Operação LAVA CARNE e JATO FRACO (*)
• Quem conhece os bastidores da PF, sabe perfeitamente o
que aconteceu na rocambolesca operação policial que
sangrou a economia do Brasil.
• Vamos aos fatos, por partes, em rodízio, como se
estivéssemos numa bela churrascaria.
• O Diretor Geral da PF, Leandro Daiello Coimbra, ao contrário
das carnes que mandou investigar, está com prazo de
validade vencido. É o Manda-Chuva na corporação desde
janeiro de 2011. É muito tempo. Nuncanastoriadestepaís
houve um dirigente tão longevo.
• Pior que o tempo é sua condição. De há muito perdeu o
comando, a liderança, e o respeito entre os seus. É rejeitado
solenemente por delegados e agentes. Já virou até motivo de
chacota.
• Isso é mortal num órgão policial, com lastro em hierarquia.
Pergunte a qualquer militar ou policial os efeitos de um
comandante que não lidera, não é respeitado.
• As entidades que representam tiras e meganhas, agentes e
delegados, ficam a se perguntar por que o governo não troca
Daiello. Presidentes de sindicatos e associações estão
sedentos por mudança na PF e apoiarão, sem hesitar um só
minuto, o próximo diretor.
• Por que então não se muda Daiello?
• Este é X da questão. Nada a ver com Eike.
• Até o piso de granito da recepção da sede da PF em Brasília,
chamada “Máscara Negra”, sabe que Daiello sempre encena,
em público, um jogo de “to cansado, quero sair”, mas faz
articulações, estratagemas para ficar.
• Quando Temer assumiu, houve uma expectativa grande – e
positiva – de que novos ventos soprariam na PF, com a troca
de Daiello.
• Mas, o governo Temer, que começou discreto e tíbio, ficou
com receio de trocar Daiello, com paúra do velho e surrado
discurso de “abafar a Lava Jato”.
• Tinha também o temor de Temer com a Olimpíada. A PF
deixava vazar que se o governo tirasse Daiello seria
responsabilizado por alguma tragédia nos jogos.
• Lembra-se do espalhafato da prisão de três ou quatro
malucos, pobre-coitados da área rural, que foram
apresentados como “terroristas”, dias antes das Olimpíadas?
Naquela ocasião, a PF de Daiello, percebendo o gosto de
Alexandre de Moraes pelos holofotes, “deixou” o então
ministro da Justiça apresentar a “operação” e os presos aos
jornalistas. Como já havia feito antes, vestindo Moraes de
preto e dando-lhe um facão para decepar pés de maconha no
Paraguai.
• Nós, jornalistas, que cobrimos a PF no batidão do dia-dia,
sabemos que Daiello jamais foi o grande condutor da Lava
Jato. Ao contrário, foi dela apenas “beneficiário”.
• Os reais protagonistas, delegados Erika, Anselmo e Mauat,
foram remetidos há poucos dias a um obsequioso silêncio em
transferências para outros lugares, travestidas de
“promoções”.
• É aqui que surge o delegado MOSCARDI GRILLO. Na Lava
Jato e na Carne Fraca.
• É só perguntar na PF do Acre ou do Paraná, onde
MOSCARDI GRILLO trabalhou.
• A resposta será sempre a mesma: é um delegado vaidoso ao
extremo, uma espécie de David Beckhan, um über-delegado.
• Moscardi Grillo surge na Lava Jato para desfazer e
desacreditar o trabalho sério do delegado Mario Fanton e do
respeitado agente Dalmey Werlang, este último com quase
trinta anos de casa.
• Fanton e Dalmey estavam desvendando algumas
impropriedades cometidas durante a investigação da Lava
Jato.
• Novo parênteses. É de se esperar que pela dimensão da
investigação, algum pecadilho tenha mesmo sido cometido na
Lava Jato. A conferir, num futuro próximo.
• Mas, àquela altura, macular a Lava Jato não interessava a
direção em Brasília, de jeito nenhum!
