I. CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS
Helen Elisa C. R Bevilacqua
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Capitulo I - Classificação das hortaliças
OLERICULTURA
O termo OLERICULTURA é derivado do latim: olus (=hortaliça) e cole-
re (=cultivar) e, portanto, é utilizado para designar o cultivo de certas
plantas de consistência herbácea, geralmente de ciclo curto e tratos
culturais intensivos, cujas partes comestíveis são diretamente utiliza-
das na alimentação humana, sem exigir industrialização prévia.
As hortaliças também são denominadas por cultura olerácea e são
popularmente conhecidas como verduras e legumes.
A olericultura não é sinônimo de horticultura, sendo este último mais
abrangente, referindo-se à produção de uma grande diversidade de cul-
turas comestíveis ou ornamentais, como a fruticultura (cultura de fru-
teiras variadas), a cultura de cogumelos comestíveis, a jardinocultura
(produção de plantas ornamentais), o cultivo de plantas bulbosas (como
a tulipa), o cultivo de plantas medicinais, o cultivo de plantas condi-
mentares e a produção de mudas diversas (viveiricultura).
Segundo a Sociedade Brasileira de Olericultura do Brasil, além das
verduras e legumes por nós conhecidos, devem ser incluídas entre as
culturas oleráceas, a melancia, o melão, o morango, a batata-doce, a
batatinha, o inhame, a mandioquinha-salsa, entre outras.
CARACTERÍSTICAS DAS HORTALIÇAS
Como característica mais marcante, temos o caráter intensivo, quan-
to à utilização do solo, aos tratos culturais, à mão-de-obra e aos insu-
mos agrícolas modernos (sementes, defensivos e adubos químicos). Em-
pregam-se esses insumos em quantias elevadas por área cultivada. Em
contrapartida, possibilita altas rendas líquidas por área cultivada.
O olericultor é o tipo de empresário rural que obtém os maiores lu-
cros por unidade de área explorada em relação aos demais agricultores
ou criadores. Isto porque, na maioria dos casos, o ciclo cultural das
hortaliças é bem mais curto, comparando-se com as demais culturas.
Como exemplo: em um ano, num mesmo terreno, pode-se utilizar para
3 culturas de tomate transplantados, ou 6 culturas de alface transplan-
tadas ou 12 culturas de rabanete plantados diretamente. O ciclo das
hortaliças normalmente é de 3 a 6 meses, com exceção do aspargo (que
é perene) ou do chuchu (semi-perene).
Como as áreas são menores, podemos aprimorar os tratos culturais
que são intensivos, podendo-se utilizar a polinização manual, fumiga-
ção dos canteiros, produção de mudas em recipientes, raleamento dos
frutos, adubação foliar, etc. Com isso, utilizam-se, de modo intensivo, a
mão-de-obra e a terra.
Pela sua alta rentabilidade física e econômica, a olericultura permite
o aproveitamento de terrenos de baixa fertilidade natural, cuja utiliza-
ção seria antieconômica para outras culturas.
EXPANSÃO DA OLERICULTURA
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios que aqui viviam
alimentavam-se com a mandioca, vários tipos de feijões e favas, jeri-
mum ou moranga, batata-doce, beldroega, tomilho, maxixe, caruru,
amendoim e várias espécies de pimenta. Na Europa, já era tradição
agrícola e hábito dos portugueses, o cultivo de hortas, pois a base da
alimentação eram os vegetais cozidos, em forma de caldos. Aqui no
Brasil, para garantir a produção dessas hortaliças, os portugueses cria-
ram os cinturões verdes (áreas de cultivo ao redor das cidades), em
Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, nos quais, além de hortas,
também implantaram pomares, criavam galinhas e produziam mel. Ado-
taram a mandioca e cultivavam os temperos (coentro, cominho, horte-
lã, manjericão ou alfavaca, salsa, cebola, alho, poejo), couve, nabo,
pepino, cenoura, alface, espinafre e berinjela.
A outra influência decisiva na agricultura e na alimentação brasileira
veio com os africanos que chegaram ao Brasil a partir de 1539 e manti-
nham os seus “roçadinhos” ao redor da senzala, onde plantavam quia-
bo, vinagreira, inhame, erva-doce, melancia, gergelim, açafrão e vários
tipos de pimenta.
Embora tenha surgido dessas três influências, o brasileiro não se dis-
tingüiu como um grande consumidor de hortaliças. A partir do começo
do século XVII, as hortaliças pouco a pouco passaram à categoria de
“mistura”, ou um complemento eventual, mas a preferência era pelas
carnes de gado, de peixe e de caça, muito abundantes e baratas naque-
la época e pelo feijão.
Houve um aumento do consumo de saladas pelos ricos que tinham
acesso à Corte Imperial, com a chegada do Príncipe Regente Dom João,
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Capitulo I - Classificação das hortaliças
em 1808, que trouxe o costume da França. Contudo, a camada mais
pobre da população não tinha o costume de comer as hortaliças, somen-
te consumindo alguns temperos.
Pequenas mudanças ocorreram no final do século, com a chegada dos
imigrantes italianos, alemães e nórdicos, que não abriam mão de seus
hábitos alimentares aqui no Brasil, aumentando o consumo de batata
(entre os alemães) e do tomate (entre os italianos) – hortaliças curiosa-
mente de origem sul-americana.
A contribuição mais significativa para a incorporação do hábito de
consumo de hortaliças pelos brasileiros ocorreu com a chegada dos imi-
grantes japoneses, a partir de 1908. Depois de trabalharem nas grandes
fazendas de café, instalaram-se em pequenas propriedades ao redor da
cidade de São Paulo, formando o cinturão verde. Produziam em larga
escala e com técnicas modernas, as culturas hortícolas já conhecidas no
país e outras que eles mesmos trouxeram, como a couve-chinesa, a cou-
ve-rábano, o espinafre, a bardana, o rabanete, o repolho, a mostarda, o
broto de bambu e o broto de feijão.
O aumento da urbanização provocou um aumento do preço das terras
próximas às cidades e da demanda de alimentos, gerando a necessidade
de se aprimorar a produção das hortaliças, com a melhoria da tecnolo-
gia utilizada e aumento da produtividade. Com isso, a olericultura saiu
das proximidades das cidades, indo para locais com melhores condições
ecológicas (de solo e clima), ou de maior conveniência econômica (cus-
to de utilização da terra e da água). Assim, a horta evoluiu para a
olericultura empresarial, atendendo a demanda e exigência dos consu-
midores, tanto no aspecto da qualidade dos produtos, quanto ao sabor e
riqueza em vitaminas e minerais.
No entanto, é interessante notar que o nível de consumo das hortali-
ças relaciona-se com a renda pessoal, o grau de escolaridade e a cultura
geral da população de um país.
Na década de 1940, surgiu a Revolução Verde, onde devido à deman-
da crescente de alimentos, o cultivo era feito com a utilização dos “pa-
cotes tecnológicos” surgido no pós-guerra mundial (com as grandes so-
bras de material de guerra das indústrias química e mecânica), que in-
cluíam o uso da mecanização agrícola, de sementes híbridas seleciona-
das, adubos químicos e agrotóxicos para garantir o aumento da produti-
vidade. Esses pacotes tecnológicos chegaram a partir da década de 1960
no Brasil, com o apoio de políticas agrícolas de crédito rural e de cen-
tros e órgãos de pesquisa e extensão rural (como a EMBRAPA - Empresa
Brasileira de Pesquisas Agropecuárias e EMATER – Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural) que foram criados para a adequação de novas
variedades de produtos hortícolas à nossa realidade de clima e solo e
para auxiliar o produtor na utilização dos novos insumos (adubos quími-
cos, herbicidas, fungicidas, inseticidas, etc.).
Na década de 1970 foram implantadas as primeiras CEASA’s (Centrais
de Abastecimento S.A.) beneficiando a produção, com a comercializa-
ção sendo racionalizada num único local.
A década de 1980 é considerada importante para a olericultura brasi-
leira, com o lançamento de cultivares de hortaliças adaptadas às mais
diversas condições climáticas do território nacional, graças às ativida-
des da pesquisa oficial. Foi nessa época também, que a qualidade dos
alimentos passa a ser considerada como fator de segurança alimentar e
nutricional - já não basta produzir em quantidade suficiente para abas-
tecer a população e viabilizar as condições de acesso ao alimento, mas
também promover e manter a saúde do homem.
Com a chegada da década de 1990, aprofunda-se a crise ambiental no
mundo, havendo um grande questionamento sobre a influência da soci-
edade capitalista na natureza e também sobre a sustentabilidade do
modelo de exploração dos recursos naturais até então utilizados.
Na última década acentuou-se a implantação do sistema de cultivo
protegido em estufas e a hidroponia.
Em 1996, na Conferência da Alimentação realizada em Roma, a FAO
(Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) reco-
nhece o fracasso da Revolução Verde e o surgimento de uma Nova Revo-
lução Verde (ou Alternativa). Além disso, movimentos internacionais que
apontavam falhas na proposta química, começaram a propor soluções
para uma melhor convivência com os recursos naturais, criando siste-
mas de produção baseados em modelos que combatem a degradação do
meio ambiente e o esgotamento dos recursos naturais, garantindo ali-
mento e saúde tanto para a atual, quanto para as futuras gerações.
Nas Conferências das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o De-
senvolvimento, realizadas em 1972, 1982 e em 1992 (esta última no Rio
de Janeiro, conhecida como ECO-92 ou Rio-92), tornaram-se visíveis os
danos causados pela agricultura convencional (onde o objetivo principal
é o aumento da produção), mostrando que a agricultura era a fonte
difusa de poluição no planeta, causado, sobretudo, pelo uso excessivo
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Capitulo I - Classificação das hortaliças
de inseticidas. Com isso, buscou-se uma agricultura menos dependente
dos insumos químicos, onde se quer conciliar as necessidades econômi-
cas e sociais da população humana, com a preservação da base natural
do planeta, ou seja, o desenvolvimento sustentável.
Os métodos alternativos de produção, onde se prioriza a interação
entre solo-planta-clima-pragas e etc., começam a crescer, refletindo
uma mudança de atitude do ser humano em relação ao meio ambiente.
Em maio de 1999 o Ministério da Agricultura e do Abastecimento,
através da Instrução Normativa nº 07, aprova normas disciplinadoras
para a produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, iden-
tificação e certificação de produtos orgânicos no país.
Busca-se hoje, segundo os princípios da agroecologia, o restabeleci-
mento de uma relação saudável entre a natureza e a sociedade e a
consolidação da segurança alimentar e nutricional sustentável, como
opção para viabilizar a produção de alimentos de qualidade e fortalecer
a agricultura familiar.
CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS
Devido à grande quantidade de espécies envolvidas e as particulari-
dades de cada cultura, torna-se necessário uma metodologia capaz de
evidenciar as semelhanças e as diferenças botânicas ou de ordem tecno-
lógica entre essas culturas.
Por isso, procura-se agrupá-las didaticamente e, nesse sentido, exis-
tem várias classificações baseadas nas características comuns.
Uma classificação muito antiga considera, como critério para o
agrupamento, as partes utilizadas na alimentação humana, e que têm
valor comercial. Atualmente, tal classificação vem sendo utilizada,
com pequenas modificações, pelo sistema Nacional de Centrais de
Abastecimento.
A classificação é a seguinte:
• Hortaliças tuberosas - são aquelas cujas partes utilizáveis desenvol-
vem-se dentro do solo, compreendendo: tubérculos (batatinha, cará),
rizomas (inhame), bulbos (cebola, alho) e raízes tuberosas (cenoura,
beterraba, batata-doce, mandioquinha-salsa).
• Hortaliças herbáceas - aquelas cujas partes aproveitáveis situam-se
acima do solo, sendo tenras e suculentas: folhas (alface, taioba, repo-
lho, espinafre), talos e hastes (aspargo, funcho, aipo), flores e inflores-
cências (couve-flor, brócoli, alcachofra).
• Hortaliças-fruto - utiliza-se o fruto, verde ou maduro, todo ou em
parte: melancia, pimentão, quiabo, ervilha, tomate, jiló, berinje-
la, abóbora.
Outra classificação, mais simples, incorreta e pouco abrangente
também, e muito utilizada, é a que reúne todas as hortaliças em dois
grandes grupos: as “verduras” e os “legumes”. O critério para enqua-
drar as numerosas hortaliças cultivadas num ou noutro grupo, seria a
adequação ou não à tradicional embalagem que é a caixa tipo “K”
(de querosene, pois este produto era trazido, na época da Segunda
Guerra, neste tipo de caixa), também conhecida como caixa tipo “to-
mate”. Assim, os “legumes” seriam aquelas hortaliças consideradas
adaptadas a tal embalagem (hortaliças tuberosas e hortaliças fru-
tos); todas as demais (hortaliças herbáceas) seriam simploriamente
denominadas de “verduras”, mesmo que a cor verde não predomine.
Esses termos também são utilizados, freqüentemente, como sinôni-
mos de hortaliças.
Porém, o melhor critério para agrupar as culturas oleráceas, é con-
siderarmos o parentesco botânico das plantas, com a vantagem de se
basear em características muito estáveis. Assim, enquanto que os mé-
todos culturais utilizados ou as partes aproveitáveis na alimentação
podem variar de uma região para outra, conforme imposições econô-
micas ou por simples tradição regional, as características botânicas
são invariáveis. Esse tipo de classificação baseia-se no parentesco e
nas semelhanças entre elas, utilizando-se os órgãos vegetativos e re-
produtivos.
Para tanto, utilizamos três unidades taxonômicas que nos interessam
mais de perto:
• a família botânica - que é a reunião dos gêneros botânicos afins;
• o gênero botânico - que é o agrupamento de espécies afins;
• a espécie botânica - que é a unidade taxonômica básica, englobando
indivíduos vegetais muito semelhantes entre si.
Essas unidades são utilizadas desde os trabalhos pioneiros do célebre
professor sueco Karl von Linnée (1707 - 1775), adotando-se um sistema
binário de nomenclatura, em latim, aceito universalmente, que com-
preende o nome do gênero e o epíteto específico para designar uma
espécie botânica. Como exemplo, temos:
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Capitulo I - Classificação das hortaliças
VARIEDADE BOTÂNICA E VARIEDADE CULTIVADA
No meio técnico atual, o antigo termo “variedade”, no sentido de
uma variedade comercial plantada pelos olericultores, não vem sendo
mais utilizado. Tem sido substituído pelo termo “cultivar” (do inglês
cultivated variety), estabelecendo-se que sua abreviatura é cv. Define-
se cultivar como um grupo de plantas cultivadas, muito semelhantes
entre si, que se distingue por quaisquer características, como morfoló-
gicas, fisiológicas, químicas, citológicas, etc., como é o caso do rabane-
te, que pode ser comprido ou redondo, uma alface que suporta o calor
sem florescer, os diversos tipos de tomate existentes, etc. Tais caracte-
rísticas são mantidas inalteráveis durante a propagação da cultivar, por
via sexual ou vegetativa.
A variedade botânica ou varietas (em latim) não deve ser confundida
com “cultivar”. O termo varietas ou abreviando-se var. é uma unidade
taxonômica, utilizado logo após o nome da espécie botânica, para de-
signar uma população de plantas, dentro de um mesma espécie, mas
com aparência marcadamente diferente daquela. Um bom exemplo é o
da espécie botânica Brassica oleracea, originária da couve selvagem
mediterrânea, que abrange algumas varietas muito importantes, pois
são muito conhecidas entre nós:
Brassica oleracea var. capitata (repolho)
Brassica oleracea var. acephala (couve-manteiga)
Brassica oleracea var. tronchuda (couve tronchuda)
Brassica oleracea var. botrytis (couve-flor)
Brassica oleracea var. italica (brócoli)
Com isso, podemos definir bem uma determinada hortaliça. Exempli-
ficando novamente, o nome completo, do ponto de vista científico, téc-
nico ou comercial, de uma couve-flor brasileira, criada para condições
de verão quente, muito cultivada no centro-sul é:
Brassica oleracea var. botrytis cv. “Piracicaba precoce”.
FAMÍLIA BOTÂNICA NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO
Alliaceae cebola Allium cepa
Apiaceae cenoura Daucus carota
Apiaceae salsa Petroselinum crispum
Asteraceae alface Lactuca sativa
Brassicaceae couve-manteiga Brassica oleracea var. acephala
Brassicaceae rabanete Raphanus sativus
Brassicaceae rúcula Eruca sativa
Chenopodiaceae beterraba Beta vulgaris
Solanaceae tomate Lycopersicon esculentum
ANOTAÇÕES
II.AIMPORTÂNCIADAS HORTALIÇAS
NA ALIMENTAÇÃO HUMANA
Vera Lúcia T. Nakayama
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Capitulo II - A Importância das hortaliças na alimentação humana
A IMPORTÂNCIA DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental para a saú-
de, constituindo uma prática que contribui para o bem estar físico, mental
e social dos indivíduos.
A ciência da nutrição estuda os alimentos e suas relações com a saú-
de, o valor nutritivo dos alimentos, o metabolismo, o equilíbrio das die-
tas e os fatores que interferem na saúde, os quais podem ser sociais,
psicológicos, culturais e econômicos.
Nos últimos anos, a alimentação saudável tem sido alvo de destaque,
visando a longevidade e qualidade de vida. Prova disso são as matérias
divulgadas pela mídia, muito embora, nem sempre as informações se-
jam transmitidas com clareza e dotadas de comprovação científica. As-
sim sendo, é importante que o público esteja ciente dos riscos e benefí-
cios ao transformar um certo alimento como parte da rotina de sua
alimentação e não apenas se deixar levar pelos apelos nutricionais que
muitas vezes podem ser tendenciosos ou focados em apenas em um
aspecto de saúde.
GRUPOS DE ALIMENTOS
Através da ingestão de alimentos, o organismo recebe os nutrientes
necessários para seu funcionamento. Nutrientes são substâncias quími-
cas, com funções específicas no organismo. São eles: proteínas, vitami-
nas e sais minerais, carboidratos e lipídios.
Podemos dividir os alimentos em três grandes grupos, conforme a quan-
tidade de nutrientes que possuem em maior quantidade e sua função:
• Construtores: são os alimentos fontes de proteínas, nutrientes impor-
tantes para a construção e manutenção dos tecidos, formação de enzi-
mas, hormônios e anticorpos, entre outras funções.
- alimentos de origem animal = carnes, ovos, leite e derivados.
- leguminosas secas = feijões, grão-de-bico, lentilha, ervilha-seca.
• Reguladores: são os alimentos fontes de vitaminas e minerais, nutri-
entes que regulam o funcionamento do organismo, colaborando no apro-
veitamento de todos os outros nutrientes.
- alimentos de origem vegetal = verduras, legumes e frutas.
• Energéticos: são os alimentos fontes de carboidratos e lipídios, nutri-
entes que fornecem energia para todas as atividades do organismo.
- fontes de carboidratos = cereais, massas, farinhas, açúcar, feculentos
(batata, mandioca, etc.).
- fontes de lipídios = óleos e gorduras.
Para que uma refeição esteja qualitativamente equilibrada, é neces-
sário que contenha pelos menos um alimento de cada grupo. O hábito de
consumir alimentos variados é bastante saudável para que se garanta o
fornecimento de todos os nutrientes ao organismo, uma vez que não
existe alimento completo. A apresentação do prato, com diferentes co-
res e texturas, bem como com sabores diversificados, contribui para a
implantação de bons hábitos alimentares.
Em termos de quantidade, as necessidades variam conforme o sexo,
faixa etária e atividade física dos indivíduos.
VALOR NUTRICIONAL DAS HORTALIÇAS
Como vimos, as hortaliças, juntamente com as frutas, fazem parte dos
alimentos classificados como reguladores. Os benefícios que as verduras,
legumes e frutas podem propiciar ao organismo estão cada vez mais com-
provados por pesquisas científicas. Por esta razão, é muito importante
que seu consumo seja motivado desde a primeira infância para que bons
hábitos alimentares se instalem e perpetuem através das gerações.
• O que já se sabia?
Fontes de vitaminas e minerais têm sua importância pela função regu-
ladora e de prevenção de doenças carenciais.
Exemplos:
• Vitamina A: importante para a visão e para a manutenção da pele e
mucosas. Encontra-se nas hortaliças e frutas sob forma de caroteno,
que no organismo é convertido em Vitamina A. Fontes: vegetais e
frutas alaranjados (cenoura, abóbora, manga, mamão, etc.) e folhas
verde-escuras (agrião, almeirão, brócoli, couve, etc.).
• Vitamina C: importante para o organismo no combate às infecções
e no processo de cicatrização; facilita a absorção de ferro dos vege-
tais. Fontes: frutas cítricas, goiaba, mamão, acerola, kiwi, etc. e,
dentre as hortaliças, presente no pimentão verde, espinafre, couve,
brócoli, etc.
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Capitulo II - A Importância das hortaliças na alimentação humana
• O que há de novo?
Nos últimos anos, a ciência tem descoberto que alguns alimentos
podem ajudar a prevenir várias doenças porque contêm, entre outras
substâncias, os chamados compostos bioativos. Além das vitaminas e
minerais para evitar as doenças carenciais, têm componentes ativos
capazes de prevenir ou reduzir males que vão desde a prisão de ventre
até certos tipos de câncer e o envelhecimento precoce. Estes alimentos
estão sendo chamados de alimentos funcionais.
Grande parte dos alimentos funcionais em estudo faz parte do grupo
dos alimentos reguladores.
Existe uma série de compostos bioativos que estão sendo pesquisa-
dos. Citaremos alguns exemplos:
• licopeno: (pigmento vermelho, que dá cor ao tomate, à melancia,
etc.) - estudos mostram que tem propriedades anticancerígenas, atuan-
do como antioxidantes.
• Beta-carotenos: (pigmento amarelo-alaranjado da cenoura, abóbora,
mamão, etc.) - protegem as células do cérebro contra os efeitos dano-
sos dos radicais-livres.
• Glicosinolatos: compostos presentes em boa quantidade na couve-flor,
couve-manteiga, repolho, brócoli, etc. – ajudam o fígado a fazer uma
desintoxicação, eliminando as substâncias cancerígenas das células.
Além destas, lembramos que há várias outras substâncias funcionais
em estudo, mas não existe alimento milagroso. O grande segredo está
na variedade da alimentação, um alimento complementando o outro.
FIBRAS
As hortaliças também são importantes fontes de fibras, juntamente
com as frutas. Componentes dos alimentos vegetais, as fibras não po-
dem ser digeridas pelas secreções gastrointestinais e por isso, desempe-
nham funções de grande valor para o organismo, dentre elas:
• melhorar o trânsito intestinal
• ajudar a eliminar toxinas
• promover o aumento da saciedade
• proteger a flora bacteriana
• auxiliar no controle do diabetes
Obs.: É importante consumir líquidos para facilitar a ação das fibras.
A boa alimentação (nutrição) é uma condição essencial à saúde.
Tem sua eficácia quando praticada regularmente através de mudanças
de hábitos alimentares e não apenas como uma dieta de modismo.
A BASE DA SAÚDE É A NUTRIÇÃO E A MATÉRIA-PRIMA É O ALIMENTO
CONSUMO DIÁRIO RECOMENDADO DE HORTALIÇAS
As hortaliças devem ser consumidas diariamente, e de preferência
cruas, para que não tenham perdido as vitaminas no processo de
cozimento, e porque cruas dão maior saciedade. O consumo diário
ideal de hortaliças, no almoço e no jantar, é:
1 porção de verdura = 1 xícara de verdura crua ou ½ xícara de
verdura cozida, mais
1 porção de legume = ½ xícara
CONSUMO DIÁRIO RECOMENDADO DE FRUTAS
Além das hortaliças, as frutas também são alimentos ricos em
vitaminas e minerais e, por isso, também devem ser consumidas
diariamente, de preferência cruas, para não perderem as vita-
minas durante o cozimento. O consumo diário ideal de frutas é:
1 porção no café da manhã
1 porção antes do almoço
1 porção no lanche da tarde
1 porção como sobremesa do almoço
1 porção como sobremesa do jantar
1 porção = 1 fruta fresca de tamanho médio ou ½ xícara de fruta
picada ou ½ copo de suco de fruta.
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Capitulo II - A Importância das hortaliças na alimentação humana
Caso queira saber a quantidade de nutrientes que há em cada hor-
taliça, consulte a tabela de “VALOR NUTRITIVO DAS HORTALIÇAS” (Da-
dos extraídos das Tabelas de Composição de Alimentos de Guilherme
Franco e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE).
NUTRIENTE
Vitamina A
Vitamina E
Vitamina K
Vitamina B1
(Tiamina)
Vitamina B2
(Riboflavina)
Vitamina C
Cálcio
(Mineral)
Ferro
(Mineral)
HORTALIÇAS E FRUTAS FONTES
DE VITAMINAS E MINERAIS
Legumes e frutas de cor amarela forte, como: abóbora,
abóbora-moranga, cenoura, mamão , manga e outros.
Legumes verdes, como: aipo, aspargo, chuchu, jiló, pi-
mentão, quiabo e outros.
Verduras verde-escuras, como: agrião, almeirão, bró-
coli, chicória, couve, escarola, espinafre, folhas de be-
terraba, mostarda, salsa, vagem e outras.Algumas ver-
duras verdes, como a acelga e a alface.
Hortaliças verdes, como: agrião, alface, almeirão e outras.
Verduras verdes e folhosas, principalmente a couve, o
espinafre e outras.
Hortaliças verdes e folhosas, como: abobrinha, agrião,
alcachofra, almeirão, aspargo, couve, mostarda, repo-
lho, salsa, vagem e outras.
Hortaliças verdes e folhosas, como: abobrinha, agrião,
alcachofra, almeirão, aspargo, chuchu, couve-flor, es-
carola, espinafre, mostarda, salsa, vagem e outras.
Verduras folhosas cruas e frutas cítricas cruas são as
mais ricas, como: agrião, couve, pimentão; abacaxi,
caju, goiaba, laranja, limão e outras.
Hortaliças verdes, como: acelga, agrião, aipo, alcachofra, al-
meirão, brócoli, cebolinha, chuchu, couve, couve-flor, esca-
rola,espinafre,jiló,mostarda,quiabo,salsa,vagemeoutras.
Hortaliças verde-escuras, como: agrião, almeirão, acel-
ga, brócoli, couve, escarola, espinafre, mostarda, sal-
sa, vagem e outras.
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Capitulo II - A Importância das hortaliças na alimentação humana
VALOR NUTRICIONAL DAS HORTALIÇAS
HORTALIÇAS FIBRA HIDRATO DE PROTEINA GORDURA CALORIAS CALCIO FOSFORO FERRO A B1 B2 NIACINA C
% CARBONO (gr) (gr) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg)
Abobora 1,30 9,80 1,20 0,30 46,70 12 27 0,70 280 55 100 0,70 9,50
Abobrinha 0,50 6,00 1,00 0,20 29,80 15 30 0,56 5 230 160 2,90 5,80
Abobora Moranga 0,90 2,70 1,87 0,06 18,80 31 19 1,77 380 70 50 0,80 11,00
Acelga 1,00 5,60 1,60 0,40 32,40 110 29 3,60 292 30 90 0,40 34,00
Agrião 1,20 3,30 1,70 0,30 23,00 168 41 2,60 187 79 154 1,08 43,20
Aipo 1,10 3,30 1,10 0,00 21,20 72 46 0,70 92 48 47 0,24 11,90
Alcachofra 2,00 16,70 2,60 0,20 79,00 39 87 1,00 20 250 129 0,80 7,50
Alface 1,10 2,30 1,20 0,20 16,00 38 42 1,10 425 15 125 0,25 8,70
Alho Porró 2,10 29,30 5,30 0,20 134,00 38 134 1,04 0 224 74 0,29 14,00
Almeirão 1,80 4,10 1,70 0,20 20,00 70 23 1,70 263 213 120 0,40 11,00
Aspargo 2,60 3,30 1,80 0,20 22,70 25 39 1,00 70 130 190 1,59 30,00
Batata Doce 1,10 21,70 1,82 0,10 94,90 40 62 0,90 350 89 25 0,40 23,00
Batata Inglesa 0,40 17,60 1,80 0,10 78,50 9 69 1,00 6 90 30 1,50 17,40
Berinjela 1,90 3,90 1,00 - 19,60 17 29 0,40 5 60 45 0,60 1,20
Beterraba 1,10 9,00 3,00 0,10 48,90 32 40 2,50 2 50 50 0,38 35,20
Brocolos 3,50 5,50 3,30 0,22 37,00 400 70 15,00 350 54 350 1,60 82,70
Cará 5,10 15,80 1,30 0,20 70,20 18 96 0,50 2 660 45 2,20 0,00
Cebola 1,10 5,60 1,60 0,20 31,50 32 44 0,50 2 60 45 0,36 9,70
Cebolinha 0,00 5,30 1,20 0,30 26,90 27 31 0,40 8 35 45 0,23 35,00
Cenoura 1,10 10,70 1,20 0,40 50,30 56 46 0,60 1100 60 50 0,60 26,80
Chicória 1,80 2,90 1,60 0,20 21,00 29 27 1,50 330 70 140 0,50 6,80
Chuchu 1,70 19,50 2,45 0,10 91,40 5 76 1,60 2 30 40 0,40 10,80
Cogumelo 0,00 2,40 1,70 0,22 18,40 3 136 1,00 1 120 115 1,90 8,00
Couve 2,00 4,50 1,40 0,20 24,50 330 66 2,20 750 96 247 0,37 108,00
Couve-Flor 2,70 4,30 2,50 0,30 30,00 122 61 0,60 1850 90 110 0,70 72,00
Escarola 0,00 3,20 1,60 0,20 21,00 70 49 1,80 2000 70 250 0,40 6,00
Espinafre 2,90 2,60 2,30 0,10 22,30 95 92 3,08 585 70 100 0,60 15,30
Inhame 1,00 14,60 1,50 0,20 66,80 25 50 4,00 5 100 83 1,10 9,80
Jiló 1,20 7,00 1,40 1,10 38,00 22 34 1,00 66 70 70 1,00 12,40
Mandioca 0,00 33,00 2,00 0,20 141,80 43 140 0,50 2 300 72 2,20 49,00
Mandioquinha 0,60 29,20 1,50 0,30 125,50 45 101 0,67 20 60 40 3,40 28,00
Mostarda 2,00 4,00 2,30 0,30 28,00 221 66 5,66 700 110 220 0,80 57,30
Nabo 0,80 7,10 1,10 0,20 34,60 56 47 0,52 2 70 70 0,85 19,30
Palmito 0,00 5,20 2,20 0,20 26,00 86 79 0,80 0 46 89 0,71 9,70
Pepino 0,70 0,35 0,07 0,07 2,31 22 4 0,44 2 30 40 0,20 14,00
Pimentão Verde 1,80 5,70 1,30 0,20 29,00 12 28 0,40 123 53 52 0,82 0,00
Quiabo 1,00 7,40 1,80 0,20 38,60 62 19 0,50 31 40 80 0,60 25,80
Rabanete 1,60 2,80 0,60 0,13 15,90 138 64 1,71 0 30 30 0,30 18,30
Repolho 6,30 4,30 1,40 0,20 25,00 0,20 53 32,00 10 110 60 0,40 41,30
Salsa 3,30 8,50 3,20 0,60 43,00 195 52 3,10 7000 120 240 1,00 183,4
Tomate 1,00 3,40 1,00 0,30 20,00 9 43 1,67 60 80 113 0,45 34,30
Vagem 1,80 7,70 2,40 0,20 42,00 55 50 1,16 125 215 200 0,54 23,30
Fonte: Tabelas de Composição de Alimentos de Guilherme Franco, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA
ANOTAÇÕES
III. UTILIZAÇÃO DE PARTES NÃO
CONVENCIONAIS DAS HORTALIÇAS
Daniela Fagioli, Eliana Pereira Vellozo e Rosmari da Silva
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Capitulo III - Utlização de partes não convencionais das hortaliças
As hortaliças, assim como as frutas, são alimentos ricos em vitaminas,
minerais e água.Além desses nutrientes, também fornecem grande quanti-
dade de FIBRAS. As fibras são partes do alimento que não são digeridas e,
desta forma, aumentam o volume das fezes, ajudam sua saída e melhoram
o funcionamento do intestino. Também auxiliam no controle do diabetes,
do colesterol e dos triglicérides.As fibras são encontradas em grande quan-
tidade nas cascas, folhas, talos e bagaços das hortaliças e frutas. Por isso, é
importante que estas partes das hortaliças e frutas também sejam aprovei-
tadas, pois além de seu valor nutricional, são mais uma saudável alternati-
va para variar as preparações culinárias e evitar a monotonia alimentar.
SELEÇÃO E CONSERVAÇÃO DAS HORTALIÇAS
As hortaliças devem ser colhidas quando estiverem amadurecidas.
Depois de colhidas, devem ser lavadas para a retirada da terra, deixadas
para escorrer e depois selecionadas, tomando-se os seguintes cuidados:
• As folhas não devem estar queimadas, com pragas, amassadas e murchas;
• Os legumes não devem estar rachados, machucados e murchos;
• As hortaliças mais maduras devem ser separadas das mais verdes, con-
sumindo-se em primeiro lugar, as mais maduras.
Para melhor conservação, as hortaliças devem ser guardadas em saco
plástico, separadas por tipo de verdura ou legume, e colocadas na gave-
ta da parte mais baixa da geladeira.
MANIPULAÇÃO DAS HORTALIÇAS
Para que possamos consumir as hortaliças (verduras e legumes)
com segurança à nossa saúde, devemos manipulá-las observando-
se os seguintes cuidados:
• Lavá-las inteiras em água corrente.
• Deixá-las de molho por 15 minutos em água clorada, na proporção de:
10ml (= 1 colher de sopa) de cloro ou água sanitária para 1.000ml
de água (= 1 litro)
para matar os micróbios contidos nas hortaliças
• Lavar folha por folha das verduras e legume por legume
• Deixá-las de molho por 15 minutos na água com vinagre (agrim),
na proporção de:
10ml de vinagre (=1 colher de sopa) para 1.000ml de água (=1 litro)
para desprender das hortaliças, os micróbios mortos pela água clorada
• Lavar novamente as hortaliças em água corrente
para garantir a eliminação dos micróbios mortos das hortaliças
• Só depois destes procedimentos, cortá-las e prepará-las.
15
Capitulo III - Utlização de partes não convencionais das hortaliças
CUIDADOS NO PREPARO DAS HORTALIÇAS
• Faça, sempre que possível, o cozimento das hortaliças inteiras ou
cortadas em pedaços grandes.
• Faça o cozimento em panela fechada, para conservar a cor e os nutri-
entes (vitaminas e minerais).
• Cozinhe apenas o suficiente para que fiquem macias e não deixe
muito tempo no fogo, para evitar que percam o valor nutritivo.
• Junte o sal quando as hortaliças já estiveram macias.
• Coloque em panela com pouca água (apenas molhada), tampada e
em fogo baixo, as verduras folhosas, como o espinafre e a couve.
• Aproveite o líquido do cozimento das hortaliças para preparar outras
receitas, como arroz, feijão e molhos, pois nessa água está contida a
maior parte das vitaminas e minerais. Mas isso só deve ser feito se a
hortaliça foi cultivada sem o uso de agrotóxicos.
• Não utilize bicarbonato de sódio no cozimento, pois ele destrói as
substâncias nutritivas das hortaliças.
• Adicione gotas de limão à água de cozimento para acentuar a cor da
hortaliça.
• Adicione uma pitada de açúcar à água de cozimento para melhorar o
sabor das hortaliças.
• Consuma as verduras de folhas de preferência cruas porque, além de
conservar todas as vitaminas e minerais, fornecem maior quantidade
de fibras.
• Armazene inteiras as hortaliças frescas, que são mais ricas em vitaminas.
• Não deixe as hortaliças de molho, depois de cortadas ou descascadas.
• Aproveite as folhas e os talos, quando a hortaliça for cultivada sem o
uso de agrotóxicos.
• Não use agrotóxicos no plantio da horta, porque estes representam um
grande risco à saúde. As hortaliças que apresentarem odor de inseticida
NÃO devem ser consumidas, pois nem uma boa lavagem elimina o produto.
• Também é importante saber substituir as hortaliças dentro dos se-
guintes grupos:
FOLHAS: alface, couve, repolho, acelga, almeirão, escarola, espina-
fre, rúcula e outros.
LEGUMES: beterraba, chuchu, abobrinha, abóbora, cenoura, nabo e outros.
FECULENTOS: batata inglesa, batata doce, cará, mandioca ou aipim,
mandioquinha, inhame, rabanete e outros.
RECEITAS UTILIZANDO INTEGRALMENTE AS HORTALIÇAS
A seguir, sugerimos algumas receitas utilizando integralmente as hor-
taliças, aproveitando TALOS, CASCAS e FOLHAS, que são partes também
muito nutritivas e, por isso, não devem ser desprezadas.
DOCES
GELATINA DE BETERRABA
Ingredientes: Água na qual a beterraba foi cozida; açúcar; maise-
na. PREPARO: Lave bem as beterrabas e leve para cozinhar em água.
Separe a água do cozimento. Para cada ½ litro desta água, acrescen-
te uma colher (sopa) de maisena e açúcar a gosto. Mexa e leve para
gelar. Sirva.
PÃO DE AIPIM
Ingredientes: 4 colheres (sopa) de açúcar; 3 pratos de mesa de fari-
nha de trigo; 2 ovos; 4 colheres(sopa) de banha; 1 colher(café) sal; 1
prato de mesa de aipim cozido e amassado; 1 colher (sopa) de fermento
de pão; ½ xícara (chá) de leite.
Preparo: Desmanche o fermento no leite. Misture os ovos, a banha,
o aipim, o sal o açúcar e a farinha de trigo. Sove a massa e deixe-a
descansar até crescer. Divida a massa em pães e leve para assar no
forno. Sirva.
PÃO DE CARÁ
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de cará cozido e amassado; 4 xícaras
(chá) de farinha de trigo; 1 colher (sopa) de fermento fresco granulado
ou 1 tablete de fermento fresco; ½ xícara (chá) de leite; 1 ovo; 1colher
(sopa) de banha; 1 colher (sopa) de açúcar; 1 colher (café) sal; 1 colher
(café) de canela em pó.
Preparo: Deixe o fermento e o açúcar em repouso em leite morno
durante 15 minutos. Misture a farinha de trigo com o cará, o ovo e o sal,
a canela e a banha. Acrescente o fermento amassando bem. Deixe a
massa em repouso durante uma hora e meia. Faça os pães e deixe em
repouso mais meia hora, em assadeira untada e polvilhada. Leve para
assar em forno quente. Sirva.
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Capitulo III - Utlização de partes não convencionais das hortaliças
SALGADOS COM TALOS, FOLHAS OU CASCAS
ASSADO DE TALOS, FOLHAS OU CASCAS
Sugestão: Para esta receita use, cozidos ou refogados de: talos de
agrião, talos de beterraba, talos de brócoli, talos de couve, etc.; OU
folhas de beterraba, folhas de cenoura, folhas de nabo, folhas de
rabanete, etc.; OU cascas de abóbora japonesa ou cascas de chuchu.
IngredienteS: 4 xícaras (chá) de talos, folhas ou cascas, bem lava-
das, picadas e cozidas; 2 colheres (sopa) de queijo ralado; 1 xícara (chá)
de pão amanhecido molhado no leite; 2 ovos batidos; 1 cebola pequena
picada; 1 colher (sopa) de óleo; cheiro verde e sal a gosto.
Preparo: Bata as cascas cozidas no liquidificador ou passe na penei-
ra. Coloque a pasta obtida numa tigela e misture o restante dos ingredi-
entes. Unte um pirex ou forma com óleo ou margarina, despeje a massa
e leve para assar até que esteja dourada. Sirva quente.
BOLINHOS DE TALOS, FOLHAS OU CASCAS
Sugestão: Para esta receita use: talos de acelga, talos de agrião, talos
de brócoli, talos de couve, talos de couve-flor, etc.; OU folhas de beter-
raba, folhas de cenoura, folhas de nabo, folhas de rabanete, etc.; OU
cascas de chuchu.
Nota: No caso de utilizarem-se talos de brócoli, couve ou couve-flor,
recomenda-se que estes sejam submetidos a uma pré-fervura antes do
preparo, podendo aproveitar-se esta água para outras preparações (ar-
roz, sopa, etc.).
Ingredientes: 1 xícara (chá) de talos, folhas ou cascas, bem lavadas
e picadas; 2 ovos; 5 colheres (sopa) de farinha de trigo; ½ cebola pica-
da; 2 colheres (sopa) de água; sal a gosto; óleo para fritar.
Preparo: Bata bem os ovos e misture o restante dos ingredientes.
Frite os bolinhos às colheradas em óleo quente. Escorra os bolinhos em
papel absorvente. Sirva.
RECEITA COM SEMENTES
TIRA-GOSTO DE SEMENTES
Ingredientes: Sementes de abóbora ou melão, sal a gosto. PREPARO:
Leves bem as sementes e salgue-as. Deixe secar por 24 horas e leve ao
forno para tostar. Sirva.
RECEITAS COM TALOS
CARNE MOÍDA COM TALOS
Sugestão: Para esta receita use talos de beterraba, brócoli, cou-
ve, etc.
Experimente: Preparar esta receita utilizando cascas de chuchu bem
lavadas e cortadas em tiras finas.
Ingredientes: 1 xícara (chá) de carne moída; 3 xícaras (chá) de talos
bem lavados e cortados com 3 cm de comprimento; 2 tomates sem peles
e sementes; 1 cebola picada; 2 colheres (sopa) de óleo; cheiro-verde e
sal a gosto.
Preparo: Frite ligeiramente a cebola e o tomate no óleo. Acrescente
a carne moída e o restante dos ingredientes. Deixe cozinhar até que a
carne e os talos estejam macios. Sirva.
FRITURINHAS COM TALOS
Sugestão: Para esta receita use talos de beterraba, brócoli, etc.
Ingredientes: 1 xícara (chá) de talos bem lavados, cozidos e pica-
dos; 2 xícaras (chá) de farinha de trigo; 2 ovos; 2 colheres (sopa) de
cachaça; sal a gosto; óleo para fritar. PREPARO: Bata no liquidificador
os talos ou passe por peneira. Misture numa tigela os talos batidos, a
farinha de trigo, os ovos, a cachaça e o sal, até formar uma massa.
Estenda a massa e corte-a em rodelas com a ajuda de um copo. Junte
duas a duas unindo-as no centro. Frite-as em óleo quente e recheie e
gosto. Sirva.
MASSA VERDE PARA PANQUECA
Sugestão: Para esta receita use talos de agrião, talos de couve, talos
de couve-flor, etc.
Ingredientes: 1 xícara (chá) de talos bem lavados, cortados e co-
zidos; ¾ xícara (chá) de farinha de trigo ou 7 colheres (sopa) rasas; 1
xícara (chá) de leite; 2 ovos; ½ colher (chá) de sal; 1 colher (sopa) de
margarina.
Preparo: Bata no liquidificador os talos com o leite ou passe por
peneira. Junte os demais ingredientes e continue batendo. Unte uma
frigideira com óleo e coloque para fritar uma parte da massa que cubra
o fundo da frigideira (correspondente a uma concha ou colher de arroz).
Recheie a gosto. Sirva com molho de tomate ou molho branco.
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Capitulo III - Utlização de partes não convencionais das hortaliças
SALGADOS COM FOLHAS
FOLHAS REFOGADAS
Sugestão: Para esta receita use folhas de beterraba, brócoli, couve-
flor, nabo, rabanete, etc.
Ingredientes: 3 xícaras (chá) de folhas bem lavadas e picadas; 1 ce-
bola pequena picada; 1 dente de alho amassado (opcional); 2 colheres
(sopa) de óleo; sal a gosto. PREPARO: Frite no óleo, a cebola e o alho até
dourar. Junte as folhas e o sal. Misture bem e deixe cozinhar em fogo
baixo e panela tampada, no próprio suco, até que estejam cozidas. Se
necessário, acrescente água aos poucos, para não queimar. Sirva.
Atenção: Experimente usar esta receita para o recheio de tortas,
omeletes, pastéis, etc., ou servi-la com molho branco.
PÃO DE LEGUMES E FOLHAS
Sugestão: Para esta receita use folhas de beterraba, cenoura, nabo,
rabanete, etc.
Ingredientes: ½ beterraba crua bem lavada e cortada em pedaços; ½
chuchu cru bem lavado; 2 xícaras (chá) de folhas cruas bem lavadas e
picadas; 1 xícara (chá) do caldo dos legumes e folhas cozidas; 1 ovo; ½
xícara (chá) de água; 1 colher (chá) de açúcar; 3 colheres (chá) de sal; 15
gramas ou 1 tablete de fermento biológico ou de padaria; 3 colheres (sopa)
de óleo; 4 ½ xícaras (chá) de farinha de trigo.
Preparo: Bata no liquidificador a beterraba, o chuchu e as folhas, com a
água e o caldo dos legumes e folhas. Em seguida junte o ovo, o açúcar, o
sal, o fermento e o óleo e continue batendo até misturar bem. Coloque
numa vasilha a farinha de trigo e despeje a mistura do liquidificador. Amas-
se até desgrudar das mãos. Deixe a massa descansando para que cresça até
dobrar de volume. Amasse novamente e forme os pães. Coloque-os em
assadeira untada. Deixe crescer novamente. Coloque para assar em forno
com temperatura moderada por, aproximadamente, 40 minutos. Sirva.
POLENTA COM FOLHAS
Sugestão: Para esta receita use folhas de beterraba, couve-flor, nabo,
rabanete, etc.
Ingredientes: 3 xícaras (chá) de folhas bem lavadas, picadas e cozi-
das; 3 xícaras (chá) de fubá, sal a gosto, 2 colheres (sopa) de óleo, 1
cebola pequena picada, 1 dente de alho (opcional).
Preparo: Em uma panela funda coloque o óleo, o sal, a cebola e o
alho. Leve ao fogo para fritar, juntando em seguida as folhas. Acrescen-
te 1 litro de água fria. Quando abrir fervura, junte o fubá previamente
umedecido. Deixe cozinhar por uns 10 minutos, mexendo sempre. Sirva
a polenta quente ou fria.
Se quiser, também poderá cortar a polenta, fritá-la em óleo quente e
escorrê-la em papel absorvente, antes de servir.
SUFLÊ DE FOLHAS
Sugestão: Para esta receita use folhas de beterraba, cenoura,
nabo, rabanete, etc.
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de folhas bem lavadas, cozidas e pica-
das; 1 xícara (chá) de leite; 2 colheres (sopa) de farinha de trigo; 1
colher (sopa) de margarina ou óleo; 3 ovos, sal a gosto.
Preparo: Misture o leite, a farinha de trigo e a margarina ou o óleo.
Leve ao fogo mexendo sempre até engrossar. Retire do fogo, acrescente
as gemas e as folhas misturando bem. Coloque as claras em neve mistu-
rando cuidadosamente. Leve ao forno para assar em forma untada até
dourar. Sirva.
TORTA SALGADA
Sugestão: Para o recheio desta receita use folhas de beterraba,
brócoli, couve-flor, nabo, rabanete, etc., bem lavadas e refogadas
com tomate, óleo, cebola, alho (opcional), sal. INGREDIENTES: 2 xí-
caras (chá) de leite; 3 ovos; 1 xícara (chá) de óleo; 1 ½ xícara (chá)
de farinha de trigo, 1 colher (sopa) de fermento em pó; 1 colher
(sobremesa) de sal.
Preparo: Bata todos os ingredientes no liquidificador ou mistu-
re-os bem numa tigela. Para montar a torta, unte uma forma, des-
peje a metade da massa, despeje todo recheio e, por fim, despeje
o restante da massa. Leve para assar até que a massa esteja doura-
da. Sirva.
SALGADOS COM TALOS OU FOLHAS
FAROFA DE TALOS OU FOLHAS
Sugestão: Para esta receita use talos ou folhas de beterraba, brócoli,
couve-flor, nabo, rabanete.
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Capitulo III - Utlização de partes não convencionais das hortaliças
Ingredientes: 2 colheres (sopa) de margarina ou óleo; 2 colheres
(sopa) de cebola ralada; 2 xícaras (chá) de farinha de mandioca torra-
da ou farinha de milho; sal a gosto; talos ou folhas bem lavados, pica-
dos e refogados.
Preparo: Leve ao fogo a margarina ou o óleo e refogue a cebola até
dourar. Junte os talos ou folhas. Acrescente, aos poucos, a farinha de
mandioca ou a de milho e o sal. Mexa bem. Sirva.
SOPA DE TALOS OU FOLHAS
Sugestão: Para esta receita use talos ou folhas de acelga, agrião,
beterraba, cenoura, couve, nabo, rabanete, etc.
Ingredientes: 1 xícara (chá) de talos ou folhas bem lavados; 2 bata-
tas picadas; 1 cenoura picada, 1 xícara (chá) de caldo de carne; 1 ½
litro de água; temperos e sal a gosto. PREPARO: Pique bem, ou bata em
liquidificador com um pouco de água, os talos ou folhas. Coloque-os
numa panela com os demais ingredientes e leve ao fogo para cozinhar
até ficarem macios. Sirva.
OUTRAS RECEITAS DE SALGADOS
APERITIVO DE CASCAS DE BATATA
Ingredientes: casca de batatas, óleo para fritar, sal. PREPARO: Lave
bem as cascas de batatas e frite em óleo quente até ficarem douradas e
sequinhas. Tempere com sal. Sirva como aperitivo.
BOLO SALGADO DE CARÁ
Ingredientes: 1 quilo de cará; 5 unidades de batata de tamanho mé-
dio; 1 colher (sopa) de margarina; 2 ovos (separar as gemas e bater as
claras); sal, cheiro verde, óleo para fritar. PREPARO: Cozinhe o cará e a
batata. Amasse os dois, misturando-os bem. Junte a margarina, as ge-
mas, as claras batidas em neve, o sal e o cheiro verde cortado. Frite a
massa às colheradas em óleo quente. Sirva.
CROQUETE DE VAGEM DE ERVILHA
Ingredientes: 2 pires (café) de vagem de ervilha (= 200 gra-
mas); 2 colheres (sopa) de cebola ralada; 2 ovos batidos; 1 xícara
(chá) de farinha de rosca; sal e pimenta do reino a gosto, gordura
para fritar.
Preparo: Cozinhe as vagens de ervilha em um pouco d’água. Retire
do fogo e escorra quando estiverem macias. Bata em liquidificador a
vagem de ervilha cozida, os ovos, o tempero, a cebola e, aos poucos,
adicione a farinha de rosca, até atingir a consistência desejada. Frite a
massa às colheradas em gordura quente. Sirva.
CUSCUZ DE ESPINAFRE
Ingredientes: Carne de 3 carcaças de frango (250g); 2 pratos (sopa) de
espinafre cru e limpo; 1 colher (sopa) de óleo; 1 cebola média picada; e
dentes de alho picados; 3 tomates sem pele picados; 1 maço de cheiro
verde picado; 2 ovos cozidos picados; 3 colheres (chá) de sal; 1/3 de xícara
(chá) de farinha de mandioca; 2 xícaras (chá) de farinha de milho de flocos.
Preparo: Cozinhe as carcaças de frango em 2 litros de água, desfie a
carne e reserve. Cozinhe o espinafre (folhas e talos) em pouca água e reser-
ve. Coloque o óleo em uma panela, acrescente a cebola, o alho e refogue até
dourar. Junte os tomates e o cheiro verde. Acrescente o espinafre, sendo os
talos batidos no liquidificador com um pouco de água da cocção e as folhas
ligeiramente picadas. Junte os ovos e o sal.Adicione, aos poucos, as farinhas
de milho e mandioca, mexendo sempre até soltar do fundo da panela. Despe-
je a massa em forma umedecida com água. Deixe esfriar e desenforme.
