O dilema da Interdisciplinaridade : Algumas questões para quem forma professores de Ciências

Maria Elena Infante- M alachias Escola de Artes, Ciências e Humanidades – Universidade de São Paulo. Av. Arlindo Bettio 1000, 03828-000, São Paulo, SP [email_address]

Alguns desafios para o ensino de ciências; Interdisciplinaridade em contexto; Uma inovação na Educação Superior, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP); O dilema da interdisciplinaridade: É possível um ensino interdisciplinar das Ciências da Natureza?

Dificuldade para definir Interdisciplinaridade . Para Klein (1990), é um processo de construção de conhecimentos que se opõe à fragmentação, à especialização e à construção de um conhecimento híbrido. Para Olga Pombo (2010) a interdisciplinaridade inclui o cruzamento de informações de diferentes campos de conhecimento.

As disciplinas acadêmicas são análogas a diferentes culturas (Bauer, 1990), elas não se diferenciam apenas com relação ao objeto e aos seus métodos de estudo, mas principalmente aquilo que é reconhecido e aceito como valor dentro do grupo, isto é, “visões do mundo”. Os valores que sustentam a prática dos profissionais das ciências humanas e das ciências básicas são diferentes

Alfabetização científica ou Scientific literacy (Bybee, 1997), para que os indivíduos compreendam como os novos conhecimentos gerados pela ciência e a tecnologia impactam as suas vidas. Um conhecimento suficiente que lhes permita opinar, pensar coletivamente, tomar decisões e também participar regulando de alguns maneira a produção da mesma ciência.

Dispositivo formativo de professores :“3+1” da década de 30. A formação pedagógica tinha um caráter de complementação para a formação profissional. Mudanças o universo produtivo, a partir da década de 70. Se busca melhorar a produtividade e o crescimento econômico no setor educacional. Relação direta entre desenvolvimento econômico e grau de instrução da população ativa. A educação adere à ideia de capital humano.

Para habilitar a mão-de-obra e os consumidores a viverem em um mundo globalizado e informatizado, o capital exerceu forte pressão sobre os Estados para elaboração e implantação de políticas públicas de universalização e melhoria da qualidade da educação básica, entre as quais figurou como chave-mestra, a formação de professores. No Brasil, Constituição Cidadã, em 1988; Substitutivo Darcy Ribeiro que deu origem à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN - Lei 9.394/96); Esta lei conferiu ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a incumbência de elaborar as diretrizes curriculares nacionais para os diferentes níveis e modalidades de ensino.

Uma das soluções encontrada para melhorar a formação inicial dos professores da educação básica foi o rompimento do vínculo bacharelado-licenciatura, através da criação de três categorias diferentes de carreiras (CNE, 2001): Bacharelado Acadêmico, Bacharelado Profissionalizante e, Licenciatura. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para as Licenciaturas (CNE, 2001), pelo Conselho Nacional de Educação, a licenciatura precisa de um currículo próprio que cumpra com a finalidade de formar educadores para atuar na sala de aula.

No documento (CNE, 2001), não se encontra nenhuma definição do que seja essa “perspectiva interdisciplinar”, nem tampouco foram sugeridas referências que permitam ao leitor entender mais detalhadamente os preceitos, pressupostos teóricos e as características dessa abordagem. O Ministério da Educação, na época dirigido pelo economista Paulo Renato de Souza, selecionou equipes de especialistas que produziram outros documentos curriculares de referência para os professores: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

Nos PCNs de novo,a interdisciplinaridade aparece como um princípio ou “eixo articulador” e como “uma abordagem” didática imprescindível , entretanto, não é explicitada a compreensão que o professor deve desenvolver sobre esta abordagem. As propostas interdisciplinares parecidas (desde a década de 90 nos Estados Unidos) têm sido associadas às práticas inseridas nas discussões da pós-modernidade, vinculando-se ao radicalismo político, movimento feminista e multiculturalista.

Existem muitos entendimentos sobre o que seria “abordagem interdisciplinar”, por vezes, conflituosos e divergentes – conceito polissêmico. As propostas curriculares devem explicitar quais são as idéias sobre interdisciplinaridade sobre as quais o trabalho do professor deveria se sustentar.

