
A riqueza natural como instrumento
para a gestão sustentável dos recursos locais
Capa:
Fotografia de Luciano Moura de Mello. Pôr de sol do dia 08 de julho de 2011,
Lago do Guaíba, RS, fim de tarde do primeiro dia de trabalho de reconhecimento
das áreas de estudo.
Projeto gráfico:
Luciano Moura de Mello
Revisão:
Daniele Soares de Lima
MELLO, Luciano Moura; AMARAL, Vinícius Brasil
Diversidade biológica dos Arroios Capivaras, Ribeiro e Orla do Guaíba no Municí-
pio de Barra do Ribeiro, RS: A riqueza natural como instrumento para a gestão
sustentável dos recursos locais. Santa Maria, RS, 2012.
Il.;
e-ISBN 9788565503327
1. MELLO, L.M. AMARAL. V. B., 2012, Diversidade Biológica. Barra do Ribeiro.
Todos os direitos reservados.
2012
Mamíferos
silvestres
Sumário
Diversidade da
herpetofauna
Capítulo
1
Capítulo
2
Capítulo
4
Capítulo
3
Apresentação
Diversidade de avifauna
Capítulo
5 Diversidade
de Peixes
06
Aspectos metodológicos e os
sítios de coleta de dados
18
08
34
42
60
Sumário
Capítulo
6
Florística e Ecolo-
gia de Orchidace-
ae e Bromeliace-
ae
Capítulo
7
Florestas ciliares
e os impactos
ambientais nas
APP
Capítulo
8
Educação Ambiental
como instrumento
de conservação dos
ambientes naturais
Capítulo
9
Discussões finais
e proposição de
soluções
Apresentação dos Autores
78
95
115
129
0
140
Apresentação do Projeto
Desde a primeira infância
tivemos o privilégio de fre-
quentar o grande paraíso da
natureza de nosso amado
Guaíba e adjacências como
praias e arroios em estado de
magnífica conservação à
época. Ao longo dos anos
aprendemos a respeitar e
admirar áreas tão próximas
da grande metrópole (Porto Alegre) que com o passar do tempo foram
gradativamente sendo agredidas pelo homem, apesar da beleza ímpar de
um bioma incomparável.
Percebemos então que somente através de um projeto sério e
fundamentado poderíamos concretizar a iniciativa de mitigar esse perigo-
so processo de degradação na denominada “zona de impacto” (áreas com
grande riqueza de flora e fauna vizinhas de grandes concentrações demo-
gráficas).
Mas como realizaríamos tão ambicioso trabalho sendo meros ob-
servadores leigos?
A partir de então participaríamos de fóruns, debates, cursos e se-
minários sobre os principais temas do meio ambiente, e após quatro lon-
gos anos encontraríamos através da Pampa Consultoria Ambiental, na
cidade de Bagé, a equipe coordenada pelo Biólogo Luciano Moura de Mel-
lo, que sendo Professor do Curso de Ciências Biológicas da URCAMP e
através de exaustiva colaboração acadêmica voluntária projetou e desen-
volveu o presente trabalho visando à preservação desse frágil e tão pouco
preservado ecossistema, que debaixo de nossos olhos é muitas vezes es-
quecido em prol da conservação da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e
tantas outros não menos importantes, mas distantes de nosso foco imedi-
ato.
Em 18 meses de trabalho, de julho de 2011 a dezembro de 2012,
somadas todas as expedições das equipes de trabalho, enfrentaram juntas
cerca de 10.900km pelas rodovias entre Bagé e Barra do Ribeiro, vivendo
conosco o sonho de trabalhar pela conservação de ambientes tão queri-
dos e importantes ecologicamente.
Após este período de intensos trabalhos de campo, é momento
de apresentar o primeiro produto deste grande esforço: um guia contendo
os resultados das primeiras fases do estudo.
Esperamos que esse importante trabalho sirva para chamar a
atenção de formadores de opinião, empresários, políticos, magistrados,
estudantes, ambientalistas e simples homens que obtém da mãe natureza
o ar puro que ainda respiram, um sopro de motivação e responsabilidade
para defender com “unhas e dentes” nossas plantas e animais que implo-
ram por socorro e justiça!
Vinícius Brasil do Amaral e Marjorie Knippling do Amaral
Empresários e idealizadores do Projeto
Aspectos metodológicos e os sítios de coleta
de dados
Luciano Moura de Mello 1
Para a coleta de dados de
fauna e flora foi utilizado
neste projeto a metodologia
do Programa de Avaliação
Rápida (“Rapid Assessment
Program”), ou RAP.
O objetivo básico da
metodologia é coletar a
campo e analisar o máximo
de informações de maneira
rápida e segura a respeito da biodiversidade de uma região, possibilitando
a realização de um inventário biológico consistente. O desenvolvimento
desta metodologia, entretanto, pode requerer que ações complementares
posteriores sejam realizadas, como a determinação de populações, flutua-
ções sazonais, distribuição, eventos migratórios, interações entre os ecos-
sistemas locais entre outros.
O método RAP envolve passos decisivos de planejamento e organiza-
ção que garantem seu sucesso:
1. Identificação das necessidades e objetivos para a pesquisa;
2. Seleção das áreas de pesquisa;
3. Obtenção de informações preliminares sobre a biodiversidade da área;
4. Determinação do número e localização dos locais de amostragem;
5. Levantamento das épocas do ano a amostrar;
6. Determinação dos grupos taxonômicos que serão amostrados;
7. Determinação dos membros da equipe;
1
Biólogo, MSc, Doutorando (FAEM/UFPEL). Email: luciano_moura_biologia@yahoo.com.br.
Capítulo
1
8. Planejamento de logística (transporte, acampamentos, equipamentos,
alimentação, etc.);
9. Organizar ou adquirir equipamentos e suprimentos necessários.
A fim de selecionar os grupos de organismos a amostrar num Pro-
grama de Avaliação Rápida deve-se considerar os seguintes aspectos:
1. facilidade de amostragem do grupo a campo, garantindo boa imagem
da riqueza de espécies em um curto espaço de tempo;
2. equipamentos e logística apta à amostragem das áreas e ao acesso
aos diversos ambientes de ocorrência do grupo, e
3. Existência de especialistas ou guias de identificação que permitam a
confirmação dos indivíduos com o máximo de segurança.
Dados coletados durante RAP geralmente incluem (a) uma lista de
espécies por ambiente, (b) o número total de espécies para cada local e
para a área total, (c) comparações entre locais em termos de riqueza de
espécies (índices e listas de diversidade), (d) listas de espécies importan-
tes, incluindo ameaçadas de extinção, endêmicas restritas ou não, indica-
dores, introduzidos, migratórios, raras, protegidas e imunes ao corte bem
como em outras categorias especiais, (e) informações ecológicas sobre
cada uma das espécies, incluindo o tipo de habitat que necessitam, o que
alimentam-se, onde vivem, tipo de ninho, o tamanho das populações (se
possível) e seus papéis nos processos ecossistêmicos ou serviços.
O método de pesquisa RAP é essencialmente rápido, além de con-
fiável. A agilidade e confiabilidade dos inventários justificam sua aplicação
neste trabalho e é garantida pela diversificação das equipes de trabalho e
da intensidade das ações a campo, gerando grande volume de dados
comparáveis. A organização logística e a gestão dos trabalhos garante
redução sensível de custos quando comparados a trabalhos descentraliza-
dos onde equipes mobilizam-se isoladamente para os trabalhos de campo.
Os inventários na área de estudo envolveram o meio biótico (fau-
na e flora), o meio abiótico (qualidade dos recursos hídricos) e o meio
sócio-ambiental, com entrevistas dirigidas à população ribeirinha e a pro-
posição de ações educação ambiental.
No meio biótico, foi estudada a flora arbórea das florestas de gale-
ria além de representantes das Famílias Orchidaceae e Bromeliaceae dis-
tribuídos nestas mesmas áreas. Os inventários de fauna relatam, além da
ocorrência de visitantes florais em registros de oportunidade, os principais
grupos de vertebrados, como peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos,
voadores e não voadores. Para a flora a metodologia envolveu a descrição
geral das formações florestais, as relações de diversidade e domínio de
espécies em cada ambiente, estando a descrição da densidade média de
espécies, dos índices de diversidade e similaridade, programados para a
etapa seguinte do trabalho, mostrando os padrões fitogeográficos para
cada área de estudo. Estas ações são de extrema importância por que dão
suporte às decisões eficientes nos trabalhos de recuperação ambiental a
serem implantados.
Os inventários de fauna abordam invertebrados que podem ser
considerados espécies-chaves para a conservação de ecossistemas: visi-
tantes florais são grupos bastante específicos em suas redes alimentares e
sua ocorrência pode assinalar aspectos da qualidade dos ambientes estu-
dados. Entre os vertebrados, os peixes destacam-se pela sua importância
no reconhecimento de padrões na malha hidrográfica além de caracteriza-
rem-se como importantes fontes de exploração econômica de subsistência
e comercial. Anfíbios, répteis, aves silvestres e mamíferos fornecem im-
portantes dados sobre a composição e a ocorrência de danos nos ecossis-
temas locais.
O meio abiótico será detalhado na segunda fase, sendo julgado
com relação à aspectos da qualidade dos recursos hídricos, onde será ava-
liado o oxigênio dissolvido, demanda química e bioquímica de oxigênio,
pH, coliformes e outros parâmetros biofisicoquímicos, buscando correlaci-
oná-los com a distribuição dos organismos vivos.
O meio sócio-ambiental foi avaliado por meio de pesquisa dirigi-
das à população ribeirinha abordando aspectos relativos à escolaridade
média, atividades econômicas, renda média, entre outras informações
importantes para diagnosticar os principais problemas, dificuldades, po-
tencialidades e a relação da população local com os organismos e os am-
bientes locais.
Figura 01. Mapa de distribuição das áreas de estudo (em verde no mapa inferior).
As áreas de estudo (Figura 01) situam-se no município de Barra do
Ribeiro (Latitude -30° 17' 28'' Longitude -51° 18' 04'') e estão distribuídas
nos quadros a seguir, conforme as respectivas etapas de desenvolvimento
do estudo.
Figura 02. Margem de Barra do Ribeiro com o Guaíba,em Julho de 2011, vista
da foz do Arroio Ribeiro e Capivaras (FOTO: Luciano M. de Mello).
Foram realizadas amostragens totais via fluvial de suas fozes até os
pontos médios definidos na tabela abaixo, com a finalidade de identificar,
georreferenciar e registrar fotograficamente os pontos de impactos que
não podem ser observados em imagens de satélite.
De acordo com os critérios citados acima foram selecionados os
pontos de amostragem:
1ª fase: Junho de 2011 a Junho de 2012
PONTOS DE AMOS-
TRAGEM
COORDENADAS DE
REFERÊNCIA
AMBIENTES
Área
amostrada
P1. Foz do Arroio Ri-
beiro e Capivaras
30° 16’
56,22 S
51° 18’
08,76 W
AF, AM, AU, AA,
AC
95.000m²
P2. Arroio Capivaras
30° 16’
49,83 S
51° 18’
20,92 W
AF, AM, AU, AA 120.000m²
P3. Arroio Ribeiro
30° 16’
57,55 S
51° 18’
18,67 W
AF, AM, AU, AA 150.000m²
2ª fase: Julho de 2012 a Julho de 2013
PONTOS DE AMOS-
TRAGEM
COORDENADAS DE
REFERÊNCIA
AMBIENTES
Área amos-
trada
P4. Ponta do Salgado
30° 18’
25,69 S
51° 13’
00,81 W
AF, AM, AA 290.000m²
P5. Arroio Araçá
30° 19’
55,39 S
51° 15’
18,65 W
AF, AM, AU, AA,
AC
190.000m²
3ª fase: Agosto de 2013 a Agosto de 2014
PONTOS DE AMOS-
TRAGEM
COORDENADAS DE
REFERÊNCIA
AMBIENTES
Área amos-
trada
P6. Ponta das Ceroulas
30° 15’
07,02 S
51° 16’
52,87 W
AF, AM, AU, AA 310.000m²
P7. Ponta do Jacaré
30° 14’
07,26 S
51° 17’
50,77 W
AF, AM, AU, AA 125.000m²
P8. Arroio Petim
30° 12’
36,30 S
51° 19’
29,69 W
AF, AM, AU, AA,
AC
180.000m²
Legenda das tabelas descritivas das fases do trabalho: AF: áreas florestadas, AM: áreas
marginais, AU: áreas úmidas, AA: ambientes aquáticos e AC: ambientes campestres).
Figura 03. Margem do Guaíba (fim de tarde de 03 Dez 12) (FOTO: Luciano M.
de Mello).
Figura 04. Graxaim-do-mato em praia da Ponta do Salgado durante reconhe-
cimento das áreas de estudo (09 Jul 11) (FOTO: Luciano M. de Mello).
Os dados são apresentados em capítulos por grupos de organis-
mos e temas a seguir:
LEVANTAMENTOS DE FAUNA
CAPÍTULO 2: Aves Silvestres
CAPÍTULO 3: Répteis e Anfíbios
CAPÍTULO 4: Mamíferos
CAPÍTULO 5: Peixes
LEVANTAMENTOS DE FLORA
CAPÍTULO 6: Orquídeas e bromélias
CAPÍTULO 7: Flora arbórea e Áreas de Preservação
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO 8: Ações de Educação Ambiental
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CAPÍTULO 9: Proposição de soluções integradas
Entre os mais importantes resultados da pesquisa já na primeira
fase, pode-se destacar:
1. a obtenção de dados preliminares sobre a diversidade biológica em
áreas naturais e com diferentes níveis de ação antrópica, devido às ativi-
dades econômicas e agrosilvopastoris desenvolvidas no município de Bar-
ra do Ribeiro;
2. determinação do grau geral e particular de conservação dos ecossiste-
mas mediante estudo integrado das paisagens;
3. diagnóstico e prognóstico das atividades praticadas na região e que
porventura estejam interferindo ou possam interferir na distribuição e
manutenção das populações locais;
4. entendimento dos padrões bioecológicos locais e geração de informa-
ções que subsidiem o manejo natural, a conservação e indicação de áreas
sensíveis para a preservação;
5. realização de audiências públicas para o encaminhamento de soluções;
6. proposição de ações de educação ambiental a serem implementadas
em escolas municipais de Barra do Ribeiro a título de apoio às ações já
desenvolvidas e focadas na conservação e valorização dos ambientes lo-
cais e
7. projeção de ações, como a reedição das publicações associadas ao re-
sultados de trabalhos ao final de cada etapa do estudo, adicionando-se
informações que melhor amparem as decisões voltadas à gestão dos am-
bientes naturais e expansão das metas gerais do projeto a outras áreas do
Estado.
Figura 05. Arroio Capivaras (10 Jul 11) (FOTO: Luciano M. de Mello).
Figura 06. Entrando ao Arroio Araçá, durante reconhecimento das áreas de es-
tudo (09 Jul 11) (FOTO: Leonardo P. de Moraes).
Figura 07. Navegando em reconhecimento no Arroio Araçá (09 Jul 11) (FOTO:
Luciano M. de Mello).
Agradecimentos do autor
Agradeço aos idealizadores, Vinícius e Marjorie, pela confiança em nosso trabalho e a Sepé
Tiaraju de Los Santos pelo apoio durante a primeira expedição às áreas de estudo que nos
permitiram mais do que conhecer, mas a amar mais esse precioso pedaço deste planeta.
Levantamento preliminar da diversidade de
avifauna em Barra do Ribeiro
Leonardo Pompéu de Moraes 2
Luciano Moura de Mello 3
Luiz Liberato Costa Corrêa 4
Pâmela Salen Domingues Quadro 5
As aves constituem o grupo
de animais mais conhecido
entre todos. Sua ampla dis-
tribuição significa a grande
adaptação destes animais aos
diversos ambientes e funções
ecológicas. Estas funções
ecológicas dão às aves espe-
cial papel na estabilidade dos
ecossistemas.
Desde os tempos antigos a humanidade tem compartilhado espaços
e recursos com espécies da fauna silvestre, dentre eles as aves destacam-
se por serem animais importantes para o homem, inclusive nos aspectos
culturais, para muitos eram considerados na antiguidade deuses, para
outros, como povos indígenas, incorporavam danças em seus rituais u-
sando penas na cabeça e outras partes do corpo, ainda hoje se utilizam
desses elementos em suas canções e obras e buscam inspirações na bele-
za das aves, e seus cantos melodiosos (ANDRADE, 1997).
As aves são um grupo de vertebrados que possuem como caracte-
rísticas principais o corpo coberto por penas, apêndices locomotores ante-
riores modificados em asas, bico córneo e ossos pneumáticos. Seu orga-
nismo, tanto fisiológica quanto biomecanicamente estão totalmente a-
daptados à prática do voo. Tanto a endotermia quanto a capacidade de
2
Biólogo, Esp. Email: leonardo_bage@yahoo.com.br
3
Biólogo, MSc., Doutorando, FAEM/UFPEL. Email: luciano_moura_biologia@yahoo.com.br
4
Biólogo, Mestrando, PPG em Ambiente e Desenvolvimento (UNIVATES).
Email: lc_correa@yahoo.com.br
5
Bióloga. Email: pamela_salen@yahoo.com.br
Capítulo
2
voo foram determinantes para o grande sucesso e a notável diversificação
das aves na Terra, pois permitiram que elas colonizassem áreas remotas e
sobrevivessem sob condições climáticas adversas (SICK, 1984; 1997; AN-
DRADE, 1997; BENCKE et al., 2003; ARES, 2007).
As aves sempre encantaram as pessoas, com seus cantos melodio-
sos, e suas belas plumagens coloridas (Andrade, 1997; Reinert et al.,
2004), sendo um grupo de animais superiores muito conhecido (Andrade,
1997), além do fato da grande maioria das espécies possuir hábitos diur-
nos e vocalizar com frequência, são relativamente espécies de boa detec-
ção em campo (Develey, 2006), comparando a outros grupos de animais
(ANDRADE, 1997).
Dessa forma, trata-se de um dos grupos de vertebrados mais
conspícuos e estudados em paisagens naturais ou artificiais (Bencke et al.,
2003; MMA, 2005). Acredita-se que cerca de 99,9% das espécies desse
grupo já foram descritas (SICK, 1984; 1997).
De acordo com Bencke et al. (2003) atualmente são registradas cer-
ca de 10 mil espécies no globo terrestre, sendo que dessas, cerca de 2645
vivem na América do Sul (REINERT et al., 2004).
No Brasil ocorrem atualmente 1.832 espécies já registradas (CBRO,
2011), sendo a avifauna brasileira considerada uma das mais exuberantes
Figura 01. Agelaioides badius (Asa-
de-telha), pousado em área campes-
tre (FOTO: Luiz L. C. Corrêa).
Figura 02. Cyanoloxia brissonii (Azulão)
capturado em região dos pomares (FOTO:
Leonardo P. de Moraes).
e ricas do mundo, devido à grande extensão de nosso território, diversida-
de de ecossistemas e belezas naturais existentes (ANDRADE, 1997).
O Rio Grande do Sul, Estado mais meridional do Brasil (Belton,
1994), dispõe atualmente de uma lista com 661 espécies já registradas
(BENCKE et al., 2010). Segundo Belton (1994) a investigação ornitológica
no Estado parece ter começado com o francês Augst Sainte Hilaire que
viajou nesta região em 1820-1821, sendo que outros pesquisadores tive-
ram suas contribuições, mas quem mais contribuiu com dados e pesquisas
foi William Belton, ornitólogo norte-americano, que realizou e compilou
vários estudos sobre nossa avifauna entre os anos de 1970 e 1983, sendo
que seu trabalho atualmente é fonte de referência para pesquisa sobre as
aves do Estado gaúcho (BENCKE, 2001; BENCKE et al., 2003).
Atualmente vários pesquisadores vêm destacando-se, e contribu-
indo com dados de extrema importância com aspectos de registros, dis-
tribuição e estudo das aves silvestres encontradas no Estado: G. A. Ben-
cke, L. Bugoni, M. V. Petry; R. A. Dias; I. A. Acoordi; C. S. Fontana; entre
outros. No entanto o estudo das aves no Rio Grande do Sul encontra-se
em fase exploratória e descritiva, portanto quaisquer informações adicio-
Figura 03. Chloroceryle amazona (Martim-pescador-verde),
capturado em rede de neblina, margem do Arroio Capivaras
(FOTO: Leonardo P. de Moraes).
nais sobre a fauna ornitológica no Estado que ainda careçam de uma do-
cumentação apropriada devem ser divulgados (BENCKE, 2001).
As aves são fundamentais na manutenção dos mais diferentes e-
cossistemas, onde desempenham importantes funções ecológicas agindo
ativamente sobre o ambiente e teias alimentares em que se encontram.
Algumas das funções mais importantes desempenhadas no ambien-
te consistem na dispersão de sementes, polinização de plantas (beija-
flores) e auxilio no controle da população de insetos e de pequenos verte-
brados (SICK, 1984; 1997; ANDRADE, 1997; BENCKE et al., 2003; REINERT
et al., 2004; ARES, 2007).
Os organismos móveis possuem uma ampla margem de controle
sobre o ambiente em que vivem; eles podem sair de um ambiente letal ou
desfavorável e buscar ativamente outro (BEGON, 2007). Essa facilidade
das aves, dada pela característica do voo, possibilitam que localizem sufi-
ciente disponibilidade de recursos alimentares e abrigo (Andrade, 1997),
realizando pequenas ou grandes migrações na busca de ambientes mais
favoráveis.
Figura 04. Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira) capturado em
rede de neblina em área campestre, próximo a pomares (FOTO:
Leonardo P. de Moraes).
Figura 05. Turdus amaurochalinus (Sabiá-poca) capturado em
rede de neblina (FOTO: Luciano M. de Mello).
Neste sentido, as aves constituem um dos grupos faunísticos mais
importantes em termos de bioindicação da qualidade ambiental, devido à
facilidade de obtenção de dados em pesquisa de campo, permitindo-se
obter diagnósticos precisos em curto espaço de tempo (RAMOS, 1997). No
entanto, a simples presença ou a ausência dessas espécies já é indicativa
de conservação ou degradação de uma determinada área (Reinert et al.,
2004) embora dados complementares devam ser reunidos à estas conclu-
sões a fim de estabelecer a bioindicação.
A realização de estudos em levantamentos e inventários da avifauna
pode indicar a qualidade de um ambiente como seu nível de perturbação
ecológica, permitindo a identificação dos locais em que deve ser realiza-
dos planejamentos e ações de intervenção no manejo e conservação de
ecossistemas.
Novos registros de uma espécie podem representar indícios da ex-
pansão geográfica ativa de uma população, possivelmente motivada por
alterações em seus hábitats originais, bem como o desaparecimento de
espécies anteriormente descritas.
Neste contexto julga-se importante a realização de inventários or-
nitológicos de campo (SEIXAS et al., 2010).
METODOLOGIA
Foi realizado um levantamento qualitativo, de acordo em Develey
(2006), da avifauna em uma área com cerca de 30 hectares (divididos en-
tre áreas florestadas e campestres), no Município de Barra do Ribeiro,
região central do Rio grande do Sul (30º16’48.8”S 51°18’12.1”W), inserida
no Bioma Pampa (IBGE, 2004).
No período de julho de 2011 à março de 2012, foram realizadas 8
expedições a campo na região, cada uma com dois dias, realizando-se
transectos para o registro da avifauna com auxilio de binóculos (8x40;
10x50) para realizar varreduras em observações em curtas e longas dis-
tâncias. Em alguns trechos aleatórios nas proximidades de ambientes flo-
restais e aquáticos foram realizados pontos de escuta na primeira hora da
manhã e ao anoitecer.
Utilizou-se ainda redes de neblina (12 e 7x3m), para a captura e
identificação de espécies e registro fotográfico. As redes foram instaladas
ao amanhecer, e mantidas até o fim da tarde, sendo revisadas em interva-
los de 30 minutos. Também foi utilizada a técnica do playbacks em perío-
do diurno e noturno, a fim de atrair algumas espécies que dificilmente são
observadas diretamente. Para aplicar a técnica de playback foram utiliza-
dos aparelhos (Gravador/Olympus-WS-700M) para a reprodução das voca-
lizações de aves, de acervo particular dos pesquisadores, e amplificador
portátil para reproduzir o som.
Develey (2006) comenta que o levantamento qualitativo tem por
finalidade conhecer a riqueza da comunidade encontrada em uma deter-
minada área (RAP), compilando esforços, em caminhadas a pé, transectos,
pontos de escuta, utilizando redes de captura e uso de playbacks, ressul-
tando em uma excelente metodologia para adquirir uma listagem de aves
da área em estudo.
Para a identificação e comparação das espécies registradas foram
seguidos os guias de campo: Narosky & Yzurieta (2003) e Perlo (2009).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram registras 82 espécies (Tabela 1), em 196 horas de esforço
amostral. A família mais representativa foi a Tyrannidae, seguida de
Thraupidae. Para nomenclatura das espécies seguiu a versão mais atual
da lista de aves do Brasil (CBRO, 2011).
As aves foram agrupadas por hábitos alimentares, baseando-se
em dados obtidos em Sick (1984, 1997); Rodriges et al., (2005) e Scherer
et al. (2010), considerando as seguintes guildas6
: carnívoros; frugívoros
(alimentação baseada em frutos); granívoros (alimentação baseada em
sementes); nectarívoros: utilizam o néctar como base em sua dieta ali-
mentar; piscívoros (alimentação baseada em peixes); onívoros: sua dieta é
baseada em frutos, artrópodes e pequenos vertebrados, sendo assim con-
sideradas as espécies cuja alimentação é composta por mais de uma guil-
da alimentar. Insetívoros alimentam-se de insetos e necrófagos alimen-
tam-se de carcaças de animais em decomposição.
6
Guildas são grupos de organismos reunidos pela função que desempenham no controle
de outras populações.
Figura 07. Bubo virginianus
(Jacurutu), em mata de galeria, orla
do Guaíba (FOTO: Luiz L. C. Corrêa).
Figura 06. Saltador similis (Trinca-ferro-
verdadeiro) em mata de galeria, orla do
Guaíba (FOTO: Leonardo P. de Moraes).
em
Devido a localização e diversidade de ecossitesmas da região (am-
bientes campestres, áquaticos e florestais), estes dispõe de diversificadas
fontes alimentares para aves, beneficiando àquelas espécies que caracte-
rizam-se pela dieta alimentar insetívora e onívora, sendo as primeiras as
mais representativas na região (Gráfico 01 e 02).
Gráfico 1: Distribuição do número de espécies de aves regis-
tradas por guildas alimentares.
0
5
10
15
20
25
30
Figura 08. Basileuterus culicivorus
(Pula-pula-assobioador) em mata de
galeria, orla do Guaíba (FOTO :
Luciano M. De Mello).
Figura 09. Lanio cucullatus (Tico-tico-rei) em
mata de galeria, na orla do Guaíba (FOTO:
Pâmela S. D. Quadros).
Gráfico 2: Distribuição percentual das espécies de aves regis-
tradas por guildas alimentares.
As espécies registradas no estudo já eram esperadas para a região
de acordo com consulta bibliográfica em Belton (1994), ressaltando-se
também que não houve nesta primeira fase registro de nenhuma espécie
que amplia sua distribuição ou novo registro quando consultado Belton
(1994); Bencke (2001) e Bencke et al. (2010).
Figuras 10 e 11. Fezes de aves contendo diversos tipos de sementes de espécies nativas,
em postes de cercas, demonstrando a importante participação das aves silvestres na
dispersão de espécies vegetais (FOTOS: Luciano M. de Mello).
Deve-se ressaltar que a região possui ainda um grau de fragmen-
tação que merece atenção, dada pela ocupação humana, indicando a ne-
34%
32%
13%
7%
5%
5%
3%
1%
Insetívoros
Onívoros
Granívoros
Frugívoros
Piscívoros
Carnívoros
Necrófagos
Nectatívoro
cessidade de um plano de recuperação e manejo a fim de garantir e esta-
bilidade destes ambientes.
Sobre locais de encontros dos espécimes foram caraterizados da
seguinte forma os registros: Campo: refere-se a ave registrada em ambi-
ente campestre, pousada ou em voo livre; Florestal: o registro em ambien-
tes provenientes de mata nativa (ciliar) e Área úmida: registro em ambien-
te aquático.
Não foram registradas espécies ameaçadas na área de estudo,
comparando com Bencke et al. (2003).
Figura 14. Ortalis guttata (Aracuã) em mata
de galeria, Arroio Ribeiro (FOTO: Luciano M.
de Mello).
Figura 12. Pipraeidea bonariensis
(Sanhaço-papa-laranja) em mata de gale-
ria, Arroio Capivaras (FOTO: Leonardo P.
de Moraes).
Figura 13. Columbina picui (Picui) em mata
de galeria, orla do Guaíba (FOTO: Leonardo
P. de Moraes).
Figura 15. Thraupis sayaca (Sanhaço-
cinzento) em mata de galeria, orla do
Guaíba (FOTO: Leonardo P. de Moraes).
Tabela 1. Lista da diversidade de aves silvestres em Barra do Ribeiro, RS
(período de Jul 2011 a Mar 2012).
Ordem/Família/espécie Nome-Comum
Guilda
Alimentar
Ambiente de
registro
TINAMIFORMES
TINAMIDAE
Nothura maculosa Codorna-amarela Onívoro Campo
ANSERIFORMES
ANHIMIDAE
Chauna torquata Tachã Onívoro Área úmida
ANATIDAE
Amazonetta brasiliensis Pé-vermelho Onívoro Área úmida
Figura 18. Ardea alba (Garça-branca-grande)
sobre vegetação aquática. Arroio Capivaras.
FOTO: Luciano M. de Mello).
Figura 16. Hydropsalis torquata
(Bacurau) em área campestre próximo a
casas (FOTO: Luiz L. C. Corrêa).
Figura 17. Pitangus sulfuratus (Bem-te-vi)
em mata de galeria, foz do Arroio Ribeiro
(FOTO: Leonardo P. de Moraes).
Figura 19. Tigrisoma lineatum
(Socó-boi) sobre vegetação aquá-
tica, Arroio Ribeiro (FOTO: Lucia-
no M. de Mello).
GALLIFORMES
CRACIDAE
Ortalis guttata Aracuã Frugívoro Florestal
SULIFORMES
HALACROCORACIDAE
Phalacrocorax brasilianus Biguá Piscívoro Área úmida
PELECANIFORMES
ARDEIDAE
Tigrisoma lineatum Socó-boi-verdadeiro Piscívoro Área úmida
Ardea cocoi Socó-grande Onívoro Área úmida
Ardea alba Garça-branca-grande Onívoro Área úmida
Nycticorax nycticorax Savacu Onívoro Área úmida
THRESKIORNITHIDAE
Plegadis chihi Maçarico-preto Onívoro Área úmida
Phimosus infuscatus
Maçarico-de-cara-
pelada
Onívoro Área úmida
CATRARTIFORMES
CATHARTIDAE
Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta Necrófago Campo
Cathartes aura
Urubu-de-cabeça-
vermelha
Necrófago Campo/florestal
ACCIPITRIFORMES
ACCIPITRIDAE
Rupornis magnirostris Gavião-Carijó Carnívoro Florestal
FALCONIFORMES
FALCONIDAE
Caracara plancus Caracará Carnívoro Campo
Falco sparverius Quiri-quiri Onivoro Campo
RALLIDAE
Aramides cajanea Três-potes Onívoro Área úmida
Aramides ypecaha Saracuraçu Onívoro Área úmida
Laterallus melanophaius Pinto-d´água-comum Onívoro Área úmida
CHARADRIFORMES
CHARADRIIDAE
Charadrius collaris Batuíra-de-coleira Insetívoro Área úmida
Vanellus chilensis Quero-quero Insetívoro Campo
JACANIDAE
Jacana jacana Jaçanã Onívoro Área úmida
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
Columbina talpacoti Rolinha-roxa Granívoro Campo/florestal
Columbina picui Rolinha-picuí Granívoro Campo/florestal
Leptotila verreauxi Juriti-pupu Granívoro Florestal
Zenaida auriculata Pomba-de-bando Granívoro Campo/florestal
CUCULIFORMES
CUCULIDAE
Piaya cayana Alma-de-gato Onívoro Florestal
Crotophaga ani Anu-preto Onívoro Campo
Tapera naevia Saci Insetívoro Florestal
PISTTACIFORMES
PSITTACIDAE
Myiopsitta monachus Caturita Frugívoro Campo/florestal
CAPRIMULGIFORMES
CAPRIMULGIDAE
Hydropsalis torquata Bacurau Insetívoro Campo
STRIGIFORMES
STRIGIDAE
Bubo virginianus Jacurutu Carnívoro Florestal
Athene cunicularia Coruja-buraqueira Carnívoro Campo
APODIFORMES
APODIDAE
Chaetura meridionalis
Andorinhão-do-
temporal
Insetívoro Campo
TROCHILIDAE
Hylocharis chrysura Beija-flor-dourado Nectarívoro Florestal
CORACIFORMES
ALCEDINIDAE
Megaceryle torquata
Martim-pescador-
grande
Piscívoro Área úmida
Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde Piscívoro Área úmida
PICIFORMES
PICIDAE
Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado Insetívoro Campo
Colaptes campestris Pica-do-campo Insetívoro Campo
Melanerpes candidus Pica-pau-branco Insetívoro Campo/florestal
PASSERIFORMES
THAMNOPHILIDAE
Thamnophilus caerulescens Choca-da-mata Insetívoro Florestal
FURNARIIDAE
Furnarius rufus João-de-barro Insetívoro Campo/florestal
Syndactyla rufosuperciliata Trepador-quiete Insetívoro Florestal
RYNCHOCYCLIDAE
Poecilotriccus plumbeiceps Tororó Insetívoro Florestal
Phylloscarthes ventralis Borboletinha-do-mato Insetívoro Florestal
TYRANNIDAE
Serpophaga subcristata Alegrinho Insetívoro Florestal
Camptostoma obsoletum Irré Insetívoro Florestal
Xolmis irruptero Noivinha Insetívoro Florestal
Machetornis rixosa Bem- te-vi-do-gado Insetívoro Campo
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Onívoro Campo/florestal
Megarynchus pitangua Nei-nei Insetívoro Florestal
Tyrannus melancholicus Suiriri Insetívoro Campo/florestal
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis Pitiguari Onívoro Florestal
HIRUNDINIDAE
Progne tapera Andorinha-do-campo Insetívoro Campo
Progne chalybea Andorinha-grande Insetívoro Campo
Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena Insetívoro Campo
TROGLODYTIDAE
Troglotydes musculus Corruíra Insetívoro Campo/florestal
POLIOPTILIDAE
Polioptila dumicola
Balança-rabo-de-
máscara
Insetívoro
TURDIDAE
Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira Onívoro Campo/florestal
Turdus amaurochalinus Sabiá-poca Onívoro Florestal
MIMIDAE
Mimus saturninus Sabiá-do-campo Onívoro Campo
COEREBIDAE
Coereba flaveola Cambacica Onívoro Florestal
THRAUPIDAE
Saltator similis Trinca-ferro-verdadeiro Onívoro Florestal
Lanio cucullatus Tico-tico-rei Frugívoro florestal
Thraupis sayaca Sanhaçu-cinzento Frugívoro Campo/florestal
Stephanophorus diadema-
tus
Sanhaçu-frade Florestal
Pipraeidea bonariensis Sanhaço-papa-laranja Frugívoro Florestal
Paroaria coronata Cardeal Granívoro Campo/florestal
EMBERIZIDAE
Zonotrichia capensis Tico-tico Granívoro Campo/florestal
Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo Garnívoro Campo
Sicalis flaveola Canário-da-terra Granívoro Campo/florestal
Sporophila caerulescens Coleirinho Granívoro Área úmida
Poospiza nigrorufa Quem-te-vestiu Granívoro Florestal
CARDINALIDAE
Cyanoloxia brissonii Azulão Granívoro Florestal
PARULIDAE
Parula pitiayumi Mariquita Insetívoro Florestal
Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra Insetívoro
Área úmi-
da/florestal
Basileuterus culicivorus Pula-pula-assobioador Insetívoro Florestal
ICTERIDAE
Icterus cayanensis Encontro Onívoro Florestal
Chrysomus ruficapillus Garilbadi Insetívoro Campo
Molothrus bonariensis Vira-bosta Onívoro Campo
Agelaioides badius Asa-de-telha Onívoro Campo/florestal
FRINGILLIDAE
Euphonia chlorotica Fim-fim Frugívoro Florestal
PASSERIDAE
Passer domesticus Pardal Onívoro Campo
Agradecimento dos autores
Ao Sr Cláudio Wilfing, pela camaradagem e ao Biól. Antônio Hector Bastide Ramos, ao
profissional - pelo apoio às atividades de campo e ao “irmão de ideal”, pela amizade de
sempre.
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Levantamento preliminar da herpetofauna
silvestre de Barra do Ribeiro
Luciano Moura de Mello 7
Daiane Maria Melo Pazinato 8
A herpetofauna compreende os
anfíbios e répteis, esses animais
estão amplamente distribuídos,
ocupando variados habitats. Os
anfíbios foram os primeiros verte-
brados a se adaptarem ao ambien-
te terrestre, mas os répteis obtive-
ram maior sucesso adaptativo em
ambientes secos, sendo encontrados inclusive em regiões áridas.
Neste capítulo apresentamos uma lista preliminar da herpetofauna
encontrada no Município de Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul. As amostra-
gens foram realizadas no período de julho de 2011 a março de 2012. A meto-
dologia utilizada foi o método qualitativo buscando usar para registro das
espécies o encontro direto. Foram registradas oito espécies de répteis per-
tencentes a duas ordens: Squamata e Testudines, distribuídas em cinco famí-
lias (Gekkonidae, Teiidae, Colubridae, Chelidae e Emydidae) e seis espécies de
anfíbios anuros pertencentes a três famílias (Hylidae, Leiuperidae e Leptodac-
tylidae).
Os répteis ocorrem em vários continentes e condições climáticas re-
lativamente variadas, exceto nos pólos, são diversificados e abundantes
(HICKMAN Jr; ROBERTS; LARSON, 2003; GARCIA; VINCIPROVA, 2003). Fo-
ram os primeiros vertebrados adaptados a vida em ambientes secos gra-
ças à pele espessa e escamosa, com poucas glândulas cutâneas que redu-
zem a perda de água (QUINTELA; LOEBMANN, 2009). A principal adapta-
ção foi o desenvolvimento do ovo com casca, pois libertou os répteis do
ambiente aquático, originando um processo de desenvolvimento inde-
7
Biólogo, MSc., Doutorando, FAEM/UFPEL. Email: luciano_moura_biologia@yahoo.com.br
8
Bióloga, Ativista, ONG Interação de trabalhos Ambientais - ITA, Caçapava do Sul, RS.
Email: da.paz.melo@hotmail.com
Capítulo
3
pendente da água ou de ambientes terrestres muito úmidos (HICKMAN Jr;
ROBERTS; LARSON, 2003).
Os répteis foram mais eficientes na conquista terrestre do que os
anfíbios, pois estes continuam dependendo do ambiente aquático para a
reprodução (BERNARDE; MACHADO, 2006; LOEBMANN, 2005). A ecto-
termia é uma característica destes dois grupos, a temperatura corpórea é
semelhante a do meio ambiente, oscilando com a mesma (LEMA, 2002).
O Brasil possui uma rica biodiversidade, ocupa a segunda colocação
na relação de países com maior riqueza de espécies de répteis. No caso
dos anfíbios, o Brasil é o país com a maior riqueza de espécies, estando
esta classe representada por aproximadamente 946 espécies, distribuídas
em três ordens: Anura (rãs, sapos e pererecas), Caudata (salamandras) e
Gymnophionas (cobras-cegas) (LOEBMANN, 2005; SBH, 2012). Para o Rio
Grande do Sul são conhecidas cerca de 95 espécies de anfíbios, sendo 93
anuros e duas cobras-cegas (BORGES-MARTINS et al.; 2007).
No Brasil a classe Reptilia é representada por três ordens: Testudi-
nes (cágados, jabutis e tartarugas), Squamata (anfisbênias, cobras e lagar-
tos) e Crocodylia (crocodilos e jacarés) (SBH, 2012). De acordo com Bencke
et. al. (2009) são registradas 126 espécies de répteis para o nosso Estado.
Os anfíbios da ordem Anura são muito bem adaptados e geralmen-
te estão entre os vertebrados mais abundantes e presentes em maior
número de habitats, perdendo somente para aves e morcegos em número
de espécies (LIMA et al., 2006).
A identificação das espécies de anfíbios revela dados decisivos para
o sucesso das ações que buscam conservar a biodiversidade (DEIQUES et
al., 2007; HEYER et al., 1994). A fragilidade dos anfíbios diante das condi-
ções adversas, naturais e antrópicas, a sua importância como indicadores
biológicos de qualidade ambiental tornam extremamente importante o
estudo desses animais (LOEBMANN, 2005). A extinção de espécies confi-
gura-se como um dos problemas ambientais mais dramáticos da atualida-
de (MARQUES et al., 2002).
As causas da extinção dos répteis estão relacionadas principalmente
à destruição dos habitats explorados por estes e a aversão que o homem
possui aos répteis também contribui para o declínio das populações (LE-
MA, 2002; DI-BERNARDO, 2003; BORGES-MARTINS, 2007; OLIVEIRA, 2003;
QUINTELA, 2009; LOEBMANN, 2009).
Figura 01: Chironius sp. capturada na
copa de um Maricá (Mimosa bimucro-
nata), à margem do Arroio Capivaras,
em agosto de 2011.
Existe uma evidente falta de informações sobre a biologia, distribui-
ção e conservação da herpetofauna brasileira que pode ser mitigada atra-
vés de inventários e monitoramento da fauna (DIXO, 2006).
Os anuros e répteis são extremamente importantes nas cadeias
alimentares, realizando controle biológico e encontram-se cada vez mais
ameaçados, o conhecimento a cerca destes animais é fundamental para
identificarmos as causas que os ameaçam e estabelecer prioridades de
ação para a preservação.
METODOLOGIA
Foram realizadas saídas a campo no período de julho de 2011 a
março de 2012, para a amostragem da fauna reptiliana e anura do Muni-
cípio de Barra do Ribeiro, região central do Rio grande do Sul
(30º16’48.8”S 51°18’12.1”W).
A metodologia utilizada foi o método qualitativo buscando usar
para registro das espécies o encontro direto, as buscas se deram em am-
bientes campestres, florestais (florestas de galeria), aquáticos e úmidos. A
região apresenta áreas naturais bem preservadas com matas nativas nas
zonas ciliares, mas também possui locais antropizados com grandes áreas
destinadas à produção agrícola.
02 03
Figura 02: Teius oculatus (Teju-verde) foto-
grafado em clareira na mata da orla do Guaí-
ba (FOTOS: Luciano Moura de Mello).
02
01
Figura 03 e 04: Dendropsophus minutus (FOTO: Luiz L. C. Corrêa) e Leptodactylus gracilis
(FOTO: Luciano Moura de Mello).
Os exemplares encontrados foram fotografados e soltos no ambi-
ente. Os trabalhos de campo foram realizados em seis ocasiões, os horá-
rios de busca foram variados, ocorrendo a partir das 06 horas, estenden-
do-se até o crepúsculo, cada saída teve a duração aproximada de 12 ho-
ras, totalizando 144 horas de esforço amostral.