Sirva. RENDIMENTO: 1 kg e 430 gramas ou 13 porções de 110 gramas.
FAROFA DE CASCAS DE BATATA
Ingredientes: cascas de batatas bem lavadas, farinha de mandioca,
óleo, cebola, alho, sal e salsa a gosto.
Preparo: Ferva as cascas de batatas e depois seque-as em frigideira
e reserve-as. Coloque em frigideira com óleo, a cebola e o alho e deixe
dourar. Acrescente as cascas secas e refogue um pouco. Adicione a fari-
nha de mandioca, o sal e a salsa. Sirva.
PATÊ DE TALO DE BETERRABA
Ingredientes: 1 copo de água (200 ml); 1 pires de chá de talos de
beterraba; 1 colher (sopa) de cebola picada; 1 colher (chá) de sal; 3
colheres (sopa) de maionese; 2 colheres (sopa) de óleo; sal, orégano,
pimenta do reino e salsa a gosto. PREPARO: Refogue os talos em pouca
água com sal por cinco minutos. Despreze a água que sobrar. Bata no
liquidificador, adicionando a maionese, a cebola e o óleo. Tempere a
gosto, com orégano, pimenta do reino e salsa. Sirva.
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Capitulo III - Utlização de partes não convencionais das hortaliças
PATÊ DE CASCA DE ABÓBORA-MORANGA
Ingredientes: 2 colheres (sopa) de óleo; 2 xícaras (chá) de casca de
abóbora; 1 colher (chá) de salsa picada; 1 colher (sopa) de cebola pica-
da; 1 dente de alho picado; 3 colheres (sopa) de maionese; ¼ de limão
em suco; orégano, sal e pimenta do reino a gosto. PREPARO: Cozinhe a
casca em água com óleo e condimentos por 10 minutos. Despreze a água
que sobrar. Bata no liquidificador. Adicione sal a gosto. Sirva.
PATÊ DE RAMA DE CENOURA
Ingredientes: 1 xícara (chá) de rama de cenoura; 1 ½ copo de água
(300 ml); 1 colher (chá) de sal; 3 colheres (sopa) de maionese; 1 colher
(sopa) de cebola picada; 2 colheres (sopa) de óleo; pimenta do reino e
orégano a gosto.
Preparo: Refogue as ramas em água com sal por 10 minutos.
Despreze a água que sobrar. Bata no liquidificador e adicione a
maionese, a cebola e o óleo. Tempere a gosto com orégano e pi-
menta do reino.
Montagem do Patê: Corte um pão de forma (sem fatiar) no sentido
longitudinal, em quatro camadas. Passe entre as camadas, um tipo de
patê por vez. Cubra os sanduíche, já montado, com maionese e decore
a gosto. Sirva. RENDIMENTO: 15 porções de 75 gramas.
SALGADINHO DE CARÁ
Ingredientes: 1 xícara (chá) de cará cozido e amassado; 1 xícara
(chá) de farinha de trigo; ½ xícara (chá) de manteiga; sal, pimenta e
outros temperos a gosto; queijo ralado. PREPARO: Amasse todos os in-
gredientes, menos o queijo. Abra a massa e corte em pequenos peda-
ços. Passe o queijo. Coloque na assadeira e leve ao forno quente para
corar. Sirva.
SUCOS
SUCO DE ABACAXI COM BETERRADA
Ingredientes: 6 fatias de tamanho grande de abacaxi (=300 gramas);
1 beterraba de tamanho médio (=100 gramas); 1 litro de água; 5
colheres(sopa) açúcar.
Preparo: Bata tudo no liquidificador.
Rendimento: 10 porções
SUCO DE LIMÃO COM COUVE
Ingredientes: 5 limões em suco; 5 folhas de couve; 5 colheres(sopa)
de açúcar; 1 litro de água.
Preparo: Bata tudo no liquidificador.
Rendimento: 10 porções
ANOTAÇÕES
IV.AGRICULTURACONVENCIONAL
X
AGRICULTURA ALTERNATIVA
Juscelino Nobuo Shiraki
22
Capitulo IV - Agriculutra tradicional x agricultura alternativa
AGRICULTURA CONVENCIONAL
A agricultura convencional é aquela baseada num conjunto de técnicas,
práticas e procedimentos agronômicos, seguindo padrões estabelecidos pela
pesquisa, dependente entre outras coisas, da mecanização intensa (maxi-
mização quanto ao uso de energia não renovável) e com redução da mão-
de-obra ao mínimo; do uso intensivo de produtos químicos sintéticos tanto
para repor os nutrientes absorvidos pelas plantas (fertilizantes sintéticos),
como para combater pragas e plantas daninhas (herbicidas, inseticidas,
fungicidas, etc.) e da adoção do regime agrícola de monocultura em áreas
extensas, com concentração de capital e recursos físicos.
O uso intensivo dos adubos químicos sintéticos e dos agrotóxicos,
neste modelo de agricultura, traz uma série de desvantagens, tais como:
a) Degradação do solo devido ao uso intensivo dos adubos químicos que
destrói a microvida e, com o tempo, há a salinização/acidificação do solo.
b) Destruição da biodiversidade pelo uso intensivo de agroquímicos e
pelo cultivo de uma só espécie (monocultura).
c) Produção de altos índices de toxicidade para quem aplica e não
utiliza os equipamentos de proteção individual.
d) Risco para quem consome quando não se respeita a data de carência
do produto aplicado, ou quando o produtor aplica o produto em doses
acima do recomendado.
AGRICULTURA ALTERNATIVA
A agricultura alternativa segundo a EMBRAPA (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária) é “um conjunto de sistemas de produção que
busca maximizar os benefícios sociais e a auto-sustentabilidade do sis-
tema produtivo, minimizar ou até eliminar a dependência de energia
não renovável (agroquímicos são obtidos do petróleo, que é uma fonte
de energia não renovável) e preservar o meio ambiente através da utili-
zação dos recursos naturais renováveis”.
Esses sistemas de produção têm como características:
a) O uso intensivo da matéria orgânica para manter a fertilidade do
solo e favorecer a microvida do solo.
b) A diversificação da propriedade quanto ao cultivo (policultura).
c) Minimização/eliminação do uso de energia fóssil (petróleo), insumos
(agroquímicos) e tecnologias importadas.
d) As práticas de cultivo mínimo e a integração da produção vege-
tal/animal.
e) Manutenção de matas nativas.
Dentro da agricultura alternativa, existem diversas linhas ou escolas:
• Agricultura biodinâmica - Surgiu com o filósofo Rudolf Steiner, no
início da década de 1920 e é definida como uma “ciência espiritual”,
ligada a antroposofia, em que a propriedade deve ser entendida como um
organismo. Possui uma base comum com as demais formas de produção
orgânicas, no que diz respeito à diversificação e integração das explora-
ções vegetais, animais e florestais; à adoção de esquemas de reciclagem
de resíduos vegetais/animais (produzidos dentro da propriedade) e ao uso
de nutrientes de baixa solubilidade/concentração. Difere das demais cor-
rentes orgânicas, basicamente em dois pontos: o primeiro é o uso de
preparados biodinâmicos, que são substâncias de origem mineral, vege-
tal e animal altamente diluídas (segundo os princípios da homeopatia)
aplicados no solo, nas plantas e nos compostos. Esses preparados têm por
objetivo favorecer a microvida do solo, de vitalizar as plantas e estimular
o seu crescimento e favorecer a decomposição do composto. O segundo é
o fato de efetuar as operações agrícolas (plantio, poda, raleio, demais
tratos culturais e colheita) de acordo com um calendário astral, conce-
dendo atenção especial à disposição da lua e dos planetas.
23
Capitulo IV - Agriculutra tradicional x agricultura alternativa
• Agricultura biológica - não apresenta vinculação religiosa. Surgiu na
década de 1930, na Suíça, com o Dr. Hans Müller, com o objetivo inicial de
buscar a autonomia do agricultor e a comercialização direta. A preocupa-
ção é a proteção ambiental, a qualidade biológica do alimento e desen-
volvimento de fontes renováveis de energia. Os princípios da agricultura
biológica são baseados na saúde da planta, que está associada à saúde do
solo, ou seja, uma planta bem nutrida, além de ficar mais resistente a
doenças e pragas, fornece ao homem um alimento de maior valor biológi-
co. Diferentemente da agricultura biodinâmica, a matéria orgânica utili-
zada pode vir de uma fonte externa à propriedade.
• Agricultura orgânica - não tem ligação a nenhum movimento religioso.
Foi criada pelo inglês Howard em 1905. É baseada na melhoria da fertilidade
do solo por um processo biológico natural, pelo uso da matéria orgânica, o
que é essencial para a saúde das plantas, assegurando uma vida intensa e rica
para a flora microbiana, pela qual a nutrição (alimentos com alto valor nutri-
tivo e impregnados de vitalidade) e a sanidade das plantas são plenamente
atendidas. Como as outras correntes essa proposta é totalmente contrária à
utilização de adubos químicos solúveis e de agrotóxicos (agroquímicos). Os
princípios são, basicamente, os mesmos da agricultura biológica e englobam
as práticas agrícolas da agricultura biodinâmica e natural.
• Agricultura natural - o modelo apresenta uma vinculação religiosa.
Em 1930, o filósofo japonês Mokiti Okada fundava uma religião (Igreja
Messiânica) baseada no princípio da purificação do espírito e, para tan-
to, deverá vir acompanhado da purificação do corpo, que é o resultado
do consumo de alimentos saudáveis, de alto valor biológico e livres de
adubos químicos e agrotóxicos. O princípio fundamental desta agricul-
tura é o de que as atividades agrícolas devem respeitar as leis da natu-
reza, reduzindo ao mínimo possível a interferência do homem sobre o
ecossistema e mantendo o sistema agrícola o mais próximo possível dos
sistemas naturais, já que a agricultura em si, é uma violência ao meio
ambiente. Na prática faz-se o uso de microrganismos eficientes (EM)
que são utilizados como inoculantes para o solo, as plantas e o composto
orgânico. Na compostagem também não se recomenda o uso de esterco
animal, pois argumenta-se que os dejetos animais aumentam o nível de
nitratos que atraem insetos e proliferam parasitas.
• Agricultura regenerativa - movimento que surgiu a partir da agri-
cultura orgânica. Este modelo reforça o fato de o agricultor buscar sua
independência pela potencialização dos recursos encontrados e criados
na própria unidade de produção agrícola, ao invés de buscar recursos
externos. Esse sistema possibilita uma rápida recuperação de áreas de-
gradáveis e de produção agrícola através de poda intensiva de árvores,
que acelera a incorporação de biomassa ao solo; intensivo controle de
sucessão vegetal; indução ao rejuvenescimento e intenso crescimento e
vigor que a poda provoca.
• Permacultura - modelo criado pelo Dr. Bill Mollison, na Austrália, a
partir das pesquisas de Masanobu Fukuoka, que defendia a idéia de arti-
ficializar o menos possível a produção, mantendo o sistema agrícola o
mais próximo possível dos sistemas naturais, com uma visão holística da
agricultura, com forte carga ética, buscando a integração entre a pro-
priedade e o ecossistema, com um modelo de sucessão de cultivos na
intenção de maximizar a produção, conservando os recursos naturais e
integrando espécies vegetais e animais perenes (de onde vem o nome
permacultura) ou autoperpetuantes úteis ao homem.
• Agricultura sustentável - conceito difundido no final dos anos 80 e
durante a década de 1990, não sendo um modo ou um sistema de produ-
ção e nem, ainda, um conjunto de práticas agrícolas. Trata-se mais de
um objetivo a ser atingido, um conceito de desenvolvimento ao qual se
pode chegar com modalidades de produção, com tecnologias que têm
uma base agroecológica. Tem como princípio buscar a auto-sustentabili-
dade e o uso racional dos recursos naturais.
• Agroecologia - é uma ciência que apresenta uma série de princípi-
os e metodologias para estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar
agrossistemas. Não é uma prática ou um sistema de produção. A agro-
ecologia vê os sistemas produtivos como uma unidade, onde os ciclos
minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e as
relações sócio-econômicas (entre pessoas, culturas, solos e animais)
são investigadas e analisadas como um todo.
Em síntese, podemos destacar que o ponto comum entre as diferentes
correntes que formam a base da agricultura orgânica é a busca de um
sistema de produção energeticamente sustentável no tempo e no espaço,
mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais; a não utilização
de produtos químicos agressivos à saúde humana e ao meio ambiente; a
manutenção e o incremento da fertilidade e a vida do solo, a diversidade
biológica e respeitando a integridade cultural dos agricultores.
24
Capitulo IV - Agriculutra tradicional x agricultura alternativa
BREVE COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS SISTEMAS
AGRICULTURA ORGÂNICAAGRICULTURA CONVENCIONAL
Objetivo do manejo: a planta Objetivo do manejo: o solo
Monocultura: uso unilateral do solo Policultivo: diversificação do uso do solo e plantas
Manejo baseado em 16 nutrientes Manejo baseado em 52 nutrientes (macro e micronutrientes)
Antibiose: eliminar os problemas por meio de “cidas” Probiose: equilibrar os problemas por meio de probióticos
(herbicidas, inseticidas, fungicidas, etc.) (vida controlando a vida)
Aumento da quantidade de minerais solúveis Aumento dos minerais na forma protéica (bactérias, fungos, actinomicetos)
Acréscimo gradual de adubos químicos e agrotóxicos Acréscimo gradual de adubos orgânicos
Indução de resistência nos patógenos (pragas e doenças) Enfraquecimento gradual na virulência de doenças
Menor sabor e aroma Maior sabor e aroma
Nutrição humana incompleta Nutrição humana completa
Produz à medida que degrada o meio ambiente Produz à medida que recupera e mantém a saúde do solo e ecossistema
Produção quantitativa Produção qualitativa
Não há controle de qualidade e origem A certificação orgânica implica em controle de qualidade dos aspectos
Fonte: Frutal 2001
25
Capitulo V - Planejamento da Horta
V. PLANEJAMENTO DA HORTA
Adão Luiz C. Martins
26
Capitulo V - Planejamento da Horta
INTRODUÇÃO
A horta é o local onde serão cul-
tivadas as hortaliças, plantas popu-
larmente conhecidas como verduras
e legumes. Seu tamanho dependerá
da disponibilidade de área, do ob-
jetivo da produção, do número de
pessoas envolvidas, da disponibilida-
de de tempo dessas pessoas, dos re-
cursos existentes, etc. Para dimen-
sionamento, considera-se uma área
de 10m2
por pessoa, em uma horta para autoconsumo. As hortaliças exi-
gem tratos culturais intensivos e diários: uma pessoa trabalhando em tor-
no de 2 a 3 horas por dia pode manter uma horta de 150 a 200m2
.
Em função da finalidade da produção, temos diferentes tipos de horta:
• Horta doméstica: para abastecimento de uma família;
• Horta comunitária: várias pessoas ou famílias envolvidas dividindo os
trabalhos, as despesas e os produtos;
• Horta escolar ou institucional: com finalidade didática/educativa nas
escolas e para abastecer instituições (ex.: orfanatos, asilos, etc.);
• Pequena horta comercial: visando complementação de renda em pe-
quena propriedade ou mesmo em casas com quintais grandes;
• Grande horta comercial: quando é a principal fonte de renda do agri-
cultor ou da propriedade.
De maneira simplificada podemos, então, separar a produção de horta-
liças em duas escalas:
Pequena Escala Grande Escala
nível caseiro ou comunitário nível comercial
diversas espécies poucas espécies
em pequenas hortas em hortas maiores
não visa produtividade visa alta produtividade
ou lucro e rentabilidade
A horta realizada de acordo com os princípios da agricultura orgâni-
ca deve ser baseada em um conjunto de procedimentos e técnicas,
que tem por objetivo propiciar um ambiente equilibrado para as plan-
tas e garantir a segurança ambiental, ocupacional (das pessoas envol-
vidas com a horta) e alimentar (os adubos químicos solúveis e os agro-
tóxicos ou defensivos agrícolas são proibidos, devendo-se utilizar fon-
tes orgânicas na adubação e métodos alternativos e ambientalmente
seguros, no controle de pragas e doenças das hortaliças).
No planejamento de uma horta a ser implantada, o espaço dispo-
nível deve ser dividido de forma a contemplar: área para a sementei-
ra - local onde são produzidas as mudas (em torno de 1% da área
total); área para guarda de ferramentas e insumos; área para a com-
postagem (prática imprescindível na agricultura orgânica) e armaze-
namento do composto e área para os canteiros de produção. A área
deve ser cercada, impedindo principalmente o acesso de animais in-
desejáveis. Em hortas comerciais, as mudas são normalmente produ-
zidas em estufas, em bandejas de isopor.
A realização de uma horta, além de possibilitar o consumo de horta-
liças frescas e sadias (isentas de agrotóxicos, quando cultivadas organi-
camente), traz inúmeros benefícios:
• Permite a prática do exercício ao ar livre rompendo o sedentarismo e
diminuindo o estresse das pessoas;
• Permite a integração das pessoas dentro da comunidade;
• Permite a complementação da renda familiar;
• Serve para o desenvolvimento de atividades de cunho terapêutico;
• Serve como instrumento para o desenvolvimento de atividades de
caráter pedagógico e de educação ambiental;
• Permite a melhoria da qualidade do meio, com a utilização de espa-
ços ociosos e/ou utilizados indevidamente.
Elementos necessários para a produção de hortaliças
• Meio onde a planta vai se desenvolver (solo, substratos preparados no
local ou comprados, etc);
• Sementes ou outros materiais de propagação das espécies de inte-
resse (mudas de estacas, rebentos, bulbos, tubérculos, estolões,
entre outros);
27
Capitulo V - Planejamento da Horta
• Água: de boa qualidade para não contaminar as hortaliças e o solo;
• Sol: a planta clorofilada precisa da luz solar para se desenvolver e
produzir carboidratos (glicose, amido) através da fotossíntese;
• Ar: a planta inteira respira (inclusive as raízes);
• Nutrientes: se o solo for pobre em nutrientes, temos que comple-
mentar por meio dos adubos;
• Mão-de-obra: a horta é uma atividade intensiva, exigente em mão-
de-obra (os tratos ou serviços diários devem ser divididos entre os
participantes – o sucesso de uma horta comunitária está diretamente
relacionado ao envolvimento e comprometimento das pessoas que
participam de sua execução);
• Ferramentas: enxada, enxadão, sacho, rastelo, pulverizador, car-
rinho de mão, regador ou mangueira de borracha, conjunto de
ferramentas de jardim (com colheres de transplante e rastelinho),
pás (curva, reta), forcado ou gadanho, etc.; em hortas comerci-
ais, utilizam-se máquinas e implementos agrícolas (arado, grade,
escarificador, enxada rotativa, etc.) nas diferentes operações;
• Outros insumos: calcário, caldas e preparados, biofertilizantes, etc.
ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DA HORTA
Escolha do local
Em áreas urbanas a escolha do local muitas vezes fica um pouco limi-
tada em função da disponibilidade de terreno (normalmente são áreas
pequenas, com muitas interferências), mas deve-se, na medida do pos-
sível dar preferência aos locais com as seguintes características:
• Proximidade de água de boa qualidade e em abundância;
• Proximidade das casas das famílias ou pessoas participantes da horta:
facilitar os trabalhos de manutenção da horta e evitar furtos;
• Área exposta ao sol o dia todo ou por pelo menos 4 a 6 horas diárias;
• Distante de árvores para evitar o sombreamento e competição por
nutrientes do solo;
• Terrenos não sujeitos a alagamentos ou encharcamentos e ligeira-
mente inclinados (para facilitar o escoamento do excesso de água);
• Áreas de solo de consistência média (areno-argilosa): se possível evi-
tar os solos muito argilosos ou arenosos.
Escolha das espécies
Esta etapa é muito importante, pois as espécies de hortaliças possuem
diferentes exigências climáticas, especialmente com relação à temperatura,
luz e umidade. A escolha de culturas e cultivares adaptados às condições
locais e às épocas de plantio é prática fundamental na agricultura orgânica.
No centro-sul do Brasil (inclui o Estado de São Paulo) a temperatura é
o fator que maior influência exerce sobre a produção de hortaliças: afeta
o desenvolvimento vegetativo, o florescimento, a frutificação, a forma-
ção das partes tuberosas ou bulbosas e a produção de sementes. Algumas
espécies se desenvolvem melhor em períodos mais quentes (primavera e
verão), outras em períodos mais amenos e frios (outono e inverno) e ou-
tras possuem cultivares adaptados ao ano todo (ex.: alface de verão e
alface de inverno; cenoura de verão e cenoura de inverno, etc.).
De um modo geral, as hortaliças encontram melhores condições de desen-
volvimento e produção quando o clima é ameno, com chuvas leves e pouco
freqüentes.As temperaturas elevadas favorecem o florescimento e aceleram
a maturação.As baixas temperaturas retardam o crescimento, a frutificação
e a maturação, podendo também induzir florescimento indesejável.
Da esquerda para direita: Sacho, pá estreita, pá larga,
rastelinho e em cima: pulverizador e regador
Da esquerda para direita: enxada, enxadão e rastelo
28
Capitulo V - Planejamento da Horta
Sem generalizar, podemos agrupá-las da seguinte forma:
• Hortaliças de folhas, raízes e bulbos: temperaturas mais amenas
(15 a 23ºC). Exemplos: alface, couve, almeirão, chicória, rúcula, espi-
nafre, cenoura, beterraba, rabanete, mandioquinha-salsa, alho, cebo-
la, etc.
• Hortaliças de frutos e condimentos: temperaturas mais elevadas
(18 a 30ºC). Exemplos: abóboras e morangas, berinjela, jiló, chuchu,
melancia, melão, pimentão, quiabo, salsa, coentro, etc.
Portanto, as diferentes exigências das espécies em temperatura é
que vão definir as épocas adequadas de plantio.
A luz solar é um dos fatores climáticos mais importantes para a
vida vegetal, pois é aquele que promove o processo da fotossínte-
se. O aumento da intensidade luminosa provoca o aumento da ati-
vidade fotossintética da planta e conseqüente aumento da produ-
ção de hidratos de carbono, elevando o teor de matéria seca nos
vegetais. A deficiência luminosa provoca um maior elongamento
celular, resultando no estiolamento da planta (aumento em altura
e extensão da parte aérea - caule, folhas, sem elevação do teor de
matéria seca).
A duração do período luminoso, denominado de fotoperíodo
(número de horas diárias de luz solar), influencia o crescimento
vegetativo, a floração e a produção de algumas hortaliças, como
o alho e a cebola. Ambas as espécies somente formam bulbos em
condições de comercialização, quando os dias têm a sua duração
acima de um certo número mínimo de horas de luz - característi-
ca que varia de um cultivar a outro. Exemplos: alho - o cultivar
“Branco Mineiro” adapta-se bem a dias curtos, quando plantado
no outono, em diferentes latitudes e altitudes; os cultivares “Gi-
gante-de-Lavínia” e “Amarante” são menos precoces, mais exi-
gentes em fotoperíodo, mas também produzem bons bulbos quando
plantados no outono na região do centro-sul; já os cultivares ar-
gentinos vegetam vigorosamente nessas condições, mas não bul-
bificam; cebola - cultivares de ciclo médio (“Baia Periforme”,
“Baia Periforme” “Piracicaba”, “Pira Ouro”, etc.) exigem foto-
período de 11 a 13 horas diárias de luz e são as mais indicadas
para o plantio no Estado de São Paulo; cultivares precoces (“Gra-
nex”, “Texas Grano 502”, etc.) exigem fotoperíodos de 10-12 horas
para a formação dos bulbos.
Outro fator climático importante é a umidade, uma vez que a água é
imprescindível à vida vegetal e constitui mais de 90% do peso da maioria
das hortaliças. O grau de umidade do ar influencia na perda de água das
plantas por meio da transpiração e o teor de umidade do solo influencia
a absorção de água e nutrientes pelas plantas. A umidade do solo pode
ser controlada por meio da irrigação, sendo esta uma prática imprescin-
dível ao cultivo de hortaliças. O alto teor de umidade do ar afeta o
estado fitossanitário das hortaliças, pois favorece o ataque de fungos e
bactérias patogênicos. A baixa umidade do ar, por outro lado, oferece
condições adequadas para a proliferação de ácaros.
Um aspecto importante a considerar no planejamento da horta
com relação às espécies, se refere à duração do ciclo de vida de cada
planta (período da semeadura à colheita), que vai determinar o perí-
odo de ocupação de cada canteiro com as diferentes espécies.
Preparo do terreno para semeadura ou plantio
29
Capitulo V - Planejamento da Horta
• Limpeza da área escolhida para a horta: capinação e amontoa do
mato em um ponto do terreno para decomposição e posterior incor-
poração ao solo (a queimada é prática proibida no manejo orgânico,
exceto para eliminação de plantas contaminadas por vírus e outras
doenças), retirada de entulhos, tocos e raízes de árvores, etc.
• Locais de fácil encharcamento: efetuar a drenagem da área.
• Revolvimento do solo: a uma profundidade de 20 a 25cm (aproxima-
damente um palmo) quebrando-se os torrões de terra e nivelando-se
o terreno. Em áreas pequenas usam-se o enxadão e enxada nesta
operação; em áreas grandes o arado e grade tracionados por trator
ou por animais (usar equipamentos que impeçam ao máximo a rever-
são das camadas de solo e a desagregação de sua estrutura). Nesta
operação pode-se aproveitar para incorporar corretivos (ex.: calcá-
rio) ou adubos orgânicos (ex.: estercos animais curtidos, compostos
orgânicos, etc.).
• Construção dos canteiros para sementeiras, semeadura direta e para
o transplante de mudas, com as seguintes dimensões: largura entre
0,80 e 1,20m; altura de 20 a 25cm e comprimento variável de acordo
com a dimensão do terreno, normalmente não superior a 10m, em
hortas para autoconsumo.
• Para algumas hortaliças não há necessidade de canteiros, bastando
revolver e destorroar a terra e, em seguida abrir as covas, adubar e
plantar (ex.: abóbora, quiabo, berinjela, jiló, couve, etc.);
• Distância entre canteiros (caminhos): 30 a 40cm. Os caminhos, bem
como as entrelinhas das plantas, devem ser mantidos e protegidos
com cobertura morta para controle do mato, manutenção da umida-
de e do equilíbrio térmico do solo;
• Nos terrenos com declive, os canteiros devem ser dispostos de ma-
neira que “cortem as águas”, ou seja, devem acompanhar as curvas
de nível do terreno, para diminuir perdas de solo por erosão; nos
terrenos planos, dispostos no sentido norte-sul;
• Devem apresentar a terra solta, sem torrões, pedras, raízes grandes,
e a superfície plana.
• Correção do solo (calagem e adubação orgânica): aplicação de cal-
cário para correção da acidez e dos adubos e compostos orgânicos
para correção das deficiências minerais e melhoria da bioestrutura
do solo. A calagem deve ser feita antecipadamente ao plantio, po-
dendo-se aplicar no sistema orgânico, no máximo 2t/ha/ano (equi-
vale a 200g/m2
). Com a melhoria do solo, pelas adubações orgâni-
cas freqüentes e incorporações de restos de vegetais, a calagem
pode ser suspensa.
O preparo do solo é uma das operações mais importantes para o su-
cesso do cultivo de hortaliças orgânicas, pois a manutenção de um solo
sadio, vivo e equilibrado é que garantirá o desenvolvimento de plantas
saudáveis, capazes de suportar as adversidades (fatores climáticos des-
favoráveis, ataques de pragas e doenças, entre outros).
ANOTAÇÕES
VI. PROPAGAÇÃO E PLANTIO
Juscelino Nobuo Shiraki
32
Capitulo VI - Propagação e plantio
A maioria das hortaliças é propagada por sementes e algumas pelo
plantio de suas partes vegetativas.
Devem-se utilizar sementes de hortaliças de boa qualidade e tam-
bém, dar preferência a cultivares brasileiros ou aquelas variedades já
consagradas pelos agricultores daqui.
Na hora da compra das sementes, deve-se ter o cuidado de escolher
a variedade mais adaptada ao local (clima) e à época de plantio (prima-
vera ou verão) que será feita. Deve-se preferir a compra de sementes
acondicionadas em sacos aluminizados, que foram estocados em local
seco, arejado e sombreado, prestando-se atenção no prazo de validade
anotado na embalagem.
Em alguns casos, as sementes que apresentam a casca (tegumento)
muito dura, devem ficar de molho em água por 24 horas para facilitar a
entrada de água e dar início à germinação. Como exemplo, temos o
espinafre, a abóbora, o quiabo, entre outros. Por último, utilize somen-
te as sementes que estiverem no fundo do recipiente, pois as que fica-
rem boiando quase sempre serão chochas e não irão germinar.
SEMENTEIRA
Corresponde ao local onde será
feito o cultivo das ‘mudinhas’ por
um determinado tempo, e depois,
será realizado o transplante para o
localdefinitivo(canteirosoucovas).
A sementeira será feita para
as hortaliças que formam “cabe-
ças” (ex.: alface, chicória, acel-
ga, entre outros), as que possu-
em sementes muito pequenas
(necessitam de boas condições
para germinar e crescer), ocorre demora na germinação, ou então, há
necessidade de cuidados especiais durante a germinação e seu desen-
volvimento inicial.
Para deixar as sementes bem espaçadas entre si, pode-se misturá-las
com partes iguais de areia fina ou terra peneirada para permitir melhor
distribuição dentro dos sulcos de plantio.
Para a sementeira, não é necessário o preparo de grandes áreas.
Ela pode ser feita em caixotes (furadas no fundo, com uma camada
de pedras embaixo, para facilitar o escoamento do excesso de água e
como substrato, pode-se usar uma mistura contendo partes iguais de
areia, terra de jardim e terra vegetal); ou em uma parte do canteiro,
onde a distribuição das sementes deverá ser uniforme e em sulcos dis-
tanciados de aproximadamente 10cm.
As sementes deverão estar a uma profundidade de, aproximadamen-
te, duas vezes o seu tamanho ou então, o equivalente a duas vezes o seu
maior diâmetro, pois quando semeadas muito rasas, as plantas não têm
o apoio necessário e quando muito fundas, têm dificuldade de romper a
camada de solo e atingir a superfície.
A cobertura deverá ser feita com uma fina camada de terra, de pre-
ferência peneirada e, em seguida, regada com regador de crivo fino,
para que as gotas de água não enterrem demais as sementes, ou as
espalhem para fora do sulco de semeadura.
É importante manter o solo da sementeira sempre úmido, sem exces-
sos, para que haja uma boa germinação.
TRANSPLANTE
Consiste na retirada das mu-
das da sementeira e replantio das
mesmas para o local definitivo
(em canteiros ou covas).
Deve ser feito quando as mu-
das estiverem com 4 a 6 folhas
definitivas ou com o tamanho
entre 4 a 5cm, para que o pega-
mento seja bom e não haja re-
tardamento no seu crescimento.
Deve-se molhar bem a semen-
teira, proceder à retirada das mudas (com a colher de jardineiro) com o
torrão de terra e desmanchá-lo com todo o cuidado para preservar as raí-
zes, e a seguir, escolher as de melhor aspecto (fortes e bem desenvolvidas)
e transplantar, com espaçamento variável de acordo com a espécie.
Com a colher de transplante, abrem-se as covas no local definitivo
(canteiro ou cova), e a seguir, é colocada uma muda por cova e, toman-
do o cuidado para que a raiz principal não fique enrolada durante o
Sementeira de alface Retirada das mudas de alface
33
Capitulo VI - Propagação e plantio
processo do transplante. Por fim, cobrir com terra a raiz e apertar um
pouco a terra ao redor das raízes para ficarem bem firmes e depois,
molhar bem o local (regar todos os dias, de manhã ou no final da tarde,
evitando regar nas horas de sol quente).
O ideal para realizar o transplante é no final de tarde, dias chuvosos
ou nublados, ou durante as horas mais frescas do dia, para um melhor
enraizamento.
A profundidade de plantio das mudas, no local definitivo, depende do
tipo de hortaliça, sendo:
• mudas de caule evidente: é o
caso do tomate, berinjela, pi-
mentão, couve-flor, repolho,
etc., que devem ser plantadas a
uma profundidade um pouco mai-
or do que aquela em que se en-
contravam na sementeira. Devem
ficar enterradas até a altura da
inserção no caule das folhas de-
finitivas mais velhas.
• mudas de caule pouco perceptível: como a beterraba, o espinafre, a
alface, a chicória, etc.; devem ser transplantadas de modo a ficarem
à mesma profundidade, em relação à superfície do solo, em que se
encontravam anteriormente na sementeira.
SEMEADURA DIRETA
As hortaliças de plantio direto podem se divididas em 3 grupos:
1. Culturas que são semeadas diretamente em covas amplas, distan-
ciadas por espaçamentos largos, como a abóbora, abobrinha, pepino,
quiabo, entre outras. São recomendados para plantas de grande porte,
que possuem ciclo longo de cultivo ou são perenes.
2. Culturas que são semeadas diretamente em sulcos, com espaça-
mento mais estreito, como o feijão, a vagem, entre outras. Para esta
forma de plantio, são recomendados para plantas de ciclo longo, ou me-
nos exigentes a tratos culturais, ou então, quando as partes vegetativas
de propagação são resistentes e permitem a colocação direta no solo.
3. Culturas que são semeadas em sulcos superficiais, abertos em
canteiros, como a cenoura, rabanete, nabo, acelga, beterraba, espina-
fre, entre outras. Recomendado para plantas de porte pequeno ou de
ciclo curto.
Quando a semeadura for em sulcos, procede-se da mesma forma fei-
ta nas sementeiras e, quando as plantas estiverem com aproximada-
mente 5 a 7cm, fazer o desbaste, ou seja, retirar algumas plantas para
dar mais espaço para as outras crescerem.
Quando a semeadura ou o plantio de mudas for em covas, abri-las com
o enxadão, de preferência com 30cm de profundidade e 30cm de boca,
com distâncias variando conforme o tipo de hortaliça a ser semeada ou
transplantada. Adicionar o composto orgânico na terra retirada e misturar
bem. Recolocar a terra adubada para dentro da cova e fazer uma cova
rasa (3 a 5cm ) e a seguir, colocar de 3 a 4 sementes por cova (realizar o
desbaste, deixando de 1 a 2 mudas por cova); ou então, colocar uma
muda por cova. Por fim, proceder a rega, que deve ser diária.
Sendo uma vez por dia no inverno ou duas vezes por dia no verão ou,
quantas vezes forem necessárias para manter o solo úmido, até que a
muda se estabeleça no local (sistema radicular bem desenvolvida que
explore um grande volume de solo, permitindo que as regas sejam mais
espaçadas).
PROPAGAÇÃO VEGETATIVA
Algumas hortaliças são propagadas pelo plantio de partes vegetativas
diversas (propagação assexuada), procedentes da planta-matriz e não
por sementes. Como exemplos, temos: agrião, alcachofra, alho, aspar-
go, batata-doce, batata, cará, cebolinha, couve-manteiga, inhame,
mandioquinha-salsa, morango e taioba. No caso da alcachofra, do as-
pargo, da cebolinha e da couve-manteiga, a propagação pode ser feita
por sementes ou vegetativamente; sendo que no segundo caso, há uma
redução no ciclo cultural, antecipando a colheita.
Quando a propagação se dá pelas partes vegetativas, a escolha das
matrizes é importante, pois o sucesso da cultura dependerá destas plan-
tas. Assim sendo, escolha plantas matrizes com as melhores caracterís-
ticas da espécie ou variedade. Não retire as mudas quando a planta
estiver em repouso (inverno) e por fim, não retire material de propaga-
ção quando a planta matriz estiver em flor.
Transplante de mudas de alface
34
Capitulo VI - Propagação e plantio
As estruturas de propagação vegetativa utilizadas podem ser classi-
ficadas em: rebentos, ramas, bulbilhos, tubérculos, perfilhos, esto-
lhos, etc. Elas são plantadas diretamente no local definitivo, em covas
ou sulcos.
As razões para que a propagação vegetativa seja a única utiliza-
da para determinadas espécies está relacionada com a incapacida-
de de produzir sementes férteis (como é o caso do alho),ou então,
as sementes são produzidas somente em condições ecológicas espe-
ciais (como a mandioquinha-salsa e a couve-manteiga). Também, a
propagação vegetativa torna-se interessante, devido à capacidade
de antecipar a colheita e a cultura ser idêntica a planta que se
deseja cultivar.
Como desvantagem nesse método, podemos citar o acúmulo de vírus e
outros patógenos, responsáveis pela perda de vigor e de produtividade.
Os exemplos de reprodução vegetativa são:
rebentos / perfilhos - são brotos laterais que surgem nas plantas
adultas ou ao redor delas, chamadas de mudas - ex.: alcachofra, couve,
cebolinha, mandioquinha-salsa.
ramas - utiliza-se pedaços de 20-30cm de comprimento das ramas ou
hastes de plantas adultas, enterrando-se inclinadamente mais da meta-
de - ex.: agrião, batata-doce, espinafre.
tubérculos - como é o caso da batata, cujos tubérculos devem ter de
3 a 4cm de tamanho e brotados (com brotos de 1 a 2cm de tamanho).
bulbilhos - no caso do alho, em que chamamos o bulbilho de dente,
devendo este ter 1 a 2 gramas de peso.
frutos - para o plantio do chuchu, usa-se o fruto com o broto de 15 a
20cm de altura.
estolhos - no caso do morango, utilizam-se os brotos que saem da
planta-mãe (caule rastejante que enraíza em contato com o solo).
Retirada de mudas (rebentos) de couve
35
Capitulo VII - O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo
VII. O SOLO:
CONCEITOS, COMPOSIÇÃO,
ATRIBUTOS IMPORTANTES
PARA O MANEJO
Adão Luiz C. Martins
36
Capitulo VII - O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo
CONCEITOS, FORMAÇÃO E PERFIL DO SOLO
O solo para o agricultor é o meio ou a terra onde ocorre o cresci-
mento das plantas e dos animais e de onde retira os produtos para
sua subsistência.
De modo geral, entende-se por solo, a camada de material não con-
solidado da superfície da crosta terrestre, modificada ou não pelo ho-
mem, que contém matéria viva e que é capaz de suportar plantas ao ar
livre. Desta definição, conclui-se, portanto, que o solo é uma estrutu-
ra viva, dinâmica e que deve possuir algumas características e propri-
edades para permitir a fixação e o crescimento das plantas.
O solo deve proporcionar a penetração das raízes e o suporte mecâni-
co; deve estar em uma condição capaz de fornecer água, ar e nutrien-
tes, em quantidades suficientes (nem excesso, nem deficiência) para
que, juntamente com oxigênio, gás carbônico, luz e calor, favoreçam o
crescimento de plantas saudáveis e equilibradas.
O solo forma-se a partir do intemperismo físico (desintegração), químico
(decomposição) e biológico (ação de excreções orgânicas ácidas produzidas
por microrganismos e plantas), sobre o material de origem (rocha-mãe), por
meio da ação do clima (calor do sol, água das chuvas, ventos) e organismos
vivos (microrganismos, vegetais, animais e homem) nas diversas formas de
relevo, ao longo do tempo (normalmente milhares de anos). A interação de
todos esses fatores é que levou à formação da grande diversidade de tipos de
solos existentes (com diferentes cores, profundidades, constituições, etc.).
Durante o processo de formação dos solos, a ação conjunta de fenômenos
físicos, químicos e biológicos faz com que os mesmos se organizem em cama-
das de aspecto e constituição diferentes, aproximadamente paralelas à su-
perfície, denominadas de horizontes. Ao conjunto de horizontes, num corte
vertical que vai da superfície até o material que deu origem ao solo, dá-se o
nome de perfil do solo (normalmente considera-se a profundidade de 2,0m).
O perfil de um solo bem desenvolvido possui basicamente 4 tipos de horizon-
tes, convencionalmente identificados pelas letras maiúsculas O, A, B e C.
COMPOSIÇÃO DO SOLO
O solo é um sistema poroso composto de matéria sólida (mineral e
orgânica) e espaços vazios ou poros, preenchidos com o ar e com a água
(de acordo com o tamanho, são divididos em macroporos e microporos):
• matéria inorgânica ou mineral: formada por partículas de diversos
tamanhos (cascalho, areia, argila, silte, etc);
• matéria orgânica: formada por restos vegetais e animais, em dife-
rentes estágios de decomposição e por organismos vivos (microrga-
nismos, minhocas, etc.);
• água do solo: também chamada solução do solo, é composta de água,
sais minerais dissolvidos e matérias coloidais em suspensão;
• ar do solo: composição diferente em relação ao ar atmosférico, em razão
do acúmulo de CO2
(na atmosfera, teor de CO2
≅ 0,03 % e no ar do solo ≅ 1%).
Considera-se que um solo ideal deve ter 50% de matéria sólida (45%
de matéria mineral e 5% de matéria orgânica) e 50% de porosidade (25%
dos poros para a água e 25% para o ar).
IMPORTÂNCIA DO SOLO NO CULTIVO ORGÂNICO DE HORTALIÇAS
No sistema orgânico de produção, o solo é considerado um organismo vivo e
complexo, e a meta principal é conservá-lo sadio para as gerações presentes e
futuras (princípio da sustentabilidade). Nesse sentido, a fertilidade de um solo
deve ser avaliada considerando não apenas o aspecto químico, ou seja, as
quantidades de nutrientes e de elementos tóxicos presentes, mas também o
aspecto físico (porosidade, capacidade de retenção de água e nutrientes, infil-
tração de água, aeração, ausência de camadas adensadas que impeçam o
desenvolvimento das raízes, bioestrutura, etc.) e o biológico (flora e fauna
benéficas, como fungos, bactérias, protozoários, insetos, minhocas e outros
vermes, que fazem a transformação da matéria orgânica em húmus, liberando
lentamente os nutrientes às plantas; formam a bioestrutura do solo e secretam
várias substâncias - vitaminas, enzimas, antibióticos, que favorecem o desen-
volvimento das plantas e controlam organismos nocivos). A planta deve explo-
rar o maior volume possível de solo, com aprofundamento de suas raízes,
tendo à sua disposição um maior reservatório de água e nutrientes.
Para atingir essa condição, lança-se mão de um conjunto de técnicas:
adubações orgânicas variadas e freqüentes (compostos, estercos, tortas, bi-
ofertilizantes, etc.), incorporação de restos de culturas, adubações verdes
com plantas de raízes profundas para romper camadas endurecidas e reciclar
nutrientes de outras camadas do solo, coberturas mortas, biodiversidade de
cultivos, correção do solo com materiais pouco solúveis e de forma equilibra-
da (calcários, pós e fosfatos de rocha), rotação e consorciação de culturas,
cultivo mínimo, em faixas e outras práticas conservacionistas.
37
Capitulo VII - O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo
Um solo é classificado como de:
• textura arenosa quando mais de 85% das partículas estão na fra-
ção areia;
• textura argilosa quando mais de 35% das partículas estão na fra-
ção argila;
• textura barrenta ou franca (média), quando ocorre equilíbrio entre
as frações.
O tamanho das partículas tem influência direta nas propriedades físi-
cas e químicas: normalmente as menores são mais ativas. Portanto, a
textura irá determinar no solo algumas características importantes: taxa
de infiltração de água no solo, capacidade de retenção de água e nutri-
entes, taxa de decomposição da matéria orgânica (maior no solo areno-
so), permeabilidade à água, grau de plasticidade, facilidade de trabalho
com máquinas e resistência à erosão.
Solo arenoso: fácil de se trabalhar, bem arejado, a água infiltra rapi-
damente, baixo armazenamento de água;
Solo argiloso: é mais pesado e difícil de se trabalhar, resistindo às
ferramentas; a água infiltra mais lentamente, porém apresenta melhor
capacidade de armazenamento de água.
ATRIBUTOS DO SOLO IMPORTANTES PARA O MANEJO
Cor do solo
É a característica morfológica de mais fácil visualização. Muitos no-
mes populares de solos são dados em função das respectivas colorações:
“terra roxa”, “terra preta”, entre outros. A cor também é enfatizada no
Sistema de Classificação de Solos: Latossolos Amarelos, Vermelhos; Ar-
gissolo vermelho-amarelo, etc.
A cor normalmente está relacionada com outras características ou
propriedades do solo:
• cores escuras: indicam altos teores de material orgânico decomposto;
• cor vermelha: indica boa drenagem interna e altos teores de ferro;
• cor cinza: indica que o solo é mal drenado, que permanentemente
tem excesso de água no perfil (baixadas próximas a rios e riachos);
• cores claras: boa drenagem, pobreza em matéria orgânica, maiores
teores de areia.
Textura
O termo textura se refere à proporção relativa das frações granulo-
métricas (areia, silte e argila) que compõem a massa do solo. As partícu-
las do solo têm tamanhos bastante variados: algumas são suficiente-
mente grandes para observação a olho nu (ex. areias), outras podem ser
vistas com o uso de lentes de bolso ou microscópio comum, enquanto as
restantes só podem ser observadas com auxílio de microscópio eletrôni-
co (ex. argilas).
As partículas podem ser agrupadas em 5 frações, de acordo com
o diâmetro:
argila < 0,002 mm
silte (limo) 0,002 – 0,02 mm
areia fina 0,02 – 0,2 mm
areia grossa 0,2 – 2 mm
cascalho 2 – 20 mm
pedras > 20 mm
Teste para verificar a textura do solo
38
Capitulo VII - O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo
Estrutura
A estrutura define como as partículas de areia, silte e argila estão
ligadas entre si e se existem poros entre elas. Estas partículas, em condi-
ções naturais, encontram-se aglomeradas em partículas compostas refe-
ridas com freqüência como agregados ou torrões. A estrutura é o aspecto
do conjunto dos torrões que ocorrem no solo. As principais substâncias
que atuam como agente cimentante, unindo aquelas partículas, são a
matéria orgânica, as argilas e os óxidos de ferro. Os organismos vivos do
solo contribuem para a formação e estabilização de sua estrutura.
A estrutura define a maior ou menor porosidade do solo e a proporção
de macroporos e microporos. O solo ideal tem 50% de matéria sólida e
50% de poros, assemelhando-se a uma esponja.
Um solo é mal estruturado ou compactado, quando não há água nem
ar em quantidades suficientes; a água não consegue se infiltrar no solo
reduzindo a capacidade de armazenamento de água deste e causando
erosão. A falta de água pode provocar a elevação da temperatura do
solo, a diminuição da absorção de nutrientes pelas plantas, a destruição
da matéria orgânica e os conseqüentes prejuízos aos microrganismos do
solo. Por outro lado, um encharcamento e falta de ar no solo provoca o
abaixamento da temperatura, o retardamento ou paralisação da decom-
posição da matéria orgânica, a diminuição das reações químicas que
tornam os nutrientes disponíveis, o aumento da atividade de microrga-
nismos prejudiciais e a dissolução de ferro e manganês em grandes quan-
tidades, atingindo níveis que são tóxicos para as plantas.
Existem alguns indicadores simples que revelam a situação da estru-
tura do solo. A presença de certas plantas invasoras como a guanxuma e
o assa-peixe indicam a compactação do solo. Já a presença de carqueja
e gramíneas baixas e de folhas muito estreitas, indicam excesso de água
ou má aeração. Outro indicativo da má estrutura do solo é o acúmulo de
pó na superfície e a ocorrência de nuvens de poeira em dias com ventos.
Matéria orgânica (MO)
A matéria orgânica é proveniente da acumulação e decomposição
de restos de origem vegetal ou animal: raízes, folhas, frutos, corpos
de animais, estercos, etc. Os materiais adicionados passam por di-
versas transformações, tornando-se com o tempo, em um produto
escuro, finamente dividido e relativamente estável, onde não se iden-
tifica o material que lhe deu origem, denominado de húmus. A MO
acumula-se no solo até um nível de equilíbrio entre as adições e as
perdas por decomposição.
Entre os diversos benefícios da MO, podemos destacar:
• é condicionadora do solo: através de suas longas cadeias orgânicas,
agrega partículas minerais e confere ao solo condições favoráveis de
porosidade, melhorando a permeabilidade e a capacidade de reten-
ção de água;
• é responsável, em grande parte, pela capacidade de retenção de
nutrientes dos solos, evitando perdas por lixiviação (carregamen-
to dos nutrientes por meio da água, ao longo do perfil do solo),
fazendo com que os mesmos fiquem fora da zona de exploração
das raízes das plantas;
• serve como fonte de energia para o desenvolvimento dos microrga-
nismos do solo: alguns são muito importantes, como as bactérias que
fixam o nitrogênio do ar, cedendo-os às plantas e os microrganismos
que fazem a decomposição da matéria orgânica fresca, liberando os
nutrientes N, P, K, Ca, S, etc., além de secretarem substâncias ativas
como hormônios, antibióticos e enzimas, que aumentam a atividade
biológica e auxiliam no controle de populações de organismos noci-
vos, como pragas e patógenos presentes no solo;
• é uma fonte de macro e micronutrientes, liberados lentamente para
as plantas (o que é interessante no cultivo orgânico);
• imobiliza elementos tóxicos e em excesso (Al, Mn, etc.) e exerce
poder tampão no solo (ajuda a manter o pH estável).
É muito importante manter o teor de matéria orgânica acima de um
valor mínimo no solo (manter na faixa de 2 a 5%), o que não é fácil na
condição tropical, uma vez que o calor e a umidade existentes nas regiões
quentes promovem a aceleração dos processos de decomposição da MO.
Reação do solo (acidez e alcalinidade)
O grau de acidez de um solo é medido pela concentração de íons
hidrogênio (H+
) na solução do solo e é normalmente expresso pelo sím-
bolo pH (p = potencial; H = Hidrogênio). A escala de pH vai de 0 a 14,
sendo 7 o ponto médio, onde se diz que o pH é neutro. Acima de 7 se diz
39
Capitulo VII - O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo
que o solo tem reação alcalina ou básica, e abaixo de 7 que o solo tem
reação ácida. A maioria das hortaliças se desenvolve bem em valores de
pH variando de 5,5 a 6,8.
Os solos podem ser naturalmente ácidos em razão da pobreza do
material de origem em Ca, Mg, K e Na (bases), ou através de processos
de formação ou de manejo de solos que levam à perda destas bases e,
portanto, à acidificação. Adubações nitrogenadas com adubos químicos
solúveis provocam a acidificação dos solos.
Na maioria dos casos, não é a acidez em si que prejudica o cresci-
mento dos vegetais e sim os fenômenos colaterais que ela ocasiona:
aparecimento de elementos tóxicos (alumínio), insolubilização de al-
guns elementos (fósforo e boro), remoção de outros por substituição nas
partículas do solo (cálcio, magnésio e potássio que são substituídos por
hidrogênio e alumínio).
O processo de acidificação é comum em regiões de clima úmido:
lavagem progressiva pela água das chuvas, de quantidades apreciáveis
de bases (Ca, Mg, Na e K), que são substituídas inicialmente por hidro-
gênio e depois por alumínio. A incorporação de materiais orgânicos nos
solos, principalmente nos mais arenosos, ajuda a diminuir a perda des-
tes nutrientes, pela grande capacidade de retenção e troca de nutri-
entes que a matéria orgânica possui, ajudando desta forma a manter o
pH mais estável e os nutrientes disponíveis para as plantas. A maior
parte dos solos brasileiros são ácidos e, portanto, deverão ser corrigi-
dos para permitir o bom desenvolvimento das plantas. Em regiões ári-
das e semi-áridas (como o sertão nordestino), podem ocorrer solos
neutros e alcalinos em razão do acúmulo de sais no solo, dada a escas-
sez de chuvas.