Inaugurada em janeiro de 2005 Localizada em Ermelino Matarazzo, região Leste da cidade de SP. Inclusão social com aumento de matrículas no ES. 10 cursos novos e projeto interdisciplinar Estrutura administrativa sem departamentos

Cursos de Graduação da EACH (1020 alunos por ano) 1.Ciências da Atividade Física 2.Gerontologia 3.Gestão Ambiental 4.Gestão de Políticas Públicas 5. Lazer e Turismo 6.Licenciatura em Ciências da Natureza 7.Marketing 8.Obstetrícia 9.Sistemas de Informação 10.Tecnologia textil e moda

Ciclo Básico Ciências da Natureza. Tratamento e Análise de Dados/ Informações. Sociedade, Multiculturalismo e Direitos. Resolução de Problemas I e II. Estudos Diversificados I e II. Psicologia, Educação e Temas. Contemporâneos. Sociedade, Meio Ambiente e Cidadania. Arte, Literatura e Cultura no Brasil.

Esforço para formar professores de Ciências preparados para ensinar conteúdos de diferentes disciplinas (Física, Biologia, Química, Astronomia, Geologia e Matemática). Aproximar os estudantes das novas relações entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente. Assim, eles podem se aproximar e refletir sobre temas e problemas complexos do século XXI.

Organização da grade curricular: Evidente preocupação em expor o estudante aos conteúdos de diferentes campos de conhecimento; p.e, 3º semestre: Astronomia do Sistema Solar, Atividades acadêmicas, científico culturais,Modelagem Matemática, História Natural, Linguagem química e reações químicas, Psicologia da Educação e Laboratório de Física.

Disciplinas pedagógicas ao longo do curso; Reorganização continua das disciplinas “disciplinares”; Organização diferenciada do projeto de estágio curricular (6º, 7º e 8º semestre).

O significado de um curso interdisciplinar Interdisciplinaridade não é antônimo de especialização. Interdisciplinaridade ou sincretismo Piagetiano? Quel é o elo ou eixo articulador do agrupamento de disciplinas de LCN? História da Ciência. Metodologia de ensino de Ciências.

Freire afirma que a superação do saber do senso comum para um saber cientificamente organizado deve partir do próprio saber do senso comum. Por essa razão, propõe enfaticamente, um processo educativo problematizador.

Uma proposta interdisciplinar que enriqueça a formação universitária dos seus alunos precisa ser fundamentada teoricamente e compreendida por todos os seus membros (Infante-Malachias & Correia, 2007). É necessário que os profissionais envolvidos no processo de criação e implantação de grades curriculares baseadas na interdisciplinaridade reflitam sobre a sua própria formação disciplinar.

O diálogo sistemático e continuo entre profissionais diversas áreas com a intenção de produzir conhecimento teórico e empírico que possa orientar e alimentar as transformações inseridas nos currículos de cursos de graduação e, Modelo de atuação coletiva para os graduandos que estão embebidos nesse processo e que irão atuar na escola básica e média.

Handbook of Research on Collaborative Learning Using Concept Mapping http://www.igi-global.com/reference/details.asp?ID=34574 "Expanded Collaborative Learning and Concept Mapping: A Road to Empowering Students in Classrooms“ by P.R.M. Correia & M.E. Infante-Malachias (Chapter XIV) INFANTE-MALACHIAS, M. E ; CORREA, Paulo Rogério Miranda . Elaboración colaborativa de mapas de conceptos: Posibilidades de empoderamento individual y social. Novedades Educativas , v. 219, p. 26, 2009. CORREA, Paulo Rogério Miranda ; DONNER JR, John Wilhelm Anton ; INFANTE-MALACHIAS, M. E . Mapeamento conceitual como estratégia para romper fronteiras disciplinares:Avaliando a importância da isomeria dos compostos orgânicos nos sistemas biológicos. Ciência e Educação (UNESP), v. 14, p. 483-495, 2008. SANTOS, Silvana ; INFANTE-MALACHIAS, M. E . Interdisciplinaridade e Resolução de Problemas:Algumas questões para quem forma futuros professores de Ciências. Educação e Sociedade , v. 103, p. 557-579, 2008. INFANTE-MALACHIAS, M. E ; CORREA, Paulo Rogério Miranda . Práctica de actividades didácticas con mapas conceptuales. Novedades Educativas , v. 18, p. 84-89, 2007. INFANTE-MALACHIAS, M. E ; CORREA, Paulo Rogério Miranda . Superando barreras epistemológicas. Novedades Educativas , v. 19, p. 52-57, 2007. INFANTE-MALACHIAS, M. E ; CORREA, Paulo Rogério Miranda . Problema complejos en el mundo post-industrial. Novedades Educativas , v. 203, p. 29-33, 2007.

Especialmente a vocês. Muito obrigada pela atenção e paciência! À comissão organizadora do SLIEC; À professora Dra. Silvana Santos - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, Brasil; Grupo de Pesquisas em Epistemologia e Ensino de Ciências – GruPEpEC.

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