Durante as saídas a campo foram utilizados equipamentos de se-
gurança como calças de tecido grosso, botas compridas, luvas de couro e
gancho para manejo de serpentes a fim de evitar acidentes ofídicos. Fo-
ram realizadas observações em locais com troncos caídos, embaixo de
pedras, nas proximidades de vegetação aquática, nas áreas campestres ou
com características similares. No caso dos anuros as observações foram
realizadas em corpos de água utilizando a procura visual ativa e auditiva e
também nas áreas anteriormente citadas.
Figura 05 e 06: Physalaemus sp. e Scinax sp. (FOTO: Luciano Moura de Mello).
0605
0403
Um total de 14 espécies (Tabela 1) foram identificadas na área,
seis anfíbios e oito répteis. A nomenclatura das espécies seguiu a classifi-
cação da Sociedade Brasileira de Herpetogia.
Figura 06 e 07: Ovos em ninhos de quelônio nas margens do Guaíba.
Figura 09: artefato de madeira (com quase 1m) com anzol, localizado
nas margens do Arroio Capivaras e utilizado por caçadores locais para
a captura de jacarés. O artefato é iscado com carne ou peixe e amar-
rado por uma corda a árvore nas margens do arroio: o animal é “fis-
gado” e trazido à terra, onde é abatido. Estes animais, no entanto,
não foram encontrados pelas equipes de trabalho na área.
Figura 10: Tupinambis
merianae (Lagarto-de-
papo-amarelo) registrado
em armadilha fotográfica.
(FOTOS: Luciano Moura
de Mello).
Tabela 1. Lista das espécies de anfíbios e répteis registradas no Município
de Barra do Ribeiro, RS.
Ordem/ Família/ Espécie Nome comum
ANURA
Hylidae
Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Perereca-rajada
Scinax sp. Perereca
Leiuperidae
Physalaemus sp. Rã
07 08
09
10
Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Rã-assobiadora
Leptodactylus gracilis (Duméril & Bibron, 1841) Rã-listrada
Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) Rã-manteiga
SQUAMATA
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Lagartixa-das-casas
Teiidae
Teius oculatus (D’Orbigny & Bibron, 1837) Teju-verde
Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) Lagarto-do-papo-
marelo
Colubridae
Chironius sp. Caninana-verde
Thamnodynastes hypoconia (Cope, 1860) Corredeira-carenada
Xenodon sp. Boipeva
TESTUDINES
Chelidae
Phrynops hilarii (Duméril & Bibron, 1835) Cágado-de-barbelas
Emydidae
Trachemys dorbigni (Duméril & Bibron, 1835) Tartaruga-tigre-
d'água
Figura 11: Thamnodynastes hypoconia (Corre-
deira-carenada) (FOTO: Luciano Moura de
Mello)
Agradecimento dos autores
Os autores agradecem à Dra. Lize Helena
Cappellari (URCAMP) pelo auxílio nas
identificações, ao Biól. Luiz Liberato Costa Corrêa pela cedência de imagens obti-
das a campo e que ilustram este capítulo e ao Acadêmico de Ciências Biológicas
(URCAMP) Éderson França de Machado, pelo apoio às atividades de campo.
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30 de abril de 2012.
Levantamento da diversidade de mamíferos
silvestres em Barra do Ribeiro
Vinícius Braga Comaretto 9
Luciano Moura de Mello 10
Darliane Evangelho Silva 11
Mamíferos são animais de sangue
quente, vertebrados, podendo vari-
ar em tamanhos e hábitos, possu-
em o corpo coberto por pelos, fê-
meas com glândulas mamárias e a
grande maioria com hábitos notur-
nos (FREITAS & SILVA,2005; REIS et
al., 2006; ACHAVAL et al., 2007;
CARVALHO-JR & LUZ, 2008; CULLEN
et al., 2009). Seus representantes são quadrúpedes, embora existam vari-
ações anatômicas e fisiológicas entre as espécies, que possibilitam a vida
tanto em meio terrestre, aéreo e aquático (SILVA, 1994; FREITAS & SIL-
VA,2005).
O Brasil é considerado um país megadiverso, ou seja, é um dos
mais ricos em números de espécies no mundo (CARVALHO-JR & LUZ,
2008). Atualmente são registradas aproximadamente 5.418 espécies de
mamíferos no mundo (WILSON & REEDER, 2005). De acordo com Paglia et
al. (2012) no território brasileiro são registradas 701 espécies distribuídos
em 50 Famílias e 12 Ordens. Estes números indicam o Brasil como possui-
dor da maior riqueza de mamíferos de toda a região neotropical (CARVA-
LHO-JR & LUZ, 2008).
Estudos relacionados com a mastofauna são extremamente im-
portantes, pois contribuem significativamente para o conhecimento des-
sas espécies, além do fato dos mamíferos possuírem uma importante fun-
9
Biólogo, Email: asp.braga@hotmail.com
10
Biólogo, MSc., Doutorando (FAEM/UFPEL).
Email: luciano_moura_biologia@yahoo.com.br.
11
Bióloga, Mestranda em Ambiente e Desenvolvimento, UNIVATES.
Email: ds_evangelho@yahoo.com.br
Capítulo
4
ção ecológica por manterem o equilíbrio de uma floresta (ALMEIDA et al.,
2008). Neste contexto, a constante ameaça à fauna e flora brasileira está
relacionada aos severos desmatamentos que ocorrem diariamente em
todo o território nacional. Diante deste fato, visualiza-se um crescente
fracionamento das florestas, ocasionando a perda de hábitat, o isolamen-
to populacional local e a restrição do tamanho populacional destes ani-
mais, principalmente os mamíferos de médio e grande porte, que além de
sofrerem com a caça, necessitam de áreas demográficas maiores para seu
desenvolvimento (WILCOX & MURPHY 1985; SHAFER, 1990; SAUNDERS et
al., 1991). No entanto, em contra partida, sofrem uma crescente ameaça à
sua existência, o que mostra a necessidade de maiores estudos sobre o
grupo, não somente para a preservação dessas espécies, mas do ecossis-
tema como um todo (ALMEIDA et al., 2008).
Algumas espécies estão associadas a um impacto negativo ou ad-
verso ao ambiente. Elas podem causar danos para o homem, uma vez que
muitas delas podem alimentar-se da lavoura ou até mesmo de alguns
animais domésticos ou de criação (CARVALHO-JR & LUZ, 2008).
A presença de animais de dieta diversificada e generalista, como,
por exemplo, os Graxains (Pseudalopex gymnocercus) e os Gambás (Didel-
phis albiventris) normalmente são indesejados mesmo com todas as con-
tribuições ecológicas que prestam ao homem. No entanto, ações de ma-
nejo, além de cuidados simples, em geral, anulam totalmente os efeitos
negativos que estes mamíferos silvestres possam ter sobre animais criados
pelo homem.
Porém, é importante ressaltar que muitas dessas situações são
causadas pela alteração intensa do ambiente natural desses animais numa
determinada região (CARVALHO-JR & LUZ, 2008).
A fauna mastozoológica do Rio Grande do Sul é muito expressiva,
graças à sua privilegiada posição fisiográfica (SILVA, 1994).
Segundo dados obtidos em Santos et al. (2008), ocorrem mais de
150 espécies no Estado do Rio Grande do Sul, sendo que destas, 33 encon-
tram-se em ameaça no Estado (Fontana et al., 2003), sendo o Pampa, o
bioma brasileiro com terceiro maior número de espécies de mamíferos
ameaçadas (13%) do país (COSTA et al., 2005).
O bioma Pampa tem sido profundamente modificado pelas ativi-
dades humanas (pastoreio excessivo, queimadas, invasão de espécies exó-
ticas e conversão em áreas agriculturáveis), restando muitas vezes apenas
pequenos remanescentes em uma paisagem predominantemente agrícola
e modificada (PORTO, 2002; BENCKE, 2003).
Avaliar os impactos das diferentes formas de uso da terra sobre a
biodiversidade é fundamental para entendermos e desenvolvermos as
melhores formas de utilização dos recursos naturais, conciliando assim o
desenvolvimento socioeconômico com a conservação da natureza (CAR-
VALHO-JR & LUZ, 2008).
METODOLOGIA
Para a coleta de dados de fauna foi utilizado neste projeto a me-
todologia do Programa de Avaliação Rápida. Para os mamíferos a pesquisa
prevê identificação das espécies voadoras e não voadores.
Para isso, foram utilizadas redes de neblina de 7-12mx2,5m para a
coleta de morcegos (Quiroptera), e buscas ativas, armadilhas fotográficas
e outros meios para os outros grupos de mamíferos.
Foram utilizadas duas armadi-
lhas fotográficas digitais (Figura 01)
BUSHNELL (ZT820) de 2,1 megapixel
com sensor infravermelho (motion-
activated).
A nomenclatura taxonômica
das espécies, foi seguido de acordo em
Reis et al. (2006).
Figura 01. Armadilha fotográfica armada em
caule de Palmeira-rio-grandense (Syagrus ro-
manzoffiana) numa trilha da floresta de ciliar,
foz do Arroio Ribeiro (Foto: Luciano M. de Mel-
lo).
As amostragens a campo foram realizadas entre os meses de ju-
nho de 2011 a março de 2012, no qual seis expedições de campo foram
realizadas, cada uma com cerca de 12 horas de buscas ativas, totalizando
72h de esforço amostral entre armadilha fotográfica e procura visual e
indireta.
O estudo teve objetivo de inventariar a mastofauna da região Bar-
ra Ribeiro, tanto quanto determinar o uso de áreas e a dispersão dos ma-
míferos locais.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Através dos métodos utilizados foram registradas 13 espécies dis-
tribuídas em 11 Famílias (Tabela 1).
Foram registradas 3 espécies ameaçadas no Estado de acordo em
Fontana et al. (2003), são elas : Lontra (Lontra longicaudis), Gato-do-mato-
grande (Leopardus geoffroyi) e Coati (Nasua nasua).
DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES IDENTIFICADAS NO ESTUDO
Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), é uma espécie de porte
médio, comum em áreas urbanas e rurais (Figura 02). Possui hábitos no-
turnos e crepusculares, de alimentação onívora, podendo até alimentar-se
de aves domésticas, onde chega a causar prejuízos em certas ocasiões.
Figura 02. Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), (a) em armadilha modelo
gaiola (Tomahawk), e (b) fotografado por armadilha fotográfica (FOTO: Luiz L. C.
Corrêa).
Os Gambás conseguem trepar e andar sobre as árvores com muita
facilidade, graças a adaptações dos pés e mãos, sua cauda preênsil ajuda
na sua locomoção sobre troncos e galhos. Quando atacados, para se de-
fender exalam um odor forte e pouco agradável ao olfato (SILVA, 1994;
MASSOIA et al., 2002; MAMEDE & ALHO, 2008).
a b
Tabela 1: Lista de espécies de mamíferos silvestres registradas entre junho
de 2011 e março de 2012, em Barra do Ribeiro, RS.
(Legenda dos ambientes (AMB): FO: Floresta da orla do Guaíba, FG: Florestas de
galeria (arroios), AC: áreas campestres, AA: ambientes úmidos ou aquáticos)
Ordem Família
Nome
Científico
Nome
Popular
AMB
Didelphimorphia Didelphidae
Didelphis
albiventris
Gambá-de-
orelha-
branca
FO, FG,
AC
Xenarthra Dasypodidae
Dasypus
novemcinctus
Tatu-galinha AC, FG
Chiroptera Vespertilionidae Eptesicus sp. Morcego AC, FG
Carnivora
Canidae
Pseudalopex
gymnocercus
Graxaim-do-
campo
FO, FG,
AC
Cerdocyon thous
Graxaim-do-
mato
FG
Procyonidae
Procyon
cancrivorus
Mão-pelada
FO, FG,
AC, AA
Nasua Nasua Coati FO, FG
Mustelidae
Conepatus
chinga
Zorrilho AC
Lontra
longicaudis
Lontra AA
Felidae
Leopardus geo-
ffroyi
Gato-do-
mato-grande
FO, FG
Rodentia
Hydrochaeridae
Hydrochaeris
hydrochoerus
Capivara AA
Myocastoridae
Myocastor
coypus
Ratão-do-
banhado
AA
Caviidae Cavia aperea Preá AC
Lagomorpha Leporidae Lepus europaeus
Lebre-
européia
AC
Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), possui uma carapaça, alta e curva
(Figura 03), é formada por oito a nove cintas móveis localizada na porção
mediana da carapaça. Não tem pelos no dorso, e a cabeça é pequena e
comprida com focinho comprido e estreito com orelhas grandes, finas e
muito próximas entre si. Sua coloração geral é marrom escura no dorso,
sendo lateralmente mais amarelada.
Possui membros curtos com cinco dedos nos membros posteriores
e quatro nos anteriores onde os dois dedos médios são grandes, a cauda
comprida, cônica, apresenta a ponta fina que é envolvida por anéis cór-
neos bem distintos. É um tatu bastante comum, vive em vários tipos de
formação vegetais, tem hábito noturno, mas pode ser encontrado durante
o dia, sua alimentação é composta por insetos, raízes de plantas, peque-
nos invertebrados e eventualmente frutos.
Figura 03. (a) Tatu-galinha (D. novemcintus), fotografado por armadilha foto-
gráfica; (b) pegadas de tatu-galinha (Fotos: Luiz. L. C. Corrêa).
A audição e visão são pouco desenvolvidas, mas possui olfato mui-
to apurado. O período de gestação é de 150 a 240 dias, onde a fêmea
constrói um ninho de folhas e palhas secas, no fundo da toca de moradia
(SILVA, 1994; MAMEDE & ALHO, 2008). É uma espécie muito procurada
por caçadores que apreciam sua carne (FREITAS & SILVA, 2005).
Morcego (Eptesicus sp), é uma espécie de hábitos noturnos, onde alimen-
ta-se de insetos (Figura 04). Pode ser encontrado em sótãos, ocos de árvo-
res e furnas (SILVA, 1994).
a b
a b
Figura 04. Morcego (Eptesicus sp.), (a) e (b) capturado em dezembro de 2011 em
rede de neblina próximo a construções humanas iluminadas (Foto: Débora T. B.
Motta).
Graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), sua coloração é acinzentada, com as
extremidades dos membros anteriores e posteriores com coloração negra
(Figura 05).
Figura 05. Graxaim-do-mato (C. thous), (a) fotografado em Praia da Ponta do Salgado,
em Julho de 2011 (Foto: Luciano M. de Mello); (b) animal jovem registrado em armadilha
fotográfica (Foto: Luiz L. C. Corrêa).
Espécie de hábitos geralmente noturno, com alimentação bastante
diversificada: frutos, insetos, anfíbios, crustáceos, pequenos lagartos, aves
e pequenos mamíferos. Vive preferencialmente em áreas florestais, po-
dendo ser avista em áreas abertas e úmidas no período diurno, mas sem-
pre nas proximidades de áreas florestais (MAMEDE & ALHO, 2008).
De acordo em Silva (1994), acredita-se que alguns indivíduos apren-
dam de forma oportunística a comer galinhas ou atacar ovelhas, causando
algum prejuízo ao homem quando seus animais de criação não são ade-
quadamente manejados. No entanto, estudos realizados na Argentina que
a
b
a b
a b
avaliaram o conteúdo estomacal destes canídeos comprovam que muitos
animais carregam a fama de matadores de galinhas ou ovelhas após locali-
zarem e alimentarem-se de ovelhas e outros animais mortos. É um dos
carnívoro mais comuns em atropelamentos em estradas e rodovias (MA-
MEDE & ALHO, 2008).
Graxaim-do-campo (Pseudalopex gymnocercus), canídeo de pequeno
porte medindo cerca de 50 cm de comprimento e 30 cm de cauda, sua
coloração geral é cinza amarelada (Figura 06), com tendência para mar-
rom ferrugíneo no alto da cabeça.
As patas são branco-amareladas, possuem orelhas grandes, de cor
clara, focinho afilado na extremidade, sendo uma espécie típica dos pam-
pas. É encontrado em regiões abertas, como campos e capoeiras de ma-
tas. Tem hábitos noturnos e crepusculares, com alimentação onívora e de
hábito solitário, mas podem ser vistos no período de reprodução em ca-
sais (SILVA, 1994; MAMEDE & ALBO, 2008).
Figura 06. Graxaim-do-campo (P. gymnocercus), fotografado em área campestre (FOTOS:
Luiz L. C. Corrêa). Observa-se as diferenças entre os canídeos que facilitam a sua identifi-
cação a campo: coloração geral, colocação de patas e cauda.
Mão-pelada (Procyon cancrivorus), apresenta pelos curtos de coloração
geral cinza-escuro no dorso (Figura 07), podendo ser facilmente identifica-
do pela máscara preta que desce dos olhos à base da mandíbula, pelos
vários anéis escuros na cauda e a maior altura dos membros posteriores.
As patas anteriores são desprovidas de pelos, o que deu origem ao nome
comum “mão-pelada”. Os dedos são finos e longos, sendo uma espécie
que habita locais com vegetação cerrada e alta, nas proximidades de rios,
riachos, banhados e lagos.
Durante o dia fica em ocos de árvores, sob grandes raízes ou em to-
cas, conseguindo com facilidade trepar em árvores quando perseguido.
O Mão-pelada é um animal de tem hábito noturno, com alimenta-
ção bem variada, desde matéria vegetal à animal, em especial aquáticos,
ao se alimentar apoia-se sobre os membros posteriores manuseando o
alimento com a “mão”, geralmente a fêmea tem de dois a quatro filhotes
(SILVA, 1994; ACHAVAL et al., 2007; MAMEDE & ALHO, 2008).
Figura 07. (a) Mão-pelada (P. cancrivorus), em armadilha fotográfica (FOTO: Luiz L. C.
Corrêa); (b) pegada de Mão-pelada (FOTO: Stefan Vilges de Oliveira).
Coati (Nasua nasua), são animais de cores variadas que vão do marrom-
avermelhado ao cinza-escuro no dorso (Figura 08), sendo o peito amarela-
do. A cauda do Coati é longa e com listras tranversais pretas ou marrom
escuras. Vivem geralmente em grupo em florestas, com hábitos noturnos
e diurnos. Alimenta-se de frutos, insetos, vermes, ovos e pequenos verte-
brados. Locomovem-se tanto no solo com em árvores (SILVA, 1994; FREI-
TAS & SILVA, 2005; MAMEDE & ALHO, 2008).
É uma espécie ameaçada de extinção no Estado, estando classifi-
cado na caterogia “vulnerável” (FONTANA et al., 2003), sendo que as prin-
cipais causas de seu declínio estão associadas a caça predatória para co-
mercialização de sua pele e a fragmentação de florestas (MAMEDE &
ALHO, 2008).
a b
Figura 08. Coati (N.nasua) (FOTO: Luiz L. C. Corrêa).
Zorrilho (Conepatus chinga), espécie de hábito noturno e solitário. Sua
alimentação é composta de artrópodes e pequenos roedores, eventual-
mente serpentes (Figura 09). O hábito deste animal de predar serpentes
faz com que seja bem tolerado entre as comunidades rurais.
Refugia-se no período diurno para repouso em buracos, tocas e
fendas de árvores. Quando perseguido utiliza como defesa pessoal, as
glândulas perianais que lançam secreção volátil e odor extremamente
desagradável (SILVA, 1994; MAMEDE & ALHO, 2008).
Figura 09. (a) Zorrilho (Conepatus chinga), em armadilha fotográfica (FOTO: Luiz L. C.
Corrêa); (b) pegadas de Zorrilho (a barra corresponde a 10cm) (FOTO: Stefan Vilges de
Oliveira).
Lontra (Lontra longicaudis), seus pelos são grossos, curtos e brilhantes de
coloração marrom-escura, sendo a região da garganta e abdômen mais
a b
claros (Figuras 10 e 11). Tem o corpo alongado, robusto e flexível, mem-
bros curtos com dedos unidos por membranas, as orelhas são curtas e
arredondadas, a cauda é longa, estreita e achatada na extremidade, a
ponta do focinho é desprovida de pelos.
A Lontra é um animal de hábitos tanto noturnos quanto diurnos, é
solitária e territorialista, escava tocas nas barrancas para reproduzir e es-
conder-se durante o dia.
As Lontras alimentam-se de peixes, moluscos e crustáceos e aves
que capturam, com grande habilidade dentro d’água.
Figura 10. (a) Lontra (Lontra longicaudis), em armadilha fotográfica (FOTO: Carlos Be-
nhur Kasper); (b) pegada de Lontra (a barra em preto corresponde a 10cm) (FOTO:
Stefan Vilges de Oliveira).
Figura 11. (a) latrina e fezes de Lontra e (b) muco fecal (a barra corresponde a 5cm) (FO-
TOS: Stefan Vilges de Oliveira).
a b
b ca
Figura 11. fezes de lontra (a barra cor-
responde a 10cm) (FOTO: Stefan Vilges de
Oliveira).
Na época de reprodução as
Lontras emitem gritos caracte-
rísticos, durante brincadeiras pré
copulatórias (SILVA, 1994; MAME-
DE & ALHO, 2008). É uma espécie
ameaçada de extinção no Estado,
estando classificado na caterogia
“vulnerável” (FONTANA et al.,
2003).
Gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi), é um felino de porte peque-
no, apresentando da cabeça e corpo de 58cm, com a cauda de com 32cm
aproximadamente, a coloração de fundo é cinza amarelada (Figura 12),
sendo mais escuras no dorso e quase branca nas parte inferior. As man-
chas são pequenas e numerosas, maiores dorsalmente do que nos lados
do corpo, podendo estar reunidas duas a duas.
Há faixas pretas transversais, nos membros, que são nítidas e nor-
malmente, sem interrupções.
Em cima dos olhos, notam-se linhas escuras que sobem pelo alto da cabe-
ça, chegando até a nuca, no peito e na garganta linhas escuras, alguns
animais podem ser melânicos. É encontrado da Bolívia ao extremo sul do
continente. No Brasil só apresenta registro no sul do Rio Grande do Sul, é
mais encontrada nos capões e matas de galeria, em regiões de campos e
também em morros cobertos de mata.
Anda no solo mais consegue trepar com muita facilidade em árvo-
res. Sua alimentação é predominante de pequenos roedores e pequenas
aves (SILVA, 1994; OLIVEIRA & CASSARO, 2006). É uma espécie ameaçada
de extinção no Estado, estando classificado na caterogia “vulnerável”
(FONTANA et al., 2003).
Figura 12. (a) Gato-do-mato-grande (L. geoffroyi) em armadilha fotográfica (FOTO: Lu-
iz L. C. Corrêa); (b) pegada de Gato-do-mato-grande em areia (FOTO: Stefan Vilges de
Oliveira)
Capivara (Hydrochaeris hydrochoerus), possui o corpo compacto, pernas
relativamente curtas, sem cauda, a coloração é marrom, com tons de
avermelhado sendo inferiormente, cinza-amareladas (Figura 13), os pelos
são grossos e ásperos e a pelagem densa, a cabeça é grande, com orelhas
e olhos localizados bem no alto, o que facilita a permanência dentro
d’água, o focinho é alto e obtuso, os pés anteriores tem quatro dedos e os
posteriores três, todos com unhas grossas, sendo que os dedos são unidos
por uma membrana, são de hábitos diurnos e noturnos.
São roedores de comportamento lento e pacífico, incapazes de
atacar outros animais, sua alimentação é herbívora, gramínea, vegetação
aquáticas entre outras vegetais, as ninhadas são de quatro a seis filhotes
podendo chegar até a oito (SILVA, 1994; MAMEDE & ALHO, 2008).
a b
Figura 13. (a) Capivara (H. hydrochoerus) em armadilha fotográfica (Foto: Luiz L. C.
Corrêa); (b) pegada em areia de Capivara (a barra corresponde a 10cm) (FOTO: Darlia-
ne E. Silva).
Ratão-do-banhado (Myocastor coypus), um roedor grande muito parecido
com um rato (Figura 14), cor geral marrom avermelhada escura, por cima
do corpo e amarela clara, ventralmente, forma alongada, cabeça de tama-
nho proporcional ao corpo, orelhas pequenas e arredondadas, focinho
com bigodes longo, dentes incisivos grandes e amarelos.
Figura 14. Ratão-do-banhado (Myocastor coypus), grupo com filhotes (Foto:
Luiz L. C. Corrêa).
a b
A pele é recoberta com pelos compridos, e uma camada densa mais
fina e macia, que lhe da proteção dentro d’água, dedos com membranas
interdigitais, dedos providos de unhas fortes. A cauda é grossa e mais cur-
ta que o corpo, revestidas por escamas e pelos escassos, tem hábitos no-
turnos e diurnos, vivem em banhados ou taipas, escavando tocas de refú-
gio e ninho. É altamente adaptada a vida aquática. Sua alimentação é her-
bívora, alimentam-se tanto na água como na terra, a fêmea tem geral-
mente dois a quatro filhotes, mas as ninhadas podem ser bem maiores
(SILVA, 1994; ACHAVAL et al., 2007).
Preá (Cavia aperea), roedor comum nos campos abertos e de ampla dis-
tribuição, sua coloração geral é acinzentada, com tons de marrom, sendo
as partes inferiores de cor branca-amarelada, o corpo longo com membros
curtos permite-lhe andar rente ao chão, os pés anteriores possuem quatro
dedos e os posteriores, três, todos com longas unhas, fortes e cortante, a
cabeça é proporcional ao tamanho do corpo, as orelhas são pequenas e a
cauda é ausente, tem hábitos noturnos e diurnos, constroem suas tocas
na vegetação, cavando túneis de 8 a 12cm. Sua alimentação é herbívora, a
fêmea gera de um a dois filhotes, podendo ter até duas ninhadas por ano
(SILVA, 1994; ACHAVAL et al., 2007).
Lebre-européia (Lepus europaeus), possui orelhas e pernas compridas, de
cor geral cinza amarronzada nas partes superiores e inferiores mais claras
(Figura 15), a cauda é facilmente visível, membros anteriores curtos e pos-
teriores largos.
Figura 15. (a) Lebre-européia (Lepus europaeus) (Foto: Darliane E. Silva); (b) pegada de
Lebre (a barra em preto coresponde a 10cm) (Foto: Stefan Vilges de Oliveira)
a
b
As Lebres vivem em campos cerrados e lavouras, de hábito geralmen-
te noturno ou crepuscular mas pode, com alguma facilidade, ser vista ali-
mentando-se durante o dia.
Sua alimentação é exclusivamente herbívora, a fêmea tem até três fi-
lhotes e ela reproduz uma vez por ano, seus filhotes nascem aptos para
caminha no primeiro dia, para refugiar-se, não cava ou escava tocas, se
esconde sobre capins ou outros vegetais é uma espécie exótica no Rio
Grande do Sul (Silva, 1994; Achaval et al., 2007) que talvez tenha chegado
ao Estado após as ligações por pontes com países como o Uruguai e Ar-
gentina, para onde foram trazidos da Europa (SILVA, 1994).
Agradecimentos dos autores
A Carlos Benhur Kasper por ceder uma fotografia de Lontra, a Luiz Liberado Costa Corrêa e
Stefan Vilges de Oliveira, pela cedência de diversas fotografias que ilustram este capítulo e
pelas importantes revisões no texto.
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Levantamento preliminar da diversidade de
peixes dos Arroios Ribeiro e Capivaras,
em Barra do Ribeiro, RS
Débora Tatiane Borges Motta
12
Luciano Moura de Mello 13
Os Arroios Capivaras e Ribeiro, que
cortam o município de Barra do
Ribeiro, são importantes recursos
hídricos que se adicionam ao com-
plexo do Guaíba.
O desconhecimento sobre
a diversidade de peixes nestes dois
arroios da região constitui um
importante aspecto negativo para
o estabelecimento de medidas de
conservação daqueles ambientes naturais.
Os peixes regulam e ao mesmo tempo abastecem as delicadas ca-
deias alimentares em ambientes aquáticos, com muitas espécies atuando
como bons indicadores de qualidade ambiental destes recursos além de
operar como importante fonte de renda e subsistência de famílias que
habitam as regiões marginais.
Um dos grandes desafios da ictiologia é a caracterização da diver-
sidade, as dinâmicas populacionais e a identificação dos grupos funcionais
nos ambientes estudados, sendo que várias espécies, em especial as de
porte pequeno, são praticamente desconhecidas, tanto no ponto de vista
taxonômico, quanto de suas características ecológicas e biológicas. Este
trabalho tem o objetivo de dar o primeiro passo no conhecimento ictioló-
gico que pode permitir melhor entendimento do ecossistema, manejo e
exploração sustentada do meio ambiente.
12
Bióloga, URCAMP, Campus Bagé. Email: deborabmotta@hotmail.com
13
Biólogo, MSc, Doutorando (FAEM/UFPEL).
Email: luciano_moura_biologia@yahoo.com.br
Capítulo
5
Muitas espécies utilizam os pequenos cursos de água para procriar
e realizar inteiramente seu ciclo de vida, outras espécies ainda mantêm
ciclos mistos em diferentes ambientes, o que pode tornar ainda mais
complexo o entendimento de suas relações com os ambientes.
O tema é especialmente importante tendo em vista a existência
de comunidades de pescadores no município, que dependem da pesca
para a subsistência de suas famílias, assim, a equipe de trabalho aborda o
assunto sob o aspecto ecológico mas com o entendimento da relevância
deste grupo de animais para as comunidades locais.
METODOLOGIA
O trabalho com a ictiofauna local está dividido em três módulos: o
primeiro voltado para os inventários de diversidade em pontos seleciona-
dos para a amostragem no Arroio Ribeiro e Capivaras. O segundo módulo
será voltado à dinâmica de populações, dietas alimentares, relações eco-
lógicas e a identificação de grupos funcionais nestes mesmos pontos de
amostragem. O terceiro módulo deve estender todos os objetivos anterio-
res aos arroios Araçá e Petim (Quadro 1).
Figura 1. Detalhe de cauda e cabeça de Oligosarcus robustus (Menezes, 1969), Tambi-
ca, capturado em Dez 11 (FOTO: Luciano Moura de Mello).
Para a coleta de dados foi utilizado um bote inflável a motor de
3.3 Hp. Foram realizadas coletas qualitativas com o auxílio de redes de
espera, puçás e informações obtidas dos resultados de pesca de morado-
res locais, que usaram caniços, redes e linhas de pesca.
A pesquisa de campo será apoiada pela pesquisa social realizada
por equipe específica na segunda fase do trabalho, que tem o objetivo de
coletar dados sobre a frequência de pesca, espécies coletadas e tipo de
manejo de pesca realizada pela população ribeirinha.
Para as coletas de dados foram empregadas redes de malha de
1,5; 3; 4; 5 e 6cm (distância entre nós opostos). As redes utilizadas possuí-
am comprimentos de 5m (malhas 1,5 cm), 10m (3 e 4 cm) e 30m (5 e 6
cm) com alturas variando de 1,5 a 1,8m.
Quadro 1. Quadro de distribuição dos pontos de amostragens14
, período
dos trabalhos e número de expedições realizadas.
Arroio Capivaras Arroio Ribeiro
PA
Período
EX PA
Período
EX
IN FIM IN FIM
Módulo I
P1
P2
P3
Jul 11 Jan 12 6
P4
P5
P6
Jul 11 Jan 12 6
Módulo II
P1
P2
P3
Jun 12 Jun 13 12
P4
P5
P6
Jun 12 Jun 13 12
Módulo III - - - - - - - -
Arroio Araçá Arroio Petim
PA
Período
EX PA
Período
EX
IN FIM IN FIM
Módulo I - - - - - - - -
Módulo II - - - - - - - -
Módulo III
P7
P8
P9
Mar 13 Mar 14 12
P10
P11
P12
Mar 13 Mar 14 12
Legenda: PA (pontos de amostragem), IN (Início), Fim (FIM), EX (número de expe-
dições realizadas).
14
As coordenadas geográficas dos pontos de amostragem são apresentadas em mapa
específico (Figura 04).
Em cada coleta, as redes de tamanho de malha diferentes, foram
“armadas” com um período de espera de aproximadamente 4 horas.
Complementando as amostragens com os puçás, um confeccionado com
tela fina de 2 mm e o outro com rede de 10mm para a amostragem de
animais de superfície e de regiões de baixa profundidade.
Os exemplares foram coletados, identificados a campo, fotografa-
dos, medidos e devolvidos aos ambientes originais, exceto amostras de
exemplares que foram preservados em formalina a 10% e depois de iden-
tificados para depósito, sendo preservados em álcool a 70%.
Os exemplares em depósito encontram-se no Laboratório de Bio-
logia da Universidade da Região da Campanha, Campus de Bagé, RS.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram coletadas e identificadas 24 espécies pertencentes a 13
Famílias em 5 Ordens.
A análise preliminar da composição da ictiofauna mostrou ocor-
rência das ordens Siluriformes (Auchenipteridae, Callichthyidae, Heptapte-
ridae, Loricariidae e Pimelodidae), Characiformes (Anostomidae, Characi-
dae, Curimatidae, Erythrinidae e Prochilodontidae), Perciformes (Cichli-
dae), Atheriniformes (Atherinopsidae) e Gymnotiformes (Gymnotidae). A
maior parte das espécies foi coletada com redes de espera, seguidas das
coletas com puçás.
Tabela 1. Lista preliminar da diversidade de peixes nos Arroios Capivaras e
Ribeiro (Ambientes: AR, Arroio Ribeiro; AC: Arroio Capivaras)
Família Espécie Nome Popular Ambiente
Anostomidae
Leporinus obtusidens
(Valenciennes, 1837)
Piava AR, AC
Schizodon jacuiensis
(Bergmann, 1988)
Voga AR, AC
Atherinopsidae
Odontesthes aff. perugiae
(Evermann & Kendall, 1906)
Peixe-rei AR (foz)
Auchenipteridae
Trachelyopterus lucenai
(Bertoletti, Pezzi da Silva &
Pereira, 1995)
Porrudo AR
Callichthyidae
Corydoras paleatus
(Jenyns, 1842)
Cascudinho AR (foz)
Hoplosternum littorale
(Hancock, 1828)
Tamboatá AR
Characidae
Astyanax fasciatus
(Cuvier, 1819)
Lambari-do-
rabo-vermelho
AR, AC
Astyanax jacuhiensis
(Cope, 1894)
Lambari-do-
rabo-amarelo
AR, AC
Astyanax sp. Lambari AR
Cichlidae
Oligosarcus jenynsii
(Günther, 1864)
Tambica AR, AC
Oligosarcus robustus
(Menezes, 1969)
Tambica AR, AC
Crenicichla lepidota
(Heckel, 1840)
Joaninha AR, AC
Crenicichla punctata
(Hensel, 1870)
Joaninha AR, AC
Geophagus brasiliensis
(Quoy & Gaimard, 1824)
Cará AR, AC
Curimatidae
Cyphocharax voga
(Hensel, 1870)
Biru AR, AC
Erythrinidae
Hoplias malabaricus
(Bloch, 1794)
Traíra AR, AC
Gymnotidae
Gymnotus carapo
(Linnaeys, 1758)
Tuvira AC
Heptapteridae
Pimelodella australis
(Eigenmann, 1917)
Rhamdia quelen
(Quoy & Gaimard)
Bagre
Jundiá
AR, AC
AR, AC
Loricariidae
Hypostomus commersoni
(Valenciennes, 1836)
Cascudo AR, AC
Loricariichthys anus
(Valenciennes, 1836)
Cascudo-viola AC
Pimelodidae
Parapilelodus nigribarbis
(Boulenger, 1889)
Mandi AR, AC
Pimelodus maculatus
(Lacepède, 1803)
Pintado AR, AC
Prochilodontidae
Prochilodus lineatus (Valen-
ciennes, 1837)
Grumatã AR, AC
Figura 02 (conjunto). Espécies identificadas na região. 01 e 02. Odontesthes aff. perugiae
(Peixe-rei); 03. Astyanax fasciatus (Lambari-do-rabo-vermelho); 04 e 05. Loricariichthys
anus (Viola), vista dorsal, detalhe da região inferior e detalhe da cabeça, respectivamente
(figura 06 na próxima página).
02 0201
03
04 05
Figura 02 (conjunto, continuação). 06. Loricariichthys anus (Viola), 07. Rhamdia aff. quelen
(Jundiá); 08. Gymnotus carapo (Tuvira); 09. Corydoras paleatus (Cascudinho), 10. Geopha-
gus brasiliensis (Cará).
06
07 08
09 10
Figura 03 (Conjunto). 11 e 12. Hypostomus commersoni (cascudo); 13. Pimelodus ma-
culatus (Pintado), detalhe da cabeça. 14. Pimelodus maculatus (Pintado); 15. Hoplias
malabaricus (Traíra) (FOTOS: Débora T. B.Motta, exceto nº 01, 02 e 08, de Luciano
Moura de Mello).
11 12
2
13
15
2
14
2
Figura 03 (Conjunto, continuação). 16. e 17 Trachelyopterus lucenai (Porrudo), vista
dorsal e detalhe; 18. Oligosarcus robustus (Tambica); 19. Crenicichla lepidota (Joaninha)
(FOTOS: Débora T. B.Motta).
16 17
2
18
19
Foi ainda realizado o levantamento bibliográfico da dieta alimen-
tar das espécies identificadas com o intuito de amparar os estudos futuros
sobre a dinâmica das comunidades de peixes nos ambientes estudados
(Gráfico 01).
Gráfico 01: Distribuição percentual das espécies de peixes registradas na
área de estudo, por guildas alimentares.
A seleção dos pontos de amostragem considerou: a facilidade de
acesso, a diversidade de ambientes (características de margens, profundi-
dade, cobertura vegetal) e a possibilidade de uso dos materiais de coleta
disponíveis.
Estes pontos estão apresentados na Figura 04. e contém as coor-
denadas geográficas obtidas por equipamento de GPS. Não estão apresen-
tados os pontos no mapa em que foram coletadas as informações que
tiveram como fonte de dados os pescadores. Estes foram contactados
diretamente durante atividade de pesca nos arroios, nesta fase do estudo.
Quadro de dados sintéticos sobre dimensões (médias) e dieta alimentar
das espécies de peixes identificadas:
Leporinus obtusidens Piava
Alimentação: onívoro (insetos, restos de peixes e vegetais).
Tamanho: 76 cm
Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004.
Schizodon jacuiensis Voga
Alimentação: iliófagos15
. São de grande importância na cadeia alimentar
por serem indivíduos que vivem em geral, no fundo, auxiliando na recicla-
gem de nutrientes e servindo de alimento para peixes carnívoros.
Tamanho: 25 cm
Referência: OYAKAWA, 1998.
Odontesthes aff. perugiae Peixe-rei
Alimentação: onívoro, com preferência por organismos planctônicos.
Tamanho: 36 cm
Referência: BOSCHI & FUSTER DE PLAZA, 1959.
Trachelyopterus lucenai Porrudo
Alimentação: onívoras, alimentando-se preferencialmente de insetos,
crustáceos e pequenos peixes.
Tamanho: 16,5 cm
Referência: BECKER, 2007; MORESCO & BEMVENUTI, 2005.
Corydoras paleatus Cascudinho
Alimentação: onívoros.
Tamanho: 5,9 cm
Referência: REIS, 2003
Hoplosternum littorale Tamboatá
Alimentação: bentófaga
Tamanho: 24 cm
Referência: MEUNIER et al., 2002
15
Iliófagos são animais que alimentam de materiais orgânicos encontrados no lodo dos
corpos d’água, rios, lagos, barragens, etc.
Rhamdia quelen Jundiá
Alimentação: onívoro (GOMES et al., 2000)
Tamanho: 47,4 cm
Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004.
Astyanax fasciatus Lambari-do-rabo-vermelho
Alimentação: insetos e plantas (LIMA et al., 1995).
Tamanho: 16,8 cm
Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004.
Astyanax jacuhiensis Lambari-do-rabo-amarelo
Alimentação: Alimenta-se de insetos e plantas
Tamanho: 13,8 cm
Referência: LIMA et al., 1995.
Astyanax sp. Lambari
Alimentação: Alimenta-se de insetos e plantas
Tamanho: 16 cm
Referência: LIMA et al., 1995.
Oligosarcus jenynsii Tambica
Alimentação: carnívora, preferindo peixes pequenos, crustáceos e larvas
de insetos.
Tamanho: 22,8 cm
Referência: MENEZES 1969; KOCK et al., 2000.
Oligosarcus robustus Tambica
Alimentação: Provavelmente onívoros, alimentando preferencialmente de
peixes (BRISTKI, 1970).
Tamanho: 15 cm
Referência: MENEZES 1969; KOCK et al., 2000.
Crenicichla lepidota Joaninha
Alimentação: insetos, poliquetas e peixes.
Tamanho: 20 cm
Referência: SANTOS 1987; KOCK et al., 2000.
Crenicichla punctata Joaninha
Alimentação: alimenta-se de peixes, insetos, crustáceos, girinos ou peque-
nas rãs ou sapos.
Tamanho: 23,3 cm
Referência: KULLANDER, 2003.
Cyphocharax voga Biru
Alimentação: iliófagos ¹4
Tamanho: 19,6 cm
Referência: VARI, 1992
Hypostomus commersoni Cascudo
Alimentação: iliófagos
Tamanho: 60,5 cm
Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004.
Hoplias malabaricus Traíra
Alimentação: Na fase larval é planctófaga (PAIVA, 1974). Os indivíduos
jovens são insetívoros enquanto que os adultos são ictiófagos (MORAES &
BARBOLA, 1995). Apresentam grande resistência a períodos de jejum
(PAIVA, 1974)
Tamanho: 26 cm.
Referência: BARBIERI, 1989
Geophagus brasiliensis Cará
Alimentação: bentófagos e iliófagos (MAGALHÃES, 1931), gastrópodos
(COSTA & MAZZONI, 1997), microcrustáceos, larvas de insetos, algas e
detritos vegetais (HAHN et al., 1997).
Tamanho: 24,5 cm
Referência: BARBIERI, 1974
Prochilodus lineatus Grumatã
Alimentação: iliófagos
Tamanho: 80 cm
Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004.
Gymnotus carapo Tuvira
Alimentação: carnívoros, principalmente insetos e crustáceos
Tamanho: 42 cm
Referência: PEREIRA & RESENDE, 2006
Pimelodella australis Bagre
Alimentação: iliófagos.
Tamanho: 10,6 cm
Referência: BOCKMANN & GUAZZELLI, 2003
Loricariichthys anus Viola
Alimentação: pequenos peixes, moluscos, crustáceos e insetos
Tamanho: 46 cm
Referência: FERRARIS, 2003.
Parapilelodus nigribarbis Mandi
Alimentação: onívoro
Tamanho: 18,6 cm
Referência: LUCENA et al., 1992
Pimelodus maculatus Pintado
Alimentação: onívoro (BASILE-MARTINS,1986).
Tamanho: 36 cm
Referência: FENERICH et al., 1975
Figura 05 (conjunto): Imagens do trabalho. (a) Equipe percorrendo as áreas de estudo no
Arroio Capivaras. (b) Geophagus capturado parcialmente predado na rede de coleta, possi-
velmente por Lontras.
a b
Figura 04: Mapa de localização georreferenciada dos pontos de coletas de dados. FONTE
DE IMAGEM: Google Earth®, acesso em 05 de maio de 2012.
Agradecimentos dos autores
À Vinícius Brasil do Amaral, Marjorie Knippling do Amaral e ao Sr Cláudio Wilfing, pelas
carinhosas recepções, pela motivação, pelo suporte, material e logística para que este
trabalho pudesse ser concluído. À Pâmela Mugica, Leonardo Pompéu de Moraes e Ricardo
Lemos, pelo apoio durante as atividades de campo, muito obrigado.