Para se conhecer o grau de acidez do solo ou o valor do seu pH deve-
se recorrer à análise do solo, devidamente amostrado. Porém, algumas
plantas como samambaias e sapé são indicadoras de acidez do solo.
AMOSTRAGEM DO SOLO PARA ANÁLISE
Para conhecer a fertilidade de um solo recorre-se à análise química,
em laboratórios especializados. Para que se obtenham resultados confi-
áveis, de nada adianta uma análise bem feita se a amostra enviada ao
laboratório não for representativa da área que se quer conhecer e culti-
var. A amostra a ser enviada é uma quantidade de terra, em geral de 300
a 500g, retirada de uma mistura de diversas amostras de um mesmo tipo
de solo (é uma amostra média). A amostragem do solo deve ser feita
seguindo os passos abaixo:
• dividir a propriedade em áreas homogêneas (mesmo tipo de solo,
vegetação e manejo): para cada área retira-se uma amostra confor-
me passos seguintes;
• na área a ser amostrada, caminhe em zigue-zague distribuindo os
pontos de coleta em toda área (em torno de 20 pontos);
• em cada ponto, limpe a superfície do solo (retire o mato, pedras,
etc.) e abra uma cova até a profundidade de 20cm; com auxílio de
um enxadão ou pá reta (vanga), retire uma fatia de terra, cortando
de cima até o fundo da cova, e coloque em um balde;
• ao final de todos os pontos, misture bem toda a terra do balde e
retire cerca de meio quilo; se a amostra estiver úmida, deixe secar
à sombra;
• embale a amostra em saco plástico ou caixa de papelão e cole uma
etiqueta identificando seu nome, município, nome da propriedade,
número da amostra, planta cultivada, endereço e telefone para con-
tato; envie ao laboratório (pode ser por meio do correio ou entre-
gue pessoalmente).
Amostras de solo
ANOTAÇÕES
VIII. NUTRIÇÃO MINERAL, CALAGEM
E ADUBAÇÃO DAS HORTALIÇAS
Adão Luiz C. Martins
42
Capitulo VIII - Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças
ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA AS HORTALIÇAS
As hortaliças, assim como as demais plantas, precisam para viver de
16 elementos ou nutrientes:
• Orgânicos: Carbono (C), Hidrogênio (H) e Oxigênio (O).
• Minerais:
- Macronutrientes: Nitrogênio (N), Fósforo (P); Potássio (K), Cálcio (Ca),
Magnésio (Mg), Enxofre (S);
- Micronutrientes: Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manga-
nês (Mn), Molibdênio (Mo), e Zinco (Zn).
Algumas plantas necessitam ainda de sódio (Na), cobalto (Co), silício
(Si) e níquel (Ni).
Os elementos orgânicos são fornecidos pelo ar e pela água. Os mine-
rais vêm do solo, e quando o solo não é capaz de fornecê-los nas quan-
tidades e proporções exigidas tem-se que recorrer aos adubos.
Os adubos devem, portanto, cobrir as diferenças entre as quantida-
des exigidas pela planta de interesse e as quantidades fornecidas pelo
solo. No sistema orgânico de produção são utilizadas diversas técnicas
para se obter um solo sadio e equilibrado, sendo permitida apenas a
utilização de fontes minerais pouco solúveis e orgânicas na adubação,
que vão liberar lentamente os nutrientes exigidos pelas plantas, man-
tendo o equilíbrio químico e biológico no solo.
ABSORÇÃO E EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES PELAS HORTALIÇAS
As hortaliças obtêm os nutrientes que necessitam através da absor-
ção pelas raízes, dos elementos existentes na solução do solo. Entende-
se por absorção o processo pelo qual o elemento passa do substrato
(solo, solução nutritiva) para dentro da célula vegetal da raiz.
As hortaliças absorvem maiores quantidades de macro e micronutri-
entes por hectare (ha) cultivado e em menor espaço de tempo, em rela-
ção às grandes culturas (cereais, citros, café, etc.). Essa característica
aliada ao caráter intensivo de utilização do solo, com plantios contínuos
ao longo do ano e à maior produtividade das hortaliças quando compara-
das a outras culturas contribuem para um rápido esgotamento do solo,
razão porque se deve ter atenção especial às adubações orgânicas e
outras práticas que contribuam para manter a fertilidade do solo (física,
química e biológica).
Os macronutrientes secundários (Ca, Mg e S) são tão importantes
quanto os primários (N, P e K), sendo as hortaliças particularmente exi-
gentes em Ca, extraindo quantidades maiores deste nutriente do que de
P, em muitos casos. O potássio (K) é o elemento extraído em maior
quantidade, seguido do N, para a maioria das hortaliças.
Embora cada espécie de hortaliça apresente as suas exigências nu-
tricionais, podemos destacar algumas que são comuns a determinados
grupos ou famílias botânicas. As solanáceas (tomate, pimentão, jiló,
berinjela) são muito exigentes em Ca e Mg. As brassicáceas (couve-
manteiga, repolho, couve-flor, brócoli) são especialmente exigentes
em S, assim como a cebola e o tomate. Com relação aos micronutrien-
tes, as brassicáceas (principalmente a couve-flor) são muito exigentes
em B e Mo. Outras hortaliças, tais como tomate, alho, beterraba, ce-
noura e repolho, também tem sido apontadas como deficientes em B,
com freqüência. Sintomas de carência de Zn têm sido observados em
alho, batata e beterraba. No cultivo orgânico, essas deficiências de
micronutrientes são corrigidas com a utilização de compostos orgâni-
cos e biofertilizantes.
IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DOS NUTRIENTES
Para que um vegetal se desenvolva, ele necessita de alguns requisitos
indispensáveis: local favorável à fixação de suas raízes, temperatura
adequada, luz solar, água, quantidade suficiente de nutrientes, etc.,
condições atendidas em maior ou menor proporção pelas condições do
solo onde se encontra.
Atendidas as necessidades básicas acima mencionadas, os vegetais
superiores providos de clorofila, partindo do C, H e O, retirados do ar e
da água e de diversos elementos procedentes do solo (nutrientes), con-
seguem com o auxílio da energia fornecida pela luz solar, sintetizar a
matéria orgânica necessária à sua própria formação.
Assim, através da fotossíntese, as plantas têm a capacidade de for-
mar em suas células clorofiladas, inicialmente compostos orgânicos de
estrutura simples, depois partindo para compostos de estrutura mais
complexa, como celulose, amido, açúcares diversos, ácidos orgânicos,
gorduras, proteínas, enzimas, vitaminas, etc.
Além de participarem da fotossíntese, os nutrientes desempenham
outras funções nas plantas:
43
Capitulo VIII - Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças
• Nitrogênio (N): promove a formação das proteínas vegetais, auxilia a
formação da folhagem e favorece o rápido crescimento das plantas;
• Fósforo (P): estimula o crescimento e formação das raízes; aumenta
o perfilhamento; importante para o florescimento e formação dos
grãos e sementes;
• Potássio (K): controla a entrada e saída de água e CO2
nas folhas;
aumenta a resistência das plantas a doenças, ao acamamento e à
seca; melhora a qualidade dos frutos;
• Cálcio (Ca): faz parte da parede celular das células das plantas, au-
mentando o vigor e a resistência das folhas e caules; atua na formação
e pegamento de frutos jovens e no enraizamento em profundidade;
• Magnésio (Mg): faz parte da molécula de clorofila, que é responsável
pela captação de energia solar na fotossíntese; na sua presença, as
plantas absorvem mais fósforo (P);
• Enxofre (S): entra na composição das proteínas e na formação de
grãos e sementes; quando ligado ao Ca, favorece a sua migração para
o subsolo, atraindo as raízes;
• Boro (B): atua no transporte de carboidratos (açúcares) das folhas
para os órgãos armazenadores das plantas (grãos, raízes e caules);
importante na multiplicação e crescimento das células; auxilia no
pegamento da florada;
• Zinco (Zn): é ativador de enzimas e participa da síntese de um im-
portante hormônio de crescimento (auxina); participa da síntese de
proteínas; estimula o crescimento e a frutificação.
CORREÇÃO DA ACIDEZ (CALAGEM)
A reação do solo (ácida ou alcalina) é o primeiro fator que precisa ser
conhecido, pois a calagem é feita com antecedência aos cultivos e até
mesmo ao preparo do solo.
Como já foi visto anteriormente, os elementos que causam a acidez
são o H e o Al (alumínio), este último tóxico às plantas, e o processo de
acidificação do solo se dá pela remoção das bases (Ca, Mg, K e Na) e
substituição pelo H e Al. As adubações com adubos nitrogenados tam-
bém causam a acidificação dos solos.
A neutralização da acidez é feita através da operação denominada
calagem, que consiste em aplicar a lanço no solo, em área total, deter-
minados materiais que têm a capacidade de neutralizar a acidez do
solo. O material corretivo mais utilizado é o calcário, que é uma rocha
calcária moída. Quimicamente o calcário consiste basicamente de car-
bonato de cálcio (CaCO3
) que é um sal de baixíssima solubilidade, mas
que, na presença de gás carbônico e água, participa de reações que
resultam na neutralização da acidez do solo.
A neutralização da acidez ocorrerá mais rapidamente quanto mais
fino for o calcário e quanto melhor for a mistura com o solo, não se
esquecendo de irrigar o solo caso não chova, pois a reação só ocorre
com a presença da água.
Quanto ao teor de Mg (óxido de magnésio) os calcários podem ser
classificados em três tipos:
• Calcíticos: < 5% MgO
• Magnesianos: 5 a 12% MgO
• Dolomíticos: > 12% MgO
O calcário deve ser aplicado antecipadamente ao plantio (pelo me-
nos com 20 a 30 dias de antecedência), distribuído uniformemente e
incorporado na maior profundidade possível (20 a 30cm). A necessidade
de calcário é calculada através dos dados da análise de solo.
Nocultivoorgâniconãosãoaceitasaplicaçõeselevadasdecalcáriodeumasó
vez. Recomenda-se a aplicação de no máximo 2t/ha, o que equivale a 200g/m2,
para não provocar desequilíbrios entre os nutrientes do solo. É importante tam-
bém manter relações equilibradas entre os nutrientes Ca, Mg e K no solo: 3 a 4
partes de Ca para 1 parte de magnésio (Ca/Mg = 3-4 : 1); 9 a 12 partes de Ca para
1 parte de K (Ca/K = 9-12 : 1) e 3 partes de Mg para 1 parte de K (Mg/K = 3 : 1).
O conhecimento de como estão os teores desses elementos, por meio da
análise do solo, permite escolher a melhor forma de calcário a ser aplicado
(dolomítico, calcítico ou magnesiano), procurando estabelecer essas relações.
Isso significa, por exemplo, que em um solo com baixo teor de Mg, devo utilizar
um calcário mais rico em Mg (dolomítico ou magnesiano) e em solos onde os
teoresdeMgjáestãoemníveisadequadosouatéelevados,devoutilizarcalcário
calcítico (tem bastante Ca e pouco Mg), para manter uma boa relação Ca/Mg.
44
Capitulo VIII - Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças
ADUBAÇÃO DAS HORTALIÇAS
Os solos cultivados podem perder seus nutrientes por meio de vários
processos: remoção pelas colheitas sucessivas; arrastamento das partí-
culas do solo pela erosão e por meio da lixiviação (lavagem dos nutrien-
tes para as partes mais profundas do perfil do solo).
Considerando que as plantas de uma determinada espécie possuem
sempre a mesma exigência em nutrientes, para que as mesmas sejam
supridas em suas necessidades, será necessário repor os nutrientes per-
didos. A reposição dos nutrientes ou a complementação do que está
faltando no solo, é feita por meio da operação denominada adubação,
utilizando-se os adubos ou fertilizantes.
Na agricultura orgânica a adubação tem como foco principal o solo,
diferentemente da convencional em que o foco é a planta. Interessa no
cultivo orgânico manter o solo saudável e rico em organismos vivos, bené-
ficos ao solo e às plantas. Para que isso ocorra, empregam-se prioritaria-
mente adubações orgânicas de fontes variadas, complementando-se com
fontes minerais permitidas (pouco solúveis). Os adubos orgânicos, por
liberarem lentamente os nutrientes para as plantas, não favorecem a
infestação e desenvolvimento de insetos ou microrganismos nocivos.
Os adubos podem ser classificados em vários tipos: minerais, orgâni-
cos e organominerais. Dentro dos orgânicos, existe uma modalidade co-
nhecida como adubo verde.
• Minerais ou químicos: são sais muito solúveis, simples ou formula-
dos, que apresentam um ou mais nutrientes, normalmente em concen-
trações bem maiores quando comparados aos orgânicos, de liberação
rápida ao meio; fabricados em escala industrial a partir de moléculas
extraídas do petróleo (recurso não renovável). O uso destes adubos é
proibido em agricultura orgânica, entre outros motivos, pelas altera-
ções das condições químicas e biológicas do solo e os efeitos sobre os
processos de absorção e metabolismos das plantas, com estímulos à pro-
teólise (quebra das proteínas), acumulando substâncias simples na seiva
(aminoácidos, glicose, etc.) e tornando-as mais susceptíveis ao ataque
de pragas e doenças.
Exemplos: uréia (44% N), sulfato de amônio (20% N e 22 a 24% S), super-
fosfato simples (18% P2
O5
, 10% S e 18 a 20% Ca), termofosfato (17% P2
O5
e 18
a 20% Ca), cloreto de potássio (58% K2
O); sulfato de potássio (48% K2
O e 15
-17% S); bórax (11% B); sulfato de Zn (20% Zn), sulfato de cobre (13% Cu);
fórmulas 10-10-10 (10% de N, 10% de P e 10% de K), 4-14-8, 20-5-20, etc.
Em cultivos convencionais, onde os adubos químicos são utilizados,
podem ser aplicados no plantio ou em cobertura; no solo ou via foliar. As
quantidades a serem aplicadas baseiam-se nos resultados da análise do
solo. A adubação de plantio é a melhor época para fornecer os macro-
nutrientes (P, K, Ca, Mg e S). O nitrogênio (N) é aplicado apenas parcial-
mente nesta época, ficando a maior parte para aplicação em cobertura,
em doses parceladas nos momentos mais importantes do ciclo da planta
(para evitar perdas por lixiviação). Parte do K também pode ser aplicada
em cobertura. Os micronutrientes são aplicados no solo juntamente com
os outros adubos e/ou nas folhas. Exemplo: para brócoli, couve-flor e
repolho recomenda-se a aplicação de 3 a 4kg/ha de B juntamente com os
demais adubos minerais no plantio e a pulverização das folhas por três
vezes durante o ciclo, com solução de ácido bórico (1g/litro de água).
• Orgânicos: são produtos de origem vegetal ou animal que, aplica-
dos ao solo em quantidades e em épocas e maneiras adequadas, propor-
cionam melhorias de suas propriedades físicas, químicas e biológicas,
fornecendo às raízes nutrientes suficientes para produzir colheitas com-
pensadoras, com produtos de boa qualidade, sem causar danos ao
solo, à planta ou ao ambiente. Exemplos:
A aplicação de fertilizantes orgânicos em hortaliças é altamente eco-
nômica, apesar do custo crescente do transporte. São usados estercos
de animais, materiais vegetais triturados, compostos, tortas vegetais,
etc. É fundamental a aplicação do material já fermentado ou “curtido”,
com pouca umidade e peneirado, para facilidade de aplicação de ma-
neira uniforme sobre a área a ser plantada com hortaliças. A aplicação
Material Umidade % %N %P %K
Esterco de bovinos 70 0,56 0,21 0,56
Esterco de eqüinos - 1,67 1,00 1,19
Esterco de aves (seco) 8 2,2 2,0 1,3
Composto de lixo 5-75 0,3-1,0 0,2-2,0 0,2-1,5
Torta de mamona 10 7,4 1,6 1,1
Bagaço de cana 72 0,38 0,15 0,17
Palha de arroz 15 0,67 0,27 1,27
Palha de café 12 1,30 0,31 1,80
45
Capitulo VIII - Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças
dos fertilizantes orgânicos deve ser feita na área total dos canteiros,
sulcos ou covas, incorporando-se uniformemente, com antecedência de
30 a 40 dias ao plantio das hortaliças.
O preparo e a utilização de compostos orgânicos tem se mostrado
superior a outros adubos orgânicos, em razão da compostagem inviabili-
zar a germinação de sementes de plantas daninhas e diminuir a ação de
alguns patógenos (ex. Fusarium e Rizoctonia), muitas vezes presentes
em materiais vegetais crus. Além desses efeitos, o processo e tempo de
fermentação de diversos tipos de material orgânico, contribuem tam-
bém para eliminar vermes e outros agentes causadores de doenças em
seres humanos.
Um dos adubos orgânicos que vem sendo bastante utilizado, prin-
cipalmente pelos adeptos da agricultura natural e orgânica, é o
Bokashi, um adubo orgânico concentrado, rico em N, P e K, podendo
ser aplicado tanto no preparo do solo como em cobertura. Tem como
vantagens, em relação ao composto de volumoso comum (feito com
resíduos palhosos e estercos), a maior concentração em nutrientes e
a produção mais rápida (7 a 21 dias). Existem diferentes formula-
ções, variando de acordo com a espécie de hortaliça a ser produzida
e com a Fonte (idealizador):
1- Bokashi solo:
indicado para hortaliças folhosas (Fonte: Takahashi, citado por Pentea-
do, 2000)
• Ingredientes: 500kg solo argiloso, 200kg farelo ou torta de mamona,
50kg farinha de osso, 50kg farinha de peixe, 30kg farelo de arroz, 170kg
de esterco de galinha seco, 3kg farinha de mandioca, 5kg açúcar masca-
vo, inoculante: 2kg de Bain-Food ou 2 litros de EM-4 e 40 litros água.
• Inoculante: fazer um mingau com 3kg de farinha de mandioca
(ou outra fonte de amido) e 40 litros de água. Após fervura, retira-se
do fogo e acrescenta-se o açúcar mascavo. Quando esfriar, acrescen-
ta-se o inoculante.
• Preparo: misturar os ingredientes, acrescentar o inoculante prepa-
rado e molhar até 50-55% de umidade (ao apertar um punhado na mão,
não escorre água entre os dedos e forma um “bolinho” que se esboroa
facilmente). Revirar de 2 a 3 vezes ao dia, quando aquecer muito a pilha
(temperatura > 50°C). Estará pronto para uso em 5 a 7 dias.
2- Bokashi solo:
indicado para hortaliças de frutos (Fonte: Estação de Agricultura Or-
gânica de São Roque. Fórmula Shimamoto Seibutzu (Japão), citado por
Penteado, 2000)
• Ingredientes: 500kg terra, 200kg torta de mamona, 100kg farinha
de osso, 50kg farinha de peixe, 60kg de farelo de arroz, 30kg de carvão,
5kg açúcar mascavo, 3kg farinha de mandioca, 2kg inoculante Bain-Food
e 40 litros água;
• Inoculante e preparo: idem receita 1.
• Organominerais: são fertilizantes procedentes da mistura ou combi-
nação de fertilizantes minerais e orgânicos, contendo na sua fórmula no
mínimo 25% de matéria orgânica total e no mínimo de 12% da soma dos
teores dos nutrientes N, P e K.
• Adubos verdes: adubação verde é a prática de se cultivar certos vege-
tais com o objetivo de incorporá-los posteriormente ao solo. Os vegetais
mais indicados e usados são as leguminosas, que além de fornecerem
grande quantidade de matéria orgânica (20 a 60 toneladas de massa
verde por hectare), incorporam o N do ar através da fixação simbiótica
(bactérias do gênero Rhizobium que vivem nos nódulos das raízes das
leguminosas). As mais conhecidas são: soja, mucuna, feijão-de-porco,
guandu, crotalária, etc. Também se pode utilizar plantas da família das
gramíneas (ex.: aveia-preta, milho, etc.) que produzem grande quanti-
dade de biomassa vegetal, fornecendo carbono, aumentando a matéria
orgânica do solo e favorecendo os microrganismos.
FONTES PERMITIDAS EM AGRICULTURA ORGÂNICA
Fontes de nitrogênio (N) e matéria orgânica: estercos de ani-
mais (aves, bovinos, eqüinos, etc., preferencialmente composta-
dos), cama de currais e aviários, esterco líquido e urina (estabiliza-
dos), biofertilizantes, adubos verdes, compostos orgânicos, tortas,
vinhaças, húmus de minhoca, palhas e restos vegetais compostados
ou não, etc.
Fontes de fósforo (P): fosfatos naturais de Araxá, farinha de ossos e
termofosfatos.
46
Capitulo VIII - Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças
Fontes de potássio (K): cinzas vegetais, resíduos (cascas de café),
pó de granito e basalto, sulfato de potássio (com restrições, deven-
do-se comunicar à Certificadora no caso do cultivo orgânico).
Fontes de micronutrientes: biofertilizantes, supermagro, algas, pós
de rochas (basalto e granito).
• Biofertilizantes: são fertilizantes líquidos obtidos da degradação
da matéria orgânica (estercos ou restos vegetais) em condições aeró-
bias e anaeróbias em biodigestor. Além de seu efeito nutricional, for-
necendo proteínas, enzimas, vitaminas, antibióticos naturais, alca-
lóides, macro e micronutrientes, também são utilizados como defen-
sivo natural, devido à presença do microrganismo Bacillus subtillis,
aumentando o vigor e a resistência das plantas às pragas e doenças.
Existem várias receitas de biofertilizantes:
• Receita 1 (mais simples): esterco de gado + água (em um tambor de
200 litros colocam-se 50 a 80kg de esterco fresco e completa-se o volu-
me com água);
• Receita 2: 40kg de esterco fresco + 20 a 40kg de capins picados + água;
• Receita 3 (enriquecido com P e K): 50kg de esterco fresco de gado + 15kg
de farinha de ossos + 5kg de cinzas de madeira + 4kg de melaço de cana.
A adição de açúcar ou melaço (pode ser acrescentado em qualquer
receita) favorece a fermentação. Quando a receita for preparada na
forma anaeróbia (em local fechado), devem ser adotados os seguintes
procedimentos: fechar hermeticamente o tambor com uma tampa, dei-
xar um espaço de no mínimo 20cm entre o líquido e a tampa para
evitar o expansão dos gases e o estouro do tambor, inserir uma man-
gueira plástica na tampa do tambor, bem vedada, mergulhando-se a
outra extremidade em um recipiente com água (os gases vão escapar e
borbulhar na água, indicando que o material está fermentando). Dei-
xar fermentar por 30 a 40 dias. Para utilização, deve-se coar o biofer-
tilizante e diluir em água (1 a 5%, ou seja, de 1 a 5 litros em 100 litros
de água), em seguida pulverizar as plantas ou regar o solo.
- Supermagro: é uma das formas mais conhecidas de biofertilizante,
produzido a partir da mistura de esterco de curral com um complexo
de micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn, Cl, Co, Mo, Zn) e produtos de
origem animal (leite, farinha de osso, farinha de peixe, sangue, etc.).
É indicado como fonte suplementar de micronutrientes para as plan-
tas e para aumentar a resistência às pragas e doenças. Recomenda-se
aplicar na concentração de 1 a 5% (2% para frutíferas e hortaliças em
geral e 4% para o tomate), em intervalos de uma semana para tomate
e hortaliças de frutos e de 10 a 20 dias para as demais hortaliças.
RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO
Em escala comercial as recomendações de adubação são feitas a par-
tir dos resultados da análise do solo. Caso a opção seja por adubos orgâ-
nicos, normalmente será utilizada grande quantidade, uma vez que os
mesmos possuem baixos teores de nutrientes para as plantas: é comum
recomendações da ordem de 80 a 100t/ha de esterco bovino curtido em
cultivo de alface, almeirão, etc.
A relação entre o esterco de galinha e o bovino é de 1:4 (uma
parte de esterco de galinha corresponde a 4 de esterco bovino). Para
a torta de mamona fermentada, a relação é 1:10 (uma parte de torta
de mamona corresponde a 10 partes de esterco bovino ou de curral).
Exemplos: deve-se aplicar para as hortaliças folhosas (alface, almei-
rão, chicória, escarola, rúcula e agrião d’água) no plantio: 60 a 80t/
ha de esterco de curral ou 15 a 20t/ha de esterco de galinha; para as
brassicáceas (brócoli, couve-flor, repolho) deve-se aplicar 40 a 60t/
ha de esterco de curral ou 10 a 15t/ha de esterco de galinha (Boletim
100 do IAC).
Para adubação de pequenas hortas, em solos de média fertilidade,
recomenda-se a seguinte adubação:
A. Para hortaliças plantadas em sementeiras e canteiros
(quantidade por metro quadrado)
Esterco de curral (bovino) .............................. 15 – 20 litros
Superfosfato simples .....................................150 a 200g *
Cloreto de potássio ........................................ 20 a 50g *
47
Capitulo VIII - Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças
B. Para hortaliças plantadas em covas
Esterco de curral ......................................... 1,5 a 2 litros
Super simples ..............................................200 a 300g *
Cloreto de potássio ......................................... 20 a 30g *
ou
Mesma quantidade de esterco + 200 a 300g da fórmula 4-14-8 *
* No cultivo orgânico, esses adubos minerais devem ser substituídos por fontes naturais e orgâ-
nicas (P = fosfato de rocha natural, termofosfato ou farinha de ossos, na mesma quantidade; K =
cinzas vegetais, na quantidade de 200 a 500g).
O esterco de curral pode ser substituído por: composto orgânico
(quantidade igual), esterco de galinha (um quarto da quantidade de
esterco de curral) ou torta de mamona (um décimo da quantidade).
Também se pode adubar os canteiros com composto e complementar
com bokashi na proporção de 500g/m2
(hortaliças folhosas) e 300g/
cova (hortaliças de frutos), além de pulverizações com biofertilizan-
tes (a cada 10 a 15 dias).
Adubação orgânica do canteiro
ANOTAÇÕES
IX. COMPOSTAGEM:
PREPARO DO COMPOSTO ORGÂNICO
Helen Elisa C. R. Bevilacqua
50
Capitulo IX - Compostagem: preparo do composto orgânico
Na natureza a decomposição da matéria orgânica ocorre naturalmen-
te, onde os materiais considerados "lixo", como os restos de animais e
vegetais, são transformados pelos microrganismos existentes no solo,
em elementos utilizados na nutrição das plantas e na melhoria das con-
dições físicas e biológicas do solo.
A compostagem é a técnica para se obter mais rapidamente e em
melhores condições a estabilização da matéria orgânica, formando o
composto orgânico, que totalmente decomposto, ou estabilizado, resul-
ta no húmus (resultado final da decomposição da matéria orgânica).
O composto orgânico é o resultado da decomposição biológica da
matéria orgânica na presença do oxigênio do ar e água, tendo como
produto final, além do composto, o desprendimento de gás carbônico,
calor e vapor d'água, reduzindo o peso e o volume do material inicial-
mente utilizado (redução de um terço a metade do volume inicial). Quanto
mais variada for a mistura de materiais, melhor será o composto obtido.
O composto pronto tem um aspecto homogêneo, cor escura (marrom
café), cheiro agradável de terra, estrutura de grãos pequenos, onde não
se pode mais distinguir o material de origem e que não aquece mais,
mesmo após ser revirado.
A fermentação, ou decomposição, ocorre pela ação de diversos mi-
crorganismos, como fungos, bactérias e actinomicetos numa primeira
fase (decomposição propriamente dita) e de outros microrganismos como
protozoários, nematóides, vermes e insetos (besouros, lacraias, aranhas,
etc.), numa segunda fase (amadurecimento do composto).
DO QUE OS MICRORGANISMOS NECESSITAM
PARA REALIZAR SEU TRABALHO
• Carbono – fonte de energia dos microrganismos. São materiais se-
cos e fibrosos de plantas, como folhas secas, palhas, serragens, rolão de
milho, capim seco, cascas de eucalipto, casca de arroz, de café, de
trigo, entre outros.
• Nitrogênio - fornece as proteínas que os microrganismos necessi-
tam para decompor as fontes de carbono. São considerados ativadores,
pois fazem com que a pilha do composto esquente. Em geral, esses
materiais não são fibrosos nem volumosos (como o carbono) e são apli-
cados em quantidades menores. Com pouco nitrogênio, a decomposição
se processa lentamente, já com excesso de nitrogênio, faz com que
ocorra a liberação de gás amônio, que tem mal cheiro. Ex.: restos
animais, estercos, sobras de composto, tortas vegetais, restos vegetais
de leguminosas (adubos verdes), folhas, borra de café, bagaços de la-
ranja, farinha de sangue, sobras de frutas e de hortaliças, entre outros.
• Oxigênio - é exigido especialmente pelas bactérias mais eficientes,
chamadas aeróbias. À medida que os microrganismos aeróbios degra-
dam os compostos de carbono em gás carbônico e água, também produ-
zem uma grande quantidade de energia (em forma de calor). Ao mesmo
tempo, eles liberam nutrientes para as plantas (N, P, Mg, etc.). Quando
falta oxigênio, os microrganismos anaeróbios começam a aumentar em
quantidade, diminuindo a velocidade de decomposição e produzindo subs-
tâncias com cheiro desagradável (aminas, ácido sulfídrico, entre ou-
tros), causando perdas de nitrogênio e problemas com moscas. O mate-
rial deve ser periodicamente revolvido para dar o oxigênio suficiente
para as bactérias aeróbias.
• Umidade - é necessária para que os microrganismos realizem seu traba-
lho. Pouca umidade diminui a decomposição. Muita umidade diminui o nú-
mero de microrganismos aeróbios, mais eficientes. A umidade ideal está em
torno de 45 a 50% (teor de umidade semelhante a uma esponja espremida).
O QUE UTILIZAR PARA FAZER O COMPOSTO
• O que pode ser utilizado - folhas secas, palhas, serragens, cinzas de
madeira, penas, lixo orgânico doméstico (menos óleo e gordura ani-
mal), aparas de grama, rocha moída e conchas, podas, resíduos da
indústria de alimentos, jornais (menos os coloridos), turfa, algas ma-
rinhas, grama, ervas daninhas, borra de café, casca de amendoim,
casca de frutas.
• Materiais de difícil degradação - sabugo de milho, bagaço de maçã,
casca de citrus, folhas de cana, folhas de palmeira, vegetais espinho-
sos, casca e folhas de pinus e eucalipto.
• Materiais que não devem ser utilizados - carvão mineral e vegetal,
papel colorido, plantas doentes, materiais não biodegradáveis (roupa
de tecido sintético, plástico, vidro, alumínio, borracha), fezes de
animais domésticos, produtos químicos tóxicos.
• Ativadores (aceleradores da decomposição) - farinha de alfafa, de
sangue, de osso, composto, torta de algodão, farinha de peixe, de
casco, de chifre, pós de couro, estercos, solo, resíduos de peixe.
51
Capitulo IX - Compostagem: preparo do composto orgânico
COMO MONTAR A PILHA DE COMPOSTO
O local para se montar
a pilha de composto orgâ-
nico, deve ser protegido do
vento, do excesso de sol e
de chuva, com leve incli-
nação (para que a água de
chuva não fique empoça-
da), espaçoso (para conse-
guir revirar a pilha de com-
posto), próximo de um pon-
to de água e do local de
utilização. Inicia-se empi-
lhando os materiais em ca-
madas alternadas, colocando-se em primeiro lugar, uma camada de 15cm
de material rico em carbono e em seguida, uma camada de 5cm de
material rico em nitrogênio.
A cada camada, deve-se umedecer o monte, sem excessos (a umi-
dade deve ser de, no máximo 60% - quando se aperta uma porção da
massa, não deve escorrer, somente aparecer um pouco de água entre
os dedos).
Ao término de formação da pilha, que deve ter no máximo 1,50cm de
altura, deve-se cobrir com uma camada de capim seco ou folhas de
bananeira, ou outro material fibroso para manter a umidade, ou ainda
uma camada de terra de
3cm. Pode-se usar, tam-
bém, uma camada de cal
sobre o monte, para evitar
o mau cheiro e o apareci-
mento de moscas.
Após uma semana, veri-
ficar a temperatura, fazen-
do um buraco no meio da
pilha e encostando a mão:
• se estiver quente, re-
virar, aproveitando para
umedecer o material;
• se estiver fria, acrescentar um pouco mais de material rico em nitrogê-
nio (material verde), para depois fazer o reviramento da massa vege-
tal quando esquentar.
Fazer este revolvimento do monte a cada semana ou 10 dias, para
acelerar a decomposição. Em aproximadamente 3 a 4 meses, quando
o material estiver bem homogêneo, não se distinguindo mais as ca-
madas originais, de cor escura, com a consistência de terra e com
cheiro agradável, o composto orgânico estará pronto para utilização
como adubo.
COMO FAZER O COMPOSTO EM PEQUENOS ESPAÇOS
Quando não se dispuser de espaço para montar uma pilha com mate-
rial orgânico, pode-se acumulá-lo em recipientes, tais como tambores,
baldes, caixas ou cestos telados, porém estes devem ter furos suficien-
tes para que haja troca de oxigênio entre o monte e o ambiente e para
que haja drenagem do excesso de água.
A montagem segue o modelo citado anteriormente de montagem
da pilha de composto orgânico, alternando-se camadas de materiais ri-
cos em carbono e materiais ricos em nitrogênio.
52
Capitulo IX - Compostagem: preparo do composto orgânico
COMO AUMENTAR A VELOCIDADE DA DECOMPOSIÇÃO
Criar ótimas condições para a decomposição:
• Fazer o balanço correto entre ar, água, matéria seca e matéria verde;
• Picar os componentes - pedaços menores aumentam a superfície de
contato dos microrganismos para trabalharem, aumentando assim, a
velocidade de decomposição;
• Tamanho da pilha do composto deve ter aproximadamente 3 a 4m de
largura, 1,5 a 1,8m de altura e comprimento variável, de acordo com
o espaço disponível;
• Faça a aeração da pilha pelo menos uma vez por semana;
• Deixe a pilha sempre úmida, pois quando seca, diminui a ação
dos microrganismos.
VANTAGENS DO COMPOSTO PARA O SOLO E AS PLANTAS
Fonte de lenta liberação de nutrientes;
Excelente estruturador do solo (forma pequenos grânulos, ajudan-
do na retenção e drenagem da água e na aeração);
Aumenta a capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão;
Grande ativador da vida do solo;
Permite o aumento de teor de matéria orgânica, aumentando a
capacidade de retenção de água;
Aumenta a saúde e a resistência das plantas;
Aumenta a capacidade de retenção de nutrientes no solo, evitan-
do perdas por erosão e lavagem;
Mantém estáveis a temperatura e os níveis de acidez do solo (pH);
Destruição do poder de germinação de sementes de plantas dani-
nhas e de organismos causadores de doenças.
53
Capitulo X - Tratos culturais
X. TRATOS CULTURAIS
Helen Elisa C. R. Bevilacqua
54
Capitulo X - Tratos culturais
A fim de proporcionar às plantas melhores condições para seu desen-
volvimento e produção, é necessária a execução de diversos tratos cul-
turais. Essas operações devem ser executadas na época certa e com
todo cuidado.
São eles:
• cobertura morta - consiste em cobrir o solo com vários tipos de
materiais, que podem ser: capim cortado, serragem, palha de trigo ou
de milho, casca de amendoim ou de girassol, ou bagacinho de cana. É
utilizada para: proteger o solo do sol forte e das chuvas, reter a umi-
dade natural do solo, manter a temperatura do solo mais amena, evi-
tar erosão facilitando a infiltração da água no solo e manter os nutri-
entes mais disponíveis ao acrescentá-los ao solo pela decomposição da
matéria orgânica imitando a natureza. A cobertura do solo deve ser
feita, principalmente, após a semeadura (tomando-se o cuidado para
retirá-la assim que as sementes comecem a germinar, evitando o esti-
olamento das plântulas) e logo depois do transplante, quando as plan-
tas estão mais susceptíveis à falta de água, o que poderá afetar o
crescimento normal delas.
• Controle do mato (capinas) - operação que pode ser feita manual-
mente, ou com o auxílio de enxada ou do sacho, utilizada para manter a
cultura “no limpo”, isto é, sem plantas daninhas (que são todas aquelas
plantas diferentes das que foram plantadas). Deve-se retirá-las apenas
nos estágios iniciais, para evitar a competição com água, luz e nutrien-
tes. Depois o “mato” não mais atrapalha, ajudando até, protegendo o
solo, formando uma “cobertura viva”, auxiliando na diminuição da tem-
peratura do solo, protegendo as plantas contra ventos fortes, abrigando
inimigos naturais das pragas e sendo um excelente indicador das condi-
ções do solo. Algumas plantas trazem minerais do subsolo para garantir
a fertilidade da camada superficial. Deve-se fazer o controle do mato
nos períodos mais secos.
• Cobertura plástica - é semelhante à cobertura morta, pois mantém o
solo mais fresco. É mais fácil que a cobertura morta e reduz a evapora-
ção de água no solo, no entanto, é mais cara e isola de um vez as trocas
gasosas de oxigênio e nitrogênio, não permitindo uma respiração total
do solo.
• Afofamento do solo - é a chamada escarificação do solo. Consiste em
romper a crosta superficial que tende a se formar, especialmente em solo
argiloso, dificultando o desenvolvimento das plantas. É feita com ancinho
(rastelinho) ou com o sacho, de preferência com o solo um pouco úmido.
As hortaliças de raízes necessitam de uma escarificação com maior fre-
qüência do que as folhosas.
• Raleação ou desbaste - consiste na eliminação das plantas menos
desenvolvidas para deixar espaço adequado entre as plantas restantes,
permitindo que elas cresçam bem. Feita quando as plantas têm mais de
5cm de altura, naquelas hortaliças de semeadura direta, tanto nas co-
vas como nos canteiros.
• Desbrota - utilizada para eliminar o excesso de brotos e galhos para
arejar a planta, a luz poder penetrar com maior facilidade e também
eliminar o excesso de frutos, para haver um melhor desenvolvimento dos
que restaram. É utilizada na couve, no tomate, na abobrinha, na berinje-
la, no melão e na melancia. Sem a desbrota a planta fica parecendo uma
moita, cresce muito em volume e os frutos, ou as folhas, não atingem o
tamanho ideal para comercialização. Essa operação é feita quando a planta
já está um pouco desenvolvida e pode ser usada como fonte de mudas que
dão origem a novas plantas adultas, como é o caso da couve.
• Amontoa - em certas culturas é necessário chegar terra ao pé da
planta, após certo grau de desenvolvimento, para que as raízes ou tu-
bérculos fiquem enterrados (como é o caso da batata, cenoura, beterra-
ba, rabanete, nabo, etc.).
• Estaqueamento - é feito
para algumas hortaliças que
necessitam de suporte para
evitar o seu crescimento em
contato com a terra, ou pro-
teção contra ventos ou ex-
cesso de produção, como é
o caso da ervilha-torta, fei-
jão-vagem, pepino, tomate,
pimentão, berinjela, etc. As
55
Capitulo X - Tratos culturais
trepadeiras se prendem sozinhas, mas outras plantas precisam ser
amarradas com barbante, cipó, tira de pano, arame, tira de borra-
cha, etc., sem apertar muito para não quebrar o caule.
• Estiolamento - com o salsão e a chicória, faz-se o estiolamento, que é
uma amarração não muito apertada das hastes que ficam logo abaixo
das folhas. É feita quando as plantas têm mais ou menos 30cm de altura
e serve para dar um tom branco-creme às folhas, tornando-as apetitosas
para o consumo.
• Irrigação - a água é essencial para as plantas. A falta dela retarda
o crescimento, piora a qualidade do produto, acelera a maturação
e diminui a produtividade. As plantas precisam de mais água após a
semeadura e após o transplante e, de modo geral, as hortaliças de
folhas precisam de mais água e os tubérculos, como a batata, ce-
noura, alho e cebola não precisam tanto, especialmente próximo à
colheita. As regas devem ser diárias, delicadas, sem jatos fortes,
sempre nas horas mais frescas do dia (final da tarde ou de manhã
cedo). Quando feita no final da tarde, a umidade do solo permane-
ce por mais tempo.
ANOTAÇÕES
XI. QUALIDADE DA ÁGUA UTILIZADA
NA IRRIGAÇÃO DE HORTALIÇAS
Eduardo Lanzoni Nóbrega
58
Capitulo XI - Qualidade da água usada na irrigação de hortaliças
INTRODUÇÃO
Desde 1854, quando John Snow descobriu a relação existente entre o
consumo de água contaminada e a incidência de Cólera em Londres, as
ações relativas à manutenção da potabilidade da água passaram a ser
eleitas como prioritárias no âmbito da saúde pública.
Conceitualmente a água é uma necessidade vital para qualquer ser
vivo e é utilizada para inúmeras finalidades. Em função do uso a que se
destina deve apresentar determinadas características. Assim a água uti-
lizada para beber denomina-se água potável.
A potabilidade de uma água é definida através de um conjunto de
parâmetros e padrões estabelecidos por normas e legislações sanitárias.
Estabelecer um padrão de potabilidade é definir, para cada parâme-
tro, um valor ou concentração a partir da qual seu consumo pode induzir
a riscos à saúde.
Um padrão serve como base ou norma para avaliação de qualidade
ou quantidade. O padrão de potabilidade da água, definido na Porta-
ria n.º 36, de 19 de janeiro de 1990, do Ministério da Saúde, é um
conjunto de valores máximos permissíveis das características físico-
químicas, microbiológicas e organolépticas das águas destinadas ao
consumo humano.
A água considerada contaminada para irrigação é aquela que con-
tém uma concentração superior a 1000 coliformes fecais por 100ml
de amostra.
Para fins de avaliação da qualidade de água destinada à irrigação, o
produtor deverá efetuar um controle por meio de análises bacteriológi-
cas, da seguinte forma:
1. uma amostragem a cada dois meses com a freqüência mínima de 6
amostras por ano, para águas de superfície;
2. uma amostragem a cada três meses com freqüência de 4 amostras
por ano, para águas subterrâneas;
3. a água de irrigação será considerada adequada se 80% das amos-
tras coletadas anualmente atenderem ao padrão estabelecido e os 20%
restantes das amostras não apresentarem mais de 4000 coliformes fe-
cais (Escherichia coli) por 100ml;
4. o produtor deverá manter laudos das análises efetuadas, para fins
de apresentação à autoridade sanitária, bem como registro dos pontos
onde foram coletadas as amostras para análise laboratorial.
MEDIDAS PREVENTIVAS
O agricultor poderá preservar a água de seu manancial tomando os
seguintes cuidados dentro de sua propriedade:
1. dispor adequadamente os esgotos das casas através da construção
de fossas secas ou sépticas com poço absorvente;
2. manter uma distância mínima de 30 metros entre a fossa e qual-
quer manancial de água, e sempre em cota mais baixa em relação ao
poço de água;
3. as áreas de criação de animais deverão estar distantes no mínimo
30 metros de qualquer manancial de água e sempre em cota mais baixa
em relação ao poço de água;
4. proteger adequadamente os poços freáticos por meio da cons-
trução de mureta que impeça o acesso de águas contaminadas ao
poço e valetas diversoras de água de chuva, mantendo o poço sem-
pre fechado.
POSSÍVEIS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS ATRAVÉS DA ÁGUA
A água é normalmente habitada por vários tipos de microorganismos
de vida livre e não parasitária, que dela extraem os elementos indispen-
sáveis a sua sobrevivência. Ocasionalmente são introduzidos organismos
patogênicos, que utilizando a água como veículo, constituem-se um pe-
rigo sanitário potencial.
Entre os vários gêneros e espécies de microorganismos não patogêni-
cos presentes no intestino humano, aqueles conhecidos como Grupo
Coliforme passaram a ser denominados indicadores da presença de mi-
croorganismos patogênicos em água de abastecimento.
É interessante notar que a quase totalidade dos microorganismos pa-
togênicos é incapaz de viver em sua forma adulta ou de reproduzirem-se
fora do organismo que lhes serve de hospedeiro. Portanto, têm vida
limitada quando se encontram na água, isto é, fora do hospedeiro.
Os microorganismos patogênicos são classicamente agrupados em ví-
rus, bactérias e helmintos.
59
Capitulo XI - Qualidade da água usada na irrigação de hortaliças
Classificação ambiental das infecções relacionadas com a água Principais agentes bacterianos causadores de toxinfecção alimentar
GRUPO
1 – Transmissão hídrica.
2 – Transmissão relaciona-
da com a higiene.
3 – Transmissão baseada
na água.
4 – Transmissão por inse-
to vetor que se procria
na água.
DESCRIÇÃO
Ocorre quando o agente
encontra-se na água
Ocorre quando o agente se
manifesta sob condições
inadequadas de higiene
Ocorre a partir do contato do
homem com um agente que
desenvolve parte do ciclo vi-
tal em animal aquático
Ocorre quando o agente
entra em contato com o
homem através da picada
do inseto
EXEMPLOS/AGENTE ETIOLÓGICO
- Diarréia: cólera/Vibrio choleraesal-
monelose/Salmonella sp.- Febres en-
téricashepatite A / vírus A da hepa-
titeascaridíase/Ascaris lumbricoides
Escabiose/Sarcoptes scabiaetraco-
ma/Chlamydia trachomatis
Esquistossomose/
Schistosoma mansoni
Dengue/vírus da dengue - vetor: Ae-
des aegyptimalária/Plasmodium sp.
- vetor: Anopheles sp.filariose/Wu-
chereria bancrofti – vetor: Culex sp.
Fonte: Secretaria do Estado da Saúde – CVE.
AGENTE
INFECCIOSO
Bacillus cereus
e Streptococcus
aureus
Escherichia coli
enterotoxigênica
Salmonella
não tifóide
Vibrio cholerae
SINTOMAS
Diarréia eventu-
al, febre rara e
vômito freqüente
Diarréia aquosa,
febre variável,
vômito eventual
Diarréia pastosa,
febre e vômito
eventual
Diarréia pode ser
profusa e aquosa,
vômito comum
PERÍODO
DE INCUBAÇÃO
1 a 6 horas
12 horas a 3 dias
8 horas a 2 dias
7 horas a 5 dias
DURAÇÃO
DA DOENÇA
24 horas
3 a 5 dias
5 a 7 dias
3 a 5 dias
PRINCIPAIS
FONTES
Alimentos
Alimentoseágua
Alimentoseágua
Alimentoseágua
Fonte: Secretaria do Estado da Saúde – CVE.
ANOTAÇÕES
XII. IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE
DE PRAGAS E DOENÇAS
Juscelino Nobuo Shiraki
62
Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
O aparecimento das pragas e doenças é o resultado de um desequilí-
brio nutricional das plantas. Uma planta bem nutrida, vivendo em ambi-
ente sadio, é menos susceptível a doenças e ataques de pragas. E a base
da saúde das plantas é o solo.
Num solo onde foi feita a calagem e a adubação orgânica, as plantas
sintetizam nas folhas compostos orgânicos simples (aminoácidos, açúca-
res, amidos, entre outros) na quantidade certa para a planta (sem ex-
cesso ou falta) e que são levadas para regiões de crescimento e armaze-
namento, onde é metabolizado rapidamente em compostos orgânicos
complexos (proteínas, celulose, enzimas, carboidrato, lignina, lipídios,
entre outros).
Porém, quando por algum motivo, há um acúmulo e circulação na
seiva da planta de compostos orgânicos simples (produzidas em grande
quantidade, por exemplo) é que ocorrerá o ataque de pragas e doenças
(insetos, ácaros, nematóides, fungos, bactérias e vírus), e a razão do
ataque é simples, pois estes organismos só conseguem se alimentar de
substâncias orgânicas simples porque não possuem enzimas que degra-
dam substâncias orgânicas complexas.
Existem diversos fatores que alteram o metabolismo das plantas, e
que favorecem o aparecimento de pragas e doenças:
• Utilização de adubos químicos de alta solubilidade/concentração que
eliminam a microvida do solo e impossibilita as plantas de “escolher”
os elementos químicos de que necessitam, tornando-as, também, in-
capazes de controlar a entrada desses elementos químicos. Neste
processo, são produzidos em grande quantidade, os compostos orgâ-
nicos simples que circulam na seiva e assim, a planta torna-se sus-
ceptível às doenças e pragas;
• Falta ou excesso de água, que provoca estresse na planta e, conse-
qüentemente, há uma alteração no seu metabolismo;
• Compactação do solo pelo uso de máquinas agrícolas (para o preparo
do solo). Neste processo, a infiltração da água é prejudicada, bem
como, a aeração do solo (pouca aeração);
• Uso de defensivos agrícolas (inseticidas, fungicidas, herbicidas, en-
tre outros) que alteram o metabolismo da planta e provocam um
acúmulo dos compostos orgânicos simples;
• Uso de variedades não adaptadas à região;
• Degradação de compostos orgânicos complexos em simples, para se-
rem enviados às regiões de florescimento e frutificação das plantas e
que podem tornar as plantas saudáveis em susceptíveis ao ataque de
pragas e doenças, mesmo quando cultivadas organicamente.
Assim como existem fatores favoráveis ao aparecimento das pragas e
doenças, existem fatores que favorecem a resistência das plantas:
• solos ricos em matéria orgânica favorecem a microvida (no processo
de decomposição a microvida libera no solo compostos orgânicos be-
néficos para a planta).
• a matéria orgânica propicia uma melhor estruturação do solo e uma
melhor aeração.
• durante o processo de decomposição da matéria orgânica, há uma
lenta liberação de macro e micronutrientes, possibilitando que a planta
‘escolha’ os nutrientes na quantidade de que necessitam, e assim,
beneficiando a planta.
• utilização de plantas adaptadas ao local (evita o estresse).
• utilização de materiais que forneçam, de modo lento, os macro e
micronutrientes ao solo (rocha moída, por exemplo).
Cultivando as plantas organicamente, como sabemos, a incidência de
pragas e doenças diminui sensivelmente, porém, se por algum motivo
houver um aumento, podemos utilizar os defensivos alternativos para
diminuir este ataque.
Além do uso desses defensivos alternativos, podemos adotar outros
procedimentos para proteger as plantas, tais como:
• uso de caldas protetoras (caldas ricas em substâncias orgânicas, uti-
lizadas com o objetivo de aumentar a resistência das plantas, como a
calda bordalesa e os biofertilizantes);
• uso de plantas defensivas (com ação inseticida e utilizadas também
para repelir os insetos);
• plantas companheiras (associação de plantas com ação repelente
dentro do local onde está sendo feito o cultivo);
• plantas benéficas (manter plantas que servem de abrigo e repro-
dução dos insetos que se alimentam das pragas – os chamados ini-
migos naturais);
• iscas e armadilhas (o seu emprego consiste em auxiliar no combate
aos insetos e lesmas e no monitoramento da sua quantidade);
63
Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
• controle biológico (é a introdução, aumento e conservação da popu-
lação de inimigos naturais, com o emprego de inseticidas biológicos
para o controle de pragas);
• desinfecção dos canteiros através da solarização do solo, utilização
de vapor d’água, cal virgem e adubos verdes;
• barreiras vegetais (utilização de cercas vivas - linhas de árvores -
para evitar ventos fortes que danificam e disseminam doenças, cau-
sando também o estresse nas plantas).
PRAGAS
São causadas por vários tipos de organismos, visíveis ou não a olho
nu, tais como: ácaros, pulgões, cochonilhas, nematóides, lesmas, cara-
cóis, lagartas, tripes, entre outros.
