Sociologia da
Cultura
Aspectos teóricos: ideias e
conceitos de cultura
Profª. Dra. Maria Luzia Silva Mariano
• Unidade de Ensino: 1
• Competência da Unidade: Compreender a complexidade
do conceito de cultura e as diferentes perspectivas
teóricas.
• Resumo: Conhecer as diferentes perspectivas teóricas
sobre o conceito de cultura, considerando a análise sobre a
noção de Natureza e Civilização, assim como estudar as
contribuições de P. Bourdieu, Raymond Willians e Edward
Thompson.
• Palavras-chave: Cultura; Civilização; Natureza.
• Título da Teleaula: Aspectos teóricos: ideias e conceitos
de cultura.
• Teleaula nº: 1
Contextualização
• Definição de Cultura:
• Conjunto complexo de conhecimentos, crenças, arte, moral, direito,
costumes, hábitos, relações e práticas adquiridos pelos indivíduos em
uma sociedade;
• Conjunto de sistemas simbólicos (linguagem, arte, regras matrimoniais,
religiões, troca) que caracterizam um contexto social;
• Permite entender como os seres humanos,
apesar de possuírem a mesma estrutura
biológica, são tão diversos;
Contextualização
• Analisar a complexidade do conceito de cultura a partir de diferentes
perspectivas teóricas;
• Conhecer os debates sobre a cultura em contraponto à natureza;
• Analisar a relação entre cultura e de civilização;
• Compreender a relação entre cultura e
desigualdades sociais, assim como, sua relação com
as classes sociais;
Ciências Sociais e
Cultura
Primeiras Reflexões
 O tema da cultura não ocupou um lugar
privilegiado entre os primeiros estudos das
ciências sociais, em particular entre os clássicos
da Sociologia;
 A disseminação das ciências sociais por diversos
países e regiões foi acompanhada de um
interesse regional;
A tradição das Ciências Sociais, nos seus diversos ramos
disciplinares, confinava a esfera da cultura a certos gêneros
específicos: na Literatura, à discussão estética; na
Antropologia, à compreensão das sociedades indígenas,
folclore e cultura popular; na História, à reflexão sobre as
civilizações. [...] Pode-se ainda dizer que a análise dos
fenômenos culturais desfrutava de um prestígio “menor” no
campo intelectual. Com a institucionalização das Ciências
Sociais, objetos como partidos políticos, Estado,
modernização, industrialização e urbanização eram vistos
como “mais importantes” do que os estudos referentes à
cultura popular, às religiões, à cultura de massa. (ORTIZ,
2002, p. 27-28).
Primeiras Reflexões
 Temas como Estado, governo, movimentos
sociais, entre outros correlatos acabaram se
tornando hegemônicos nas ciências sociais,
ficando a cultura como tema subalterno;
 Com o processo de globalização, temos um
deslocamento do debate sobre identidade
nacional para identidades particulares, como,
por exemplo, identidade de gênero ou
identidade étnica;
Conceitos e ideias
de cultura
• Associação da cultura à conhecimentos ou
comportamentos específicos;
• Envolvimento das pessoas com atividades e
expressões artísticas;
• Agregada à contextos como: empresarial,
automotivo, relação paz-guerra;
• Há muitos usos e sentidos da ideia de cultura, o
que causa uma dificuldade para a definição
exata do que seja a cultura.
Antropologia Evolucionista
 O evolucionismo social ou darwinismo social vai
considerar que as sociedades evoluem assim
como as espécies;
 Desta forma, vão considerar não civilizadas as
sociedades que não vivem em um modelo
industrial como o nosso;
 O evolucionismo, que surge com a ciência
antropológica, conduz à concepção
etnocêntrica do mundo,
Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/evolucao-
humana.html Acesso em: 21 jun. 2023
Antropologia Evolucionista
 A sociedade europeia se considerava
“civilizada” e “complexa” por ter conseguido a
industrialização, a ciência, a tecnologia etc;
 Por isso, consideravam as demais culturas – as
das colônias – “primitivas” e “atrasadas”, por
não possuírem tecnologia como eles;
 Esta visão usava o conceito de "civilização" para
classificar, julgar e, posteriormente, justificar o
domínio de outros povos;
Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/evolucao-
humana.html Acesso em: 21 jun. 2023
Edward Tylor (1832 – 1917)
 Um dos pioneiros do pensamento
antropológico, esteve ligado a uma escola de
pensamento denominada Evolucionismo;
 Entendia que a cultura é fruto de um processo
evolutivo;
 Assim, todas as culturas teriam uma origem
comum, passando de um estado selvagem para
a civilização;
Disponível
em:
https://web.prm.ox.ac.uk/sma/index.php/articles/article-index/335-
edward-burnett-tylor-1832-1917.html
Acesso
em:
21
jun.
