Arcadismo ou Neoclassicismo
           Manoel Neves
ARCADISMO
                                                    aspectos formais
Torno	
  a	
  ver-­‐vos,	
  ó	
  montes;	
  o	
  des1no	
                             Aqui	
  estou	
  entre	
  Almentro,	
  entre	
  Corino	
  
Aqui	
  me	
  torna	
  a	
  pôr	
  nestes	
  outeiros,	
                             Os	
  meus	
  fiéis,	
  meus	
  doces	
  companheiros,	
  
Onde	
  um	
  tempo	
  os	
  gabões	
  deixei	
  grosseiros	
                                  Vendo	
  correr	
  os	
  míseros	
  vaqueiros	
  
Pelo	
  traje	
  da	
  Corte	
  rico	
  e	
  fino.	
                                                 Atrás	
  de	
  seu	
  cansado	
  desa1no.	
  
Se	
  o	
  bem	
  desta	
  choupana	
  pode	
  tanto,	
                                                  Aqui	
  descansa	
  a	
  louca	
  fantasia;	
  
Que	
  chega	
  a	
  ter	
  mais	
  preço,	
  e	
  mais	
  valia,	
                    E	
  o	
  que	
  até	
  agora	
  se	
  tornava	
  em	
  pranto,	
  
Que	
  da	
  cidade	
  o	
  lisonjeiro	
  encanto;	
                                                Se	
  converta	
  em	
  afetos	
  de	
  alegria.	
  	
  
                        COSTA,	
  Cláudio	
  Manuel	
  da.	
  Poemas	
  escolhidos.	
  Rio	
  de	
  Janeiro:	
  Ediouro,	
  1996.	
  


                                                     vocabulário simples;
                                                  frases na ordem direta;
                                           poucas figuras de linguagem;
                        preferência pelo metro e por formas clássicas.
QUESTÃO 01
                                                          ENEM-2008
Considerando	
  o	
  soneto	
  de	
  Cláudio	
  Manoel	
  da	
  Costa	
  e	
  os	
  elementos	
  cons1tu1vos	
  do	
  Arcadismo	
  
brasileiro,	
  assinale	
  a	
  opção	
  correta	
  acerca	
  da	
  relação	
  entre	
  o	
  poema	
  e	
  o	
  momento	
  histórico	
  de	
  
sua	
  produção.	
  
Os	
   “montes”	
   e	
   “outeiros”,	
   mencionados	
   na	
   primeira	
   estrofe,	
   são	
   imagens	
   relacionadas	
   à	
  
Metrópole,	
  ou	
  seja,	
  ao	
  lugar	
  onde	
  o	
  poeta	
  se	
  ves1u	
  com	
  traje	
  “rico	
  e	
  fino”.	
  
A	
   oposição	
   entre	
   a	
   Colônia	
   e	
   a	
   Metrópole,	
   como	
   núcleo	
   do	
   poema,	
   revela	
   uma	
   contradição	
  
vivenciada	
   pelo	
   poeta,	
   dividido	
   entre	
   a	
   civilidade	
   do	
   mundo	
   urbano	
   da	
   Metrópole	
   e	
   a       	
  
rus1cidade	
  da	
  terra	
  da	
  Colônia.	
  
O	
  bucolismo	
  presente	
  nas	
  imagens	
  do	
  poema	
  é	
  elemento	
  esté1co	
  do	
  Arcadismo	
  que	
  evidencia	
  a           	
  
preocupação	
  do	
  poeta	
  árcade	
  em	
  realizar	
  uma	
  representação	
  literária	
  realista	
  da	
  vida	
  nacional.	
  
A	
   relação	
   de	
   vantagem	
   da	
   “choupana”	
   sobre	
   a	
   “Cidade”,	
   na	
   terceira	
   estrofe,	
   é	
   formulação	
  
literária	
   que	
   reproduz	
   a	
   condição	
   histórica	
   paradoxalmente	
   vantajosa	
   da	
   Colônia	
   sobre	
   a        	
  
Metrópole.	
  
A	
   realidade	
   de	
   atraso	
   social,	
   polí1co	
   e	
   econômico	
   do	
   Brasil	
   Colônia	
   está	
   representada      	
  
este1camente	
   no	
   poema	
   pela	
   referência,	
   na	
   úl1ma	
   estrofe,	
   à	
   transformação	
   do	
   pranto	
   em      	
  
alegria.	
  