Pulgões - são insetos sugadores, com 3 a 5mm, que se alojam
nos brotos das plantas, roubando-lhes toda a seiva. Em geral
são verdes, mas algumas espécies possuem coloração que vai
do vinho ao preto. Eles se reproduzem rapidamente, causan-
do o atrofiamento das folhas e brotos. Entretanto, é fácil
combatê-los, esmagando-os manualmente ou aplicando-se a
calda de fumo. Outro método é através de inimigos naturais, os chama-
dos predadores, como, por exemplo, as joaninhas que comem os pul-
gões. Portanto nunca as elimine. Encontrados nas crucíferas (couve,
brócoli, repolho), nas cucurbitáceas (abóbora, abobrinha, pepino), no
quiabo, no tomate, berinjela, pimentão.
Cochonilha-com-escama - são insetos sugadores que parecem peque-
nas verrugas de 3 a 5mm aderidas nos ramos novos e folhas. Por extraírem
toda a seiva da planta, esta vai definhando, podendo rapidamente morrer.
Para eliminá-las é indicado fazer pulverizações quinzenais de uma mistura
de calda de fumo com óleo emulsionável, na proporção de 10ml de óleo
para cada litro de água. Essas são mais difíceis de serem encontradas nas
hortaliças, sendo mais encontradas no loureiro e em citros. Obs.: o óleo
emulsionável pode ser substituído pelo sabão neutro ou sabão de côco.
Cochonilha-sem-escama - também conhecida pelo nome de pulgão
branco, a cochonilha–sem-escama em geral se aloja nas hastes e nas
folhas, ao longo das nervuras, de onde sugam a seiva. Medem cerca de
1mm e apresentam uma secreção cerosa branca em seu dorso. Sua eli-
minação também pode ser feita através de predadores como a joaninha
ou com uma solução de calda de fumo em corda. São encontradas nas
raízes de alcachofra, cenoura, nos brotos novos da batata.
Tripes - são facilmente identificados nas horas quentes
do dia, quando ficam voando em torno da planta. São
bastante pequenos, com corpo alongado e fino, medindo
de 0,5 a 4mm de comprimento, com dois pares de asas
franjadas. Em geral são escuros e sugam a seiva das plan-
tas, causando deformação nas folhas e brotos. O ataque destas pragas é
reconhecido por duas características: a presença de picadas pretas e a
presença de manchas esbranquiçadas, provocadas pela perda da seiva e
da clorofila através das picadas. Para o seu controle, utiliza-se uma
solução de fumo em corda com sabão neutro. São comuns em alho,
tomate, berinjela e pimentão.
Ácaros - são pequenos aracnídeos (“parentes” das ara-
nhas) que se alojam na parte inferior das folhas, onde
tecem uma teia muito fina, que dá impressão de uma som-
bra prateada. As folhas atacadas enrolam-se, chegando a
secar. Para combater os ácaros utiliza-se uma solução de
fumo em corda com sabão. Encontramos em tomate, be-
rinjela, pimentão, batata.
Formigas - as formigas cortadeiras (saúvas e quen-
quéns) são as principais pragas numa horta. São
insetos de coloração marrom que causam danos
às plantas, cortando suas folhas. Como controle pode-se utilizar pão
embebido em vinagre, ou preventivamente plantar o gergelim em vol-
ta da horta. A presença de formigas é muito comum em plantas infes-
tadas por pulgões e cochonilhas com ou sem escama. Podem ser mi-
núsculas, medindo cerca de 3mm, ou maiores, alcançando 0,5cm, com
coloração preta, avermelhada ou amarelada. São chamadas formigas-
doceiras, porque se alimentam da excreção açucarada dessas pragas.
Em troca, elas atacam os predadores dos pulgões, como as joaninhas.
Encontradas na batata, quiabo.
64
Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
Lesmas e caracóis - são moluscos que agem à noite; de-
voram as folhas, raspando-as e fazendo grandes buracos.
Escondem-se durante o dia em lugares úmidos e sombrea-
dos (troncos, folhas caídas, pedras). Podem ser atraídos
para armadilhas com cerveja ou cascas de melão e melan-
cias e depois exterminadas manualmente. São encontradas sempre em
locais com muita umidade.
Tatuzinho - são crustáceos que, quando molestados, enro-
lam o corpo em forma de bola. Vivem escondidos embaixo
de troncos e pedras, atacando brotos tenros, rasgando-os e
perfurando-os. O combate mais eficaz ao tatuzinho é através de regas
com uma solução de sulfato de cobre ou creolina – em geral, uma só
aplicação já os elimina. Também são encontrados em locais muito úmi-
dos (geralmente os sombreados).
Lagartas - a presença de lagartas é notada pelo surgimento de sua
excreção caída sobre as folhas (bolotas verdes ou pretas). As lagartas
são larvas de borboletas ou mariposas, com um aparelho bucal mastiga-
dor muito forte, por isso conseguem cortar folhas com muita rapidez.
Para eliminá-las, retire-as manualmente ou use lagarticida a base de
esporos de bactérias (Bacillus thuringiensis), encontrado em lojas de
jardinagem (marcas: Dipel, Agropel, Manapel). Encontradas em batata,
couve, brócoli, repolho, alface, alcachofra, cenoura, almeirão, acelga,
alho, cebola, quiabo, tomate, berinjela, pimentão.
Besouros - apresentam-se nas mais variadas formas, tamanhos
e coloração, indo do amarelo-esverdeado ao marrom-avermelha-
do. Deixam vários buracos arredondados em folhas, flores e cau-
les. Suas larvas também são nocivas, alimentando-se da raiz do
vegetal. Para eliminá-los, retire-os manualmente ou utilize uma
solução de óleo de anona em água. Encontrados na batata, toma-
te, berinjela, pimentão.
Nematóides - são vermes microscópicos, incolores a esbranquiçados.
Em geral, nota-se a presença de nematóides quando a planta repentina-
mente murcha, sem nenhuma causa aparente. Esses vermes alimentam-se
de raízes em decomposição, mas podem atacar tecidos vivos, como raízes,
caules e folhas, sugando-lhes a seiva. Se o solo estiver contaminado por
estas pragas, o seu controle pode ser feito com o plantio do cravo-de-
defunto ou tagetes (Tagetes patula) que possui componentes com a propri-
edade de impedir a reprodução dos nematóides, ou então preparando uma
solução de alho com sabão a ser jogada no solo. Algumas plantas são muito
sensíveis ao nematóide, como a cenoura, a salsa, o pimentão.
Mil-pés / Piolho-de-cobra - são pequenos artrópodos (miriápodos) de
coloração marrom-escura, que possuem corpos alongados e cilíndricos,
formados por numerosos segmentos que podem atingir até cem. Apre-
sentam dois pares de apêndices locomotores por segmento. Geralmente
se escondem sob pedras, buracos e fundações, atacando plantas vivas
(comendo a raiz). Para diminuir o ataque deve-se aumentar a quantida-
de de matéria orgânica no solo.
Doenças
São causadas por microrganismos (vírus, bactérias e fungos), obser-
váveis somente com o auxílio de um microscópio. A melhor forma de
combater as doenças é a prevenção, pois, a maioria delas são muito
difíceis de serem tratadas.
Ferrugem - são manchas na parte inferior das
folhas, causadas por fungos, que variam de
coloração do pardo ao laranja-avermelhado.
Em geral aparecem em locais onde a tempe-
ratura é amena, mas, com alta umidade. Para
prevenir a ferrugem, evite regas excessivas e
proporcione um bom arejamento das plantas.
Para combatê-las utilize calda bordalesa.
Oídio - é causada por fungos, que infectam toda a parte aérea da
planta. A principal característica da presença desta doença é o apare-
cimento de manchas esbranquiçadas que posteriormente se tornam
acinzentadas sobre folhas, botões e ramos novos. Os principais causa-
dores do aparecimento do oídio são a alta umidade e a baixa tempera-
tura. Para controlá-lo, pode-se utilizar uma solução de permanganato
de potássio + cal + água, ou uma solução de água com leite.
65
Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
Míldio - é causada por fungos; a identificação do míldio é feita
através de manchas irregulares pardas na parte superior das folhas e
de uma película branca-acinzentada em sua face inferior. A alta umi-
dade e o fato das plantas serem colocadas bastante próximas umas
das outras, favorece a ocorrência dessa doença, que também ataca
os ramos e brotos novos. Para controlar o míldio, espace as mudas,
de modo a favorecer a ventilação e evite o excesso de umidade. Para
combatê-lo, pode-se utilizar a calda bordalesa, cavalinha (Equise-
tum sp.) + água, permanganato de potássio + água, alho + sabão +
óleo mineral + água.
Podridão por fungos - ataca caules, deixando as partes infec-
tadas ressecadas e escurecidas, úmidas em excesso e com man-
chas pretas, levando o vegetal à morte. A principal causa da po-
dridão por fungos são os solos saturados de umidade que propor-
cionam ambiente adequado para o seu desenvolvimento. Como
prevenção, evite o excesso de umidade e, para combatê-la, pul-
verize com fungicidas a base de cobre, que são pouco tóxicos
(calda bordalesa, por exemplo).
Mancha bacteriana - são manchas necróticas, ou seja, pretas e
secas, irregulares ou redondas, que atacam as folhas. Não existe meio
de combatê-las, portanto, quando infestado, o vegetal deve ser ar-
rancado o quanto antes, para não afetar os demais. Para prevenir as
infestações de manchas bacterianas, recomenda-se aumentar o es-
paçamento entre as plantas, proporcionando assim uma boa ventila-
ção, pois é a falta de aeração e a alta umidade que provocam o sur-
gimento da doença.
RECEITAS PARA O CONTROLE
DE PRAGAS E DOENÇAS
1)ADUBAÇÃO DO SOLO E FOLIAR
(QUÍMICA OU ORGÂNICA)
Tanto o excesso, como a deficiência de nutrientes tornam as plantas
susceptíveis às doenças ou pragas:
AGENTE CAUSADOR (DOENÇA) PLANTAS ATACADAS
Botrytis cinerea (mofo cinzento) couve-flor
Erysiphe cichoracearum (oídio) Girassol
Erysiphe graminis (oídio) cevada, trigo
Fusarium oxysporum (murcha de fusarium) tomate
Phoma betae (mancha phoma) beterraba
Puccinia tritici (ferrugem) Trigo
AGENTE CAUSADOR (DOENÇA) PLANTAS ATACADAS
Erwinia spp. e Phytophora spp. batata
(canela preta e requeima)
Erysiphe cichororacearum (oídio) fumo
Peronospora spp. (míldio) alface, videira
Puccinia tritici (ferrugem) trigo
Streptomyces spp. (sarna) batata
Ustilago tritici (carvão) trigo
• Doenças causadas pelo excesso de nitrogênio (N)
• Doenças causadas pela deficiência de cobre (Cu)
• Doenças causadas pela deficiência de boro (B)
AGENTE CAUSADOR (DOENÇA) PLANTAS ATACADAS
Alternaria spp.(pinta preta) fumo, tomate
Botrytis spp. (mofo cinzento) videira, morango
Erwinia spp. (podridão mole) batata
Erysiphe spp. (oídio) cereais, frutas
Peronospora spp. (míldio) alface, videira
Puccinea spp.(ferrugem) cereais
Pseudomonas spp. (mancha foliar) fumo, feijão, pepino, couve
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Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
• Pragas e doenças controladas através da pulverização de nutrientes
PRAGAS/DOENÇAS/PLANTAS NUTRIENTES
Ferrugem do café calda viçosa
Infestação de pulgões nas plantas potássio + boro/ para citrus:
adicionar cobre
Lagarta rosada do algodão molibdênio + fósforo
Vaquinhas nas plantas adicionar matéria orgânica
Vírus dourado em feijoeiro cálcio (concha moída) + boro
2) AGAVE – SISAL (Agave sisalana)
• 5 folhas médias machucadas (bater com porrete), deixar de molho
em 5 litros de água por 2 dias.
Modo de usar: aplicar 2 litros desta solução no olheiro principal do
formigueiro e tapar os demais para que as formigas não fujam.
Indicações: saúvas.
3) Alho 1 (Allium sativum)
• 100g de alho, 0,5 litro de água, 10g de sabão, 2 colheres de café de
óleo mineral.
Modo de fazer: os dentes de alho devem ser finamente moídos dei-
xando em repouso durante 24 horas em 2 colheres de óleo mineral.
Dissolver 10 gramas de sabão em 0,5 litro de água.
Antes de usar o preparado, filtrar e diluir o mesmo em 20 partes de
água, podendo no entanto ser utilizado em outras concentrações de
acordo com a situação.
Indicações: pulgões, míldio e ferrugem.
4) Alho 2
• 3 cabeças de alho, 1 colher grande de sabão picado.
Modo de fazer: amassar as cabeças de alho misturando em parafina
líquida. Diluir este preparado para 10 litros de água adicionando o sa-
bão. Pulverizar logo em seguida.
Indicações: repelente de insetos, bactérias, fungos, nematóides, ini-
bidor de digestão de insetos.
5) Anona (Annona reticulata - condessa ou coração-de-boi, An-
nona muricata - graviola)
• Óleo de sementes de Anona diluído a 10%.
Modo de fazer: diluir 1 litro de óleo de anona em 9 litros de água.
Aplicar logo em seguida.
Indicações: inseticida, pulgões, gafanhoto, traça das crucífe-
ras, besouros.
6) Arruda (Ruta graveolens)
• 8 ramos de 30cm de comprimento e com folhas, 1 litro de água, 19
litros de espalhante adesivo de sabão de coco.
Modo de fazer: bater os ramos com folhas de arruda no liquidificador
com 1 litro de água. Coar com pano fino e completar com 19 litros de
solução de espalhante adesivo com sabão de coco.
Indicações: pulgões, cochonilhas sem carapaça, alguns ácaros.
Modo de preparo do espalhante adesivo de sabão de coco: 500 a 1000
gramas de sabão de coco, 100 litros de água.
Modo de fazer: aquecer 5 litros de água com o sabão. Após totalmen-
te dissolvido, diluir esta solução para 100 litros de água.
7) Calda Bordalesa
• 200g de sulfato de cobre, 200g de cal virgem, 20 litros de água.
Modo de fazer: para seu preparo utilizar vasilhame de plástico, de
cimento amianto ou de madeira. Colocar o sulfato de cobre enrolado em
pano, em forma de saquinho. Dissolver na véspera em 5 litros de água.
Em outro vasilhame, misturar cal virgem em 15 litros de água. Após isto,
misturar ambos, mexendo sempre.
Para medir a acidez, pegue uma faca de aço (não inox) e mergulhe a
parte da lâmina durante 3 minutos nessa mistura. Não escurecendo, a
calda estará pronta. Caso contrário, adicione mais cal virgem.
Quando pronta, tem validade para 3 dias, devendo para isso colocar
uma colher de açúcar antes de pulverizar.
Aplicar no início da doença, podendo ser misturada com o extrato de
fumo, confrei ou calda de cinza. No verão, em plantas novas, deve ser
usada em concentração 50% menor.
Nunca pulverize a calda com sol quente e, se aplicada em tempera-
tura muito baixa, perde a sua eficácia.
Indicações: diversas doenças como rubelose, melanose, gomose, ver-
67
Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
rugose, revestimentos fúngicos, requeima, septoriose, pinta preta, an-
tracnose, mancha do olho de rã, cercosporiose, míldio (Peronospora),
podridão de frutos, mancha púrpura, ferrugem. Diversas pragas: vaqui-
nhas, cigarrinhas verdes, tripes.
8) Café
• pó de café
Modo de fazer: utilizar o café na dosagem de 0,1% ou na dosagem de 2%.
Indicações: lesmas e caracóis, repelente (0,1%) e controle (2%).
9) Camomila (Matricaria camomilla)
• 50 gramas de flores de camomila, 1 litro de água.
Modo de fazer: misturar 50 gramas de flores de camomila em 1 litro
de água. Deixar de molho durante 3 dias, agitando a mesma 4 vezes ao
dia. Após coar, aplicar a mistura 3 vezes a cada 5 dias.
Indicações: doenças fúngicas.
10) Cavalinha 1 (Equisetum arvense)
• 200g de ramos de cavalinha, 10 litros de água.
Modo de preparar: utilizar 200g de ramos bem secos de cavalinha
picada ou moída, mergulhadas em 10 litros de água durante 20 minutos.
Coar bem e aplicar o líquido no solo e em torno da base da planta com o
auxílio de pulverizador ou regador. Para obter melhor resultado, no dia
anterior encharque bem a área em torno da planta. Não aplicar sobre as
folhas das plantas nesta concentração.
Indicações: doenças fúngicas, fungos de solo.
11) Cavalinha 2 (E. arvense)
• 300g de cavalinha, 10 litros de água.
Modo de preparo: ferver 300g de cavalinha seca em 10 litros de água
durante 20 minutos. Fazer cinco diluições sucessivas de 1 litro da solu-
ção para 9 litros de água. Aplicar sobre a horta, a partir de outubro, de
preferência pela manhã, em tempo seco.
Indicações: míldio, doenças fúngicas.
12) Casca de cebola
• cascas de cebola, 2 litros de água
Modo de fazer: encher um prato fundo com cascas de cebola e depois
adicionar 2 litros de água. Deixar em repouso por 24 horas. Pulverizar
nas plantas.
Indicações: repelente de insetos.
13) Casca de cebola e alho, canela em pó e água
• cascas de cebola, alho, canela em pó e água
Modo de fazer: encher um prato fundo com cascas de cebola e alho,
adicionar 2 litros de água e um pacote de canela em pó. Deixar em
repouso por uma noite. Coe e borrife nas plantas.
Indicações: fungos, bactérias, repelente de formigas (associado a
isso, há uma redução da quantidade de pulgões e de cochonilhas).
14) Cebola ou cebolinha verde (Allium cepa e Allium fistulosum)
• 1kg de cebola ou cebolinha verde, 10 litros de água.
Modo de preparo e uso: cortar a cebola ou cebolinha e misturar em
10 litros de água, deixando o preparado curtir durante 10 dias. No caso
da cebolinha, deixe curtir por 7 dias. Para pulverizar as plantas, utilizar
1 litro da mistura para 3 litros de água.
Indicações: repelente de pulgões, lagartas e vaquinhas.
15) Cerveja com sal
• cerveja e sal
Colocar a noite, perto das plantas atacadas um prato raso com a
mistura de cerveja e um pouco de sal. Na manhã seguinte as lesmas
estarão dentro do prato. Possibilita o controle mecânico, uma vez que
esta associação apresenta-se bastante atrativa.
Indicações: atrativos para lesmas.
16) Chuchu (Sechium edule)
• Chuchu, sal.
Colocar dentro de latas rasas, como as de azeite cortadas ao meio,
pedaços de chuchu, adicionando sal. Esta mistura é bastante atrativa
para lesmas e caracóis, possibilitando seu controle mecânico.
Indicações: atrativo de lesmas e caracóis.
17) Cinamomo (ou Santa Bárbara) (Melia azedarach)
• sementes maduras ou em pó (500g), 1 litro de álcool e 1 litro de água.
Misturar a água ao álcool e colocar as sementes nessa mistura. Deixar
68
Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
descansar por 4 dias. Depois de pronto pode ser armazenado em vidros
escuros. Quando for utilizar, diluir 1 litro dessa mistura em 10 litros de
água e pulverizar as plantas.
Indicações: inseticida contra gafanhotos, pulgões e cochonilhas.
18) Coentro (Coriandrum sativum)
• Folhas de coentro, 1 litro de água.
Modo de preparo: cozinhar 10 folhas inteiras de coentro em 1 litro de
água por 10 minutos. Espere esfriar, coe e pulverize sobre as plantas.
Indicações: ácaros e pulgões.
19) Detergente e água
• Detergente neutro, água
Modo de fazer: misture partes iguais de água e detergente, de prefe-
rência neutro, e injete a mistura com uma seringa nas frestas por onde
as formigas saem.
Indicações: formigas doceiras.
20) Farinha de trigo
• Farinha de trigo, água
Modo de fazer: 20g de farinha de trigo e 1 litro de água. Pulverizar
nas plantas em dia quente, seco e com sol.
Indicações: pulgões, ácaros, lagartas (impede que os insetos fiquem
nas folhas).
21) Fumo 1 (Nicotiana tabacum)
• 1 kg de folhas e talos de fumo picados, 50g de sabão, 15 litros
de água.
Modo de preparo: misturar as folhas e talos de fumo com água e
sabão. Deixar esta mistura repousar durante um dia. Pulverizar logo
em seguida.
Indicações: ferrugem, tripes, mosca branca, minadora de folha, pul-
gões e ácaros.
Obs.: Utilizar em baixas concentrações, pois é um inseticida de largo
espectro que pode eliminar tanto as pragas como os inimigos naturais.
Quando aplicado, esperar três dias, antes de consumir.
Não aplicar nas plantas da família das solanáceas (tomate, jiló, berin-
jela, pimenta), pois pode ser transmissor de vírus para essas culturas.
22) Fumo 2
• 20cm de fumo de corda, 0,5 litro de água.
Modo de preparo: cortar 20cm de fumo de corda e deixar de molho
durante um dia em 0,5 litro de água. Preparada a solução, misture com
espalhante adesivo e pulverize o mais breve possível. Não guarde essa
mistura por mais de 8 horas, pois sendo a nicotina volátil, o produto
preparado perde o seu efeito. No caso de hortaliças e medicinais, acon-
selha-se a respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita.
Indicações: pulgões, cochonilhas, grilos, vaga-lumes.
Obs.: Utilizar em baixas concentrações, pois é um inseticida de largo
espectro que pode eliminar tanto as pragas como os inimigos naturais.
Quando aplicado, esperar três dias, antes de consumir.
Não aplicar nas plantas da família das solanáceas (tomate, jiló, berin-
jela, pimenta), pois pode ser transmissor de vírus para essas culturas.
23) Fumo 3
• 100g de fumo de corda, 0,5 litro de álcool, 0,5 litro de água, 100
gramas de sabão de coco.
Modo de preparo: misturar 100g de fumo em corda cortado em pe-
dacinho com meio litro de álcool, mais meio litro de água, deixando
curtir por 15 dias. Decorrido esse tempo, dissolver o sabão em 10 litros
de água e juntar com a mistura já curtida de fumo e álcool. Pulverizar
nas plantas, nesta concentração, quando o ataque de pragas é intenso
ou diluir até 20 litros de água no caso de baixa infestação de pragas.
No caso de hortaliças, respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes
da colheita.
Indicações: pulgões, cochonilhas, grilos, vaga-lumes, vaquinhas, lagartas.
Obs.: Utilizar em baixas concentrações, pois, é um inseticida de largo
espectro que pode eliminar tanto as pragas como os inimigos naturais.
Quando aplicado, esperar três dias, antes de consumir.
Não aplicar nas plantas da família das solanáceas (tomate, jiló, berin-
jela, pimenta), pois pode ser transmissor de vírus para essas culturas.
24) Gergelim (Sesamum indicum)
• sementes de gergelim
Modo de usar: o uso de sementes de gergelim como iscas, para
ninhos pequenos de formigas, na base de 30 a 50g ao redor do olhei-
ro, uma vez que as formigas vão carregar as sementes para dentro
69
Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
do formigueiro, misturando com as folhas. O gergelim libera subs-
tâncias que inibem o crescimento dos fungos que servem de alimen-
to para as formigas.
Indicações: saúvas.
25) Losna (Artemisia absinthium)
• 300g de folhas seca de losna e 1 litro de água.
Modo de preparo: Ferver as folhas na água por dez minutos e depois
completar com 10 litros de água. Pulverizar as plantas.
Indicações: lesmas, caracóis, lagartas.
26) Leite 1
• 1 litro de leite integral, 99 litros de água.
Modo de usar: misturar os dois componentes acima e aplicar a cada
10 dias sobre as culturas.
Indicações: vírus de mosaico e oídio.
27) Leite 2
• Estopa ou saco de aniagem, água, leite.
Modo de usar: distribuir no chão, ao redor das plantas, estopa ou
saco de aniagem molhado com água e um pouco de leite. Pela ma-
nhã, vire a estopa ou o saco utilizado e mate as lesmas que se reuni-
ram embaixo.
Indicações: atrativo de lesmas.
28) Mel e ácido bórico
• Mel e ácido bórico
Modo de fazer: misture duas colheres de sopa de ácido bórico e um
pouco de mel. Pincele a mistura em pedaços de cartolina e espalhe-os
pela horta.
Indicações: formigas doceiras.
29) Nim (Azadirachta indica)
Óleo emulsionável: ...................... 5ml/ litro de água.
Doses Sementes secas: .......................... 30-40g/ litro de água.
Folhas secas: .............................. 40-50g/ litro de água.
Indicações: inseticida, repelente, inibidor de ingestão.
30) Pó da casca de crustáceos
• Pó de casca de crustáceos
Modo de usar: aplicar no solo (ação: aumento da população de fungos
que degradam a quitina, os quais consumirão ovos de nematóides que
também possuem quitina) ou polvilhar nas plantas (ação: uma vez polvi-
lhado nas plantas, inicia-se a produção de substâncias como fitoalexi-
nas, quinonas, terpenóides, fenóis e tanino, que são responsáveis pela
repelência e resistência das plantas aos insetos).
Indicações: controle de nematóides do solo.
31) Pão caseiro
• Pão caseiro, vinagre.
Modo de usar: colocar pedaços pequenos de pão caseiro embebido em
vinagre próximo às tocas, ninhos, carreadores e em locais onde as formi-
gas estão cortando. O produto introduzido na alimentação das formigas
começa a criar mofo preto e fermenta. Isso é tóxico e mata as formigas.
Indicações: formigas saúvas.
32) Permanganato de potássio e cal
• 125g de permanganato de potássio (KMnO4
), 1kg de cal virgem, 100l
de água.
Modo de fazer: diluir primeiramente o permanganato de potássio em
um pouco de água quente, para acelerar o processo. A cal também deve
ser queimada a parte, colocando um pouco de água. Complete para 100
litros, incluindo a solução do permanganato.
Indicações: míldio, oídio.
33) Sabão
• 1 kg de sabão neutro, 100 litros de água.
Modo de fazer: dissolver o sabão neutro em 5 litros de água quente.
Após isso dissolver em 95 litros de água.
Indicações: tripes, pulgões, cochonilhas, lagartas.
34) Sulfato de cobre e creolina
• Sulfato de cobre, creolina.
Modo de fazer - 1 a 2 colheres de café (2 a 4g) de sulfato de cobre,
1 litro de água, 50ml de creolina (ou ¼ de copo).
Indicações: tatuzinhos.
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Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
35) Mamona (Ricinus Communis)
• folhas e talos verdes de mamona
Modo de fazer: triturar no liquidificador, de 1 a 2kg de folhas e talos
verdes de mamona na água e depois diluir em 20 litros de água.
Indicações: saúvas (introduzir o líquido nos olheiros).
36) Manipueira (Manihot esculenta)
• mandioca crua
Manipueira é o suco de aspecto leitoso, extraído por compressão da
mandioca ralada. Para o controle da saúva, utilizar 2 litros de manipuei-
ra no formigueiro para cada olheiro, repetindo a cada 5 dias.
Em tratamento de canteiro contra pragas de solo, regar o cantei-
ro usando 4 litros de manipueira por metro quadrado, 15 dias antes
do plantio.
Para o controle de ácaros, pulgões, lagartas, usar uma parte de mani-
pueira e uma parte de água, acrescentado 1% de açúcar ou farinha de
trigo. Aplicar em intervalos de 14 dias.
Indicações: formigas, pragas de solo, ácaros, pulgões, lagartas.
37) Pimenta e fumo (Capsicum spp. e Nicotiana tabacum)
• 50g de fumo de rolo, 1 punhado de pimenta malagueta, 1 litro de
álcool, 250g de sabão em pó.
Modo de fazer: dentro de 1 litro de álcool, colocar o fumo e a
pimenta picados, deixando essa mistura curtir durante 7 dias. Para
usar essa solução, diluir o conteúdo em 10 litros de água contendo
250g de sabão em pó ou detergente dissolvido. No caso de hortaliças
e plantas medicinais, aconselha-se a respeitar um intervalo mínimo
de 12 dias antes da colheita.
Indicações: pulgões, vaquinhas, grilos, lagartas.
38) Primavera (Bougainvilea spectabilis)
Maravilha (Mirabilis jalapa)
• 1 litro de folhas de primavera ou maravilha (rosa ou roxa), 1 litro
de água.
Modo de fazer: juntar 1 litro de folhas maduras e lavadas de primave-
ra ou maravilha com a água e bater no liquidificador. Coar com pano fino
e diluir em 20 litros de água. Pulverize imediatamente (nas horas fres-
cas do dia). Obs.: não pode ser armazenado.
Indicações: vírus do vira-cabeça do tomateiro. Aplicar em tomatei-
ros 10 a 15 dias após a germinação (com dois pares de folhas) e repetir
a cada 48/72 horas até quando iniciar a frutificação.
39) Farinha de osso, casca de ovo triturado, carvão vegetal
• 0,5 copo de farinha de osso, 0,5 copo de casca de ovo triturado, 0,5
copo de carvão moído.
Modo de fazer: misturar tudo e distribuir em volta dos canteiros.
Indicações: repelente de formigas cortadeiras.
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Capitulo XII - Identificação e controle de pragas e doenças
Pragas/DoençasNúmerodasreceitas
Ácaros6,18,20,21,36
Alternaria(pintapreta)1
Antracnose7
Bactérias4,7,13
Besouro5
Caracóis8,16,25
Carvão1
Cercosporiose7
Cigarrinhaverde7
Cochonilhasemcarapaça7,17
Cochonilhacomcarapaça7,22,23,33
Podridãomole(Erwiniaspp.)1
Ferrugem(Pucciniaspp.)1,3,7,18
Formigascortadeiras+doceiras2,13,24,31,35,36,39(+19,28)
Fungos4,9,11,13
Fungosdesolo10
Gafanhotos5,17
Gomose7
Grilos22,37
Insetos-repelentedeamploespectro4,5,12,14,29
Insetos-inibidordadigestão4,29
Lagartas1,14,20,23,25,33,36,37
Lesmas8,15,16,25,27
Manchafoliar(Pseudomonasspp.)1
Manchapúrpura7
Melanose7
Míldio1,3,7,11,32
Minadoradefolhas21
Mofocinzento(Botrytisspp.)1
Moscabranca21
Nematóides4,30
Oídio(Erysiphespp.)1,26,32
Pintapreta7
Podridãodaraizefrutos7
Podridão7
Pragasdosolo36
Pulgões(Aphisspp.)3,5,6,14,17,18,20,21,22,23,33,36,37
Requeima(Phytophytorainfestans)7
Revestimentosfúngicos7
Rubelose7
Saúvas(Attaspp.)2,31,39
Septoriose7
Tatuzinho34
Traçadascrucíferas5
Tripes7,21,33
Vaquinhas1,7,14,23,37
Verrugose7
Vírusdomosaicoeviracabeça26,38
ANOTAÇÕES
XIII. ROTAÇÃO E CONSORCIAÇÃO
DE CULTURAS, ALELOPATIA
Helen Elisa C. R. Bevilacqua
74
Capitulo XIII- Rotação e consorciação de culturas, aleopatia
ROTAÇÃO DE CULTURAS
Após a colheita deve-se revolver o solo do canteiro novamen-
te, fazer a adubação e escolher uma nova cultura, tomando-se o
cuidado de não plantar a mesma hortaliça, ou espécie da mesma
família, no mesmo lugar. Isso porque o plantio contínuo de uma
mesma hortaliça ou de outras da mesma família acaba esgotando
o solo em relação aos nutrientes específicos (N, P, K), os requeri-
dos em maior quantidade, tornando o desenvolvimento das plan-
tas mais fraco.
A presença continuada de uma mesma planta ou outras da mesma
família atraem e mantêm cada vez mais doenças e predadores “especí-
ficos” dessas plantas. Isso pode tornar inviável o cultivo daquela planta
naquele local.
Em geral, recomenda-se fazer a rotação a cada plantio, alternando-
se as hortaliças de folhas (couve, alface, almeirão, etc.), de raízes
(beterraba, cenoura, nabo, rabanete, etc.) e de frutos ou flores (to-
mate, ervilha, brócoli, couve-flor, etc.). O melhor, porém, é fazer a
rotação de culturas com famílias diferentes. Por exemplo: pimentão
ou tomate (solanáceas e frutos), fazendo rotação com a rúcula (brassi-
cácea e folha), ou rabanete (brassicácea e raiz), pois pertencem a
famílias diferentes.
Devem-se incluir também leguminosas na rotação (feijão-vagem, fei-
jão comum, ervilha, grão-de-bico), pois, além de melhorar a estrutura
do solo, irão incorporar o nitrogênio ao solo.
A seqüência de culturas de famílias diferentes deve ser observada
desde o plantio inicial da horta. Bastará substituir a cultura do primeiro
canteiro pela cultura do último e ir substituindo em série até o penúlti-
mo ficar no lugar deixado vago pelo último.
Também é importante a presença de flores na horta, para que elas
possam atrair os insetos, impedindo que as hortaliças sejam atacadas
por eles, ou mesmo, atraindo insetos que sejam inimigos naturais das
pragas dos legumes e verduras plantados.
Um lembrete: sempre que acabar uma colheita, incorpore os
restos da cultura no solo, para melhorar suas condições físicas e
evitar a proliferação de insetos. Se suspeitar que uma planta está
doente, retire-a do canteiro, coloque num saco de lixo e leve-a
para fora da horta.
CONSORCIAÇÃO DE CULTURAS
Desde as mais antigas civilizações, já era utilizado o plantio
conjunto de plantas companheiras, que produzem associações ve-
getais favoráveis e somam forças para crescerem melhores, ou seja,
a consorciação.
Atualmente, a consorciação vem sendo retomada pelos adeptos da
agricultura orgânica, porém não existe ainda muita pesquisa em relação
ao assunto.
Sabemos que não existem fatores isolados, mas sim inter-relações
entre todos os seres vivos. Na natureza as plantas de tamanhos e espé-
cies diferentes vivem juntas, explorando cada uma, o solo ao seu modo,
enriquecendo-o de maneira diferente com substâncias orgânicas por elas
produzidas. A microvida daí resultante também é bastante diversifica-
da. Basta que uma espécie seja retirada desse ambiente para que todos
os outros fatores sejam alterados.
Um teste para saber se duas culturas são amigas ou inimigas: arran-
ca-se a raiz de uma delas, sacudindo-a cuidadosamente. Coloca-se a
terra que caiu da raiz num pano ou prato e plantam-se nela 50 a 100
sementes da outra cultura. Faz-se o mesmo em areia lavada, ou
simplesmente num pano permanentemente molhado. Se as semen-
tes da terra nascerem mais rapidamente e em maior porcentagem
do que aquelas colocadas na areia ou pano molhado, é porque foram
beneficiadas pela planta “doadora”. Se as sementes da areia ou pano
nascerem primeiro, é sinal de que as duas culturas não se “gostam”.
Ao modificar um ecossistema natural para produzir alimentos, o
homem deve procurar reconstituir o máximo possível essa riqueza e
essa diversidade.
Numa horta é preciso “descobrir” quais os exemplos de consorciação
que dão melhor resultado, pois existem plantas amigas e aquelas que
não devem ficar próximas (“inimigas”). Um exemplo é do pepino e o
girassol, que não devem ficar juntos, pois ambos competem por quanti-
dades idênticas do mesmo nutriente, o boro. Existem plantas também,
que eliminam substâncias que inibem o crescimento de plantas vizinhas,
além de provocar o amadurecimento precoce de flores e frutos (essa
substância é o etileno, produzido pelo dente-de-leão).
75
Capitulo XIII- Rotação e consorciação de culturas, aleopatia
As plantas exalam cheiros e expelem substâncias pela raiz, que sele-
cionam a vida ao redor delas, podendo causar efeitos positivos ou nega-
tivos sobre as plantas vizinhas. Com isso, elas podem se ajudar e se
complementar mutuamente, ou se prejudicar, não apenas na ocupação
do espaço, na utilização da água, de luz e de nutrientes, mas também
por meio de interações bioquímicas chamadas de efeitos alelopáticos.
A alelopatia é definida como qualquer efeito causado direta ou indi-
retamente por um organismo sobre outro (plantas, microrganismos, ví-
rus, fungos) através da liberação no meio ambiente, de produtos quími-
cos por ele elaborados (as chamadas substâncias metabólicas), que, no
caso das plantas, têm funções de proteção ou defesa delas contra o
ataque de microrganismos e insetos.
Essas substâncias são liberadas pela: decomposição de folhas e ou-
tras partes da planta, exsudação de metabólitos pelas raízes, lavagem
pela chuva ou sereno, de grande quantidade de metabólitos orgânicos
e inorgânicos e pela liberação de substâncias voláteis pelas plantas.
Na verdade a consorciação bem-feita tem sido uma das mais eficazes
medidas de prevenção de doenças, especialmente com o uso de plantas
repelentes e atrativas. Os insetos são extremamente sensíveis aos odo-
res. Assim, podem-se usar ervas aromáticas como repelentes (como a
arruda, salsa, cravo-de-defunto, cebolinha, cebola, hortelã, camomila,
manjericão, entre outras), distribuídas pelos canteiros ao lado de plan-
tas que queremos proteger. Além de podermos utilizá-las sob a forma de
extratos, em pulverizações. Ou utilizar as plantas atrativas para atrair
insetos e pragas, evitando que a planta principal seja atacada. Exem-
plo: caruru, beldroega, entre outras.
O uso de cobertura verde ou morta com restos de vegetais, visando
o controle de plantas daninhas é o exemplo mais antigo do aproveita-
mento econômico da alelopatia. Além da supressão das plantas dani-
nhas, exerce importante efeito na conservação do solo e na manuten-
ção da umidade.
A seguir, uma tabela com exemplos de plantas companheiras
e antagonistas.
76
Capitulo XIII- Rotação e consorciação de culturas, aleopatia
PLANTAS
ABÓBORA
ALFACE
ACELGA
ALHO E CEBOLA
AMENDOIM
BATATA
BERINJELA
BETERRABA
CEBOLINHA
CENOURA
CHICÓRIA
ERVILHA
ESPINAFRE
FAMÍLIA BRASSICACEAE
(REPOLHO, COUVE,
BRÓCOLI, COUVE-FLOR)
FEIJÃO-TREPADOR
MILHO
MORANGO
MOSTARDA
NABO
PEPINO
QUIABO
RABANETE
RÚCULA
SALSA
SERRALHA
SALSÃO (AIPO)
TOMATE
COMPANHEIRAS
milho, vagem, acelga, chicória e amendoim
cenoura, rabanete, morango, pepino, alho-porró
vagem
alface, beterraba, morango, camomila, tomate, couve
abóbora
feijão, milho, repolho, tagetes, berinjela, alho, ervilha, couve
feijão, vagem
cebola, alface, nabo, couve, vagem
cenoura, couve
ervilha, alface, manjerona, feijão, cebola, cebolinha, rabanete, alecrim, tomate
rúcula, vagem, rabanete
cenoura, nabo, rabanete, pepino, milho, feijão, abóbora, milho, ervas aromáticas
morango, feijão, beterraba, couve-flor
plantas aromáticas, batata, aipo, beterraba, cebola, alface
milho, abóbora, rúcula, chicória, acelga, rabanete
batata, ervilha, feijão, pepino, abóbora, melão, melancia, trigo, girassol, rúcula, nabo, rabanete, quiabo, mostarda, serralha
espinafre, alface, tomate, feijão-branco
milho
ervilha, feijão, alecrim, hortelã, milho
girassol, feijão, milho, ervilha, rabanete, alface
milho
alface, ervilha, pepino, agrião, cenoura, espinafre, milho, vagem, chicória
chicória, vagem, milho, alface
tomate, aspargo, roseiras
tomate, cebola, milho
alho-porró, tomate, couve-flor, repolho, couve
cebola, cebolinha, salsa, tagetes, cenoura, serralha
ANTAGONISTAS
batata e legumes tuberosos
salsa, girassol
——
ervilha, feijão
——
abóbora, pepino, girassol, tomate, abobrinha
——
feijão-trepador
ervilha, feijão
endro
——
cebola, alho, batata, gladíolos
——
morango, tomate, feijão-trepador, manjerona
cebola, beterraba, girassol
gladíolos
repolho, couve, funcho
—-
tomate
batata, ervas aromáticas
—-
acelga
salsa
alface, rúcula
——
——
batata, repolho, pepino, feijão
77
Capitulo XIV - Colheita das hortaliças
XIV. COLHEITA DAS HORTALIÇAS
Adão Luiz C. Martins
78
Capitulo XIV - Colheita das hortaliças
Cada hortaliça apresenta, em determinada fase de seu crescimento,
suas melhores características de sabor, palatabilidade, aparência e qua-
lidade. É nessa ocasião que ela deve ser colhida.
A hortaliça colhida antes de seu completo desenvolvimento apresen-
ta-se tenra, mas sem sabor. Por outro lado, se for colhida tardiamente,
estará fibrosa ou com o sabor alterado.
O reconhecimento do ponto de colheita é feito pela idade da
planta, desenvolvimento das folhas, hastes, frutos, raízes ou outras
partes que serão consumidas, ou pelo amarelecimento ou secamen-
to das folhas.
De modo geral, as hortaliças folhosas e de hastes são colhidas quando
estão tenras; as de flores, quando os botões estão fechados; as de fru-
tos, quando as sementes não estão completamente formadas e as de
raízes e bulbos, quando estão completamente desenvolvidas.
Seguem abaixo dicas sobre colheita para as diferentes hortaliças:
• Abóboras e morangas: para abobrinhas verdes a colheita inicia-se
aos 80 a 90 dias da semeadura, quando os frutos atingem o tamanho
preferido pelo mercado (25cm em São Paulo - abobrinha Menina
Brasileira); para abóboras maduras ou “secas” - aos 120 a 150 dias,
quando os frutos apresentam os pedúnculos bem secos e a casca
resistente à penetração da unha; para morangas: 90 a 150 dias,
dependendo da cultivar.
• Abobrinha italiana: os frutos com cerca de 20cm e com a polpa
muito tenra e as sementes ainda imaturas.
• Alface: colhe-se quando a planta ou “cabeça” atingir o desenvolvimento
máximo, porém, com as folhas tenras e sem indícios de florescimento.
• Alho: aos 110-140 dias para as cultivares precoces e 140-170 dias
para as de ciclo médio, quando ocorre amarelecimento e secamen-
to da parte aérea da planta e pelo “estalo” (tombamento) em al-
guns cultivares.
• Almeirão e rúcula: colhem-se as folhas mais desenvolvidas, deixan-
do-se as folhas mais novas do miolo da planta.
• Batata: aos 90-115 dias, após o secamento completo e natural da
parte aérea da planta.
• Berinjela: colhe-se quando os frutos estiverem bem coloridos, bri-
lhantes, com a polpa macia e firme e com 16-20cm de comprimento;
colher pela manhã, cortando o pedúnculo (deixar 3-4cm do mesmo
aderido ao fruto para evitar podridões).
• Beterraba: aos 60-70 dias para semeadura direta e 90-100 dias para mu-
das transplantadas, com as raízes com 6 a 8cm de diâmetro, ainda tenras.
• Brócoli: colher a “cabeça” central e os brotos laterais quando estive-
rem com coloração verde-intenso e os botões ainda estão fechados.
• Cebola: colher quando o bulbo atingir o tamanho máximo, indicado
pelo amarelecimento e secamento da parte aérea (folhas), sendo
que alguns cultivares apresentam tombamento ou “estalo”.
• Cenoura: quando as folhas inferiores começarem a amarelecer e
secar, e as superiores se abrirem, chegando a encostar as pontas na
superfície do solo.
• Couve: colhem-se as folhas quebrando o pecíolo rente ao caule, dei-
xando sempre, junto ao broto central da planta, 4 a 5 folhas menores
em crescimento.
• Couve-flor: cortar a “cabeça” com um grupo de folhas para protegê-la.
• Jiló: colher os frutos com tesoura, enquanto verdes e no tama-
nho máximo.
• Melancia: aos 40-45 dias da abertura da flor, quando ocorre o seca-
mento da gavinha, localizada no mesmo nó do fruto; o secamento do
pedúnculo; a alteração da cor da mancha de encosto de branca para
amarela-clara; som oco e resistência à pressão pela unha.
• Nabo: colher quando as folhas baixeiras começarem a amarelecer.
• Pepino: colhe-se quando os frutos atingirem o ponto comercial (cai-
pira: 12 a 14cm comprimento; Aodai e japonês: frutos tenros, verde-
escuros, com 20 a 25cm).
• Quiabo: o ponto ideal de colheita ocorre 4-7 dias da queda da flor,
quando os frutos estão ainda tenros, pouco fibrosos, podendo-se que-
brar a ponta facilmente ao se pressionar com o dedo.
• Rabanete: colher aos 30-40 dias, quando as raízes apresenta-
rem formato globular, cor vermelho-intenso e com cerca de 3cm
de diâmetro.
• Repolho: colhe-se quando a “cabeça” apresentar-se bem compacta,
fechada, com as folhas internas bem coladas umas às outras; as fo-
lhas de cobertura começam a enrolar-se levemente para trás, expon-
do as internas, mais claras.
• Tomate: para mesa, inicia-se a colheita 50 dias após o florescimento
e dura de 2 a 3 meses, colhendo-se o fruto maduro, de vez ou verde,
de acordo com a preferência do mercado; para indústria: colher no
estádio de frutos vermelhos.
79
Capitulo XV - Cultivo de hortaliças em recipientes
XV. CULTIVO DE HORTALIÇAS
EM RECIPIENTES
Helen Elisa C.R.Bevilacqua
80
Capitulo XV - Cultivo de hortaliças em recipientes
Quem gosta de cultivar a terra ou quer descobrir esse prazer, mes-
mo que não tenha um sítio ou um quintal grande, pode desfrutar de
uma pequena produção própria de hortaliças sempre fresquinhas e muito
mais nutritivas.
Qualquer lugar que tenha a luz do sol por, pelo menos 4 horas diárias,
pode ser utilizado para se colocar um recipiente, que pode ser um balde
velho, um vaso de cerâmica, uma garrafa de refrigerante, ou caixas de
madeira, onde pode-se cultivar as verduras e os legumes.
A ESCOLHA DO RECIPIENTE
Para o plantio, podem-se utilizar recipientes de qualquer material
resistente à umidade (exceção para latas metálicas que enferrujam),
como vasos de cerâmica, sacos plásticos, tubos de plásticos cortados,
pneus cortados, jardineiras, vasos de plásticos, baldes plásticos, bacias,
garrafas de refrigerantes, entre outros. A profundidade da peça vai de-
pender do tipo de vegetal a ser plantado.
PARA O CÁLCULO DE PROFUNDIDADE
RASO: NO MÍNIMO 15cm MÉDIO: NO MÍNIMO 25cm FUNDO: NO MÍNIMO 30cm
Alface Beterraba Almeirão
Alho Cebola Cenoura
Coentro Espinafre Chuchu
Rabanete Nabo redondo Couve-flor
Rúcula Pepino Pimentão
Salsa Tomate
DRENAGEM
Todos os recipientes devem ter furos no fundo e devem estar cober-
tos com uma pequena camada de cascalho, pedra britada, cacos de
vasos de cerâmica, ou argila expandida e sobre ela, uma pequena ca-
mada de areia ou manta de drenagem para o escoamento do excesso
de água.
A ESCOLHA DO RECIPIENTE
Devido ao volume limitado do vaso, o solo do recipiente (substrato,
no caso), deve ser rico em nutrientes, e também, deve ser bastante
poroso; pois, devido ao volume limitado do vaso, com o tempo, leva a
uma alta concentração de raízes, exigindo um elevado suprimento de
oxigênio e uma rápida remoção de gás carbônico.
Assim, a terra utilizada poderá ser a de jardim, misturada com terra
vegetal (terra preta), em volumes iguais.
Caso a terra de jardim seja bastante argilosa, devemos adicionar um
pouco de areia para melhorar a drenagem e aumentar a aeração do
substrato (50% de composto orgânico, 40% de terra de jardim e 10% de
areia de rio).
ESCOLHA DO LOCAL PARA OS RECIPIENTES
Deve ser em local arejado, com um mínimo de 4 horas de luz solar direta.
REGAS
Regar quando notar que a terra começa a secar, evitando o excesso
de água. Manter o solo sempre úmido.
EXEMPLOS DE RECIPIENTES
Vasos feitos com pneus cortados
e fundo de madeira
Tubos de PVC cortados e fechados nas
laterais com madeira
Jardineiras colocadas em suporte em
forma de escada
81
Capitulo XV - Cultivo de hortaliças em recipientes
Época de plantio para região sudeste
TABELA DE SELEÇÃO DE HORTALIÇAS
HORTALIÇA TIPO DE PLANTIO ESPAÇAMENTO ÉPOCA ÉPOCA DE
OU SEMEADURA (cm)entre linhas x entre plantas DE PLANTIO COLHEITA
J F M A M J J A S O N D
Abobrinha italiana cova 100 x 60 x x x x x x x x x x x x 40-60 dias
Acelga definitiva ou sementeira 20 x 40 x x x x x x x 70 dias
Agrião sementeira ou mudas 20 x 20 x x x x x x 40-70 dias
Alcachofra mudas 200 x 100 x x x 100-140 dias
Alface de inverno sementeira 25 x 25 ou 30 x 30 x x x x x x x 45-80 dias
Alface de verão sementeira 25 x 25 ou 30 x 30 x x x x x 45-80 dias
Almeirão definitivo 25 x 15 x x x x x x x 60-80 dias
Aspargo sementeira ou mudas 200 x 30 x x x 3º ano
Batata definitivo 80 x 30 x x x x x x x x x x 90-115 dias
Batata-doce definitivo 80 x 25 x x x x x x x x x x 110-165 dias
Berinjela em saquinhos 150 x 80 x x x x x 90-120 dias
Beterraba definitivo 20 x 10 x x x x x x x x x x x x 60 dias
Brócoli inverno sementeira 100 x 50 x x x x x x x 80-100 dias
Brócoli verão sementeira 100 x 50 x x x x x 80-100 dias
Cebola sementeira 40 x 10 x x x x 120-150 dias
Cebolinha sementeira 40 x 5 x x x x x x x x x x x x 70-100 dias
Cenoura inverno definitivo 20 x 5 x x x x x x 80-120 dias
Cenoura verão definitivo 20 x 5 x x x x x x 80-120 dias
Chicória sementeira 30 x 30 x x x x x x x 80-100 dias
Coentro definitivo 20 x 10 x x x x x x 50-80 dias
Couve-manteiga sementeira 100 x 50 x x x x x x x x x x x x 80-90 dias
Couve-flor inverno sementeira 80 x 50 x x x x x x x 90-100 dias
Couve-flor verão sementeira 80 x 50 x x x x x 90-100 dias
Espinafre definitivo 25 x 5 x x x x x x 30-40 dias
Ervilha definitivo 40 x 20 x x x 60-140 dias
Feijão-vagem cova 100 x 60 x x x x x 50-80 dias
Jiló sementeira 120 x 80 x x x x x x x x 60-90 dias
Mandioquinha definitivo 70 x 30 x x x 8-11 meses
Mostarda sementeira 30 x 20 x x x x x x x 45-50 dias
Nabo definitivo 30 x 15 x x x x x x x x 55 dias
Pepino cova 100 x 60 x x x x x x 40-60 dias
Pimentão sementeira 100 x 40 x x x x x x 100-120 dias
Quiabo definitivo 100 x 40 x x x x x 70 dias
Rabanete definitivo 20 x 8 x x x x x x x x x x x x 25-30 dias
Repolho inverno sementeira 60 x 40 x x x x x 90 dias
Rúcula definitivo 20 x 5 x x x x x x x x x x x x 40-50 dias
Salsa definitivo 30 x 10 x x x x x x x x x x x x 50-60 dias
Tomate sementeira 80 x 60 x x x x x x x 100-120 dias
ANOTAÇÕES
XVI. BIBLIOGRAFIA
84
Capitulo XVI - Bibliografia
ALMEIDA Jr., H. Práticas alternativas de controle de pragas e doenças na
agricultura - coletânea de receitas. Campinas: EMOPI, 1998. 112p.