2023
Natureza, Cultura
e Civilização
Claude Lévi-Strauss (1908 - 2009)
• O autor é um Universalista – busca o que há de
comum em todas as sociedades humanas;
• Para o autor não há culturas melhores ou piores,
superiores ou inferiores;
• O ser humano é, ao mesmo tempo, um ser
biológico e um indivíduo social;
• Diversidade: se fôssemos determinados
integralmente pela natureza ou pela biologia, o
que explicaria as diferenças entre as pessoas e
entre as sociedades?
Disponível em:
https://www.aliancafrancesa.com.br/novidades/top-3-
curiosidades-sobre-claude-levi-strauss/ Acesso em: 21 jun. 2023
Disponível em: https://www.hostelworld.com/blog/pt/cafes-da-manha-pelo-mundo/ Acesso em: 23 jun. 2023
Disponível em: https://www.comprerural.com/urina-e-fezes-sao-usados-em-rituais-de-purificacao-entenda-porque-as-vacas-sao-sagradas-na-india/ Acesso em: 23 jun. 2023
Norbert Elias (1897-1990)
O comportamento do homem ocidental foi
sendo moldado, ao longo de séculos, por um
processo civilizador;
Civilização da sociedade ocidental: detentora
de determinadas características, como o nível
de tecnologia, as “suas maneiras”, o
desenvolvimento de sua cultura científica ou
sua visão de mundo.
Norbert Elias (1897-1990)
Entendimento de “civilização” como um
processo que está sempre em curso, num
movimento incessante;
O conceito de civilização tende a minimizar as
diferenças nacionais entre povos, destacando
aquilo que deveria ser (segundo os que adotam
essa perspectiva) o que é comum a todos os
seres humanos;
Cultura e Cotidiano
A Escola Estadual Luiz Gonzaga, situada na zona rural, estudam jovens e crianças
indígenas; tal contexto permite a convivência de crianças e jovens com
trajetórias muito distintas, já que além de suas histórias individuais eles
carregam consigo as características culturais de suas sociedades. Ao mesmo
tempo em que essa diversidade permitia o mútuo aprendizado e muitas
descobertas por parte dos sujeitos presentes na escola, também gerava
conflitos complexos.
Você identificou que os(as) estudantes indígenas estavam
sendo discriminados(as) e, como intervenção propôs
uma atividade: deveriam indicar o que tinha de
interessante em seus bairros e comunidades, assim como
identificar aquilo que eles consideravam como os
principais aspectos culturais de seu cotidiano.
Resolvendo a SP
• Os estudantes que moravam perto da
escola, em um bairro periférico, ficaram na
dúvida em relação ao que poderiam
apresentar nessa atividade;
• Não é simples definir cultura;
• Em diversos contextos é entendida como
sinônimo de determinados tipos de arte;
Resolvendo a SP
• Tudo aquilo que é produzido pelas pessoas
vivendo em sociedade é cultura;
• Não há uma hierarquia entre culturas, como
acreditavam os evolucionistas;
•
Há uma tendência, no senso comum,
em acreditar que existe cultura de
boa qualidade e cultura de qualidade
menor; assim, classificamos a música
e as artes de maneira geral.
Como você entende essa ideia hoje?
Existem culturas melhores que
outras?