SOLUÇÃO COMENTADA
                                                              ENEM-2008
Esta	
   questão	
   propõe	
   uma	
   leitura	
   histórica	
   do	
   fenômeno	
   literário.	
   Sendo	
   assim,	
   se	
   se	
   considerar	
  
a	
   relação	
   entre	
   o	
   soneto	
   de	
   Cláudio	
   Manuel	
   da	
   Costa	
   e	
   seu	
   contexto	
   histórico,	
   a	
   única	
  
alterna1va	
   correta	
   é	
   a	
   letra	
   “b”,	
   na	
   medida	
   em	
   que,	
   no	
   poema	
   em	
   análise,	
   o	
   sujeito	
   poé1co	
  
condena	
   o	
   luxo	
   e	
   a	
   ostentação	
   de	
   aparências	
   da	
   cidade	
   e	
   defende	
   a	
   simplicidade	
   da	
   vida	
   no	
  
campo.	
  
ARCADISMO
                                             aspectos temáticos
   Quem	
  deixa	
  o	
  trato	
  pastoril,	
  amado	
                          Que	
  bem	
  é	
  ver	
  nos	
  campos	
  transladado	
  
   Pela	
  ingrata,	
  civil	
  correspondência,	
                               No	
  gênio	
  do	
  pastor,	
  o	
  da	
  inocência!	
  
   Ou	
  desconhece	
  o	
  rosto	
  da	
  violência,	
                          E	
  que	
  mal	
  é	
  no	
  trato,	
  e	
  na	
  aparência	
  
   Ou	
  do	
  re1ro	
  a	
  paz	
  não	
  tem	
  provado.	
                     Ver	
  sempre	
  o	
  cortesão	
  dissimulado!	
  
         Ali	
  respira	
  amor	
  sinceridade;	
                                    Ali	
  não	
  há	
  fortuna,	
  que	
  soçobre;	
  
Aqui	
  sempre	
  a	
  traição	
  seu	
  rosto	
  encobre;	
                     Aqui	
  quanto	
  se	
  observa,	
  é	
  variedade:	
  
Um	
  só	
  trata	
  a	
  men1ra,	
  outro	
  a	
  verdade.	
                    Oh	
  ventura	
  do	
  rico!	
  Oh	
  bem	
  do	
  pobre!	
  
                    COSTA,	
  Cláudio	
  Manuel	
  da.	
  Poemas	
  escolhidos.	
  Rio	
  de	
  Janeiro:	
  Ediouro,	
  1996.	
  


                          racionalismo, pastoralismo e bucolismo;
           locus amoenus, mito do bom selvagem e fugere urbem;
                              aurea mediocritas e inutilia truncat;
            mitologia greco-romana e convencionalismo amoroso.
QUESTÃO 02
                                            revisando o arcadismo
      O	
  “carpe	
  diem”,	
  postura	
  comumente	
  assumida	
  durante	
  o	
  Arcadismo,	
  está	
  presente	
  em:	
  
Sou	
  pastor;	
  não	
  te	
  nego;	
  os	
  meus	
  montados/	
  São	
  esses,	
  que	
  aí	
  vês;	
  vivo	
  contente/	
   	
  Ao	
  trazer	
  
entre	
  a	
  relva	
  florescente/	
  A	
  doce	
  companhia	
  dos	
  meus	
  gados.	
  
Prendamo-­‐nos,	
  Marília,	
  em	
  laço	
  estreito,/	
  gozemos	
  do	
  prazer	
  de	
  sãos	
  amores/	
  Sobre	
  as	
  nossas	
  
cabeças,/	
  Sem	
  que	
  o	
  possam	
  deter,	
  o	
  tempo	
  corre.	
  
Eu	
  vi	
  o	
  meu	
  semblante	
  numa	
  fonte,/	
  Dos	
  anos	
  inda	
  não	
  está	
  cortado:/	
  Os	
  Pastores	
  que	
  habitam	
  
este	
  monte/	
  Respeitam	
  o	
  poder	
  do	
  meu	
  cajado.	
  
Eu,	
  Marília,	
  não	
  fui	
  nenhum	
  vaqueiro,/	
  Fui	
  honrado	
  Pastor	
  da	
  tua	
  Aldeia;/	
  Ves1a	
  finas	
  lãs	
  e	
  1nha	
  
sempre,/	
  A	
  minha	
  choça	
  do	
  preciso	
  cheia.	
  
Neste	
   álamo	
   sombrio,	
   aonde	
   a	
   escura/	
   Noite	
   produz	
   a	
   imagem	
   do	
   segredo;/	
   Em	
   que	
   apenas	
  
dis1ngue	
  o	
  próprio	
  medo/	
  Do	
  feio	
  assombro	
  a	
  hórrida	
  figura	
  
SOLUÇÃO COMENTADA
                     revisando o arcadismo
O	
  convite	
  para	
  que	
  se	
  aproveite	
  o	
  dia	
  é	
  feito	
  na	
  alterna1va	
  “b”.	
  
QUESTÃO 03
                                             revisando o arcadismo
                                              Leia,	
  com	
  atenção,	
  o	
  texto	
  abaixo.	
  