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BOLETIM TÉCNICO 200 - Instruções agrícolas para as principais culturas
econômicas. 6ª ed., Campinas: Instituto Agronômico de Campinas,
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CHABOUSSOU, F. A teoria da trofobiose - novos caminhos para uma
agricultura sadia. Fundação Gaia, Centro de Agricultura Ecológica
Ipê, 2ª ed., 1995.
COMO COMBATER PRAGAS E DOENÇAS. Plantas dentro de casa. Rio Gráfica
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15/outubro, 1978. p.3.
CUIDADO COM O TRIPES. Jornal “Plantas e flores”, 29/outubro, Editora
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Agronômica Ceres. 1981. 338p.
FORNARI, E. Novo manual de agricultura alternativa. Editora Sol Nascente,
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GUIA RURAL. Horta é saúde. Edição Especial do Guia Rural. São Paulo:
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1993. 189p.
LEPSCH, I. F. Solos - formação e conservação. São Paulo: Melhoramentos,
1976. 160p. (série Prisma)
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Editora Abril, 1978. p.4.
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CNPH, 1983. 23p. (Instruções técnicas, 6).
MEDEIROS,A. R. M. Alelopatia - fundamentos, importância e suas aplicações.
Piracicaba: 1987. (Apostila)
MEDEIROS, M. A. O controle biológico de insetos - praga e sua aplicação
em cultivos de hortaliças. Brasília: EMBRAPA-CNPH, 1997. (Circular
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químicos Notícias, São Paulo, sem data, n.º 37. P.3-5.
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PASCHOAL, A. D. Produção orgânica de alimentos: agricultura sustentável
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______. Introdução à agricultura orgânica - normas e técnicas de cultivo.
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PITTA, G. P. B. Flores e plantas ornamentais para exportação: aspectos
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PRIMAVESI, A. M. Agricultura sustentável. São Paulo: Nobel, 1992. 142p.
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PÁGINAS NA INTERNET:
www.planetaorganico.com.br/alelopatia.htm
www.planetaorganico.com.br
http://agritechnology.com/iaf/
www.estado.estadao.com.br/suplementos/agri/2001/02/28/agri033.html
FOTOS:
www.sxc.hu
DEPAVE4
Danielle Lopez dos Santos
Fabio Augusto Lopes da Silva
Silvia C. Glueck
Manualhortaurbana

Manualhortaurbana

  • 1.
    I. CLASSIFICAÇÃO DASHORTALIÇAS Helen Elisa C. R Bevilacqua
  • 2.
    2 Capitulo I -Classificação das hortaliças OLERICULTURA O termo OLERICULTURA é derivado do latim: olus (=hortaliça) e cole- re (=cultivar) e, portanto, é utilizado para designar o cultivo de certas plantas de consistência herbácea, geralmente de ciclo curto e tratos culturais intensivos, cujas partes comestíveis são diretamente utiliza- das na alimentação humana, sem exigir industrialização prévia. As hortaliças também são denominadas por cultura olerácea e são popularmente conhecidas como verduras e legumes. A olericultura não é sinônimo de horticultura, sendo este último mais abrangente, referindo-se à produção de uma grande diversidade de cul- turas comestíveis ou ornamentais, como a fruticultura (cultura de fru- teiras variadas), a cultura de cogumelos comestíveis, a jardinocultura (produção de plantas ornamentais), o cultivo de plantas bulbosas (como a tulipa), o cultivo de plantas medicinais, o cultivo de plantas condi- mentares e a produção de mudas diversas (viveiricultura). Segundo a Sociedade Brasileira de Olericultura do Brasil, além das verduras e legumes por nós conhecidos, devem ser incluídas entre as culturas oleráceas, a melancia, o melão, o morango, a batata-doce, a batatinha, o inhame, a mandioquinha-salsa, entre outras. CARACTERÍSTICAS DAS HORTALIÇAS Como característica mais marcante, temos o caráter intensivo, quan- to à utilização do solo, aos tratos culturais, à mão-de-obra e aos insu- mos agrícolas modernos (sementes, defensivos e adubos químicos). Em- pregam-se esses insumos em quantias elevadas por área cultivada. Em contrapartida, possibilita altas rendas líquidas por área cultivada. O olericultor é o tipo de empresário rural que obtém os maiores lu- cros por unidade de área explorada em relação aos demais agricultores ou criadores. Isto porque, na maioria dos casos, o ciclo cultural das hortaliças é bem mais curto, comparando-se com as demais culturas. Como exemplo: em um ano, num mesmo terreno, pode-se utilizar para 3 culturas de tomate transplantados, ou 6 culturas de alface transplan- tadas ou 12 culturas de rabanete plantados diretamente. O ciclo das hortaliças normalmente é de 3 a 6 meses, com exceção do aspargo (que é perene) ou do chuchu (semi-perene). Como as áreas são menores, podemos aprimorar os tratos culturais que são intensivos, podendo-se utilizar a polinização manual, fumiga- ção dos canteiros, produção de mudas em recipientes, raleamento dos frutos, adubação foliar, etc. Com isso, utilizam-se, de modo intensivo, a mão-de-obra e a terra. Pela sua alta rentabilidade física e econômica, a olericultura permite o aproveitamento de terrenos de baixa fertilidade natural, cuja utiliza- ção seria antieconômica para outras culturas. EXPANSÃO DA OLERICULTURA Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios que aqui viviam alimentavam-se com a mandioca, vários tipos de feijões e favas, jeri- mum ou moranga, batata-doce, beldroega, tomilho, maxixe, caruru, amendoim e várias espécies de pimenta. Na Europa, já era tradição agrícola e hábito dos portugueses, o cultivo de hortas, pois a base da alimentação eram os vegetais cozidos, em forma de caldos. Aqui no Brasil, para garantir a produção dessas hortaliças, os portugueses cria- ram os cinturões verdes (áreas de cultivo ao redor das cidades), em Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, nos quais, além de hortas, também implantaram pomares, criavam galinhas e produziam mel. Ado- taram a mandioca e cultivavam os temperos (coentro, cominho, horte- lã, manjericão ou alfavaca, salsa, cebola, alho, poejo), couve, nabo, pepino, cenoura, alface, espinafre e berinjela. A outra influência decisiva na agricultura e na alimentação brasileira veio com os africanos que chegaram ao Brasil a partir de 1539 e manti- nham os seus “roçadinhos” ao redor da senzala, onde plantavam quia- bo, vinagreira, inhame, erva-doce, melancia, gergelim, açafrão e vários tipos de pimenta. Embora tenha surgido dessas três influências, o brasileiro não se dis- tingüiu como um grande consumidor de hortaliças. A partir do começo do século XVII, as hortaliças pouco a pouco passaram à categoria de “mistura”, ou um complemento eventual, mas a preferência era pelas carnes de gado, de peixe e de caça, muito abundantes e baratas naque- la época e pelo feijão. Houve um aumento do consumo de saladas pelos ricos que tinham acesso à Corte Imperial, com a chegada do Príncipe Regente Dom João,
  • 3.
    3 Capitulo I -Classificação das hortaliças em 1808, que trouxe o costume da França. Contudo, a camada mais pobre da população não tinha o costume de comer as hortaliças, somen- te consumindo alguns temperos. Pequenas mudanças ocorreram no final do século, com a chegada dos imigrantes italianos, alemães e nórdicos, que não abriam mão de seus hábitos alimentares aqui no Brasil, aumentando o consumo de batata (entre os alemães) e do tomate (entre os italianos) – hortaliças curiosa- mente de origem sul-americana. A contribuição mais significativa para a incorporação do hábito de consumo de hortaliças pelos brasileiros ocorreu com a chegada dos imi- grantes japoneses, a partir de 1908. Depois de trabalharem nas grandes fazendas de café, instalaram-se em pequenas propriedades ao redor da cidade de São Paulo, formando o cinturão verde. Produziam em larga escala e com técnicas modernas, as culturas hortícolas já conhecidas no país e outras que eles mesmos trouxeram, como a couve-chinesa, a cou- ve-rábano, o espinafre, a bardana, o rabanete, o repolho, a mostarda, o broto de bambu e o broto de feijão. O aumento da urbanização provocou um aumento do preço das terras próximas às cidades e da demanda de alimentos, gerando a necessidade de se aprimorar a produção das hortaliças, com a melhoria da tecnolo- gia utilizada e aumento da produtividade. Com isso, a olericultura saiu das proximidades das cidades, indo para locais com melhores condições ecológicas (de solo e clima), ou de maior conveniência econômica (cus- to de utilização da terra e da água). Assim, a horta evoluiu para a olericultura empresarial, atendendo a demanda e exigência dos consu- midores, tanto no aspecto da qualidade dos produtos, quanto ao sabor e riqueza em vitaminas e minerais. No entanto, é interessante notar que o nível de consumo das hortali- ças relaciona-se com a renda pessoal, o grau de escolaridade e a cultura geral da população de um país. Na década de 1940, surgiu a Revolução Verde, onde devido à deman- da crescente de alimentos, o cultivo era feito com a utilização dos “pa- cotes tecnológicos” surgido no pós-guerra mundial (com as grandes so- bras de material de guerra das indústrias química e mecânica), que in- cluíam o uso da mecanização agrícola, de sementes híbridas seleciona- das, adubos químicos e agrotóxicos para garantir o aumento da produti- vidade. Esses pacotes tecnológicos chegaram a partir da década de 1960 no Brasil, com o apoio de políticas agrícolas de crédito rural e de cen- tros e órgãos de pesquisa e extensão rural (como a EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias e EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) que foram criados para a adequação de novas variedades de produtos hortícolas à nossa realidade de clima e solo e para auxiliar o produtor na utilização dos novos insumos (adubos quími- cos, herbicidas, fungicidas, inseticidas, etc.). Na década de 1970 foram implantadas as primeiras CEASA’s (Centrais de Abastecimento S.A.) beneficiando a produção, com a comercializa- ção sendo racionalizada num único local. A década de 1980 é considerada importante para a olericultura brasi- leira, com o lançamento de cultivares de hortaliças adaptadas às mais diversas condições climáticas do território nacional, graças às ativida- des da pesquisa oficial. Foi nessa época também, que a qualidade dos alimentos passa a ser considerada como fator de segurança alimentar e nutricional - já não basta produzir em quantidade suficiente para abas- tecer a população e viabilizar as condições de acesso ao alimento, mas também promover e manter a saúde do homem. Com a chegada da década de 1990, aprofunda-se a crise ambiental no mundo, havendo um grande questionamento sobre a influência da soci- edade capitalista na natureza e também sobre a sustentabilidade do modelo de exploração dos recursos naturais até então utilizados. Na última década acentuou-se a implantação do sistema de cultivo protegido em estufas e a hidroponia. Em 1996, na Conferência da Alimentação realizada em Roma, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) reco- nhece o fracasso da Revolução Verde e o surgimento de uma Nova Revo- lução Verde (ou Alternativa). Além disso, movimentos internacionais que apontavam falhas na proposta química, começaram a propor soluções para uma melhor convivência com os recursos naturais, criando siste- mas de produção baseados em modelos que combatem a degradação do meio ambiente e o esgotamento dos recursos naturais, garantindo ali- mento e saúde tanto para a atual, quanto para as futuras gerações. Nas Conferências das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o De- senvolvimento, realizadas em 1972, 1982 e em 1992 (esta última no Rio de Janeiro, conhecida como ECO-92 ou Rio-92), tornaram-se visíveis os danos causados pela agricultura convencional (onde o objetivo principal é o aumento da produção), mostrando que a agricultura era a fonte difusa de poluição no planeta, causado, sobretudo, pelo uso excessivo
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    4 Capitulo I -Classificação das hortaliças de inseticidas. Com isso, buscou-se uma agricultura menos dependente dos insumos químicos, onde se quer conciliar as necessidades econômi- cas e sociais da população humana, com a preservação da base natural do planeta, ou seja, o desenvolvimento sustentável. Os métodos alternativos de produção, onde se prioriza a interação entre solo-planta-clima-pragas e etc., começam a crescer, refletindo uma mudança de atitude do ser humano em relação ao meio ambiente. Em maio de 1999 o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, através da Instrução Normativa nº 07, aprova normas disciplinadoras para a produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, iden- tificação e certificação de produtos orgânicos no país. Busca-se hoje, segundo os princípios da agroecologia, o restabeleci- mento de uma relação saudável entre a natureza e a sociedade e a consolidação da segurança alimentar e nutricional sustentável, como opção para viabilizar a produção de alimentos de qualidade e fortalecer a agricultura familiar. CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS Devido à grande quantidade de espécies envolvidas e as particulari- dades de cada cultura, torna-se necessário uma metodologia capaz de evidenciar as semelhanças e as diferenças botânicas ou de ordem tecno- lógica entre essas culturas. Por isso, procura-se agrupá-las didaticamente e, nesse sentido, exis- tem várias classificações baseadas nas características comuns. Uma classificação muito antiga considera, como critério para o agrupamento, as partes utilizadas na alimentação humana, e que têm valor comercial. Atualmente, tal classificação vem sendo utilizada, com pequenas modificações, pelo sistema Nacional de Centrais de Abastecimento. A classificação é a seguinte: • Hortaliças tuberosas - são aquelas cujas partes utilizáveis desenvol- vem-se dentro do solo, compreendendo: tubérculos (batatinha, cará), rizomas (inhame), bulbos (cebola, alho) e raízes tuberosas (cenoura, beterraba, batata-doce, mandioquinha-salsa). • Hortaliças herbáceas - aquelas cujas partes aproveitáveis situam-se acima do solo, sendo tenras e suculentas: folhas (alface, taioba, repo- lho, espinafre), talos e hastes (aspargo, funcho, aipo), flores e inflores- cências (couve-flor, brócoli, alcachofra). • Hortaliças-fruto - utiliza-se o fruto, verde ou maduro, todo ou em parte: melancia, pimentão, quiabo, ervilha, tomate, jiló, berinje- la, abóbora. Outra classificação, mais simples, incorreta e pouco abrangente também, e muito utilizada, é a que reúne todas as hortaliças em dois grandes grupos: as “verduras” e os “legumes”. O critério para enqua- drar as numerosas hortaliças cultivadas num ou noutro grupo, seria a adequação ou não à tradicional embalagem que é a caixa tipo “K” (de querosene, pois este produto era trazido, na época da Segunda Guerra, neste tipo de caixa), também conhecida como caixa tipo “to- mate”. Assim, os “legumes” seriam aquelas hortaliças consideradas adaptadas a tal embalagem (hortaliças tuberosas e hortaliças fru- tos); todas as demais (hortaliças herbáceas) seriam simploriamente denominadas de “verduras”, mesmo que a cor verde não predomine. Esses termos também são utilizados, freqüentemente, como sinôni- mos de hortaliças. Porém, o melhor critério para agrupar as culturas oleráceas, é con- siderarmos o parentesco botânico das plantas, com a vantagem de se basear em características muito estáveis. Assim, enquanto que os mé- todos culturais utilizados ou as partes aproveitáveis na alimentação podem variar de uma região para outra, conforme imposições econô- micas ou por simples tradição regional, as características botânicas são invariáveis. Esse tipo de classificação baseia-se no parentesco e nas semelhanças entre elas, utilizando-se os órgãos vegetativos e re- produtivos. Para tanto, utilizamos três unidades taxonômicas que nos interessam mais de perto: • a família botânica - que é a reunião dos gêneros botânicos afins; • o gênero botânico - que é o agrupamento de espécies afins; • a espécie botânica - que é a unidade taxonômica básica, englobando indivíduos vegetais muito semelhantes entre si. Essas unidades são utilizadas desde os trabalhos pioneiros do célebre professor sueco Karl von Linnée (1707 - 1775), adotando-se um sistema binário de nomenclatura, em latim, aceito universalmente, que com- preende o nome do gênero e o epíteto específico para designar uma espécie botânica. Como exemplo, temos:
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    5 Capitulo I -Classificação das hortaliças VARIEDADE BOTÂNICA E VARIEDADE CULTIVADA No meio técnico atual, o antigo termo “variedade”, no sentido de uma variedade comercial plantada pelos olericultores, não vem sendo mais utilizado. Tem sido substituído pelo termo “cultivar” (do inglês cultivated variety), estabelecendo-se que sua abreviatura é cv. Define- se cultivar como um grupo de plantas cultivadas, muito semelhantes entre si, que se distingue por quaisquer características, como morfoló- gicas, fisiológicas, químicas, citológicas, etc., como é o caso do rabane- te, que pode ser comprido ou redondo, uma alface que suporta o calor sem florescer, os diversos tipos de tomate existentes, etc. Tais caracte- rísticas são mantidas inalteráveis durante a propagação da cultivar, por via sexual ou vegetativa. A variedade botânica ou varietas (em latim) não deve ser confundida com “cultivar”. O termo varietas ou abreviando-se var. é uma unidade taxonômica, utilizado logo após o nome da espécie botânica, para de- signar uma população de plantas, dentro de um mesma espécie, mas com aparência marcadamente diferente daquela. Um bom exemplo é o da espécie botânica Brassica oleracea, originária da couve selvagem mediterrânea, que abrange algumas varietas muito importantes, pois são muito conhecidas entre nós: Brassica oleracea var. capitata (repolho) Brassica oleracea var. acephala (couve-manteiga) Brassica oleracea var. tronchuda (couve tronchuda) Brassica oleracea var. botrytis (couve-flor) Brassica oleracea var. italica (brócoli) Com isso, podemos definir bem uma determinada hortaliça. Exempli- ficando novamente, o nome completo, do ponto de vista científico, téc- nico ou comercial, de uma couve-flor brasileira, criada para condições de verão quente, muito cultivada no centro-sul é: Brassica oleracea var. botrytis cv. “Piracicaba precoce”. FAMÍLIA BOTÂNICA NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO Alliaceae cebola Allium cepa Apiaceae cenoura Daucus carota Apiaceae salsa Petroselinum crispum Asteraceae alface Lactuca sativa Brassicaceae couve-manteiga Brassica oleracea var. acephala Brassicaceae rabanete Raphanus sativus Brassicaceae rúcula Eruca sativa Chenopodiaceae beterraba Beta vulgaris Solanaceae tomate Lycopersicon esculentum
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    8 Capitulo II -A Importância das hortaliças na alimentação humana A IMPORTÂNCIA DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental para a saú- de, constituindo uma prática que contribui para o bem estar físico, mental e social dos indivíduos. A ciência da nutrição estuda os alimentos e suas relações com a saú- de, o valor nutritivo dos alimentos, o metabolismo, o equilíbrio das die- tas e os fatores que interferem na saúde, os quais podem ser sociais, psicológicos, culturais e econômicos. Nos últimos anos, a alimentação saudável tem sido alvo de destaque, visando a longevidade e qualidade de vida. Prova disso são as matérias divulgadas pela mídia, muito embora, nem sempre as informações se- jam transmitidas com clareza e dotadas de comprovação científica. As- sim sendo, é importante que o público esteja ciente dos riscos e benefí- cios ao transformar um certo alimento como parte da rotina de sua alimentação e não apenas se deixar levar pelos apelos nutricionais que muitas vezes podem ser tendenciosos ou focados em apenas em um aspecto de saúde. GRUPOS DE ALIMENTOS Através da ingestão de alimentos, o organismo recebe os nutrientes necessários para seu funcionamento. Nutrientes são substâncias quími- cas, com funções específicas no organismo. São eles: proteínas, vitami- nas e sais minerais, carboidratos e lipídios. Podemos dividir os alimentos em três grandes grupos, conforme a quan- tidade de nutrientes que possuem em maior quantidade e sua função: • Construtores: são os alimentos fontes de proteínas, nutrientes impor- tantes para a construção e manutenção dos tecidos, formação de enzi- mas, hormônios e anticorpos, entre outras funções. - alimentos de origem animal = carnes, ovos, leite e derivados. - leguminosas secas = feijões, grão-de-bico, lentilha, ervilha-seca. • Reguladores: são os alimentos fontes de vitaminas e minerais, nutri- entes que regulam o funcionamento do organismo, colaborando no apro- veitamento de todos os outros nutrientes. - alimentos de origem vegetal = verduras, legumes e frutas. • Energéticos: são os alimentos fontes de carboidratos e lipídios, nutri- entes que fornecem energia para todas as atividades do organismo. - fontes de carboidratos = cereais, massas, farinhas, açúcar, feculentos (batata, mandioca, etc.). - fontes de lipídios = óleos e gorduras. Para que uma refeição esteja qualitativamente equilibrada, é neces- sário que contenha pelos menos um alimento de cada grupo. O hábito de consumir alimentos variados é bastante saudável para que se garanta o fornecimento de todos os nutrientes ao organismo, uma vez que não existe alimento completo. A apresentação do prato, com diferentes co- res e texturas, bem como com sabores diversificados, contribui para a implantação de bons hábitos alimentares. Em termos de quantidade, as necessidades variam conforme o sexo, faixa etária e atividade física dos indivíduos. VALOR NUTRICIONAL DAS HORTALIÇAS Como vimos, as hortaliças, juntamente com as frutas, fazem parte dos alimentos classificados como reguladores. Os benefícios que as verduras, legumes e frutas podem propiciar ao organismo estão cada vez mais com- provados por pesquisas científicas. Por esta razão, é muito importante que seu consumo seja motivado desde a primeira infância para que bons hábitos alimentares se instalem e perpetuem através das gerações. • O que já se sabia? Fontes de vitaminas e minerais têm sua importância pela função regu- ladora e de prevenção de doenças carenciais. Exemplos: • Vitamina A: importante para a visão e para a manutenção da pele e mucosas. Encontra-se nas hortaliças e frutas sob forma de caroteno, que no organismo é convertido em Vitamina A. Fontes: vegetais e frutas alaranjados (cenoura, abóbora, manga, mamão, etc.) e folhas verde-escuras (agrião, almeirão, brócoli, couve, etc.). • Vitamina C: importante para o organismo no combate às infecções e no processo de cicatrização; facilita a absorção de ferro dos vege- tais. Fontes: frutas cítricas, goiaba, mamão, acerola, kiwi, etc. e, dentre as hortaliças, presente no pimentão verde, espinafre, couve, brócoli, etc.
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    9 Capitulo II -A Importância das hortaliças na alimentação humana • O que há de novo? Nos últimos anos, a ciência tem descoberto que alguns alimentos podem ajudar a prevenir várias doenças porque contêm, entre outras substâncias, os chamados compostos bioativos. Além das vitaminas e minerais para evitar as doenças carenciais, têm componentes ativos capazes de prevenir ou reduzir males que vão desde a prisão de ventre até certos tipos de câncer e o envelhecimento precoce. Estes alimentos estão sendo chamados de alimentos funcionais. Grande parte dos alimentos funcionais em estudo faz parte do grupo dos alimentos reguladores. Existe uma série de compostos bioativos que estão sendo pesquisa- dos. Citaremos alguns exemplos: • licopeno: (pigmento vermelho, que dá cor ao tomate, à melancia, etc.) - estudos mostram que tem propriedades anticancerígenas, atuan- do como antioxidantes. • Beta-carotenos: (pigmento amarelo-alaranjado da cenoura, abóbora, mamão, etc.) - protegem as células do cérebro contra os efeitos dano- sos dos radicais-livres. • Glicosinolatos: compostos presentes em boa quantidade na couve-flor, couve-manteiga, repolho, brócoli, etc. – ajudam o fígado a fazer uma desintoxicação, eliminando as substâncias cancerígenas das células. Além destas, lembramos que há várias outras substâncias funcionais em estudo, mas não existe alimento milagroso. O grande segredo está na variedade da alimentação, um alimento complementando o outro. FIBRAS As hortaliças também são importantes fontes de fibras, juntamente com as frutas. Componentes dos alimentos vegetais, as fibras não po- dem ser digeridas pelas secreções gastrointestinais e por isso, desempe- nham funções de grande valor para o organismo, dentre elas: • melhorar o trânsito intestinal • ajudar a eliminar toxinas • promover o aumento da saciedade • proteger a flora bacteriana • auxiliar no controle do diabetes Obs.: É importante consumir líquidos para facilitar a ação das fibras. A boa alimentação (nutrição) é uma condição essencial à saúde. Tem sua eficácia quando praticada regularmente através de mudanças de hábitos alimentares e não apenas como uma dieta de modismo. A BASE DA SAÚDE É A NUTRIÇÃO E A MATÉRIA-PRIMA É O ALIMENTO CONSUMO DIÁRIO RECOMENDADO DE HORTALIÇAS As hortaliças devem ser consumidas diariamente, e de preferência cruas, para que não tenham perdido as vitaminas no processo de cozimento, e porque cruas dão maior saciedade. O consumo diário ideal de hortaliças, no almoço e no jantar, é: 1 porção de verdura = 1 xícara de verdura crua ou ½ xícara de verdura cozida, mais 1 porção de legume = ½ xícara CONSUMO DIÁRIO RECOMENDADO DE FRUTAS Além das hortaliças, as frutas também são alimentos ricos em vitaminas e minerais e, por isso, também devem ser consumidas diariamente, de preferência cruas, para não perderem as vita- minas durante o cozimento. O consumo diário ideal de frutas é: 1 porção no café da manhã 1 porção antes do almoço 1 porção no lanche da tarde 1 porção como sobremesa do almoço 1 porção como sobremesa do jantar 1 porção = 1 fruta fresca de tamanho médio ou ½ xícara de fruta picada ou ½ copo de suco de fruta.
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    10 Capitulo II -A Importância das hortaliças na alimentação humana Caso queira saber a quantidade de nutrientes que há em cada hor- taliça, consulte a tabela de “VALOR NUTRITIVO DAS HORTALIÇAS” (Da- dos extraídos das Tabelas de Composição de Alimentos de Guilherme Franco e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE). NUTRIENTE Vitamina A Vitamina E Vitamina K Vitamina B1 (Tiamina) Vitamina B2 (Riboflavina) Vitamina C Cálcio (Mineral) Ferro (Mineral) HORTALIÇAS E FRUTAS FONTES DE VITAMINAS E MINERAIS Legumes e frutas de cor amarela forte, como: abóbora, abóbora-moranga, cenoura, mamão , manga e outros. Legumes verdes, como: aipo, aspargo, chuchu, jiló, pi- mentão, quiabo e outros. Verduras verde-escuras, como: agrião, almeirão, bró- coli, chicória, couve, escarola, espinafre, folhas de be- terraba, mostarda, salsa, vagem e outras.Algumas ver- duras verdes, como a acelga e a alface. Hortaliças verdes, como: agrião, alface, almeirão e outras. Verduras verdes e folhosas, principalmente a couve, o espinafre e outras. Hortaliças verdes e folhosas, como: abobrinha, agrião, alcachofra, almeirão, aspargo, couve, mostarda, repo- lho, salsa, vagem e outras. Hortaliças verdes e folhosas, como: abobrinha, agrião, alcachofra, almeirão, aspargo, chuchu, couve-flor, es- carola, espinafre, mostarda, salsa, vagem e outras. Verduras folhosas cruas e frutas cítricas cruas são as mais ricas, como: agrião, couve, pimentão; abacaxi, caju, goiaba, laranja, limão e outras. Hortaliças verdes, como: acelga, agrião, aipo, alcachofra, al- meirão, brócoli, cebolinha, chuchu, couve, couve-flor, esca- rola,espinafre,jiló,mostarda,quiabo,salsa,vagemeoutras. Hortaliças verde-escuras, como: agrião, almeirão, acel- ga, brócoli, couve, escarola, espinafre, mostarda, sal- sa, vagem e outras.
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    11 Capitulo II -A Importância das hortaliças na alimentação humana VALOR NUTRICIONAL DAS HORTALIÇAS HORTALIÇAS FIBRA HIDRATO DE PROTEINA GORDURA CALORIAS CALCIO FOSFORO FERRO A B1 B2 NIACINA C % CARBONO (gr) (gr) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg) Abobora 1,30 9,80 1,20 0,30 46,70 12 27 0,70 280 55 100 0,70 9,50 Abobrinha 0,50 6,00 1,00 0,20 29,80 15 30 0,56 5 230 160 2,90 5,80 Abobora Moranga 0,90 2,70 1,87 0,06 18,80 31 19 1,77 380 70 50 0,80 11,00 Acelga 1,00 5,60 1,60 0,40 32,40 110 29 3,60 292 30 90 0,40 34,00 Agrião 1,20 3,30 1,70 0,30 23,00 168 41 2,60 187 79 154 1,08 43,20 Aipo 1,10 3,30 1,10 0,00 21,20 72 46 0,70 92 48 47 0,24 11,90 Alcachofra 2,00 16,70 2,60 0,20 79,00 39 87 1,00 20 250 129 0,80 7,50 Alface 1,10 2,30 1,20 0,20 16,00 38 42 1,10 425 15 125 0,25 8,70 Alho Porró 2,10 29,30 5,30 0,20 134,00 38 134 1,04 0 224 74 0,29 14,00 Almeirão 1,80 4,10 1,70 0,20 20,00 70 23 1,70 263 213 120 0,40 11,00 Aspargo 2,60 3,30 1,80 0,20 22,70 25 39 1,00 70 130 190 1,59 30,00 Batata Doce 1,10 21,70 1,82 0,10 94,90 40 62 0,90 350 89 25 0,40 23,00 Batata Inglesa 0,40 17,60 1,80 0,10 78,50 9 69 1,00 6 90 30 1,50 17,40 Berinjela 1,90 3,90 1,00 - 19,60 17 29 0,40 5 60 45 0,60 1,20 Beterraba 1,10 9,00 3,00 0,10 48,90 32 40 2,50 2 50 50 0,38 35,20 Brocolos 3,50 5,50 3,30 0,22 37,00 400 70 15,00 350 54 350 1,60 82,70 Cará 5,10 15,80 1,30 0,20 70,20 18 96 0,50 2 660 45 2,20 0,00 Cebola 1,10 5,60 1,60 0,20 31,50 32 44 0,50 2 60 45 0,36 9,70 Cebolinha 0,00 5,30 1,20 0,30 26,90 27 31 0,40 8 35 45 0,23 35,00 Cenoura 1,10 10,70 1,20 0,40 50,30 56 46 0,60 1100 60 50 0,60 26,80 Chicória 1,80 2,90 1,60 0,20 21,00 29 27 1,50 330 70 140 0,50 6,80 Chuchu 1,70 19,50 2,45 0,10 91,40 5 76 1,60 2 30 40 0,40 10,80 Cogumelo 0,00 2,40 1,70 0,22 18,40 3 136 1,00 1 120 115 1,90 8,00 Couve 2,00 4,50 1,40 0,20 24,50 330 66 2,20 750 96 247 0,37 108,00 Couve-Flor 2,70 4,30 2,50 0,30 30,00 122 61 0,60 1850 90 110 0,70 72,00 Escarola 0,00 3,20 1,60 0,20 21,00 70 49 1,80 2000 70 250 0,40 6,00 Espinafre 2,90 2,60 2,30 0,10 22,30 95 92 3,08 585 70 100 0,60 15,30 Inhame 1,00 14,60 1,50 0,20 66,80 25 50 4,00 5 100 83 1,10 9,80 Jiló 1,20 7,00 1,40 1,10 38,00 22 34 1,00 66 70 70 1,00 12,40 Mandioca 0,00 33,00 2,00 0,20 141,80 43 140 0,50 2 300 72 2,20 49,00 Mandioquinha 0,60 29,20 1,50 0,30 125,50 45 101 0,67 20 60 40 3,40 28,00 Mostarda 2,00 4,00 2,30 0,30 28,00 221 66 5,66 700 110 220 0,80 57,30 Nabo 0,80 7,10 1,10 0,20 34,60 56 47 0,52 2 70 70 0,85 19,30 Palmito 0,00 5,20 2,20 0,20 26,00 86 79 0,80 0 46 89 0,71 9,70 Pepino 0,70 0,35 0,07 0,07 2,31 22 4 0,44 2 30 40 0,20 14,00 Pimentão Verde 1,80 5,70 1,30 0,20 29,00 12 28 0,40 123 53 52 0,82 0,00 Quiabo 1,00 7,40 1,80 0,20 38,60 62 19 0,50 31 40 80 0,60 25,80 Rabanete 1,60 2,80 0,60 0,13 15,90 138 64 1,71 0 30 30 0,30 18,30 Repolho 6,30 4,30 1,40 0,20 25,00 0,20 53 32,00 10 110 60 0,40 41,30 Salsa 3,30 8,50 3,20 0,60 43,00 195 52 3,10 7000 120 240 1,00 183,4 Tomate 1,00 3,40 1,00 0,30 20,00 9 43 1,67 60 80 113 0,45 34,30 Vagem 1,80 7,70 2,40 0,20 42,00 55 50 1,16 125 215 200 0,54 23,30 Fonte: Tabelas de Composição de Alimentos de Guilherme Franco, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA
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    III. UTILIZAÇÃO DEPARTES NÃO CONVENCIONAIS DAS HORTALIÇAS Daniela Fagioli, Eliana Pereira Vellozo e Rosmari da Silva
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    14 Capitulo III -Utlização de partes não convencionais das hortaliças As hortaliças, assim como as frutas, são alimentos ricos em vitaminas, minerais e água.Além desses nutrientes, também fornecem grande quanti- dade de FIBRAS. As fibras são partes do alimento que não são digeridas e, desta forma, aumentam o volume das fezes, ajudam sua saída e melhoram o funcionamento do intestino. Também auxiliam no controle do diabetes, do colesterol e dos triglicérides.As fibras são encontradas em grande quan- tidade nas cascas, folhas, talos e bagaços das hortaliças e frutas. Por isso, é importante que estas partes das hortaliças e frutas também sejam aprovei- tadas, pois além de seu valor nutricional, são mais uma saudável alternati- va para variar as preparações culinárias e evitar a monotonia alimentar. SELEÇÃO E CONSERVAÇÃO DAS HORTALIÇAS As hortaliças devem ser colhidas quando estiverem amadurecidas. Depois de colhidas, devem ser lavadas para a retirada da terra, deixadas para escorrer e depois selecionadas, tomando-se os seguintes cuidados: • As folhas não devem estar queimadas, com pragas, amassadas e murchas; • Os legumes não devem estar rachados, machucados e murchos; • As hortaliças mais maduras devem ser separadas das mais verdes, con- sumindo-se em primeiro lugar, as mais maduras. Para melhor conservação, as hortaliças devem ser guardadas em saco plástico, separadas por tipo de verdura ou legume, e colocadas na gave- ta da parte mais baixa da geladeira. MANIPULAÇÃO DAS HORTALIÇAS Para que possamos consumir as hortaliças (verduras e legumes) com segurança à nossa saúde, devemos manipulá-las observando- se os seguintes cuidados: • Lavá-las inteiras em água corrente. • Deixá-las de molho por 15 minutos em água clorada, na proporção de: 10ml (= 1 colher de sopa) de cloro ou água sanitária para 1.000ml de água (= 1 litro) para matar os micróbios contidos nas hortaliças • Lavar folha por folha das verduras e legume por legume • Deixá-las de molho por 15 minutos na água com vinagre (agrim), na proporção de: 10ml de vinagre (=1 colher de sopa) para 1.000ml de água (=1 litro) para desprender das hortaliças, os micróbios mortos pela água clorada • Lavar novamente as hortaliças em água corrente para garantir a eliminação dos micróbios mortos das hortaliças • Só depois destes procedimentos, cortá-las e prepará-las.
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    15 Capitulo III -Utlização de partes não convencionais das hortaliças CUIDADOS NO PREPARO DAS HORTALIÇAS • Faça, sempre que possível, o cozimento das hortaliças inteiras ou cortadas em pedaços grandes. • Faça o cozimento em panela fechada, para conservar a cor e os nutri- entes (vitaminas e minerais). • Cozinhe apenas o suficiente para que fiquem macias e não deixe muito tempo no fogo, para evitar que percam o valor nutritivo. • Junte o sal quando as hortaliças já estiveram macias. • Coloque em panela com pouca água (apenas molhada), tampada e em fogo baixo, as verduras folhosas, como o espinafre e a couve. • Aproveite o líquido do cozimento das hortaliças para preparar outras receitas, como arroz, feijão e molhos, pois nessa água está contida a maior parte das vitaminas e minerais. Mas isso só deve ser feito se a hortaliça foi cultivada sem o uso de agrotóxicos. • Não utilize bicarbonato de sódio no cozimento, pois ele destrói as substâncias nutritivas das hortaliças. • Adicione gotas de limão à água de cozimento para acentuar a cor da hortaliça. • Adicione uma pitada de açúcar à água de cozimento para melhorar o sabor das hortaliças. • Consuma as verduras de folhas de preferência cruas porque, além de conservar todas as vitaminas e minerais, fornecem maior quantidade de fibras. • Armazene inteiras as hortaliças frescas, que são mais ricas em vitaminas. • Não deixe as hortaliças de molho, depois de cortadas ou descascadas. • Aproveite as folhas e os talos, quando a hortaliça for cultivada sem o uso de agrotóxicos. • Não use agrotóxicos no plantio da horta, porque estes representam um grande risco à saúde. As hortaliças que apresentarem odor de inseticida NÃO devem ser consumidas, pois nem uma boa lavagem elimina o produto. • Também é importante saber substituir as hortaliças dentro dos se- guintes grupos: FOLHAS: alface, couve, repolho, acelga, almeirão, escarola, espina- fre, rúcula e outros. LEGUMES: beterraba, chuchu, abobrinha, abóbora, cenoura, nabo e outros. FECULENTOS: batata inglesa, batata doce, cará, mandioca ou aipim, mandioquinha, inhame, rabanete e outros. RECEITAS UTILIZANDO INTEGRALMENTE AS HORTALIÇAS A seguir, sugerimos algumas receitas utilizando integralmente as hor- taliças, aproveitando TALOS, CASCAS e FOLHAS, que são partes também muito nutritivas e, por isso, não devem ser desprezadas. DOCES GELATINA DE BETERRABA Ingredientes: Água na qual a beterraba foi cozida; açúcar; maise- na. PREPARO: Lave bem as beterrabas e leve para cozinhar em água. Separe a água do cozimento. Para cada ½ litro desta água, acrescen- te uma colher (sopa) de maisena e açúcar a gosto. Mexa e leve para gelar. Sirva. PÃO DE AIPIM Ingredientes: 4 colheres (sopa) de açúcar; 3 pratos de mesa de fari- nha de trigo; 2 ovos; 4 colheres(sopa) de banha; 1 colher(café) sal; 1 prato de mesa de aipim cozido e amassado; 1 colher (sopa) de fermento de pão; ½ xícara (chá) de leite. Preparo: Desmanche o fermento no leite. Misture os ovos, a banha, o aipim, o sal o açúcar e a farinha de trigo. Sove a massa e deixe-a descansar até crescer. Divida a massa em pães e leve para assar no forno. Sirva. PÃO DE CARÁ Ingredientes: 2 xícaras (chá) de cará cozido e amassado; 4 xícaras (chá) de farinha de trigo; 1 colher (sopa) de fermento fresco granulado ou 1 tablete de fermento fresco; ½ xícara (chá) de leite; 1 ovo; 1colher (sopa) de banha; 1 colher (sopa) de açúcar; 1 colher (café) sal; 1 colher (café) de canela em pó. Preparo: Deixe o fermento e o açúcar em repouso em leite morno durante 15 minutos. Misture a farinha de trigo com o cará, o ovo e o sal, a canela e a banha. Acrescente o fermento amassando bem. Deixe a massa em repouso durante uma hora e meia. Faça os pães e deixe em repouso mais meia hora, em assadeira untada e polvilhada. Leve para assar em forno quente. Sirva.
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    16 Capitulo III -Utlização de partes não convencionais das hortaliças SALGADOS COM TALOS, FOLHAS OU CASCAS ASSADO DE TALOS, FOLHAS OU CASCAS Sugestão: Para esta receita use, cozidos ou refogados de: talos de agrião, talos de beterraba, talos de brócoli, talos de couve, etc.; OU folhas de beterraba, folhas de cenoura, folhas de nabo, folhas de rabanete, etc.; OU cascas de abóbora japonesa ou cascas de chuchu. IngredienteS: 4 xícaras (chá) de talos, folhas ou cascas, bem lava- das, picadas e cozidas; 2 colheres (sopa) de queijo ralado; 1 xícara (chá) de pão amanhecido molhado no leite; 2 ovos batidos; 1 cebola pequena picada; 1 colher (sopa) de óleo; cheiro verde e sal a gosto. Preparo: Bata as cascas cozidas no liquidificador ou passe na penei- ra. Coloque a pasta obtida numa tigela e misture o restante dos ingredi- entes. Unte um pirex ou forma com óleo ou margarina, despeje a massa e leve para assar até que esteja dourada. Sirva quente. BOLINHOS DE TALOS, FOLHAS OU CASCAS Sugestão: Para esta receita use: talos de acelga, talos de agrião, talos de brócoli, talos de couve, talos de couve-flor, etc.; OU folhas de beter- raba, folhas de cenoura, folhas de nabo, folhas de rabanete, etc.; OU cascas de chuchu. Nota: No caso de utilizarem-se talos de brócoli, couve ou couve-flor, recomenda-se que estes sejam submetidos a uma pré-fervura antes do preparo, podendo aproveitar-se esta água para outras preparações (ar- roz, sopa, etc.). Ingredientes: 1 xícara (chá) de talos, folhas ou cascas, bem lavadas e picadas; 2 ovos; 5 colheres (sopa) de farinha de trigo; ½ cebola pica- da; 2 colheres (sopa) de água; sal a gosto; óleo para fritar. Preparo: Bata bem os ovos e misture o restante dos ingredientes. Frite os bolinhos às colheradas em óleo quente. Escorra os bolinhos em papel absorvente. Sirva. RECEITA COM SEMENTES TIRA-GOSTO DE SEMENTES Ingredientes: Sementes de abóbora ou melão, sal a gosto. PREPARO: Leves bem as sementes e salgue-as. Deixe secar por 24 horas e leve ao forno para tostar. Sirva. RECEITAS COM TALOS CARNE MOÍDA COM TALOS Sugestão: Para esta receita use talos de beterraba, brócoli, cou- ve, etc. Experimente: Preparar esta receita utilizando cascas de chuchu bem lavadas e cortadas em tiras finas. Ingredientes: 1 xícara (chá) de carne moída; 3 xícaras (chá) de talos bem lavados e cortados com 3 cm de comprimento; 2 tomates sem peles e sementes; 1 cebola picada; 2 colheres (sopa) de óleo; cheiro-verde e sal a gosto. Preparo: Frite ligeiramente a cebola e o tomate no óleo. Acrescente a carne moída e o restante dos ingredientes. Deixe cozinhar até que a carne e os talos estejam macios. Sirva. FRITURINHAS COM TALOS Sugestão: Para esta receita use talos de beterraba, brócoli, etc. Ingredientes: 1 xícara (chá) de talos bem lavados, cozidos e pica- dos; 2 xícaras (chá) de farinha de trigo; 2 ovos; 2 colheres (sopa) de cachaça; sal a gosto; óleo para fritar. PREPARO: Bata no liquidificador os talos ou passe por peneira. Misture numa tigela os talos batidos, a farinha de trigo, os ovos, a cachaça e o sal, até formar uma massa. Estenda a massa e corte-a em rodelas com a ajuda de um copo. Junte duas a duas unindo-as no centro. Frite-as em óleo quente e recheie e gosto. Sirva. MASSA VERDE PARA PANQUECA Sugestão: Para esta receita use talos de agrião, talos de couve, talos de couve-flor, etc. Ingredientes: 1 xícara (chá) de talos bem lavados, cortados e co- zidos; ¾ xícara (chá) de farinha de trigo ou 7 colheres (sopa) rasas; 1 xícara (chá) de leite; 2 ovos; ½ colher (chá) de sal; 1 colher (sopa) de margarina. Preparo: Bata no liquidificador os talos com o leite ou passe por peneira. Junte os demais ingredientes e continue batendo. Unte uma frigideira com óleo e coloque para fritar uma parte da massa que cubra o fundo da frigideira (correspondente a uma concha ou colher de arroz). Recheie a gosto. Sirva com molho de tomate ou molho branco.
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    17 Capitulo III -Utlização de partes não convencionais das hortaliças SALGADOS COM FOLHAS FOLHAS REFOGADAS Sugestão: Para esta receita use folhas de beterraba, brócoli, couve- flor, nabo, rabanete, etc. Ingredientes: 3 xícaras (chá) de folhas bem lavadas e picadas; 1 ce- bola pequena picada; 1 dente de alho amassado (opcional); 2 colheres (sopa) de óleo; sal a gosto. PREPARO: Frite no óleo, a cebola e o alho até dourar. Junte as folhas e o sal. Misture bem e deixe cozinhar em fogo baixo e panela tampada, no próprio suco, até que estejam cozidas. Se necessário, acrescente água aos poucos, para não queimar. Sirva. Atenção: Experimente usar esta receita para o recheio de tortas, omeletes, pastéis, etc., ou servi-la com molho branco. PÃO DE LEGUMES E FOLHAS Sugestão: Para esta receita use folhas de beterraba, cenoura, nabo, rabanete, etc. Ingredientes: ½ beterraba crua bem lavada e cortada em pedaços; ½ chuchu cru bem lavado; 2 xícaras (chá) de folhas cruas bem lavadas e picadas; 1 xícara (chá) do caldo dos legumes e folhas cozidas; 1 ovo; ½ xícara (chá) de água; 1 colher (chá) de açúcar; 3 colheres (chá) de sal; 15 gramas ou 1 tablete de fermento biológico ou de padaria; 3 colheres (sopa) de óleo; 4 ½ xícaras (chá) de farinha de trigo. Preparo: Bata no liquidificador a beterraba, o chuchu e as folhas, com a água e o caldo dos legumes e folhas. Em seguida junte o ovo, o açúcar, o sal, o fermento e o óleo e continue batendo até misturar bem. Coloque numa vasilha a farinha de trigo e despeje a mistura do liquidificador. Amas- se até desgrudar das mãos. Deixe a massa descansando para que cresça até dobrar de volume. Amasse novamente e forme os pães. Coloque-os em assadeira untada. Deixe crescer novamente. Coloque para assar em forno com temperatura moderada por, aproximadamente, 40 minutos. Sirva. POLENTA COM FOLHAS Sugestão: Para esta receita use folhas de beterraba, couve-flor, nabo, rabanete, etc. Ingredientes: 3 xícaras (chá) de folhas bem lavadas, picadas e cozi- das; 3 xícaras (chá) de fubá, sal a gosto, 2 colheres (sopa) de óleo, 1 cebola pequena picada, 1 dente de alho (opcional). Preparo: Em uma panela funda coloque o óleo, o sal, a cebola e o alho. Leve ao fogo para fritar, juntando em seguida as folhas. Acrescen- te 1 litro de água fria. Quando abrir fervura, junte o fubá previamente umedecido. Deixe cozinhar por uns 10 minutos, mexendo sempre. Sirva a polenta quente ou fria. Se quiser, também poderá cortar a polenta, fritá-la em óleo quente e escorrê-la em papel absorvente, antes de servir. SUFLÊ DE FOLHAS Sugestão: Para esta receita use folhas de beterraba, cenoura, nabo, rabanete, etc. Ingredientes: 2 xícaras (chá) de folhas bem lavadas, cozidas e pica- das; 1 xícara (chá) de leite; 2 colheres (sopa) de farinha de trigo; 1 colher (sopa) de margarina ou óleo; 3 ovos, sal a gosto. Preparo: Misture o leite, a farinha de trigo e a margarina ou o óleo. Leve ao fogo mexendo sempre até engrossar. Retire do fogo, acrescente as gemas e as folhas misturando bem. Coloque as claras em neve mistu- rando cuidadosamente. Leve ao forno para assar em forma untada até dourar. Sirva. TORTA SALGADA Sugestão: Para o recheio desta receita use folhas de beterraba, brócoli, couve-flor, nabo, rabanete, etc., bem lavadas e refogadas com tomate, óleo, cebola, alho (opcional), sal. INGREDIENTES: 2 xí- caras (chá) de leite; 3 ovos; 1 xícara (chá) de óleo; 1 ½ xícara (chá) de farinha de trigo, 1 colher (sopa) de fermento em pó; 1 colher (sobremesa) de sal. Preparo: Bata todos os ingredientes no liquidificador ou mistu- re-os bem numa tigela. Para montar a torta, unte uma forma, des- peje a metade da massa, despeje todo recheio e, por fim, despeje o restante da massa. Leve para assar até que a massa esteja doura- da. Sirva. SALGADOS COM TALOS OU FOLHAS FAROFA DE TALOS OU FOLHAS Sugestão: Para esta receita use talos ou folhas de beterraba, brócoli, couve-flor, nabo, rabanete.
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    18 Capitulo III -Utlização de partes não convencionais das hortaliças Ingredientes: 2 colheres (sopa) de margarina ou óleo; 2 colheres (sopa) de cebola ralada; 2 xícaras (chá) de farinha de mandioca torra- da ou farinha de milho; sal a gosto; talos ou folhas bem lavados, pica- dos e refogados. Preparo: Leve ao fogo a margarina ou o óleo e refogue a cebola até dourar. Junte os talos ou folhas. Acrescente, aos poucos, a farinha de mandioca ou a de milho e o sal. Mexa bem. Sirva. SOPA DE TALOS OU FOLHAS Sugestão: Para esta receita use talos ou folhas de acelga, agrião, beterraba, cenoura, couve, nabo, rabanete, etc. Ingredientes: 1 xícara (chá) de talos ou folhas bem lavados; 2 bata- tas picadas; 1 cenoura picada, 1 xícara (chá) de caldo de carne; 1 ½ litro de água; temperos e sal a gosto. PREPARO: Pique bem, ou bata em liquidificador com um pouco de água, os talos ou folhas. Coloque-os numa panela com os demais ingredientes e leve ao fogo para cozinhar até ficarem macios. Sirva. OUTRAS RECEITAS DE SALGADOS APERITIVO DE CASCAS DE BATATA Ingredientes: casca de batatas, óleo para fritar, sal. PREPARO: Lave bem as cascas de batatas e frite em óleo quente até ficarem douradas e sequinhas. Tempere com sal. Sirva como aperitivo. BOLO SALGADO DE CARÁ Ingredientes: 1 quilo de cará; 5 unidades de batata de tamanho mé- dio; 1 colher (sopa) de margarina; 2 ovos (separar as gemas e bater as claras); sal, cheiro verde, óleo para fritar. PREPARO: Cozinhe o cará e a batata. Amasse os dois, misturando-os bem. Junte a margarina, as ge- mas, as claras batidas em neve, o sal e o cheiro verde cortado. Frite a massa às colheradas em óleo quente. Sirva. CROQUETE DE VAGEM DE ERVILHA Ingredientes: 2 pires (café) de vagem de ervilha (= 200 gra- mas); 2 colheres (sopa) de cebola ralada; 2 ovos batidos; 1 xícara (chá) de farinha de rosca; sal e pimenta do reino a gosto, gordura para fritar. Preparo: Cozinhe as vagens de ervilha em um pouco d’água. Retire do fogo e escorra quando estiverem macias. Bata em liquidificador a vagem de ervilha cozida, os ovos, o tempero, a cebola e, aos poucos, adicione a farinha de rosca, até atingir a consistência desejada. Frite a massa às colheradas em gordura quente. Sirva. CUSCUZ DE ESPINAFRE Ingredientes: Carne de 3 carcaças de frango (250g); 2 pratos (sopa) de espinafre cru e limpo; 1 colher (sopa) de óleo; 1 cebola média picada; e dentes de alho picados; 3 tomates sem pele picados; 1 maço de cheiro verde picado; 2 ovos cozidos picados; 3 colheres (chá) de sal; 1/3 de xícara (chá) de farinha de mandioca; 2 xícaras (chá) de farinha de milho de flocos. Preparo: Cozinhe as carcaças de frango em 2 litros de água, desfie a carne e reserve. Cozinhe o espinafre (folhas e talos) em pouca água e reser- ve. Coloque o óleo em uma panela, acrescente a cebola, o alho e refogue até dourar. Junte os tomates e o cheiro verde. Acrescente o espinafre, sendo os talos batidos no liquidificador com um pouco de água da cocção e as folhas ligeiramente picadas. Junte os ovos e o sal.Adicione, aos poucos, as farinhas de milho e mandioca, mexendo sempre até soltar do fundo da panela. Despe- je a massa em forma umedecida com água. Deixe esfriar e desenforme. Sirva. RENDIMENTO: 1 kg e 430 gramas ou 13 porções de 110 gramas. FAROFA DE CASCAS DE BATATA Ingredientes: cascas de batatas bem lavadas, farinha de mandioca, óleo, cebola, alho, sal e salsa a gosto. Preparo: Ferva as cascas de batatas e depois seque-as em frigideira e reserve-as. Coloque em frigideira com óleo, a cebola e o alho e deixe dourar. Acrescente as cascas secas e refogue um pouco. Adicione a fari- nha de mandioca, o sal e a salsa. Sirva. PATÊ DE TALO DE BETERRABA Ingredientes: 1 copo de água (200 ml); 1 pires de chá de talos de beterraba; 1 colher (sopa) de cebola picada; 1 colher (chá) de sal; 3 colheres (sopa) de maionese; 2 colheres (sopa) de óleo; sal, orégano, pimenta do reino e salsa a gosto. PREPARO: Refogue os talos em pouca água com sal por cinco minutos. Despreze a água que sobrar. Bata no liquidificador, adicionando a maionese, a cebola e o óleo. Tempere a gosto, com orégano, pimenta do reino e salsa. Sirva.