• Moscardi Grillo, então, foi usado para “limpar a cena”. Se tiver
curiosidade e interesse, pesquise. O fio do novelo é esse.
• Assim, Moscardi Grillo, que já havia sido útil para varrer para
debaixo do tapete alguns estorvos da Lava Jato, foi
consolidado por Daiello como coordenador operacional da
Lava Jato.
• As Olimpíadas passam, a Lava Jato voa, e o governo Temer
espera que Daiello, dando sequência ao que tantas vezes
fala, peça para sair.
• Mas, que nada. Fala que “quer sair”, mas se agarra no cargo.
Escora-se em Moraes e no secretário-executivo Levi, como
faz até hoje. Dizem que tem a ver com aquele precipitado
anúncio, até hoje não explicado, feito por Moraes na véspera
da prisão de Palocci, na campanha a prefeito de Duarte
Nogueira, em Ribeirão Preto. Duarte Nogueira, aliás, alvo de
delação da Odebrecht.
• Vida que segue, Teori vai literal e espiritualmente aos céus,
Moraes é “promovido” ao STF.
• Assume o MJ o deputado Osmar Serraglio.
• Natural que houvesse troca no comando da PF, sem nenhum
stress. Ministro novo, novo diretor. Simples assim.
• Neste momento, Daiello tira da cartola um número genial.
Começa a espalhar que estava cansado, queria sair para uma
função de adido no exterior, viaja para a Europa insinuando
fazer uma prospecção e... começa a dizer que sairá, ele
próprio, em “março ou abril”.
• Ninguém entendeu bem o porquê da data cravada. Porque
março ou abril?
• Agora se explica tudo.
• As grandes operação da PF começaram na época de ouro da
PF, com a vitoriosa dobradinha Thomaz Bastos e Paulo
Lacerda. Naquela época, as grandes operações eram
centralizadas e executadas a partir do Edifício-Sede. Isso
permitia fazer um filtro técnico, escalar delegados experientes
e preparados, envolver toda a corporação de forma criteriosa
e centralizar a divulgação do resultado das operações.
• Esse responsável modelo jamais engessou a PF ou
prejudicou as investigações. Quer um exemplo? O Mensalão,
cuja investigação ocorreu nesse período, derrubando Zé
Dirceu, Palocci e quase pondo a pique a reeleição de Lula.
Em verdade histórica, só não houve o impeachment de Lula,
porque o PSDB achou que ele sangraria até a eleição de
2006.
• Agora é diferente. As investigações são descentralizadas e
apenas apresentadas à direção geral em Brasília, que as
homologa e apoia.
• O pessoal do Paraná há muito tempo apresentou a Daiello a
Operação Carne Fraca, com o intrépido Moscardi Grillo à
frente.
• Desde o início, percebeu-se que a operação Carne Fraca era
temerária, que tratava de um tema muito técnico, explosivo
para a economia do país.
• Porém, contudo, entretanto... às favas com o Brasil !
• O Máscara-Negra enxergou ali um belíssimo potencial para
fortalecer Daiello, pois a Lava Jato já deu o que tinha que dar,
e teve seu protagonismo totalmente absorvido por Deltan e
Janot.
• Esse o script.
• Na última sexta, a PF anunciou a “maior operação de sua
história”. Fechou a sede da PF no Paraná, prejudicando até
mesmo o serviço de passaporte. Jogou todo seu peso no
chamamento da coletiva de imprensa e escolheu a data para
frustrar os planos do ministério público de celebrar os 3 anos
da Lava Jato.
• Apresenta-se então “o cara” que fez toda a investigação da
Carne Fraca nos últimos dois anos, longo, longo período em
que deixou a saúde da população em risco, a se confirmar o
que ele próprio apresentou na coletiva.
• Sente-se agora na cadeira.
• Moscardi Grillo é delegado com altos sonhos na carreira.