Figura 06 (conjunto): Imagens do trabalho. (a) e (b) Área de pesca amadora em trapiche,
na foz do arroio Ribeiro (FOTOS: Débora T. B. Motta)
a b
a
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Florística e ecologia de Orchidaceae e
exemplares de Bromeliaceae
em Barra do Ribeiro
Clodoaldo Leites Pinheiro
16
A importância ecológica
do epifitismo nas comunidades
florestais consiste na manuten-
ção da diversidade biológica e
no equilíbrio dinâmico interati-
vo nos distintos ecossistemas
(WAECHTER, 1996). Orchidace-
ae possui origem filogenética17
recente, de grande diversidade
na região neotropical, que as
tornam relevantes no que tange
a estudos ecológicos (CARDIM et al., 2001). Em função das características
fisiológicas as epífitas podem ser utilizadas em estudos de processos eco-
lógicos que indiquem padrões de interferência antrópica ou distúrbios de
ordem natural no ambiente (VAN DEN BERG, 1996).
A despeito do relevante papel ecológico das orquídeas, o número
de indivíduos de cada população nos remanescentes da Mata Atlântica
tem declinado nos últimos anos, especialmente em função da devastação
das áreas preservadas e sua conversão em áreas de cultivo agrícola e da
coleta desenfreada das plantas para fins ornamentais e comerciais (WAR-
REM, 1996; FARIA e RIBEIRO, 2000). Neste contexto, o conhecimento da
diversidade taxonômica e ecológica contribui para o direcionamento de
estratégias de conservação e uso racional de recursos naturais.
Para o estudo de florística e ecologia de Orchidaceae foram utili-
zados duas metodologias. A primeira destinou-se a caracterização a diver-
sidade horizontal de comunidades de orquídeas e a segunda a diversidade
16
Tecn. Fruticultura (UERGS). MSc. Doutorando (Botânica/UFRGS).
Email: clodoaldo-pinheiro@hotmail.com
17
Abordagem da ciência que classifica espécies de acordo com sua história evolutiva.
Capítulo
6
vertical. Os objetivos básicos destas metodologias são uma rápida análise
de diversidade taxonômica e funcional. Assim, foi possível formular algu-
mas hipóteses a respeito da interferência do ambiente sobre a distribui-
ção e presença de espécies de orquídeas em um fragmento de mata se-
cundária.
Para a coleta de dados de densidade populacional e freqüência de
Orchidaceae foi adotado a metodologia de quadrantes contíguos (diversi-
dade horizontal). Foi utilizado um transecto18
em uma área de 3,2 hectares
dividida em 32 blocos de 10m x 100m. A contagem de orquídeas foi feita
considerando o campo de visão do pesquisador, contabilizando as orquí-
deas de cada bloco durante o transecto.
A partir do levantamento florístico foram calculados: (1) valores para
densidade absoluta (DA) pela relação entre número total de um determi-
nado indivíduo e a área de estudo (3,2 ha); (2) densidade relativa (DR)
considerando o percentual da relação entre DA e o somatório das DA de
todas as outras espécies de orquídeas; e (3) freqüência, calculada a partir
do percentual da relação de quadrantes em que a espécie se faz presente
pelo somatório de quadrantes (ANJOS-SILVA, 2000).
A diversidade vertical (Figura 01) foi avaliada através da obtenção
de dados de dominância relativa, frequência absoluta sob forófitos e im-
portância epifítica de plantas da família Orchidaceae em diferentes zonas
ecológicas do forófito19
(KERSTEN, 2006).
Legenda:
VIE = valor de importância epifítico
DoR = dominância relativa
FfR = freqüência relativa sobre os forófitos
DoA = dominância absoluta (soma das notas de cada espécie)
FfA = frequencia absoluta sobre os forófitos (=percentual de ocupação)
nfe = número de forófitos que abrigam a espécie epifítica
ntf = número total de forófitos
18
Método de contagem de organismos de uma determinada faixa de terreno.
19
Forófito: árvore que serve de suporte para epífitos.
Figura 01: Fórmulas para cálculos da diversidade vertical. O desenho representa o modelo
utilizado para divisão de zonas ecológicas do forófito.
Dentro da área de estudo, 50 árvores foram selecionadas aleatori-
amente e foram divididas em zonas ecológicas (Figura 01): (A) fuste baixo
(do solo até a altura de 1,3m), (B) fuste alto (galhos internos acima da
altura do fuste baixo) e (C) copa (ramos externos expostos a maior insola-
ção). Esta divisão é indicada quando os forófitos19
são árvores de até 4m
de altura (BRAUN-BLANQUET, 1979).
A abundância foi quantificada a partir da média entre o critério
que considera a dominância e biomassa da espécie epifítica, sendo adota-
da pontuação para dominância absoluta: 1 para indivíduos isolados, 2 para
pequenos grupos, 3 para grandes grupos, 4 para grandes massas e 5 para
população contínua; e pontuação para biomassa: 1 para indivíduos peque-
nos, 2 indivíduos médios e 3 indivíduos grandes (KERSTEN, 2006).
O valor de importância epifítica (VIE) foi obtido a partir da média
aritmética dos valores relativos de cada espécie para pontuar a represen-
tatividade deste na comunidade epifítica a qual faz parte (MATTEUCCI e
COLMA, 1982).
A área de estudo, nesta fase, compreende a fisionomia de mata às
margens do Guaíba junto à foz do Arroio Ribeiro.
Figura 02: Acianthera glumacea (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase. (FOTO: Luci-
ano M. de Mello)
Os forófitos observados são, em sua maioria, árvores de até 4 me-
tros, formando um dossel vegetativo com falhas representadas por clarei-
ras, o que aumenta a diversidade de microclimas e condições de luminosi-
dade. Esta condição pode ser responsável pela alternância em distribuição
e ecologia de espécies vegetais não somente de epífitos20
vasculares, mas
também de outros vegetais, os quais constituem a riqueza de flora neste
local de estudo.
A Tabela 01. mostra resultados do levantamento florístico para a
área de estudo, apresentando valores de densidade de epífitos por hecta-
re, dominância relativa e freqüência das orquídeas observada de acordo
com a metodologia de quadrantes contíguos. O vetor de observação para
a área de estudo foi: 3, 9, 46, 3, 18, 3, 1, 4, 0, 1, 5, 7, 15, 0, 0, 0, 0, 7, 5, 0,
0, 0, 0, 0, 0, 7, 0, 0, 0, 3, 1, 3. Foram catalogados 4 espécies (1 ainda não
identificada) de orquídeas totalizando 141 indivíduos nos 3,2 ha.
A ausência de dados nos quadrantes se deve à inexistência de fo-
rófitos com orquídeas ou grandes clareiras.
20
Vegetal que vive fixado sobre outro, mas não é parasito.
Tabela 01: Diversidade horizontal, número de espécimes observados, e
densidade de Orchidaceae em fragmento florestal de Barra do Ribeiro, Rio
Grande do Sul, Brasil.
Legenda: n= número total de indivíduos da área; DA= densidade absoluta; DR=densidade
relativa; Fr= frequência
Lophiaris pumila (Lindl.) Braem é a orquídea mais abundante na
área, apresentando uma distribuição de 38,12 indivíduos por hectare,
cerca de 86,52% da população relativa e com uma probabilidade de ocor-
rência superior a 43,75% em relação aos epífitos (orquídeas) observados
nesta área. Valores de abundância são associados à presença de determi-
nada espécie em uma unidade de área, geralmente hectare. Valores de
frequência representam uma medida para regularidade da distribuição e
podem ser ligados ao padrão de dispersão de uma determinada espécie
em um espaço.
As espécies do gênero Cattleya são plantas de reconhecida impor-
tância e potencial econômico, sendo intensamente cultivadas em orquidá-
rios e, coletadas de habitats. A distribuição de Cattleya tigrina A. Rich. e
Cattleya21
intermedia Grah. está restrita aos quadrantes do interior do
fragmento e em uma das bordas próximo a um rio, res-pectivamente. A
distribuição destas duas espécies parece estar mais associada a coletas do
que ao efeito de borda. Estas duas espécies de Cattleya estão sob risco de
extinção. Plantas de L. pumila (Figura 03) estão distribuídas ao longo dos
quadrantes estudados. As flores muito discretas parecem não atrair tanto
a atenção de coletores de plantas ornamentais.
21
Tanto C. tigrina quanto C. intermedia estão classificadas como “vulneráveis” segundo o
Decreto nº 42.099, de 31 de dezembro de 2002 (lista de espécies da flora nativa ameaça-
das de extinção do Estado do Rio Grande do Sul.
Táxon N
número de quadrantes
presentes
DA DR Fr%
Lophiaris pumila 122 14 38,125 86,52482 43,75
Cattleya tigrina 10 3 3,125 7,092199 9,375
Cattleya intermedia 6 3 1,875 4,255319 9,375
Campylocentrum aromaticum 2 1 0,625 1,41844 3,125
Sp. não identificada 1 1 0,3125 0,70922 3,125
Total 141
Legenda: n= número de indivíduos total da área; DA= densidade absoluta; DR= densidade relativa; Fr=
frequência.
Figura 03: Lophiaris pumila (Lindl.) Braem, planta isolada (a) e com flores (b),
sobre tronco de Tarumã (Vitex megapotamica) (FOTOS: Luciano M. de Mello).
Considerando a distribuição vertical, a flora de Orchidaceae estu-
dada está fortemente relacionada ao fuste alto e a copa (Figura 04), prin-
cipalmente plantas do gênero Cattleya.
Este ambiente pode representar um local com condições de cres-
cimento e desenvolvimento mais adequadas (Gonçalves & Waetcher,
2002), e também de mais difícil acesso aos coletores.
Uma observação interessante foi em função da dominância relati-
va, que descreve a cobertura do forófito pela biomassa das epífitas (Figura
05).
Desta forma a grande quantidade de micro-orquídea L. pumila
confere maior representatividade na zona ecológica fuste alto. Na zona
ecológica da copa a biomassa observada foi associada à presença de plan-
tas do gênero Cattleya (Figura 06).
As clareiras foram formadas pelo tombamento natural de árvores
com ou sem os epífitos. Existem sinais evidentes de coleta de espécies do
gênero Cattleya.
a b
Figura 04: Gráfico da frequência percentual de ocupação sobre os fo-
rófitos nas distintas zonas ecológicas.
Diante do estudo realizado propõem-se desenvolver estratégias
para conservação da flora de Orchidaceae a partir de práticas de reintro-
dução e educação ambiental.
Figura 05: Gráfico da dominância relativa sob os forófitos.
Percentual de ocupação do forófito
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
A B C
Zona ecológica do forófito
FfA(%) Lophiaris pumila
Cattleya tigrina
Campylocentrum
aromaticum
Sp. não identificada
Cattleya intermedia
dominância relativa sob os forófitos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
A B C
Zona ecológica do forófito
DoR
Lophiaris pumila
Cattleya tigrina
Campylocentrum
aromaticum
Sp.
Cattleya intermedia
As espécies podem ser fixadas em outros forófitos de acordo com
a diversidade vertical estudada, escolhendo assim o local mais adequado
ao crescimento e desenvolvimento do epífito. A área em estudo está asso-
ciada à interferência antrópica. Assim, é aconselhável divulgar para a po-
pulação do município de Barra do Ribeiro a importância de Orchidaceae
para a manutenção do equilíbrio dinâmico da biodiversidade (WAECHTER,
1980).
Na área de estudo foram observadas bromélias e um arbusto em
forma epifítica (Ephedra tweediana). Estes elementos vegetais somam em
diversidade e complexidade de interações ecológicas, proporcionando ao
ambiente maior estabilidade a interferências de ordem natural ou antró-
pica.
Figura 06: Cattleya intermedia Grah, com frutos (FOTOS: Luciano M. de Mello)
BROMELIACEAE
Bromeliaceae é uma família botânica cuja espécies apresentam
como sinapomorfia22
folhas dotadas de tricomas foliares peltados especia-
22
Conjunto de caracteres que define um grupo na classificação filogenética.
a b
lizados em absorção de água e nutrientes, antera conduplicada, 6 estames
e número de cromossomos X=25. O clado Bromeliaceae permanece parafi-
lético e polifilético23
em APG III (APG, 2009).
Aechemea recurvata é uma pequena bromélia de folhas verdes rosetadas
e recurvadas no ápice. As inflorescências em tons róseos são acompanha-
das de folhas vermelhas. A cor vermelha nas flores de bromélias está as-
sociada à polinização por beija-flores (CANELA & SAZIMA, 2003, 2005).
Esta espécie pode ser encontrada na forma epífita, terrícola ou em aflo-
ramentos rochosos.
Figura 07: Sub-população de Aechmea recurvata (Klotzsch) L.B. em área aberta e so-
lo arenoso da orla da formação florestal secundária no Guaíba (FOTOS: Luciano M.
de Mello).
23
Parafilético constitui grupo que possui um ancestral comum e Polifilético é um grupo
resultante de convergência evolutiva: derivam de grupos diferentes.
Figura 08: Aechmea recurvata (Klotzsch) L.B.Sm detalhe das flores (FOTOS:
Luciano M. de Mello).
Bromelia antiacantha, conhecida como Bananinha-do-mato apresenta
folhas verdes rosetadas e cobertas por espinhos (Figuras 08 e 09).
Figura 08: Bromelia antiacantha Ber-
tol., detalhe das flores (FOTO: Luciano
M. de Mello).
Figura 09: Bromelia antiacantha Ber-
tol., detalhe dos frutos (FOTO: Luciano
M. de Mello).
É uma planta terrícola e estolonífera, o que confere grandes maci-
ços em habitats. Durante o florescimento as brácteas tornam-se verme-
lhas, formando um vistoso contraste com as inflorescências lilases.
Figura 10: Bromelia antiacantha Bertol., frutos madu-
ros (FOTO: Clodoaldo L. Pinheiro).
A frutificação de cores alaranjadas confere um aspecto ornamen-
tal a este tipo de bromélia (Figura 10).
Bromélias do gênero Tillandsia são pequenas epífitas com folhas ro-
setadas que não acumulam água. Os tricomas peltados, característica
marcante em bromélias, otimizam a absorção de água e nutrientes. Desta
forma, é marcante a rusticidade destas plantas.
A exposição à alta intensidade luminosa aumenta o aspecto acin-
zentado das folhas e favorece as florações. É encontrada grande variação
de tons nas flores e tamanho de inflorescência no gênero Tillandsia.
As espécies T. aeranthos (Figura 11) e T. geminiflora (Figura 12)
produzem grande quantidade de sementes e apresentam alta taxa de
germinação, o que torna eficiente a dispersão e colonização de ambientes
naturais.
Figura 11: Tillandsia aeranthos (Loisel.) L.B.Sm. no centro-esquerda da figura (a). À di-
reita (ainda na Figura a), com flores amarelas, a orquídea Lophiaris pumila. (b) Detalhe
dos frutos maduros de Tillandsia aeranthos (FOTOS: Luciano M. de Mello).
Figura 12: Tillandsia geminiflora Brogn. sobre uma Myrtaceae. É conside-
rada uma planta “vulnerável” à extinção
24
(FOTO: Luciano M. de Mello).
24
Rio Grande do Sul. 2002. Decreto nº 42.099, de 31 de dezembro de 2002. Declara as
espécies da flora nativa ameaçadas de extinção do Estado e dá outras providências. Diário
Oficial [do] Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 62(1):1-6, 1. Jan. 2003.
a b
Tillandsia usneoides (Figura 13), conhecida popularmente por Bar-
ba-de-pau, são plantas epífitas que absorvem água e nutrientes do ambi-
ente sem apresentar raízes.
Esta característica fisiológica e morfológica ligada à ausência de ra-
ízes é de grande importância para estudos de monitoramento de qualida-
de ambiental devido ao acúmulo de poluentes ambientais absorvidos por
estas plantas (FIGUEIREDO et al., 2004).
Figura 13: Tillandsia usneoides, epífita comum em floresta
primária (FOTO: Clodoaldo L. Pinheiro).
Ananas bracteatus apresenta forma vegetativa semelhante a B.
antiacantha, entretanto a infrutescência se assemelha muito ao abacaxi
de uso alimentar humano (Figura 14 e 15), sendo igualmente comestível.
Ananas bracteatus apresenta infrutescência vermelha de grande
potencial ornamental. Os jardins naturais formados a partir do hábito es-
tolonífero de A. recurvata, B. antiacantha e A. bracteatus podem repre-
sentar abrigo e fonte de alimento para a fauna local, especialmente anfí-
bios e insetos.
Figura 14: Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. & Schult. f. detalhes da
planta em trilha na mata (FOTO: Luciano M. de Mello).
Figura 15: Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. & Schult. f. (FOTO: Lu-
ciano M. de Mello).
EPHEDRACEAE
Ephedra tweediana Fisch. & C.A. Mey.
Arbusto trepador, muito ramificado (Figura 16) que cresce sobre pequenas
árvores esparsas ou em bordas de mata, normalmente em campos areno-
sos. Brácteas carnosas, vermelhas com sementes pretas. Classificada como
“Em perigo” 17
, o que faz desta espécie um organismos muito especial
para a conservação das áreas de estudo.
Figura 16: Ramos (a); (b) flores (note as brácteas vermelhas), frutos e sementes de Ephe-
dra tweediana Fisch. & C.A. Mey. É considerada uma planta “em perigo” de extinção³
(FOTOS: Luciano M. de Mello).
Agradecimentos do autor
Aos colegas de pesquisa e de vivência, pelos bons e agradáveis momentos de trabalho e de
contemplação do ambiente natural.
a b
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Aspectos gerais da composição arbórea
das florestas ciliares e os impactos
ambientais nas áreas de preservação
permanente de Barra do Ribeiro
Pâmela Martins Mugica 25
Luciano Moura de Mello 26
Alexandra Alves Cantos 27
Inserida no Bioma Pam-
pa, a área de estudo con-
ta com a maior parte das
formações florestais na-
turais. O desenvolvimen-
to de formações arbóreas
em meio à vegetação
campestre é típico de
algumas espécies adap-
tadas à exposição ao sol
ou ao frio. Nestas condi-
ções, e neste tipo de bioma particularmente, campo e mata dividem o
mesmo espaço em diversos trechos, acumulando espécies arbóreas ao
redor das áreas úmidas ou alagadas, bem como no curso dos rios, e for-
mações campestre em áreas secas com fauna característica.
A dispersão natural física ou biológica que ocorre também deve
ser levada em conta uma vez que a fauna está intimamente relacionada à
diversidade e qualidade da flora, contribuindo assim com a germinação de
sementes de arbóreas para diversos lugares e compondo a paisagem do
Bioma. A presença de mudas de espécies de médio e grande porte foi
notória nas atividades de campo em dezembro de 2011.
25
Acadêmica, Ciências Biológicas, URCAMP, Bagé. Téc. em Meio Ambiente (UFRGS).
Email: pamelamugica@yahoo.com.br
26
Biólogo, MSc., Doutorando, FAEM/UFPEL.
Email: luciano_moura_biologia@yahoo.com.br
27
Bióloga, MSc., Doutoranda, FAEM/UFPEL. Email: alexandracantos@gmail.com
Capítulo
7
Esta trabalho de pesquisa, em sua riqueza e abrangência, tem
grande importância na caracterização destes ambientes, com fauna e flora
extremamente relevantes para a manutenção dos ecossistemas ali estabe-
lecidos mas escassamente conhecidos. Estes ambientes há muito são im-
pactados pela ação do homem e pela avançada urbanização sobre áreas
sensíveis, além do desenvolvimento de atividades agrícolas (em especial a
orizicultura) sobre as áreas reservadas legalmente às matas nativas e as
outras formas de APPs.
Além da importância da divulgação deste trabalho científico para a
comunidade em geral, a intervenção comunitária pretendida deverá pres-
tar um serviço social aos moradores destas áreas, estrategicamente utili-
zando ferramentas da educação ambiental como ponto de partida para o
entendimento do ambiente natural e a convivência de forma sustentável
entre homem e natureza.
O levantamento fotográfico também possui grande importância na
divulgação dos resultados aproximando do leitor uma realidade de paisa-
gens, de fauna e flora locais. Todos os pontos de impactos de maior im-
portância tem as indicações de solução apresentadas no Capítulo 9.
METODOLOGIA
Para o levantamento dos dados inicialmente foram utilizadas
amostragens de áreas da orla do Guaíba, do arroio Ribeiro e do Arroio
Capivaras, segundo as informações da Tabela e Figura 1.
Tabela 1. Dados dos pontos de amostragem (ver Figura 01)
P Ponto de amostragem Local Área amostrada
1 Orla do Guaíba Mata da orla I 900m² 30x30m
2 Orla do Guaíba Mata da orla II 900m² 30x30m
3 Margens do Arroio Capivaras
Floresta de galeria
(margem direita)
450m² 15x15m
4 Margens do Arroio Capivaras
Floresta de galeria
(margem esquerda)
450m² 15x15m
5 Margens do Arroio Ribeiro
Floresta de galeria
(margem direita)
450m² 15x15m
6 Margens do Arroio Ribeiro
Floresta de galeria
(margem esquerda)
450m² 15x15m
Total estudado 3600m²
Nestes pontos foi realizada a amostragem preliminar dos exem-
plares de flora arbórea assim como identificados os principais tipos de
impactos ambientais verificados nas áreas de preservação permanente,
nestes e nas áreas marginais ao longo dos arroios amostrados nesta fase
do trabalho.
Para os levantamentos detalhados da diversidade será emprega-
do, na segunda fase, o método dos quadrados nestas mesmas áreas estu-
dadas, aplicado-se o levantamento integral das espécies arbóreas com
DAP28
≥ 10cm. Para a identificação das espécies nesta fase foram realiza-
das coletas de partes de plantas para herborização, tendo as de mais fácil
identificação sido registradas durante as atividades de campo. Foi utilizado
barco a motor para possibilitar que as equipes percorressem pelo menos
2.000 metros em cada um dos curso de água (Arroio Ribeiro e Capivaras) a
fim de avaliar a densidade das florestas de galeria e os pontos de maior
impacto.
A análise fitossociológica completa, bem como a estrutura das
comunidades, densidade por espécie e outros dados serão inventariados
na fase seguinte do trabalho. Para a análise desses dados será utilizada a
comparação de médias entre as áreas estudadas a fim de identificar as
diferenças entre os diversos ambientes, sendo considerados ainda: os
índices de Diversidade de Simpson, de Shannon e de Similaridade de Jac-
card. Para análise de comparações de médias será utilizado o Software
SASM-AGRI, versão 8.0.29
Nesta etapa do trabalho foi realizado o levantamento georrefe-
renciado das áreas impactadas, principalmente das áreas com ausência de
mata ciliar, estabelecimento de lavoura ou pastagem avançando em dire-
ção à margem dos arroios em desacordo com a legislação em vigor; des-
crição das paisagens; identificação das espécies vegetais de maior repre-
sentatividade e análise do estado de sucessão vegetal nas áreas de estudo.
28
Diâmetro à altura do peito.
29
CANTERI, M., ALTHAUS, R.,VIRGENS FILHO, J., GIGLIOTI, E. A., GODOY, C. V. SASM Agri:
Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos
Scoft - Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, V.1, N.2, p.18-24.
2001.
Figura 01. Mapa de localização das áreas de estudo. FONTE DE IMAGEM: Google Earth®,
acesso em 05 de maio de 2012.
Os resultados são mostrados de maneira objetiva, valendo-se de ima-
gens obtidas durante as atividades e de sua descrição, com observações
que buscam identificar e associar os aspectos mostrados com os impactos
que geram sobre os ecossistemas locais.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Generalidades sobre as paisagens naturais
A área de estudo é bastante representativa do mosaico de ambi-
entes dos quais é composta: florestas primárias de áreas secas, em geral
arenosas, limitada pela ocupação humana, florestas com manchas de for-
2
4
3
5
6
1
Arroio
Ribeiro
Arroio
Capivaras
Orla
do
Guaíba
mação secundárias, em notada recuperação, florestas ciliares típicas e
áreas abertas com formação florestal esparsa. Exemplares típicos de áreas
fechadas, em geral sobreadas, que são encontrados nestas áreas mais
abertas mostra a preservação de alguns indivíduos durante desmatamen-
tos antigos, provavelmente para a abertura de espaços para a criação de
gado.
Figura 02. O Maricá (Mimosa bimucronata), nas margens da foz do Ribeiro, com flores
brancas e a Capororoca (Myrcine sp.), com frutos, em mata da orla do Guaíba: importan-
tes espécies das florestas estudadas (FOTOS: Luciano M. Mello)
Em geral, as paisagens naturais são bem compostas, em recupera-
ção natural e com pequena representação de espécies exóticas com po-
tencial de expansão que possa causar maior preocupação às populações
silvestres.
Nas margens dos arroios aparecem com grande representativida-
de os Maricás (Mimosa bimucronata), os Ingás (Inga marginata), os Mata-
olhos (Pouteria salicifolia), os Tarumãs (Vitex megapotamica) e exempla-
res de Jerivá ou Palmeira-rio-grandense (Syagrus romanzoffiana). No inte-
rior destas formações aparecem ainda com destaque, os Açoita-cavalo
(Luehea divaricata), a Coronilha (Scutia buxifolia), a Pitangueira (Eugenia
uniflora), as Figueiras-mata-pau30
(Ficus sp.), o Camboatá (Cupania verna-
lis), o Chal-chal (Allophylus edulis), o Veludinho (Guettarda uruguensis), os
Branquilhos (Sebastiania sp.), as Cactáceas Cereus sp. e Opuntia sp. (além
da herbácea epífita Rhipsalis sp.), conhecida como Rabo-de-rato), a Pal-
30
Espécies protegidas no Estado pelo Código Florestal do RS.
meira Butia capitata, em áreas mais abertas e secas e a Corticeira-do-
banhado (Erythrina crista-galli)30
, entre outras espécies também impor-
tantes que aparecem citadas durante as discussões desse capítulo.
Das áreas de preservação permanente da orla do Guaíba
Este ambiente apresenta bom estado geral de conservação, no en-
tanto, as trilhas no interior da mata, o trânsito de pessoas e as ações de
coletores pode constituir importante agressão à vegetação (especialmente
a já ameaçada flora de Bromélias e Orquídeas).
A movimentação de veículos e pessoas, conforme mostrado nas
Figuras 03 e 04, além de prejuízos à flora, atinge as populações de ani-
mais, ou que são mortos diretamente ao serem detectados (especialmen-
te anfíbios e répteis) ou são afugentados pelo maior movimento de pesso-
as em áreas naturais.
Nestes ambientes observa-se, entretanto, franca recuperação dos
bancos de mudas de espécies florestais, mostrando que a regeneração
parece ter sido favorecida nos últimos anos com a redução desta prática, à
exceção das áreas mais abertas, de uso para o banho (onde o acesso é
permitido por vias em bom estado) e nas trilhas abertas em alguns pontos
dessas formações.
Figura 03. Circulação intensa de pessoas pelas trilhas nas quais foram instaladas armadi-
lhas fotográficas, orla do Guaíba e Foz do Ribeiro, dezembro de 2011. Observou-se a
movimentação de banhistas e pescadores em área de preservação permanente, sem
qualquer restrição ou alerta (dezembro de 2011) (FOTOS: Luciano M. Mello).
A orla do Guaíba, na área urbanizada possui áreas bastante visita-
da por turistas, o que requer especial atenção para a conservação das
formações naturais com o intuito de preservar e introduzir, tanto quanto
possível, exemplares nativos ao invés de espécies exóticas, como o Euca-
lipto.
Das áreas de preservação permanente da foz do Arroio Ribeiro
A atração de pescadores amadores a esta região, por não ter sido
avaliado o seu impacto neste ambiente, assim como o trânsito de embar-
cações de pesca e lazer, pode constituir aspecto importante nesta paisa-
gem de tão importantes áreas a serem preservadas.
Figura 04. Orla do Guaíba, próximo ao P1 (Figura 01). Observa-se as marcas de veículos
que chegam com facilidade à área de preservação permanente, circulação que limita o
estabelecimento da vegetação arbórea (FOTO: Luciano M. Mello).
A vegetação de margens é composta principalmente pelos Saran-
dis (Terminalia sp.), com sua importante função na fixação de margens, os
Jerivás, as Corticeiras-do-banhado (Erythrina crista-galli), Maricás, Mata-
olhos (Pouteria salicifolia) e os Ingás (Inga marginata) entre outras espé-
cies, no entanto, a margem situada junto à zona urbanizada é a mais afe-
tada pela introdução de espécies exóticas, principalmente os Eucaliptos.
Figura 05. Vista de espécimes de Palmeiras (Syagrus e Butia, ao fundo) entre
espécies arbóreas na área da orla do Guaíba, boa composição florestal apesar
da frequência de pessoas na área (FOTO: Luciano M. Mello).
Muitas espécies nesta área estão se regenerando naturalmente. A
presença de dispersores naturais, como aves, mamíferos e os insetos (po-
linizadores) tem favorecido o restabelecimento da mata nativa.
Faz-se destaque ao depoimento de pescadores que apontam co-
mo significativo impacto ambiental nesta área o assoreamento da foz do
Arroio Ribeiro (Figura 06), que em algumas situações, os impede de sair
para o Guaíba a fim de desempenhar sua atividade de pesca. Neste caso,
medidas corretivas e integradas devem ser desenvolvidas com o intuito de
garantir a atividade destas famílias com o manejo dos depósitos de sedi-
mentos neste local, por onde, aliás, pescadores e banhistas têm fácil aces-
so à margem oposta, mais preservada.
Figura 06. Foz do Arroio Ribeiro, vista do trapiche mostrando pescadores e banhistas
(FOTO: Luciano M. Mello).
Das áreas de preservação permanente do Arroio Capivaras
As margens do Capivaras apresentam, de forma geral, de muito
bom a excelente estado de conservação, com poucos pontos isolados de
impacto significativo.
A composição de espécies não é diferente das demais áreas, com
destaque para as Aroeiras (Lithraea molleoides e L. brasiliensis), os Saran-
dis, Branquilhos, Maricás, Ingás, Sabão-de-soldado (Quillaja brasiliensis) e
Açoita-cavalo.
Mesmo não havendo grandes extensões de áreas de impacto no
Arroio Capivaras, ações de reparação devem ser adotadas com urgência
em alguns pontos, no sentido de corrigir os efeitos destes danos ao meio
ambiente.
Figura 07. Imagem do excelente panorama de conservação da vegetação ciliar que carac-
teriza a maior parte dos trechos visitados do Arroio Capivaras (FOTO: Luciano M. Mello).
Os principais dados levantados sobre impactos neste ambiente es-
tão relacionados a depósito de material de diversas fontes (restos de po-
das, entulho, resíduos de construção e outros), redução das áreas de flo-
resta de galeria e erosão das margens.
Figura 08. Tarumã (Vitex megapotamica) com flores e frutos na floresta de galeria,
margens do Arroio Capivaras (FOTOS: Luciano M. Mello).
A pequena ocorrência de resíduos sólidos urbanos (“lixo”) nas
margens ou na água possivelmente seja decorrente da pequena popula-
ção que vive às margens do Capivaras, de qualquer forma é um aspecto
positivo nesses ambientes.
Figura 09. Jerivá (Syagrus romanzoffiana), margens do Arroio Capivaras. Ob-
serva-se o excelente estado de conservação deste trecho do Arroio (FOTO:
Luciano M. Mello).
Figura 10. Outro registro do aspecto geral das margens do Capivaras, mos-
trando Sarandis e Ingás protegendo as margens (FOTO: Luciano M. Mello).
Figura 11. Margem do Arroio Capivaras. Área aberta, margem nua e erosão.
Na margem: Umbu (Phitolacca dioica) (FOTO: Luciano M. Mello)
Figura 12. Arroio Capivaras: área aberta junto à margem direita (à montante)
que serve de depósito de resíduos, podas, restos de madeira e árvores (ob-
serva-se uma palmeira (Butia capitata) e Cactáceas: material que provavel-
mente será carregado para o interior do Arroio com a elevação do nível das
águas (FOTO: Luciano M. Mello).
Os principais impactos sentidos neste recurso estão relacionados
à supressão de árvores nas áreas de preservação permanente e depósito
de resíduos sólidos, em alguns casos, com registros não só de má uso da
natureza, como de descaso e contrariedade clara da legislação ambien-
tal.
Figura 13 (página anterior). Margem direita (à montante) do Arroio Capivaras (fotos supe-
rior e inferior). Área marginal do arroio totalmente edificada: muro e calçada onde deveria
existir floresta de galeria. Na margem oposta, assim como nas áreas adjacentes à proprie-
dade, a floresta de galeria apresenta excelente estado de conservação e as margens neste
ponto, apesar a marcante alteração, não apresenta erosão. (FOTOS: Luciano M. Mello)
Figura 14. Margem esquerda do Arroio Capivaras. Nas figuras 14 e 15, os trechos de
maior ausência de vegetação ciliar com acentuada erosão.
Figura 15. Margem esquerda do Arroio Capivaras.
Figura 16. Margem esquerda do Arroio Capivaras. Outro trecho de grande ausência de
vegetação ciliar com acentuada erosão. A foto (encontro dos Arroio Capivaras e Ribeiro),
mostra área onde a ausência de vegetação agrava a erosão a coloca antiga construção em
risco, apesar dos esforços de reintrodução de espécies arbóreas (FOTOS das Figuras 14, 15
e 16: Luciano M. Mello)
Das áreas de preservação permanente do Arroio Ribeiro
As margens apresentam de regular estado de conservação, com
muitos pontos de impactos significativos. Tais pontos (e grandes áreas, em
alguns casos), comprometem a qualidade da água por contaminação e a
estabilidade dos ecossistemas locais.
Estes danos são provocados pela ocupação de áreas de preserva-
ção permanente, derrubada da mata, depósito de resíduos sólidos (Figura
17), da construção civil e despejo de efluentes in natura, óleos, expansão
de áreas de lavouras (especialmente de arroz) e outros.
As ações de reparação devem ser adotadas com urgência no sen-
tido de corrigir os efeitos destes danos ao meio ambiente, oferecendo
saneamento básico, medidas de educação ambiental, de recuperação de
áreas degradadas e uso do poder do Estado na fiscalização, reparação e
punição, quando for o caso, pelas de ações observadas.
Figura 17. Aspecto geral das margens em trecho bem preservado do Arroio
Ribeiro. Embora aqui estejam as áreas mais impactadas da região em função
de seu contato com a urbanização de Barra do Ribeiro manchas bem preser-
vadas como estas constituem excelentes áreas de repouso, nidificação e refú-
gio para a fauna local. (FOTO 17 e 18: Luciano M. Mello)
Figura 18. Aspecto representativo de margem do Arroio Ribeiro: a presença
de grandes animais - o que impede a regeneração das espécies herbáceas e
arbóreas; a floresta de galeria suprimida; margens nuas e a erosão que pro-
voca o assoreamento: um panorama comum em diversas áreas deste Arroio.
No Arroio Ribeiro, área mais impactada entre as estudadas nesta
fase, pode ser facilmente observado ainda: a ocupação de áreas de pre-
servação permanente, muitas das vezes sem garantir 1/3 do mínimo da
área estabelecida por lei, desmatamento, criação de gado em área desti-
nada à preservação e assoreamento.
Figura 19. Acúmulo de resíduos sólidos sob as árvores nas margens do Arroio
Ribeiro: uma pequena parcela dos resíduos jogados no Arroio. (FOTO: Luciano
M. Mello)
Figura 19 (página anterior). Trecho de margens totalmente destituída de vegetação
arbórea do Arroio Ribeiro, adjacentes à áreas de cultivo. Ao fundo observa-se a zona de
união das águas do Arroio Ribeiro com o Capivaras. (FOTO: Luciano M. Mello)
Figura 21. Ocupações irregulares, supressão da mata ciliar e depósito de
resíduos e restos de material de construção nas margens do Arroio Ribeiro.
(FOTO: Luciano M. Mello)
Figura 22 (página anterior). O depósito de efluentes líquidos in natura no Arroio Ribeiro
(Fotos superior e inferior): flagrantes de prática facilmente observada neste recurso que
traz grandes prejuízos ao meio ambiente e à população, que pode sofrer com as parasito-
ses e outras doenças graves e tornar inadequado estes ambientes para qualquer outro fim.
O tratamento destes esgotos com fossas sépticas, embora não seja o ideal, é boa alternati-
va para as populações ainda não atendidas pelo serviço público da coleta de esgotos.
(FOTO: Luciano M. Mello)
Figura 22. O depósito de efluentes líquidos in natura no Arroio Ribeiro (Fotos supe-
rior e inferior): flagrantes de prática facilmente observada neste recurso que traz
grandes prejuízos ao meio ambiente e à população, que pode sofrer com as parasi-
toses e outras doenças graves e tornar inadequado estes ambientes para qualquer
outro fim. O tratamento destes esgotos com fossas sépticas, embora não seja o
ideal, é boa alternativa para as populações ainda não atendidas pelo serviço público
da coleta de esgotos. (FOTO: Luciano M. Mello)
Agradecimentos dos autores
À todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. So-
bretudo, agradecemos àqueles que tendo em suas mãos o produto deste trabalho efeti-
vamente farão algo pela conservação dos ambientes que mesmo tão longe de nossos lares
aprendemos a amar e, assim, deixarão novas pegadas na pequena trilha em que caminha-
mos duramente este tempo em direção a uma humanidade mais justa e perfeita.
Bibliografia
LONGHI-WAGNER, H. M. & Ramos, R. F. Composição florística do Delta do
Jacuí, Porto Alegre, RS - Brasil: levantamento florístico. Iheringia, Sér. Bot.,
26:145-163. 1981.
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Ltda. (EPU), Coleção Temas de Biologia, Vol 18. Sp, 1980.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Biodiversidade. Regiões da Lagoa do
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Sul. Brasília: MMA / SBF, 388 p. 2006.
MUÑOZ, J., ROSS, P., CRACO, P., Flora Indigena del Uruguay, 1ª Ed., Edito-
rial Hemisferio Sur, Montevideo, Uruguay. 1993, 284 pág.
OLIVEIRA, M. L. A. A. & PORTO, M. L. Ecologia de paisagem do Parque Es-
tadual Delta do Jacuí, Rio Grande do Sul, Brasil: mapa da cobertura do solo
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(52): 145-162. 1999.
RIO GRANDE DO SUL. 1992. Lei Estadual nº 9.519, de 21 de janeiro de
1992. Institui o Código Florestal do Rio Grande do Sul e dá outras provi-
dências. Diário Oficial [do] Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, jan.
1992.
RIO GRANDE DO SUL. 2002. Decreto nº 42.099, de 31 de dezembro de
2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção do Estado
do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Diário Oficial [do] Estado
do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 62(1): 1-6, 1.jan.2003.
A Educação Ambiental como instrumento
de conservação dos ambientes naturais em
Barra do Ribeiro
Gelson Luis Menezes de Souza 31
Luciano Moura de Mello
32
Antônio Hector Bastide Ramos 33
O pesquisador moderno
necessita estar atento
aos interesses e necessi-
dades da realidade local,
sendo que na condição
de educador/mediador
do processo de aprendi-
zagem não pode assumir
uma posição passiva e
desatualizada, mas sim,
ao contrário, deve apre-
sentar uma postura ati-
va, flexível, dinâmica e condizente com o seu papel de disseminador.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997)
é possível observarmos a proposta curricular do ensino de Ciências, elabo-
rada como forma de oferecer a aprendizagem do conhecimento acumula-
do pela sociedade e a formação de uma concepção de Ciências. Podemos
perceber, portanto, a Ciência “como elaboração humana para uma com-
preensão do mundo” é uma meta para o ensino da área na escola funda-
mental. Seus conceitos e procedimentos contribuem para o questiona-
mento do que se vê e se ouve, para interpretar os fenômenos da natureza,
31
Acadêmico de Ciências Biológicas (UNIASSELVI). E-mail: gelsonmeneses@hotmail.com
32
Biólogo, MSc, Doutorando (FAEM/UFPEL). Email: luci-
ano_moura_biologia@yahoo.com.br.
33
Biólogo e Gestor Ambiental (Centro Universitário Leonardo da Vinci). Email: hectorbasti-
de@gmail.com
Capítulo
8
para compreender como sociedade nela intervém utilizando seus recursos
e criando um novo meio social e tecnológico.” (BRASIL, 1997, p.22-23).
Assim, o conhecimento em Ciências deve ser absolutamente con-
trário à simples memorização de conceitos científicos, mas sim, o agente
de uma atitude investigativa, racionalista e de compreensão destes con-
ceitos no cotidiano, originários de ideias já construídas e “reconstruídas”
pelo ser humano ao longo da vida. A observação, a experimentação, a
comparação, o estabelecimento de relações entre fatos ou fenômenos e
ideias, a leitura e a escrita de textos informativos, a organização de infor-
mações por meio de desenhos, tabelas, gráficos, esquemas e textos, a
proposição de suposições, o confronto entre suposições e dados obtidos
por meio da investigação, a proposição e a solução de problemas, são
diferentes procedimentos que possibilitam a aprendizagem” (BRASIL,
1997., p.34).
Diante desta afirmação nos reportamos às metodologias aplicadas
em sala de aula, que devem oferecer ao aluno momentos de aprendiza-
gem prazerosos e significativos e realmente edificantes.
Os alunos, em função da dinâmica do mundo atual, normalmente
demonstram sua inquietude e insatisfação por aulas monótonas e rotinei-
ras, quando permanecem por longos períodos sentados, dispostos tradici-
onalmente em sala, respondendo a questionamentos, privados de uma
interação ou questionamento dialógico.
Em suma, o que percebemos no ensino de ciências é a morte lenta
da natureza curiosa do ser humano.
O educador moderno, de ciências ou não, precisa estar atento pa-
ra desenvolver uma atitude motivadora quanto aos questionamentos dos
alunos e estimuladora de sua curiosidade.
Desta forma as saídas de campo são situações em que os alunos
vão explorar ambientes fora da sala de aula e onde a observação e o regis-
tro de imagens ou de entrevistas pode ser de grande valia e, retornando-
se para o ambiente escolar, o professor pode explorar para trabalhar, de
forma integrada com outros campos do conhecimento, com os dados co-
letados (MORAIS, 2010).
Figura 01. Uma árvore morta em praia na foz do Arroio Ribeiro lembra os ci-
clos naturais e sobretudo renovação, discussões sobre a indestrutibilidade
da matéria (e da energia) são possíveis com estes modelos naturais (FOTO:
Luciano M. Mello).
METODOLOGIA
Este capítulo visa apresentar e discutir estratégias práticas, inter-
disciplinares, para o uso do ambiente natural como ferramenta didática
extremamente útil a todos os campos do conhecimento.
Nesse contexto de ensino e aprendizagem na área de ciências, o
uso do meio ambiente como ferramenta didática atende a outras impor-
tantes necessidades da educação: valorização dos ambientes e cultura
locais, valorização da economia, conservação da biodiversidade, contextu-
alização dos assuntos, entre outros, permitindo a construção do alu-
no/cidadão como sujeito esclarecido, ativo e efetivamente participativo.
DISCUSSÕES
Sobre os desafios de uma atividade edificante e como o professor das
diversas áreas pode explorar o meio ambiente como ferramenta didática
Mostrar a Ciência como elaboração humana para uma compreensão do
mundo é uma meta para o ensino da área na escola fundamental. Seus
conceitos e procedimentos contribuem para o questionamento do que se
vê e se ouve, para interpretar os fenômenos da natureza, para compre-
ender como sociedade nela intervém utilizando seus recursos e criando
um novo meio social e tecnológico. (BRASIL,1997c,p.22-23).