Escola e Cultura
para Bourdieu
Pierre Bourdieu (1930 - 2002)
• Buscou compreender o sistema de ensino
escolar em diálogo com aspectos culturais;
• No início do século XX presumia-se que os
indivíduos competiriam dentro de um mesmo
sistema, e aqueles que se destacassem
avançariam em suas carreiras escolares e
acabariam, de forma justa, ocupando posições
superiores na hierarquia social;
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Bourdieu
Acesso
em:
17
mio.
2021.
Disponível em: https://infoenem.com.br/meritocracia/ Acesso em: 23 jun. 2023
Disponível em: https://www.giromarilia.com.br/colunas/essa-semana-vinicio-carrilho-martinez/meritocracia/3688 Acesso em: 23 jun. 2023
 A origem social passa a ocupar um papel central na análise, sendo
fundamental, para Bourdieu, levar em consideração a classe, a etnia, o
sexo, o local de moradia, entre outras questões;
 Bourdieu pensa a classe social para além de uma questão meramente
econômica, mas também simbólica e cultural que se reproduz na prática
social dos sujeitos
 Escola = neutra ?
 Os indivíduos, ao chegarem na escola, já trazem consigo uma “bagagem”
cultural e social;
 Por valorizar certos saberes em detrimento de
outros, a escola acaba sendo também uma
reprodutora das desigualdades sociais.
Campo, Habitus e
Capital Cultural
Conceitos Fundamentais
• Campo: tem-se para Bourdieu, como um espaço relativamente
autônomo que age sobre os sujeitos sem que eles tenham,
necessariamente, consciência disso;
• Se refere ao contexto social em que o indivíduo está inserido, que varia
em termos histórico e social;
• Habitus: estruturas sociais da subjetividade,
formadas a partir das condições do nascimento
(habitus primário) e ao longo da vida adulta
(habitus secundário) dos sujeitos;
Conceitos Fundamentais
• Seria, portanto, os valores e relações introjetadas pelos indivíduos,
geralmente, de maneira inconsciente;
• Assim, de maneira coletivizada e individualizada, o habitus compõe
uma dimensão corporal, uma social, uma ideológica e a simbólica;
• Campo e Habitus para o pesquisador francês,
eram peças-chave de uma investigação acerca da
vida cultural e do gosto na sociedade capitalista
de seu tempo;
Conceitos Fundamentais
• Capital: conceito que se
insere em uma relação
indissociável com o campo
e habitus;
• O sucesso escolar das crianças de diferentes classes
e frações de classe estão diretamente associadas à
distribuição desigual do capital cultural entre elas.
Capital Cultural: Vinculado aos
Saberes e gostos dos indivíduos
Capital
cultural
certificado
Capital
cultural
incorporado
Capital
cultural
objetivado
A cultura a partir
de uma abordagem
marxista
Edward Thompson (1924 - 1993)
• Influência do pensamento marxista – conceito de modo de
produção e superestrutura;
• Thompson não acha possível explicar um modo de produção
tomando uma única esfera da vida como determinante e deixar
em segundo plano os aspectos relacionados às normas sociais,
aos valores e à cultura, ou seja, à superestrutura;
• Evita a ideia de determinação da “base” sobre
superestrutura;
Edward Thompson (1924 - 1993)
• Buscou demonstrar que a classe operária não é fruto somente
do modo de produção, mas que ela atua em sua formação
também;
• A classe é pensada em contextos reais, portanto, apoiada em
relações;
• A classe deve ser vista como uma formação
social e cultural que surge a partir de processos
históricos;
Raymond Willians (1921 - 1988)
• A noção de superestrutura rejeita a compreensão de que ela
seria determinada pela “base” porque não pode ser pensada
como uma pura abstração econômica, como algo fixo, mas
como atividades reais, permeadas por contradições e, assim
sendo, como um processo dinâmico;
• O autor enfatiza os aspectos relacionados a
processos de arte, ao pensamento social e
político, às leis e instituições, à atividade
política e ideológica;
Raymond Willians (1921 - 1988)
• Hegemonia: conjunto de significados e valores que são vividos
diariamente e estão presentes em nossas práticas, naquilo que
pensamos e que orientam nossas ações;
• Ao vermos e sentirmos que outros sujeitos pensam e agem
como nós, os significados e os valores se confirmam;
• As nossas práticas cotidianas tendem a
reafirmar as ideias dominantes em nossa
sociedade.