Porém, pasme, tem apenas cinco anos como delegado e, pior,
foi reprovado no exame psicotécnico no concurso para
Delegado.
• Tomou posse com base numa liminar, em caráter precário.
• Sua primeira missão foi no Acre.
• Chegou lá, e no melhor estilo prendo e arrebento, indiciou e
prendeu 17 pessoas na chamada operação G7, acusando os
irmãos Tião e Jorge Viana de conluio com a corrupção.
• Sabem o que aconteceu três anos após, no início deste ano ?
A Justiça Federal do Acre absolveu “todos” os acusados por
Moscardi Grillo.
• Mais recente, foi autor de uma proeza que indignou a todos.
Tirou Guido Mantega da sala de cirurgia onde acompanhava
sua esposa acometida por câncer, para prendê-lo.
• Depois, foi às páginas amarelas da Veja, em pose posada,
para dizer que a PF tinha perdido o “timing” para prender Lula,
como que a lamentar tal fato. De quebra, agrediu o ministério
público.
• Com esse currículo todo, processando jornalistas aqui e ali,
Moscardi Grillo, delegado em início de carreira, com cinco
anos como delegado, é alçado pela gestão de Daiello como
coordenador da operação Lava Jato e como coordenador da
operação Carne Fraca.
• Moscardi Grillo é para Daiello o homem errado, no lugar
errado, mas na hora certa.
• Agora, a PF de Daiello começa a praticar o jogo mal cheiroso,
não de carne putrefata, mas da ameaça velada, insinuando
que “tem mais coisas, gravações que ainda não vieram à
tona, etc.”.
• Clara manobra para constranger o governo e fortalecer
Daiello.
• Vicente Cheloti, há duas décadas, foi um bom diretor da PF,
mas tinha o vezo de bravatear que tinha a redonda
abundância colada na cadeira.
• Até o dia em que o paciente e tolerante FHC, escorado pelo
General Alberto Cardoso, resolveu dar um basta e demitiu
Cheloti.
• A PF seguiu igual. E cresceu muito
(*) Texto que circula nas redes sociais de delegados e agentes da
polícia Federal. Autor desconhecido. Mas as informações conferem.

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  • 1. Operação LAVA CARNE e JATO FRACO (*) • Quem conhece os bastidores da PF, sabe perfeitamente o que aconteceu na rocambolesca operação policial que sangrou a economia do Brasil. • Vamos aos fatos, por partes, em rodízio, como se estivéssemos numa bela churrascaria. • O Diretor Geral da PF, Leandro Daiello Coimbra, ao contrário das carnes que mandou investigar, está com prazo de validade vencido. É o Manda-Chuva na corporação desde janeiro de 2011. É muito tempo. Nuncanastoriadestepaís houve um dirigente tão longevo. • Pior que o tempo é sua condição. De há muito perdeu o comando, a liderança, e o respeito entre os seus. É rejeitado solenemente por delegados e agentes. Já virou até motivo de chacota. • Isso é mortal num órgão policial, com lastro em hierarquia. Pergunte a qualquer militar ou policial os efeitos de um comandante que não lidera, não é respeitado. • As entidades que representam tiras e meganhas, agentes e delegados, ficam a se perguntar por que o governo não troca Daiello. Presidentes de sindicatos e associações estão sedentos por mudança na PF e apoiarão, sem hesitar um só minuto, o próximo diretor. • Por que então não se muda Daiello? • Este é X da questão. Nada a ver com Eike. • Até o piso de granito da recepção da sede da PF em Brasília, chamada “Máscara Negra”, sabe que Daiello sempre encena, em público, um jogo de “to cansado, quero sair”, mas faz articulações, estratagemas para ficar. • Quando Temer assumiu, houve uma expectativa grande – e positiva – de que novos ventos soprariam na PF, com a troca de Daiello. • Mas, o governo Temer, que começou discreto e tíbio, ficou com receio de trocar Daiello, com paúra do velho e surrado discurso de “abafar a Lava Jato”. • Tinha também o temor de Temer com a Olimpíada. A PF deixava vazar que se o governo tirasse Daiello seria responsabilizado por alguma tragédia nos jogos. • Lembra-se do espalhafato da prisão de três ou quatro malucos, pobre-coitados da área rural, que foram