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    19 Capitulo III -Utlização de partes não convencionais das hortaliças PATÊ DE CASCA DE ABÓBORA-MORANGA Ingredientes: 2 colheres (sopa) de óleo; 2 xícaras (chá) de casca de abóbora; 1 colher (chá) de salsa picada; 1 colher (sopa) de cebola pica- da; 1 dente de alho picado; 3 colheres (sopa) de maionese; ¼ de limão em suco; orégano, sal e pimenta do reino a gosto. PREPARO: Cozinhe a casca em água com óleo e condimentos por 10 minutos. Despreze a água que sobrar. Bata no liquidificador. Adicione sal a gosto. Sirva. PATÊ DE RAMA DE CENOURA Ingredientes: 1 xícara (chá) de rama de cenoura; 1 ½ copo de água (300 ml); 1 colher (chá) de sal; 3 colheres (sopa) de maionese; 1 colher (sopa) de cebola picada; 2 colheres (sopa) de óleo; pimenta do reino e orégano a gosto. Preparo: Refogue as ramas em água com sal por 10 minutos. Despreze a água que sobrar. Bata no liquidificador e adicione a maionese, a cebola e o óleo. Tempere a gosto com orégano e pi- menta do reino. Montagem do Patê: Corte um pão de forma (sem fatiar) no sentido longitudinal, em quatro camadas. Passe entre as camadas, um tipo de patê por vez. Cubra os sanduíche, já montado, com maionese e decore a gosto. Sirva. RENDIMENTO: 15 porções de 75 gramas. SALGADINHO DE CARÁ Ingredientes: 1 xícara (chá) de cará cozido e amassado; 1 xícara (chá) de farinha de trigo; ½ xícara (chá) de manteiga; sal, pimenta e outros temperos a gosto; queijo ralado. PREPARO: Amasse todos os in- gredientes, menos o queijo. Abra a massa e corte em pequenos peda- ços. Passe o queijo. Coloque na assadeira e leve ao forno quente para corar. Sirva. SUCOS SUCO DE ABACAXI COM BETERRADA Ingredientes: 6 fatias de tamanho grande de abacaxi (=300 gramas); 1 beterraba de tamanho médio (=100 gramas); 1 litro de água; 5 colheres(sopa) açúcar. Preparo: Bata tudo no liquidificador. Rendimento: 10 porções SUCO DE LIMÃO COM COUVE Ingredientes: 5 limões em suco; 5 folhas de couve; 5 colheres(sopa) de açúcar; 1 litro de água. Preparo: Bata tudo no liquidificador. Rendimento: 10 porções
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    22 Capitulo IV -Agriculutra tradicional x agricultura alternativa AGRICULTURA CONVENCIONAL A agricultura convencional é aquela baseada num conjunto de técnicas, práticas e procedimentos agronômicos, seguindo padrões estabelecidos pela pesquisa, dependente entre outras coisas, da mecanização intensa (maxi- mização quanto ao uso de energia não renovável) e com redução da mão- de-obra ao mínimo; do uso intensivo de produtos químicos sintéticos tanto para repor os nutrientes absorvidos pelas plantas (fertilizantes sintéticos), como para combater pragas e plantas daninhas (herbicidas, inseticidas, fungicidas, etc.) e da adoção do regime agrícola de monocultura em áreas extensas, com concentração de capital e recursos físicos. O uso intensivo dos adubos químicos sintéticos e dos agrotóxicos, neste modelo de agricultura, traz uma série de desvantagens, tais como: a) Degradação do solo devido ao uso intensivo dos adubos químicos que destrói a microvida e, com o tempo, há a salinização/acidificação do solo. b) Destruição da biodiversidade pelo uso intensivo de agroquímicos e pelo cultivo de uma só espécie (monocultura). c) Produção de altos índices de toxicidade para quem aplica e não utiliza os equipamentos de proteção individual. d) Risco para quem consome quando não se respeita a data de carência do produto aplicado, ou quando o produtor aplica o produto em doses acima do recomendado. AGRICULTURA ALTERNATIVA A agricultura alternativa segundo a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) é “um conjunto de sistemas de produção que busca maximizar os benefícios sociais e a auto-sustentabilidade do sis- tema produtivo, minimizar ou até eliminar a dependência de energia não renovável (agroquímicos são obtidos do petróleo, que é uma fonte de energia não renovável) e preservar o meio ambiente através da utili- zação dos recursos naturais renováveis”. Esses sistemas de produção têm como características: a) O uso intensivo da matéria orgânica para manter a fertilidade do solo e favorecer a microvida do solo. b) A diversificação da propriedade quanto ao cultivo (policultura). c) Minimização/eliminação do uso de energia fóssil (petróleo), insumos (agroquímicos) e tecnologias importadas. d) As práticas de cultivo mínimo e a integração da produção vege- tal/animal. e) Manutenção de matas nativas. Dentro da agricultura alternativa, existem diversas linhas ou escolas: • Agricultura biodinâmica - Surgiu com o filósofo Rudolf Steiner, no início da década de 1920 e é definida como uma “ciência espiritual”, ligada a antroposofia, em que a propriedade deve ser entendida como um organismo. Possui uma base comum com as demais formas de produção orgânicas, no que diz respeito à diversificação e integração das explora- ções vegetais, animais e florestais; à adoção de esquemas de reciclagem de resíduos vegetais/animais (produzidos dentro da propriedade) e ao uso de nutrientes de baixa solubilidade/concentração. Difere das demais cor- rentes orgânicas, basicamente em dois pontos: o primeiro é o uso de preparados biodinâmicos, que são substâncias de origem mineral, vege- tal e animal altamente diluídas (segundo os princípios da homeopatia) aplicados no solo, nas plantas e nos compostos. Esses preparados têm por objetivo favorecer a microvida do solo, de vitalizar as plantas e estimular o seu crescimento e favorecer a decomposição do composto. O segundo é o fato de efetuar as operações agrícolas (plantio, poda, raleio, demais tratos culturais e colheita) de acordo com um calendário astral, conce- dendo atenção especial à disposição da lua e dos planetas.
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    23 Capitulo IV -Agriculutra tradicional x agricultura alternativa • Agricultura biológica - não apresenta vinculação religiosa. Surgiu na década de 1930, na Suíça, com o Dr. Hans Müller, com o objetivo inicial de buscar a autonomia do agricultor e a comercialização direta. A preocupa- ção é a proteção ambiental, a qualidade biológica do alimento e desen- volvimento de fontes renováveis de energia. Os princípios da agricultura biológica são baseados na saúde da planta, que está associada à saúde do solo, ou seja, uma planta bem nutrida, além de ficar mais resistente a doenças e pragas, fornece ao homem um alimento de maior valor biológi- co. Diferentemente da agricultura biodinâmica, a matéria orgânica utili- zada pode vir de uma fonte externa à propriedade. • Agricultura orgânica - não tem ligação a nenhum movimento religioso. Foi criada pelo inglês Howard em 1905. É baseada na melhoria da fertilidade do solo por um processo biológico natural, pelo uso da matéria orgânica, o que é essencial para a saúde das plantas, assegurando uma vida intensa e rica para a flora microbiana, pela qual a nutrição (alimentos com alto valor nutri- tivo e impregnados de vitalidade) e a sanidade das plantas são plenamente atendidas. Como as outras correntes essa proposta é totalmente contrária à utilização de adubos químicos solúveis e de agrotóxicos (agroquímicos). Os princípios são, basicamente, os mesmos da agricultura biológica e englobam as práticas agrícolas da agricultura biodinâmica e natural. • Agricultura natural - o modelo apresenta uma vinculação religiosa. Em 1930, o filósofo japonês Mokiti Okada fundava uma religião (Igreja Messiânica) baseada no princípio da purificação do espírito e, para tan- to, deverá vir acompanhado da purificação do corpo, que é o resultado do consumo de alimentos saudáveis, de alto valor biológico e livres de adubos químicos e agrotóxicos. O princípio fundamental desta agricul- tura é o de que as atividades agrícolas devem respeitar as leis da natu- reza, reduzindo ao mínimo possível a interferência do homem sobre o ecossistema e mantendo o sistema agrícola o mais próximo possível dos sistemas naturais, já que a agricultura em si, é uma violência ao meio ambiente. Na prática faz-se o uso de microrganismos eficientes (EM) que são utilizados como inoculantes para o solo, as plantas e o composto orgânico. Na compostagem também não se recomenda o uso de esterco animal, pois argumenta-se que os dejetos animais aumentam o nível de nitratos que atraem insetos e proliferam parasitas. • Agricultura regenerativa - movimento que surgiu a partir da agri- cultura orgânica. Este modelo reforça o fato de o agricultor buscar sua independência pela potencialização dos recursos encontrados e criados na própria unidade de produção agrícola, ao invés de buscar recursos externos. Esse sistema possibilita uma rápida recuperação de áreas de- gradáveis e de produção agrícola através de poda intensiva de árvores, que acelera a incorporação de biomassa ao solo; intensivo controle de sucessão vegetal; indução ao rejuvenescimento e intenso crescimento e vigor que a poda provoca. • Permacultura - modelo criado pelo Dr. Bill Mollison, na Austrália, a partir das pesquisas de Masanobu Fukuoka, que defendia a idéia de arti- ficializar o menos possível a produção, mantendo o sistema agrícola o mais próximo possível dos sistemas naturais, com uma visão holística da agricultura, com forte carga ética, buscando a integração entre a pro- priedade e o ecossistema, com um modelo de sucessão de cultivos na intenção de maximizar a produção, conservando os recursos naturais e integrando espécies vegetais e animais perenes (de onde vem o nome permacultura) ou autoperpetuantes úteis ao homem. • Agricultura sustentável - conceito difundido no final dos anos 80 e durante a década de 1990, não sendo um modo ou um sistema de produ- ção e nem, ainda, um conjunto de práticas agrícolas. Trata-se mais de um objetivo a ser atingido, um conceito de desenvolvimento ao qual se pode chegar com modalidades de produção, com tecnologias que têm uma base agroecológica. Tem como princípio buscar a auto-sustentabili- dade e o uso racional dos recursos naturais. • Agroecologia - é uma ciência que apresenta uma série de princípi- os e metodologias para estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agrossistemas. Não é uma prática ou um sistema de produção. A agro- ecologia vê os sistemas produtivos como uma unidade, onde os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e as relações sócio-econômicas (entre pessoas, culturas, solos e animais) são investigadas e analisadas como um todo. Em síntese, podemos destacar que o ponto comum entre as diferentes correntes que formam a base da agricultura orgânica é a busca de um sistema de produção energeticamente sustentável no tempo e no espaço, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais; a não utilização de produtos químicos agressivos à saúde humana e ao meio ambiente; a manutenção e o incremento da fertilidade e a vida do solo, a diversidade biológica e respeitando a integridade cultural dos agricultores.
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    24 Capitulo IV -Agriculutra tradicional x agricultura alternativa BREVE COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS SISTEMAS AGRICULTURA ORGÂNICAAGRICULTURA CONVENCIONAL Objetivo do manejo: a planta Objetivo do manejo: o solo Monocultura: uso unilateral do solo Policultivo: diversificação do uso do solo e plantas Manejo baseado em 16 nutrientes Manejo baseado em 52 nutrientes (macro e micronutrientes) Antibiose: eliminar os problemas por meio de “cidas” Probiose: equilibrar os problemas por meio de probióticos (herbicidas, inseticidas, fungicidas, etc.) (vida controlando a vida) Aumento da quantidade de minerais solúveis Aumento dos minerais na forma protéica (bactérias, fungos, actinomicetos) Acréscimo gradual de adubos químicos e agrotóxicos Acréscimo gradual de adubos orgânicos Indução de resistência nos patógenos (pragas e doenças) Enfraquecimento gradual na virulência de doenças Menor sabor e aroma Maior sabor e aroma Nutrição humana incompleta Nutrição humana completa Produz à medida que degrada o meio ambiente Produz à medida que recupera e mantém a saúde do solo e ecossistema Produção quantitativa Produção qualitativa Não há controle de qualidade e origem A certificação orgânica implica em controle de qualidade dos aspectos Fonte: Frutal 2001
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    25 Capitulo V -Planejamento da Horta V. PLANEJAMENTO DA HORTA Adão Luiz C. Martins
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    26 Capitulo V -Planejamento da Horta INTRODUÇÃO A horta é o local onde serão cul- tivadas as hortaliças, plantas popu- larmente conhecidas como verduras e legumes. Seu tamanho dependerá da disponibilidade de área, do ob- jetivo da produção, do número de pessoas envolvidas, da disponibilida- de de tempo dessas pessoas, dos re- cursos existentes, etc. Para dimen- sionamento, considera-se uma área de 10m2 por pessoa, em uma horta para autoconsumo. As hortaliças exi- gem tratos culturais intensivos e diários: uma pessoa trabalhando em tor- no de 2 a 3 horas por dia pode manter uma horta de 150 a 200m2 . Em função da finalidade da produção, temos diferentes tipos de horta: • Horta doméstica: para abastecimento de uma família; • Horta comunitária: várias pessoas ou famílias envolvidas dividindo os trabalhos, as despesas e os produtos; • Horta escolar ou institucional: com finalidade didática/educativa nas escolas e para abastecer instituições (ex.: orfanatos, asilos, etc.); • Pequena horta comercial: visando complementação de renda em pe- quena propriedade ou mesmo em casas com quintais grandes; • Grande horta comercial: quando é a principal fonte de renda do agri- cultor ou da propriedade. De maneira simplificada podemos, então, separar a produção de horta- liças em duas escalas: Pequena Escala Grande Escala nível caseiro ou comunitário nível comercial diversas espécies poucas espécies em pequenas hortas em hortas maiores não visa produtividade visa alta produtividade ou lucro e rentabilidade A horta realizada de acordo com os princípios da agricultura orgâni- ca deve ser baseada em um conjunto de procedimentos e técnicas, que tem por objetivo propiciar um ambiente equilibrado para as plan- tas e garantir a segurança ambiental, ocupacional (das pessoas envol- vidas com a horta) e alimentar (os adubos químicos solúveis e os agro- tóxicos ou defensivos agrícolas são proibidos, devendo-se utilizar fon- tes orgânicas na adubação e métodos alternativos e ambientalmente seguros, no controle de pragas e doenças das hortaliças). No planejamento de uma horta a ser implantada, o espaço dispo- nível deve ser dividido de forma a contemplar: área para a sementei- ra - local onde são produzidas as mudas (em torno de 1% da área total); área para guarda de ferramentas e insumos; área para a com- postagem (prática imprescindível na agricultura orgânica) e armaze- namento do composto e área para os canteiros de produção. A área deve ser cercada, impedindo principalmente o acesso de animais in- desejáveis. Em hortas comerciais, as mudas são normalmente produ- zidas em estufas, em bandejas de isopor. A realização de uma horta, além de possibilitar o consumo de horta- liças frescas e sadias (isentas de agrotóxicos, quando cultivadas organi- camente), traz inúmeros benefícios: • Permite a prática do exercício ao ar livre rompendo o sedentarismo e diminuindo o estresse das pessoas; • Permite a integração das pessoas dentro da comunidade; • Permite a complementação da renda familiar; • Serve para o desenvolvimento de atividades de cunho terapêutico; • Serve como instrumento para o desenvolvimento de atividades de caráter pedagógico e de educação ambiental; • Permite a melhoria da qualidade do meio, com a utilização de espa- ços ociosos e/ou utilizados indevidamente. Elementos necessários para a produção de hortaliças • Meio onde a planta vai se desenvolver (solo, substratos preparados no local ou comprados, etc); • Sementes ou outros materiais de propagação das espécies de inte- resse (mudas de estacas, rebentos, bulbos, tubérculos, estolões, entre outros);
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    27 Capitulo V -Planejamento da Horta • Água: de boa qualidade para não contaminar as hortaliças e o solo; • Sol: a planta clorofilada precisa da luz solar para se desenvolver e produzir carboidratos (glicose, amido) através da fotossíntese; • Ar: a planta inteira respira (inclusive as raízes); • Nutrientes: se o solo for pobre em nutrientes, temos que comple- mentar por meio dos adubos; • Mão-de-obra: a horta é uma atividade intensiva, exigente em mão- de-obra (os tratos ou serviços diários devem ser divididos entre os participantes – o sucesso de uma horta comunitária está diretamente relacionado ao envolvimento e comprometimento das pessoas que participam de sua execução); • Ferramentas: enxada, enxadão, sacho, rastelo, pulverizador, car- rinho de mão, regador ou mangueira de borracha, conjunto de ferramentas de jardim (com colheres de transplante e rastelinho), pás (curva, reta), forcado ou gadanho, etc.; em hortas comerci- ais, utilizam-se máquinas e implementos agrícolas (arado, grade, escarificador, enxada rotativa, etc.) nas diferentes operações; • Outros insumos: calcário, caldas e preparados, biofertilizantes, etc. ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DA HORTA Escolha do local Em áreas urbanas a escolha do local muitas vezes fica um pouco limi- tada em função da disponibilidade de terreno (normalmente são áreas pequenas, com muitas interferências), mas deve-se, na medida do pos- sível dar preferência aos locais com as seguintes características: • Proximidade de água de boa qualidade e em abundância; • Proximidade das casas das famílias ou pessoas participantes da horta: facilitar os trabalhos de manutenção da horta e evitar furtos; • Área exposta ao sol o dia todo ou por pelo menos 4 a 6 horas diárias; • Distante de árvores para evitar o sombreamento e competição por nutrientes do solo; • Terrenos não sujeitos a alagamentos ou encharcamentos e ligeira- mente inclinados (para facilitar o escoamento do excesso de água); • Áreas de solo de consistência média (areno-argilosa): se possível evi- tar os solos muito argilosos ou arenosos. Escolha das espécies Esta etapa é muito importante, pois as espécies de hortaliças possuem diferentes exigências climáticas, especialmente com relação à temperatura, luz e umidade. A escolha de culturas e cultivares adaptados às condições locais e às épocas de plantio é prática fundamental na agricultura orgânica. No centro-sul do Brasil (inclui o Estado de São Paulo) a temperatura é o fator que maior influência exerce sobre a produção de hortaliças: afeta o desenvolvimento vegetativo, o florescimento, a frutificação, a forma- ção das partes tuberosas ou bulbosas e a produção de sementes. Algumas espécies se desenvolvem melhor em períodos mais quentes (primavera e verão), outras em períodos mais amenos e frios (outono e inverno) e ou- tras possuem cultivares adaptados ao ano todo (ex.: alface de verão e alface de inverno; cenoura de verão e cenoura de inverno, etc.). De um modo geral, as hortaliças encontram melhores condições de desen- volvimento e produção quando o clima é ameno, com chuvas leves e pouco freqüentes.As temperaturas elevadas favorecem o florescimento e aceleram a maturação.As baixas temperaturas retardam o crescimento, a frutificação e a maturação, podendo também induzir florescimento indesejável. Da esquerda para direita: Sacho, pá estreita, pá larga, rastelinho e em cima: pulverizador e regador Da esquerda para direita: enxada, enxadão e rastelo
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    28 Capitulo V -Planejamento da Horta Sem generalizar, podemos agrupá-las da seguinte forma: • Hortaliças de folhas, raízes e bulbos: temperaturas mais amenas (15 a 23ºC). Exemplos: alface, couve, almeirão, chicória, rúcula, espi- nafre, cenoura, beterraba, rabanete, mandioquinha-salsa, alho, cebo- la, etc. • Hortaliças de frutos e condimentos: temperaturas mais elevadas (18 a 30ºC). Exemplos: abóboras e morangas, berinjela, jiló, chuchu, melancia, melão, pimentão, quiabo, salsa, coentro, etc. Portanto, as diferentes exigências das espécies em temperatura é que vão definir as épocas adequadas de plantio. A luz solar é um dos fatores climáticos mais importantes para a vida vegetal, pois é aquele que promove o processo da fotossínte- se. O aumento da intensidade luminosa provoca o aumento da ati- vidade fotossintética da planta e conseqüente aumento da produ- ção de hidratos de carbono, elevando o teor de matéria seca nos vegetais. A deficiência luminosa provoca um maior elongamento celular, resultando no estiolamento da planta (aumento em altura e extensão da parte aérea - caule, folhas, sem elevação do teor de matéria seca). A duração do período luminoso, denominado de fotoperíodo (número de horas diárias de luz solar), influencia o crescimento vegetativo, a floração e a produção de algumas hortaliças, como o alho e a cebola. Ambas as espécies somente formam bulbos em condições de comercialização, quando os dias têm a sua duração acima de um certo número mínimo de horas de luz - característi- ca que varia de um cultivar a outro. Exemplos: alho - o cultivar “Branco Mineiro” adapta-se bem a dias curtos, quando plantado no outono, em diferentes latitudes e altitudes; os cultivares “Gi- gante-de-Lavínia” e “Amarante” são menos precoces, mais exi- gentes em fotoperíodo, mas também produzem bons bulbos quando plantados no outono na região do centro-sul; já os cultivares ar- gentinos vegetam vigorosamente nessas condições, mas não bul- bificam; cebola - cultivares de ciclo médio (“Baia Periforme”, “Baia Periforme” “Piracicaba”, “Pira Ouro”, etc.) exigem foto- período de 11 a 13 horas diárias de luz e são as mais indicadas para o plantio no Estado de São Paulo; cultivares precoces (“Gra- nex”, “Texas Grano 502”, etc.) exigem fotoperíodos de 10-12 horas para a formação dos bulbos. Outro fator climático importante é a umidade, uma vez que a água é imprescindível à vida vegetal e constitui mais de 90% do peso da maioria das hortaliças. O grau de umidade do ar influencia na perda de água das plantas por meio da transpiração e o teor de umidade do solo influencia a absorção de água e nutrientes pelas plantas. A umidade do solo pode ser controlada por meio da irrigação, sendo esta uma prática imprescin- dível ao cultivo de hortaliças. O alto teor de umidade do ar afeta o estado fitossanitário das hortaliças, pois favorece o ataque de fungos e bactérias patogênicos. A baixa umidade do ar, por outro lado, oferece condições adequadas para a proliferação de ácaros. Um aspecto importante a considerar no planejamento da horta com relação às espécies, se refere à duração do ciclo de vida de cada planta (período da semeadura à colheita), que vai determinar o perí- odo de ocupação de cada canteiro com as diferentes espécies. Preparo do terreno para semeadura ou plantio
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    29 Capitulo V -Planejamento da Horta • Limpeza da área escolhida para a horta: capinação e amontoa do mato em um ponto do terreno para decomposição e posterior incor- poração ao solo (a queimada é prática proibida no manejo orgânico, exceto para eliminação de plantas contaminadas por vírus e outras doenças), retirada de entulhos, tocos e raízes de árvores, etc. • Locais de fácil encharcamento: efetuar a drenagem da área. • Revolvimento do solo: a uma profundidade de 20 a 25cm (aproxima- damente um palmo) quebrando-se os torrões de terra e nivelando-se o terreno. Em áreas pequenas usam-se o enxadão e enxada nesta operação; em áreas grandes o arado e grade tracionados por trator ou por animais (usar equipamentos que impeçam ao máximo a rever- são das camadas de solo e a desagregação de sua estrutura). Nesta operação pode-se aproveitar para incorporar corretivos (ex.: calcá- rio) ou adubos orgânicos (ex.: estercos animais curtidos, compostos orgânicos, etc.). • Construção dos canteiros para sementeiras, semeadura direta e para o transplante de mudas, com as seguintes dimensões: largura entre 0,80 e 1,20m; altura de 20 a 25cm e comprimento variável de acordo com a dimensão do terreno, normalmente não superior a 10m, em hortas para autoconsumo. • Para algumas hortaliças não há necessidade de canteiros, bastando revolver e destorroar a terra e, em seguida abrir as covas, adubar e plantar (ex.: abóbora, quiabo, berinjela, jiló, couve, etc.); • Distância entre canteiros (caminhos): 30 a 40cm. Os caminhos, bem como as entrelinhas das plantas, devem ser mantidos e protegidos com cobertura morta para controle do mato, manutenção da umida- de e do equilíbrio térmico do solo; • Nos terrenos com declive, os canteiros devem ser dispostos de ma- neira que “cortem as águas”, ou seja, devem acompanhar as curvas de nível do terreno, para diminuir perdas de solo por erosão; nos terrenos planos, dispostos no sentido norte-sul; • Devem apresentar a terra solta, sem torrões, pedras, raízes grandes, e a superfície plana. • Correção do solo (calagem e adubação orgânica): aplicação de cal- cário para correção da acidez e dos adubos e compostos orgânicos para correção das deficiências minerais e melhoria da bioestrutura do solo. A calagem deve ser feita antecipadamente ao plantio, po- dendo-se aplicar no sistema orgânico, no máximo 2t/ha/ano (equi- vale a 200g/m2 ). Com a melhoria do solo, pelas adubações orgâni- cas freqüentes e incorporações de restos de vegetais, a calagem pode ser suspensa. O preparo do solo é uma das operações mais importantes para o su- cesso do cultivo de hortaliças orgânicas, pois a manutenção de um solo sadio, vivo e equilibrado é que garantirá o desenvolvimento de plantas saudáveis, capazes de suportar as adversidades (fatores climáticos des- favoráveis, ataques de pragas e doenças, entre outros).
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    VI. PROPAGAÇÃO EPLANTIO Juscelino Nobuo Shiraki
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    32 Capitulo VI -Propagação e plantio A maioria das hortaliças é propagada por sementes e algumas pelo plantio de suas partes vegetativas. Devem-se utilizar sementes de hortaliças de boa qualidade e tam- bém, dar preferência a cultivares brasileiros ou aquelas variedades já consagradas pelos agricultores daqui. Na hora da compra das sementes, deve-se ter o cuidado de escolher a variedade mais adaptada ao local (clima) e à época de plantio (prima- vera ou verão) que será feita. Deve-se preferir a compra de sementes acondicionadas em sacos aluminizados, que foram estocados em local seco, arejado e sombreado, prestando-se atenção no prazo de validade anotado na embalagem. Em alguns casos, as sementes que apresentam a casca (tegumento) muito dura, devem ficar de molho em água por 24 horas para facilitar a entrada de água e dar início à germinação. Como exemplo, temos o espinafre, a abóbora, o quiabo, entre outros. Por último, utilize somen- te as sementes que estiverem no fundo do recipiente, pois as que fica- rem boiando quase sempre serão chochas e não irão germinar. SEMENTEIRA Corresponde ao local onde será feito o cultivo das ‘mudinhas’ por um determinado tempo, e depois, será realizado o transplante para o localdefinitivo(canteirosoucovas). A sementeira será feita para as hortaliças que formam “cabe- ças” (ex.: alface, chicória, acel- ga, entre outros), as que possu- em sementes muito pequenas (necessitam de boas condições para germinar e crescer), ocorre demora na germinação, ou então, há necessidade de cuidados especiais durante a germinação e seu desen- volvimento inicial. Para deixar as sementes bem espaçadas entre si, pode-se misturá-las com partes iguais de areia fina ou terra peneirada para permitir melhor distribuição dentro dos sulcos de plantio. Para a sementeira, não é necessário o preparo de grandes áreas. Ela pode ser feita em caixotes (furadas no fundo, com uma camada de pedras embaixo, para facilitar o escoamento do excesso de água e como substrato, pode-se usar uma mistura contendo partes iguais de areia, terra de jardim e terra vegetal); ou em uma parte do canteiro, onde a distribuição das sementes deverá ser uniforme e em sulcos dis- tanciados de aproximadamente 10cm. As sementes deverão estar a uma profundidade de, aproximadamen- te, duas vezes o seu tamanho ou então, o equivalente a duas vezes o seu maior diâmetro, pois quando semeadas muito rasas, as plantas não têm o apoio necessário e quando muito fundas, têm dificuldade de romper a camada de solo e atingir a superfície. A cobertura deverá ser feita com uma fina camada de terra, de pre- ferência peneirada e, em seguida, regada com regador de crivo fino, para que as gotas de água não enterrem demais as sementes, ou as espalhem para fora do sulco de semeadura. É importante manter o solo da sementeira sempre úmido, sem exces- sos, para que haja uma boa germinação. TRANSPLANTE Consiste na retirada das mu- das da sementeira e replantio das mesmas para o local definitivo (em canteiros ou covas). Deve ser feito quando as mu- das estiverem com 4 a 6 folhas definitivas ou com o tamanho entre 4 a 5cm, para que o pega- mento seja bom e não haja re- tardamento no seu crescimento. Deve-se molhar bem a semen- teira, proceder à retirada das mudas (com a colher de jardineiro) com o torrão de terra e desmanchá-lo com todo o cuidado para preservar as raí- zes, e a seguir, escolher as de melhor aspecto (fortes e bem desenvolvidas) e transplantar, com espaçamento variável de acordo com a espécie. Com a colher de transplante, abrem-se as covas no local definitivo (canteiro ou cova), e a seguir, é colocada uma muda por cova e, toman- do o cuidado para que a raiz principal não fique enrolada durante o Sementeira de alface Retirada das mudas de alface
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    33 Capitulo VI -Propagação e plantio processo do transplante. Por fim, cobrir com terra a raiz e apertar um pouco a terra ao redor das raízes para ficarem bem firmes e depois, molhar bem o local (regar todos os dias, de manhã ou no final da tarde, evitando regar nas horas de sol quente). O ideal para realizar o transplante é no final de tarde, dias chuvosos ou nublados, ou durante as horas mais frescas do dia, para um melhor enraizamento. A profundidade de plantio das mudas, no local definitivo, depende do tipo de hortaliça, sendo: • mudas de caule evidente: é o caso do tomate, berinjela, pi- mentão, couve-flor, repolho, etc., que devem ser plantadas a uma profundidade um pouco mai- or do que aquela em que se en- contravam na sementeira. Devem ficar enterradas até a altura da inserção no caule das folhas de- finitivas mais velhas. • mudas de caule pouco perceptível: como a beterraba, o espinafre, a alface, a chicória, etc.; devem ser transplantadas de modo a ficarem à mesma profundidade, em relação à superfície do solo, em que se encontravam anteriormente na sementeira. SEMEADURA DIRETA As hortaliças de plantio direto podem se divididas em 3 grupos: 1. Culturas que são semeadas diretamente em covas amplas, distan- ciadas por espaçamentos largos, como a abóbora, abobrinha, pepino, quiabo, entre outras. São recomendados para plantas de grande porte, que possuem ciclo longo de cultivo ou são perenes. 2. Culturas que são semeadas diretamente em sulcos, com espaça- mento mais estreito, como o feijão, a vagem, entre outras. Para esta forma de plantio, são recomendados para plantas de ciclo longo, ou me- nos exigentes a tratos culturais, ou então, quando as partes vegetativas de propagação são resistentes e permitem a colocação direta no solo. 3. Culturas que são semeadas em sulcos superficiais, abertos em canteiros, como a cenoura, rabanete, nabo, acelga, beterraba, espina- fre, entre outras. Recomendado para plantas de porte pequeno ou de ciclo curto. Quando a semeadura for em sulcos, procede-se da mesma forma fei- ta nas sementeiras e, quando as plantas estiverem com aproximada- mente 5 a 7cm, fazer o desbaste, ou seja, retirar algumas plantas para dar mais espaço para as outras crescerem. Quando a semeadura ou o plantio de mudas for em covas, abri-las com o enxadão, de preferência com 30cm de profundidade e 30cm de boca, com distâncias variando conforme o tipo de hortaliça a ser semeada ou transplantada. Adicionar o composto orgânico na terra retirada e misturar bem. Recolocar a terra adubada para dentro da cova e fazer uma cova rasa (3 a 5cm ) e a seguir, colocar de 3 a 4 sementes por cova (realizar o desbaste, deixando de 1 a 2 mudas por cova); ou então, colocar uma muda por cova. Por fim, proceder a rega, que deve ser diária. Sendo uma vez por dia no inverno ou duas vezes por dia no verão ou, quantas vezes forem necessárias para manter o solo úmido, até que a muda se estabeleça no local (sistema radicular bem desenvolvida que explore um grande volume de solo, permitindo que as regas sejam mais espaçadas). PROPAGAÇÃO VEGETATIVA Algumas hortaliças são propagadas pelo plantio de partes vegetativas diversas (propagação assexuada), procedentes da planta-matriz e não por sementes. Como exemplos, temos: agrião, alcachofra, alho, aspar- go, batata-doce, batata, cará, cebolinha, couve-manteiga, inhame, mandioquinha-salsa, morango e taioba. No caso da alcachofra, do as- pargo, da cebolinha e da couve-manteiga, a propagação pode ser feita por sementes ou vegetativamente; sendo que no segundo caso, há uma redução no ciclo cultural, antecipando a colheita. Quando a propagação se dá pelas partes vegetativas, a escolha das matrizes é importante, pois o sucesso da cultura dependerá destas plan- tas. Assim sendo, escolha plantas matrizes com as melhores caracterís- ticas da espécie ou variedade. Não retire as mudas quando a planta estiver em repouso (inverno) e por fim, não retire material de propaga- ção quando a planta matriz estiver em flor. Transplante de mudas de alface
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    34 Capitulo VI -Propagação e plantio As estruturas de propagação vegetativa utilizadas podem ser classi- ficadas em: rebentos, ramas, bulbilhos, tubérculos, perfilhos, esto- lhos, etc. Elas são plantadas diretamente no local definitivo, em covas ou sulcos. As razões para que a propagação vegetativa seja a única utiliza- da para determinadas espécies está relacionada com a incapacida- de de produzir sementes férteis (como é o caso do alho),ou então, as sementes são produzidas somente em condições ecológicas espe- ciais (como a mandioquinha-salsa e a couve-manteiga). Também, a propagação vegetativa torna-se interessante, devido à capacidade de antecipar a colheita e a cultura ser idêntica a planta que se deseja cultivar. Como desvantagem nesse método, podemos citar o acúmulo de vírus e outros patógenos, responsáveis pela perda de vigor e de produtividade. Os exemplos de reprodução vegetativa são: rebentos / perfilhos - são brotos laterais que surgem nas plantas adultas ou ao redor delas, chamadas de mudas - ex.: alcachofra, couve, cebolinha, mandioquinha-salsa. ramas - utiliza-se pedaços de 20-30cm de comprimento das ramas ou hastes de plantas adultas, enterrando-se inclinadamente mais da meta- de - ex.: agrião, batata-doce, espinafre. tubérculos - como é o caso da batata, cujos tubérculos devem ter de 3 a 4cm de tamanho e brotados (com brotos de 1 a 2cm de tamanho). bulbilhos - no caso do alho, em que chamamos o bulbilho de dente, devendo este ter 1 a 2 gramas de peso. frutos - para o plantio do chuchu, usa-se o fruto com o broto de 15 a 20cm de altura. estolhos - no caso do morango, utilizam-se os brotos que saem da planta-mãe (caule rastejante que enraíza em contato com o solo). Retirada de mudas (rebentos) de couve
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    35 Capitulo VII -O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo VII. O SOLO: CONCEITOS, COMPOSIÇÃO, ATRIBUTOS IMPORTANTES PARA O MANEJO Adão Luiz C. Martins
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    36 Capitulo VII -O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo CONCEITOS, FORMAÇÃO E PERFIL DO SOLO O solo para o agricultor é o meio ou a terra onde ocorre o cresci- mento das plantas e dos animais e de onde retira os produtos para sua subsistência. De modo geral, entende-se por solo, a camada de material não con- solidado da superfície da crosta terrestre, modificada ou não pelo ho- mem, que contém matéria viva e que é capaz de suportar plantas ao ar livre. Desta definição, conclui-se, portanto, que o solo é uma estrutu- ra viva, dinâmica e que deve possuir algumas características e propri- edades para permitir a fixação e o crescimento das plantas. O solo deve proporcionar a penetração das raízes e o suporte mecâni- co; deve estar em uma condição capaz de fornecer água, ar e nutrien- tes, em quantidades suficientes (nem excesso, nem deficiência) para que, juntamente com oxigênio, gás carbônico, luz e calor, favoreçam o crescimento de plantas saudáveis e equilibradas. O solo forma-se a partir do intemperismo físico (desintegração), químico (decomposição) e biológico (ação de excreções orgânicas ácidas produzidas por microrganismos e plantas), sobre o material de origem (rocha-mãe), por meio da ação do clima (calor do sol, água das chuvas, ventos) e organismos vivos (microrganismos, vegetais, animais e homem) nas diversas formas de relevo, ao longo do tempo (normalmente milhares de anos). A interação de todos esses fatores é que levou à formação da grande diversidade de tipos de solos existentes (com diferentes cores, profundidades, constituições, etc.). Durante o processo de formação dos solos, a ação conjunta de fenômenos físicos, químicos e biológicos faz com que os mesmos se organizem em cama- das de aspecto e constituição diferentes, aproximadamente paralelas à su- perfície, denominadas de horizontes. Ao conjunto de horizontes, num corte vertical que vai da superfície até o material que deu origem ao solo, dá-se o nome de perfil do solo (normalmente considera-se a profundidade de 2,0m). O perfil de um solo bem desenvolvido possui basicamente 4 tipos de horizon- tes, convencionalmente identificados pelas letras maiúsculas O, A, B e C. COMPOSIÇÃO DO SOLO O solo é um sistema poroso composto de matéria sólida (mineral e orgânica) e espaços vazios ou poros, preenchidos com o ar e com a água (de acordo com o tamanho, são divididos em macroporos e microporos): • matéria inorgânica ou mineral: formada por partículas de diversos tamanhos (cascalho, areia, argila, silte, etc); • matéria orgânica: formada por restos vegetais e animais, em dife- rentes estágios de decomposição e por organismos vivos (microrga- nismos, minhocas, etc.); • água do solo: também chamada solução do solo, é composta de água, sais minerais dissolvidos e matérias coloidais em suspensão; • ar do solo: composição diferente em relação ao ar atmosférico, em razão do acúmulo de CO2 (na atmosfera, teor de CO2 ≅ 0,03 % e no ar do solo ≅ 1%). Considera-se que um solo ideal deve ter 50% de matéria sólida (45% de matéria mineral e 5% de matéria orgânica) e 50% de porosidade (25% dos poros para a água e 25% para o ar). IMPORTÂNCIA DO SOLO NO CULTIVO ORGÂNICO DE HORTALIÇAS No sistema orgânico de produção, o solo é considerado um organismo vivo e complexo, e a meta principal é conservá-lo sadio para as gerações presentes e futuras (princípio da sustentabilidade). Nesse sentido, a fertilidade de um solo deve ser avaliada considerando não apenas o aspecto químico, ou seja, as quantidades de nutrientes e de elementos tóxicos presentes, mas também o aspecto físico (porosidade, capacidade de retenção de água e nutrientes, infil- tração de água, aeração, ausência de camadas adensadas que impeçam o desenvolvimento das raízes, bioestrutura, etc.) e o biológico (flora e fauna benéficas, como fungos, bactérias, protozoários, insetos, minhocas e outros vermes, que fazem a transformação da matéria orgânica em húmus, liberando lentamente os nutrientes às plantas; formam a bioestrutura do solo e secretam várias substâncias - vitaminas, enzimas, antibióticos, que favorecem o desen- volvimento das plantas e controlam organismos nocivos). A planta deve explo- rar o maior volume possível de solo, com aprofundamento de suas raízes, tendo à sua disposição um maior reservatório de água e nutrientes. Para atingir essa condição, lança-se mão de um conjunto de técnicas: adubações orgânicas variadas e freqüentes (compostos, estercos, tortas, bi- ofertilizantes, etc.), incorporação de restos de culturas, adubações verdes com plantas de raízes profundas para romper camadas endurecidas e reciclar nutrientes de outras camadas do solo, coberturas mortas, biodiversidade de cultivos, correção do solo com materiais pouco solúveis e de forma equilibra- da (calcários, pós e fosfatos de rocha), rotação e consorciação de culturas, cultivo mínimo, em faixas e outras práticas conservacionistas.
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    37 Capitulo VII -O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo Um solo é classificado como de: • textura arenosa quando mais de 85% das partículas estão na fra- ção areia; • textura argilosa quando mais de 35% das partículas estão na fra- ção argila; • textura barrenta ou franca (média), quando ocorre equilíbrio entre as frações. O tamanho das partículas tem influência direta nas propriedades físi- cas e químicas: normalmente as menores são mais ativas. Portanto, a textura irá determinar no solo algumas características importantes: taxa de infiltração de água no solo, capacidade de retenção de água e nutri- entes, taxa de decomposição da matéria orgânica (maior no solo areno- so), permeabilidade à água, grau de plasticidade, facilidade de trabalho com máquinas e resistência à erosão. Solo arenoso: fácil de se trabalhar, bem arejado, a água infiltra rapi- damente, baixo armazenamento de água; Solo argiloso: é mais pesado e difícil de se trabalhar, resistindo às ferramentas; a água infiltra mais lentamente, porém apresenta melhor capacidade de armazenamento de água. ATRIBUTOS DO SOLO IMPORTANTES PARA O MANEJO Cor do solo É a característica morfológica de mais fácil visualização. Muitos no- mes populares de solos são dados em função das respectivas colorações: “terra roxa”, “terra preta”, entre outros. A cor também é enfatizada no Sistema de Classificação de Solos: Latossolos Amarelos, Vermelhos; Ar- gissolo vermelho-amarelo, etc. A cor normalmente está relacionada com outras características ou propriedades do solo: • cores escuras: indicam altos teores de material orgânico decomposto; • cor vermelha: indica boa drenagem interna e altos teores de ferro; • cor cinza: indica que o solo é mal drenado, que permanentemente tem excesso de água no perfil (baixadas próximas a rios e riachos); • cores claras: boa drenagem, pobreza em matéria orgânica, maiores teores de areia. Textura O termo textura se refere à proporção relativa das frações granulo- métricas (areia, silte e argila) que compõem a massa do solo. As partícu- las do solo têm tamanhos bastante variados: algumas são suficiente- mente grandes para observação a olho nu (ex. areias), outras podem ser vistas com o uso de lentes de bolso ou microscópio comum, enquanto as restantes só podem ser observadas com auxílio de microscópio eletrôni- co (ex. argilas). As partículas podem ser agrupadas em 5 frações, de acordo com o diâmetro: argila < 0,002 mm silte (limo) 0,002 – 0,02 mm areia fina 0,02 – 0,2 mm areia grossa 0,2 – 2 mm cascalho 2 – 20 mm pedras > 20 mm Teste para verificar a textura do solo
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    38 Capitulo VII -O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo Estrutura A estrutura define como as partículas de areia, silte e argila estão ligadas entre si e se existem poros entre elas. Estas partículas, em condi- ções naturais, encontram-se aglomeradas em partículas compostas refe- ridas com freqüência como agregados ou torrões. A estrutura é o aspecto do conjunto dos torrões que ocorrem no solo. As principais substâncias que atuam como agente cimentante, unindo aquelas partículas, são a matéria orgânica, as argilas e os óxidos de ferro. Os organismos vivos do solo contribuem para a formação e estabilização de sua estrutura. A estrutura define a maior ou menor porosidade do solo e a proporção de macroporos e microporos. O solo ideal tem 50% de matéria sólida e 50% de poros, assemelhando-se a uma esponja. Um solo é mal estruturado ou compactado, quando não há água nem ar em quantidades suficientes; a água não consegue se infiltrar no solo reduzindo a capacidade de armazenamento de água deste e causando erosão. A falta de água pode provocar a elevação da temperatura do solo, a diminuição da absorção de nutrientes pelas plantas, a destruição da matéria orgânica e os conseqüentes prejuízos aos microrganismos do solo. Por outro lado, um encharcamento e falta de ar no solo provoca o abaixamento da temperatura, o retardamento ou paralisação da decom- posição da matéria orgânica, a diminuição das reações químicas que tornam os nutrientes disponíveis, o aumento da atividade de microrga- nismos prejudiciais e a dissolução de ferro e manganês em grandes quan- tidades, atingindo níveis que são tóxicos para as plantas. Existem alguns indicadores simples que revelam a situação da estru- tura do solo. A presença de certas plantas invasoras como a guanxuma e o assa-peixe indicam a compactação do solo. Já a presença de carqueja e gramíneas baixas e de folhas muito estreitas, indicam excesso de água ou má aeração. Outro indicativo da má estrutura do solo é o acúmulo de pó na superfície e a ocorrência de nuvens de poeira em dias com ventos. Matéria orgânica (MO) A matéria orgânica é proveniente da acumulação e decomposição de restos de origem vegetal ou animal: raízes, folhas, frutos, corpos de animais, estercos, etc. Os materiais adicionados passam por di- versas transformações, tornando-se com o tempo, em um produto escuro, finamente dividido e relativamente estável, onde não se iden- tifica o material que lhe deu origem, denominado de húmus. A MO acumula-se no solo até um nível de equilíbrio entre as adições e as perdas por decomposição. Entre os diversos benefícios da MO, podemos destacar: • é condicionadora do solo: através de suas longas cadeias orgânicas, agrega partículas minerais e confere ao solo condições favoráveis de porosidade, melhorando a permeabilidade e a capacidade de reten- ção de água; • é responsável, em grande parte, pela capacidade de retenção de nutrientes dos solos, evitando perdas por lixiviação (carregamen- to dos nutrientes por meio da água, ao longo do perfil do solo), fazendo com que os mesmos fiquem fora da zona de exploração das raízes das plantas; • serve como fonte de energia para o desenvolvimento dos microrga- nismos do solo: alguns são muito importantes, como as bactérias que fixam o nitrogênio do ar, cedendo-os às plantas e os microrganismos que fazem a decomposição da matéria orgânica fresca, liberando os nutrientes N, P, K, Ca, S, etc., além de secretarem substâncias ativas como hormônios, antibióticos e enzimas, que aumentam a atividade biológica e auxiliam no controle de populações de organismos noci- vos, como pragas e patógenos presentes no solo; • é uma fonte de macro e micronutrientes, liberados lentamente para as plantas (o que é interessante no cultivo orgânico); • imobiliza elementos tóxicos e em excesso (Al, Mn, etc.) e exerce poder tampão no solo (ajuda a manter o pH estável). É muito importante manter o teor de matéria orgânica acima de um valor mínimo no solo (manter na faixa de 2 a 5%), o que não é fácil na condição tropical, uma vez que o calor e a umidade existentes nas regiões quentes promovem a aceleração dos processos de decomposição da MO. Reação do solo (acidez e alcalinidade) O grau de acidez de um solo é medido pela concentração de íons hidrogênio (H+ ) na solução do solo e é normalmente expresso pelo sím- bolo pH (p = potencial; H = Hidrogênio). A escala de pH vai de 0 a 14, sendo 7 o ponto médio, onde se diz que o pH é neutro. Acima de 7 se diz
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    39 Capitulo VII -O solo: conceitos, composição, atributos importantes para o manejo que o solo tem reação alcalina ou básica, e abaixo de 7 que o solo tem reação ácida. A maioria das hortaliças se desenvolve bem em valores de pH variando de 5,5 a 6,8. Os solos podem ser naturalmente ácidos em razão da pobreza do material de origem em Ca, Mg, K e Na (bases), ou através de processos de formação ou de manejo de solos que levam à perda destas bases e, portanto, à acidificação. Adubações nitrogenadas com adubos químicos solúveis provocam a acidificação dos solos. Na maioria dos casos, não é a acidez em si que prejudica o cresci- mento dos vegetais e sim os fenômenos colaterais que ela ocasiona: aparecimento de elementos tóxicos (alumínio), insolubilização de al- guns elementos (fósforo e boro), remoção de outros por substituição nas partículas do solo (cálcio, magnésio e potássio que são substituídos por hidrogênio e alumínio). O processo de acidificação é comum em regiões de clima úmido: lavagem progressiva pela água das chuvas, de quantidades apreciáveis de bases (Ca, Mg, Na e K), que são substituídas inicialmente por hidro- gênio e depois por alumínio. A incorporação de materiais orgânicos nos solos, principalmente nos mais arenosos, ajuda a diminuir a perda des- tes nutrientes, pela grande capacidade de retenção e troca de nutri- entes que a matéria orgânica possui, ajudando desta forma a manter o pH mais estável e os nutrientes disponíveis para as plantas. A maior parte dos solos brasileiros são ácidos e, portanto, deverão ser corrigi- dos para permitir o bom desenvolvimento das plantas. Em regiões ári- das e semi-áridas (como o sertão nordestino), podem ocorrer solos neutros e alcalinos em razão do acúmulo de sais no solo, dada a escas- sez de chuvas. Para se conhecer o grau de acidez do solo ou o valor do seu pH deve- se recorrer à análise do solo, devidamente amostrado. Porém, algumas plantas como samambaias e sapé são indicadoras de acidez do solo. AMOSTRAGEM DO SOLO PARA ANÁLISE Para conhecer a fertilidade de um solo recorre-se à análise química, em laboratórios especializados. Para que se obtenham resultados confi- áveis, de nada adianta uma análise bem feita se a amostra enviada ao laboratório não for representativa da área que se quer conhecer e culti- var. A amostra a ser enviada é uma quantidade de terra, em geral de 300 a 500g, retirada de uma mistura de diversas amostras de um mesmo tipo de solo (é uma amostra média). A amostragem do solo deve ser feita seguindo os passos abaixo: • dividir a propriedade em áreas homogêneas (mesmo tipo de solo, vegetação e manejo): para cada área retira-se uma amostra confor- me passos seguintes; • na área a ser amostrada, caminhe em zigue-zague distribuindo os pontos de coleta em toda área (em torno de 20 pontos); • em cada ponto, limpe a superfície do solo (retire o mato, pedras, etc.) e abra uma cova até a profundidade de 20cm; com auxílio de um enxadão ou pá reta (vanga), retire uma fatia de terra, cortando de cima até o fundo da cova, e coloque em um balde; • ao final de todos os pontos, misture bem toda a terra do balde e retire cerca de meio quilo; se a amostra estiver úmida, deixe secar à sombra; • embale a amostra em saco plástico ou caixa de papelão e cole uma etiqueta identificando seu nome, município, nome da propriedade, número da amostra, planta cultivada, endereço e telefone para con- tato; envie ao laboratório (pode ser por meio do correio ou entre- gue pessoalmente). Amostras de solo
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    VIII. NUTRIÇÃO MINERAL,CALAGEM E ADUBAÇÃO DAS HORTALIÇAS Adão Luiz C. Martins
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    42 Capitulo VIII -Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA AS HORTALIÇAS As hortaliças, assim como as demais plantas, precisam para viver de 16 elementos ou nutrientes: • Orgânicos: Carbono (C), Hidrogênio (H) e Oxigênio (O). • Minerais: - Macronutrientes: Nitrogênio (N), Fósforo (P); Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre (S); - Micronutrientes: Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manga- nês (Mn), Molibdênio (Mo), e Zinco (Zn). Algumas plantas necessitam ainda de sódio (Na), cobalto (Co), silício (Si) e níquel (Ni). Os elementos orgânicos são fornecidos pelo ar e pela água. Os mine- rais vêm do solo, e quando o solo não é capaz de fornecê-los nas quan- tidades e proporções exigidas tem-se que recorrer aos adubos. Os adubos devem, portanto, cobrir as diferenças entre as quantida- des exigidas pela planta de interesse e as quantidades fornecidas pelo solo. No sistema orgânico de produção são utilizadas diversas técnicas para se obter um solo sadio e equilibrado, sendo permitida apenas a utilização de fontes minerais pouco solúveis e orgânicas na adubação, que vão liberar lentamente os nutrientes exigidos pelas plantas, man- tendo o equilíbrio químico e biológico no solo. ABSORÇÃO E EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES PELAS HORTALIÇAS As hortaliças obtêm os nutrientes que necessitam através da absor- ção pelas raízes, dos elementos existentes na solução do solo. Entende- se por absorção o processo pelo qual o elemento passa do substrato (solo, solução nutritiva) para dentro da célula vegetal da raiz. As hortaliças absorvem maiores quantidades de macro e micronutri- entes por hectare (ha) cultivado e em menor espaço de tempo, em rela- ção às grandes culturas (cereais, citros, café, etc.). Essa característica aliada ao caráter intensivo de utilização do solo, com plantios contínuos ao longo do ano e à maior produtividade das hortaliças quando compara- das a outras culturas contribuem para um rápido esgotamento do solo, razão porque se deve ter atenção especial às adubações orgânicas e outras práticas que contribuam para manter a fertilidade do solo (física, química e biológica). Os macronutrientes secundários (Ca, Mg e S) são tão importantes quanto os primários (N, P e K), sendo as hortaliças particularmente exi- gentes em Ca, extraindo quantidades maiores deste nutriente do que de P, em muitos casos. O potássio (K) é o elemento extraído em maior quantidade, seguido do N, para a maioria das hortaliças. Embora cada espécie de hortaliça apresente as suas exigências nu- tricionais, podemos destacar algumas que são comuns a determinados grupos ou famílias botânicas. As solanáceas (tomate, pimentão, jiló, berinjela) são muito exigentes em Ca e Mg. As brassicáceas (couve- manteiga, repolho, couve-flor, brócoli) são especialmente exigentes em S, assim como a cebola e o tomate. Com relação aos micronutrien- tes, as brassicáceas (principalmente a couve-flor) são muito exigentes em B e Mo. Outras hortaliças, tais como tomate, alho, beterraba, ce- noura e repolho, também tem sido apontadas como deficientes em B, com freqüência. Sintomas de carência de Zn têm sido observados em alho, batata e beterraba. No cultivo orgânico, essas deficiências de micronutrientes são corrigidas com a utilização de compostos orgâni- cos e biofertilizantes. IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DOS NUTRIENTES Para que um vegetal se desenvolva, ele necessita de alguns requisitos indispensáveis: local favorável à fixação de suas raízes, temperatura adequada, luz solar, água, quantidade suficiente de nutrientes, etc., condições atendidas em maior ou menor proporção pelas condições do solo onde se encontra. Atendidas as necessidades básicas acima mencionadas, os vegetais superiores providos de clorofila, partindo do C, H e O, retirados do ar e da água e de diversos elementos procedentes do solo (nutrientes), con- seguem com o auxílio da energia fornecida pela luz solar, sintetizar a matéria orgânica necessária à sua própria formação. Assim, através da fotossíntese, as plantas têm a capacidade de for- mar em suas células clorofiladas, inicialmente compostos orgânicos de estrutura simples, depois partindo para compostos de estrutura mais complexa, como celulose, amido, açúcares diversos, ácidos orgânicos, gorduras, proteínas, enzimas, vitaminas, etc. Além de participarem da fotossíntese, os nutrientes desempenham outras funções nas plantas:
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    43 Capitulo VIII -Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças • Nitrogênio (N): promove a formação das proteínas vegetais, auxilia a formação da folhagem e favorece o rápido crescimento das plantas; • Fósforo (P): estimula o crescimento e formação das raízes; aumenta o perfilhamento; importante para o florescimento e formação dos grãos e sementes; • Potássio (K): controla a entrada e saída de água e CO2 nas folhas; aumenta a resistência das plantas a doenças, ao acamamento e à seca; melhora a qualidade dos frutos; • Cálcio (Ca): faz parte da parede celular das células das plantas, au- mentando o vigor e a resistência das folhas e caules; atua na formação e pegamento de frutos jovens e no enraizamento em profundidade; • Magnésio (Mg): faz parte da molécula de clorofila, que é responsável pela captação de energia solar na fotossíntese; na sua presença, as plantas absorvem mais fósforo (P); • Enxofre (S): entra na composição das proteínas e na formação de grãos e sementes; quando ligado ao Ca, favorece a sua migração para o subsolo, atraindo as raízes; • Boro (B): atua no transporte de carboidratos (açúcares) das folhas para os órgãos armazenadores das plantas (grãos, raízes e caules); importante na multiplicação e crescimento das células; auxilia no pegamento da florada; • Zinco (Zn): é ativador de enzimas e participa da síntese de um im- portante hormônio de crescimento (auxina); participa da síntese de proteínas; estimula o crescimento e a frutificação. CORREÇÃO DA ACIDEZ (CALAGEM) A reação do solo (ácida ou alcalina) é o primeiro fator que precisa ser conhecido, pois a calagem é feita com antecedência aos cultivos e até mesmo ao preparo do solo. Como já foi visto anteriormente, os elementos que causam a acidez são o H e o Al (alumínio), este último tóxico às plantas, e o processo de acidificação do solo se dá pela remoção das bases (Ca, Mg, K e Na) e substituição pelo H e Al. As adubações com adubos nitrogenados tam- bém causam a acidificação dos solos. A neutralização da acidez é feita através da operação denominada calagem, que consiste em aplicar a lanço no solo, em área total, deter- minados materiais que têm a capacidade de neutralizar a acidez do solo. O material corretivo mais utilizado é o calcário, que é uma rocha calcária moída. Quimicamente o calcário consiste basicamente de car- bonato de cálcio (CaCO3 ) que é um sal de baixíssima solubilidade, mas que, na presença de gás carbônico e água, participa de reações que resultam na neutralização da acidez do solo. A neutralização da acidez ocorrerá mais rapidamente quanto mais fino for o calcário e quanto melhor for a mistura com o solo, não se esquecendo de irrigar o solo caso não chova, pois a reação só ocorre com a presença da água. Quanto ao teor de Mg (óxido de magnésio) os calcários podem ser classificados em três tipos: • Calcíticos: < 5% MgO • Magnesianos: 5 a 12% MgO • Dolomíticos: > 12% MgO O calcário deve ser aplicado antecipadamente ao plantio (pelo me- nos com 20 a 30 dias de antecedência), distribuído uniformemente e incorporado na maior profundidade possível (20 a 30cm). A necessidade de calcário é calculada através dos dados da análise de solo. Nocultivoorgâniconãosãoaceitasaplicaçõeselevadasdecalcáriodeumasó vez. Recomenda-se a aplicação de no máximo 2t/ha, o que equivale a 200g/m2, para não provocar desequilíbrios entre os nutrientes do solo. É importante tam- bém manter relações equilibradas entre os nutrientes Ca, Mg e K no solo: 3 a 4 partes de Ca para 1 parte de magnésio (Ca/Mg = 3-4 : 1); 9 a 12 partes de Ca para 1 parte de K (Ca/K = 9-12 : 1) e 3 partes de Mg para 1 parte de K (Mg/K = 3 : 1). O conhecimento de como estão os teores desses elementos, por meio da análise do solo, permite escolher a melhor forma de calcário a ser aplicado (dolomítico, calcítico ou magnesiano), procurando estabelecer essas relações. Isso significa, por exemplo, que em um solo com baixo teor de Mg, devo utilizar um calcário mais rico em Mg (dolomítico ou magnesiano) e em solos onde os teoresdeMgjáestãoemníveisadequadosouatéelevados,devoutilizarcalcário calcítico (tem bastante Ca e pouco Mg), para manter uma boa relação Ca/Mg.