                                           Aqui	
  o	
  povo	
  geme	
  e	
  os	
  seus	
  gemidos	
  
                                          Não	
  podem,	
  Doroteu,	
  chegar	
  ao	
  trono.	
  
                                            E	
  se	
  chegam,	
  sucede	
  quase	
  sempre	
  
                                           O	
  mesmo	
  que	
  sucede	
  nas	
  tormentas,	
  
                                                  Aonde	
  o	
  leve	
  barco	
  se	
  soçobra	
  
                                           Aonde	
  a	
  grande	
  nau	
  resiste	
  ao	
  vento.	
  	
  
Através	
   de	
   um	
   ditado	
   popular,	
   é	
   possível	
   reproduzir	
   as	
   ideias	
   expressas	
   no	
   trecho	
   acima.	
  
Assinale-­‐o:	
  
                                     A	
  corda	
  sempre	
  arrebenta	
  do	
  lado	
  mais	
  fraco.	
  
                                               Deus	
  ajuda	
  quem	
  cedo	
  madruga.	
  
                                  Água	
  mole	
  em	
  pedra	
  dura	
  tanto	
  bate	
  até	
  que	
  fura.	
  
                                          Gato	
  escaldado	
  tem	
  medo	
  de	
  água	
  fria.	
  
                                       Macaco	
  velho	
  não	
  põe	
  a	
  mão	
  em	
  cumbuca.	
  
SOLUÇÃO COMENTADA
                                             revisando o arcadismo
A	
  ideia	
  presente	
  no	
  trecho	
  extraído	
  de	
  Cartas	
  chilenas	
  é	
  a	
  que	
  o	
  povo	
  sempre	
  sofre	
  e	
  não	
  tem	
  
seus	
   apelos	
   atendidos.	
   De	
   nada	
   vale	
   o	
   que	
   eles	
   falam.	
   Sendo	
   assim,	
   sempre	
   sofrerão.	
   Sendo	
  
assim,	
  assinale-­‐se,	
  pois	
  a	
  alterna1va	
  “a”.	
  

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Revisional de estilos de época 03, arcadismo