Elitismo Cultural
Certo dia enquanto tomava café, a professora Jéssica notou que os
professores reclamavam muito de algumas atividades dos alunos, como o
som alto e o estilo escolhido, o funk. Comentário como: “Esse tipo de
música não tem nenhum conteúdo, só fala coisas vulgares” ou “Quando
não é baixaria, é letra de bandido” foram feitos por alguns professores.
Outro professor comentou que “Deveria ter algum projeto cultural da
prefeitura aqui no bairro para trazer cultura para esses jovens, para ver se
eles aprendem que esse tipo de música é ruim”.
Jéssica ficou incomodada com tudo que ouviu e
começou a se questionar algumas coisas:
• Como explicar a dificuldade dos professores com
a música funk e as práticas dos alunos?
• Por que os professores não compreendem os
significados daquela música e dos interesses dos
estudantes por ela?
• A partir de tais questionamentos, Jéssica teceu
algumas reflexões com os alunos a respeito das
questões levantadas a fim de levar as discussões
também para os outros professores;
• Hegemonia Cultural: a cultura dominante em uma sociedade é marcada
por experiências e práticas que são incentivadas e valorizadas no
cotidiano;
• Em toda sociedade há significados e práticas alternativas ou de oposição
à cultura dominante;
• Para além da música em si, a cultura dominante pressiona e reprime um
determinado grupo social, então, aqui também temos um processo de
repressão a uma cultura de classe social.
• A classe é pensada em contextos reais
relacionados às experiências vividas, elas não
existem de forma autônoma e independente.
• As formações culturais surgem a partir de processos históricos, e a
vivência desse processo histórico pode ser diferente a partir de alguns
elementos sociais, tais como idade, classe, gênero, etc;
• O conflito existente entre estudantes e professores, pode ser pensado a
partir desses elementos, pois incorporaram tradições e valores diversos.
O processo de escolarização
de fato tornou-se
democrático a ponto de
oportunizar mudanças sociais
na vida dos indivíduos?
Recapitulando
• Cultura: Conjunto complexo de conhecimentos, crenças, arte, moral,
direito, costumes, hábitos, relações e práticas adquiridos pelos
indivíduos em uma sociedade;
• Temas como Estado, governo, movimentos sociais, entre outros
correlatos acabaram se tornando hegemônicos nas ciências sociais,
ficando a cultura como tema subalterno;
Recapitulando
• Edward Tylor - Entendia que a cultura é fruto de
um processo evolutivo;
• Claude Lévi-Strauss – natureza / cultura.
• Norbert Elias e o processo civilizador.
• Pierre Bourdieu – cultura e educação
• Edward Thompson – rompe com o determinismo
econômico;
• Raymond Willians - As nossas práticas cotidianas
tendem a reafirmar as ideias dominantes em
nossa sociedade.