Se tivéssemos que resumir as colocações seguintes sobre como
proceder para trazer ao aluno vivências em contato com a natureza que o
permitam realmente edificar conhecimento nas diversas áreas do saber e
valorizar os ambientes naturais e a cultura local ela seria “criatividade”.
Como educadores conhecemos todas as dificuldades que uma atividade
diferenciada traz, além da logística e segurança, sobretudo, pela experiên-
cia, sabemos que é necessário coragem e humildade. Mesmo com inúme-
ras horas de atividade de campo, em diversos trabalhos de pesquisa e
ensino, somos todos os dias surpreendidos com novas observações que
fogem às experiências anteriores, às explicações e às regras. Em suma,
para que avancemos nas propostas de atividades, o professor deve partir
do princípio que não é “obrigado” a conhecer todas as respostas e que
expondo seus alunos ao mundo natural não deverá temer perguntas que
não saiba responder... numa aula de campo é muito provável que isso vá
realmente acontecer!, e isso, infelizmente é - entre tantos aspectos, um
dos importantes motivo para que o professor não deixe o “tablado” das
salas de aula.
Se o professor simplesmente tiver dificuldades para
“avançar” no conteúdo pelo volume de perguntas de seus alunos numa
atividade de campo, isso não estará
sendo a “verdadeira aula”?
A área das ciências naturais, história e geografia têm grande fini-
dade com questões ambientais, pela própria natureza de seus objetos de
estudo, tendo, portanto, aplicação mais direta da natureza como instru-
mento didático. Porém as demais áreas ganham importância fundamental,
pois cada uma poderá contribuir para que o aluno tenha uma visão global
e integral do ambiente, da mesma forma, professores de ciências devem
estar preparados para exigir, com a mesma disciplina, por exemplo, a cor-
reção de ortografia, de redação e expressão além de outros aspectos nos
seus trabalhos.
As atividades propostas neste Capítulo têm o objetivo de contribu-
ir com as Escolas do município de Barra do Ribeiro: Escola Francisco Rosa-
les Neumann, Colégio Dr. Carlos Pinto de Albuquerque, Escola Fernando
Hoff, Escola João Evangelista Pinos, Escola João Gottfredo Hein e Escola
São José no desenvolvimento de atividades integradas, com foco na valo-
rização nos ambientes locais e concretização da informação tratada em
sala de aula, no entanto, tais propostas podem ser - não só aplicadas nes-
tes locais como melhoradas, em qualquer ambiente escolar.
Figura 02. A vida surgindo nos areais da orla do Guaíba. (FOTO:
Luciano M. Mello)
APLICAÇÕES NA MATEMÁTICA
- operações básicas: somar e diminuir conjuntos de animais ou plantas de
uma área, multiplicar valores de uma área para inferir total de áreas maio-
res, ou dividir, em processos inversos.
- cálculos de área: usar mapas para calcular áreas de regiões florestadas
por estimativa, transformando estas áreas em diversas figuras geométri-
cas diferentes e aplicando as fórmulas correspondentes.
- cálculos de volume: calcular volume de sólidos (volume de sedimentos
ou de terra), líquidos (água) ou de ar. Aqui, pode usar os próprios ambien-
tes assim como tocas, ninhos, buracos feitos por animais.
- ângulos: empregar mapas para efetuar cálculos com ângulos, assim como
empregar os ângulos para a construção de cartas e croquis, como a repre-
sentação de trilhas na mata, empregando unidades de medida associadas,
neste caso, à distâncias.
Figura 03. A vida sob as folhas do Aguapé. Fam. Salticidae. (FOTO: Leonardo P. de Moraes)
- densidade relativa e densidade absoluta: a densidade de uma espécie é a
relação entre o número de indivíduos e uma área (ou volume) qualquer.
Pode-se calcular o volume de água de um lago ou trecho de rio conhecen-
do-se medidas básicas e daí conhecer-se a densidade absoluta (da espé-
cie) ou relativa (densidade da espécie em relação a outras). A densidade
de árvores de uma determinada área ou de tocas ao longo de um rio pode
ser facilmente calculada.
- regra de 3: muito aplicada em outros temas, cálculos de densidade, vo-
lume e área.
- porcentagem: auxiliar no entendimento de dados: porcentagem de ma-
míferos em relação ao total de animais observados na escola (outros gru-
pos), porcentagem de árvores e arbustos na escola ou numa determinada
área.
LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
- criação de textos: os alunos podem ser motivados a criar textos sobre a
natureza, sobre uma área ou sobre grupos animais ou vegetais específicos,
vendo, ouvindo ou percebendo de outras maneiras estes assuntos.
- redação: a geração de textos permite também a discussão de temas vol-
tados à redação, ortografia, gramática, regras de acentuação, etc.
- oficinas temáticas: o professor pode elaborar discussões sobre temas
(depósito de resíduos ou esgoto, erosão, pesca indiscriminada, ocupação
de “áreas verdes”) em sala de aula, apresentando dados gerais (uma pe-
quena introdução), posteriormente o professor pode avaliar e orientar a
elaboração e exposição oral de ideias e de argumentos, empregando a
linguagem corretamente, enquanto os alunos observam in loco os fatos.
APLICAÇÕES EM HISTÓRIA
- interpretação de fatos históricos: a ocupação da zona urbana da cidade,
colonização (etnias e suas contribuições) e fatos históricos recentes com
repercussão ambiental devem ser exploradas, sempre que possível, em
contato com os ambientes nos quais foram gerados.
- linhas do tempo: pode ser construída uma linha do tempo, da criação do
município e anos anteriores até a atualidade, registrando-se nos devidos
intervalos os principais fatos associados ao meio ambiente: ações de lote-
amento dos espaços, introdução de novas culturas, desmatamentos,
queimadas, grandes períodos de estiagem, eventos de morte de organis-
mos por intoxicação (peixes), se for o caso, aparecimento ou desapareci-
mento de animais, etc.
O homem é, por natureza, um animal curioso.
A falência do ensino deve-se à ausência de um sistema prático que esti-
mule a curiosidade e a investigação.
APLICAÇÕES EM GEOGRAFIA
- cartografia e orientação espacial (direções e coordenadas): direções bá-
sicas e noções de cartografia são tópicos interessantes quando trabalha-
dos em uma área da escola, parque ou no caso, na orla do Guaíba ou de
outro recurso natural local: a percepção espacial e mesmo temas mais
complexos como os sistemas de coordenadas podem ser trabalhados com
maior facilidade em ambientes naturais, com a possibilidade ainda de
integrar assuntos como ângulos (matemática) e história da representação
do Globo Terrestre.
- mapeamento do espaço: os alunos podem construir mapas tendo por
base os dados geográficos constantes neste livro, montar mapas de distri-
buições de espécies de peixes, por exemplo, por recurso hídrico estudado,
possibilitando a aplicação dos conhecimentos de geografia.
- relevo: construir maquetes e representações do macro-relevo da região,
discutindo inclusive a formação do modelado do terreno.
Figura 04. Um molusco gastrópode (Megalobulimus sp.) registrado na orla do Gua-
íba. (FOTO: Leonardo P. de Moraes)
APLICAÇÕES EM BIOLOGIA
- fauna e flora (estudo dos grupos de seres vivos), anatomia, fisiologia,
ecologia, são temas de aplicação direta com os ambientes naturais, assim
dispensam de maiores discussões, o professor, no entanto, pode lançar
mão de dados deste livro (Capítulos anteriores) para separar tópicos, cita-
ções e resultados para fazer a introdução ao tema e posteriormente pas-
sar a fazer a coleta de indivíduos para estudo, lembrando-se de observar
as normas estabelecidas para o controle, captura e uso de organismos
mesmo para fins didáticos, consultando os órgãos de fiscalização se for o
caso.
APLICAÇÕES EM FÍSICA E QUÍMICA
- qualidade da água (aspectos físicos e químicos): muitos testes simples
podem ser realizados visando oportunizar a coleta e análise de recursos
hídricos: a avaliação da condutividade elétrica ou do pH da água podem
ser feitos por equipamentos portáteis e de baixo custo, a avaliação de
parâmetros físicos e químicos da água são feitas em todas as estações de
tratamento de água, assim, estes órgãos são uma boa oportunidade para
firmar parcerias que permita aos alunos vivenciar a informação obtida nas
aulas de química, aplicando informações sobre elementos químicos, liga-
ções, fórmulas, reações, etc.
- penetração da luz na água: o experimento feito com discos de penetra-
ção da luz construídos pelos próprios alunos e dados da distribuição em
profundidade de organismos fotossintetizantes podem ser oportunidade
relacionar dois assuntos capazes de auxiliar no entendimento dos ecossis-
temas aquáticos.
- ácidos e bases: realização de reações químicas com água de diversos
pontos (efeito da variação das reações à qualidade da água em pontos
distintos de um Arroio)
- fenômenos químicos e físicos: identificação da natureza de fenômenos
diretamente nos ambientes em que eles ocorrem, seja no refeitório da
escola, no pátio ou sob as árvores de uma floresta de galeria.
- o efeito da luz na distribuição das plantas: fotossíntese e adaptação de-
terminando a distribuição dos organismos, o papel da luz e seus compri-
mentos de onda para a vida das plantas em áreas campestres e florestais.
Figura 05. Um inseto nas folhas do Gravatá (Eryngium sp.) registrado em área cam-
pestre. (FOTO: Leonardo P. de Moraes)
APLICAÇÕES EM SOCIOLOGIA E FILOSOFIA
- atividades econômicas locais: o efeito das ações do homem nas ativida-
des de pesca, de turismo, do comércio, da agricultura. Qual o efeito da
agricultura que ocupa áreas de preservação permanente na manutenção
de famílias que vivem da pesca? (erosão e assoreamento, menos volume
de água na calha dos rios, menos peixes); qual o efeito do nível de educa-
ção ambiental de famílias ribeirinhas no turismo e comércio local? (menos
educação, mais esgoto e lixo no arroio, mais doenças, menos turista, me-
nos comércio), entre outros tipos de relações.
- importância das atividades agrícolas na conservação: discussão sobre o
importante papel econômico da agricultura e os efeitos quando praticadas
sem o cuidado às regras corretas de manejo. Os defensivos: importância
para a proteção das culturas e os efeitos sobre outros organismos.
Figura 06. Um inseto nas flores do Gravatá (Eryngium sp.) registrado em área cam-
pestre (entre o Arroio Capivaras e Ribeiro) (FOTO: Luciano M. de Mello).
- Filosofia, vida e humanidade: discussões sobre a obrigação ética do ser
humano na conservação da vida no Planeta em função de seu poder de
alterar o meio ambiente.
- O viés político e econômico também pode ser explorado com muito pro-
veito nos temas citados oportunizando discussões sobre o bem público, a
natureza, os serviços e a função social do trabalho e da produção.
APLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
- fotografia e meio ambiente, pintura e desenho (natureza morta, compo-
sições), música e expressão corporal (diversos estilos de dança), poesia e
esculturas: estes temas podem ser com grande riqueza explorados tendo
como inspiração a natureza, conservação, impactos, etc.
- concursos artísticos: a escola pode promover feiras de artes tendo como
tema central o meio ambiente, concursos envolvendo diversas técnicas
enriquecem e fomentam a discussão sobre o assunto, além de desenvol-
ver a capacidade de observação, a criatividade e o espírito crítico, além da
participação e do trabalho individual e em grupo.
Figura 07. Um inseto nas flores do Gravatá (Eryngium sp.) registrado em área campes-
tre (Foz do Arroio Ribeiro). (FOTO: Luciano M. de Mello)
Ajudar o aluno a descobrir o mundo, eis o verdadeiro trabalho do profes-
sor, que tem sua maior riqueza no crescimento pessoal: seu, com as in-
dagações dos alunos e de seus alunos, com as vivências que oportuniza.
Cabe ressaltar que estas propostas, evidentemente, não têm o in-
tuito de finalizar as discussões nem esgotar o rol de incontáveis sugestões
de uso prático do meio ambiente como ferramenta para o processo de
ensino, constituem tão somente ideias sobre as quais poderão se apoiar
algumas atividades, no entanto, ao professor cabe utilizar toda a sua cria-
tividade para utilizar, adaptar e praticar os temas que estão sendo traba-
lhados em sala.
As atividades seguintes do projeto, na expansão deste tema, pre-
veem ações de “extensão”, com o estreitamento de laços entre pesquisa e
ensino e discussão nas Escolas de Barra do Ribeiro destas e outras ideias.
O projeto visa estabelecer posteriormente:
Reunião com Prefeito, Secretários de Educação e Meio ambiente para a apre-
sentação de uma proposta de cartilha didática, detalhando práticas para as
diversas áreas do conhecimento.
Reunião com Diretores e professores para a discussão e consolidação da carti-
lha, conforme as proposições e observações dos professores.
Edição e lançamento da cartilha didática do projeto, com palestra nas escolas
sobre os resultados do trabalho e entrega de materiais informativos.
Reuniões periódicas de avaliação dos resultados alcançados.
Reedição dos materiais conforme a necessidade de inclusão ou adaptação das
experiências.
Saídas de campo orientadas pelos pesquisadores do projeto
Visita de orientação e acompanhamento nas escolas por parte dos pesquisado-
res de diferentes áreas.
Seminário de troca de experiências didáticas, organizado pela Coordenação
dos projetos com premiação para Escolas e profissionais destacados.
Figura 06. Uma solanácea às margens da foz do Ribeiro (FOTO: Luciano M. de Mello).
Agradecimentos dos autores
Agradecemos a confiança que nos foi depositada na preparação desse Capítulo e aos nos-
sos Mestres, por terem feito tão bem seu trabalho que hoje temos a pretensão de lhes dar
continuidade, com a humildade e a convicção de bons e eternos aprendizes.
Referências Bibliográficas
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Ensino de Biologia. Histórias e Práticas em diferentes espaços educati-
vos. São Paulo: ED. Cortez, 2099. Coleção Docência em Formação.
MORAIS, Marta Bouissou; ANDRADE, Maria Hilda de Paiva. Ciências - Ensi-
nar e aprender. Ed. Dimensão, 2010.1 ª Ed. Belo Horizonte.
Discussões finais e proposição de soluções
Luciano Moura de Mello
34
A natureza é a fonte de diver-
sos recursos e o uso sustentado
de seus bens renováveis garan-
te não só a estabilidade dos
ecossistemas e seus elementos
naturais (fauna e flora) como
também a manutenção das
atividades humanas a ela rela-
cionadas, como a exploração
de água, de recursos minerais,
florestais como a madeira para
diversos fins, a agricultura ou a
pesca.
Entretanto, o uso e ocupação destes recursos e áreas pelo homem
sem que ele considerasse a capacidade de suporte ou recomposição dos
ecossistemas bem como do papel funcional que estes ambientes desem-
penham no contexto das atividades humanas é que tem causado a grande
maioria dos problemas de ordem ambiental com os quais convivemos
diariamente.
Tal comportamento humano é consequência do histórico e falho
entendimento de que o homem é capaz de julgar-se distante da dimensão
natural, quando de fato, não só depende da natureza como inevitavel-
mente relaciona-se com este meio ambiente diariamente, causando e
sofrendo ações de leis com uma grande previsibilidade.
O objetivo de um trabalho da ordem deste, que busca inventariar
os elementos naturais está longe de ter exclusivamente o caráter descriti-
vo, contemplativo da natureza mas sempre de incorporar informações e
fornecer subsídios que permitam justamente o diagnóstico e manejo ade-
quado destes recursos, tanto quanto amparar o homem em sua constante
34
Biólogo, MSc, Doutorando (FAEM/UFPEL),
Email: luciano_moura_biologia@yahoo.com.br.
Capítulo
9
necessidade de descrever, relacionar e compreender as interações entre
os elementos que o cercam.
Os dados anteriormente apresentados nos permitem conhecer
(obviamente que não todos, mas uma boa parte) dos elementos naturais
que compõe a paisagem de áreas de significativa importância no municí-
pio de Barra do Ribeiro.
Tais dados, com a gestão integrada de informações e a coordena-
ção dos elementos sociais e políticos, permite importantes encaminha-
mentos norteadores na direção de soluções para a exploração sustentada,
bem como na reparação de atividades lesivas que por ventura tenham
sido ou estão sendo desenvolvidas no município, podendo ainda, indicar
áreas de significativa importância para a conservação.
Para o encaminhamento de soluções associadas aos dados levan-
tados pelas equipes de trabalho, são consideradas a disposições e compe-
tências legais de diversos órgãos e elementos sociais associados ao uso do
ambiente, seja no campo da exploração direta, da gestão direta e indireta,
do uso nas suas diversas formas bem como na responsabilidade pela fisca-
lização.
Desta forma, são integrados os dados sobre diversidade geral, dis-
tribuição, levantamento de áreas degradadas ou impactadas em diferen-
tes níveis, antropizadas, ocupadas irregularmente para diversas atividades
e a indicação de áreas sensíveis e recomendadas à conservação por moti-
vos especiais.
Este trabalho não tem a pretensão de instruir os órgãos públicos
ou outros elementos políticos e sociais no desenvolvimento de suas tare-
fas na gestão ambiental, uma vez que apresenta proposição de ações para
essa gestão integrada (Tabela 01). Assim, seus dados são apresentados de
forma dinâmica com o intuito de não imobilizar procedimentos nem mes-
mo tornar desnecessária a discussão destas propostas pelos elementos
envolvidos, contudo, permite que tais discussões sejam direcionadas e,
sobretudo que estes elementos reconheçam o seu papel na alimentação
do sistema de execução-fiscalização que permitirá a gestão integrada da
natureza.
Na geração destas informações, durante o período de julho de
2011 a março de 2012 foram realizadas 8 expedições a campo, percorren-
do as áreas a pé, de carro ou botes infláveis a motor e foram empregadas
mais de 200 horas de observação da natureza, sendo registradas fotografi-
camente e descritos os principais impactos ambientais observados, apon-
tando soluções.
Tabela 01. Proposição de soluções para os diversos problemas de ordem
ambiental verificados durante o período de julho de 2011 a março de
2012, em Barra do Ribeiro, RS.
ARROIO CAPIVARAS
Tipo Descrição Solução Envolvidos35
Erosãodemargens
As margens esquer-
das apresentam
diversos pontos de
erosão, provocados
pela supressão das
matas de galeria,
espécies arbustivas e
herbáceas (margens
esquerda não possu-
em pontos significati-
vos de erosão mas a
redução de áreas
florestadas constitu-
em fatores de risco a
serem observados).
Controle por barreiras
físicas (paliçadas) e
reintrodução de espécies
arbóreas de crescimento
rápido, arbustos e
gramíneas fixadoras de
solo para contenção das
margens.
Proprietários, na
execução e Secretaria de
Meio Ambiente no
registro e controle destas
áreas (definição de um
plano de metas, com
prazos, termos de com-
promisso, registros foto-
gráficos para a monitoria
do avanço das medidas,
condições e restrições
para cada caso).
Desmatamento
Supressão de
espécies arbóreas nas
APP
36
para liberação
de área para o gado,
edificações ou
práticas agrícolas.
Recomposição florestal
mediante planos de
compensação e planos de
recuperação de áreas
degradadas.
Proprietários, na execu-
ção e Secretaria de Meio
Ambiente no registro e
controle das ações previs-
tas nos planos (definição
de um plano de metas,
com prazos e condições
para cada caso).
35
Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Grupamento
da Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de fiscali-
zação e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum e da segurança
ambiental.
36
Áreas de preservação permanente.
ARROIO CAPIVARAS
(continuação)
Tipo Descrição Solução Envolvidos37
Depósitosderesíduos
Depósitos de rejeitos,
galhos, madeira,
entulho, etc.
Recolher e dar a destina-
ção correta (madeira e
outros materiais podem
ser utilizados para a
contenção de margens,
entretanto há que se
realizar plano específico
para que estes materiais
não causem maior prejuí-
zo). Alguns materiais
podem ser utilizados na
contenção de processos
erosivos
Proprietários, na
execução da remoção dos
depósitos nas proprieda-
des e Secretaria de Meio
Ambiente, no registro e
controle destas ações,
bem como no desenvol-
vimento de ações de
educação ambiental e, se
for o caso, melhoria no
sistema de coleta de
resíduos sólidos.
OcupaçãodeAPP
Construções de alve-
naria ou madeira
dentro das áreas de
APP
35
, existência de
qualquer outro tipo
de instalação ou
ainda o uso destas
áreas para a práticas
agrícolas.
Residências, depósitos e
outras edificações, desde
que não tenham estrutu-
ras comprometidas,
devem ser notificadas
para que não tenham os
projetos ampliados,
sendo determinado aos
proprietários o devido
plano de compensação de
dano ambiental a ser
executado, preferencial-
mente, na área da pro-
priedade. No caso do uso
de áreas, sem instalação,
as áreas devem ser deso-
cupadas e recuperadas
(recomposição florestal).
Proprietários, na
execução e Secretaria de
Meio Ambiente no regis-
tro e controle destas
áreas ocupadas (notifica-
ções oficiais aos proprie-
tários, definição de um
plano de metas, termos
de compromisso, com
prazos, restrições e
condições para cada
caso).
37
Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen-
to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de
fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum.
ARROIO CAPIVARAS
(continuação)
Tipo Descrição Solução Envolvidos38
Lançamentodeefluentes
Emissão de esgoto in
natura diretamente
no recurso hídrico.
Implementação da coleta
pública de esgoto para
todas as residências
ribeirinhas ou a
implementação de
projetos de distribuição e
instalação de fossas
sépticas dimensionadas
corretamente em todas
as propriedades.
Prefeitura Municipal,
Secretaria de Obras,
Infraestrutura e Meio
Ambiente no registro de
propriedades que neces-
sitam ser atendidas.
ARROIO RIBEIRO
Tipo Descrição Solução Envolvidos38
Desmatamento
Supressão de
espécies arbóreas nas
APP
39
para liberação
de área para o gado
ou práticas agrícolas.
Recomposição florestal
mediante planos de
compensação e
recuperação de áreas
degradadas.
Proprietários na execução
e Secretaria de Meio
Ambiente no registro e
controle destas ações
(definição de um plano de
metas, com prazos e
condições para cada
caso). Firmar parcerias
com escolas, empresas e
outras instituições para a
adoção de áreas a
recuperar.
38
Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen-
to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de
fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum.
39
Áreas de preservação permanente.
ARROIO RIBEIRO
(continuação)
Tipo Descrição Solução Envolvidos40
Erosãodemargens
As margens apresen-
tam diversos pontos
de erosão (especial-
mente as margens
direita) provocados
pela supressão da
mata de galeria
(margens direita não
possuem pontos
significativos de
erosão mas a redução
de áreas florestadas e
algumas áreas agríco-
las constituem fatores
de risco).
Controle por barreiras
físicas (paliçadas)
e reintrodução de
espécies arbóreas de
crescimento rápido,
arbustos e gramíneas
fixadoras de solo.
Ampliação das áreas
protegidas nos pontos de
maior pressão erosiva.
Proprietários, na execu-
ção dos planos de contro-
le de erosão e Secretaria
de Meio Ambiente no
registro e monitoramento
destas áreas
(definição de um plano de
metas, com prazos e
condições para cada caso)
e estabelecimento de
parcerias com associa-
ções de pescadores para
a colaboração na monito-
ria das áreas.
Assoreamento
Depósitos de
sedimentos no leito
ou margens dos
cursos de água
Desenvolver ações de
controle de áreas fonte
de sedimentos e desen-
volvimento de ações
integradas (sob licencia-
mento) para a coleta e
destinação de sedimentos
via Cooperativas.
Secretaria Estadual e
Municipal do Meio
Ambiente, Cooperativas
de pescadores, areieiros e
outras associações
interessadas.
Desmatamento
Supressão de
espécies arbóreas nas
APP
41
para liberação
de área para o gado
ou práticas agrícolas
Recomposição florestal
mediante planos de
compensação e
recuperação de áreas
degradadas.
Proprietários na execução
e Secretaria de Meio
Ambiente no registro e
controle destas ações
(definição de um plano de
metas, com prazos e
condições para cada
caso). Firmar parcerias
com escolas, empresas e
outras instituições para a
adoção de áreas a recu-
perar.
40
Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen-
to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de
fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum.
41
Áreas de preservação permanente.
ARROIO RIBEIRO
(continuação)
Tipo Descrição Solução Envolvidos42
Resíduossólidos
Depósitos de rejeitos,
galhos, madeira, etc
Recolher e dar a destina-
ção correta (madeira e
outros materiais podem
ser utilizados para a
contenção de margens,
entretanto há que se
realizar plano específico
para que estes materiais
não causem maior prejuí-
zo uma vez colocados nas
margens, tanto ao meio
ambiente quanto à segu-
rança da navegação.
Proprietários, na execu-
ção da coleta dos resí-
duos e remoção das APP
e Secretaria de Meio
Ambiente no registro e
controle destas ações.
OcupaçãodeAPP
Construções de alve-
naria ou madeira
dentro das áreas de
APP
35
ou existência
de qualquer outro
tipo de instalação ou
ainda o uso destas
áreas para a prática
agrícola
Residências, depósitos e
outras edificações, desde
que não tenham estrutu-
ras comprometidas,
devem ser notificadas
para que não sejam
ampliadas, sendo
determinado aos proprie-
tários o devido plano de
compensação de dano
ambiental a ser executa-
do, preferencialmente na
área da propriedade. No
caso do uso de áreas, sem
instalação, as áreas de-
vem ser desocupadas e
recuperadas (recomposi-
ção florestal).
Proprietários, na execu-
ção e Secretaria de Meio
Ambiente no registro e
controle destas áreas
(notificações oficiais aos
proprietários, definição
de um plano de metas,
com prazos e condições
para cada caso). Desen-
volvimento de ações de
educação ambiental com
a população ribeirinha,
integradas com escolas e
outras entidades a fim de
evitar novas ocupações.
42
Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen-
to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de
fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum.
ARROIO RIBEIRO
(continuação)
Tipo Descrição Solução Envolvidos43
Acúmuloderesíduossólidos
urbanos
Depósitos de rejeitos,
galhos, madeira,
resíduos de constru-
ção e sólidos urbanos
(lixo: garrafas, plásti-
cos, metais e outros)
que chegam a estes
locais, principalmen-
te, por meio do con-
tato com o Guaíba.
Realizar a limpeza perió-
dica, promover campa-
nha educativa de coleta
de resíduos sólidos, tanto
pelos proprietários como
por meio de parcerias.
Desenvolver campanhas
de conscientização nas
Escolas e utilizando a
comunidade. Dar a desti-
nação adequada ao ma-
terial coletado ou enca-
minhar para associação
de catadores.
Proprietários, na execu-
ção, entidades parceiras,
Comunidade Escolar e
Secretaria de Meio Ambi-
ente na coordenação,
controle e publicidade
destas ações.
ORLA DO GUAÍBA
Tipo Descrição Solução Envolvidos
Coletadeplantasornamentais
Coleta de plantas or-
namentais e mudas nas
áreas naturais, sem a
devida autorização e
com a finalidade do
cultivo doméstico ou
mesmo a comercializa-
ção de exemplares
Ampliar a fiscalização e
promover campanhas
de conscientização
(Escolas e comunidade
em geral), tratando da
previsão legal sobre a
prática. Implantar
placas de advertência
nos locais mais afeta-
dos pela prática com a
criação e publicação de
um canal de denúncias.
Comunidade Escolar,
população em geral e
Secretaria de Meio
Ambiente.
43
Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen-
to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de
fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum.
Figura 01. Espectro da área de influência das medidas propostas nesta etapa do trabalho
para os problemas de ordem ambiental verificados, em Barra do Ribeiro, RS.
OBSERVAÇÕES: A área assinalada em verde representa a área mínima de influên-
cia indireta, onde os efeitos do trabalho são esperados pela mobilidade de ani-
mais, a dispersão ou intercruzamento de plantas ou a ocupação de áreas adjacen-
tes necessárias ao ciclo de vida das espécies. A área em amarelo representa a
área de influência direta, estimada em função da ocorrência das espécies bem
como os ambientes de uso imediato, em cujos espaços os impactos causam maio-
res danos ou configuram ameaça direta às áreas de preservação permanente e os
organismos que as compõe.
As proposições aqui realizadas possuem uma área de influência di-
reta e indireta apresentada no mapa (Figura 01) envolvendo os principais
ambientes que sofrem os impactos de suas medidas de maneira a permitir
a visualização do espectro das medidas mitigatórias. Ressalta-se que o
sucesso de ações de reparação, em geral, só são eficientes quando todos
os agentes envolvidos sincronizam o processo, sendo condicionantes a
coordenação, a definição de metas, a fiscalização de ações e o cumpri-
mento dos prazos, a notificação com assinatura de termos de compromis-
sos além da adoção de outras medidas, quando necessário.
Outra importante medida é criar um canal de comunicação efici-
ente, se possível 24 horas, via telefone, internet, que permita a comunica-
ção (e a devida resposta ao comunicante) tratando de ameaças, danos ou
crimes ambientais, facilitando o poder de fiscalização e atuação dos ór-
gãos ambientais competentes, usando-se a comunidade escolar, os meios
de comunicação (jornais, rádio e televisão) e a comunidade em geral como
agentes participativos do poder de fiscalização dos órgãos.
Sobre as campanhas de educação cabe lembrar que é muito inte-
ressante que elas iniciem-se com alguma atividade de motivação e “nive-
lamento” dos agentes de executores, sejam eles parceiros, funcionários,
colaboradores de empresas privadas ou alunos das escolas a fim de que
possam efetivamente instruir, colher dados e atuar na difusão de medidas
e procedimentos corretos, que contribuam para a melhoria da qualidade
do meio ambiente.
Figura 02. Praia de Barra do Ribeiro: importante área de atuação de medi-
das de conscientização de pessoas, sejam visitantes ou moradores que se
utilizam de áreas naturais. (FOTO: Luciano M. de Mello)
Figura 03. Equipe de trabalho durante as visitas às áreas fontes de im-
pactos ambientais, Arroio Capivaras (FOTO: Luciano M. de Mello).
Figura 04. Trabalho de levantamentos na margem do Guaíba (FOTO:
Luciano M. de Mello).
Agradecimentos dos autores
Agradeço as contribuições do Biól. Vinícius Braga Comaretto, da Pedagoga Mary Anne
Moraes e dos Acadêmicos de Ciências Biológicas da URCAMP: Pâmela Martins Mugica,
Éderson França Machado e Andressa Alves Cantos, nos levantamentos de dados a campo
sobre os pontos de impacto ambiental.
Apresentação dos Autores
ALEXANDRA ALVES CANTOS é natural de Bagé, RS, é graduada em
Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha (2001),
Campus Bagé. É Mestre (2010) e Doutoranda em Ciência e Tecnologia
de Sementes (FAEM/UFPEL). E-mail: alexandarcantos@gmail.com
CLODOALDO LEITES PINHEIRO é natural de Bagé, RS, é graduado em
Tecnologia Agropecuária (Fruticultura) pela Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul (2007). É Especialista em Biotecnologia e Meio Ambiente
pela URCAMP (2009), Mestre em Biodiversidade Tropical pela Universi-
dade Federal do Espírito Santo (2012) e Doutorando em Botânica, pela
UFRGS. Email: clodoaldo-pinheiro@hotmail.com
DAIANE MARIA MELO PAZINATO é natural de Caçapava do Sul, RS, é
graduada em Ciências Biológicas pela Universidade da Região da
Campanha (2010), Campus de Caçapava do Sul. Atualmente é ativista
da ONG Interação de trabalhos Ambientais - ITA, Caçapava do Sul -
RS. Email: da.paz.melo@hotmail.com
DARLIANE EVANGELHO SILVA é natural de Caçapava do Sul, RS, é gradua-
da em Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha,
Campus Caçapava do Sul (2011). É Mestranda em Ambiente e Desenvolvi-
mento pela Univates (Lajeado-RS). Email: ds_evangelho@yahoo.com.br
DÉBORA TATIANE BORGES MOTTA é natural de Bagé, RS, Bióloga
formada na Universidade da Região da Campanha (URCAMP), Cam-
pus de Bagé, RS. Email: deborabmotta@hotmail.com
ANTÔNIO HECTOR BASTIDE RAMOS é natural de Bagé, RS, possui gradua-
ção em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci
(UNIASSELVI). Atualmente é Acadêmico do curso de Gestão Ambiental e
aluno de Pós-graduação em Gestão e Educação Ambiental (latu sensu), no
mesmo Centro Universitário. Email: hectorbastide@gmail.com
GELSON LUIS MENEZES DE SOUZA, é natural de Guaiba, RS, graduado
em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci
(UNIASSELVI), Pólo Porto Alegre. É Técnico em celulose e papel, for-
mado pelo Instituto Gomes Jardim de Guaiba, possui experiência de
20 anos em tratamento de águas e efluentes, atuando como consul-
tor na área. E-mail: gelsonmeneses@hotmail.com
LEONARDO POMPÉU DE MORAES é natural de Bagé, RS, é graduado
em Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha
(2009). É Técnico em Meio Ambiente pelo Instituto Federal de Educa-
ção, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Atualmente é profes-
sor de Ciências e Biologia da rede Estadual de ensino e aluno do Pro-
grama de Pós-graduação em Educação Ambiental da FURG.
Email: leonardo_bage@yahoo.com.br
LUCIANO MOURA DE MELLO é natural de Bagé, RS, é graduado em Ci-
ências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha (2001). É
Especialista em Ecologia pela URCAMP (2003), Mestre (2011) e Douto-
rando em Ciência e Tecnologia de Sementes (FAEM/UFPEL).
E-mail: luciano_moura_biologia@yahoo.com.br
LUIZ LIBERATO COSTA CORRÊA é natural de São Sepé, RS, é Graduado em Ciên-
cias Biológicas pela Universidade da Região da Campanha, Campus de Caçapava
do Sul (2011). É Mestrando em Ambiente e Desenvolvimento, na linha de pesqui-
sa em Ecologia, pela Univates - Lajeado -RS. Email: lc_correa@yahoo.com.br
VINÍCIUS BRAGA COMARETTO é natural de São Luiz Gonzaga, RS, gra-
duado em Ciências Biológicas (2011) pela Universidade da Região da
Campanha. Atualmente está cursando Especialização em Gestão Ambi-
ental e Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental e Susten-
tabilidade, ambos pelo Grupo de Educação UNINTER. Email:
asp.braga@hotmail.com
VINICIUS BRASIL DO AMARAL e MARJORIE KNIPPLING DO AMA-
RAL são naturais de Porto Alegre, RS, empresários, idealizadores do
Projeto. Email. bapetit@terra.com.br
PÂMELA SALEN DOMINGUES QUADRO é natural de Caxias do Sul, RS,
possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade da Região
da Campanha, Campus de Bagé (2012).
Email: pamela_salen@yahoo.com.br
PÂMELA MARTINS MUGICA é natural de Bagé, RS, Acadêmica do
Curso Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha,
Campus de Bagé. E-mail: pamelamugica@yahoo.com.br
Diversidade Biológicados Arroios Capivaras, Ribeiro e orla do
Guaíba no município de Barra do Ribeiro, RS
Luciano Moura de Mello e Vinícius Brasil do Amaral
Alexandra Alves Cantos • Clodoaldo Leites Pinheiro • Daiane Maria Melo Pazinato •Darliane Evangelho Silva
Débora Tatiane Borges Motta • Antônio Hector Bastide Ramos • Gelson Luis Menezes de Souza
Leonardo Pompéu de Moraes • Luiz Liberato Costa Corrêa • Vinícius Braga Comaretto
Marjorie Knippling do Amaral • Pâmela Salen Domingues Quadro • Pâmela Martins Mugica
A riqueza natural como instrumento
para a gestão sustentável dos recursos locais

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Livro - Diversidade Biológica dos Arroios Capivaras, Ribeiro e orla do Guaíba - Barra do Ribeiro, RS

  • 1. Luciano Moura de Mello e Vinícius Brasil do Amaral Diversidade Biológicados Arroios Capivaras, Ribeiro e orla do Guaíba no município de Barra do Ribeiro, RS Alexandra Alves Cantos • Clodoaldo Leites Pinheiro • Daiane Maria Melo Pazinato •Darliane Evangelho Silva Débora Tatiane Borges Motta • Antônio Hector Bastide Ramos • Gelson Luis Menezes de Souza Leonardo Pompéu de Moraes • Luiz Liberato Costa Corrêa • Vinícius Braga Comaretto Marjorie Knippling do Amaral • Pâmela Salen Domingues Quadro • Pâmela Martins Mugica A riqueza natural como instrumento para a gestão sustentável dos recursos locais
  • 2. Diversidade Biológicados Arroios Capivaras, Ribeiro e orla do Guaíba no município de Barra do Ribeiro, RS Luciano Moura de Mello e Vinícius Brasil do Amaral Alexandra Alves Cantos • Clodoaldo Leites Pinheiro • Daiane Maria Melo Pazinato •Darliane Evangelho Silva Débora Tatiane Borges Motta • Antônio Hector Bastide Ramos • Gelson Luis Menezes de Souza Leonardo Pompéu de Moraes • Luiz Liberato Costa Corrêa • Vinícius Braga Comaretto Marjorie Knippling do Amaral • Pâmela Salen Domingues Quadro • Pâmela Martins Mugica A riqueza natural como instrumento para a gestão sustentável dos recursos locais
  • 3. Capa: Fotografia de Luciano Moura de Mello. Pôr de sol do dia 08 de julho de 2011, Lago do Guaíba, RS, fim de tarde do primeiro dia de trabalho de reconhecimento das áreas de estudo. Projeto gráfico: Luciano Moura de Mello Revisão: Daniele Soares de Lima MELLO, Luciano Moura; AMARAL, Vinícius Brasil Diversidade biológica dos Arroios Capivaras, Ribeiro e Orla do Guaíba no Municí- pio de Barra do Ribeiro, RS: A riqueza natural como instrumento para a gestão sustentável dos recursos locais. Santa Maria, RS, 2012. Il.; e-ISBN 9788565503327 1. MELLO, L.M. AMARAL. V. B., 2012, Diversidade Biológica. Barra do Ribeiro. Todos os direitos reservados. 2012
  • 4. Mamíferos silvestres Sumário Diversidade da herpetofauna Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 4 Capítulo 3 Apresentação Diversidade de avifauna Capítulo 5 Diversidade de Peixes 06 Aspectos metodológicos e os sítios de coleta de dados 18 08 34 42 60
  • 5. Sumário Capítulo 6 Florística e Ecolo- gia de Orchidace- ae e Bromeliace- ae Capítulo 7 Florestas ciliares e os impactos ambientais nas APP Capítulo 8 Educação Ambiental como instrumento de conservação dos ambientes naturais Capítulo 9 Discussões finais e proposição de soluções Apresentação dos Autores 78 95 115 129 0 140
  • 6. Apresentação do Projeto Desde a primeira infância tivemos o privilégio de fre- quentar o grande paraíso da natureza de nosso amado Guaíba e adjacências como praias e arroios em estado de magnífica conservação à época. Ao longo dos anos aprendemos a respeitar e admirar áreas tão próximas da grande metrópole (Porto Alegre) que com o passar do tempo foram gradativamente sendo agredidas pelo homem, apesar da beleza ímpar de um bioma incomparável. Percebemos então que somente através de um projeto sério e fundamentado poderíamos concretizar a iniciativa de mitigar esse perigo- so processo de degradação na denominada “zona de impacto” (áreas com grande riqueza de flora e fauna vizinhas de grandes concentrações demo- gráficas). Mas como realizaríamos tão ambicioso trabalho sendo meros ob- servadores leigos? A partir de então participaríamos de fóruns, debates, cursos e se- minários sobre os principais temas do meio ambiente, e após quatro lon- gos anos encontraríamos através da Pampa Consultoria Ambiental, na cidade de Bagé, a equipe coordenada pelo Biólogo Luciano Moura de Mel- lo, que sendo Professor do Curso de Ciências Biológicas da URCAMP e através de exaustiva colaboração acadêmica voluntária projetou e desen- volveu o presente trabalho visando à preservação desse frágil e tão pouco preservado ecossistema, que debaixo de nossos olhos é muitas vezes es- quecido em prol da conservação da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e tantas outros não menos importantes, mas distantes de nosso foco imedi- ato.
  • 7. Em 18 meses de trabalho, de julho de 2011 a dezembro de 2012, somadas todas as expedições das equipes de trabalho, enfrentaram juntas cerca de 10.900km pelas rodovias entre Bagé e Barra do Ribeiro, vivendo conosco o sonho de trabalhar pela conservação de ambientes tão queri- dos e importantes ecologicamente. Após este período de intensos trabalhos de campo, é momento de apresentar o primeiro produto deste grande esforço: um guia contendo os resultados das primeiras fases do estudo. Esperamos que esse importante trabalho sirva para chamar a atenção de formadores de opinião, empresários, políticos, magistrados, estudantes, ambientalistas e simples homens que obtém da mãe natureza o ar puro que ainda respiram, um sopro de motivação e responsabilidade para defender com “unhas e dentes” nossas plantas e animais que implo- ram por socorro e justiça! Vinícius Brasil do Amaral e Marjorie Knippling do Amaral Empresários e idealizadores do Projeto
  • 8. Aspectos metodológicos e os sítios de coleta de dados Luciano Moura de Mello 1 Para a coleta de dados de fauna e flora foi utilizado neste projeto a metodologia do Programa de Avaliação Rápida (“Rapid Assessment Program”), ou RAP. O objetivo básico da metodologia é coletar a campo e analisar o máximo de informações de maneira rápida e segura a respeito da biodiversidade de uma região, possibilitando a realização de um inventário biológico consistente. O desenvolvimento desta metodologia, entretanto, pode requerer que ações complementares posteriores sejam realizadas, como a determinação de populações, flutua- ções sazonais, distribuição, eventos migratórios, interações entre os ecos- sistemas locais entre outros. O método RAP envolve passos decisivos de planejamento e organiza- ção que garantem seu sucesso: 1. Identificação das necessidades e objetivos para a pesquisa; 2. Seleção das áreas de pesquisa; 3. Obtenção de informações preliminares sobre a biodiversidade da área; 4. Determinação do número e localização dos locais de amostragem; 5. Levantamento das épocas do ano a amostrar; 6. Determinação dos grupos taxonômicos que serão amostrados; 7. Determinação dos membros da equipe; 1 Biólogo, MSc, Doutorando (FAEM/UFPEL). Email: [email protected]. Capítulo 1
  • 9. 8. Planejamento de logística (transporte, acampamentos, equipamentos, alimentação, etc.); 9. Organizar ou adquirir equipamentos e suprimentos necessários. A fim de selecionar os grupos de organismos a amostrar num Pro- grama de Avaliação Rápida deve-se considerar os seguintes aspectos: 1. facilidade de amostragem do grupo a campo, garantindo boa imagem da riqueza de espécies em um curto espaço de tempo; 2. equipamentos e logística apta à amostragem das áreas e ao acesso aos diversos ambientes de ocorrência do grupo, e 3. Existência de especialistas ou guias de identificação que permitam a confirmação dos indivíduos com o máximo de segurança. Dados coletados durante RAP geralmente incluem (a) uma lista de espécies por ambiente, (b) o número total de espécies para cada local e para a área total, (c) comparações entre locais em termos de riqueza de espécies (índices e listas de diversidade), (d) listas de espécies importan- tes, incluindo ameaçadas de extinção, endêmicas restritas ou não, indica- dores, introduzidos, migratórios, raras, protegidas e imunes ao corte bem como em outras categorias especiais, (e) informações ecológicas sobre cada uma das espécies, incluindo o tipo de habitat que necessitam, o que alimentam-se, onde vivem, tipo de ninho, o tamanho das populações (se possível) e seus papéis nos processos ecossistêmicos ou serviços. O método de pesquisa RAP é essencialmente rápido, além de con- fiável. A agilidade e confiabilidade dos inventários justificam sua aplicação neste trabalho e é garantida pela diversificação das equipes de trabalho e da intensidade das ações a campo, gerando grande volume de dados comparáveis. A organização logística e a gestão dos trabalhos garante redução sensível de custos quando comparados a trabalhos descentraliza- dos onde equipes mobilizam-se isoladamente para os trabalhos de campo. Os inventários na área de estudo envolveram o meio biótico (fau- na e flora), o meio abiótico (qualidade dos recursos hídricos) e o meio sócio-ambiental, com entrevistas dirigidas à população ribeirinha e a pro- posição de ações educação ambiental.