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    44 Capitulo VIII -Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças ADUBAÇÃO DAS HORTALIÇAS Os solos cultivados podem perder seus nutrientes por meio de vários processos: remoção pelas colheitas sucessivas; arrastamento das partí- culas do solo pela erosão e por meio da lixiviação (lavagem dos nutrien- tes para as partes mais profundas do perfil do solo). Considerando que as plantas de uma determinada espécie possuem sempre a mesma exigência em nutrientes, para que as mesmas sejam supridas em suas necessidades, será necessário repor os nutrientes per- didos. A reposição dos nutrientes ou a complementação do que está faltando no solo, é feita por meio da operação denominada adubação, utilizando-se os adubos ou fertilizantes. Na agricultura orgânica a adubação tem como foco principal o solo, diferentemente da convencional em que o foco é a planta. Interessa no cultivo orgânico manter o solo saudável e rico em organismos vivos, bené- ficos ao solo e às plantas. Para que isso ocorra, empregam-se prioritaria- mente adubações orgânicas de fontes variadas, complementando-se com fontes minerais permitidas (pouco solúveis). Os adubos orgânicos, por liberarem lentamente os nutrientes para as plantas, não favorecem a infestação e desenvolvimento de insetos ou microrganismos nocivos. Os adubos podem ser classificados em vários tipos: minerais, orgâni- cos e organominerais. Dentro dos orgânicos, existe uma modalidade co- nhecida como adubo verde. • Minerais ou químicos: são sais muito solúveis, simples ou formula- dos, que apresentam um ou mais nutrientes, normalmente em concen- trações bem maiores quando comparados aos orgânicos, de liberação rápida ao meio; fabricados em escala industrial a partir de moléculas extraídas do petróleo (recurso não renovável). O uso destes adubos é proibido em agricultura orgânica, entre outros motivos, pelas altera- ções das condições químicas e biológicas do solo e os efeitos sobre os processos de absorção e metabolismos das plantas, com estímulos à pro- teólise (quebra das proteínas), acumulando substâncias simples na seiva (aminoácidos, glicose, etc.) e tornando-as mais susceptíveis ao ataque de pragas e doenças. Exemplos: uréia (44% N), sulfato de amônio (20% N e 22 a 24% S), super- fosfato simples (18% P2 O5 , 10% S e 18 a 20% Ca), termofosfato (17% P2 O5 e 18 a 20% Ca), cloreto de potássio (58% K2 O); sulfato de potássio (48% K2 O e 15 -17% S); bórax (11% B); sulfato de Zn (20% Zn), sulfato de cobre (13% Cu); fórmulas 10-10-10 (10% de N, 10% de P e 10% de K), 4-14-8, 20-5-20, etc. Em cultivos convencionais, onde os adubos químicos são utilizados, podem ser aplicados no plantio ou em cobertura; no solo ou via foliar. As quantidades a serem aplicadas baseiam-se nos resultados da análise do solo. A adubação de plantio é a melhor época para fornecer os macro- nutrientes (P, K, Ca, Mg e S). O nitrogênio (N) é aplicado apenas parcial- mente nesta época, ficando a maior parte para aplicação em cobertura, em doses parceladas nos momentos mais importantes do ciclo da planta (para evitar perdas por lixiviação). Parte do K também pode ser aplicada em cobertura. Os micronutrientes são aplicados no solo juntamente com os outros adubos e/ou nas folhas. Exemplo: para brócoli, couve-flor e repolho recomenda-se a aplicação de 3 a 4kg/ha de B juntamente com os demais adubos minerais no plantio e a pulverização das folhas por três vezes durante o ciclo, com solução de ácido bórico (1g/litro de água). • Orgânicos: são produtos de origem vegetal ou animal que, aplica- dos ao solo em quantidades e em épocas e maneiras adequadas, propor- cionam melhorias de suas propriedades físicas, químicas e biológicas, fornecendo às raízes nutrientes suficientes para produzir colheitas com- pensadoras, com produtos de boa qualidade, sem causar danos ao solo, à planta ou ao ambiente. Exemplos: A aplicação de fertilizantes orgânicos em hortaliças é altamente eco- nômica, apesar do custo crescente do transporte. São usados estercos de animais, materiais vegetais triturados, compostos, tortas vegetais, etc. É fundamental a aplicação do material já fermentado ou “curtido”, com pouca umidade e peneirado, para facilidade de aplicação de ma- neira uniforme sobre a área a ser plantada com hortaliças. A aplicação Material Umidade % %N %P %K Esterco de bovinos 70 0,56 0,21 0,56 Esterco de eqüinos - 1,67 1,00 1,19 Esterco de aves (seco) 8 2,2 2,0 1,3 Composto de lixo 5-75 0,3-1,0 0,2-2,0 0,2-1,5 Torta de mamona 10 7,4 1,6 1,1 Bagaço de cana 72 0,38 0,15 0,17 Palha de arroz 15 0,67 0,27 1,27 Palha de café 12 1,30 0,31 1,80
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    45 Capitulo VIII -Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças dos fertilizantes orgânicos deve ser feita na área total dos canteiros, sulcos ou covas, incorporando-se uniformemente, com antecedência de 30 a 40 dias ao plantio das hortaliças. O preparo e a utilização de compostos orgânicos tem se mostrado superior a outros adubos orgânicos, em razão da compostagem inviabili- zar a germinação de sementes de plantas daninhas e diminuir a ação de alguns patógenos (ex. Fusarium e Rizoctonia), muitas vezes presentes em materiais vegetais crus. Além desses efeitos, o processo e tempo de fermentação de diversos tipos de material orgânico, contribuem tam- bém para eliminar vermes e outros agentes causadores de doenças em seres humanos. Um dos adubos orgânicos que vem sendo bastante utilizado, prin- cipalmente pelos adeptos da agricultura natural e orgânica, é o Bokashi, um adubo orgânico concentrado, rico em N, P e K, podendo ser aplicado tanto no preparo do solo como em cobertura. Tem como vantagens, em relação ao composto de volumoso comum (feito com resíduos palhosos e estercos), a maior concentração em nutrientes e a produção mais rápida (7 a 21 dias). Existem diferentes formula- ções, variando de acordo com a espécie de hortaliça a ser produzida e com a Fonte (idealizador): 1- Bokashi solo: indicado para hortaliças folhosas (Fonte: Takahashi, citado por Pentea- do, 2000) • Ingredientes: 500kg solo argiloso, 200kg farelo ou torta de mamona, 50kg farinha de osso, 50kg farinha de peixe, 30kg farelo de arroz, 170kg de esterco de galinha seco, 3kg farinha de mandioca, 5kg açúcar masca- vo, inoculante: 2kg de Bain-Food ou 2 litros de EM-4 e 40 litros água. • Inoculante: fazer um mingau com 3kg de farinha de mandioca (ou outra fonte de amido) e 40 litros de água. Após fervura, retira-se do fogo e acrescenta-se o açúcar mascavo. Quando esfriar, acrescen- ta-se o inoculante. • Preparo: misturar os ingredientes, acrescentar o inoculante prepa- rado e molhar até 50-55% de umidade (ao apertar um punhado na mão, não escorre água entre os dedos e forma um “bolinho” que se esboroa facilmente). Revirar de 2 a 3 vezes ao dia, quando aquecer muito a pilha (temperatura > 50°C). Estará pronto para uso em 5 a 7 dias. 2- Bokashi solo: indicado para hortaliças de frutos (Fonte: Estação de Agricultura Or- gânica de São Roque. Fórmula Shimamoto Seibutzu (Japão), citado por Penteado, 2000) • Ingredientes: 500kg terra, 200kg torta de mamona, 100kg farinha de osso, 50kg farinha de peixe, 60kg de farelo de arroz, 30kg de carvão, 5kg açúcar mascavo, 3kg farinha de mandioca, 2kg inoculante Bain-Food e 40 litros água; • Inoculante e preparo: idem receita 1. • Organominerais: são fertilizantes procedentes da mistura ou combi- nação de fertilizantes minerais e orgânicos, contendo na sua fórmula no mínimo 25% de matéria orgânica total e no mínimo de 12% da soma dos teores dos nutrientes N, P e K. • Adubos verdes: adubação verde é a prática de se cultivar certos vege- tais com o objetivo de incorporá-los posteriormente ao solo. Os vegetais mais indicados e usados são as leguminosas, que além de fornecerem grande quantidade de matéria orgânica (20 a 60 toneladas de massa verde por hectare), incorporam o N do ar através da fixação simbiótica (bactérias do gênero Rhizobium que vivem nos nódulos das raízes das leguminosas). As mais conhecidas são: soja, mucuna, feijão-de-porco, guandu, crotalária, etc. Também se pode utilizar plantas da família das gramíneas (ex.: aveia-preta, milho, etc.) que produzem grande quanti- dade de biomassa vegetal, fornecendo carbono, aumentando a matéria orgânica do solo e favorecendo os microrganismos. FONTES PERMITIDAS EM AGRICULTURA ORGÂNICA Fontes de nitrogênio (N) e matéria orgânica: estercos de ani- mais (aves, bovinos, eqüinos, etc., preferencialmente composta- dos), cama de currais e aviários, esterco líquido e urina (estabiliza- dos), biofertilizantes, adubos verdes, compostos orgânicos, tortas, vinhaças, húmus de minhoca, palhas e restos vegetais compostados ou não, etc. Fontes de fósforo (P): fosfatos naturais de Araxá, farinha de ossos e termofosfatos.
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    46 Capitulo VIII -Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças Fontes de potássio (K): cinzas vegetais, resíduos (cascas de café), pó de granito e basalto, sulfato de potássio (com restrições, deven- do-se comunicar à Certificadora no caso do cultivo orgânico). Fontes de micronutrientes: biofertilizantes, supermagro, algas, pós de rochas (basalto e granito). • Biofertilizantes: são fertilizantes líquidos obtidos da degradação da matéria orgânica (estercos ou restos vegetais) em condições aeró- bias e anaeróbias em biodigestor. Além de seu efeito nutricional, for- necendo proteínas, enzimas, vitaminas, antibióticos naturais, alca- lóides, macro e micronutrientes, também são utilizados como defen- sivo natural, devido à presença do microrganismo Bacillus subtillis, aumentando o vigor e a resistência das plantas às pragas e doenças. Existem várias receitas de biofertilizantes: • Receita 1 (mais simples): esterco de gado + água (em um tambor de 200 litros colocam-se 50 a 80kg de esterco fresco e completa-se o volu- me com água); • Receita 2: 40kg de esterco fresco + 20 a 40kg de capins picados + água; • Receita 3 (enriquecido com P e K): 50kg de esterco fresco de gado + 15kg de farinha de ossos + 5kg de cinzas de madeira + 4kg de melaço de cana. A adição de açúcar ou melaço (pode ser acrescentado em qualquer receita) favorece a fermentação. Quando a receita for preparada na forma anaeróbia (em local fechado), devem ser adotados os seguintes procedimentos: fechar hermeticamente o tambor com uma tampa, dei- xar um espaço de no mínimo 20cm entre o líquido e a tampa para evitar o expansão dos gases e o estouro do tambor, inserir uma man- gueira plástica na tampa do tambor, bem vedada, mergulhando-se a outra extremidade em um recipiente com água (os gases vão escapar e borbulhar na água, indicando que o material está fermentando). Dei- xar fermentar por 30 a 40 dias. Para utilização, deve-se coar o biofer- tilizante e diluir em água (1 a 5%, ou seja, de 1 a 5 litros em 100 litros de água), em seguida pulverizar as plantas ou regar o solo. - Supermagro: é uma das formas mais conhecidas de biofertilizante, produzido a partir da mistura de esterco de curral com um complexo de micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn, Cl, Co, Mo, Zn) e produtos de origem animal (leite, farinha de osso, farinha de peixe, sangue, etc.). É indicado como fonte suplementar de micronutrientes para as plan- tas e para aumentar a resistência às pragas e doenças. Recomenda-se aplicar na concentração de 1 a 5% (2% para frutíferas e hortaliças em geral e 4% para o tomate), em intervalos de uma semana para tomate e hortaliças de frutos e de 10 a 20 dias para as demais hortaliças. RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO Em escala comercial as recomendações de adubação são feitas a par- tir dos resultados da análise do solo. Caso a opção seja por adubos orgâ- nicos, normalmente será utilizada grande quantidade, uma vez que os mesmos possuem baixos teores de nutrientes para as plantas: é comum recomendações da ordem de 80 a 100t/ha de esterco bovino curtido em cultivo de alface, almeirão, etc. A relação entre o esterco de galinha e o bovino é de 1:4 (uma parte de esterco de galinha corresponde a 4 de esterco bovino). Para a torta de mamona fermentada, a relação é 1:10 (uma parte de torta de mamona corresponde a 10 partes de esterco bovino ou de curral). Exemplos: deve-se aplicar para as hortaliças folhosas (alface, almei- rão, chicória, escarola, rúcula e agrião d’água) no plantio: 60 a 80t/ ha de esterco de curral ou 15 a 20t/ha de esterco de galinha; para as brassicáceas (brócoli, couve-flor, repolho) deve-se aplicar 40 a 60t/ ha de esterco de curral ou 10 a 15t/ha de esterco de galinha (Boletim 100 do IAC). Para adubação de pequenas hortas, em solos de média fertilidade, recomenda-se a seguinte adubação: A. Para hortaliças plantadas em sementeiras e canteiros (quantidade por metro quadrado) Esterco de curral (bovino) .............................. 15 – 20 litros Superfosfato simples .....................................150 a 200g * Cloreto de potássio ........................................ 20 a 50g *
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    47 Capitulo VIII -Nutrição mineral, calagem e adubação das hortaliças B. Para hortaliças plantadas em covas Esterco de curral ......................................... 1,5 a 2 litros Super simples ..............................................200 a 300g * Cloreto de potássio ......................................... 20 a 30g * ou Mesma quantidade de esterco + 200 a 300g da fórmula 4-14-8 * * No cultivo orgânico, esses adubos minerais devem ser substituídos por fontes naturais e orgâ- nicas (P = fosfato de rocha natural, termofosfato ou farinha de ossos, na mesma quantidade; K = cinzas vegetais, na quantidade de 200 a 500g). O esterco de curral pode ser substituído por: composto orgânico (quantidade igual), esterco de galinha (um quarto da quantidade de esterco de curral) ou torta de mamona (um décimo da quantidade). Também se pode adubar os canteiros com composto e complementar com bokashi na proporção de 500g/m2 (hortaliças folhosas) e 300g/ cova (hortaliças de frutos), além de pulverizações com biofertilizan- tes (a cada 10 a 15 dias). Adubação orgânica do canteiro
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    IX. COMPOSTAGEM: PREPARO DOCOMPOSTO ORGÂNICO Helen Elisa C. R. Bevilacqua
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    50 Capitulo IX -Compostagem: preparo do composto orgânico Na natureza a decomposição da matéria orgânica ocorre naturalmen- te, onde os materiais considerados "lixo", como os restos de animais e vegetais, são transformados pelos microrganismos existentes no solo, em elementos utilizados na nutrição das plantas e na melhoria das con- dições físicas e biológicas do solo. A compostagem é a técnica para se obter mais rapidamente e em melhores condições a estabilização da matéria orgânica, formando o composto orgânico, que totalmente decomposto, ou estabilizado, resul- ta no húmus (resultado final da decomposição da matéria orgânica). O composto orgânico é o resultado da decomposição biológica da matéria orgânica na presença do oxigênio do ar e água, tendo como produto final, além do composto, o desprendimento de gás carbônico, calor e vapor d'água, reduzindo o peso e o volume do material inicial- mente utilizado (redução de um terço a metade do volume inicial). Quanto mais variada for a mistura de materiais, melhor será o composto obtido. O composto pronto tem um aspecto homogêneo, cor escura (marrom café), cheiro agradável de terra, estrutura de grãos pequenos, onde não se pode mais distinguir o material de origem e que não aquece mais, mesmo após ser revirado. A fermentação, ou decomposição, ocorre pela ação de diversos mi- crorganismos, como fungos, bactérias e actinomicetos numa primeira fase (decomposição propriamente dita) e de outros microrganismos como protozoários, nematóides, vermes e insetos (besouros, lacraias, aranhas, etc.), numa segunda fase (amadurecimento do composto). DO QUE OS MICRORGANISMOS NECESSITAM PARA REALIZAR SEU TRABALHO • Carbono – fonte de energia dos microrganismos. São materiais se- cos e fibrosos de plantas, como folhas secas, palhas, serragens, rolão de milho, capim seco, cascas de eucalipto, casca de arroz, de café, de trigo, entre outros. • Nitrogênio - fornece as proteínas que os microrganismos necessi- tam para decompor as fontes de carbono. São considerados ativadores, pois fazem com que a pilha do composto esquente. Em geral, esses materiais não são fibrosos nem volumosos (como o carbono) e são apli- cados em quantidades menores. Com pouco nitrogênio, a decomposição se processa lentamente, já com excesso de nitrogênio, faz com que ocorra a liberação de gás amônio, que tem mal cheiro. Ex.: restos animais, estercos, sobras de composto, tortas vegetais, restos vegetais de leguminosas (adubos verdes), folhas, borra de café, bagaços de la- ranja, farinha de sangue, sobras de frutas e de hortaliças, entre outros. • Oxigênio - é exigido especialmente pelas bactérias mais eficientes, chamadas aeróbias. À medida que os microrganismos aeróbios degra- dam os compostos de carbono em gás carbônico e água, também produ- zem uma grande quantidade de energia (em forma de calor). Ao mesmo tempo, eles liberam nutrientes para as plantas (N, P, Mg, etc.). Quando falta oxigênio, os microrganismos anaeróbios começam a aumentar em quantidade, diminuindo a velocidade de decomposição e produzindo subs- tâncias com cheiro desagradável (aminas, ácido sulfídrico, entre ou- tros), causando perdas de nitrogênio e problemas com moscas. O mate- rial deve ser periodicamente revolvido para dar o oxigênio suficiente para as bactérias aeróbias. • Umidade - é necessária para que os microrganismos realizem seu traba- lho. Pouca umidade diminui a decomposição. Muita umidade diminui o nú- mero de microrganismos aeróbios, mais eficientes. A umidade ideal está em torno de 45 a 50% (teor de umidade semelhante a uma esponja espremida). O QUE UTILIZAR PARA FAZER O COMPOSTO • O que pode ser utilizado - folhas secas, palhas, serragens, cinzas de madeira, penas, lixo orgânico doméstico (menos óleo e gordura ani- mal), aparas de grama, rocha moída e conchas, podas, resíduos da indústria de alimentos, jornais (menos os coloridos), turfa, algas ma- rinhas, grama, ervas daninhas, borra de café, casca de amendoim, casca de frutas. • Materiais de difícil degradação - sabugo de milho, bagaço de maçã, casca de citrus, folhas de cana, folhas de palmeira, vegetais espinho- sos, casca e folhas de pinus e eucalipto. • Materiais que não devem ser utilizados - carvão mineral e vegetal, papel colorido, plantas doentes, materiais não biodegradáveis (roupa de tecido sintético, plástico, vidro, alumínio, borracha), fezes de animais domésticos, produtos químicos tóxicos. • Ativadores (aceleradores da decomposição) - farinha de alfafa, de sangue, de osso, composto, torta de algodão, farinha de peixe, de casco, de chifre, pós de couro, estercos, solo, resíduos de peixe.
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    51 Capitulo IX -Compostagem: preparo do composto orgânico COMO MONTAR A PILHA DE COMPOSTO O local para se montar a pilha de composto orgâ- nico, deve ser protegido do vento, do excesso de sol e de chuva, com leve incli- nação (para que a água de chuva não fique empoça- da), espaçoso (para conse- guir revirar a pilha de com- posto), próximo de um pon- to de água e do local de utilização. Inicia-se empi- lhando os materiais em ca- madas alternadas, colocando-se em primeiro lugar, uma camada de 15cm de material rico em carbono e em seguida, uma camada de 5cm de material rico em nitrogênio. A cada camada, deve-se umedecer o monte, sem excessos (a umi- dade deve ser de, no máximo 60% - quando se aperta uma porção da massa, não deve escorrer, somente aparecer um pouco de água entre os dedos). Ao término de formação da pilha, que deve ter no máximo 1,50cm de altura, deve-se cobrir com uma camada de capim seco ou folhas de bananeira, ou outro material fibroso para manter a umidade, ou ainda uma camada de terra de 3cm. Pode-se usar, tam- bém, uma camada de cal sobre o monte, para evitar o mau cheiro e o apareci- mento de moscas. Após uma semana, veri- ficar a temperatura, fazen- do um buraco no meio da pilha e encostando a mão: • se estiver quente, re- virar, aproveitando para umedecer o material; • se estiver fria, acrescentar um pouco mais de material rico em nitrogê- nio (material verde), para depois fazer o reviramento da massa vege- tal quando esquentar. Fazer este revolvimento do monte a cada semana ou 10 dias, para acelerar a decomposição. Em aproximadamente 3 a 4 meses, quando o material estiver bem homogêneo, não se distinguindo mais as ca- madas originais, de cor escura, com a consistência de terra e com cheiro agradável, o composto orgânico estará pronto para utilização como adubo. COMO FAZER O COMPOSTO EM PEQUENOS ESPAÇOS Quando não se dispuser de espaço para montar uma pilha com mate- rial orgânico, pode-se acumulá-lo em recipientes, tais como tambores, baldes, caixas ou cestos telados, porém estes devem ter furos suficien- tes para que haja troca de oxigênio entre o monte e o ambiente e para que haja drenagem do excesso de água. A montagem segue o modelo citado anteriormente de montagem da pilha de composto orgânico, alternando-se camadas de materiais ri- cos em carbono e materiais ricos em nitrogênio.
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    52 Capitulo IX -Compostagem: preparo do composto orgânico COMO AUMENTAR A VELOCIDADE DA DECOMPOSIÇÃO Criar ótimas condições para a decomposição: • Fazer o balanço correto entre ar, água, matéria seca e matéria verde; • Picar os componentes - pedaços menores aumentam a superfície de contato dos microrganismos para trabalharem, aumentando assim, a velocidade de decomposição; • Tamanho da pilha do composto deve ter aproximadamente 3 a 4m de largura, 1,5 a 1,8m de altura e comprimento variável, de acordo com o espaço disponível; • Faça a aeração da pilha pelo menos uma vez por semana; • Deixe a pilha sempre úmida, pois quando seca, diminui a ação dos microrganismos. VANTAGENS DO COMPOSTO PARA O SOLO E AS PLANTAS Fonte de lenta liberação de nutrientes; Excelente estruturador do solo (forma pequenos grânulos, ajudan- do na retenção e drenagem da água e na aeração); Aumenta a capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão; Grande ativador da vida do solo; Permite o aumento de teor de matéria orgânica, aumentando a capacidade de retenção de água; Aumenta a saúde e a resistência das plantas; Aumenta a capacidade de retenção de nutrientes no solo, evitan- do perdas por erosão e lavagem; Mantém estáveis a temperatura e os níveis de acidez do solo (pH); Destruição do poder de germinação de sementes de plantas dani- nhas e de organismos causadores de doenças.
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    53 Capitulo X -Tratos culturais X. TRATOS CULTURAIS Helen Elisa C. R. Bevilacqua
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    54 Capitulo X -Tratos culturais A fim de proporcionar às plantas melhores condições para seu desen- volvimento e produção, é necessária a execução de diversos tratos cul- turais. Essas operações devem ser executadas na época certa e com todo cuidado. São eles: • cobertura morta - consiste em cobrir o solo com vários tipos de materiais, que podem ser: capim cortado, serragem, palha de trigo ou de milho, casca de amendoim ou de girassol, ou bagacinho de cana. É utilizada para: proteger o solo do sol forte e das chuvas, reter a umi- dade natural do solo, manter a temperatura do solo mais amena, evi- tar erosão facilitando a infiltração da água no solo e manter os nutri- entes mais disponíveis ao acrescentá-los ao solo pela decomposição da matéria orgânica imitando a natureza. A cobertura do solo deve ser feita, principalmente, após a semeadura (tomando-se o cuidado para retirá-la assim que as sementes comecem a germinar, evitando o esti- olamento das plântulas) e logo depois do transplante, quando as plan- tas estão mais susceptíveis à falta de água, o que poderá afetar o crescimento normal delas. • Controle do mato (capinas) - operação que pode ser feita manual- mente, ou com o auxílio de enxada ou do sacho, utilizada para manter a cultura “no limpo”, isto é, sem plantas daninhas (que são todas aquelas plantas diferentes das que foram plantadas). Deve-se retirá-las apenas nos estágios iniciais, para evitar a competição com água, luz e nutrien- tes. Depois o “mato” não mais atrapalha, ajudando até, protegendo o solo, formando uma “cobertura viva”, auxiliando na diminuição da tem- peratura do solo, protegendo as plantas contra ventos fortes, abrigando inimigos naturais das pragas e sendo um excelente indicador das condi- ções do solo. Algumas plantas trazem minerais do subsolo para garantir a fertilidade da camada superficial. Deve-se fazer o controle do mato nos períodos mais secos. • Cobertura plástica - é semelhante à cobertura morta, pois mantém o solo mais fresco. É mais fácil que a cobertura morta e reduz a evapora- ção de água no solo, no entanto, é mais cara e isola de um vez as trocas gasosas de oxigênio e nitrogênio, não permitindo uma respiração total do solo. • Afofamento do solo - é a chamada escarificação do solo. Consiste em romper a crosta superficial que tende a se formar, especialmente em solo argiloso, dificultando o desenvolvimento das plantas. É feita com ancinho (rastelinho) ou com o sacho, de preferência com o solo um pouco úmido. As hortaliças de raízes necessitam de uma escarificação com maior fre- qüência do que as folhosas. • Raleação ou desbaste - consiste na eliminação das plantas menos desenvolvidas para deixar espaço adequado entre as plantas restantes, permitindo que elas cresçam bem. Feita quando as plantas têm mais de 5cm de altura, naquelas hortaliças de semeadura direta, tanto nas co- vas como nos canteiros. • Desbrota - utilizada para eliminar o excesso de brotos e galhos para arejar a planta, a luz poder penetrar com maior facilidade e também eliminar o excesso de frutos, para haver um melhor desenvolvimento dos que restaram. É utilizada na couve, no tomate, na abobrinha, na berinje- la, no melão e na melancia. Sem a desbrota a planta fica parecendo uma moita, cresce muito em volume e os frutos, ou as folhas, não atingem o tamanho ideal para comercialização. Essa operação é feita quando a planta já está um pouco desenvolvida e pode ser usada como fonte de mudas que dão origem a novas plantas adultas, como é o caso da couve. • Amontoa - em certas culturas é necessário chegar terra ao pé da planta, após certo grau de desenvolvimento, para que as raízes ou tu- bérculos fiquem enterrados (como é o caso da batata, cenoura, beterra- ba, rabanete, nabo, etc.). • Estaqueamento - é feito para algumas hortaliças que necessitam de suporte para evitar o seu crescimento em contato com a terra, ou pro- teção contra ventos ou ex- cesso de produção, como é o caso da ervilha-torta, fei- jão-vagem, pepino, tomate, pimentão, berinjela, etc. As
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    55 Capitulo X -Tratos culturais trepadeiras se prendem sozinhas, mas outras plantas precisam ser amarradas com barbante, cipó, tira de pano, arame, tira de borra- cha, etc., sem apertar muito para não quebrar o caule. • Estiolamento - com o salsão e a chicória, faz-se o estiolamento, que é uma amarração não muito apertada das hastes que ficam logo abaixo das folhas. É feita quando as plantas têm mais ou menos 30cm de altura e serve para dar um tom branco-creme às folhas, tornando-as apetitosas para o consumo. • Irrigação - a água é essencial para as plantas. A falta dela retarda o crescimento, piora a qualidade do produto, acelera a maturação e diminui a produtividade. As plantas precisam de mais água após a semeadura e após o transplante e, de modo geral, as hortaliças de folhas precisam de mais água e os tubérculos, como a batata, ce- noura, alho e cebola não precisam tanto, especialmente próximo à colheita. As regas devem ser diárias, delicadas, sem jatos fortes, sempre nas horas mais frescas do dia (final da tarde ou de manhã cedo). Quando feita no final da tarde, a umidade do solo permane- ce por mais tempo.
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    XI. QUALIDADE DAÁGUA UTILIZADA NA IRRIGAÇÃO DE HORTALIÇAS Eduardo Lanzoni Nóbrega
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    58 Capitulo XI -Qualidade da água usada na irrigação de hortaliças INTRODUÇÃO Desde 1854, quando John Snow descobriu a relação existente entre o consumo de água contaminada e a incidência de Cólera em Londres, as ações relativas à manutenção da potabilidade da água passaram a ser eleitas como prioritárias no âmbito da saúde pública. Conceitualmente a água é uma necessidade vital para qualquer ser vivo e é utilizada para inúmeras finalidades. Em função do uso a que se destina deve apresentar determinadas características. Assim a água uti- lizada para beber denomina-se água potável. A potabilidade de uma água é definida através de um conjunto de parâmetros e padrões estabelecidos por normas e legislações sanitárias. Estabelecer um padrão de potabilidade é definir, para cada parâme- tro, um valor ou concentração a partir da qual seu consumo pode induzir a riscos à saúde. Um padrão serve como base ou norma para avaliação de qualidade ou quantidade. O padrão de potabilidade da água, definido na Porta- ria n.º 36, de 19 de janeiro de 1990, do Ministério da Saúde, é um conjunto de valores máximos permissíveis das características físico- químicas, microbiológicas e organolépticas das águas destinadas ao consumo humano. A água considerada contaminada para irrigação é aquela que con- tém uma concentração superior a 1000 coliformes fecais por 100ml de amostra. Para fins de avaliação da qualidade de água destinada à irrigação, o produtor deverá efetuar um controle por meio de análises bacteriológi- cas, da seguinte forma: 1. uma amostragem a cada dois meses com a freqüência mínima de 6 amostras por ano, para águas de superfície; 2. uma amostragem a cada três meses com freqüência de 4 amostras por ano, para águas subterrâneas; 3. a água de irrigação será considerada adequada se 80% das amos- tras coletadas anualmente atenderem ao padrão estabelecido e os 20% restantes das amostras não apresentarem mais de 4000 coliformes fe- cais (Escherichia coli) por 100ml; 4. o produtor deverá manter laudos das análises efetuadas, para fins de apresentação à autoridade sanitária, bem como registro dos pontos onde foram coletadas as amostras para análise laboratorial. MEDIDAS PREVENTIVAS O agricultor poderá preservar a água de seu manancial tomando os seguintes cuidados dentro de sua propriedade: 1. dispor adequadamente os esgotos das casas através da construção de fossas secas ou sépticas com poço absorvente; 2. manter uma distância mínima de 30 metros entre a fossa e qual- quer manancial de água, e sempre em cota mais baixa em relação ao poço de água; 3. as áreas de criação de animais deverão estar distantes no mínimo 30 metros de qualquer manancial de água e sempre em cota mais baixa em relação ao poço de água; 4. proteger adequadamente os poços freáticos por meio da cons- trução de mureta que impeça o acesso de águas contaminadas ao poço e valetas diversoras de água de chuva, mantendo o poço sem- pre fechado. POSSÍVEIS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS ATRAVÉS DA ÁGUA A água é normalmente habitada por vários tipos de microorganismos de vida livre e não parasitária, que dela extraem os elementos indispen- sáveis a sua sobrevivência. Ocasionalmente são introduzidos organismos patogênicos, que utilizando a água como veículo, constituem-se um pe- rigo sanitário potencial. Entre os vários gêneros e espécies de microorganismos não patogêni- cos presentes no intestino humano, aqueles conhecidos como Grupo Coliforme passaram a ser denominados indicadores da presença de mi- croorganismos patogênicos em água de abastecimento. É interessante notar que a quase totalidade dos microorganismos pa- togênicos é incapaz de viver em sua forma adulta ou de reproduzirem-se fora do organismo que lhes serve de hospedeiro. Portanto, têm vida limitada quando se encontram na água, isto é, fora do hospedeiro. Os microorganismos patogênicos são classicamente agrupados em ví- rus, bactérias e helmintos.
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    59 Capitulo XI -Qualidade da água usada na irrigação de hortaliças Classificação ambiental das infecções relacionadas com a água Principais agentes bacterianos causadores de toxinfecção alimentar GRUPO 1 – Transmissão hídrica. 2 – Transmissão relaciona- da com a higiene. 3 – Transmissão baseada na água. 4 – Transmissão por inse- to vetor que se procria na água. DESCRIÇÃO Ocorre quando o agente encontra-se na água Ocorre quando o agente se manifesta sob condições inadequadas de higiene Ocorre a partir do contato do homem com um agente que desenvolve parte do ciclo vi- tal em animal aquático Ocorre quando o agente entra em contato com o homem através da picada do inseto EXEMPLOS/AGENTE ETIOLÓGICO - Diarréia: cólera/Vibrio choleraesal- monelose/Salmonella sp.- Febres en- téricashepatite A / vírus A da hepa- titeascaridíase/Ascaris lumbricoides Escabiose/Sarcoptes scabiaetraco- ma/Chlamydia trachomatis Esquistossomose/ Schistosoma mansoni Dengue/vírus da dengue - vetor: Ae- des aegyptimalária/Plasmodium sp. - vetor: Anopheles sp.filariose/Wu- chereria bancrofti – vetor: Culex sp. Fonte: Secretaria do Estado da Saúde – CVE. AGENTE INFECCIOSO Bacillus cereus e Streptococcus aureus Escherichia coli enterotoxigênica Salmonella não tifóide Vibrio cholerae SINTOMAS Diarréia eventu- al, febre rara e vômito freqüente Diarréia aquosa, febre variável, vômito eventual Diarréia pastosa, febre e vômito eventual Diarréia pode ser profusa e aquosa, vômito comum PERÍODO DE INCUBAÇÃO 1 a 6 horas 12 horas a 3 dias 8 horas a 2 dias 7 horas a 5 dias DURAÇÃO DA DOENÇA 24 horas 3 a 5 dias 5 a 7 dias 3 a 5 dias PRINCIPAIS FONTES Alimentos Alimentoseágua Alimentoseágua Alimentoseágua Fonte: Secretaria do Estado da Saúde – CVE.
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    XII. IDENTIFICAÇÃO ECONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS Juscelino Nobuo Shiraki
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    62 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças O aparecimento das pragas e doenças é o resultado de um desequilí- brio nutricional das plantas. Uma planta bem nutrida, vivendo em ambi- ente sadio, é menos susceptível a doenças e ataques de pragas. E a base da saúde das plantas é o solo. Num solo onde foi feita a calagem e a adubação orgânica, as plantas sintetizam nas folhas compostos orgânicos simples (aminoácidos, açúca- res, amidos, entre outros) na quantidade certa para a planta (sem ex- cesso ou falta) e que são levadas para regiões de crescimento e armaze- namento, onde é metabolizado rapidamente em compostos orgânicos complexos (proteínas, celulose, enzimas, carboidrato, lignina, lipídios, entre outros). Porém, quando por algum motivo, há um acúmulo e circulação na seiva da planta de compostos orgânicos simples (produzidas em grande quantidade, por exemplo) é que ocorrerá o ataque de pragas e doenças (insetos, ácaros, nematóides, fungos, bactérias e vírus), e a razão do ataque é simples, pois estes organismos só conseguem se alimentar de substâncias orgânicas simples porque não possuem enzimas que degra- dam substâncias orgânicas complexas. Existem diversos fatores que alteram o metabolismo das plantas, e que favorecem o aparecimento de pragas e doenças: • Utilização de adubos químicos de alta solubilidade/concentração que eliminam a microvida do solo e impossibilita as plantas de “escolher” os elementos químicos de que necessitam, tornando-as, também, in- capazes de controlar a entrada desses elementos químicos. Neste processo, são produzidos em grande quantidade, os compostos orgâ- nicos simples que circulam na seiva e assim, a planta torna-se sus- ceptível às doenças e pragas; • Falta ou excesso de água, que provoca estresse na planta e, conse- qüentemente, há uma alteração no seu metabolismo; • Compactação do solo pelo uso de máquinas agrícolas (para o preparo do solo). Neste processo, a infiltração da água é prejudicada, bem como, a aeração do solo (pouca aeração); • Uso de defensivos agrícolas (inseticidas, fungicidas, herbicidas, en- tre outros) que alteram o metabolismo da planta e provocam um acúmulo dos compostos orgânicos simples; • Uso de variedades não adaptadas à região; • Degradação de compostos orgânicos complexos em simples, para se- rem enviados às regiões de florescimento e frutificação das plantas e que podem tornar as plantas saudáveis em susceptíveis ao ataque de pragas e doenças, mesmo quando cultivadas organicamente. Assim como existem fatores favoráveis ao aparecimento das pragas e doenças, existem fatores que favorecem a resistência das plantas: • solos ricos em matéria orgânica favorecem a microvida (no processo de decomposição a microvida libera no solo compostos orgânicos be- néficos para a planta). • a matéria orgânica propicia uma melhor estruturação do solo e uma melhor aeração. • durante o processo de decomposição da matéria orgânica, há uma lenta liberação de macro e micronutrientes, possibilitando que a planta ‘escolha’ os nutrientes na quantidade de que necessitam, e assim, beneficiando a planta. • utilização de plantas adaptadas ao local (evita o estresse). • utilização de materiais que forneçam, de modo lento, os macro e micronutrientes ao solo (rocha moída, por exemplo). Cultivando as plantas organicamente, como sabemos, a incidência de pragas e doenças diminui sensivelmente, porém, se por algum motivo houver um aumento, podemos utilizar os defensivos alternativos para diminuir este ataque. Além do uso desses defensivos alternativos, podemos adotar outros procedimentos para proteger as plantas, tais como: • uso de caldas protetoras (caldas ricas em substâncias orgânicas, uti- lizadas com o objetivo de aumentar a resistência das plantas, como a calda bordalesa e os biofertilizantes); • uso de plantas defensivas (com ação inseticida e utilizadas também para repelir os insetos); • plantas companheiras (associação de plantas com ação repelente dentro do local onde está sendo feito o cultivo); • plantas benéficas (manter plantas que servem de abrigo e repro- dução dos insetos que se alimentam das pragas – os chamados ini- migos naturais); • iscas e armadilhas (o seu emprego consiste em auxiliar no combate aos insetos e lesmas e no monitoramento da sua quantidade);
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    63 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças • controle biológico (é a introdução, aumento e conservação da popu- lação de inimigos naturais, com o emprego de inseticidas biológicos para o controle de pragas); • desinfecção dos canteiros através da solarização do solo, utilização de vapor d’água, cal virgem e adubos verdes; • barreiras vegetais (utilização de cercas vivas - linhas de árvores - para evitar ventos fortes que danificam e disseminam doenças, cau- sando também o estresse nas plantas). PRAGAS São causadas por vários tipos de organismos, visíveis ou não a olho nu, tais como: ácaros, pulgões, cochonilhas, nematóides, lesmas, cara- cóis, lagartas, tripes, entre outros. Pulgões - são insetos sugadores, com 3 a 5mm, que se alojam nos brotos das plantas, roubando-lhes toda a seiva. Em geral são verdes, mas algumas espécies possuem coloração que vai do vinho ao preto. Eles se reproduzem rapidamente, causan- do o atrofiamento das folhas e brotos. Entretanto, é fácil combatê-los, esmagando-os manualmente ou aplicando-se a calda de fumo. Outro método é através de inimigos naturais, os chama- dos predadores, como, por exemplo, as joaninhas que comem os pul- gões. Portanto nunca as elimine. Encontrados nas crucíferas (couve, brócoli, repolho), nas cucurbitáceas (abóbora, abobrinha, pepino), no quiabo, no tomate, berinjela, pimentão. Cochonilha-com-escama - são insetos sugadores que parecem peque- nas verrugas de 3 a 5mm aderidas nos ramos novos e folhas. Por extraírem toda a seiva da planta, esta vai definhando, podendo rapidamente morrer. Para eliminá-las é indicado fazer pulverizações quinzenais de uma mistura de calda de fumo com óleo emulsionável, na proporção de 10ml de óleo para cada litro de água. Essas são mais difíceis de serem encontradas nas hortaliças, sendo mais encontradas no loureiro e em citros. Obs.: o óleo emulsionável pode ser substituído pelo sabão neutro ou sabão de côco. Cochonilha-sem-escama - também conhecida pelo nome de pulgão branco, a cochonilha–sem-escama em geral se aloja nas hastes e nas folhas, ao longo das nervuras, de onde sugam a seiva. Medem cerca de 1mm e apresentam uma secreção cerosa branca em seu dorso. Sua eli- minação também pode ser feita através de predadores como a joaninha ou com uma solução de calda de fumo em corda. São encontradas nas raízes de alcachofra, cenoura, nos brotos novos da batata. Tripes - são facilmente identificados nas horas quentes do dia, quando ficam voando em torno da planta. São bastante pequenos, com corpo alongado e fino, medindo de 0,5 a 4mm de comprimento, com dois pares de asas franjadas. Em geral são escuros e sugam a seiva das plan- tas, causando deformação nas folhas e brotos. O ataque destas pragas é reconhecido por duas características: a presença de picadas pretas e a presença de manchas esbranquiçadas, provocadas pela perda da seiva e da clorofila através das picadas. Para o seu controle, utiliza-se uma solução de fumo em corda com sabão neutro. São comuns em alho, tomate, berinjela e pimentão. Ácaros - são pequenos aracnídeos (“parentes” das ara- nhas) que se alojam na parte inferior das folhas, onde tecem uma teia muito fina, que dá impressão de uma som- bra prateada. As folhas atacadas enrolam-se, chegando a secar. Para combater os ácaros utiliza-se uma solução de fumo em corda com sabão. Encontramos em tomate, be- rinjela, pimentão, batata. Formigas - as formigas cortadeiras (saúvas e quen- quéns) são as principais pragas numa horta. São insetos de coloração marrom que causam danos às plantas, cortando suas folhas. Como controle pode-se utilizar pão embebido em vinagre, ou preventivamente plantar o gergelim em vol- ta da horta. A presença de formigas é muito comum em plantas infes- tadas por pulgões e cochonilhas com ou sem escama. Podem ser mi- núsculas, medindo cerca de 3mm, ou maiores, alcançando 0,5cm, com coloração preta, avermelhada ou amarelada. São chamadas formigas- doceiras, porque se alimentam da excreção açucarada dessas pragas. Em troca, elas atacam os predadores dos pulgões, como as joaninhas. Encontradas na batata, quiabo.