  • 2. apresentados como “terroristas”, dias antes das Olimpíadas? Naquela ocasião, a PF de Daiello, percebendo o gosto de Alexandre de Moraes pelos holofotes, “deixou” o então ministro da Justiça apresentar a “operação” e os presos aos jornalistas. Como já havia feito antes, vestindo Moraes de preto e dando-lhe um facão para decepar pés de maconha no Paraguai. • Nós, jornalistas, que cobrimos a PF no batidão do dia-dia, sabemos que Daiello jamais foi o grande condutor da Lava Jato. Ao contrário, foi dela apenas “beneficiário”. • Os reais protagonistas, delegados Erika, Anselmo e Mauat, foram remetidos há poucos dias a um obsequioso silêncio em transferências para outros lugares, travestidas de “promoções”. • É aqui que surge o delegado MOSCARDI GRILLO. Na Lava Jato e na Carne Fraca. • É só perguntar na PF do Acre ou do Paraná, onde MOSCARDI GRILLO trabalhou. • A resposta será sempre a mesma: é um delegado vaidoso ao extremo, uma espécie de David Beckhan, um über-delegado. • Moscardi Grillo surge na Lava Jato para desfazer e desacreditar o trabalho sério do delegado Mario Fanton e do respeitado agente Dalmey Werlang, este último com quase trinta anos de casa. • Fanton e Dalmey estavam desvendando algumas impropriedades cometidas durante a investigação da Lava Jato. • Novo parênteses. É de se esperar que pela dimensão da investigação, algum pecadilho tenha mesmo sido cometido na Lava Jato. A conferir, num futuro próximo. • Mas, àquela altura, macular a Lava Jato não interessava a direção em Brasília, de jeito nenhum! • Moscardi Grillo, então, foi usado para “limpar a cena”. Se tiver curiosidade e interesse, pesquise. O fio do novelo é esse. • Assim, Moscardi Grillo, que já havia sido útil para varrer para debaixo do tapete alguns estorvos da Lava Jato, foi consolidado por Daiello como coordenador operacional da Lava Jato. • As Olimpíadas passam, a Lava Jato voa, e o governo Temer espera que Daiello, dando sequência ao que tantas vezes fala, peça para sair.
  • 3. • Mas, que nada. Fala que “quer sair”, mas se agarra no cargo. Escora-se em Moraes e no secretário-executivo Levi, como faz até hoje. Dizem que tem a ver com aquele precipitado anúncio, até hoje não explicado, feito por Moraes na véspera da prisão de Palocci, na campanha a prefeito de Duarte Nogueira, em Ribeirão Preto. Duarte Nogueira, aliás, alvo de delação da Odebrecht. • Vida que segue, Teori vai literal e espiritualmente aos céus, Moraes é “promovido” ao STF. • Assume o MJ o deputado Osmar Serraglio. • Natural que houvesse troca no comando da PF, sem nenhum stress. Ministro novo, novo diretor. Simples assim. • Neste momento, Daiello tira da cartola um número genial. Começa a espalhar que estava cansado, queria sair para uma função de adido no exterior, viaja para a Europa insinuando fazer uma prospecção e... começa a dizer que sairá, ele próprio, em “março ou abril”. • Ninguém entendeu bem o porquê da data cravada. Porque março ou abril? • Agora se explica tudo. • As grandes operação da PF começaram na época de ouro da PF, com a vitoriosa dobradinha Thomaz Bastos e Paulo Lacerda. Naquela época, as grandes operações eram centralizadas e executadas a partir do Edifício-Sede. Isso permitia fazer um filtro técnico, escalar delegados experientes e preparados, envolver toda a corporação de forma criteriosa e centralizar a divulgação do resultado das operações. • Esse responsável modelo jamais engessou a PF ou prejudicou as investigações. Quer um exemplo? O Mensalão, cuja investigação ocorreu nesse período, derrubando Zé Dirceu, Palocci e quase pondo a pique a reeleição de Lula. Em verdade histórica, só não houve o impeachment de Lula, porque o PSDB achou que ele sangraria até a eleição de 2006. • Agora é diferente. As investigações são descentralizadas e apenas apresentadas à direção geral em Brasília, que as homologa e apoia. • O pessoal do Paraná há muito tempo apresentou a Daiello a Operação Carne Fraca, com o intrépido Moscardi Grillo à frente.