  • 10. No meio biótico, foi estudada a flora arbórea das florestas de gale- ria além de representantes das Famílias Orchidaceae e Bromeliaceae dis- tribuídos nestas mesmas áreas. Os inventários de fauna relatam, além da ocorrência de visitantes florais em registros de oportunidade, os principais grupos de vertebrados, como peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, voadores e não voadores. Para a flora a metodologia envolveu a descrição geral das formações florestais, as relações de diversidade e domínio de espécies em cada ambiente, estando a descrição da densidade média de espécies, dos índices de diversidade e similaridade, programados para a etapa seguinte do trabalho, mostrando os padrões fitogeográficos para cada área de estudo. Estas ações são de extrema importância por que dão suporte às decisões eficientes nos trabalhos de recuperação ambiental a serem implantados. Os inventários de fauna abordam invertebrados que podem ser considerados espécies-chaves para a conservação de ecossistemas: visi- tantes florais são grupos bastante específicos em suas redes alimentares e sua ocorrência pode assinalar aspectos da qualidade dos ambientes estu- dados. Entre os vertebrados, os peixes destacam-se pela sua importância no reconhecimento de padrões na malha hidrográfica além de caracteriza- rem-se como importantes fontes de exploração econômica de subsistência e comercial. Anfíbios, répteis, aves silvestres e mamíferos fornecem im- portantes dados sobre a composição e a ocorrência de danos nos ecossis- temas locais. O meio abiótico será detalhado na segunda fase, sendo julgado com relação à aspectos da qualidade dos recursos hídricos, onde será ava- liado o oxigênio dissolvido, demanda química e bioquímica de oxigênio, pH, coliformes e outros parâmetros biofisicoquímicos, buscando correlaci- oná-los com a distribuição dos organismos vivos. O meio sócio-ambiental foi avaliado por meio de pesquisa dirigi- das à população ribeirinha abordando aspectos relativos à escolaridade média, atividades econômicas, renda média, entre outras informações importantes para diagnosticar os principais problemas, dificuldades, po- tencialidades e a relação da população local com os organismos e os am- bientes locais.
  • 11. Figura 01. Mapa de distribuição das áreas de estudo (em verde no mapa inferior). As áreas de estudo (Figura 01) situam-se no município de Barra do Ribeiro (Latitude -30° 17' 28'' Longitude -51° 18' 04'') e estão distribuídas nos quadros a seguir, conforme as respectivas etapas de desenvolvimento do estudo.
  • 12. Figura 02. Margem de Barra do Ribeiro com o Guaíba,em Julho de 2011, vista da foz do Arroio Ribeiro e Capivaras (FOTO: Luciano M. de Mello). Foram realizadas amostragens totais via fluvial de suas fozes até os pontos médios definidos na tabela abaixo, com a finalidade de identificar, georreferenciar e registrar fotograficamente os pontos de impactos que não podem ser observados em imagens de satélite. De acordo com os critérios citados acima foram selecionados os pontos de amostragem: 1ª fase: Junho de 2011 a Junho de 2012 PONTOS DE AMOS- TRAGEM COORDENADAS DE REFERÊNCIA AMBIENTES Área amostrada P1. Foz do Arroio Ri- beiro e Capivaras 30° 16’ 56,22 S 51° 18’ 08,76 W AF, AM, AU, AA, AC 95.000m² P2. Arroio Capivaras 30° 16’ 49,83 S 51° 18’ 20,92 W AF, AM, AU, AA 120.000m² P3. Arroio Ribeiro 30° 16’ 57,55 S 51° 18’ 18,67 W AF, AM, AU, AA 150.000m²
  • 13. 2ª fase: Julho de 2012 a Julho de 2013 PONTOS DE AMOS- TRAGEM COORDENADAS DE REFERÊNCIA AMBIENTES Área amos- trada P4. Ponta do Salgado 30° 18’ 25,69 S 51° 13’ 00,81 W AF, AM, AA 290.000m² P5. Arroio Araçá 30° 19’ 55,39 S 51° 15’ 18,65 W AF, AM, AU, AA, AC 190.000m² 3ª fase: Agosto de 2013 a Agosto de 2014 PONTOS DE AMOS- TRAGEM COORDENADAS DE REFERÊNCIA AMBIENTES Área amos- trada P6. Ponta das Ceroulas 30° 15’ 07,02 S 51° 16’ 52,87 W AF, AM, AU, AA 310.000m² P7. Ponta do Jacaré 30° 14’ 07,26 S 51° 17’ 50,77 W AF, AM, AU, AA 125.000m² P8. Arroio Petim 30° 12’ 36,30 S 51° 19’ 29,69 W AF, AM, AU, AA, AC 180.000m² Legenda das tabelas descritivas das fases do trabalho: AF: áreas florestadas, AM: áreas marginais, AU: áreas úmidas, AA: ambientes aquáticos e AC: ambientes campestres). Figura 03. Margem do Guaíba (fim de tarde de 03 Dez 12) (FOTO: Luciano M. de Mello).
  • 14. Figura 04. Graxaim-do-mato em praia da Ponta do Salgado durante reconhe- cimento das áreas de estudo (09 Jul 11) (FOTO: Luciano M. de Mello). Os dados são apresentados em capítulos por grupos de organis- mos e temas a seguir: LEVANTAMENTOS DE FAUNA CAPÍTULO 2: Aves Silvestres CAPÍTULO 3: Répteis e Anfíbios CAPÍTULO 4: Mamíferos CAPÍTULO 5: Peixes LEVANTAMENTOS DE FLORA CAPÍTULO 6: Orquídeas e bromélias CAPÍTULO 7: Flora arbórea e Áreas de Preservação EDUCAÇÃO AMBIENTAL CAPÍTULO 8: Ações de Educação Ambiental RESULTADOS E DISCUSSÕES CAPÍTULO 9: Proposição de soluções integradas
  • 15. Entre os mais importantes resultados da pesquisa já na primeira fase, pode-se destacar: 1. a obtenção de dados preliminares sobre a diversidade biológica em áreas naturais e com diferentes níveis de ação antrópica, devido às ativi- dades econômicas e agrosilvopastoris desenvolvidas no município de Bar- ra do Ribeiro; 2. determinação do grau geral e particular de conservação dos ecossiste- mas mediante estudo integrado das paisagens; 3. diagnóstico e prognóstico das atividades praticadas na região e que porventura estejam interferindo ou possam interferir na distribuição e manutenção das populações locais; 4. entendimento dos padrões bioecológicos locais e geração de informa- ções que subsidiem o manejo natural, a conservação e indicação de áreas sensíveis para a preservação; 5. realização de audiências públicas para o encaminhamento de soluções; 6. proposição de ações de educação ambiental a serem implementadas em escolas municipais de Barra do Ribeiro a título de apoio às ações já desenvolvidas e focadas na conservação e valorização dos ambientes lo- cais e 7. projeção de ações, como a reedição das publicações associadas ao re- sultados de trabalhos ao final de cada etapa do estudo, adicionando-se informações que melhor amparem as decisões voltadas à gestão dos am- bientes naturais e expansão das metas gerais do projeto a outras áreas do Estado.
  • 16. Figura 05. Arroio Capivaras (10 Jul 11) (FOTO: Luciano M. de Mello). Figura 06. Entrando ao Arroio Araçá, durante reconhecimento das áreas de es- tudo (09 Jul 11) (FOTO: Leonardo P. de Moraes).
  • 17. Figura 07. Navegando em reconhecimento no Arroio Araçá (09 Jul 11) (FOTO: Luciano M. de Mello). Agradecimentos do autor Agradeço aos idealizadores, Vinícius e Marjorie, pela confiança em nosso trabalho e a Sepé Tiaraju de Los Santos pelo apoio durante a primeira expedição às áreas de estudo que nos permitiram mais do que conhecer, mas a amar mais esse precioso pedaço deste planeta.
  • 18. Levantamento preliminar da diversidade de avifauna em Barra do Ribeiro Leonardo Pompéu de Moraes 2 Luciano Moura de Mello 3 Luiz Liberato Costa Corrêa 4 Pâmela Salen Domingues Quadro 5 As aves constituem o grupo de animais mais conhecido entre todos. Sua ampla dis- tribuição significa a grande adaptação destes animais aos diversos ambientes e funções ecológicas. Estas funções ecológicas dão às aves espe- cial papel na estabilidade dos ecossistemas. Desde os tempos antigos a humanidade tem compartilhado espaços e recursos com espécies da fauna silvestre, dentre eles as aves destacam- se por serem animais importantes para o homem, inclusive nos aspectos culturais, para muitos eram considerados na antiguidade deuses, para outros, como povos indígenas, incorporavam danças em seus rituais u- sando penas na cabeça e outras partes do corpo, ainda hoje se utilizam desses elementos em suas canções e obras e buscam inspirações na bele- za das aves, e seus cantos melodiosos (ANDRADE, 1997). As aves são um grupo de vertebrados que possuem como caracte- rísticas principais o corpo coberto por penas, apêndices locomotores ante- riores modificados em asas, bico córneo e ossos pneumáticos. Seu orga- nismo, tanto fisiológica quanto biomecanicamente estão totalmente a- daptados à prática do voo. Tanto a endotermia quanto a capacidade de 2 Biólogo, Esp. Email: [email protected] 3 Biólogo, MSc., Doutorando, FAEM/UFPEL. Email: [email protected] 4 Biólogo, Mestrando, PPG em Ambiente e Desenvolvimento (UNIVATES). Email: [email protected] 5 Bióloga. Email: [email protected] Capítulo 2
  • 19. voo foram determinantes para o grande sucesso e a notável diversificação das aves na Terra, pois permitiram que elas colonizassem áreas remotas e sobrevivessem sob condições climáticas adversas (SICK, 1984; 1997; AN- DRADE, 1997; BENCKE et al., 2003; ARES, 2007). As aves sempre encantaram as pessoas, com seus cantos melodio- sos, e suas belas plumagens coloridas (Andrade, 1997; Reinert et al., 2004), sendo um grupo de animais superiores muito conhecido (Andrade, 1997), além do fato da grande maioria das espécies possuir hábitos diur- nos e vocalizar com frequência, são relativamente espécies de boa detec- ção em campo (Develey, 2006), comparando a outros grupos de animais (ANDRADE, 1997). Dessa forma, trata-se de um dos grupos de vertebrados mais conspícuos e estudados em paisagens naturais ou artificiais (Bencke et al., 2003; MMA, 2005). Acredita-se que cerca de 99,9% das espécies desse grupo já foram descritas (SICK, 1984; 1997). De acordo com Bencke et al. (2003) atualmente são registradas cer- ca de 10 mil espécies no globo terrestre, sendo que dessas, cerca de 2645 vivem na América do Sul (REINERT et al., 2004). No Brasil ocorrem atualmente 1.832 espécies já registradas (CBRO, 2011), sendo a avifauna brasileira considerada uma das mais exuberantes Figura 01. Agelaioides badius (Asa- de-telha), pousado em área campes- tre (FOTO: Luiz L. C. Corrêa). Figura 02. Cyanoloxia brissonii (Azulão) capturado em região dos pomares (FOTO: Leonardo P. de Moraes).
  • 20. e ricas do mundo, devido à grande extensão de nosso território, diversida- de de ecossistemas e belezas naturais existentes (ANDRADE, 1997). O Rio Grande do Sul, Estado mais meridional do Brasil (Belton, 1994), dispõe atualmente de uma lista com 661 espécies já registradas (BENCKE et al., 2010). Segundo Belton (1994) a investigação ornitológica no Estado parece ter começado com o francês Augst Sainte Hilaire que viajou nesta região em 1820-1821, sendo que outros pesquisadores tive- ram suas contribuições, mas quem mais contribuiu com dados e pesquisas foi William Belton, ornitólogo norte-americano, que realizou e compilou vários estudos sobre nossa avifauna entre os anos de 1970 e 1983, sendo que seu trabalho atualmente é fonte de referência para pesquisa sobre as aves do Estado gaúcho (BENCKE, 2001; BENCKE et al., 2003). Atualmente vários pesquisadores vêm destacando-se, e contribu- indo com dados de extrema importância com aspectos de registros, dis- tribuição e estudo das aves silvestres encontradas no Estado: G. A. Ben- cke, L. Bugoni, M. V. Petry; R. A. Dias; I. A. Acoordi; C. S. Fontana; entre outros. No entanto o estudo das aves no Rio Grande do Sul encontra-se em fase exploratória e descritiva, portanto quaisquer informações adicio- Figura 03. Chloroceryle amazona (Martim-pescador-verde), capturado em rede de neblina, margem do Arroio Capivaras (FOTO: Leonardo P. de Moraes).
  • 21. nais sobre a fauna ornitológica no Estado que ainda careçam de uma do- cumentação apropriada devem ser divulgados (BENCKE, 2001). As aves são fundamentais na manutenção dos mais diferentes e- cossistemas, onde desempenham importantes funções ecológicas agindo ativamente sobre o ambiente e teias alimentares em que se encontram. Algumas das funções mais importantes desempenhadas no ambien- te consistem na dispersão de sementes, polinização de plantas (beija- flores) e auxilio no controle da população de insetos e de pequenos verte- brados (SICK, 1984; 1997; ANDRADE, 1997; BENCKE et al., 2003; REINERT et al., 2004; ARES, 2007). Os organismos móveis possuem uma ampla margem de controle sobre o ambiente em que vivem; eles podem sair de um ambiente letal ou desfavorável e buscar ativamente outro (BEGON, 2007). Essa facilidade das aves, dada pela característica do voo, possibilitam que localizem sufi- ciente disponibilidade de recursos alimentares e abrigo (Andrade, 1997), realizando pequenas ou grandes migrações na busca de ambientes mais favoráveis. Figura 04. Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira) capturado em rede de neblina em área campestre, próximo a pomares (FOTO: Leonardo P. de Moraes).
  • 22. Figura 05. Turdus amaurochalinus (Sabiá-poca) capturado em rede de neblina (FOTO: Luciano M. de Mello). Neste sentido, as aves constituem um dos grupos faunísticos mais importantes em termos de bioindicação da qualidade ambiental, devido à facilidade de obtenção de dados em pesquisa de campo, permitindo-se obter diagnósticos precisos em curto espaço de tempo (RAMOS, 1997). No entanto, a simples presença ou a ausência dessas espécies já é indicativa de conservação ou degradação de uma determinada área (Reinert et al., 2004) embora dados complementares devam ser reunidos à estas conclu- sões a fim de estabelecer a bioindicação. A realização de estudos em levantamentos e inventários da avifauna pode indicar a qualidade de um ambiente como seu nível de perturbação ecológica, permitindo a identificação dos locais em que deve ser realiza- dos planejamentos e ações de intervenção no manejo e conservação de ecossistemas. Novos registros de uma espécie podem representar indícios da ex- pansão geográfica ativa de uma população, possivelmente motivada por alterações em seus hábitats originais, bem como o desaparecimento de espécies anteriormente descritas. Neste contexto julga-se importante a realização de inventários or- nitológicos de campo (SEIXAS et al., 2010).
  • 23. METODOLOGIA Foi realizado um levantamento qualitativo, de acordo em Develey (2006), da avifauna em uma área com cerca de 30 hectares (divididos en- tre áreas florestadas e campestres), no Município de Barra do Ribeiro, região central do Rio grande do Sul (30º16’48.8”S 51°18’12.1”W), inserida no Bioma Pampa (IBGE, 2004). No período de julho de 2011 à março de 2012, foram realizadas 8 expedições a campo na região, cada uma com dois dias, realizando-se transectos para o registro da avifauna com auxilio de binóculos (8x40; 10x50) para realizar varreduras em observações em curtas e longas dis- tâncias. Em alguns trechos aleatórios nas proximidades de ambientes flo- restais e aquáticos foram realizados pontos de escuta na primeira hora da manhã e ao anoitecer. Utilizou-se ainda redes de neblina (12 e 7x3m), para a captura e identificação de espécies e registro fotográfico. As redes foram instaladas ao amanhecer, e mantidas até o fim da tarde, sendo revisadas em interva- los de 30 minutos. Também foi utilizada a técnica do playbacks em perío- do diurno e noturno, a fim de atrair algumas espécies que dificilmente são observadas diretamente. Para aplicar a técnica de playback foram utiliza- dos aparelhos (Gravador/Olympus-WS-700M) para a reprodução das voca- lizações de aves, de acervo particular dos pesquisadores, e amplificador portátil para reproduzir o som. Develey (2006) comenta que o levantamento qualitativo tem por finalidade conhecer a riqueza da comunidade encontrada em uma deter- minada área (RAP), compilando esforços, em caminhadas a pé, transectos, pontos de escuta, utilizando redes de captura e uso de playbacks, ressul- tando em uma excelente metodologia para adquirir uma listagem de aves da área em estudo. Para a identificação e comparação das espécies registradas foram seguidos os guias de campo: Narosky & Yzurieta (2003) e Perlo (2009).
  • 24. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram registras 82 espécies (Tabela 1), em 196 horas de esforço amostral. A família mais representativa foi a Tyrannidae, seguida de Thraupidae. Para nomenclatura das espécies seguiu a versão mais atual da lista de aves do Brasil (CBRO, 2011). As aves foram agrupadas por hábitos alimentares, baseando-se em dados obtidos em Sick (1984, 1997); Rodriges et al., (2005) e Scherer et al. (2010), considerando as seguintes guildas6 : carnívoros; frugívoros (alimentação baseada em frutos); granívoros (alimentação baseada em sementes); nectarívoros: utilizam o néctar como base em sua dieta ali- mentar; piscívoros (alimentação baseada em peixes); onívoros: sua dieta é baseada em frutos, artrópodes e pequenos vertebrados, sendo assim con- sideradas as espécies cuja alimentação é composta por mais de uma guil- da alimentar. Insetívoros alimentam-se de insetos e necrófagos alimen- tam-se de carcaças de animais em decomposição. 6 Guildas são grupos de organismos reunidos pela função que desempenham no controle de outras populações. Figura 07. Bubo virginianus (Jacurutu), em mata de galeria, orla do Guaíba (FOTO: Luiz L. C. Corrêa). Figura 06. Saltador similis (Trinca-ferro- verdadeiro) em mata de galeria, orla do Guaíba (FOTO: Leonardo P. de Moraes). em
  • 25. Devido a localização e diversidade de ecossitesmas da região (am- bientes campestres, áquaticos e florestais), estes dispõe de diversificadas fontes alimentares para aves, beneficiando àquelas espécies que caracte- rizam-se pela dieta alimentar insetívora e onívora, sendo as primeiras as mais representativas na região (Gráfico 01 e 02). Gráfico 1: Distribuição do número de espécies de aves regis- tradas por guildas alimentares. 0 5 10 15 20 25 30 Figura 08. Basileuterus culicivorus (Pula-pula-assobioador) em mata de galeria, orla do Guaíba (FOTO : Luciano M. De Mello). Figura 09. Lanio cucullatus (Tico-tico-rei) em mata de galeria, na orla do Guaíba (FOTO: Pâmela S. D. Quadros).
  • 26. Gráfico 2: Distribuição percentual das espécies de aves regis- tradas por guildas alimentares. As espécies registradas no estudo já eram esperadas para a região de acordo com consulta bibliográfica em Belton (1994), ressaltando-se também que não houve nesta primeira fase registro de nenhuma espécie que amplia sua distribuição ou novo registro quando consultado Belton (1994); Bencke (2001) e Bencke et al. (2010). Figuras 10 e 11. Fezes de aves contendo diversos tipos de sementes de espécies nativas, em postes de cercas, demonstrando a importante participação das aves silvestres na dispersão de espécies vegetais (FOTOS: Luciano M. de Mello). Deve-se ressaltar que a região possui ainda um grau de fragmen- tação que merece atenção, dada pela ocupação humana, indicando a ne- 34% 32% 13% 7% 5% 5% 3% 1% Insetívoros Onívoros Granívoros Frugívoros Piscívoros Carnívoros Necrófagos Nectatívoro
  • 27. cessidade de um plano de recuperação e manejo a fim de garantir e esta- bilidade destes ambientes. Sobre locais de encontros dos espécimes foram caraterizados da seguinte forma os registros: Campo: refere-se a ave registrada em ambi- ente campestre, pousada ou em voo livre; Florestal: o registro em ambien- tes provenientes de mata nativa (ciliar) e Área úmida: registro em ambien- te aquático. Não foram registradas espécies ameaçadas na área de estudo, comparando com Bencke et al. (2003). Figura 14. Ortalis guttata (Aracuã) em mata de galeria, Arroio Ribeiro (FOTO: Luciano M. de Mello). Figura 12. Pipraeidea bonariensis (Sanhaço-papa-laranja) em mata de gale- ria, Arroio Capivaras (FOTO: Leonardo P. de Moraes). Figura 13. Columbina picui (Picui) em mata de galeria, orla do Guaíba (FOTO: Leonardo P. de Moraes). Figura 15. Thraupis sayaca (Sanhaço- cinzento) em mata de galeria, orla do Guaíba (FOTO: Leonardo P. de Moraes).
  • 28. Tabela 1. Lista da diversidade de aves silvestres em Barra do Ribeiro, RS (período de Jul 2011 a Mar 2012). Ordem/Família/espécie Nome-Comum Guilda Alimentar Ambiente de registro TINAMIFORMES TINAMIDAE Nothura maculosa Codorna-amarela Onívoro Campo ANSERIFORMES ANHIMIDAE Chauna torquata Tachã Onívoro Área úmida ANATIDAE Amazonetta brasiliensis Pé-vermelho Onívoro Área úmida Figura 18. Ardea alba (Garça-branca-grande) sobre vegetação aquática. Arroio Capivaras. FOTO: Luciano M. de Mello). Figura 16. Hydropsalis torquata (Bacurau) em área campestre próximo a casas (FOTO: Luiz L. C. Corrêa). Figura 17. Pitangus sulfuratus (Bem-te-vi) em mata de galeria, foz do Arroio Ribeiro (FOTO: Leonardo P. de Moraes). Figura 19. Tigrisoma lineatum (Socó-boi) sobre vegetação aquá- tica, Arroio Ribeiro (FOTO: Lucia- no M. de Mello).
  • 29. GALLIFORMES CRACIDAE Ortalis guttata Aracuã Frugívoro Florestal SULIFORMES HALACROCORACIDAE Phalacrocorax brasilianus Biguá Piscívoro Área úmida PELECANIFORMES ARDEIDAE Tigrisoma lineatum Socó-boi-verdadeiro Piscívoro Área úmida Ardea cocoi Socó-grande Onívoro Área úmida Ardea alba Garça-branca-grande Onívoro Área úmida Nycticorax nycticorax Savacu Onívoro Área úmida THRESKIORNITHIDAE Plegadis chihi Maçarico-preto Onívoro Área úmida Phimosus infuscatus Maçarico-de-cara- pelada Onívoro Área úmida CATRARTIFORMES CATHARTIDAE Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta Necrófago Campo Cathartes aura Urubu-de-cabeça- vermelha Necrófago Campo/florestal ACCIPITRIFORMES ACCIPITRIDAE Rupornis magnirostris Gavião-Carijó Carnívoro Florestal FALCONIFORMES FALCONIDAE Caracara plancus Caracará Carnívoro Campo Falco sparverius Quiri-quiri Onivoro Campo RALLIDAE Aramides cajanea Três-potes Onívoro Área úmida Aramides ypecaha Saracuraçu Onívoro Área úmida Laterallus melanophaius Pinto-d´água-comum Onívoro Área úmida CHARADRIFORMES CHARADRIIDAE Charadrius collaris Batuíra-de-coleira Insetívoro Área úmida Vanellus chilensis Quero-quero Insetívoro Campo JACANIDAE Jacana jacana Jaçanã Onívoro Área úmida COLUMBIFORMES COLUMBIDAE Columbina talpacoti Rolinha-roxa Granívoro Campo/florestal Columbina picui Rolinha-picuí Granívoro Campo/florestal Leptotila verreauxi Juriti-pupu Granívoro Florestal Zenaida auriculata Pomba-de-bando Granívoro Campo/florestal CUCULIFORMES CUCULIDAE
  • 30. Piaya cayana Alma-de-gato Onívoro Florestal Crotophaga ani Anu-preto Onívoro Campo Tapera naevia Saci Insetívoro Florestal PISTTACIFORMES PSITTACIDAE Myiopsitta monachus Caturita Frugívoro Campo/florestal CAPRIMULGIFORMES CAPRIMULGIDAE Hydropsalis torquata Bacurau Insetívoro Campo STRIGIFORMES STRIGIDAE Bubo virginianus Jacurutu Carnívoro Florestal Athene cunicularia Coruja-buraqueira Carnívoro Campo APODIFORMES APODIDAE Chaetura meridionalis Andorinhão-do- temporal Insetívoro Campo TROCHILIDAE Hylocharis chrysura Beija-flor-dourado Nectarívoro Florestal CORACIFORMES ALCEDINIDAE Megaceryle torquata Martim-pescador- grande Piscívoro Área úmida Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde Piscívoro Área úmida PICIFORMES PICIDAE Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado Insetívoro Campo Colaptes campestris Pica-do-campo Insetívoro Campo Melanerpes candidus Pica-pau-branco Insetívoro Campo/florestal PASSERIFORMES THAMNOPHILIDAE Thamnophilus caerulescens Choca-da-mata Insetívoro Florestal FURNARIIDAE Furnarius rufus João-de-barro Insetívoro Campo/florestal Syndactyla rufosuperciliata Trepador-quiete Insetívoro Florestal RYNCHOCYCLIDAE Poecilotriccus plumbeiceps Tororó Insetívoro Florestal Phylloscarthes ventralis Borboletinha-do-mato Insetívoro Florestal TYRANNIDAE Serpophaga subcristata Alegrinho Insetívoro Florestal Camptostoma obsoletum Irré Insetívoro Florestal Xolmis irruptero Noivinha Insetívoro Florestal Machetornis rixosa Bem- te-vi-do-gado Insetívoro Campo Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Onívoro Campo/florestal Megarynchus pitangua Nei-nei Insetívoro Florestal Tyrannus melancholicus Suiriri Insetívoro Campo/florestal
  • 31. VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis Pitiguari Onívoro Florestal HIRUNDINIDAE Progne tapera Andorinha-do-campo Insetívoro Campo Progne chalybea Andorinha-grande Insetívoro Campo Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena Insetívoro Campo TROGLODYTIDAE Troglotydes musculus Corruíra Insetívoro Campo/florestal POLIOPTILIDAE Polioptila dumicola Balança-rabo-de- máscara Insetívoro TURDIDAE Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira Onívoro Campo/florestal Turdus amaurochalinus Sabiá-poca Onívoro Florestal MIMIDAE Mimus saturninus Sabiá-do-campo Onívoro Campo COEREBIDAE Coereba flaveola Cambacica Onívoro Florestal THRAUPIDAE Saltator similis Trinca-ferro-verdadeiro Onívoro Florestal Lanio cucullatus Tico-tico-rei Frugívoro florestal Thraupis sayaca Sanhaçu-cinzento Frugívoro Campo/florestal Stephanophorus diadema- tus Sanhaçu-frade Florestal Pipraeidea bonariensis Sanhaço-papa-laranja Frugívoro Florestal Paroaria coronata Cardeal Granívoro Campo/florestal EMBERIZIDAE Zonotrichia capensis Tico-tico Granívoro Campo/florestal Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo Garnívoro Campo Sicalis flaveola Canário-da-terra Granívoro Campo/florestal Sporophila caerulescens Coleirinho Granívoro Área úmida Poospiza nigrorufa Quem-te-vestiu Granívoro Florestal CARDINALIDAE Cyanoloxia brissonii Azulão Granívoro Florestal PARULIDAE Parula pitiayumi Mariquita Insetívoro Florestal Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra Insetívoro Área úmi- da/florestal Basileuterus culicivorus Pula-pula-assobioador Insetívoro Florestal ICTERIDAE Icterus cayanensis Encontro Onívoro Florestal Chrysomus ruficapillus Garilbadi Insetívoro Campo Molothrus bonariensis Vira-bosta Onívoro Campo Agelaioides badius Asa-de-telha Onívoro Campo/florestal FRINGILLIDAE Euphonia chlorotica Fim-fim Frugívoro Florestal
  • 32. PASSERIDAE Passer domesticus Pardal Onívoro Campo Agradecimento dos autores Ao Sr Cláudio Wilfing, pela camaradagem e ao Biól. Antônio Hector Bastide Ramos, ao profissional - pelo apoio às atividades de campo e ao “irmão de ideal”, pela amizade de sempre. Referências Bibliográficas ANDRADE, M. A. D. A Vida das Aves: Introdução à biologia da conserva- ção. Belo Horizonte: Acangaú / Líttera. 1997, 160p. ARES, R. Aves: vida y conduta. 1º ed. Buenos Aires : Vásques Mazzini Edi- tores, 2007. 288p. BEGON, Michel. Ecologia de indivíduos a ecossistemas / Michel Begon, Colin R.Townsend, John L. Harper; tradução Adriano Sanches Melo...[et al.].-4. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 752p. BELTON, W. Aves do Rio Grande do Sul: Distribuição e biologia. Unisinos, São Leopoldo, Brasil, 1994. 584p. BENCKE, G. A.; FONTANA, C. S.; DIAS, R. A.; MAURICÍO, G. N. & JR MÄHLER, J. K. Aves. Pp. 189–479. (in): FONTANA, C. S. BENCKE, G. A. & REIS, R. E. (eds.). Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. 632p. BENCKE, G. A. Lista de referência das aves do Rio Grande do Sul. Funda- ção Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, 2001. 104 p. BENCKE, G. A.; DIAS, R. A.; BUGONI, L.; AGNE, C. E.; FONTANA, C. S.; MAU- RICIO, G. N. & MACHADO, D. B. 2010.Revisão e atualização da lista das aves do Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Zool. vol.100, no.4, p.519- 556. CBRO - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2011) Listas das aves do Brasil. 10ª Edição. Disponível em <http://www.cbro.org.br>. Acesso em: 26/03/2012.
  • 33. DEVELEY, P. F. Métodos para estudos com aves. Pp. 153-166, (In): Cullen - Júnior, L.; Rudran, R. & Valladares -Padua; (Orgs). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. 2ºEd. Curitiba: Uni- versidade Federal do Paraná, 2006. 652p. IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]. Mapa de biomas do Brasil. Primeira aproximação Brasília: IBGE e Ministério do Meio Ambien- te. 2004. 1p. NAROSKY, T. & YZURIETA, D . Guia para La identificacion de lãs Aves de Argentina y Uruguay. 15º ed.: Buenos Aires – Vasquez Mazzini. 2003. 348p. PERLO, B. V A. Field Guide to the Birds of Brazil. Oxford University Press,2009. 465p. REINERT, B. L.; BORNSCHEIN, M. R. & BELMONTE, Lopes, R. Conhecendo Aves Silvestres Brasileiras. Londrina: GRAFMARKE. 2004, 163p. RODRIGUES, M.; CARRARA, L. P. A.; FARIA L. P. & GOMES, H. B. Aves do Parque Nacional da Serra do Cipó: O Vale do Rio Cipó, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. 22 (2): p.326-338, 2005. SEIXAS, A. L. D. R; OLIVEIRA, S. V. D.; TRINDADE, A. D. O.; CORRÊA, L. L. C.; SILVA, D. E. & NUNES, A. S. Avifauna do Município de Caçapava, RS, Brasil. Biodiversidade Pampeana, 8, (1):p. 50-61, 2010. BENCKE, G. A.; DIA, R. A.; BUGON, L.; AGNE, C. E.; FONTANA, C. S.; MAURI- CIO, G. N. & MACHADO, D. B. Revisão e atualização da lista das aves do Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Zool. vol. 100, no.4, p.519-556, 2010. SCHERER, J. F. M. ; SCHERER, A. L. & PETRY, M. V. Estrutura trófica e ocu- pação de hábitat da avifauna de um parque urbano em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Biotemas, v. 23, p. 169-180, 2010. SICK, H. Ornitologia brasileira, uma introdução. 3º Ed. Vol. I - II. Brasília: Editora Universidade de Brasília,1984.827p. SICK, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 862 p.
  • 34. Levantamento preliminar da herpetofauna silvestre de Barra do Ribeiro Luciano Moura de Mello 7 Daiane Maria Melo Pazinato 8 A herpetofauna compreende os anfíbios e répteis, esses animais estão amplamente distribuídos, ocupando variados habitats. Os anfíbios foram os primeiros verte- brados a se adaptarem ao ambien- te terrestre, mas os répteis obtive- ram maior sucesso adaptativo em ambientes secos, sendo encontrados inclusive em regiões áridas. Neste capítulo apresentamos uma lista preliminar da herpetofauna encontrada no Município de Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul. As amostra- gens foram realizadas no período de julho de 2011 a março de 2012. A meto- dologia utilizada foi o método qualitativo buscando usar para registro das espécies o encontro direto. Foram registradas oito espécies de répteis per- tencentes a duas ordens: Squamata e Testudines, distribuídas em cinco famí- lias (Gekkonidae, Teiidae, Colubridae, Chelidae e Emydidae) e seis espécies de anfíbios anuros pertencentes a três famílias (Hylidae, Leiuperidae e Leptodac- tylidae). Os répteis ocorrem em vários continentes e condições climáticas re- lativamente variadas, exceto nos pólos, são diversificados e abundantes (HICKMAN Jr; ROBERTS; LARSON, 2003; GARCIA; VINCIPROVA, 2003). Fo- ram os primeiros vertebrados adaptados a vida em ambientes secos gra- ças à pele espessa e escamosa, com poucas glândulas cutâneas que redu- zem a perda de água (QUINTELA; LOEBMANN, 2009). A principal adapta- ção foi o desenvolvimento do ovo com casca, pois libertou os répteis do ambiente aquático, originando um processo de desenvolvimento inde- 7 Biólogo, MSc., Doutorando, FAEM/UFPEL. Email: [email protected] 8 Bióloga, Ativista, ONG Interação de trabalhos Ambientais - ITA, Caçapava do Sul, RS. Email: [email protected] Capítulo 3
  • 35. pendente da água ou de ambientes terrestres muito úmidos (HICKMAN Jr; ROBERTS; LARSON, 2003). Os répteis foram mais eficientes na conquista terrestre do que os anfíbios, pois estes continuam dependendo do ambiente aquático para a reprodução (BERNARDE; MACHADO, 2006; LOEBMANN, 2005). A ecto- termia é uma característica destes dois grupos, a temperatura corpórea é semelhante a do meio ambiente, oscilando com a mesma (LEMA, 2002). O Brasil possui uma rica biodiversidade, ocupa a segunda colocação na relação de países com maior riqueza de espécies de répteis. No caso dos anfíbios, o Brasil é o país com a maior riqueza de espécies, estando esta classe representada por aproximadamente 946 espécies, distribuídas em três ordens: Anura (rãs, sapos e pererecas), Caudata (salamandras) e Gymnophionas (cobras-cegas) (LOEBMANN, 2005; SBH, 2012). Para o Rio Grande do Sul são conhecidas cerca de 95 espécies de anfíbios, sendo 93 anuros e duas cobras-cegas (BORGES-MARTINS et al.; 2007). No Brasil a classe Reptilia é representada por três ordens: Testudi- nes (cágados, jabutis e tartarugas), Squamata (anfisbênias, cobras e lagar- tos) e Crocodylia (crocodilos e jacarés) (SBH, 2012). De acordo com Bencke et. al. (2009) são registradas 126 espécies de répteis para o nosso Estado. Os anfíbios da ordem Anura são muito bem adaptados e geralmen- te estão entre os vertebrados mais abundantes e presentes em maior número de habitats, perdendo somente para aves e morcegos em número de espécies (LIMA et al., 2006). A identificação das espécies de anfíbios revela dados decisivos para o sucesso das ações que buscam conservar a biodiversidade (DEIQUES et al., 2007; HEYER et al., 1994). A fragilidade dos anfíbios diante das condi- ções adversas, naturais e antrópicas, a sua importância como indicadores biológicos de qualidade ambiental tornam extremamente importante o estudo desses animais (LOEBMANN, 2005). A extinção de espécies confi- gura-se como um dos problemas ambientais mais dramáticos da atualida- de (MARQUES et al., 2002). As causas da extinção dos répteis estão relacionadas principalmente à destruição dos habitats explorados por estes e a aversão que o homem possui aos répteis também contribui para o declínio das populações (LE- MA, 2002; DI-BERNARDO, 2003; BORGES-MARTINS, 2007; OLIVEIRA, 2003; QUINTELA, 2009; LOEBMANN, 2009).
  • 36. Figura 01: Chironius sp. capturada na copa de um Maricá (Mimosa bimucro- nata), à margem do Arroio Capivaras, em agosto de 2011. Existe uma evidente falta de informações sobre a biologia, distribui- ção e conservação da herpetofauna brasileira que pode ser mitigada atra- vés de inventários e monitoramento da fauna (DIXO, 2006). Os anuros e répteis são extremamente importantes nas cadeias alimentares, realizando controle biológico e encontram-se cada vez mais ameaçados, o conhecimento a cerca destes animais é fundamental para identificarmos as causas que os ameaçam e estabelecer prioridades de ação para a preservação. METODOLOGIA Foram realizadas saídas a campo no período de julho de 2011 a março de 2012, para a amostragem da fauna reptiliana e anura do Muni- cípio de Barra do Ribeiro, região central do Rio grande do Sul (30º16’48.8”S 51°18’12.1”W). A metodologia utilizada foi o método qualitativo buscando usar para registro das espécies o encontro direto, as buscas se deram em am- bientes campestres, florestais (florestas de galeria), aquáticos e úmidos. A região apresenta áreas naturais bem preservadas com matas nativas nas zonas ciliares, mas também possui locais antropizados com grandes áreas destinadas à produção agrícola. 02 03 Figura 02: Teius oculatus (Teju-verde) foto- grafado em clareira na mata da orla do Guaí- ba (FOTOS: Luciano Moura de Mello). 02 01
  • 37. Figura 03 e 04: Dendropsophus minutus (FOTO: Luiz L. C. Corrêa) e Leptodactylus gracilis (FOTO: Luciano Moura de Mello). Os exemplares encontrados foram fotografados e soltos no ambi- ente. Os trabalhos de campo foram realizados em seis ocasiões, os horá- rios de busca foram variados, ocorrendo a partir das 06 horas, estenden- do-se até o crepúsculo, cada saída teve a duração aproximada de 12 ho- ras, totalizando 144 horas de esforço amostral. Durante as saídas a campo foram utilizados equipamentos de se- gurança como calças de tecido grosso, botas compridas, luvas de couro e gancho para manejo de serpentes a fim de evitar acidentes ofídicos. Fo- ram realizadas observações em locais com troncos caídos, embaixo de pedras, nas proximidades de vegetação aquática, nas áreas campestres ou com características similares. No caso dos anuros as observações foram realizadas em corpos de água utilizando a procura visual ativa e auditiva e também nas áreas anteriormente citadas. Figura 05 e 06: Physalaemus sp. e Scinax sp. (FOTO: Luciano Moura de Mello). 0605 0403
  • 38. Um total de 14 espécies (Tabela 1) foram identificadas na área, seis anfíbios e oito répteis. A nomenclatura das espécies seguiu a classifi- cação da Sociedade Brasileira de Herpetogia. Figura 06 e 07: Ovos em ninhos de quelônio nas margens do Guaíba. Figura 09: artefato de madeira (com quase 1m) com anzol, localizado nas margens do Arroio Capivaras e utilizado por caçadores locais para a captura de jacarés. O artefato é iscado com carne ou peixe e amar- rado por uma corda a árvore nas margens do arroio: o animal é “fis- gado” e trazido à terra, onde é abatido. Estes animais, no entanto, não foram encontrados pelas equipes de trabalho na área. Figura 10: Tupinambis merianae (Lagarto-de- papo-amarelo) registrado em armadilha fotográfica. (FOTOS: Luciano Moura de Mello). Tabela 1. Lista das espécies de anfíbios e répteis registradas no Município de Barra do Ribeiro, RS. Ordem/ Família/ Espécie Nome comum ANURA Hylidae Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Perereca-rajada Scinax sp. Perereca Leiuperidae Physalaemus sp. Rã 07 08 09 10
  • 39. Leptodactylidae Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Rã-assobiadora Leptodactylus gracilis (Duméril & Bibron, 1841) Rã-listrada Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) Rã-manteiga SQUAMATA Gekkonidae Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Lagartixa-das-casas Teiidae Teius oculatus (D’Orbigny & Bibron, 1837) Teju-verde Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) Lagarto-do-papo- marelo Colubridae Chironius sp. Caninana-verde Thamnodynastes hypoconia (Cope, 1860) Corredeira-carenada Xenodon sp. Boipeva TESTUDINES Chelidae Phrynops hilarii (Duméril & Bibron, 1835) Cágado-de-barbelas Emydidae Trachemys dorbigni (Duméril & Bibron, 1835) Tartaruga-tigre- d'água Figura 11: Thamnodynastes hypoconia (Corre- deira-carenada) (FOTO: Luciano Moura de Mello) Agradecimento dos autores Os autores agradecem à Dra. Lize Helena Cappellari (URCAMP) pelo auxílio nas identificações, ao Biól. Luiz Liberato Costa Corrêa pela cedência de imagens obti- das a campo e que ilustram este capítulo e ao Acadêmico de Ciências Biológicas (URCAMP) Éderson França de Machado, pelo apoio às atividades de campo. Referências Bibliográficas BENCKE, G. A. et al. Composição e padrões de distribuição da fauna de tetrápodes recentes do Rio Grande do Sul, Brasil. In: RIBEIRO, A. M.; BAUERMANN, S. G.; SCHERER, C. S. (Org.). Quaternário do Rio Grande do Sul: integrando conhecimentos. 1 ed. Porto Alegre: SBP, 2009. p. 123-142.