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    64 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças Lesmas e caracóis - são moluscos que agem à noite; de- voram as folhas, raspando-as e fazendo grandes buracos. Escondem-se durante o dia em lugares úmidos e sombrea- dos (troncos, folhas caídas, pedras). Podem ser atraídos para armadilhas com cerveja ou cascas de melão e melan- cias e depois exterminadas manualmente. São encontradas sempre em locais com muita umidade. Tatuzinho - são crustáceos que, quando molestados, enro- lam o corpo em forma de bola. Vivem escondidos embaixo de troncos e pedras, atacando brotos tenros, rasgando-os e perfurando-os. O combate mais eficaz ao tatuzinho é através de regas com uma solução de sulfato de cobre ou creolina – em geral, uma só aplicação já os elimina. Também são encontrados em locais muito úmi- dos (geralmente os sombreados). Lagartas - a presença de lagartas é notada pelo surgimento de sua excreção caída sobre as folhas (bolotas verdes ou pretas). As lagartas são larvas de borboletas ou mariposas, com um aparelho bucal mastiga- dor muito forte, por isso conseguem cortar folhas com muita rapidez. Para eliminá-las, retire-as manualmente ou use lagarticida a base de esporos de bactérias (Bacillus thuringiensis), encontrado em lojas de jardinagem (marcas: Dipel, Agropel, Manapel). Encontradas em batata, couve, brócoli, repolho, alface, alcachofra, cenoura, almeirão, acelga, alho, cebola, quiabo, tomate, berinjela, pimentão. Besouros - apresentam-se nas mais variadas formas, tamanhos e coloração, indo do amarelo-esverdeado ao marrom-avermelha- do. Deixam vários buracos arredondados em folhas, flores e cau- les. Suas larvas também são nocivas, alimentando-se da raiz do vegetal. Para eliminá-los, retire-os manualmente ou utilize uma solução de óleo de anona em água. Encontrados na batata, toma- te, berinjela, pimentão. Nematóides - são vermes microscópicos, incolores a esbranquiçados. Em geral, nota-se a presença de nematóides quando a planta repentina- mente murcha, sem nenhuma causa aparente. Esses vermes alimentam-se de raízes em decomposição, mas podem atacar tecidos vivos, como raízes, caules e folhas, sugando-lhes a seiva. Se o solo estiver contaminado por estas pragas, o seu controle pode ser feito com o plantio do cravo-de- defunto ou tagetes (Tagetes patula) que possui componentes com a propri- edade de impedir a reprodução dos nematóides, ou então preparando uma solução de alho com sabão a ser jogada no solo. Algumas plantas são muito sensíveis ao nematóide, como a cenoura, a salsa, o pimentão. Mil-pés / Piolho-de-cobra - são pequenos artrópodos (miriápodos) de coloração marrom-escura, que possuem corpos alongados e cilíndricos, formados por numerosos segmentos que podem atingir até cem. Apre- sentam dois pares de apêndices locomotores por segmento. Geralmente se escondem sob pedras, buracos e fundações, atacando plantas vivas (comendo a raiz). Para diminuir o ataque deve-se aumentar a quantida- de de matéria orgânica no solo. Doenças São causadas por microrganismos (vírus, bactérias e fungos), obser- váveis somente com o auxílio de um microscópio. A melhor forma de combater as doenças é a prevenção, pois, a maioria delas são muito difíceis de serem tratadas. Ferrugem - são manchas na parte inferior das folhas, causadas por fungos, que variam de coloração do pardo ao laranja-avermelhado. Em geral aparecem em locais onde a tempe- ratura é amena, mas, com alta umidade. Para prevenir a ferrugem, evite regas excessivas e proporcione um bom arejamento das plantas. Para combatê-las utilize calda bordalesa. Oídio - é causada por fungos, que infectam toda a parte aérea da planta. A principal característica da presença desta doença é o apare- cimento de manchas esbranquiçadas que posteriormente se tornam acinzentadas sobre folhas, botões e ramos novos. Os principais causa- dores do aparecimento do oídio são a alta umidade e a baixa tempera- tura. Para controlá-lo, pode-se utilizar uma solução de permanganato de potássio + cal + água, ou uma solução de água com leite.
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    65 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças Míldio - é causada por fungos; a identificação do míldio é feita através de manchas irregulares pardas na parte superior das folhas e de uma película branca-acinzentada em sua face inferior. A alta umi- dade e o fato das plantas serem colocadas bastante próximas umas das outras, favorece a ocorrência dessa doença, que também ataca os ramos e brotos novos. Para controlar o míldio, espace as mudas, de modo a favorecer a ventilação e evite o excesso de umidade. Para combatê-lo, pode-se utilizar a calda bordalesa, cavalinha (Equise- tum sp.) + água, permanganato de potássio + água, alho + sabão + óleo mineral + água. Podridão por fungos - ataca caules, deixando as partes infec- tadas ressecadas e escurecidas, úmidas em excesso e com man- chas pretas, levando o vegetal à morte. A principal causa da po- dridão por fungos são os solos saturados de umidade que propor- cionam ambiente adequado para o seu desenvolvimento. Como prevenção, evite o excesso de umidade e, para combatê-la, pul- verize com fungicidas a base de cobre, que são pouco tóxicos (calda bordalesa, por exemplo). Mancha bacteriana - são manchas necróticas, ou seja, pretas e secas, irregulares ou redondas, que atacam as folhas. Não existe meio de combatê-las, portanto, quando infestado, o vegetal deve ser ar- rancado o quanto antes, para não afetar os demais. Para prevenir as infestações de manchas bacterianas, recomenda-se aumentar o es- paçamento entre as plantas, proporcionando assim uma boa ventila- ção, pois é a falta de aeração e a alta umidade que provocam o sur- gimento da doença. RECEITAS PARA O CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS 1)ADUBAÇÃO DO SOLO E FOLIAR (QUÍMICA OU ORGÂNICA) Tanto o excesso, como a deficiência de nutrientes tornam as plantas susceptíveis às doenças ou pragas: AGENTE CAUSADOR (DOENÇA) PLANTAS ATACADAS Botrytis cinerea (mofo cinzento) couve-flor Erysiphe cichoracearum (oídio) Girassol Erysiphe graminis (oídio) cevada, trigo Fusarium oxysporum (murcha de fusarium) tomate Phoma betae (mancha phoma) beterraba Puccinia tritici (ferrugem) Trigo AGENTE CAUSADOR (DOENÇA) PLANTAS ATACADAS Erwinia spp. e Phytophora spp. batata (canela preta e requeima) Erysiphe cichororacearum (oídio) fumo Peronospora spp. (míldio) alface, videira Puccinia tritici (ferrugem) trigo Streptomyces spp. (sarna) batata Ustilago tritici (carvão) trigo • Doenças causadas pelo excesso de nitrogênio (N) • Doenças causadas pela deficiência de cobre (Cu) • Doenças causadas pela deficiência de boro (B) AGENTE CAUSADOR (DOENÇA) PLANTAS ATACADAS Alternaria spp.(pinta preta) fumo, tomate Botrytis spp. (mofo cinzento) videira, morango Erwinia spp. (podridão mole) batata Erysiphe spp. (oídio) cereais, frutas Peronospora spp. (míldio) alface, videira Puccinea spp.(ferrugem) cereais Pseudomonas spp. (mancha foliar) fumo, feijão, pepino, couve
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    66 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças • Pragas e doenças controladas através da pulverização de nutrientes PRAGAS/DOENÇAS/PLANTAS NUTRIENTES Ferrugem do café calda viçosa Infestação de pulgões nas plantas potássio + boro/ para citrus: adicionar cobre Lagarta rosada do algodão molibdênio + fósforo Vaquinhas nas plantas adicionar matéria orgânica Vírus dourado em feijoeiro cálcio (concha moída) + boro 2) AGAVE – SISAL (Agave sisalana) • 5 folhas médias machucadas (bater com porrete), deixar de molho em 5 litros de água por 2 dias. Modo de usar: aplicar 2 litros desta solução no olheiro principal do formigueiro e tapar os demais para que as formigas não fujam. Indicações: saúvas. 3) Alho 1 (Allium sativum) • 100g de alho, 0,5 litro de água, 10g de sabão, 2 colheres de café de óleo mineral. Modo de fazer: os dentes de alho devem ser finamente moídos dei- xando em repouso durante 24 horas em 2 colheres de óleo mineral. Dissolver 10 gramas de sabão em 0,5 litro de água. Antes de usar o preparado, filtrar e diluir o mesmo em 20 partes de água, podendo no entanto ser utilizado em outras concentrações de acordo com a situação. Indicações: pulgões, míldio e ferrugem. 4) Alho 2 • 3 cabeças de alho, 1 colher grande de sabão picado. Modo de fazer: amassar as cabeças de alho misturando em parafina líquida. Diluir este preparado para 10 litros de água adicionando o sa- bão. Pulverizar logo em seguida. Indicações: repelente de insetos, bactérias, fungos, nematóides, ini- bidor de digestão de insetos. 5) Anona (Annona reticulata - condessa ou coração-de-boi, An- nona muricata - graviola) • Óleo de sementes de Anona diluído a 10%. Modo de fazer: diluir 1 litro de óleo de anona em 9 litros de água. Aplicar logo em seguida. Indicações: inseticida, pulgões, gafanhoto, traça das crucífe- ras, besouros. 6) Arruda (Ruta graveolens) • 8 ramos de 30cm de comprimento e com folhas, 1 litro de água, 19 litros de espalhante adesivo de sabão de coco. Modo de fazer: bater os ramos com folhas de arruda no liquidificador com 1 litro de água. Coar com pano fino e completar com 19 litros de solução de espalhante adesivo com sabão de coco. Indicações: pulgões, cochonilhas sem carapaça, alguns ácaros. Modo de preparo do espalhante adesivo de sabão de coco: 500 a 1000 gramas de sabão de coco, 100 litros de água. Modo de fazer: aquecer 5 litros de água com o sabão. Após totalmen- te dissolvido, diluir esta solução para 100 litros de água. 7) Calda Bordalesa • 200g de sulfato de cobre, 200g de cal virgem, 20 litros de água. Modo de fazer: para seu preparo utilizar vasilhame de plástico, de cimento amianto ou de madeira. Colocar o sulfato de cobre enrolado em pano, em forma de saquinho. Dissolver na véspera em 5 litros de água. Em outro vasilhame, misturar cal virgem em 15 litros de água. Após isto, misturar ambos, mexendo sempre. Para medir a acidez, pegue uma faca de aço (não inox) e mergulhe a parte da lâmina durante 3 minutos nessa mistura. Não escurecendo, a calda estará pronta. Caso contrário, adicione mais cal virgem. Quando pronta, tem validade para 3 dias, devendo para isso colocar uma colher de açúcar antes de pulverizar. Aplicar no início da doença, podendo ser misturada com o extrato de fumo, confrei ou calda de cinza. No verão, em plantas novas, deve ser usada em concentração 50% menor. Nunca pulverize a calda com sol quente e, se aplicada em tempera- tura muito baixa, perde a sua eficácia. Indicações: diversas doenças como rubelose, melanose, gomose, ver-
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    67 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças rugose, revestimentos fúngicos, requeima, septoriose, pinta preta, an- tracnose, mancha do olho de rã, cercosporiose, míldio (Peronospora), podridão de frutos, mancha púrpura, ferrugem. Diversas pragas: vaqui- nhas, cigarrinhas verdes, tripes. 8) Café • pó de café Modo de fazer: utilizar o café na dosagem de 0,1% ou na dosagem de 2%. Indicações: lesmas e caracóis, repelente (0,1%) e controle (2%). 9) Camomila (Matricaria camomilla) • 50 gramas de flores de camomila, 1 litro de água. Modo de fazer: misturar 50 gramas de flores de camomila em 1 litro de água. Deixar de molho durante 3 dias, agitando a mesma 4 vezes ao dia. Após coar, aplicar a mistura 3 vezes a cada 5 dias. Indicações: doenças fúngicas. 10) Cavalinha 1 (Equisetum arvense) • 200g de ramos de cavalinha, 10 litros de água. Modo de preparar: utilizar 200g de ramos bem secos de cavalinha picada ou moída, mergulhadas em 10 litros de água durante 20 minutos. Coar bem e aplicar o líquido no solo e em torno da base da planta com o auxílio de pulverizador ou regador. Para obter melhor resultado, no dia anterior encharque bem a área em torno da planta. Não aplicar sobre as folhas das plantas nesta concentração. Indicações: doenças fúngicas, fungos de solo. 11) Cavalinha 2 (E. arvense) • 300g de cavalinha, 10 litros de água. Modo de preparo: ferver 300g de cavalinha seca em 10 litros de água durante 20 minutos. Fazer cinco diluições sucessivas de 1 litro da solu- ção para 9 litros de água. Aplicar sobre a horta, a partir de outubro, de preferência pela manhã, em tempo seco. Indicações: míldio, doenças fúngicas. 12) Casca de cebola • cascas de cebola, 2 litros de água Modo de fazer: encher um prato fundo com cascas de cebola e depois adicionar 2 litros de água. Deixar em repouso por 24 horas. Pulverizar nas plantas. Indicações: repelente de insetos. 13) Casca de cebola e alho, canela em pó e água • cascas de cebola, alho, canela em pó e água Modo de fazer: encher um prato fundo com cascas de cebola e alho, adicionar 2 litros de água e um pacote de canela em pó. Deixar em repouso por uma noite. Coe e borrife nas plantas. Indicações: fungos, bactérias, repelente de formigas (associado a isso, há uma redução da quantidade de pulgões e de cochonilhas). 14) Cebola ou cebolinha verde (Allium cepa e Allium fistulosum) • 1kg de cebola ou cebolinha verde, 10 litros de água. Modo de preparo e uso: cortar a cebola ou cebolinha e misturar em 10 litros de água, deixando o preparado curtir durante 10 dias. No caso da cebolinha, deixe curtir por 7 dias. Para pulverizar as plantas, utilizar 1 litro da mistura para 3 litros de água. Indicações: repelente de pulgões, lagartas e vaquinhas. 15) Cerveja com sal • cerveja e sal Colocar a noite, perto das plantas atacadas um prato raso com a mistura de cerveja e um pouco de sal. Na manhã seguinte as lesmas estarão dentro do prato. Possibilita o controle mecânico, uma vez que esta associação apresenta-se bastante atrativa. Indicações: atrativos para lesmas. 16) Chuchu (Sechium edule) • Chuchu, sal. Colocar dentro de latas rasas, como as de azeite cortadas ao meio, pedaços de chuchu, adicionando sal. Esta mistura é bastante atrativa para lesmas e caracóis, possibilitando seu controle mecânico. Indicações: atrativo de lesmas e caracóis. 17) Cinamomo (ou Santa Bárbara) (Melia azedarach) • sementes maduras ou em pó (500g), 1 litro de álcool e 1 litro de água. Misturar a água ao álcool e colocar as sementes nessa mistura. Deixar
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    68 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças descansar por 4 dias. Depois de pronto pode ser armazenado em vidros escuros. Quando for utilizar, diluir 1 litro dessa mistura em 10 litros de água e pulverizar as plantas. Indicações: inseticida contra gafanhotos, pulgões e cochonilhas. 18) Coentro (Coriandrum sativum) • Folhas de coentro, 1 litro de água. Modo de preparo: cozinhar 10 folhas inteiras de coentro em 1 litro de água por 10 minutos. Espere esfriar, coe e pulverize sobre as plantas. Indicações: ácaros e pulgões. 19) Detergente e água • Detergente neutro, água Modo de fazer: misture partes iguais de água e detergente, de prefe- rência neutro, e injete a mistura com uma seringa nas frestas por onde as formigas saem. Indicações: formigas doceiras. 20) Farinha de trigo • Farinha de trigo, água Modo de fazer: 20g de farinha de trigo e 1 litro de água. Pulverizar nas plantas em dia quente, seco e com sol. Indicações: pulgões, ácaros, lagartas (impede que os insetos fiquem nas folhas). 21) Fumo 1 (Nicotiana tabacum) • 1 kg de folhas e talos de fumo picados, 50g de sabão, 15 litros de água. Modo de preparo: misturar as folhas e talos de fumo com água e sabão. Deixar esta mistura repousar durante um dia. Pulverizar logo em seguida. Indicações: ferrugem, tripes, mosca branca, minadora de folha, pul- gões e ácaros. Obs.: Utilizar em baixas concentrações, pois é um inseticida de largo espectro que pode eliminar tanto as pragas como os inimigos naturais. Quando aplicado, esperar três dias, antes de consumir. Não aplicar nas plantas da família das solanáceas (tomate, jiló, berin- jela, pimenta), pois pode ser transmissor de vírus para essas culturas. 22) Fumo 2 • 20cm de fumo de corda, 0,5 litro de água. Modo de preparo: cortar 20cm de fumo de corda e deixar de molho durante um dia em 0,5 litro de água. Preparada a solução, misture com espalhante adesivo e pulverize o mais breve possível. Não guarde essa mistura por mais de 8 horas, pois sendo a nicotina volátil, o produto preparado perde o seu efeito. No caso de hortaliças e medicinais, acon- selha-se a respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita. Indicações: pulgões, cochonilhas, grilos, vaga-lumes. Obs.: Utilizar em baixas concentrações, pois é um inseticida de largo espectro que pode eliminar tanto as pragas como os inimigos naturais. Quando aplicado, esperar três dias, antes de consumir. Não aplicar nas plantas da família das solanáceas (tomate, jiló, berin- jela, pimenta), pois pode ser transmissor de vírus para essas culturas. 23) Fumo 3 • 100g de fumo de corda, 0,5 litro de álcool, 0,5 litro de água, 100 gramas de sabão de coco. Modo de preparo: misturar 100g de fumo em corda cortado em pe- dacinho com meio litro de álcool, mais meio litro de água, deixando curtir por 15 dias. Decorrido esse tempo, dissolver o sabão em 10 litros de água e juntar com a mistura já curtida de fumo e álcool. Pulverizar nas plantas, nesta concentração, quando o ataque de pragas é intenso ou diluir até 20 litros de água no caso de baixa infestação de pragas. No caso de hortaliças, respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita. Indicações: pulgões, cochonilhas, grilos, vaga-lumes, vaquinhas, lagartas. Obs.: Utilizar em baixas concentrações, pois, é um inseticida de largo espectro que pode eliminar tanto as pragas como os inimigos naturais. Quando aplicado, esperar três dias, antes de consumir. Não aplicar nas plantas da família das solanáceas (tomate, jiló, berin- jela, pimenta), pois pode ser transmissor de vírus para essas culturas. 24) Gergelim (Sesamum indicum) • sementes de gergelim Modo de usar: o uso de sementes de gergelim como iscas, para ninhos pequenos de formigas, na base de 30 a 50g ao redor do olhei- ro, uma vez que as formigas vão carregar as sementes para dentro
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    69 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças do formigueiro, misturando com as folhas. O gergelim libera subs- tâncias que inibem o crescimento dos fungos que servem de alimen- to para as formigas. Indicações: saúvas. 25) Losna (Artemisia absinthium) • 300g de folhas seca de losna e 1 litro de água. Modo de preparo: Ferver as folhas na água por dez minutos e depois completar com 10 litros de água. Pulverizar as plantas. Indicações: lesmas, caracóis, lagartas. 26) Leite 1 • 1 litro de leite integral, 99 litros de água. Modo de usar: misturar os dois componentes acima e aplicar a cada 10 dias sobre as culturas. Indicações: vírus de mosaico e oídio. 27) Leite 2 • Estopa ou saco de aniagem, água, leite. Modo de usar: distribuir no chão, ao redor das plantas, estopa ou saco de aniagem molhado com água e um pouco de leite. Pela ma- nhã, vire a estopa ou o saco utilizado e mate as lesmas que se reuni- ram embaixo. Indicações: atrativo de lesmas. 28) Mel e ácido bórico • Mel e ácido bórico Modo de fazer: misture duas colheres de sopa de ácido bórico e um pouco de mel. Pincele a mistura em pedaços de cartolina e espalhe-os pela horta. Indicações: formigas doceiras. 29) Nim (Azadirachta indica) Óleo emulsionável: ...................... 5ml/ litro de água. Doses Sementes secas: .......................... 30-40g/ litro de água. Folhas secas: .............................. 40-50g/ litro de água. Indicações: inseticida, repelente, inibidor de ingestão. 30) Pó da casca de crustáceos • Pó de casca de crustáceos Modo de usar: aplicar no solo (ação: aumento da população de fungos que degradam a quitina, os quais consumirão ovos de nematóides que também possuem quitina) ou polvilhar nas plantas (ação: uma vez polvi- lhado nas plantas, inicia-se a produção de substâncias como fitoalexi- nas, quinonas, terpenóides, fenóis e tanino, que são responsáveis pela repelência e resistência das plantas aos insetos). Indicações: controle de nematóides do solo. 31) Pão caseiro • Pão caseiro, vinagre. Modo de usar: colocar pedaços pequenos de pão caseiro embebido em vinagre próximo às tocas, ninhos, carreadores e em locais onde as formi- gas estão cortando. O produto introduzido na alimentação das formigas começa a criar mofo preto e fermenta. Isso é tóxico e mata as formigas. Indicações: formigas saúvas. 32) Permanganato de potássio e cal • 125g de permanganato de potássio (KMnO4 ), 1kg de cal virgem, 100l de água. Modo de fazer: diluir primeiramente o permanganato de potássio em um pouco de água quente, para acelerar o processo. A cal também deve ser queimada a parte, colocando um pouco de água. Complete para 100 litros, incluindo a solução do permanganato. Indicações: míldio, oídio. 33) Sabão • 1 kg de sabão neutro, 100 litros de água. Modo de fazer: dissolver o sabão neutro em 5 litros de água quente. Após isso dissolver em 95 litros de água. Indicações: tripes, pulgões, cochonilhas, lagartas. 34) Sulfato de cobre e creolina • Sulfato de cobre, creolina. Modo de fazer - 1 a 2 colheres de café (2 a 4g) de sulfato de cobre, 1 litro de água, 50ml de creolina (ou ¼ de copo). Indicações: tatuzinhos.
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    70 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças 35) Mamona (Ricinus Communis) • folhas e talos verdes de mamona Modo de fazer: triturar no liquidificador, de 1 a 2kg de folhas e talos verdes de mamona na água e depois diluir em 20 litros de água. Indicações: saúvas (introduzir o líquido nos olheiros). 36) Manipueira (Manihot esculenta) • mandioca crua Manipueira é o suco de aspecto leitoso, extraído por compressão da mandioca ralada. Para o controle da saúva, utilizar 2 litros de manipuei- ra no formigueiro para cada olheiro, repetindo a cada 5 dias. Em tratamento de canteiro contra pragas de solo, regar o cantei- ro usando 4 litros de manipueira por metro quadrado, 15 dias antes do plantio. Para o controle de ácaros, pulgões, lagartas, usar uma parte de mani- pueira e uma parte de água, acrescentado 1% de açúcar ou farinha de trigo. Aplicar em intervalos de 14 dias. Indicações: formigas, pragas de solo, ácaros, pulgões, lagartas. 37) Pimenta e fumo (Capsicum spp. e Nicotiana tabacum) • 50g de fumo de rolo, 1 punhado de pimenta malagueta, 1 litro de álcool, 250g de sabão em pó. Modo de fazer: dentro de 1 litro de álcool, colocar o fumo e a pimenta picados, deixando essa mistura curtir durante 7 dias. Para usar essa solução, diluir o conteúdo em 10 litros de água contendo 250g de sabão em pó ou detergente dissolvido. No caso de hortaliças e plantas medicinais, aconselha-se a respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita. Indicações: pulgões, vaquinhas, grilos, lagartas. 38) Primavera (Bougainvilea spectabilis) Maravilha (Mirabilis jalapa) • 1 litro de folhas de primavera ou maravilha (rosa ou roxa), 1 litro de água. Modo de fazer: juntar 1 litro de folhas maduras e lavadas de primave- ra ou maravilha com a água e bater no liquidificador. Coar com pano fino e diluir em 20 litros de água. Pulverize imediatamente (nas horas fres- cas do dia). Obs.: não pode ser armazenado. Indicações: vírus do vira-cabeça do tomateiro. Aplicar em tomatei- ros 10 a 15 dias após a germinação (com dois pares de folhas) e repetir a cada 48/72 horas até quando iniciar a frutificação. 39) Farinha de osso, casca de ovo triturado, carvão vegetal • 0,5 copo de farinha de osso, 0,5 copo de casca de ovo triturado, 0,5 copo de carvão moído. Modo de fazer: misturar tudo e distribuir em volta dos canteiros. Indicações: repelente de formigas cortadeiras.
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    71 Capitulo XII -Identificação e controle de pragas e doenças Pragas/DoençasNúmerodasreceitas Ácaros6,18,20,21,36 Alternaria(pintapreta)1 Antracnose7 Bactérias4,7,13 Besouro5 Caracóis8,16,25 Carvão1 Cercosporiose7 Cigarrinhaverde7 Cochonilhasemcarapaça7,17 Cochonilhacomcarapaça7,22,23,33 Podridãomole(Erwiniaspp.)1 Ferrugem(Pucciniaspp.)1,3,7,18 Formigascortadeiras+doceiras2,13,24,31,35,36,39(+19,28) Fungos4,9,11,13 Fungosdesolo10 Gafanhotos5,17 Gomose7 Grilos22,37 Insetos-repelentedeamploespectro4,5,12,14,29 Insetos-inibidordadigestão4,29 Lagartas1,14,20,23,25,33,36,37 Lesmas8,15,16,25,27 Manchafoliar(Pseudomonasspp.)1 Manchapúrpura7 Melanose7 Míldio1,3,7,11,32 Minadoradefolhas21 Mofocinzento(Botrytisspp.)1 Moscabranca21 Nematóides4,30 Oídio(Erysiphespp.)1,26,32 Pintapreta7 Podridãodaraizefrutos7 Podridão7 Pragasdosolo36 Pulgões(Aphisspp.)3,5,6,14,17,18,20,21,22,23,33,36,37 Requeima(Phytophytorainfestans)7 Revestimentosfúngicos7 Rubelose7 Saúvas(Attaspp.)2,31,39 Septoriose7 Tatuzinho34 Traçadascrucíferas5 Tripes7,21,33 Vaquinhas1,7,14,23,37 Verrugose7 Vírusdomosaicoeviracabeça26,38
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    XIII. ROTAÇÃO ECONSORCIAÇÃO DE CULTURAS, ALELOPATIA Helen Elisa C. R. Bevilacqua
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    74 Capitulo XIII- Rotaçãoe consorciação de culturas, aleopatia ROTAÇÃO DE CULTURAS Após a colheita deve-se revolver o solo do canteiro novamen- te, fazer a adubação e escolher uma nova cultura, tomando-se o cuidado de não plantar a mesma hortaliça, ou espécie da mesma família, no mesmo lugar. Isso porque o plantio contínuo de uma mesma hortaliça ou de outras da mesma família acaba esgotando o solo em relação aos nutrientes específicos (N, P, K), os requeri- dos em maior quantidade, tornando o desenvolvimento das plan- tas mais fraco. A presença continuada de uma mesma planta ou outras da mesma família atraem e mantêm cada vez mais doenças e predadores “especí- ficos” dessas plantas. Isso pode tornar inviável o cultivo daquela planta naquele local. Em geral, recomenda-se fazer a rotação a cada plantio, alternando- se as hortaliças de folhas (couve, alface, almeirão, etc.), de raízes (beterraba, cenoura, nabo, rabanete, etc.) e de frutos ou flores (to- mate, ervilha, brócoli, couve-flor, etc.). O melhor, porém, é fazer a rotação de culturas com famílias diferentes. Por exemplo: pimentão ou tomate (solanáceas e frutos), fazendo rotação com a rúcula (brassi- cácea e folha), ou rabanete (brassicácea e raiz), pois pertencem a famílias diferentes. Devem-se incluir também leguminosas na rotação (feijão-vagem, fei- jão comum, ervilha, grão-de-bico), pois, além de melhorar a estrutura do solo, irão incorporar o nitrogênio ao solo. A seqüência de culturas de famílias diferentes deve ser observada desde o plantio inicial da horta. Bastará substituir a cultura do primeiro canteiro pela cultura do último e ir substituindo em série até o penúlti- mo ficar no lugar deixado vago pelo último. Também é importante a presença de flores na horta, para que elas possam atrair os insetos, impedindo que as hortaliças sejam atacadas por eles, ou mesmo, atraindo insetos que sejam inimigos naturais das pragas dos legumes e verduras plantados. Um lembrete: sempre que acabar uma colheita, incorpore os restos da cultura no solo, para melhorar suas condições físicas e evitar a proliferação de insetos. Se suspeitar que uma planta está doente, retire-a do canteiro, coloque num saco de lixo e leve-a para fora da horta. CONSORCIAÇÃO DE CULTURAS Desde as mais antigas civilizações, já era utilizado o plantio conjunto de plantas companheiras, que produzem associações ve- getais favoráveis e somam forças para crescerem melhores, ou seja, a consorciação. Atualmente, a consorciação vem sendo retomada pelos adeptos da agricultura orgânica, porém não existe ainda muita pesquisa em relação ao assunto. Sabemos que não existem fatores isolados, mas sim inter-relações entre todos os seres vivos. Na natureza as plantas de tamanhos e espé- cies diferentes vivem juntas, explorando cada uma, o solo ao seu modo, enriquecendo-o de maneira diferente com substâncias orgânicas por elas produzidas. A microvida daí resultante também é bastante diversifica- da. Basta que uma espécie seja retirada desse ambiente para que todos os outros fatores sejam alterados. Um teste para saber se duas culturas são amigas ou inimigas: arran- ca-se a raiz de uma delas, sacudindo-a cuidadosamente. Coloca-se a terra que caiu da raiz num pano ou prato e plantam-se nela 50 a 100 sementes da outra cultura. Faz-se o mesmo em areia lavada, ou simplesmente num pano permanentemente molhado. Se as semen- tes da terra nascerem mais rapidamente e em maior porcentagem do que aquelas colocadas na areia ou pano molhado, é porque foram beneficiadas pela planta “doadora”. Se as sementes da areia ou pano nascerem primeiro, é sinal de que as duas culturas não se “gostam”. Ao modificar um ecossistema natural para produzir alimentos, o homem deve procurar reconstituir o máximo possível essa riqueza e essa diversidade. Numa horta é preciso “descobrir” quais os exemplos de consorciação que dão melhor resultado, pois existem plantas amigas e aquelas que não devem ficar próximas (“inimigas”). Um exemplo é do pepino e o girassol, que não devem ficar juntos, pois ambos competem por quanti- dades idênticas do mesmo nutriente, o boro. Existem plantas também, que eliminam substâncias que inibem o crescimento de plantas vizinhas, além de provocar o amadurecimento precoce de flores e frutos (essa substância é o etileno, produzido pelo dente-de-leão).
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    75 Capitulo XIII- Rotaçãoe consorciação de culturas, aleopatia As plantas exalam cheiros e expelem substâncias pela raiz, que sele- cionam a vida ao redor delas, podendo causar efeitos positivos ou nega- tivos sobre as plantas vizinhas. Com isso, elas podem se ajudar e se complementar mutuamente, ou se prejudicar, não apenas na ocupação do espaço, na utilização da água, de luz e de nutrientes, mas também por meio de interações bioquímicas chamadas de efeitos alelopáticos. A alelopatia é definida como qualquer efeito causado direta ou indi- retamente por um organismo sobre outro (plantas, microrganismos, ví- rus, fungos) através da liberação no meio ambiente, de produtos quími- cos por ele elaborados (as chamadas substâncias metabólicas), que, no caso das plantas, têm funções de proteção ou defesa delas contra o ataque de microrganismos e insetos. Essas substâncias são liberadas pela: decomposição de folhas e ou- tras partes da planta, exsudação de metabólitos pelas raízes, lavagem pela chuva ou sereno, de grande quantidade de metabólitos orgânicos e inorgânicos e pela liberação de substâncias voláteis pelas plantas. Na verdade a consorciação bem-feita tem sido uma das mais eficazes medidas de prevenção de doenças, especialmente com o uso de plantas repelentes e atrativas. Os insetos são extremamente sensíveis aos odo- res. Assim, podem-se usar ervas aromáticas como repelentes (como a arruda, salsa, cravo-de-defunto, cebolinha, cebola, hortelã, camomila, manjericão, entre outras), distribuídas pelos canteiros ao lado de plan- tas que queremos proteger. Além de podermos utilizá-las sob a forma de extratos, em pulverizações. Ou utilizar as plantas atrativas para atrair insetos e pragas, evitando que a planta principal seja atacada. Exem- plo: caruru, beldroega, entre outras. O uso de cobertura verde ou morta com restos de vegetais, visando o controle de plantas daninhas é o exemplo mais antigo do aproveita- mento econômico da alelopatia. Além da supressão das plantas dani- nhas, exerce importante efeito na conservação do solo e na manuten- ção da umidade. A seguir, uma tabela com exemplos de plantas companheiras e antagonistas.
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    76 Capitulo XIII- Rotaçãoe consorciação de culturas, aleopatia PLANTAS ABÓBORA ALFACE ACELGA ALHO E CEBOLA AMENDOIM BATATA BERINJELA BETERRABA CEBOLINHA CENOURA CHICÓRIA ERVILHA ESPINAFRE FAMÍLIA BRASSICACEAE (REPOLHO, COUVE, BRÓCOLI, COUVE-FLOR) FEIJÃO-TREPADOR MILHO MORANGO MOSTARDA NABO PEPINO QUIABO RABANETE RÚCULA SALSA SERRALHA SALSÃO (AIPO) TOMATE COMPANHEIRAS milho, vagem, acelga, chicória e amendoim cenoura, rabanete, morango, pepino, alho-porró vagem alface, beterraba, morango, camomila, tomate, couve abóbora feijão, milho, repolho, tagetes, berinjela, alho, ervilha, couve feijão, vagem cebola, alface, nabo, couve, vagem cenoura, couve ervilha, alface, manjerona, feijão, cebola, cebolinha, rabanete, alecrim, tomate rúcula, vagem, rabanete cenoura, nabo, rabanete, pepino, milho, feijão, abóbora, milho, ervas aromáticas morango, feijão, beterraba, couve-flor plantas aromáticas, batata, aipo, beterraba, cebola, alface milho, abóbora, rúcula, chicória, acelga, rabanete batata, ervilha, feijão, pepino, abóbora, melão, melancia, trigo, girassol, rúcula, nabo, rabanete, quiabo, mostarda, serralha espinafre, alface, tomate, feijão-branco milho ervilha, feijão, alecrim, hortelã, milho girassol, feijão, milho, ervilha, rabanete, alface milho alface, ervilha, pepino, agrião, cenoura, espinafre, milho, vagem, chicória chicória, vagem, milho, alface tomate, aspargo, roseiras tomate, cebola, milho alho-porró, tomate, couve-flor, repolho, couve cebola, cebolinha, salsa, tagetes, cenoura, serralha ANTAGONISTAS batata e legumes tuberosos salsa, girassol —— ervilha, feijão —— abóbora, pepino, girassol, tomate, abobrinha —— feijão-trepador ervilha, feijão endro —— cebola, alho, batata, gladíolos —— morango, tomate, feijão-trepador, manjerona cebola, beterraba, girassol gladíolos repolho, couve, funcho —- tomate batata, ervas aromáticas —- acelga salsa alface, rúcula —— —— batata, repolho, pepino, feijão
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    77 Capitulo XIV -Colheita das hortaliças XIV. COLHEITA DAS HORTALIÇAS Adão Luiz C. Martins
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    78 Capitulo XIV -Colheita das hortaliças Cada hortaliça apresenta, em determinada fase de seu crescimento, suas melhores características de sabor, palatabilidade, aparência e qua- lidade. É nessa ocasião que ela deve ser colhida. A hortaliça colhida antes de seu completo desenvolvimento apresen- ta-se tenra, mas sem sabor. Por outro lado, se for colhida tardiamente, estará fibrosa ou com o sabor alterado. O reconhecimento do ponto de colheita é feito pela idade da planta, desenvolvimento das folhas, hastes, frutos, raízes ou outras partes que serão consumidas, ou pelo amarelecimento ou secamen- to das folhas. De modo geral, as hortaliças folhosas e de hastes são colhidas quando estão tenras; as de flores, quando os botões estão fechados; as de fru- tos, quando as sementes não estão completamente formadas e as de raízes e bulbos, quando estão completamente desenvolvidas. Seguem abaixo dicas sobre colheita para as diferentes hortaliças: • Abóboras e morangas: para abobrinhas verdes a colheita inicia-se aos 80 a 90 dias da semeadura, quando os frutos atingem o tamanho preferido pelo mercado (25cm em São Paulo - abobrinha Menina Brasileira); para abóboras maduras ou “secas” - aos 120 a 150 dias, quando os frutos apresentam os pedúnculos bem secos e a casca resistente à penetração da unha; para morangas: 90 a 150 dias, dependendo da cultivar. • Abobrinha italiana: os frutos com cerca de 20cm e com a polpa muito tenra e as sementes ainda imaturas. • Alface: colhe-se quando a planta ou “cabeça” atingir o desenvolvimento máximo, porém, com as folhas tenras e sem indícios de florescimento. • Alho: aos 110-140 dias para as cultivares precoces e 140-170 dias para as de ciclo médio, quando ocorre amarelecimento e secamen- to da parte aérea da planta e pelo “estalo” (tombamento) em al- guns cultivares. • Almeirão e rúcula: colhem-se as folhas mais desenvolvidas, deixan- do-se as folhas mais novas do miolo da planta. • Batata: aos 90-115 dias, após o secamento completo e natural da parte aérea da planta. • Berinjela: colhe-se quando os frutos estiverem bem coloridos, bri- lhantes, com a polpa macia e firme e com 16-20cm de comprimento; colher pela manhã, cortando o pedúnculo (deixar 3-4cm do mesmo aderido ao fruto para evitar podridões). • Beterraba: aos 60-70 dias para semeadura direta e 90-100 dias para mu- das transplantadas, com as raízes com 6 a 8cm de diâmetro, ainda tenras. • Brócoli: colher a “cabeça” central e os brotos laterais quando estive- rem com coloração verde-intenso e os botões ainda estão fechados. • Cebola: colher quando o bulbo atingir o tamanho máximo, indicado pelo amarelecimento e secamento da parte aérea (folhas), sendo que alguns cultivares apresentam tombamento ou “estalo”. • Cenoura: quando as folhas inferiores começarem a amarelecer e secar, e as superiores se abrirem, chegando a encostar as pontas na superfície do solo. • Couve: colhem-se as folhas quebrando o pecíolo rente ao caule, dei- xando sempre, junto ao broto central da planta, 4 a 5 folhas menores em crescimento. • Couve-flor: cortar a “cabeça” com um grupo de folhas para protegê-la. • Jiló: colher os frutos com tesoura, enquanto verdes e no tama- nho máximo. • Melancia: aos 40-45 dias da abertura da flor, quando ocorre o seca- mento da gavinha, localizada no mesmo nó do fruto; o secamento do pedúnculo; a alteração da cor da mancha de encosto de branca para amarela-clara; som oco e resistência à pressão pela unha. • Nabo: colher quando as folhas baixeiras começarem a amarelecer. • Pepino: colhe-se quando os frutos atingirem o ponto comercial (cai- pira: 12 a 14cm comprimento; Aodai e japonês: frutos tenros, verde- escuros, com 20 a 25cm). • Quiabo: o ponto ideal de colheita ocorre 4-7 dias da queda da flor, quando os frutos estão ainda tenros, pouco fibrosos, podendo-se que- brar a ponta facilmente ao se pressionar com o dedo. • Rabanete: colher aos 30-40 dias, quando as raízes apresenta- rem formato globular, cor vermelho-intenso e com cerca de 3cm de diâmetro. • Repolho: colhe-se quando a “cabeça” apresentar-se bem compacta, fechada, com as folhas internas bem coladas umas às outras; as fo- lhas de cobertura começam a enrolar-se levemente para trás, expon- do as internas, mais claras. • Tomate: para mesa, inicia-se a colheita 50 dias após o florescimento e dura de 2 a 3 meses, colhendo-se o fruto maduro, de vez ou verde, de acordo com a preferência do mercado; para indústria: colher no estádio de frutos vermelhos.
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    79 Capitulo XV -Cultivo de hortaliças em recipientes XV. CULTIVO DE HORTALIÇAS EM RECIPIENTES Helen Elisa C.R.Bevilacqua
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    80 Capitulo XV -Cultivo de hortaliças em recipientes Quem gosta de cultivar a terra ou quer descobrir esse prazer, mes- mo que não tenha um sítio ou um quintal grande, pode desfrutar de uma pequena produção própria de hortaliças sempre fresquinhas e muito mais nutritivas. Qualquer lugar que tenha a luz do sol por, pelo menos 4 horas diárias, pode ser utilizado para se colocar um recipiente, que pode ser um balde velho, um vaso de cerâmica, uma garrafa de refrigerante, ou caixas de madeira, onde pode-se cultivar as verduras e os legumes. A ESCOLHA DO RECIPIENTE Para o plantio, podem-se utilizar recipientes de qualquer material resistente à umidade (exceção para latas metálicas que enferrujam), como vasos de cerâmica, sacos plásticos, tubos de plásticos cortados, pneus cortados, jardineiras, vasos de plásticos, baldes plásticos, bacias, garrafas de refrigerantes, entre outros. A profundidade da peça vai de- pender do tipo de vegetal a ser plantado. PARA O CÁLCULO DE PROFUNDIDADE RASO: NO MÍNIMO 15cm MÉDIO: NO MÍNIMO 25cm FUNDO: NO MÍNIMO 30cm Alface Beterraba Almeirão Alho Cebola Cenoura Coentro Espinafre Chuchu Rabanete Nabo redondo Couve-flor Rúcula Pepino Pimentão Salsa Tomate DRENAGEM Todos os recipientes devem ter furos no fundo e devem estar cober- tos com uma pequena camada de cascalho, pedra britada, cacos de vasos de cerâmica, ou argila expandida e sobre ela, uma pequena ca- mada de areia ou manta de drenagem para o escoamento do excesso de água. A ESCOLHA DO RECIPIENTE Devido ao volume limitado do vaso, o solo do recipiente (substrato, no caso), deve ser rico em nutrientes, e também, deve ser bastante poroso; pois, devido ao volume limitado do vaso, com o tempo, leva a uma alta concentração de raízes, exigindo um elevado suprimento de oxigênio e uma rápida remoção de gás carbônico. Assim, a terra utilizada poderá ser a de jardim, misturada com terra vegetal (terra preta), em volumes iguais. Caso a terra de jardim seja bastante argilosa, devemos adicionar um pouco de areia para melhorar a drenagem e aumentar a aeração do substrato (50% de composto orgânico, 40% de terra de jardim e 10% de areia de rio). ESCOLHA DO LOCAL PARA OS RECIPIENTES Deve ser em local arejado, com um mínimo de 4 horas de luz solar direta. REGAS Regar quando notar que a terra começa a secar, evitando o excesso de água. Manter o solo sempre úmido. EXEMPLOS DE RECIPIENTES Vasos feitos com pneus cortados e fundo de madeira Tubos de PVC cortados e fechados nas laterais com madeira Jardineiras colocadas em suporte em forma de escada
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    81 Capitulo XV -Cultivo de hortaliças em recipientes Época de plantio para região sudeste TABELA DE SELEÇÃO DE HORTALIÇAS HORTALIÇA TIPO DE PLANTIO ESPAÇAMENTO ÉPOCA ÉPOCA DE OU SEMEADURA (cm)entre linhas x entre plantas DE PLANTIO COLHEITA J F M A M J J A S O N D Abobrinha italiana cova 100 x 60 x x x x x x x x x x x x 40-60 dias Acelga definitiva ou sementeira 20 x 40 x x x x x x x 70 dias Agrião sementeira ou mudas 20 x 20 x x x x x x 40-70 dias Alcachofra mudas 200 x 100 x x x 100-140 dias Alface de inverno sementeira 25 x 25 ou 30 x 30 x x x x x x x 45-80 dias Alface de verão sementeira 25 x 25 ou 30 x 30 x x x x x 45-80 dias Almeirão definitivo 25 x 15 x x x x x x x 60-80 dias Aspargo sementeira ou mudas 200 x 30 x x x 3º ano Batata definitivo 80 x 30 x x x x x x x x x x 90-115 dias Batata-doce definitivo 80 x 25 x x x x x x x x x x 110-165 dias Berinjela em saquinhos 150 x 80 x x x x x 90-120 dias Beterraba definitivo 20 x 10 x x x x x x x x x x x x 60 dias Brócoli inverno sementeira 100 x 50 x x x x x x x 80-100 dias Brócoli verão sementeira 100 x 50 x x x x x 80-100 dias Cebola sementeira 40 x 10 x x x x 120-150 dias Cebolinha sementeira 40 x 5 x x x x x x x x x x x x 70-100 dias Cenoura inverno definitivo 20 x 5 x x x x x x 80-120 dias Cenoura verão definitivo 20 x 5 x x x x x x 80-120 dias Chicória sementeira 30 x 30 x x x x x x x 80-100 dias Coentro definitivo 20 x 10 x x x x x x 50-80 dias Couve-manteiga sementeira 100 x 50 x x x x x x x x x x x x 80-90 dias Couve-flor inverno sementeira 80 x 50 x x x x x x x 90-100 dias Couve-flor verão sementeira 80 x 50 x x x x x 90-100 dias Espinafre definitivo 25 x 5 x x x x x x 30-40 dias Ervilha definitivo 40 x 20 x x x 60-140 dias Feijão-vagem cova 100 x 60 x x x x x 50-80 dias Jiló sementeira 120 x 80 x x x x x x x x 60-90 dias Mandioquinha definitivo 70 x 30 x x x 8-11 meses Mostarda sementeira 30 x 20 x x x x x x x 45-50 dias Nabo definitivo 30 x 15 x x x x x x x x 55 dias Pepino cova 100 x 60 x x x x x x 40-60 dias Pimentão sementeira 100 x 40 x x x x x x 100-120 dias Quiabo definitivo 100 x 40 x x x x x 70 dias Rabanete definitivo 20 x 8 x x x x x x x x x x x x 25-30 dias Repolho inverno sementeira 60 x 40 x x x x x 90 dias Rúcula definitivo 20 x 5 x x x x x x x x x x x x 40-50 dias Salsa definitivo 30 x 10 x x x x x x x x x x x x 50-60 dias Tomate sementeira 80 x 60 x x x x x x x 100-120 dias
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    84 Capitulo XVI -Bibliografia ALMEIDA Jr., H. Práticas alternativas de controle de pragas e doenças na agricultura - coletânea de receitas. Campinas: EMOPI, 1998. 112p. BOLETIM TÉCNICO 100 - Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, 1997. 285p. BOLETIM TÉCNICO 200 - Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas. 6ª ed., Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, 1998. 393p. CHABOUSSOU, F. A teoria da trofobiose - novos caminhos para uma agricultura sadia. Fundação Gaia, Centro de Agricultura Ecológica Ipê, 2ª ed., 1995. COMO COMBATER PRAGAS E DOENÇAS. Plantas dentro de casa. Rio Gráfica Editora, 1980, n.º 11. p.161-165. COMO ENFRENTAR A FERRUGEM. Jornal “Plantas e flores”. Editora Abril, 15/outubro, 1978. p.3. CUIDADO COM O TRIPES. Jornal “Plantas e flores”, 29/outubro, Editora Abril, 1978. p.3. FILGUEIRA, F. A. R. Manual de Olericultura. Vol. I. 2ª ed. São Paulo: Agronômica Ceres. 1981. 338p. FORNARI, E. Novo manual de agricultura alternativa. Editora Sol Nascente, 2ª ed. 273p. FRANCISCO NETO, J. Manual de horticultura ecológica: auto-suficiência em pequenos espaços. São Paulo, 1995. 141p. GUIA RURAL. Horta é saúde. Edição Especial do Guia Rural. São Paulo: Abril. 338p. KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Ceres, 1985. 492p. ______. Fertilizantes organominerais. Piracicaba: Edição do autor, 1993. 189p. LEPSCH, I. F. Solos - formação e conservação. São Paulo: Melhoramentos, 1976. 160p. (série Prisma) LOPES, C. A.; SOARES, A. M. Q. Doenças bacterianas das hortaliças - diagnose e controle. Brasília: EMBRAPA - CNPH, 1997. 70p. LUTE CONTRA AS COCHONILHAS. Jornal “Plantas e flores”. 1º outubro. Editora Abril, 1978. p.4. MAKISHIMA, N. Produção de hortaliças em pequena escala. EMBRAPA- CNPH, 1983. 23p. (Instruções técnicas, 6). MEDEIROS,A. R. M. Alelopatia - fundamentos, importância e suas aplicações. Piracicaba: 1987. (Apostila) MEDEIROS, M. A. O controle biológico de insetos - praga e sua aplicação em cultivos de hortaliças. Brasília: EMBRAPA-CNPH, 1997. (Circular Técnica 8) O MANEJO INTEGRADO NO CONTROLE DO PULGÃO DO TRIGO. ICI-Agro químicos Notícias, São Paulo, sem data, n.º 37. P.3-5. OLIVEIRA, J. A.; PINTO, A.G.; TEIXEIRA, J. E. Uma mensagem ao agricultor - Projeto Escola no Campo. São Paulo: Zeneca, 1996. 68p. PASCHOAL, A. D. Produção orgânica de alimentos: agricultura sustentável para os séculos XX e XXI. Piracicaba, 1994. 191p. PENTEADO, S. R. Adubação orgânica: preparo fácil de compostos orgânicos e biofertilizantes. Campinas: Agrorganica, 2000. 50p. ______. Introdução à agricultura orgânica - normas e técnicas de cultivo. Campinas: Grafimagem, 2000. 110p.
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    85 Capitulo XVI -Bibliografia ______. Defensivos alternativos e naturais. Campinas: Edição do autor, 1999. 96p. PITTA, G. P. B. Flores e plantas ornamentais para exportação: aspectos fitossanitários. Brasília: SPI- EMBRAPA, 1995. 50p. (Série publicações técnicas FRUTEX, 17). PITTA, G. P. B.; CARDOSO, R. M. G.; CARDOSO, E. J. B. N. Doenças das plantas ornamentais. São Paulo: Instituto Brasileiro do Livro Científico Ltda., 1990. 174p. PRAGAS E DOENÇAS: causas, identificação e combate. Tudo sobre plantas de interiores. São Paulo: Flash, 1987. p. 31-35 PRIMAVESI, A. M. Agricultura sustentável. São Paulo: Nobel, 1992. 142p. ______. Manejo ecológico do solo. São Paulo, Ed. Nobel, 1990. RAIJ, B. VAN. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Ceres, Potafós, 1991. 343p. TASCO, A. M. P. et. al. Manual “Diga Não ao Desperdício”. São Paulo: Secretaria Municipal de Abastecimento do Estado, 1990. UM INIMIGO ORGANIZADO E FORTE: as formigas. Jornal “Plantas e flores”. 1º/abril. São Paulo: Abril, 1979. p.1. VALARINI, P. J.; ROBBS, C. F.; TOKESHI, H. Impacto das práticas agrícolas e os problemas fitopatológicos: pesquisa e recomendações de proteção integrada. Jaguariúna: EMBRAPAMeioAmbiente, 1999. 25p. (Documentos, 6). ZAMBERLAM, J.; FRONCHETI, A. Agricultura ecológica: preservação do pequeno agricultor e do meio ambiente. Petrópolis: Vozes, 2001. 214p. PÁGINAS NA INTERNET: www.planetaorganico.com.br/alelopatia.htm www.planetaorganico.com.br http://agritechnology.com/iaf/ www.estado.estadao.com.br/suplementos/agri/2001/02/28/agri033.html FOTOS: www.sxc.hu DEPAVE4 Danielle Lopez dos Santos Fabio Augusto Lopes da Silva Silvia C. Glueck