  • 2. ARCADISMO aspectos formais Torno  a  ver-­‐vos,  ó  montes;  o  des1no   Aqui  estou  entre  Almentro,  entre  Corino   Aqui  me  torna  a  pôr  nestes  outeiros,   Os  meus  fiéis,  meus  doces  companheiros,   Onde  um  tempo  os  gabões  deixei  grosseiros   Vendo  correr  os  míseros  vaqueiros   Pelo  traje  da  Corte  rico  e  fino.   Atrás  de  seu  cansado  desa1no.   Se  o  bem  desta  choupana  pode  tanto,   Aqui  descansa  a  louca  fantasia;   Que  chega  a  ter  mais  preço,  e  mais  valia,   E  o  que  até  agora  se  tornava  em  pranto,   Que  da  cidade  o  lisonjeiro  encanto;   Se  converta  em  afetos  de  alegria.     COSTA,  Cláudio  Manuel  da.  Poemas  escolhidos.  Rio  de  Janeiro:  Ediouro,  1996.   vocabulário simples; frases na ordem direta; poucas figuras de linguagem; preferência pelo metro e por formas clássicas.
  • 3. QUESTÃO 01 ENEM-2008 Considerando  o  soneto  de  Cláudio  Manoel  da  Costa  e  os  elementos  cons1tu1vos  do  Arcadismo   brasileiro,  assinale  a  opção  correta  acerca  da  relação  entre  o  poema  e  o  momento  histórico  de   sua  produção.   Os   “montes”   e   “outeiros”,   mencionados   na   primeira   estrofe,   são   imagens   relacionadas   à   Metrópole,  ou  seja,  ao  lugar  onde  o  poeta  se  ves1u  com  traje  “rico  e  fino”.   A   oposição   entre   a   Colônia   e   a   Metrópole,   como   núcleo   do   poema,   revela   uma   contradição   vivenciada   pelo   poeta,   dividido   entre   a   civilidade   do   mundo   urbano   da   Metrópole   e   a   rus1cidade  da  terra  da  Colônia.   O  bucolismo  presente  nas  imagens  do  poema  é  elemento  esté1co  do  Arcadismo  que  evidencia  a   preocupação  do  poeta  árcade  em  realizar  uma  representação  literária  realista  da  vida  nacional.   A   relação   de   vantagem   da   “choupana”   sobre   a   “Cidade”,   na   terceira   estrofe,   é   formulação   literária   que   reproduz   a   condição   histórica   paradoxalmente   vantajosa   da   Colônia   sobre   a   Metrópole.   A   realidade   de   atraso   social,   polí1co   e   econômico   do   Brasil   Colônia   está   representada   este1camente   no   poema   pela   referência,   na   úl1ma   estrofe,   à   transformação   do   pranto   em   alegria.  
  • 4. SOLUÇÃO COMENTADA ENEM-2008 Esta   questão   propõe   uma   leitura   histórica   do   fenômeno   literário.   Sendo   assim,   se   se   considerar   a   relação   entre   o   soneto   de   Cláudio   Manuel   da   Costa   e   seu   contexto   histórico,   a   única   alterna1va   correta   é   a   letra   “b”,   na   medida   em   que,   no   poema   em   análise,   o   sujeito   poé1co   condena   o   luxo   e   a   ostentação   de   aparências   da   cidade   e   defende   a   simplicidade   da   vida   no   campo.  
  • 5. ARCADISMO aspectos temáticos Quem  deixa  o  trato  pastoril,  amado   Que  bem  é  ver  nos  campos  transladado   Pela  ingrata,  civil  correspondência,   No  gênio  do  pastor,  o  da  inocência!   Ou  desconhece  o  rosto  da  violência,   E  que  mal  é  no  trato,  e  na  aparência   Ou  do  re1ro  a  paz  não  tem  provado.   Ver  sempre  o  cortesão  dissimulado!   Ali  respira  amor  sinceridade;   Ali  não  há  fortuna,  que  soçobre;   Aqui  sempre  a  traição  seu  rosto  encobre;   Aqui  quanto  se  observa,  é  variedade:   Um  só  trata  a  men1ra,  outro  a  verdade.   Oh  ventura  do  rico!  Oh  bem  do  pobre!   COSTA,  Cláudio  Manuel  da.  Poemas  escolhidos.  Rio  de  Janeiro:  Ediouro,  1996.   racionalismo, pastoralismo e bucolismo; locus amoenus, mito do bom selvagem e fugere urbem; aurea mediocritas e inutilia truncat; mitologia greco-romana e convencionalismo amoroso.
  • 6. QUESTÃO 02 revisando o arcadismo O  “carpe  diem”,  postura  comumente  assumida  durante  o  Arcadismo,  está  presente  em:   Sou  pastor;  não  te  nego;  os  meus  montados/  São  esses,  que  aí  vês;  vivo  contente/    Ao  trazer   entre  a  relva  florescente/  A  doce  companhia  dos  meus  gados.   Prendamo-­‐nos,  Marília,  em  laço  estreito,/  gozemos  do  prazer  de  sãos  amores/  Sobre  as  nossas   cabeças,/  Sem  que  o  possam  deter,  o  tempo  corre.   Eu  vi  o  meu  semblante  numa  fonte,/  Dos  anos  inda  não  está  cortado:/  Os  Pastores  que  habitam   este  monte/  Respeitam  o  poder  do  meu  cajado.   Eu,  Marília,  não  fui  nenhum  vaqueiro,/  Fui  honrado  Pastor  da  tua  Aldeia;/  Ves1a  finas  lãs  e  1nha   sempre,/  A  minha  choça  do  preciso  cheia.   Neste   álamo   sombrio,   aonde   a   escura/   Noite   produz   a   imagem   do   segredo;/   Em   que   apenas   dis1ngue  o  próprio  medo/  Do  feio  assombro  a  hórrida  figura  
  • 7. SOLUÇÃO COMENTADA revisando o arcadismo O  convite  para  que  se  aproveite  o  dia  é  feito  na  alterna1va  “b”.  
  • 8. QUESTÃO 03 revisando o arcadismo Leia,  com  atenção,  o  texto  abaixo.   Aqui  o  povo  geme  e  os  seus  gemidos   Não  podem,  Doroteu,  chegar  ao  trono.   E  se  chegam,  sucede  quase  sempre   O  mesmo  que  sucede  nas  tormentas,   Aonde  o  leve  barco  se  soçobra   Aonde  a  grande  nau  resiste  ao  vento.     Através   de   um   ditado   popular,   é   possível   reproduzir   as   ideias   expressas   no   trecho   acima.   Assinale-­‐o:   A  corda  sempre  arrebenta  do  lado  mais  fraco.   Deus  ajuda  quem  cedo  madruga.   Água  mole  em  pedra  dura  tanto  bate  até  que  fura.   Gato  escaldado  tem  medo  de  água  fria.   Macaco  velho  não  põe  a  mão  em  cumbuca.  
  • 9. SOLUÇÃO COMENTADA revisando o arcadismo A  ideia  presente  no  trecho  extraído  de  Cartas  chilenas  é  a  que  o  povo  sempre  sofre  e  não  tem   seus   apelos   atendidos.   De   nada   vale   o   que   eles   falam.   Sendo   assim,   sempre   sofrerão.   Sendo   assim,  assinale-­‐se,  pois  a  alterna1va  “a”.