  • 40. BERNARDE, P. S.; MACHADO, R. A. Répteis Squamata do Parque Estadual Mata dos Godoy. In: TOREZAN, J. M. D. (Org.) Ecologia do Parque Estadual Mata dos Godoy. Londrina: ITEDES, 2006. p. 114-120. BORGES-MARTINS, M. et al. Anfíbios. In: BECKER; F. G. RAMOS; R. A. MOURA A; L. A. (Org.). Biodiversidade: Regiões da Lagoa do Casamento e dos Butiazais de Tapes, planície costeira do Rio Grande do Sul. Ministério do Meio Ambiente e Fundação Zoobotânica, Brasil, 2007. p.276-291. DI-BERNARDO, M.; BORGES-MARTINS, M.; OLIVEIRA, R. B. In: FONTANA, C. S.; BENCKE, G. A.; REIS, R. E. (eds.) Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. p.165-188. DEIQUES, C. H. et al. Anfíbios e Répteis do Parque Nacional de Aparados da Serra, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Brasil. Pelotas: USEB, 2007. 120p. DIXO, M.; VERDADE, V. K. Herpetofauna de serrapilheira da Reserva Flo- restal de Morro Grande, Cotia (SP). Biota Neotropica. São Paulo, v. 6, n. 2, 2006. GARCIA, P. C. A.; VINCIPROVA, G. In: FONTANA, C. S.; BENCKE, G. A.; REIS, R. E. (eds.). Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Gran- de do Sul. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. p.147-164. HEYER, W. R. et al. Measuring ands monitoring biological diversity. Stand- ard methods for Amphibians. Smithsonian Institution Press. Washington, 1994. HICKMAN JR, C. P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Princípios integrados de zoologia. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan S. A, 2003. 846 p. LEMA, T. de. Os répteis do Rio Grande do Sul: atuais e fósseis, biogeogra- fia e ofidismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. 264p. LIMA, A. P. et al. Guia dos sapos da Reserva Adolpho Ducke - Amazônia Central. Manaus: Editora Áttema, 2006. 168p. LOEBMANN, D. Os Anfíbios da Região Costeira do Extremo Sul do Brasil: Guia Ilustrado. Pelotas: USEB, 2005. 76p.
  • 41. MARQUES, A. A. B. et al. Lista de Referência da Fauna Ameaçada de Ex- tinção no Rio Grande do Sul. Decreto no 41.672, de 11 junho de 2002. Porto Alegre: FZB/MCT–PUCRS/PANGEA, 2002. 52p. QUINTELA, F. M.; LOEBMANN, D. Os répteis da região costeira do extre- mo Sul do Brasil: Guia ilust. Pelotas: USEB, 2009. 84 p. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HERPETOLOGIA (SBH). Lista brasileira de Anfíbios e Répteis. Disponível em: <http://www.sbherpetologia.org.br/?page_id=609> Acesso em: 30 de abril de 2012.
  • 42. Levantamento da diversidade de mamíferos silvestres em Barra do Ribeiro Vinícius Braga Comaretto 9 Luciano Moura de Mello 10 Darliane Evangelho Silva 11 Mamíferos são animais de sangue quente, vertebrados, podendo vari- ar em tamanhos e hábitos, possu- em o corpo coberto por pelos, fê- meas com glândulas mamárias e a grande maioria com hábitos notur- nos (FREITAS & SILVA,2005; REIS et al., 2006; ACHAVAL et al., 2007; CARVALHO-JR & LUZ, 2008; CULLEN et al., 2009). Seus representantes são quadrúpedes, embora existam vari- ações anatômicas e fisiológicas entre as espécies, que possibilitam a vida tanto em meio terrestre, aéreo e aquático (SILVA, 1994; FREITAS & SIL- VA,2005). O Brasil é considerado um país megadiverso, ou seja, é um dos mais ricos em números de espécies no mundo (CARVALHO-JR & LUZ, 2008). Atualmente são registradas aproximadamente 5.418 espécies de mamíferos no mundo (WILSON & REEDER, 2005). De acordo com Paglia et al. (2012) no território brasileiro são registradas 701 espécies distribuídos em 50 Famílias e 12 Ordens. Estes números indicam o Brasil como possui- dor da maior riqueza de mamíferos de toda a região neotropical (CARVA- LHO-JR & LUZ, 2008). Estudos relacionados com a mastofauna são extremamente im- portantes, pois contribuem significativamente para o conhecimento des- sas espécies, além do fato dos mamíferos possuírem uma importante fun- 9 Biólogo, Email: [email protected] 10 Biólogo, MSc., Doutorando (FAEM/UFPEL). Email: [email protected]. 11 Bióloga, Mestranda em Ambiente e Desenvolvimento, UNIVATES. Email: [email protected] Capítulo 4
  • 43. ção ecológica por manterem o equilíbrio de uma floresta (ALMEIDA et al., 2008). Neste contexto, a constante ameaça à fauna e flora brasileira está relacionada aos severos desmatamentos que ocorrem diariamente em todo o território nacional. Diante deste fato, visualiza-se um crescente fracionamento das florestas, ocasionando a perda de hábitat, o isolamen- to populacional local e a restrição do tamanho populacional destes ani- mais, principalmente os mamíferos de médio e grande porte, que além de sofrerem com a caça, necessitam de áreas demográficas maiores para seu desenvolvimento (WILCOX & MURPHY 1985; SHAFER, 1990; SAUNDERS et al., 1991). No entanto, em contra partida, sofrem uma crescente ameaça à sua existência, o que mostra a necessidade de maiores estudos sobre o grupo, não somente para a preservação dessas espécies, mas do ecossis- tema como um todo (ALMEIDA et al., 2008). Algumas espécies estão associadas a um impacto negativo ou ad- verso ao ambiente. Elas podem causar danos para o homem, uma vez que muitas delas podem alimentar-se da lavoura ou até mesmo de alguns animais domésticos ou de criação (CARVALHO-JR & LUZ, 2008). A presença de animais de dieta diversificada e generalista, como, por exemplo, os Graxains (Pseudalopex gymnocercus) e os Gambás (Didel- phis albiventris) normalmente são indesejados mesmo com todas as con- tribuições ecológicas que prestam ao homem. No entanto, ações de ma- nejo, além de cuidados simples, em geral, anulam totalmente os efeitos negativos que estes mamíferos silvestres possam ter sobre animais criados pelo homem. Porém, é importante ressaltar que muitas dessas situações são causadas pela alteração intensa do ambiente natural desses animais numa determinada região (CARVALHO-JR & LUZ, 2008). A fauna mastozoológica do Rio Grande do Sul é muito expressiva, graças à sua privilegiada posição fisiográfica (SILVA, 1994). Segundo dados obtidos em Santos et al. (2008), ocorrem mais de 150 espécies no Estado do Rio Grande do Sul, sendo que destas, 33 encon- tram-se em ameaça no Estado (Fontana et al., 2003), sendo o Pampa, o bioma brasileiro com terceiro maior número de espécies de mamíferos ameaçadas (13%) do país (COSTA et al., 2005). O bioma Pampa tem sido profundamente modificado pelas ativi- dades humanas (pastoreio excessivo, queimadas, invasão de espécies exó-
  • 44. ticas e conversão em áreas agriculturáveis), restando muitas vezes apenas pequenos remanescentes em uma paisagem predominantemente agrícola e modificada (PORTO, 2002; BENCKE, 2003). Avaliar os impactos das diferentes formas de uso da terra sobre a biodiversidade é fundamental para entendermos e desenvolvermos as melhores formas de utilização dos recursos naturais, conciliando assim o desenvolvimento socioeconômico com a conservação da natureza (CAR- VALHO-JR & LUZ, 2008). METODOLOGIA Para a coleta de dados de fauna foi utilizado neste projeto a me- todologia do Programa de Avaliação Rápida. Para os mamíferos a pesquisa prevê identificação das espécies voadoras e não voadores. Para isso, foram utilizadas redes de neblina de 7-12mx2,5m para a coleta de morcegos (Quiroptera), e buscas ativas, armadilhas fotográficas e outros meios para os outros grupos de mamíferos. Foram utilizadas duas armadi- lhas fotográficas digitais (Figura 01) BUSHNELL (ZT820) de 2,1 megapixel com sensor infravermelho (motion- activated). A nomenclatura taxonômica das espécies, foi seguido de acordo em Reis et al. (2006). Figura 01. Armadilha fotográfica armada em caule de Palmeira-rio-grandense (Syagrus ro- manzoffiana) numa trilha da floresta de ciliar, foz do Arroio Ribeiro (Foto: Luciano M. de Mel- lo). As amostragens a campo foram realizadas entre os meses de ju- nho de 2011 a março de 2012, no qual seis expedições de campo foram realizadas, cada uma com cerca de 12 horas de buscas ativas, totalizando 72h de esforço amostral entre armadilha fotográfica e procura visual e indireta.
  • 45. O estudo teve objetivo de inventariar a mastofauna da região Bar- ra Ribeiro, tanto quanto determinar o uso de áreas e a dispersão dos ma- míferos locais. RESULTADOS E DISCUSSÕES Através dos métodos utilizados foram registradas 13 espécies dis- tribuídas em 11 Famílias (Tabela 1). Foram registradas 3 espécies ameaçadas no Estado de acordo em Fontana et al. (2003), são elas : Lontra (Lontra longicaudis), Gato-do-mato- grande (Leopardus geoffroyi) e Coati (Nasua nasua). DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES IDENTIFICADAS NO ESTUDO Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), é uma espécie de porte médio, comum em áreas urbanas e rurais (Figura 02). Possui hábitos no- turnos e crepusculares, de alimentação onívora, podendo até alimentar-se de aves domésticas, onde chega a causar prejuízos em certas ocasiões. Figura 02. Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), (a) em armadilha modelo gaiola (Tomahawk), e (b) fotografado por armadilha fotográfica (FOTO: Luiz L. C. Corrêa). Os Gambás conseguem trepar e andar sobre as árvores com muita facilidade, graças a adaptações dos pés e mãos, sua cauda preênsil ajuda na sua locomoção sobre troncos e galhos. Quando atacados, para se de- fender exalam um odor forte e pouco agradável ao olfato (SILVA, 1994; MASSOIA et al., 2002; MAMEDE & ALHO, 2008). a b
  • 46. Tabela 1: Lista de espécies de mamíferos silvestres registradas entre junho de 2011 e março de 2012, em Barra do Ribeiro, RS. (Legenda dos ambientes (AMB): FO: Floresta da orla do Guaíba, FG: Florestas de galeria (arroios), AC: áreas campestres, AA: ambientes úmidos ou aquáticos) Ordem Família Nome Científico Nome Popular AMB Didelphimorphia Didelphidae Didelphis albiventris Gambá-de- orelha- branca FO, FG, AC Xenarthra Dasypodidae Dasypus novemcinctus Tatu-galinha AC, FG Chiroptera Vespertilionidae Eptesicus sp. Morcego AC, FG Carnivora Canidae Pseudalopex gymnocercus Graxaim-do- campo FO, FG, AC Cerdocyon thous Graxaim-do- mato FG Procyonidae Procyon cancrivorus Mão-pelada FO, FG, AC, AA Nasua Nasua Coati FO, FG Mustelidae Conepatus chinga Zorrilho AC Lontra longicaudis Lontra AA Felidae Leopardus geo- ffroyi Gato-do- mato-grande FO, FG Rodentia Hydrochaeridae Hydrochaeris hydrochoerus Capivara AA Myocastoridae Myocastor coypus Ratão-do- banhado AA Caviidae Cavia aperea Preá AC Lagomorpha Leporidae Lepus europaeus Lebre- européia AC Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), possui uma carapaça, alta e curva (Figura 03), é formada por oito a nove cintas móveis localizada na porção mediana da carapaça. Não tem pelos no dorso, e a cabeça é pequena e comprida com focinho comprido e estreito com orelhas grandes, finas e muito próximas entre si. Sua coloração geral é marrom escura no dorso, sendo lateralmente mais amarelada.
  • 47. Possui membros curtos com cinco dedos nos membros posteriores e quatro nos anteriores onde os dois dedos médios são grandes, a cauda comprida, cônica, apresenta a ponta fina que é envolvida por anéis cór- neos bem distintos. É um tatu bastante comum, vive em vários tipos de formação vegetais, tem hábito noturno, mas pode ser encontrado durante o dia, sua alimentação é composta por insetos, raízes de plantas, peque- nos invertebrados e eventualmente frutos. Figura 03. (a) Tatu-galinha (D. novemcintus), fotografado por armadilha foto- gráfica; (b) pegadas de tatu-galinha (Fotos: Luiz. L. C. Corrêa). A audição e visão são pouco desenvolvidas, mas possui olfato mui- to apurado. O período de gestação é de 150 a 240 dias, onde a fêmea constrói um ninho de folhas e palhas secas, no fundo da toca de moradia (SILVA, 1994; MAMEDE & ALHO, 2008). É uma espécie muito procurada por caçadores que apreciam sua carne (FREITAS & SILVA, 2005). Morcego (Eptesicus sp), é uma espécie de hábitos noturnos, onde alimen- ta-se de insetos (Figura 04). Pode ser encontrado em sótãos, ocos de árvo- res e furnas (SILVA, 1994). a b a b
  • 48. Figura 04. Morcego (Eptesicus sp.), (a) e (b) capturado em dezembro de 2011 em rede de neblina próximo a construções humanas iluminadas (Foto: Débora T. B. Motta). Graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), sua coloração é acinzentada, com as extremidades dos membros anteriores e posteriores com coloração negra (Figura 05). Figura 05. Graxaim-do-mato (C. thous), (a) fotografado em Praia da Ponta do Salgado, em Julho de 2011 (Foto: Luciano M. de Mello); (b) animal jovem registrado em armadilha fotográfica (Foto: Luiz L. C. Corrêa). Espécie de hábitos geralmente noturno, com alimentação bastante diversificada: frutos, insetos, anfíbios, crustáceos, pequenos lagartos, aves e pequenos mamíferos. Vive preferencialmente em áreas florestais, po- dendo ser avista em áreas abertas e úmidas no período diurno, mas sem- pre nas proximidades de áreas florestais (MAMEDE & ALHO, 2008). De acordo em Silva (1994), acredita-se que alguns indivíduos apren- dam de forma oportunística a comer galinhas ou atacar ovelhas, causando algum prejuízo ao homem quando seus animais de criação não são ade- quadamente manejados. No entanto, estudos realizados na Argentina que a b a b a b
  • 49. avaliaram o conteúdo estomacal destes canídeos comprovam que muitos animais carregam a fama de matadores de galinhas ou ovelhas após locali- zarem e alimentarem-se de ovelhas e outros animais mortos. É um dos carnívoro mais comuns em atropelamentos em estradas e rodovias (MA- MEDE & ALHO, 2008). Graxaim-do-campo (Pseudalopex gymnocercus), canídeo de pequeno porte medindo cerca de 50 cm de comprimento e 30 cm de cauda, sua coloração geral é cinza amarelada (Figura 06), com tendência para mar- rom ferrugíneo no alto da cabeça. As patas são branco-amareladas, possuem orelhas grandes, de cor clara, focinho afilado na extremidade, sendo uma espécie típica dos pam- pas. É encontrado em regiões abertas, como campos e capoeiras de ma- tas. Tem hábitos noturnos e crepusculares, com alimentação onívora e de hábito solitário, mas podem ser vistos no período de reprodução em ca- sais (SILVA, 1994; MAMEDE & ALBO, 2008). Figura 06. Graxaim-do-campo (P. gymnocercus), fotografado em área campestre (FOTOS: Luiz L. C. Corrêa). Observa-se as diferenças entre os canídeos que facilitam a sua identifi- cação a campo: coloração geral, colocação de patas e cauda. Mão-pelada (Procyon cancrivorus), apresenta pelos curtos de coloração geral cinza-escuro no dorso (Figura 07), podendo ser facilmente identifica- do pela máscara preta que desce dos olhos à base da mandíbula, pelos vários anéis escuros na cauda e a maior altura dos membros posteriores. As patas anteriores são desprovidas de pelos, o que deu origem ao nome comum “mão-pelada”. Os dedos são finos e longos, sendo uma espécie
  • 50. que habita locais com vegetação cerrada e alta, nas proximidades de rios, riachos, banhados e lagos. Durante o dia fica em ocos de árvores, sob grandes raízes ou em to- cas, conseguindo com facilidade trepar em árvores quando perseguido. O Mão-pelada é um animal de tem hábito noturno, com alimenta- ção bem variada, desde matéria vegetal à animal, em especial aquáticos, ao se alimentar apoia-se sobre os membros posteriores manuseando o alimento com a “mão”, geralmente a fêmea tem de dois a quatro filhotes (SILVA, 1994; ACHAVAL et al., 2007; MAMEDE & ALHO, 2008). Figura 07. (a) Mão-pelada (P. cancrivorus), em armadilha fotográfica (FOTO: Luiz L. C. Corrêa); (b) pegada de Mão-pelada (FOTO: Stefan Vilges de Oliveira). Coati (Nasua nasua), são animais de cores variadas que vão do marrom- avermelhado ao cinza-escuro no dorso (Figura 08), sendo o peito amarela- do. A cauda do Coati é longa e com listras tranversais pretas ou marrom escuras. Vivem geralmente em grupo em florestas, com hábitos noturnos e diurnos. Alimenta-se de frutos, insetos, vermes, ovos e pequenos verte- brados. Locomovem-se tanto no solo com em árvores (SILVA, 1994; FREI- TAS & SILVA, 2005; MAMEDE & ALHO, 2008). É uma espécie ameaçada de extinção no Estado, estando classifi- cado na caterogia “vulnerável” (FONTANA et al., 2003), sendo que as prin- cipais causas de seu declínio estão associadas a caça predatória para co- mercialização de sua pele e a fragmentação de florestas (MAMEDE & ALHO, 2008). a b
  • 51. Figura 08. Coati (N.nasua) (FOTO: Luiz L. C. Corrêa). Zorrilho (Conepatus chinga), espécie de hábito noturno e solitário. Sua alimentação é composta de artrópodes e pequenos roedores, eventual- mente serpentes (Figura 09). O hábito deste animal de predar serpentes faz com que seja bem tolerado entre as comunidades rurais. Refugia-se no período diurno para repouso em buracos, tocas e fendas de árvores. Quando perseguido utiliza como defesa pessoal, as glândulas perianais que lançam secreção volátil e odor extremamente desagradável (SILVA, 1994; MAMEDE & ALHO, 2008). Figura 09. (a) Zorrilho (Conepatus chinga), em armadilha fotográfica (FOTO: Luiz L. C. Corrêa); (b) pegadas de Zorrilho (a barra corresponde a 10cm) (FOTO: Stefan Vilges de Oliveira). Lontra (Lontra longicaudis), seus pelos são grossos, curtos e brilhantes de coloração marrom-escura, sendo a região da garganta e abdômen mais a b
  • 52. claros (Figuras 10 e 11). Tem o corpo alongado, robusto e flexível, mem- bros curtos com dedos unidos por membranas, as orelhas são curtas e arredondadas, a cauda é longa, estreita e achatada na extremidade, a ponta do focinho é desprovida de pelos. A Lontra é um animal de hábitos tanto noturnos quanto diurnos, é solitária e territorialista, escava tocas nas barrancas para reproduzir e es- conder-se durante o dia. As Lontras alimentam-se de peixes, moluscos e crustáceos e aves que capturam, com grande habilidade dentro d’água. Figura 10. (a) Lontra (Lontra longicaudis), em armadilha fotográfica (FOTO: Carlos Be- nhur Kasper); (b) pegada de Lontra (a barra em preto corresponde a 10cm) (FOTO: Stefan Vilges de Oliveira). Figura 11. (a) latrina e fezes de Lontra e (b) muco fecal (a barra corresponde a 5cm) (FO- TOS: Stefan Vilges de Oliveira). a b b ca
  • 53. Figura 11. fezes de lontra (a barra cor- responde a 10cm) (FOTO: Stefan Vilges de Oliveira). Na época de reprodução as Lontras emitem gritos caracte- rísticos, durante brincadeiras pré copulatórias (SILVA, 1994; MAME- DE & ALHO, 2008). É uma espécie ameaçada de extinção no Estado, estando classificado na caterogia “vulnerável” (FONTANA et al., 2003). Gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi), é um felino de porte peque- no, apresentando da cabeça e corpo de 58cm, com a cauda de com 32cm aproximadamente, a coloração de fundo é cinza amarelada (Figura 12), sendo mais escuras no dorso e quase branca nas parte inferior. As man- chas são pequenas e numerosas, maiores dorsalmente do que nos lados do corpo, podendo estar reunidas duas a duas. Há faixas pretas transversais, nos membros, que são nítidas e nor- malmente, sem interrupções. Em cima dos olhos, notam-se linhas escuras que sobem pelo alto da cabe- ça, chegando até a nuca, no peito e na garganta linhas escuras, alguns animais podem ser melânicos. É encontrado da Bolívia ao extremo sul do continente. No Brasil só apresenta registro no sul do Rio Grande do Sul, é mais encontrada nos capões e matas de galeria, em regiões de campos e também em morros cobertos de mata. Anda no solo mais consegue trepar com muita facilidade em árvo- res. Sua alimentação é predominante de pequenos roedores e pequenas aves (SILVA, 1994; OLIVEIRA & CASSARO, 2006). É uma espécie ameaçada de extinção no Estado, estando classificado na caterogia “vulnerável” (FONTANA et al., 2003).
  • 54. Figura 12. (a) Gato-do-mato-grande (L. geoffroyi) em armadilha fotográfica (FOTO: Lu- iz L. C. Corrêa); (b) pegada de Gato-do-mato-grande em areia (FOTO: Stefan Vilges de Oliveira) Capivara (Hydrochaeris hydrochoerus), possui o corpo compacto, pernas relativamente curtas, sem cauda, a coloração é marrom, com tons de avermelhado sendo inferiormente, cinza-amareladas (Figura 13), os pelos são grossos e ásperos e a pelagem densa, a cabeça é grande, com orelhas e olhos localizados bem no alto, o que facilita a permanência dentro d’água, o focinho é alto e obtuso, os pés anteriores tem quatro dedos e os posteriores três, todos com unhas grossas, sendo que os dedos são unidos por uma membrana, são de hábitos diurnos e noturnos. São roedores de comportamento lento e pacífico, incapazes de atacar outros animais, sua alimentação é herbívora, gramínea, vegetação aquáticas entre outras vegetais, as ninhadas são de quatro a seis filhotes podendo chegar até a oito (SILVA, 1994; MAMEDE & ALHO, 2008). a b
  • 55. Figura 13. (a) Capivara (H. hydrochoerus) em armadilha fotográfica (Foto: Luiz L. C. Corrêa); (b) pegada em areia de Capivara (a barra corresponde a 10cm) (FOTO: Darlia- ne E. Silva). Ratão-do-banhado (Myocastor coypus), um roedor grande muito parecido com um rato (Figura 14), cor geral marrom avermelhada escura, por cima do corpo e amarela clara, ventralmente, forma alongada, cabeça de tama- nho proporcional ao corpo, orelhas pequenas e arredondadas, focinho com bigodes longo, dentes incisivos grandes e amarelos. Figura 14. Ratão-do-banhado (Myocastor coypus), grupo com filhotes (Foto: Luiz L. C. Corrêa). a b
  • 56. A pele é recoberta com pelos compridos, e uma camada densa mais fina e macia, que lhe da proteção dentro d’água, dedos com membranas interdigitais, dedos providos de unhas fortes. A cauda é grossa e mais cur- ta que o corpo, revestidas por escamas e pelos escassos, tem hábitos no- turnos e diurnos, vivem em banhados ou taipas, escavando tocas de refú- gio e ninho. É altamente adaptada a vida aquática. Sua alimentação é her- bívora, alimentam-se tanto na água como na terra, a fêmea tem geral- mente dois a quatro filhotes, mas as ninhadas podem ser bem maiores (SILVA, 1994; ACHAVAL et al., 2007). Preá (Cavia aperea), roedor comum nos campos abertos e de ampla dis- tribuição, sua coloração geral é acinzentada, com tons de marrom, sendo as partes inferiores de cor branca-amarelada, o corpo longo com membros curtos permite-lhe andar rente ao chão, os pés anteriores possuem quatro dedos e os posteriores, três, todos com longas unhas, fortes e cortante, a cabeça é proporcional ao tamanho do corpo, as orelhas são pequenas e a cauda é ausente, tem hábitos noturnos e diurnos, constroem suas tocas na vegetação, cavando túneis de 8 a 12cm. Sua alimentação é herbívora, a fêmea gera de um a dois filhotes, podendo ter até duas ninhadas por ano (SILVA, 1994; ACHAVAL et al., 2007). Lebre-européia (Lepus europaeus), possui orelhas e pernas compridas, de cor geral cinza amarronzada nas partes superiores e inferiores mais claras (Figura 15), a cauda é facilmente visível, membros anteriores curtos e pos- teriores largos. Figura 15. (a) Lebre-européia (Lepus europaeus) (Foto: Darliane E. Silva); (b) pegada de Lebre (a barra em preto coresponde a 10cm) (Foto: Stefan Vilges de Oliveira) a b
  • 57. As Lebres vivem em campos cerrados e lavouras, de hábito geralmen- te noturno ou crepuscular mas pode, com alguma facilidade, ser vista ali- mentando-se durante o dia. Sua alimentação é exclusivamente herbívora, a fêmea tem até três fi- lhotes e ela reproduz uma vez por ano, seus filhotes nascem aptos para caminha no primeiro dia, para refugiar-se, não cava ou escava tocas, se esconde sobre capins ou outros vegetais é uma espécie exótica no Rio Grande do Sul (Silva, 1994; Achaval et al., 2007) que talvez tenha chegado ao Estado após as ligações por pontes com países como o Uruguai e Ar- gentina, para onde foram trazidos da Europa (SILVA, 1994). Agradecimentos dos autores A Carlos Benhur Kasper por ceder uma fotografia de Lontra, a Luiz Liberado Costa Corrêa e Stefan Vilges de Oliveira, pela cedência de diversas fotografias que ilustram este capítulo e pelas importantes revisões no texto. Referências bibliográficas ACHAVAL, F. CLARA, M. OLMOS, A. Mamíferos de la Republica Oriental del Uruguay. Montivideo: Zonabrilho Industria Gráfica. 2º ed. 2007. 216p. ALMEIDA, I.G.; REIS, N.R.; ANDRADE, A.R.; GALLO, P.H. 2008 Mamíferos de médio e grande porte de uma mata nativa e um reflorestamento no mu- nicípio de Rancho Alegre, Paraná, Brasil. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; SANTOS, G.A.S.D. Ecologia de mamíferos, Londrina. BRASIL. Lei Nº 5.197, DE 3 DE JANEIRO DE 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5197.htm>. Acesso em 10/03/2012. BENCKE, G. A. Apresentação. Pp. 14-21. In: FONTANA, C.S; BENCKE, G.A.; REIS, R.E., (Eds). Livro vermelho da fauna ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul. EDIPUCRS, Porto Alegre, 2003. 632p. CARVALHO Jr., O & LUZ, N. C. Pegadas: Série Boas Práticas. PA: EDUFPA. 2008. 64p.
  • 58. CULLEN Jr., RUDRAN R., VALLADARES-PADUA, C. Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Editora UFRP, Curiti- ba. 2ª Ed. 2009. 181p. FONSECA, G. A. B., HERRMANN, G., LEITE, Y. L. R. et al. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Occas. Pap. Cons. Biol. V. 4, p.1-38, 1996. FONTANA, C.S., BENCKE, G.A. & REIS, R.E. Livro vermelho da fauna amea- çada de extinção no Rio Grande do Sul. EDIPUCRS, Porto Alegre. 2003. 632p. FREITAS, M.A. & SILVA, T.F.S. Guia Ilustrado - Mamíferos na Bahia: Espé- cies Continentais. Pelotas, RS: Editora-USEB, 2005. 132p. MAMEDE, S.B.; ALHO, C.J.R. Impressões do Cerrado & Pantanal: subsídios para a observação de mamíferos silvestres não voadores. 2º ed. Campo Grande, MS: Editora UFSMS, 2008. 208p. MASSOIA, E.; FORASIEPI,A & TETA, P. Los Marsupiales de La Argentina. Buenos Aires: Editorial L.O.L.A. 2000, 72p. PAGLIA, A.P.; FONSECA, G.A.B., RYLANDS, A. B., HERRMANN, G.; AGUIAR, L. M. S.; CHIARELLO, A. G.; LEITE, Y. L. R.; COSTA, L. P., SICILIANO, S.; KIE- RULFF, M. C. M.; MENDES, S. L.; TAVARES, V. da C.; MITTERMEIER, R. A. & PATTON J. L. Lista Anotada dos Mamíferos do Brasil / Annotated Chec- klist of Brazilian Mammals. 2ª Edição / 2nd Edition. Occasional Papers in Conservation Biology, No. 6. Conservation International, Arlington, VA. 2102. 76pp. PORTO, M.L. Os Campos Sulinos: sustentabilidade e manejo. Ciência & Ambiente, v.24, n.4, p. 119-138, 2002. REIS, N. R., PERACCHI, A. L., PEDRO, W. A. & LIMA, I. P. Mamíferos do Bra- sil. SEMA, Londrina. 2006. 437p. OLIVEIRA, T.G.; CASSARO, K. Guia de felinos do Brasil. São Paulo: Instituto Pró-Carnívoros, Sociedade de Zoológicos do Brasil, Fundação Parque Zoo- lógico de São Paulo, 2006, 80p. SAUNDERS, D. A.; HOBBS, R. J. & MARGULES, C. R. Biological consequenc- es of ecossystem fragmentation: a review. Conservation Biology. v. 7,p. 18-32, 1991.
  • 59. SANTOS, T. G. D.; SPIES, M. R.;KOPP, K.; TREVISAN, R.;CECHIN, S. Z. Mamí- feros do campus da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Biota Neotropica, v. 8, n. 1, p.125-131, 2008. SHAFER, L. Nature Reserves – Island theory and conservation practice. Smithsonian Institution Press. 1990. 189p. SILVA, F. Mamíferos Silvestres do Rio Grande do Sul. 2ª ed. Fundação Zoo-Botânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil. 1994, 255p. WILCOX, B. A. & MURPHY, D. D. Conservation strategy: the effects of fragmentation on extinction. American Naturalist. v. 125, p. 879-887, 1985. WILSON, D.E. & REEDER, D.M. Mammal Species of the World. Johns Hop- kins University Press, Washington.2005. 2142p.
  • 60. Levantamento preliminar da diversidade de peixes dos Arroios Ribeiro e Capivaras, em Barra do Ribeiro, RS Débora Tatiane Borges Motta 12 Luciano Moura de Mello 13 Os Arroios Capivaras e Ribeiro, que cortam o município de Barra do Ribeiro, são importantes recursos hídricos que se adicionam ao com- plexo do Guaíba. O desconhecimento sobre a diversidade de peixes nestes dois arroios da região constitui um importante aspecto negativo para o estabelecimento de medidas de conservação daqueles ambientes naturais. Os peixes regulam e ao mesmo tempo abastecem as delicadas ca- deias alimentares em ambientes aquáticos, com muitas espécies atuando como bons indicadores de qualidade ambiental destes recursos além de operar como importante fonte de renda e subsistência de famílias que habitam as regiões marginais. Um dos grandes desafios da ictiologia é a caracterização da diver- sidade, as dinâmicas populacionais e a identificação dos grupos funcionais nos ambientes estudados, sendo que várias espécies, em especial as de porte pequeno, são praticamente desconhecidas, tanto no ponto de vista taxonômico, quanto de suas características ecológicas e biológicas. Este trabalho tem o objetivo de dar o primeiro passo no conhecimento ictioló- gico que pode permitir melhor entendimento do ecossistema, manejo e exploração sustentada do meio ambiente. 12 Bióloga, URCAMP, Campus Bagé. Email: [email protected] 13 Biólogo, MSc, Doutorando (FAEM/UFPEL). Email: [email protected] Capítulo 5
  • 61. Muitas espécies utilizam os pequenos cursos de água para procriar e realizar inteiramente seu ciclo de vida, outras espécies ainda mantêm ciclos mistos em diferentes ambientes, o que pode tornar ainda mais complexo o entendimento de suas relações com os ambientes. O tema é especialmente importante tendo em vista a existência de comunidades de pescadores no município, que dependem da pesca para a subsistência de suas famílias, assim, a equipe de trabalho aborda o assunto sob o aspecto ecológico mas com o entendimento da relevância deste grupo de animais para as comunidades locais. METODOLOGIA O trabalho com a ictiofauna local está dividido em três módulos: o primeiro voltado para os inventários de diversidade em pontos seleciona- dos para a amostragem no Arroio Ribeiro e Capivaras. O segundo módulo será voltado à dinâmica de populações, dietas alimentares, relações eco- lógicas e a identificação de grupos funcionais nestes mesmos pontos de amostragem. O terceiro módulo deve estender todos os objetivos anterio- res aos arroios Araçá e Petim (Quadro 1). Figura 1. Detalhe de cauda e cabeça de Oligosarcus robustus (Menezes, 1969), Tambi- ca, capturado em Dez 11 (FOTO: Luciano Moura de Mello). Para a coleta de dados foi utilizado um bote inflável a motor de 3.3 Hp. Foram realizadas coletas qualitativas com o auxílio de redes de
  • 62. espera, puçás e informações obtidas dos resultados de pesca de morado- res locais, que usaram caniços, redes e linhas de pesca. A pesquisa de campo será apoiada pela pesquisa social realizada por equipe específica na segunda fase do trabalho, que tem o objetivo de coletar dados sobre a frequência de pesca, espécies coletadas e tipo de manejo de pesca realizada pela população ribeirinha. Para as coletas de dados foram empregadas redes de malha de 1,5; 3; 4; 5 e 6cm (distância entre nós opostos). As redes utilizadas possuí- am comprimentos de 5m (malhas 1,5 cm), 10m (3 e 4 cm) e 30m (5 e 6 cm) com alturas variando de 1,5 a 1,8m. Quadro 1. Quadro de distribuição dos pontos de amostragens14 , período dos trabalhos e número de expedições realizadas. Arroio Capivaras Arroio Ribeiro PA Período EX PA Período EX IN FIM IN FIM Módulo I P1 P2 P3 Jul 11 Jan 12 6 P4 P5 P6 Jul 11 Jan 12 6 Módulo II P1 P2 P3 Jun 12 Jun 13 12 P4 P5 P6 Jun 12 Jun 13 12 Módulo III - - - - - - - - Arroio Araçá Arroio Petim PA Período EX PA Período EX IN FIM IN FIM Módulo I - - - - - - - - Módulo II - - - - - - - - Módulo III P7 P8 P9 Mar 13 Mar 14 12 P10 P11 P12 Mar 13 Mar 14 12 Legenda: PA (pontos de amostragem), IN (Início), Fim (FIM), EX (número de expe- dições realizadas). 14 As coordenadas geográficas dos pontos de amostragem são apresentadas em mapa específico (Figura 04).
  • 63. Em cada coleta, as redes de tamanho de malha diferentes, foram “armadas” com um período de espera de aproximadamente 4 horas. Complementando as amostragens com os puçás, um confeccionado com tela fina de 2 mm e o outro com rede de 10mm para a amostragem de animais de superfície e de regiões de baixa profundidade. Os exemplares foram coletados, identificados a campo, fotografa- dos, medidos e devolvidos aos ambientes originais, exceto amostras de exemplares que foram preservados em formalina a 10% e depois de iden- tificados para depósito, sendo preservados em álcool a 70%. Os exemplares em depósito encontram-se no Laboratório de Bio- logia da Universidade da Região da Campanha, Campus de Bagé, RS. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram coletadas e identificadas 24 espécies pertencentes a 13 Famílias em 5 Ordens. A análise preliminar da composição da ictiofauna mostrou ocor- rência das ordens Siluriformes (Auchenipteridae, Callichthyidae, Heptapte- ridae, Loricariidae e Pimelodidae), Characiformes (Anostomidae, Characi- dae, Curimatidae, Erythrinidae e Prochilodontidae), Perciformes (Cichli- dae), Atheriniformes (Atherinopsidae) e Gymnotiformes (Gymnotidae). A maior parte das espécies foi coletada com redes de espera, seguidas das coletas com puçás. Tabela 1. Lista preliminar da diversidade de peixes nos Arroios Capivaras e Ribeiro (Ambientes: AR, Arroio Ribeiro; AC: Arroio Capivaras) Família Espécie Nome Popular Ambiente Anostomidae Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1837) Piava AR, AC Schizodon jacuiensis (Bergmann, 1988) Voga AR, AC Atherinopsidae Odontesthes aff. perugiae (Evermann & Kendall, 1906) Peixe-rei AR (foz) Auchenipteridae Trachelyopterus lucenai (Bertoletti, Pezzi da Silva & Pereira, 1995) Porrudo AR Callichthyidae Corydoras paleatus (Jenyns, 1842) Cascudinho AR (foz)
  • 64. Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Tamboatá AR Characidae Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Lambari-do- rabo-vermelho AR, AC Astyanax jacuhiensis (Cope, 1894) Lambari-do- rabo-amarelo AR, AC Astyanax sp. Lambari AR Cichlidae Oligosarcus jenynsii (Günther, 1864) Tambica AR, AC Oligosarcus robustus (Menezes, 1969) Tambica AR, AC Crenicichla lepidota (Heckel, 1840) Joaninha AR, AC Crenicichla punctata (Hensel, 1870) Joaninha AR, AC Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) Cará AR, AC Curimatidae Cyphocharax voga (Hensel, 1870) Biru AR, AC Erythrinidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Traíra AR, AC Gymnotidae Gymnotus carapo (Linnaeys, 1758) Tuvira AC Heptapteridae Pimelodella australis (Eigenmann, 1917) Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard) Bagre Jundiá AR, AC AR, AC Loricariidae Hypostomus commersoni (Valenciennes, 1836) Cascudo AR, AC Loricariichthys anus (Valenciennes, 1836) Cascudo-viola AC Pimelodidae Parapilelodus nigribarbis (Boulenger, 1889) Mandi AR, AC Pimelodus maculatus (Lacepède, 1803) Pintado AR, AC Prochilodontidae Prochilodus lineatus (Valen- ciennes, 1837) Grumatã AR, AC
  • 65. Figura 02 (conjunto). Espécies identificadas na região. 01 e 02. Odontesthes aff. perugiae (Peixe-rei); 03. Astyanax fasciatus (Lambari-do-rabo-vermelho); 04 e 05. Loricariichthys anus (Viola), vista dorsal, detalhe da região inferior e detalhe da cabeça, respectivamente (figura 06 na próxima página). 02 0201 03 04 05
  • 66. Figura 02 (conjunto, continuação). 06. Loricariichthys anus (Viola), 07. Rhamdia aff. quelen (Jundiá); 08. Gymnotus carapo (Tuvira); 09. Corydoras paleatus (Cascudinho), 10. Geopha- gus brasiliensis (Cará). 06 07 08 09 10
  • 67. Figura 03 (Conjunto). 11 e 12. Hypostomus commersoni (cascudo); 13. Pimelodus ma- culatus (Pintado), detalhe da cabeça. 14. Pimelodus maculatus (Pintado); 15. Hoplias malabaricus (Traíra) (FOTOS: Débora T. B.Motta, exceto nº 01, 02 e 08, de Luciano Moura de Mello). 11 12 2 13 15 2 14 2
  • 68. Figura 03 (Conjunto, continuação). 16. e 17 Trachelyopterus lucenai (Porrudo), vista dorsal e detalhe; 18. Oligosarcus robustus (Tambica); 19. Crenicichla lepidota (Joaninha) (FOTOS: Débora T. B.Motta). 16 17 2 18 19
  • 69. Foi ainda realizado o levantamento bibliográfico da dieta alimen- tar das espécies identificadas com o intuito de amparar os estudos futuros sobre a dinâmica das comunidades de peixes nos ambientes estudados (Gráfico 01). Gráfico 01: Distribuição percentual das espécies de peixes registradas na área de estudo, por guildas alimentares. A seleção dos pontos de amostragem considerou: a facilidade de acesso, a diversidade de ambientes (características de margens, profundi- dade, cobertura vegetal) e a possibilidade de uso dos materiais de coleta disponíveis. Estes pontos estão apresentados na Figura 04. e contém as coor- denadas geográficas obtidas por equipamento de GPS. Não estão apresen- tados os pontos no mapa em que foram coletadas as informações que tiveram como fonte de dados os pescadores. Estes foram contactados diretamente durante atividade de pesca nos arroios, nesta fase do estudo.
  • 70. Quadro de dados sintéticos sobre dimensões (médias) e dieta alimentar das espécies de peixes identificadas: Leporinus obtusidens Piava Alimentação: onívoro (insetos, restos de peixes e vegetais). Tamanho: 76 cm Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004. Schizodon jacuiensis Voga Alimentação: iliófagos15 . São de grande importância na cadeia alimentar por serem indivíduos que vivem em geral, no fundo, auxiliando na recicla- gem de nutrientes e servindo de alimento para peixes carnívoros. Tamanho: 25 cm Referência: OYAKAWA, 1998. Odontesthes aff. perugiae Peixe-rei Alimentação: onívoro, com preferência por organismos planctônicos. Tamanho: 36 cm Referência: BOSCHI & FUSTER DE PLAZA, 1959. Trachelyopterus lucenai Porrudo Alimentação: onívoras, alimentando-se preferencialmente de insetos, crustáceos e pequenos peixes. Tamanho: 16,5 cm Referência: BECKER, 2007; MORESCO & BEMVENUTI, 2005. Corydoras paleatus Cascudinho Alimentação: onívoros. Tamanho: 5,9 cm Referência: REIS, 2003 Hoplosternum littorale Tamboatá Alimentação: bentófaga Tamanho: 24 cm Referência: MEUNIER et al., 2002 15 Iliófagos são animais que alimentam de materiais orgânicos encontrados no lodo dos corpos d’água, rios, lagos, barragens, etc.
  • 71. Rhamdia quelen Jundiá Alimentação: onívoro (GOMES et al., 2000) Tamanho: 47,4 cm Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004. Astyanax fasciatus Lambari-do-rabo-vermelho Alimentação: insetos e plantas (LIMA et al., 1995). Tamanho: 16,8 cm Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004. Astyanax jacuhiensis Lambari-do-rabo-amarelo Alimentação: Alimenta-se de insetos e plantas Tamanho: 13,8 cm Referência: LIMA et al., 1995. Astyanax sp. Lambari Alimentação: Alimenta-se de insetos e plantas Tamanho: 16 cm Referência: LIMA et al., 1995. Oligosarcus jenynsii Tambica Alimentação: carnívora, preferindo peixes pequenos, crustáceos e larvas de insetos. Tamanho: 22,8 cm Referência: MENEZES 1969; KOCK et al., 2000. Oligosarcus robustus Tambica Alimentação: Provavelmente onívoros, alimentando preferencialmente de peixes (BRISTKI, 1970). Tamanho: 15 cm Referência: MENEZES 1969; KOCK et al., 2000. Crenicichla lepidota Joaninha Alimentação: insetos, poliquetas e peixes. Tamanho: 20 cm Referência: SANTOS 1987; KOCK et al., 2000.
  • 72. Crenicichla punctata Joaninha Alimentação: alimenta-se de peixes, insetos, crustáceos, girinos ou peque- nas rãs ou sapos. Tamanho: 23,3 cm Referência: KULLANDER, 2003. Cyphocharax voga Biru Alimentação: iliófagos ¹4 Tamanho: 19,6 cm Referência: VARI, 1992 Hypostomus commersoni Cascudo Alimentação: iliófagos Tamanho: 60,5 cm Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004. Hoplias malabaricus Traíra Alimentação: Na fase larval é planctófaga (PAIVA, 1974). Os indivíduos jovens são insetívoros enquanto que os adultos são ictiófagos (MORAES & BARBOLA, 1995). Apresentam grande resistência a períodos de jejum (PAIVA, 1974) Tamanho: 26 cm. Referência: BARBIERI, 1989 Geophagus brasiliensis Cará Alimentação: bentófagos e iliófagos (MAGALHÃES, 1931), gastrópodos (COSTA & MAZZONI, 1997), microcrustáceos, larvas de insetos, algas e detritos vegetais (HAHN et al., 1997). Tamanho: 24,5 cm Referência: BARBIERI, 1974 Prochilodus lineatus Grumatã Alimentação: iliófagos Tamanho: 80 cm Referência: ZANIBONI FILHO et al., 2004.