  • 4. • Desde o início, percebeu-se que a operação Carne Fraca era temerária, que tratava de um tema muito técnico, explosivo para a economia do país. • Porém, contudo, entretanto... às favas com o Brasil ! • O Máscara-Negra enxergou ali um belíssimo potencial para fortalecer Daiello, pois a Lava Jato já deu o que tinha que dar, e teve seu protagonismo totalmente absorvido por Deltan e Janot. • Esse o script. • Na última sexta, a PF anunciou a “maior operação de sua história”. Fechou a sede da PF no Paraná, prejudicando até mesmo o serviço de passaporte. Jogou todo seu peso no chamamento da coletiva de imprensa e escolheu a data para frustrar os planos do ministério público de celebrar os 3 anos da Lava Jato. • Apresenta-se então “o cara” que fez toda a investigação da Carne Fraca nos últimos dois anos, longo, longo período em que deixou a saúde da população em risco, a se confirmar o que ele próprio apresentou na coletiva. • Sente-se agora na cadeira. • Moscardi Grillo é delegado com altos sonhos na carreira. Porém, pasme, tem apenas cinco anos como delegado e, pior, foi reprovado no exame psicotécnico no concurso para Delegado. • Tomou posse com base numa liminar, em caráter precário. • Sua primeira missão foi no Acre. • Chegou lá, e no melhor estilo prendo e arrebento, indiciou e prendeu 17 pessoas na chamada operação G7, acusando os irmãos Tião e Jorge Viana de conluio com a corrupção. • Sabem o que aconteceu três anos após, no início deste ano ? A Justiça Federal do Acre absolveu “todos” os acusados por Moscardi Grillo. • Mais recente, foi autor de uma proeza que indignou a todos. Tirou Guido Mantega da sala de cirurgia onde acompanhava sua esposa acometida por câncer, para prendê-lo. • Depois, foi às páginas amarelas da Veja, em pose posada, para dizer que a PF tinha perdido o “timing” para prender Lula, como que a lamentar tal fato. De quebra, agrediu o ministério público. • Com esse currículo todo, processando jornalistas aqui e ali, Moscardi Grillo, delegado em início de carreira, com cinco anos como delegado, é alçado pela gestão de Daiello como
  • 5. coordenador da operação Lava Jato e como coordenador da operação Carne Fraca. • Moscardi Grillo é para Daiello o homem errado, no lugar errado, mas na hora certa. • Agora, a PF de Daiello começa a praticar o jogo mal cheiroso, não de carne putrefata, mas da ameaça velada, insinuando que “tem mais coisas, gravações que ainda não vieram à tona, etc.”. • Clara manobra para constranger o governo e fortalecer Daiello. • Vicente Cheloti, há duas décadas, foi um bom diretor da PF, mas tinha o vezo de bravatear que tinha a redonda abundância colada na cadeira. • Até o dia em que o paciente e tolerante FHC, escorado pelo General Alberto Cardoso, resolveu dar um basta e demitiu Cheloti. • A PF seguiu igual. E cresceu muito (*) Texto que circula nas redes sociais de delegados e agentes da polícia Federal. Autor desconhecido. Mas as informações conferem.