  • 73. Gymnotus carapo Tuvira Alimentação: carnívoros, principalmente insetos e crustáceos Tamanho: 42 cm Referência: PEREIRA & RESENDE, 2006 Pimelodella australis Bagre Alimentação: iliófagos. Tamanho: 10,6 cm Referência: BOCKMANN & GUAZZELLI, 2003 Loricariichthys anus Viola Alimentação: pequenos peixes, moluscos, crustáceos e insetos Tamanho: 46 cm Referência: FERRARIS, 2003. Parapilelodus nigribarbis Mandi Alimentação: onívoro Tamanho: 18,6 cm Referência: LUCENA et al., 1992 Pimelodus maculatus Pintado Alimentação: onívoro (BASILE-MARTINS,1986). Tamanho: 36 cm Referência: FENERICH et al., 1975 Figura 05 (conjunto): Imagens do trabalho. (a) Equipe percorrendo as áreas de estudo no Arroio Capivaras. (b) Geophagus capturado parcialmente predado na rede de coleta, possi- velmente por Lontras. a b
  • 74. Figura 04: Mapa de localização georreferenciada dos pontos de coletas de dados. FONTE DE IMAGEM: Google Earth®, acesso em 05 de maio de 2012. Agradecimentos dos autores À Vinícius Brasil do Amaral, Marjorie Knippling do Amaral e ao Sr Cláudio Wilfing, pelas carinhosas recepções, pela motivação, pelo suporte, material e logística para que este trabalho pudesse ser concluído. À Pâmela Mugica, Leonardo Pompéu de Moraes e Ricardo Lemos, pelo apoio durante as atividades de campo, muito obrigado. Figura 06 (conjunto): Imagens do trabalho. (a) e (b) Área de pesca amadora em trapiche, na foz do arroio Ribeiro (FOTOS: Débora T. B. Motta) a b a
  • 75. Bibliografia ARAÚJO-LIMA, C.A.R.M., AGOSTINHO, A.A. & FABRÉ, N.N. Trophic aspects of fish communities in Brazilian rivers and reservoirs. In Limnology in Brazil (J.G. Tundisi, C.E.M. Bicudo & T. Matsumura-Tundisi, eds.). ABC/SBL, RJ, p.105-136. 1995. BARBIERI, G., PERET, A.C. & VERANI, J.R. Notas sobre a alimentação do trato digestivo ao regime alimentar em espécies de peixes da região de São Carlos (SP) I. Quociente Intestinal. Rev. Brasil. Biol. 54:63-69. 1994. BECKER, F. G. Feeding habits of Trachelyopterus lucenai (Pisces, Auchenip- teridae) in Lake Guaiba, RS, Brazil. Biociências, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 89-98. 1998. BOCKMANN, F.A.; G.M. GUAZZELLI. Heptapteridae (Heptapterids). p. 406- 431. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil. 2003. BOSCHI, E. E. & FUSTER DE PLAZA, M. L. Estudio biológico pesquero del pejerrey del embalse del Rio III (Basilichthys bonariensis), con una con- tribuición al conocimento limnologico del ambiente. Buenos Aires, De- partamento de Investigaciones Pesqueras, Secretaria de Agricultura y Ga- naderia. p.3-16. (Publicacion nº 8). 1959. BRITSKI, H.A.; SILIMON, K.Z.S.; LOPES, B. S. Peixes do Pantanal: manual de Identificação. Brasília: EMBRAPA. 184p. 1999. FENERICH, N.A.; NARAHARA, M.Y.; GODINHO, H. M. Curva de crescimento e primeira maturação sexual do mandi, Pimelodus maculatus Lac. 1803 (Pisces, Siluroidei). Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, 4: 1-28. 1975. FERRARIS, C.J. JR. Loricariidae - Loricariinae (Armored catfishes). p. 330- 350. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre, EDIPUCRS, Brasil. 2003.
  • 76. KOCK, W. R; MILANI, P.C; GROSSER, K. M. Guia Ilustrado; Peixes Parque Delta do Jacuí. Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 91 p. 2000. KULLANDER, S.O. Cichlidae (Cichlids). In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil. p. 605-654. 2003. LANG, J. J. R. Atlas ilustrado de los peces de agua dulce del Uruguay. PROBIDES, Uruguay, Mastergraf srl. 324p. 2001. LUCENA, C.A.S.; L.R. MALABARBA; R.E. REIS. Resurrection of the neotropi- cal pimelodid catfish Parapimelodus nigribarbis (Boulenger), with a phy- logenetic diagnosis of the genus Parapimelodus (Teleoastei: Siluriformes). Copeia, 1992. MAZZONI, R.; TOSTA, G. C.; PETITO, J.; MIRANDA, J.C. & SCHUBART, S.A. A ictiofauna de água doce da Ilha Grande – RJ. Resumos XIV Enc. Bras. de Ictiologia. Unisinos/SBI, São Leopoldo. 2001. MENEZES, N. A. Systematics and evolution of the tribe Acestrorhynchini (Pisces, Characidae). Arq. Zool. São Paulo, 18 (1-2): 150 p. 1969. MEUNIER, F.J.; N. JOURNIAC; S. LAVOUÉ; N. RABET. Histological charac- tersitics of the skeletal growth marks of the Atipa, Hoplosternum litto- rale (Hancock, 1828) (Teleostei, Siluriformes), in the swamp of Kaw (French Guiana). Bull. Fr. Piscic. 364:71-86. 2002. MORESCO, A., BEMVENUTI, M. A. Morphologic features and feeding anal- ysis of the black catfish Trachelyopterus lucenai Bertoletti, Pezzi da Silva & Pereira (Siluriformes, Auchenipteridae). Acta Limnologica Brasiliensia, São Carlos, v. 17, n. 1, p. 37-44, 2005. OYAKAWA, O.T. Catálogo dos tipos de peixes recentes do Museu de Zoo- logia da USP. I. Characiformes (Teleostei: Ostariophysi). Pap. Avuls. Zool. 39(23):443-507. 1998. PAIVA, M. P. Crescimento, alimentação à salinidade e reprodução da traíra, Hoplias malabaricus (Bloch) no Nordeste brasileiro. Tese de Dou- torado, Universidade Federal do Ceará, Brasil, 32pp. 1974. PEREIRA, R. A. C.; RESENDE, E.K. de. Alimentação de Gymnotus carapo (Pisces: Gymnotidae) e suas relações com a fauna associada às macrófi-
  • 77. tas aquáticas no baixo rio Negro, Mato Grosso do Sul, Brasil. Submetido para Boletim de Pesquisa, Embrapa Pantanal. 2006. REIS, R.E. Callichthyidae (Armored catfishes). In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil. p. 291-309. 2003. SANTOS, E. Peixes de água doce. Coleção Zoológica Brasílica, vol. 2, Edito- ra Itatiaia Ltda, Belo Horizonte, 267p. 1987. VARI, R.P. Systematics of the neotropical characiform ge- nus Cyphocharax Fowler (Pisces, Ostariophysi). Smithson. Contrib. Zool. 529:137 p. 1992. ZANIBONI FILHO, E.; S. MEURER, O.A. SHIBATTA; A.P. DE OLIVERIRA NU- ÑER. Catálogo ilustrado de peixes do alto Rio Uruguai. Florianópolis: Edi- tora da UFSC. 2004.
  • 78. Florística e ecologia de Orchidaceae e exemplares de Bromeliaceae em Barra do Ribeiro Clodoaldo Leites Pinheiro 16 A importância ecológica do epifitismo nas comunidades florestais consiste na manuten- ção da diversidade biológica e no equilíbrio dinâmico interati- vo nos distintos ecossistemas (WAECHTER, 1996). Orchidace- ae possui origem filogenética17 recente, de grande diversidade na região neotropical, que as tornam relevantes no que tange a estudos ecológicos (CARDIM et al., 2001). Em função das características fisiológicas as epífitas podem ser utilizadas em estudos de processos eco- lógicos que indiquem padrões de interferência antrópica ou distúrbios de ordem natural no ambiente (VAN DEN BERG, 1996). A despeito do relevante papel ecológico das orquídeas, o número de indivíduos de cada população nos remanescentes da Mata Atlântica tem declinado nos últimos anos, especialmente em função da devastação das áreas preservadas e sua conversão em áreas de cultivo agrícola e da coleta desenfreada das plantas para fins ornamentais e comerciais (WAR- REM, 1996; FARIA e RIBEIRO, 2000). Neste contexto, o conhecimento da diversidade taxonômica e ecológica contribui para o direcionamento de estratégias de conservação e uso racional de recursos naturais. Para o estudo de florística e ecologia de Orchidaceae foram utili- zados duas metodologias. A primeira destinou-se a caracterização a diver- sidade horizontal de comunidades de orquídeas e a segunda a diversidade 16 Tecn. Fruticultura (UERGS). MSc. Doutorando (Botânica/UFRGS). Email: [email protected] 17 Abordagem da ciência que classifica espécies de acordo com sua história evolutiva. Capítulo 6
  • 79. vertical. Os objetivos básicos destas metodologias são uma rápida análise de diversidade taxonômica e funcional. Assim, foi possível formular algu- mas hipóteses a respeito da interferência do ambiente sobre a distribui- ção e presença de espécies de orquídeas em um fragmento de mata se- cundária. Para a coleta de dados de densidade populacional e freqüência de Orchidaceae foi adotado a metodologia de quadrantes contíguos (diversi- dade horizontal). Foi utilizado um transecto18 em uma área de 3,2 hectares dividida em 32 blocos de 10m x 100m. A contagem de orquídeas foi feita considerando o campo de visão do pesquisador, contabilizando as orquí- deas de cada bloco durante o transecto. A partir do levantamento florístico foram calculados: (1) valores para densidade absoluta (DA) pela relação entre número total de um determi- nado indivíduo e a área de estudo (3,2 ha); (2) densidade relativa (DR) considerando o percentual da relação entre DA e o somatório das DA de todas as outras espécies de orquídeas; e (3) freqüência, calculada a partir do percentual da relação de quadrantes em que a espécie se faz presente pelo somatório de quadrantes (ANJOS-SILVA, 2000). A diversidade vertical (Figura 01) foi avaliada através da obtenção de dados de dominância relativa, frequência absoluta sob forófitos e im- portância epifítica de plantas da família Orchidaceae em diferentes zonas ecológicas do forófito19 (KERSTEN, 2006). Legenda: VIE = valor de importância epifítico DoR = dominância relativa FfR = freqüência relativa sobre os forófitos DoA = dominância absoluta (soma das notas de cada espécie) FfA = frequencia absoluta sobre os forófitos (=percentual de ocupação) nfe = número de forófitos que abrigam a espécie epifítica ntf = número total de forófitos 18 Método de contagem de organismos de uma determinada faixa de terreno. 19 Forófito: árvore que serve de suporte para epífitos.
  • 80. Figura 01: Fórmulas para cálculos da diversidade vertical. O desenho representa o modelo utilizado para divisão de zonas ecológicas do forófito. Dentro da área de estudo, 50 árvores foram selecionadas aleatori- amente e foram divididas em zonas ecológicas (Figura 01): (A) fuste baixo (do solo até a altura de 1,3m), (B) fuste alto (galhos internos acima da altura do fuste baixo) e (C) copa (ramos externos expostos a maior insola- ção). Esta divisão é indicada quando os forófitos19 são árvores de até 4m de altura (BRAUN-BLANQUET, 1979). A abundância foi quantificada a partir da média entre o critério que considera a dominância e biomassa da espécie epifítica, sendo adota- da pontuação para dominância absoluta: 1 para indivíduos isolados, 2 para pequenos grupos, 3 para grandes grupos, 4 para grandes massas e 5 para população contínua; e pontuação para biomassa: 1 para indivíduos peque- nos, 2 indivíduos médios e 3 indivíduos grandes (KERSTEN, 2006). O valor de importância epifítica (VIE) foi obtido a partir da média aritmética dos valores relativos de cada espécie para pontuar a represen- tatividade deste na comunidade epifítica a qual faz parte (MATTEUCCI e COLMA, 1982). A área de estudo, nesta fase, compreende a fisionomia de mata às margens do Guaíba junto à foz do Arroio Ribeiro.
  • 81. Figura 02: Acianthera glumacea (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase. (FOTO: Luci- ano M. de Mello) Os forófitos observados são, em sua maioria, árvores de até 4 me- tros, formando um dossel vegetativo com falhas representadas por clarei- ras, o que aumenta a diversidade de microclimas e condições de luminosi- dade. Esta condição pode ser responsável pela alternância em distribuição e ecologia de espécies vegetais não somente de epífitos20 vasculares, mas também de outros vegetais, os quais constituem a riqueza de flora neste local de estudo. A Tabela 01. mostra resultados do levantamento florístico para a área de estudo, apresentando valores de densidade de epífitos por hecta- re, dominância relativa e freqüência das orquídeas observada de acordo com a metodologia de quadrantes contíguos. O vetor de observação para a área de estudo foi: 3, 9, 46, 3, 18, 3, 1, 4, 0, 1, 5, 7, 15, 0, 0, 0, 0, 7, 5, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 7, 0, 0, 0, 3, 1, 3. Foram catalogados 4 espécies (1 ainda não identificada) de orquídeas totalizando 141 indivíduos nos 3,2 ha. A ausência de dados nos quadrantes se deve à inexistência de fo- rófitos com orquídeas ou grandes clareiras. 20 Vegetal que vive fixado sobre outro, mas não é parasito.
  • 82. Tabela 01: Diversidade horizontal, número de espécimes observados, e densidade de Orchidaceae em fragmento florestal de Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul, Brasil. Legenda: n= número total de indivíduos da área; DA= densidade absoluta; DR=densidade relativa; Fr= frequência Lophiaris pumila (Lindl.) Braem é a orquídea mais abundante na área, apresentando uma distribuição de 38,12 indivíduos por hectare, cerca de 86,52% da população relativa e com uma probabilidade de ocor- rência superior a 43,75% em relação aos epífitos (orquídeas) observados nesta área. Valores de abundância são associados à presença de determi- nada espécie em uma unidade de área, geralmente hectare. Valores de frequência representam uma medida para regularidade da distribuição e podem ser ligados ao padrão de dispersão de uma determinada espécie em um espaço. As espécies do gênero Cattleya são plantas de reconhecida impor- tância e potencial econômico, sendo intensamente cultivadas em orquidá- rios e, coletadas de habitats. A distribuição de Cattleya tigrina A. Rich. e Cattleya21 intermedia Grah. está restrita aos quadrantes do interior do fragmento e em uma das bordas próximo a um rio, res-pectivamente. A distribuição destas duas espécies parece estar mais associada a coletas do que ao efeito de borda. Estas duas espécies de Cattleya estão sob risco de extinção. Plantas de L. pumila (Figura 03) estão distribuídas ao longo dos quadrantes estudados. As flores muito discretas parecem não atrair tanto a atenção de coletores de plantas ornamentais. 21 Tanto C. tigrina quanto C. intermedia estão classificadas como “vulneráveis” segundo o Decreto nº 42.099, de 31 de dezembro de 2002 (lista de espécies da flora nativa ameaça- das de extinção do Estado do Rio Grande do Sul. Táxon N número de quadrantes presentes DA DR Fr% Lophiaris pumila 122 14 38,125 86,52482 43,75 Cattleya tigrina 10 3 3,125 7,092199 9,375 Cattleya intermedia 6 3 1,875 4,255319 9,375 Campylocentrum aromaticum 2 1 0,625 1,41844 3,125 Sp. não identificada 1 1 0,3125 0,70922 3,125 Total 141 Legenda: n= número de indivíduos total da área; DA= densidade absoluta; DR= densidade relativa; Fr= frequência.
  • 83. Figura 03: Lophiaris pumila (Lindl.) Braem, planta isolada (a) e com flores (b), sobre tronco de Tarumã (Vitex megapotamica) (FOTOS: Luciano M. de Mello). Considerando a distribuição vertical, a flora de Orchidaceae estu- dada está fortemente relacionada ao fuste alto e a copa (Figura 04), prin- cipalmente plantas do gênero Cattleya. Este ambiente pode representar um local com condições de cres- cimento e desenvolvimento mais adequadas (Gonçalves & Waetcher, 2002), e também de mais difícil acesso aos coletores. Uma observação interessante foi em função da dominância relati- va, que descreve a cobertura do forófito pela biomassa das epífitas (Figura 05). Desta forma a grande quantidade de micro-orquídea L. pumila confere maior representatividade na zona ecológica fuste alto. Na zona ecológica da copa a biomassa observada foi associada à presença de plan- tas do gênero Cattleya (Figura 06). As clareiras foram formadas pelo tombamento natural de árvores com ou sem os epífitos. Existem sinais evidentes de coleta de espécies do gênero Cattleya. a b
  • 84. Figura 04: Gráfico da frequência percentual de ocupação sobre os fo- rófitos nas distintas zonas ecológicas. Diante do estudo realizado propõem-se desenvolver estratégias para conservação da flora de Orchidaceae a partir de práticas de reintro- dução e educação ambiental. Figura 05: Gráfico da dominância relativa sob os forófitos. Percentual de ocupação do forófito 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 A B C Zona ecológica do forófito FfA(%) Lophiaris pumila Cattleya tigrina Campylocentrum aromaticum Sp. não identificada Cattleya intermedia dominância relativa sob os forófitos 0 10 20 30 40 50 60 70 80 A B C Zona ecológica do forófito DoR Lophiaris pumila Cattleya tigrina Campylocentrum aromaticum Sp. Cattleya intermedia
  • 85. As espécies podem ser fixadas em outros forófitos de acordo com a diversidade vertical estudada, escolhendo assim o local mais adequado ao crescimento e desenvolvimento do epífito. A área em estudo está asso- ciada à interferência antrópica. Assim, é aconselhável divulgar para a po- pulação do município de Barra do Ribeiro a importância de Orchidaceae para a manutenção do equilíbrio dinâmico da biodiversidade (WAECHTER, 1980). Na área de estudo foram observadas bromélias e um arbusto em forma epifítica (Ephedra tweediana). Estes elementos vegetais somam em diversidade e complexidade de interações ecológicas, proporcionando ao ambiente maior estabilidade a interferências de ordem natural ou antró- pica. Figura 06: Cattleya intermedia Grah, com frutos (FOTOS: Luciano M. de Mello) BROMELIACEAE Bromeliaceae é uma família botânica cuja espécies apresentam como sinapomorfia22 folhas dotadas de tricomas foliares peltados especia- 22 Conjunto de caracteres que define um grupo na classificação filogenética. a b
  • 86. lizados em absorção de água e nutrientes, antera conduplicada, 6 estames e número de cromossomos X=25. O clado Bromeliaceae permanece parafi- lético e polifilético23 em APG III (APG, 2009). Aechemea recurvata é uma pequena bromélia de folhas verdes rosetadas e recurvadas no ápice. As inflorescências em tons róseos são acompanha- das de folhas vermelhas. A cor vermelha nas flores de bromélias está as- sociada à polinização por beija-flores (CANELA & SAZIMA, 2003, 2005). Esta espécie pode ser encontrada na forma epífita, terrícola ou em aflo- ramentos rochosos. Figura 07: Sub-população de Aechmea recurvata (Klotzsch) L.B. em área aberta e so- lo arenoso da orla da formação florestal secundária no Guaíba (FOTOS: Luciano M. de Mello). 23 Parafilético constitui grupo que possui um ancestral comum e Polifilético é um grupo resultante de convergência evolutiva: derivam de grupos diferentes.
  • 87. Figura 08: Aechmea recurvata (Klotzsch) L.B.Sm detalhe das flores (FOTOS: Luciano M. de Mello). Bromelia antiacantha, conhecida como Bananinha-do-mato apresenta folhas verdes rosetadas e cobertas por espinhos (Figuras 08 e 09). Figura 08: Bromelia antiacantha Ber- tol., detalhe das flores (FOTO: Luciano M. de Mello). Figura 09: Bromelia antiacantha Ber- tol., detalhe dos frutos (FOTO: Luciano M. de Mello).
  • 88. É uma planta terrícola e estolonífera, o que confere grandes maci- ços em habitats. Durante o florescimento as brácteas tornam-se verme- lhas, formando um vistoso contraste com as inflorescências lilases. Figura 10: Bromelia antiacantha Bertol., frutos madu- ros (FOTO: Clodoaldo L. Pinheiro). A frutificação de cores alaranjadas confere um aspecto ornamen- tal a este tipo de bromélia (Figura 10). Bromélias do gênero Tillandsia são pequenas epífitas com folhas ro- setadas que não acumulam água. Os tricomas peltados, característica marcante em bromélias, otimizam a absorção de água e nutrientes. Desta forma, é marcante a rusticidade destas plantas. A exposição à alta intensidade luminosa aumenta o aspecto acin- zentado das folhas e favorece as florações. É encontrada grande variação de tons nas flores e tamanho de inflorescência no gênero Tillandsia. As espécies T. aeranthos (Figura 11) e T. geminiflora (Figura 12) produzem grande quantidade de sementes e apresentam alta taxa de germinação, o que torna eficiente a dispersão e colonização de ambientes naturais.
  • 89. Figura 11: Tillandsia aeranthos (Loisel.) L.B.Sm. no centro-esquerda da figura (a). À di- reita (ainda na Figura a), com flores amarelas, a orquídea Lophiaris pumila. (b) Detalhe dos frutos maduros de Tillandsia aeranthos (FOTOS: Luciano M. de Mello). Figura 12: Tillandsia geminiflora Brogn. sobre uma Myrtaceae. É conside- rada uma planta “vulnerável” à extinção 24 (FOTO: Luciano M. de Mello). 24 Rio Grande do Sul. 2002. Decreto nº 42.099, de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção do Estado e dá outras providências. Diário Oficial [do] Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 62(1):1-6, 1. Jan. 2003. a b
  • 90. Tillandsia usneoides (Figura 13), conhecida popularmente por Bar- ba-de-pau, são plantas epífitas que absorvem água e nutrientes do ambi- ente sem apresentar raízes. Esta característica fisiológica e morfológica ligada à ausência de ra- ízes é de grande importância para estudos de monitoramento de qualida- de ambiental devido ao acúmulo de poluentes ambientais absorvidos por estas plantas (FIGUEIREDO et al., 2004). Figura 13: Tillandsia usneoides, epífita comum em floresta primária (FOTO: Clodoaldo L. Pinheiro). Ananas bracteatus apresenta forma vegetativa semelhante a B. antiacantha, entretanto a infrutescência se assemelha muito ao abacaxi de uso alimentar humano (Figura 14 e 15), sendo igualmente comestível. Ananas bracteatus apresenta infrutescência vermelha de grande potencial ornamental. Os jardins naturais formados a partir do hábito es- tolonífero de A. recurvata, B. antiacantha e A. bracteatus podem repre- sentar abrigo e fonte de alimento para a fauna local, especialmente anfí- bios e insetos.
  • 91. Figura 14: Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. & Schult. f. detalhes da planta em trilha na mata (FOTO: Luciano M. de Mello). Figura 15: Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. & Schult. f. (FOTO: Lu- ciano M. de Mello).
  • 92. EPHEDRACEAE Ephedra tweediana Fisch. & C.A. Mey. Arbusto trepador, muito ramificado (Figura 16) que cresce sobre pequenas árvores esparsas ou em bordas de mata, normalmente em campos areno- sos. Brácteas carnosas, vermelhas com sementes pretas. Classificada como “Em perigo” 17 , o que faz desta espécie um organismos muito especial para a conservação das áreas de estudo. Figura 16: Ramos (a); (b) flores (note as brácteas vermelhas), frutos e sementes de Ephe- dra tweediana Fisch. & C.A. Mey. É considerada uma planta “em perigo” de extinção³ (FOTOS: Luciano M. de Mello). Agradecimentos do autor Aos colegas de pesquisa e de vivência, pelos bons e agradáveis momentos de trabalho e de contemplação do ambiente natural. a b
  • 93. Bibliografia APG. 2009. Angiosperm Phylogeny Group. Disponível em: <http://www.mobot.org>. Acessado em 10.05.2012. ANJOS-SILVA, E. J. Levantamento de orquídeas epífitas de écotono de Cer- radão-Matas alagáveis (Rio Paraguai, Pantanal de Cáceres, Mato Grosso). III Simpósio sobre Recursos Naturais e Sócio-econômicos do Pantanal - Os desafios do Novo Milênio, Corumbá, 2000. BRAUN-BLANQUET, J. Fitossociologia: bases para el studio de las comuni- dades vegetales. Madrid: H. Blume Edic, 1979. CANELA, M. B. F., SAZIMA, M (2003). Aechmea pectinata: a hummingbird- dependent bromeliad with inconspicuous flowers from the rainforest in southeastern Brazil. Annals of Botany 92:731-737. CANELA, M. B. F., SAZIMA, M (2005). The pollination of Bromelia antiacan- tha (Bromeliaceae) in southeastern Brazil: ornithophilous versus melit- tophilous features. Plant Biology 7:1-6. CARDIM, D. C.; CARLINI-GARCIA. L. A.; MONDIN. M.; MARTINS. M.; VEASEY, E. A.; ANDO, A. Variabilidade intra-específica em cinco popula- ções de Oncidium varicosum Lindl. (Orchidaceae. Oncidiinae) em Minas Gerais. Revista brasileira de Botânica, v. 24, p. 553-560. 2001. FARIA L. A.; RIBEIRO, R. Pôster apresenta orquídeas na Mata Atlântica. Revista: O mundo das orquídeas, v. 13, p. 43-45. 2000. FIGUEIREDO, A. M. F., ALCALA, A. L., TICIANELLI, R. B., DOMINGOS, M. & SAIKI, M. 2004. The use of Tillandsia usneoides L. as bioindicator of air pollution in São Paulo, Brazil. Journal Radioanalytical & Nuclear Chemistry 259:59-63. GONÇALVES, C. N.; WAECHTER, J. L. Notas taxonômicas e nomenclaturais em espécies brasileiras de Acianthera (Orchidaceae). Hoehnea, 2004. p 113-117. KERSTEN, R.A. Epifitismo vascular na bacia do alto Iguaçu, rio Paraná. Tese (Doutorado), Setor de Ciências Agrárias Universidade Federal do Pa- raná. Curitiba, PR, 2006.
  • 94. Rio Grande do Sul. 2002. Decreto nº 42.099, de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção do Estado e dá outras providências. Diário Oficial [do] Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 62(1):1-6, 1. Jan.2003. VAN DEN BERG, C. Estudo dos padrões de variabilidade intra e interespe- cífica em espécies brasileiras de Cattleya Lindl. (Orchidaceae - Laeliinae). Dissertação (Mestrado em Ecologia), Universidade Estadual de Campinas, 1996. WAECHTER, J.L. Estudo fitossociológico das orquidáceas epifíticas da mata paludosa do Faxinal, Torres, Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1980. WAECHTER, J. L. Epiphytic orchids in eastern subtropical South America. In: 15th World Orchid Conference, 1998, Rio de Janeiro. Proceedings. Tur- riers: Naturalia. p. 332-341. 1996. WARREM, D. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica Brasileira. Tradução Cid Knipel Moreira; revisão técnica José Augusto Drumond – São Paulo: Compainha das Letras, 1996.
  • 95. Aspectos gerais da composição arbórea das florestas ciliares e os impactos ambientais nas áreas de preservação permanente de Barra do Ribeiro Pâmela Martins Mugica 25 Luciano Moura de Mello 26 Alexandra Alves Cantos 27 Inserida no Bioma Pam- pa, a área de estudo con- ta com a maior parte das formações florestais na- turais. O desenvolvimen- to de formações arbóreas em meio à vegetação campestre é típico de algumas espécies adap- tadas à exposição ao sol ou ao frio. Nestas condi- ções, e neste tipo de bioma particularmente, campo e mata dividem o mesmo espaço em diversos trechos, acumulando espécies arbóreas ao redor das áreas úmidas ou alagadas, bem como no curso dos rios, e for- mações campestre em áreas secas com fauna característica. A dispersão natural física ou biológica que ocorre também deve ser levada em conta uma vez que a fauna está intimamente relacionada à diversidade e qualidade da flora, contribuindo assim com a germinação de sementes de arbóreas para diversos lugares e compondo a paisagem do Bioma. A presença de mudas de espécies de médio e grande porte foi notória nas atividades de campo em dezembro de 2011. 25 Acadêmica, Ciências Biológicas, URCAMP, Bagé. Téc. em Meio Ambiente (UFRGS). Email: [email protected] 26 Biólogo, MSc., Doutorando, FAEM/UFPEL. Email: [email protected] 27 Bióloga, MSc., Doutoranda, FAEM/UFPEL. Email: [email protected] Capítulo 7
  • 96. Esta trabalho de pesquisa, em sua riqueza e abrangência, tem grande importância na caracterização destes ambientes, com fauna e flora extremamente relevantes para a manutenção dos ecossistemas ali estabe- lecidos mas escassamente conhecidos. Estes ambientes há muito são im- pactados pela ação do homem e pela avançada urbanização sobre áreas sensíveis, além do desenvolvimento de atividades agrícolas (em especial a orizicultura) sobre as áreas reservadas legalmente às matas nativas e as outras formas de APPs. Além da importância da divulgação deste trabalho científico para a comunidade em geral, a intervenção comunitária pretendida deverá pres- tar um serviço social aos moradores destas áreas, estrategicamente utili- zando ferramentas da educação ambiental como ponto de partida para o entendimento do ambiente natural e a convivência de forma sustentável entre homem e natureza. O levantamento fotográfico também possui grande importância na divulgação dos resultados aproximando do leitor uma realidade de paisa- gens, de fauna e flora locais. Todos os pontos de impactos de maior im- portância tem as indicações de solução apresentadas no Capítulo 9. METODOLOGIA Para o levantamento dos dados inicialmente foram utilizadas amostragens de áreas da orla do Guaíba, do arroio Ribeiro e do Arroio Capivaras, segundo as informações da Tabela e Figura 1. Tabela 1. Dados dos pontos de amostragem (ver Figura 01) P Ponto de amostragem Local Área amostrada 1 Orla do Guaíba Mata da orla I 900m² 30x30m 2 Orla do Guaíba Mata da orla II 900m² 30x30m 3 Margens do Arroio Capivaras Floresta de galeria (margem direita) 450m² 15x15m 4 Margens do Arroio Capivaras Floresta de galeria (margem esquerda) 450m² 15x15m 5 Margens do Arroio Ribeiro Floresta de galeria (margem direita) 450m² 15x15m 6 Margens do Arroio Ribeiro Floresta de galeria (margem esquerda) 450m² 15x15m Total estudado 3600m²
  • 97. Nestes pontos foi realizada a amostragem preliminar dos exem- plares de flora arbórea assim como identificados os principais tipos de impactos ambientais verificados nas áreas de preservação permanente, nestes e nas áreas marginais ao longo dos arroios amostrados nesta fase do trabalho. Para os levantamentos detalhados da diversidade será emprega- do, na segunda fase, o método dos quadrados nestas mesmas áreas estu- dadas, aplicado-se o levantamento integral das espécies arbóreas com DAP28 ≥ 10cm. Para a identificação das espécies nesta fase foram realiza- das coletas de partes de plantas para herborização, tendo as de mais fácil identificação sido registradas durante as atividades de campo. Foi utilizado barco a motor para possibilitar que as equipes percorressem pelo menos 2.000 metros em cada um dos curso de água (Arroio Ribeiro e Capivaras) a fim de avaliar a densidade das florestas de galeria e os pontos de maior impacto. A análise fitossociológica completa, bem como a estrutura das comunidades, densidade por espécie e outros dados serão inventariados na fase seguinte do trabalho. Para a análise desses dados será utilizada a comparação de médias entre as áreas estudadas a fim de identificar as diferenças entre os diversos ambientes, sendo considerados ainda: os índices de Diversidade de Simpson, de Shannon e de Similaridade de Jac- card. Para análise de comparações de médias será utilizado o Software SASM-AGRI, versão 8.0.29 Nesta etapa do trabalho foi realizado o levantamento georrefe- renciado das áreas impactadas, principalmente das áreas com ausência de mata ciliar, estabelecimento de lavoura ou pastagem avançando em dire- ção à margem dos arroios em desacordo com a legislação em vigor; des- crição das paisagens; identificação das espécies vegetais de maior repre- sentatividade e análise do estado de sucessão vegetal nas áreas de estudo. 28 Diâmetro à altura do peito. 29 CANTERI, M., ALTHAUS, R.,VIRGENS FILHO, J., GIGLIOTI, E. A., GODOY, C. V. SASM Agri: Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scoft - Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, V.1, N.2, p.18-24. 2001.
  • 98. Figura 01. Mapa de localização das áreas de estudo. FONTE DE IMAGEM: Google Earth®, acesso em 05 de maio de 2012. Os resultados são mostrados de maneira objetiva, valendo-se de ima- gens obtidas durante as atividades e de sua descrição, com observações que buscam identificar e associar os aspectos mostrados com os impactos que geram sobre os ecossistemas locais. RESULTADOS E DISCUSSÕES Generalidades sobre as paisagens naturais A área de estudo é bastante representativa do mosaico de ambi- entes dos quais é composta: florestas primárias de áreas secas, em geral arenosas, limitada pela ocupação humana, florestas com manchas de for- 2 4 3 5 6 1 Arroio Ribeiro Arroio Capivaras Orla do Guaíba
  • 99. mação secundárias, em notada recuperação, florestas ciliares típicas e áreas abertas com formação florestal esparsa. Exemplares típicos de áreas fechadas, em geral sobreadas, que são encontrados nestas áreas mais abertas mostra a preservação de alguns indivíduos durante desmatamen- tos antigos, provavelmente para a abertura de espaços para a criação de gado. Figura 02. O Maricá (Mimosa bimucronata), nas margens da foz do Ribeiro, com flores brancas e a Capororoca (Myrcine sp.), com frutos, em mata da orla do Guaíba: importan- tes espécies das florestas estudadas (FOTOS: Luciano M. Mello) Em geral, as paisagens naturais são bem compostas, em recupera- ção natural e com pequena representação de espécies exóticas com po- tencial de expansão que possa causar maior preocupação às populações silvestres. Nas margens dos arroios aparecem com grande representativida- de os Maricás (Mimosa bimucronata), os Ingás (Inga marginata), os Mata- olhos (Pouteria salicifolia), os Tarumãs (Vitex megapotamica) e exempla- res de Jerivá ou Palmeira-rio-grandense (Syagrus romanzoffiana). No inte- rior destas formações aparecem ainda com destaque, os Açoita-cavalo (Luehea divaricata), a Coronilha (Scutia buxifolia), a Pitangueira (Eugenia uniflora), as Figueiras-mata-pau30 (Ficus sp.), o Camboatá (Cupania verna- lis), o Chal-chal (Allophylus edulis), o Veludinho (Guettarda uruguensis), os Branquilhos (Sebastiania sp.), as Cactáceas Cereus sp. e Opuntia sp. (além da herbácea epífita Rhipsalis sp.), conhecida como Rabo-de-rato), a Pal- 30 Espécies protegidas no Estado pelo Código Florestal do RS.
  • 100. meira Butia capitata, em áreas mais abertas e secas e a Corticeira-do- banhado (Erythrina crista-galli)30 , entre outras espécies também impor- tantes que aparecem citadas durante as discussões desse capítulo. Das áreas de preservação permanente da orla do Guaíba Este ambiente apresenta bom estado geral de conservação, no en- tanto, as trilhas no interior da mata, o trânsito de pessoas e as ações de coletores pode constituir importante agressão à vegetação (especialmente a já ameaçada flora de Bromélias e Orquídeas). A movimentação de veículos e pessoas, conforme mostrado nas Figuras 03 e 04, além de prejuízos à flora, atinge as populações de ani- mais, ou que são mortos diretamente ao serem detectados (especialmen- te anfíbios e répteis) ou são afugentados pelo maior movimento de pesso- as em áreas naturais. Nestes ambientes observa-se, entretanto, franca recuperação dos bancos de mudas de espécies florestais, mostrando que a regeneração parece ter sido favorecida nos últimos anos com a redução desta prática, à exceção das áreas mais abertas, de uso para o banho (onde o acesso é permitido por vias em bom estado) e nas trilhas abertas em alguns pontos dessas formações. Figura 03. Circulação intensa de pessoas pelas trilhas nas quais foram instaladas armadi- lhas fotográficas, orla do Guaíba e Foz do Ribeiro, dezembro de 2011. Observou-se a movimentação de banhistas e pescadores em área de preservação permanente, sem qualquer restrição ou alerta (dezembro de 2011) (FOTOS: Luciano M. Mello). A orla do Guaíba, na área urbanizada possui áreas bastante visita- da por turistas, o que requer especial atenção para a conservação das formações naturais com o intuito de preservar e introduzir, tanto quanto
  • 101. possível, exemplares nativos ao invés de espécies exóticas, como o Euca- lipto. Das áreas de preservação permanente da foz do Arroio Ribeiro A atração de pescadores amadores a esta região, por não ter sido avaliado o seu impacto neste ambiente, assim como o trânsito de embar- cações de pesca e lazer, pode constituir aspecto importante nesta paisa- gem de tão importantes áreas a serem preservadas. Figura 04. Orla do Guaíba, próximo ao P1 (Figura 01). Observa-se as marcas de veículos que chegam com facilidade à área de preservação permanente, circulação que limita o estabelecimento da vegetação arbórea (FOTO: Luciano M. Mello). A vegetação de margens é composta principalmente pelos Saran- dis (Terminalia sp.), com sua importante função na fixação de margens, os Jerivás, as Corticeiras-do-banhado (Erythrina crista-galli), Maricás, Mata- olhos (Pouteria salicifolia) e os Ingás (Inga marginata) entre outras espé- cies, no entanto, a margem situada junto à zona urbanizada é a mais afe- tada pela introdução de espécies exóticas, principalmente os Eucaliptos.
  • 102. Figura 05. Vista de espécimes de Palmeiras (Syagrus e Butia, ao fundo) entre espécies arbóreas na área da orla do Guaíba, boa composição florestal apesar da frequência de pessoas na área (FOTO: Luciano M. Mello). Muitas espécies nesta área estão se regenerando naturalmente. A presença de dispersores naturais, como aves, mamíferos e os insetos (po- linizadores) tem favorecido o restabelecimento da mata nativa. Faz-se destaque ao depoimento de pescadores que apontam co- mo significativo impacto ambiental nesta área o assoreamento da foz do Arroio Ribeiro (Figura 06), que em algumas situações, os impede de sair para o Guaíba a fim de desempenhar sua atividade de pesca. Neste caso, medidas corretivas e integradas devem ser desenvolvidas com o intuito de garantir a atividade destas famílias com o manejo dos depósitos de sedi- mentos neste local, por onde, aliás, pescadores e banhistas têm fácil aces- so à margem oposta, mais preservada.
  • 103. Figura 06. Foz do Arroio Ribeiro, vista do trapiche mostrando pescadores e banhistas (FOTO: Luciano M. Mello). Das áreas de preservação permanente do Arroio Capivaras As margens do Capivaras apresentam, de forma geral, de muito bom a excelente estado de conservação, com poucos pontos isolados de impacto significativo. A composição de espécies não é diferente das demais áreas, com destaque para as Aroeiras (Lithraea molleoides e L. brasiliensis), os Saran- dis, Branquilhos, Maricás, Ingás, Sabão-de-soldado (Quillaja brasiliensis) e Açoita-cavalo. Mesmo não havendo grandes extensões de áreas de impacto no Arroio Capivaras, ações de reparação devem ser adotadas com urgência em alguns pontos, no sentido de corrigir os efeitos destes danos ao meio ambiente.
  • 104. Figura 07. Imagem do excelente panorama de conservação da vegetação ciliar que carac- teriza a maior parte dos trechos visitados do Arroio Capivaras (FOTO: Luciano M. Mello). Os principais dados levantados sobre impactos neste ambiente es- tão relacionados a depósito de material de diversas fontes (restos de po- das, entulho, resíduos de construção e outros), redução das áreas de flo- resta de galeria e erosão das margens. Figura 08. Tarumã (Vitex megapotamica) com flores e frutos na floresta de galeria, margens do Arroio Capivaras (FOTOS: Luciano M. Mello). A pequena ocorrência de resíduos sólidos urbanos (“lixo”) nas margens ou na água possivelmente seja decorrente da pequena popula-
  • 105. ção que vive às margens do Capivaras, de qualquer forma é um aspecto positivo nesses ambientes. Figura 09. Jerivá (Syagrus romanzoffiana), margens do Arroio Capivaras. Ob- serva-se o excelente estado de conservação deste trecho do Arroio (FOTO: Luciano M. Mello). Figura 10. Outro registro do aspecto geral das margens do Capivaras, mos- trando Sarandis e Ingás protegendo as margens (FOTO: Luciano M. Mello).
  • 106. Figura 11. Margem do Arroio Capivaras. Área aberta, margem nua e erosão. Na margem: Umbu (Phitolacca dioica) (FOTO: Luciano M. Mello) Figura 12. Arroio Capivaras: área aberta junto à margem direita (à montante) que serve de depósito de resíduos, podas, restos de madeira e árvores (ob- serva-se uma palmeira (Butia capitata) e Cactáceas: material que provavel- mente será carregado para o interior do Arroio com a elevação do nível das águas (FOTO: Luciano M. Mello). Os principais impactos sentidos neste recurso estão relacionados à supressão de árvores nas áreas de preservação permanente e depósito
  • 107. de resíduos sólidos, em alguns casos, com registros não só de má uso da natureza, como de descaso e contrariedade clara da legislação ambien- tal.
  • 108. Figura 13 (página anterior). Margem direita (à montante) do Arroio Capivaras (fotos supe- rior e inferior). Área marginal do arroio totalmente edificada: muro e calçada onde deveria existir floresta de galeria. Na margem oposta, assim como nas áreas adjacentes à proprie- dade, a floresta de galeria apresenta excelente estado de conservação e as margens neste ponto, apesar a marcante alteração, não apresenta erosão. (FOTOS: Luciano M. Mello) Figura 14. Margem esquerda do Arroio Capivaras. Nas figuras 14 e 15, os trechos de maior ausência de vegetação ciliar com acentuada erosão. Figura 15. Margem esquerda do Arroio Capivaras.
  • 109. Figura 16. Margem esquerda do Arroio Capivaras. Outro trecho de grande ausência de vegetação ciliar com acentuada erosão. A foto (encontro dos Arroio Capivaras e Ribeiro), mostra área onde a ausência de vegetação agrava a erosão a coloca antiga construção em risco, apesar dos esforços de reintrodução de espécies arbóreas (FOTOS das Figuras 14, 15 e 16: Luciano M. Mello) Das áreas de preservação permanente do Arroio Ribeiro As margens apresentam de regular estado de conservação, com muitos pontos de impactos significativos. Tais pontos (e grandes áreas, em alguns casos), comprometem a qualidade da água por contaminação e a estabilidade dos ecossistemas locais. Estes danos são provocados pela ocupação de áreas de preserva- ção permanente, derrubada da mata, depósito de resíduos sólidos (Figura 17), da construção civil e despejo de efluentes in natura, óleos, expansão de áreas de lavouras (especialmente de arroz) e outros. As ações de reparação devem ser adotadas com urgência no sen- tido de corrigir os efeitos destes danos ao meio ambiente, oferecendo saneamento básico, medidas de educação ambiental, de recuperação de áreas degradadas e uso do poder do Estado na fiscalização, reparação e punição, quando for o caso, pelas de ações observadas.
  • 110. Figura 17. Aspecto geral das margens em trecho bem preservado do Arroio Ribeiro. Embora aqui estejam as áreas mais impactadas da região em função de seu contato com a urbanização de Barra do Ribeiro manchas bem preser- vadas como estas constituem excelentes áreas de repouso, nidificação e refú- gio para a fauna local. (FOTO 17 e 18: Luciano M. Mello) Figura 18. Aspecto representativo de margem do Arroio Ribeiro: a presença de grandes animais - o que impede a regeneração das espécies herbáceas e arbóreas; a floresta de galeria suprimida; margens nuas e a erosão que pro- voca o assoreamento: um panorama comum em diversas áreas deste Arroio. No Arroio Ribeiro, área mais impactada entre as estudadas nesta fase, pode ser facilmente observado ainda: a ocupação de áreas de pre-
  • 111. servação permanente, muitas das vezes sem garantir 1/3 do mínimo da área estabelecida por lei, desmatamento, criação de gado em área desti- nada à preservação e assoreamento. Figura 19. Acúmulo de resíduos sólidos sob as árvores nas margens do Arroio Ribeiro: uma pequena parcela dos resíduos jogados no Arroio. (FOTO: Luciano M. Mello)
  • 112. Figura 19 (página anterior). Trecho de margens totalmente destituída de vegetação arbórea do Arroio Ribeiro, adjacentes à áreas de cultivo. Ao fundo observa-se a zona de união das águas do Arroio Ribeiro com o Capivaras. (FOTO: Luciano M. Mello) Figura 21. Ocupações irregulares, supressão da mata ciliar e depósito de resíduos e restos de material de construção nas margens do Arroio Ribeiro. (FOTO: Luciano M. Mello)
  • 113. Figura 22 (página anterior). O depósito de efluentes líquidos in natura no Arroio Ribeiro (Fotos superior e inferior): flagrantes de prática facilmente observada neste recurso que traz grandes prejuízos ao meio ambiente e à população, que pode sofrer com as parasito- ses e outras doenças graves e tornar inadequado estes ambientes para qualquer outro fim. O tratamento destes esgotos com fossas sépticas, embora não seja o ideal, é boa alternati- va para as populações ainda não atendidas pelo serviço público da coleta de esgotos. (FOTO: Luciano M. Mello) Figura 22. O depósito de efluentes líquidos in natura no Arroio Ribeiro (Fotos supe- rior e inferior): flagrantes de prática facilmente observada neste recurso que traz grandes prejuízos ao meio ambiente e à população, que pode sofrer com as parasi- toses e outras doenças graves e tornar inadequado estes ambientes para qualquer outro fim. O tratamento destes esgotos com fossas sépticas, embora não seja o ideal, é boa alternativa para as populações ainda não atendidas pelo serviço público da coleta de esgotos. (FOTO: Luciano M. Mello) Agradecimentos dos autores À todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. So- bretudo, agradecemos àqueles que tendo em suas mãos o produto deste trabalho efeti- vamente farão algo pela conservação dos ambientes que mesmo tão longe de nossos lares aprendemos a amar e, assim, deixarão novas pegadas na pequena trilha em que caminha- mos duramente este tempo em direção a uma humanidade mais justa e perfeita.
  • 114. Bibliografia LONGHI-WAGNER, H. M. & Ramos, R. F. Composição florística do Delta do Jacuí, Porto Alegre, RS - Brasil: levantamento florístico. Iheringia, Sér. Bot., 26:145-163. 1981. LORENZI, Harri, Árvores Brasileiras, 2ª Ed., Vol II, Editora Plantarum, Nova Odesas, São Paulo, 1998. 368 pág. MASON, C.F., Decomposição. 1ª Ed. Editora Pedagógica e Universitária Ltda. (EPU), Coleção Temas de Biologia, Vol 18. Sp, 1980. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Biodiversidade. Regiões da Lagoa do Casamento e dos Butiazais de Tapes, planície costeira do Rio Grande do Sul. Brasília: MMA / SBF, 388 p. 2006. MUÑOZ, J., ROSS, P., CRACO, P., Flora Indigena del Uruguay, 1ª Ed., Edito- rial Hemisferio Sur, Montevideo, Uruguay. 1993, 284 pág. OLIVEIRA, M. L. A. A. & PORTO, M. L. Ecologia de paisagem do Parque Es- tadual Delta do Jacuí, Rio Grande do Sul, Brasil: mapa da cobertura do solo e da vegetação, a partir de imagem do Landsat TM 5. Iheringia, Sér. Bot., (52): 145-162. 1999. RIO GRANDE DO SUL. 1992. Lei Estadual nº 9.519, de 21 de janeiro de 1992. Institui o Código Florestal do Rio Grande do Sul e dá outras provi- dências. Diário Oficial [do] Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, jan. 1992. RIO GRANDE DO SUL. 2002. Decreto nº 42.099, de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Diário Oficial [do] Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 62(1): 1-6, 1.jan.2003.
  • 115. A Educação Ambiental como instrumento de conservação dos ambientes naturais em Barra do Ribeiro Gelson Luis Menezes de Souza 31 Luciano Moura de Mello 32 Antônio Hector Bastide Ramos 33 O pesquisador moderno necessita estar atento aos interesses e necessi- dades da realidade local, sendo que na condição de educador/mediador do processo de aprendi- zagem não pode assumir uma posição passiva e desatualizada, mas sim, ao contrário, deve apre- sentar uma postura ati- va, flexível, dinâmica e condizente com o seu papel de disseminador. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997) é possível observarmos a proposta curricular do ensino de Ciências, elabo- rada como forma de oferecer a aprendizagem do conhecimento acumula- do pela sociedade e a formação de uma concepção de Ciências. Podemos perceber, portanto, a Ciência “como elaboração humana para uma com- preensão do mundo” é uma meta para o ensino da área na escola funda- mental. Seus conceitos e procedimentos contribuem para o questiona- mento do que se vê e se ouve, para interpretar os fenômenos da natureza, 31 Acadêmico de Ciências Biológicas (UNIASSELVI). E-mail: [email protected] 32 Biólogo, MSc, Doutorando (FAEM/UFPEL). Email: luci- [email protected]. 33 Biólogo e Gestor Ambiental (Centro Universitário Leonardo da Vinci). Email: hectorbasti- [email protected] Capítulo 8
  • 116. para compreender como sociedade nela intervém utilizando seus recursos e criando um novo meio social e tecnológico.” (BRASIL, 1997, p.22-23). Assim, o conhecimento em Ciências deve ser absolutamente con- trário à simples memorização de conceitos científicos, mas sim, o agente de uma atitude investigativa, racionalista e de compreensão destes con- ceitos no cotidiano, originários de ideias já construídas e “reconstruídas” pelo ser humano ao longo da vida. A observação, a experimentação, a comparação, o estabelecimento de relações entre fatos ou fenômenos e ideias, a leitura e a escrita de textos informativos, a organização de infor- mações por meio de desenhos, tabelas, gráficos, esquemas e textos, a proposição de suposições, o confronto entre suposições e dados obtidos por meio da investigação, a proposição e a solução de problemas, são diferentes procedimentos que possibilitam a aprendizagem” (BRASIL, 1997., p.34). Diante desta afirmação nos reportamos às metodologias aplicadas em sala de aula, que devem oferecer ao aluno momentos de aprendiza- gem prazerosos e significativos e realmente edificantes. Os alunos, em função da dinâmica do mundo atual, normalmente demonstram sua inquietude e insatisfação por aulas monótonas e rotinei- ras, quando permanecem por longos períodos sentados, dispostos tradici- onalmente em sala, respondendo a questionamentos, privados de uma interação ou questionamento dialógico. Em suma, o que percebemos no ensino de ciências é a morte lenta da natureza curiosa do ser humano. O educador moderno, de ciências ou não, precisa estar atento pa- ra desenvolver uma atitude motivadora quanto aos questionamentos dos alunos e estimuladora de sua curiosidade. Desta forma as saídas de campo são situações em que os alunos vão explorar ambientes fora da sala de aula e onde a observação e o regis- tro de imagens ou de entrevistas pode ser de grande valia e, retornando- se para o ambiente escolar, o professor pode explorar para trabalhar, de forma integrada com outros campos do conhecimento, com os dados co- letados (MORAIS, 2010).
  • 117. Figura 01. Uma árvore morta em praia na foz do Arroio Ribeiro lembra os ci- clos naturais e sobretudo renovação, discussões sobre a indestrutibilidade da matéria (e da energia) são possíveis com estes modelos naturais (FOTO: Luciano M. Mello). METODOLOGIA Este capítulo visa apresentar e discutir estratégias práticas, inter- disciplinares, para o uso do ambiente natural como ferramenta didática extremamente útil a todos os campos do conhecimento. Nesse contexto de ensino e aprendizagem na área de ciências, o uso do meio ambiente como ferramenta didática atende a outras impor- tantes necessidades da educação: valorização dos ambientes e cultura locais, valorização da economia, conservação da biodiversidade, contextu- alização dos assuntos, entre outros, permitindo a construção do alu- no/cidadão como sujeito esclarecido, ativo e efetivamente participativo.
  • 118. DISCUSSÕES Sobre os desafios de uma atividade edificante e como o professor das diversas áreas pode explorar o meio ambiente como ferramenta didática Mostrar a Ciência como elaboração humana para uma compreensão do mundo é uma meta para o ensino da área na escola fundamental. Seus conceitos e procedimentos contribuem para o questionamento do que se vê e se ouve, para interpretar os fenômenos da natureza, para compre- ender como sociedade nela intervém utilizando seus recursos e criando um novo meio social e tecnológico. (BRASIL,1997c,p.22-23). Se tivéssemos que resumir as colocações seguintes sobre como proceder para trazer ao aluno vivências em contato com a natureza que o permitam realmente edificar conhecimento nas diversas áreas do saber e valorizar os ambientes naturais e a cultura local ela seria “criatividade”. Como educadores conhecemos todas as dificuldades que uma atividade diferenciada traz, além da logística e segurança, sobretudo, pela experiên- cia, sabemos que é necessário coragem e humildade. Mesmo com inúme- ras horas de atividade de campo, em diversos trabalhos de pesquisa e ensino, somos todos os dias surpreendidos com novas observações que fogem às experiências anteriores, às explicações e às regras. Em suma, para que avancemos nas propostas de atividades, o professor deve partir do princípio que não é “obrigado” a conhecer todas as respostas e que expondo seus alunos ao mundo natural não deverá temer perguntas que não saiba responder... numa aula de campo é muito provável que isso vá realmente acontecer!, e isso, infelizmente é - entre tantos aspectos, um dos importantes motivo para que o professor não deixe o “tablado” das salas de aula. Se o professor simplesmente tiver dificuldades para “avançar” no conteúdo pelo volume de perguntas de seus alunos numa atividade de campo, isso não estará sendo a “verdadeira aula”? A área das ciências naturais, história e geografia têm grande fini- dade com questões ambientais, pela própria natureza de seus objetos de estudo, tendo, portanto, aplicação mais direta da natureza como instru-
  • 119. mento didático. Porém as demais áreas ganham importância fundamental, pois cada uma poderá contribuir para que o aluno tenha uma visão global e integral do ambiente, da mesma forma, professores de ciências devem estar preparados para exigir, com a mesma disciplina, por exemplo, a cor- reção de ortografia, de redação e expressão além de outros aspectos nos seus trabalhos. As atividades propostas neste Capítulo têm o objetivo de contribu- ir com as Escolas do município de Barra do Ribeiro: Escola Francisco Rosa- les Neumann, Colégio Dr. Carlos Pinto de Albuquerque, Escola Fernando Hoff, Escola João Evangelista Pinos, Escola João Gottfredo Hein e Escola São José no desenvolvimento de atividades integradas, com foco na valo- rização nos ambientes locais e concretização da informação tratada em sala de aula, no entanto, tais propostas podem ser - não só aplicadas nes- tes locais como melhoradas, em qualquer ambiente escolar. Figura 02. A vida surgindo nos areais da orla do Guaíba. (FOTO: Luciano M. Mello)
  • 120. APLICAÇÕES NA MATEMÁTICA - operações básicas: somar e diminuir conjuntos de animais ou plantas de uma área, multiplicar valores de uma área para inferir total de áreas maio- res, ou dividir, em processos inversos. - cálculos de área: usar mapas para calcular áreas de regiões florestadas por estimativa, transformando estas áreas em diversas figuras geométri- cas diferentes e aplicando as fórmulas correspondentes. - cálculos de volume: calcular volume de sólidos (volume de sedimentos ou de terra), líquidos (água) ou de ar. Aqui, pode usar os próprios ambien- tes assim como tocas, ninhos, buracos feitos por animais. - ângulos: empregar mapas para efetuar cálculos com ângulos, assim como empregar os ângulos para a construção de cartas e croquis, como a repre- sentação de trilhas na mata, empregando unidades de medida associadas, neste caso, à distâncias. Figura 03. A vida sob as folhas do Aguapé. Fam. Salticidae. (FOTO: Leonardo P. de Moraes) - densidade relativa e densidade absoluta: a densidade de uma espécie é a relação entre o número de indivíduos e uma área (ou volume) qualquer. Pode-se calcular o volume de água de um lago ou trecho de rio conhecen- do-se medidas básicas e daí conhecer-se a densidade absoluta (da espé-
  • 121. cie) ou relativa (densidade da espécie em relação a outras). A densidade de árvores de uma determinada área ou de tocas ao longo de um rio pode ser facilmente calculada. - regra de 3: muito aplicada em outros temas, cálculos de densidade, vo- lume e área. - porcentagem: auxiliar no entendimento de dados: porcentagem de ma- míferos em relação ao total de animais observados na escola (outros gru- pos), porcentagem de árvores e arbustos na escola ou numa determinada área. LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO - criação de textos: os alunos podem ser motivados a criar textos sobre a natureza, sobre uma área ou sobre grupos animais ou vegetais específicos, vendo, ouvindo ou percebendo de outras maneiras estes assuntos. - redação: a geração de textos permite também a discussão de temas vol- tados à redação, ortografia, gramática, regras de acentuação, etc. - oficinas temáticas: o professor pode elaborar discussões sobre temas (depósito de resíduos ou esgoto, erosão, pesca indiscriminada, ocupação de “áreas verdes”) em sala de aula, apresentando dados gerais (uma pe- quena introdução), posteriormente o professor pode avaliar e orientar a elaboração e exposição oral de ideias e de argumentos, empregando a linguagem corretamente, enquanto os alunos observam in loco os fatos. APLICAÇÕES EM HISTÓRIA - interpretação de fatos históricos: a ocupação da zona urbana da cidade, colonização (etnias e suas contribuições) e fatos históricos recentes com repercussão ambiental devem ser exploradas, sempre que possível, em contato com os ambientes nos quais foram gerados. - linhas do tempo: pode ser construída uma linha do tempo, da criação do município e anos anteriores até a atualidade, registrando-se nos devidos intervalos os principais fatos associados ao meio ambiente: ações de lote- amento dos espaços, introdução de novas culturas, desmatamentos, queimadas, grandes períodos de estiagem, eventos de morte de organis- mos por intoxicação (peixes), se for o caso, aparecimento ou desapareci- mento de animais, etc.
  • 122. O homem é, por natureza, um animal curioso. A falência do ensino deve-se à ausência de um sistema prático que esti- mule a curiosidade e a investigação. APLICAÇÕES EM GEOGRAFIA - cartografia e orientação espacial (direções e coordenadas): direções bá- sicas e noções de cartografia são tópicos interessantes quando trabalha- dos em uma área da escola, parque ou no caso, na orla do Guaíba ou de outro recurso natural local: a percepção espacial e mesmo temas mais complexos como os sistemas de coordenadas podem ser trabalhados com maior facilidade em ambientes naturais, com a possibilidade ainda de integrar assuntos como ângulos (matemática) e história da representação do Globo Terrestre. - mapeamento do espaço: os alunos podem construir mapas tendo por base os dados geográficos constantes neste livro, montar mapas de distri- buições de espécies de peixes, por exemplo, por recurso hídrico estudado, possibilitando a aplicação dos conhecimentos de geografia. - relevo: construir maquetes e representações do macro-relevo da região, discutindo inclusive a formação do modelado do terreno. Figura 04. Um molusco gastrópode (Megalobulimus sp.) registrado na orla do Gua- íba. (FOTO: Leonardo P. de Moraes)
  • 123. APLICAÇÕES EM BIOLOGIA - fauna e flora (estudo dos grupos de seres vivos), anatomia, fisiologia, ecologia, são temas de aplicação direta com os ambientes naturais, assim dispensam de maiores discussões, o professor, no entanto, pode lançar mão de dados deste livro (Capítulos anteriores) para separar tópicos, cita- ções e resultados para fazer a introdução ao tema e posteriormente pas- sar a fazer a coleta de indivíduos para estudo, lembrando-se de observar as normas estabelecidas para o controle, captura e uso de organismos mesmo para fins didáticos, consultando os órgãos de fiscalização se for o caso. APLICAÇÕES EM FÍSICA E QUÍMICA - qualidade da água (aspectos físicos e químicos): muitos testes simples podem ser realizados visando oportunizar a coleta e análise de recursos hídricos: a avaliação da condutividade elétrica ou do pH da água podem ser feitos por equipamentos portáteis e de baixo custo, a avaliação de parâmetros físicos e químicos da água são feitas em todas as estações de tratamento de água, assim, estes órgãos são uma boa oportunidade para firmar parcerias que permita aos alunos vivenciar a informação obtida nas aulas de química, aplicando informações sobre elementos químicos, liga- ções, fórmulas, reações, etc. - penetração da luz na água: o experimento feito com discos de penetra- ção da luz construídos pelos próprios alunos e dados da distribuição em profundidade de organismos fotossintetizantes podem ser oportunidade relacionar dois assuntos capazes de auxiliar no entendimento dos ecossis- temas aquáticos. - ácidos e bases: realização de reações químicas com água de diversos pontos (efeito da variação das reações à qualidade da água em pontos distintos de um Arroio) - fenômenos químicos e físicos: identificação da natureza de fenômenos diretamente nos ambientes em que eles ocorrem, seja no refeitório da escola, no pátio ou sob as árvores de uma floresta de galeria.
  • 124. - o efeito da luz na distribuição das plantas: fotossíntese e adaptação de- terminando a distribuição dos organismos, o papel da luz e seus compri- mentos de onda para a vida das plantas em áreas campestres e florestais. Figura 05. Um inseto nas folhas do Gravatá (Eryngium sp.) registrado em área cam- pestre. (FOTO: Leonardo P. de Moraes) APLICAÇÕES EM SOCIOLOGIA E FILOSOFIA - atividades econômicas locais: o efeito das ações do homem nas ativida- des de pesca, de turismo, do comércio, da agricultura. Qual o efeito da agricultura que ocupa áreas de preservação permanente na manutenção de famílias que vivem da pesca? (erosão e assoreamento, menos volume de água na calha dos rios, menos peixes); qual o efeito do nível de educa- ção ambiental de famílias ribeirinhas no turismo e comércio local? (menos educação, mais esgoto e lixo no arroio, mais doenças, menos turista, me- nos comércio), entre outros tipos de relações. - importância das atividades agrícolas na conservação: discussão sobre o importante papel econômico da agricultura e os efeitos quando praticadas sem o cuidado às regras corretas de manejo. Os defensivos: importância para a proteção das culturas e os efeitos sobre outros organismos.
  • 125. Figura 06. Um inseto nas flores do Gravatá (Eryngium sp.) registrado em área cam- pestre (entre o Arroio Capivaras e Ribeiro) (FOTO: Luciano M. de Mello). - Filosofia, vida e humanidade: discussões sobre a obrigação ética do ser humano na conservação da vida no Planeta em função de seu poder de alterar o meio ambiente. - O viés político e econômico também pode ser explorado com muito pro- veito nos temas citados oportunizando discussões sobre o bem público, a natureza, os serviços e a função social do trabalho e da produção. APLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - fotografia e meio ambiente, pintura e desenho (natureza morta, compo- sições), música e expressão corporal (diversos estilos de dança), poesia e esculturas: estes temas podem ser com grande riqueza explorados tendo como inspiração a natureza, conservação, impactos, etc. - concursos artísticos: a escola pode promover feiras de artes tendo como tema central o meio ambiente, concursos envolvendo diversas técnicas enriquecem e fomentam a discussão sobre o assunto, além de desenvol-
  • 126. ver a capacidade de observação, a criatividade e o espírito crítico, além da participação e do trabalho individual e em grupo. Figura 07. Um inseto nas flores do Gravatá (Eryngium sp.) registrado em área campes- tre (Foz do Arroio Ribeiro). (FOTO: Luciano M. de Mello) Ajudar o aluno a descobrir o mundo, eis o verdadeiro trabalho do profes- sor, que tem sua maior riqueza no crescimento pessoal: seu, com as in- dagações dos alunos e de seus alunos, com as vivências que oportuniza. Cabe ressaltar que estas propostas, evidentemente, não têm o in- tuito de finalizar as discussões nem esgotar o rol de incontáveis sugestões de uso prático do meio ambiente como ferramenta para o processo de ensino, constituem tão somente ideias sobre as quais poderão se apoiar algumas atividades, no entanto, ao professor cabe utilizar toda a sua cria- tividade para utilizar, adaptar e praticar os temas que estão sendo traba- lhados em sala. As atividades seguintes do projeto, na expansão deste tema, pre- veem ações de “extensão”, com o estreitamento de laços entre pesquisa e ensino e discussão nas Escolas de Barra do Ribeiro destas e outras ideias.
  • 127. O projeto visa estabelecer posteriormente: Reunião com Prefeito, Secretários de Educação e Meio ambiente para a apre- sentação de uma proposta de cartilha didática, detalhando práticas para as diversas áreas do conhecimento. Reunião com Diretores e professores para a discussão e consolidação da carti- lha, conforme as proposições e observações dos professores. Edição e lançamento da cartilha didática do projeto, com palestra nas escolas sobre os resultados do trabalho e entrega de materiais informativos. Reuniões periódicas de avaliação dos resultados alcançados. Reedição dos materiais conforme a necessidade de inclusão ou adaptação das experiências. Saídas de campo orientadas pelos pesquisadores do projeto Visita de orientação e acompanhamento nas escolas por parte dos pesquisado- res de diferentes áreas. Seminário de troca de experiências didáticas, organizado pela Coordenação dos projetos com premiação para Escolas e profissionais destacados. Figura 06. Uma solanácea às margens da foz do Ribeiro (FOTO: Luciano M. de Mello).
  • 128. Agradecimentos dos autores Agradecemos a confiança que nos foi depositada na preparação desse Capítulo e aos nos- sos Mestres, por terem feito tão bem seu trabalho que hoje temos a pretensão de lhes dar continuidade, com a humildade e a convicção de bons e eternos aprendizes. Referências Bibliográficas BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. LEI de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 3ª Ed. Rio de Janeiro: MEC/COLTED, 1968. BRASIL, Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Biológicas. Secretaria de Educação Fundamental. Bra- sília: MEC, 1997. MARANDINO, Marta; SELLES, Sandra Escovedo; FERREIRA, Márcia Serra. Ensino de Biologia. Histórias e Práticas em diferentes espaços educati- vos. São Paulo: ED. Cortez, 2099. Coleção Docência em Formação. MORAIS, Marta Bouissou; ANDRADE, Maria Hilda de Paiva. Ciências - Ensi- nar e aprender. Ed. Dimensão, 2010.1 ª Ed. Belo Horizonte.
  • 129. Discussões finais e proposição de soluções Luciano Moura de Mello 34 A natureza é a fonte de diver- sos recursos e o uso sustentado de seus bens renováveis garan- te não só a estabilidade dos ecossistemas e seus elementos naturais (fauna e flora) como também a manutenção das atividades humanas a ela rela- cionadas, como a exploração de água, de recursos minerais, florestais como a madeira para diversos fins, a agricultura ou a pesca. Entretanto, o uso e ocupação destes recursos e áreas pelo homem sem que ele considerasse a capacidade de suporte ou recomposição dos ecossistemas bem como do papel funcional que estes ambientes desem- penham no contexto das atividades humanas é que tem causado a grande maioria dos problemas de ordem ambiental com os quais convivemos diariamente. Tal comportamento humano é consequência do histórico e falho entendimento de que o homem é capaz de julgar-se distante da dimensão natural, quando de fato, não só depende da natureza como inevitavel- mente relaciona-se com este meio ambiente diariamente, causando e sofrendo ações de leis com uma grande previsibilidade. O objetivo de um trabalho da ordem deste, que busca inventariar os elementos naturais está longe de ter exclusivamente o caráter descriti- vo, contemplativo da natureza mas sempre de incorporar informações e fornecer subsídios que permitam justamente o diagnóstico e manejo ade- quado destes recursos, tanto quanto amparar o homem em sua constante 34 Biólogo, MSc, Doutorando (FAEM/UFPEL), Email: [email protected]. Capítulo 9
  • 130. necessidade de descrever, relacionar e compreender as interações entre os elementos que o cercam. Os dados anteriormente apresentados nos permitem conhecer (obviamente que não todos, mas uma boa parte) dos elementos naturais que compõe a paisagem de áreas de significativa importância no municí- pio de Barra do Ribeiro. Tais dados, com a gestão integrada de informações e a coordena- ção dos elementos sociais e políticos, permite importantes encaminha- mentos norteadores na direção de soluções para a exploração sustentada, bem como na reparação de atividades lesivas que por ventura tenham sido ou estão sendo desenvolvidas no município, podendo ainda, indicar áreas de significativa importância para a conservação. Para o encaminhamento de soluções associadas aos dados levan- tados pelas equipes de trabalho, são consideradas a disposições e compe- tências legais de diversos órgãos e elementos sociais associados ao uso do ambiente, seja no campo da exploração direta, da gestão direta e indireta, do uso nas suas diversas formas bem como na responsabilidade pela fisca- lização. Desta forma, são integrados os dados sobre diversidade geral, dis- tribuição, levantamento de áreas degradadas ou impactadas em diferen- tes níveis, antropizadas, ocupadas irregularmente para diversas atividades e a indicação de áreas sensíveis e recomendadas à conservação por moti- vos especiais. Este trabalho não tem a pretensão de instruir os órgãos públicos ou outros elementos políticos e sociais no desenvolvimento de suas tare- fas na gestão ambiental, uma vez que apresenta proposição de ações para essa gestão integrada (Tabela 01). Assim, seus dados são apresentados de forma dinâmica com o intuito de não imobilizar procedimentos nem mes- mo tornar desnecessária a discussão destas propostas pelos elementos envolvidos, contudo, permite que tais discussões sejam direcionadas e, sobretudo que estes elementos reconheçam o seu papel na alimentação do sistema de execução-fiscalização que permitirá a gestão integrada da natureza. Na geração destas informações, durante o período de julho de 2011 a março de 2012 foram realizadas 8 expedições a campo, percorren-
  • 131. do as áreas a pé, de carro ou botes infláveis a motor e foram empregadas mais de 200 horas de observação da natureza, sendo registradas fotografi- camente e descritos os principais impactos ambientais observados, apon- tando soluções. Tabela 01. Proposição de soluções para os diversos problemas de ordem ambiental verificados durante o período de julho de 2011 a março de 2012, em Barra do Ribeiro, RS. ARROIO CAPIVARAS Tipo Descrição Solução Envolvidos35 Erosãodemargens As margens esquer- das apresentam diversos pontos de erosão, provocados pela supressão das matas de galeria, espécies arbustivas e herbáceas (margens esquerda não possu- em pontos significati- vos de erosão mas a redução de áreas florestadas constitu- em fatores de risco a serem observados). Controle por barreiras físicas (paliçadas) e reintrodução de espécies arbóreas de crescimento rápido, arbustos e gramíneas fixadoras de solo para contenção das margens. Proprietários, na execução e Secretaria de Meio Ambiente no registro e controle destas áreas (definição de um plano de metas, com prazos, termos de com- promisso, registros foto- gráficos para a monitoria do avanço das medidas, condições e restrições para cada caso). Desmatamento Supressão de espécies arbóreas nas APP 36 para liberação de área para o gado, edificações ou práticas agrícolas. Recomposição florestal mediante planos de compensação e planos de recuperação de áreas degradadas. Proprietários, na execu- ção e Secretaria de Meio Ambiente no registro e controle das ações previs- tas nos planos (definição de um plano de metas, com prazos e condições para cada caso). 35 Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Grupamento da Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de fiscali- zação e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum e da segurança ambiental. 36 Áreas de preservação permanente.
  • 132. ARROIO CAPIVARAS (continuação) Tipo Descrição Solução Envolvidos37 Depósitosderesíduos Depósitos de rejeitos, galhos, madeira, entulho, etc. Recolher e dar a destina- ção correta (madeira e outros materiais podem ser utilizados para a contenção de margens, entretanto há que se realizar plano específico para que estes materiais não causem maior prejuí- zo). Alguns materiais podem ser utilizados na contenção de processos erosivos Proprietários, na execução da remoção dos depósitos nas proprieda- des e Secretaria de Meio Ambiente, no registro e controle destas ações, bem como no desenvol- vimento de ações de educação ambiental e, se for o caso, melhoria no sistema de coleta de resíduos sólidos. OcupaçãodeAPP Construções de alve- naria ou madeira dentro das áreas de APP 35 , existência de qualquer outro tipo de instalação ou ainda o uso destas áreas para a práticas agrícolas. Residências, depósitos e outras edificações, desde que não tenham estrutu- ras comprometidas, devem ser notificadas para que não tenham os projetos ampliados, sendo determinado aos proprietários o devido plano de compensação de dano ambiental a ser executado, preferencial- mente, na área da pro- priedade. No caso do uso de áreas, sem instalação, as áreas devem ser deso- cupadas e recuperadas (recomposição florestal). Proprietários, na execução e Secretaria de Meio Ambiente no regis- tro e controle destas áreas ocupadas (notifica- ções oficiais aos proprie- tários, definição de um plano de metas, termos de compromisso, com prazos, restrições e condições para cada caso). 37 Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen- to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum.
  • 133. ARROIO CAPIVARAS (continuação) Tipo Descrição Solução Envolvidos38 Lançamentodeefluentes Emissão de esgoto in natura diretamente no recurso hídrico. Implementação da coleta pública de esgoto para todas as residências ribeirinhas ou a implementação de projetos de distribuição e instalação de fossas sépticas dimensionadas corretamente em todas as propriedades. Prefeitura Municipal, Secretaria de Obras, Infraestrutura e Meio Ambiente no registro de propriedades que neces- sitam ser atendidas. ARROIO RIBEIRO Tipo Descrição Solução Envolvidos38 Desmatamento Supressão de espécies arbóreas nas APP 39 para liberação de área para o gado ou práticas agrícolas. Recomposição florestal mediante planos de compensação e recuperação de áreas degradadas. Proprietários na execução e Secretaria de Meio Ambiente no registro e controle destas ações (definição de um plano de metas, com prazos e condições para cada caso). Firmar parcerias com escolas, empresas e outras instituições para a adoção de áreas a recuperar. 38 Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen- to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum. 39 Áreas de preservação permanente.
  • 134. ARROIO RIBEIRO (continuação) Tipo Descrição Solução Envolvidos40 Erosãodemargens As margens apresen- tam diversos pontos de erosão (especial- mente as margens direita) provocados pela supressão da mata de galeria (margens direita não possuem pontos significativos de erosão mas a redução de áreas florestadas e algumas áreas agríco- las constituem fatores de risco). Controle por barreiras físicas (paliçadas) e reintrodução de espécies arbóreas de crescimento rápido, arbustos e gramíneas fixadoras de solo. Ampliação das áreas protegidas nos pontos de maior pressão erosiva. Proprietários, na execu- ção dos planos de contro- le de erosão e Secretaria de Meio Ambiente no registro e monitoramento destas áreas (definição de um plano de metas, com prazos e condições para cada caso) e estabelecimento de parcerias com associa- ções de pescadores para a colaboração na monito- ria das áreas. Assoreamento Depósitos de sedimentos no leito ou margens dos cursos de água Desenvolver ações de controle de áreas fonte de sedimentos e desen- volvimento de ações integradas (sob licencia- mento) para a coleta e destinação de sedimentos via Cooperativas. Secretaria Estadual e Municipal do Meio Ambiente, Cooperativas de pescadores, areieiros e outras associações interessadas. Desmatamento Supressão de espécies arbóreas nas APP 41 para liberação de área para o gado ou práticas agrícolas Recomposição florestal mediante planos de compensação e recuperação de áreas degradadas. Proprietários na execução e Secretaria de Meio Ambiente no registro e controle destas ações (definição de um plano de metas, com prazos e condições para cada caso). Firmar parcerias com escolas, empresas e outras instituições para a adoção de áreas a recu- perar. 40 Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen- to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum. 41 Áreas de preservação permanente.
  • 135. ARROIO RIBEIRO (continuação) Tipo Descrição Solução Envolvidos42 Resíduossólidos Depósitos de rejeitos, galhos, madeira, etc Recolher e dar a destina- ção correta (madeira e outros materiais podem ser utilizados para a contenção de margens, entretanto há que se realizar plano específico para que estes materiais não causem maior prejuí- zo uma vez colocados nas margens, tanto ao meio ambiente quanto à segu- rança da navegação. Proprietários, na execu- ção da coleta dos resí- duos e remoção das APP e Secretaria de Meio Ambiente no registro e controle destas ações. OcupaçãodeAPP Construções de alve- naria ou madeira dentro das áreas de APP 35 ou existência de qualquer outro tipo de instalação ou ainda o uso destas áreas para a prática agrícola Residências, depósitos e outras edificações, desde que não tenham estrutu- ras comprometidas, devem ser notificadas para que não sejam ampliadas, sendo determinado aos proprie- tários o devido plano de compensação de dano ambiental a ser executa- do, preferencialmente na área da propriedade. No caso do uso de áreas, sem instalação, as áreas de- vem ser desocupadas e recuperadas (recomposi- ção florestal). Proprietários, na execu- ção e Secretaria de Meio Ambiente no registro e controle destas áreas (notificações oficiais aos proprietários, definição de um plano de metas, com prazos e condições para cada caso). Desen- volvimento de ações de educação ambiental com a população ribeirinha, integradas com escolas e outras entidades a fim de evitar novas ocupações. 42 Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen- to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum.
  • 136. ARROIO RIBEIRO (continuação) Tipo Descrição Solução Envolvidos43 Acúmuloderesíduossólidos urbanos Depósitos de rejeitos, galhos, madeira, resíduos de constru- ção e sólidos urbanos (lixo: garrafas, plásti- cos, metais e outros) que chegam a estes locais, principalmen- te, por meio do con- tato com o Guaíba. Realizar a limpeza perió- dica, promover campa- nha educativa de coleta de resíduos sólidos, tanto pelos proprietários como por meio de parcerias. Desenvolver campanhas de conscientização nas Escolas e utilizando a comunidade. Dar a desti- nação adequada ao ma- terial coletado ou enca- minhar para associação de catadores. Proprietários, na execu- ção, entidades parceiras, Comunidade Escolar e Secretaria de Meio Ambi- ente na coordenação, controle e publicidade destas ações. ORLA DO GUAÍBA Tipo Descrição Solução Envolvidos Coletadeplantasornamentais Coleta de plantas or- namentais e mudas nas áreas naturais, sem a devida autorização e com a finalidade do cultivo doméstico ou mesmo a comercializa- ção de exemplares Ampliar a fiscalização e promover campanhas de conscientização (Escolas e comunidade em geral), tratando da previsão legal sobre a prática. Implantar placas de advertência nos locais mais afeta- dos pela prática com a criação e publicação de um canal de denúncias. Comunidade Escolar, população em geral e Secretaria de Meio Ambiente. 43 Soma-se aos agentes envolvidos, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Grupamen- to de Polícia Ambiental, IBAMA e Ministério Público e outras entidades com poder de fiscalização e adoção de outras medidas legais para a garantia do direito comum.
  • 137. Figura 01. Espectro da área de influência das medidas propostas nesta etapa do trabalho para os problemas de ordem ambiental verificados, em Barra do Ribeiro, RS. OBSERVAÇÕES: A área assinalada em verde representa a área mínima de influên- cia indireta, onde os efeitos do trabalho são esperados pela mobilidade de ani- mais, a dispersão ou intercruzamento de plantas ou a ocupação de áreas adjacen- tes necessárias ao ciclo de vida das espécies. A área em amarelo representa a área de influência direta, estimada em função da ocorrência das espécies bem como os ambientes de uso imediato, em cujos espaços os impactos causam maio- res danos ou configuram ameaça direta às áreas de preservação permanente e os organismos que as compõe. As proposições aqui realizadas possuem uma área de influência di- reta e indireta apresentada no mapa (Figura 01) envolvendo os principais ambientes que sofrem os impactos de suas medidas de maneira a permitir a visualização do espectro das medidas mitigatórias. Ressalta-se que o sucesso de ações de reparação, em geral, só são eficientes quando todos os agentes envolvidos sincronizam o processo, sendo condicionantes a coordenação, a definição de metas, a fiscalização de ações e o cumpri-
  • 138. mento dos prazos, a notificação com assinatura de termos de compromis- sos além da adoção de outras medidas, quando necessário. Outra importante medida é criar um canal de comunicação efici- ente, se possível 24 horas, via telefone, internet, que permita a comunica- ção (e a devida resposta ao comunicante) tratando de ameaças, danos ou crimes ambientais, facilitando o poder de fiscalização e atuação dos ór- gãos ambientais competentes, usando-se a comunidade escolar, os meios de comunicação (jornais, rádio e televisão) e a comunidade em geral como agentes participativos do poder de fiscalização dos órgãos. Sobre as campanhas de educação cabe lembrar que é muito inte- ressante que elas iniciem-se com alguma atividade de motivação e “nive- lamento” dos agentes de executores, sejam eles parceiros, funcionários, colaboradores de empresas privadas ou alunos das escolas a fim de que possam efetivamente instruir, colher dados e atuar na difusão de medidas e procedimentos corretos, que contribuam para a melhoria da qualidade do meio ambiente. Figura 02. Praia de Barra do Ribeiro: importante área de atuação de medi- das de conscientização de pessoas, sejam visitantes ou moradores que se utilizam de áreas naturais. (FOTO: Luciano M. de Mello)
  • 139. Figura 03. Equipe de trabalho durante as visitas às áreas fontes de im- pactos ambientais, Arroio Capivaras (FOTO: Luciano M. de Mello). Figura 04. Trabalho de levantamentos na margem do Guaíba (FOTO: Luciano M. de Mello). Agradecimentos dos autores Agradeço as contribuições do Biól. Vinícius Braga Comaretto, da Pedagoga Mary Anne Moraes e dos Acadêmicos de Ciências Biológicas da URCAMP: Pâmela Martins Mugica, Éderson França Machado e Andressa Alves Cantos, nos levantamentos de dados a campo sobre os pontos de impacto ambiental.
  • 140. Apresentação dos Autores ALEXANDRA ALVES CANTOS é natural de Bagé, RS, é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha (2001), Campus Bagé. É Mestre (2010) e Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Sementes (FAEM/UFPEL). E-mail: [email protected] CLODOALDO LEITES PINHEIRO é natural de Bagé, RS, é graduado em Tecnologia Agropecuária (Fruticultura) pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (2007). É Especialista em Biotecnologia e Meio Ambiente pela URCAMP (2009), Mestre em Biodiversidade Tropical pela Universi- dade Federal do Espírito Santo (2012) e Doutorando em Botânica, pela UFRGS. Email: [email protected] DAIANE MARIA MELO PAZINATO é natural de Caçapava do Sul, RS, é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha (2010), Campus de Caçapava do Sul. Atualmente é ativista da ONG Interação de trabalhos Ambientais - ITA, Caçapava do Sul - RS. Email: [email protected] DARLIANE EVANGELHO SILVA é natural de Caçapava do Sul, RS, é gradua- da em Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha, Campus Caçapava do Sul (2011). É Mestranda em Ambiente e Desenvolvi- mento pela Univates (Lajeado-RS). Email: [email protected] DÉBORA TATIANE BORGES MOTTA é natural de Bagé, RS, Bióloga formada na Universidade da Região da Campanha (URCAMP), Cam- pus de Bagé, RS. Email: [email protected] ANTÔNIO HECTOR BASTIDE RAMOS é natural de Bagé, RS, possui gradua- ção em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI). Atualmente é Acadêmico do curso de Gestão Ambiental e aluno de Pós-graduação em Gestão e Educação Ambiental (latu sensu), no mesmo Centro Universitário. Email: [email protected] GELSON LUIS MENEZES DE SOUZA, é natural de Guaiba, RS, graduado em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI), Pólo Porto Alegre. É Técnico em celulose e papel, for- mado pelo Instituto Gomes Jardim de Guaiba, possui experiência de 20 anos em tratamento de águas e efluentes, atuando como consul- tor na área. E-mail: [email protected]
  • 141. LEONARDO POMPÉU DE MORAES é natural de Bagé, RS, é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha (2009). É Técnico em Meio Ambiente pelo Instituto Federal de Educa- ção, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Atualmente é profes- sor de Ciências e Biologia da rede Estadual de ensino e aluno do Pro- grama de Pós-graduação em Educação Ambiental da FURG. Email: [email protected] LUCIANO MOURA DE MELLO é natural de Bagé, RS, é graduado em Ci- ências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha (2001). É Especialista em Ecologia pela URCAMP (2003), Mestre (2011) e Douto- rando em Ciência e Tecnologia de Sementes (FAEM/UFPEL). E-mail: [email protected] LUIZ LIBERATO COSTA CORRÊA é natural de São Sepé, RS, é Graduado em Ciên- cias Biológicas pela Universidade da Região da Campanha, Campus de Caçapava do Sul (2011). É Mestrando em Ambiente e Desenvolvimento, na linha de pesqui- sa em Ecologia, pela Univates - Lajeado -RS. Email: [email protected] VINÍCIUS BRAGA COMARETTO é natural de São Luiz Gonzaga, RS, gra- duado em Ciências Biológicas (2011) pela Universidade da Região da Campanha. Atualmente está cursando Especialização em Gestão Ambi- ental e Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental e Susten- tabilidade, ambos pelo Grupo de Educação UNINTER. Email: [email protected] VINICIUS BRASIL DO AMARAL e MARJORIE KNIPPLING DO AMA- RAL são naturais de Porto Alegre, RS, empresários, idealizadores do Projeto. Email. [email protected] PÂMELA SALEN DOMINGUES QUADRO é natural de Caxias do Sul, RS, possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha, Campus de Bagé (2012). Email: [email protected] PÂMELA MARTINS MUGICA é natural de Bagé, RS, Acadêmica do Curso Ciências Biológicas pela Universidade da Região da Campanha, Campus de Bagé. E-mail: [email protected]
  • 142. Diversidade Biológicados Arroios Capivaras, Ribeiro e orla do Guaíba no município de Barra do Ribeiro, RS Luciano Moura de Mello e Vinícius Brasil do Amaral Alexandra Alves Cantos • Clodoaldo Leites Pinheiro • Daiane Maria Melo Pazinato •Darliane Evangelho Silva Débora Tatiane Borges Motta • Antônio Hector Bastide Ramos • Gelson Luis Menezes de Souza Leonardo Pompéu de Moraes • Luiz Liberato Costa Corrêa • Vinícius Braga Comaretto Marjorie Knippling do Amaral • Pâmela Salen Domingues Quadro • Pâmela Martins Mugica A riqueza natural como instrumento para a gestão sustentável dos recursos locais