Sociologia Cultural, Aspecto teóricos e conceitos

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Sociologia Cultural, Aspecto teóricos e conceitos

  • 1. Sociologia da Cultura Aspectos teóricos: ideias e conceitos de cultura Profª. Dra. Maria Luzia Silva Mariano
  • 2. • Unidade de Ensino: 1 • Competência da Unidade: Compreender a complexidade do conceito de cultura e as diferentes perspectivas teóricas. • Resumo: Conhecer as diferentes perspectivas teóricas sobre o conceito de cultura, considerando a análise sobre a noção de Natureza e Civilização, assim como estudar as contribuições de P. Bourdieu, Raymond Willians e Edward Thompson. • Palavras-chave: Cultura; Civilização; Natureza. • Título da Teleaula: Aspectos teóricos: ideias e conceitos de cultura. • Teleaula nº: 1
  • 3. Contextualização • Definição de Cultura: • Conjunto complexo de conhecimentos, crenças, arte, moral, direito, costumes, hábitos, relações e práticas adquiridos pelos indivíduos em uma sociedade; • Conjunto de sistemas simbólicos (linguagem, arte, regras matrimoniais, religiões, troca) que caracterizam um contexto social; • Permite entender como os seres humanos, apesar de possuírem a mesma estrutura biológica, são tão diversos;
  • 4. Contextualização • Analisar a complexidade do conceito de cultura a partir de diferentes perspectivas teóricas; • Conhecer os debates sobre a cultura em contraponto à natureza; • Analisar a relação entre cultura e de civilização; • Compreender a relação entre cultura e desigualdades sociais, assim como, sua relação com as classes sociais;
  • 6. Primeiras Reflexões  O tema da cultura não ocupou um lugar privilegiado entre os primeiros estudos das ciências sociais, em particular entre os clássicos da Sociologia;  A disseminação das ciências sociais por diversos países e regiões foi acompanhada de um interesse regional;
  • 7. A tradição das Ciências Sociais, nos seus diversos ramos disciplinares, confinava a esfera da cultura a certos gêneros específicos: na Literatura, à discussão estética; na Antropologia, à compreensão das sociedades indígenas, folclore e cultura popular; na História, à reflexão sobre as civilizações. [...] Pode-se ainda dizer que a análise dos fenômenos culturais desfrutava de um prestígio “menor” no campo intelectual. Com a institucionalização das Ciências Sociais, objetos como partidos políticos, Estado, modernização, industrialização e urbanização eram vistos como “mais importantes” do que os estudos referentes à cultura popular, às religiões, à cultura de massa. (ORTIZ, 2002, p. 27-28).
  • 8. Primeiras Reflexões  Temas como Estado, governo, movimentos sociais, entre outros correlatos acabaram se tornando hegemônicos nas ciências sociais, ficando a cultura como tema subalterno;  Com o processo de globalização, temos um deslocamento do debate sobre identidade nacional para identidades particulares, como, por exemplo, identidade de gênero ou identidade étnica;
  • 10. • Associação da cultura à conhecimentos ou comportamentos específicos; • Envolvimento das pessoas com atividades e expressões artísticas; • Agregada à contextos como: empresarial, automotivo, relação paz-guerra; • Há muitos usos e sentidos da ideia de cultura, o que causa uma dificuldade para a definição exata do que seja a cultura.
  • 11. Antropologia Evolucionista  O evolucionismo social ou darwinismo social vai considerar que as sociedades evoluem assim como as espécies;  Desta forma, vão considerar não civilizadas as sociedades que não vivem em um modelo industrial como o nosso;  O evolucionismo, que surge com a ciência antropológica, conduz à concepção etnocêntrica do mundo, Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/evolucao- humana.html Acesso em: 21 jun. 2023
  • 12. Antropologia Evolucionista  A sociedade europeia se considerava “civilizada” e “complexa” por ter conseguido a industrialização, a ciência, a tecnologia etc;  Por isso, consideravam as demais culturas – as das colônias – “primitivas” e “atrasadas”, por não possuírem tecnologia como eles;  Esta visão usava o conceito de "civilização" para classificar, julgar e, posteriormente, justificar o domínio de outros povos; Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/evolucao- humana.html Acesso em: 21 jun. 2023
  • 13. Edward Tylor (1832 – 1917)  Um dos pioneiros do pensamento antropológico, esteve ligado a uma escola de pensamento denominada Evolucionismo;  Entendia que a cultura é fruto de um processo evolutivo;  Assim, todas as culturas teriam uma origem comum, passando de um estado selvagem para a civilização; Disponível em: https://web.prm.ox.ac.uk/sma/index.php/articles/article-index/335- edward-burnett-tylor-1832-1917.html Acesso em: 21 jun. 2023
  • 15. Claude Lévi-Strauss (1908 - 2009) • O autor é um Universalista – busca o que há de comum em todas as sociedades humanas; • Para o autor não há culturas melhores ou piores, superiores ou inferiores; • O ser humano é, ao mesmo tempo, um ser biológico e um indivíduo social; • Diversidade: se fôssemos determinados integralmente pela natureza ou pela biologia, o que explicaria as diferenças entre as pessoas e entre as sociedades? Disponível em: https://www.aliancafrancesa.com.br/novidades/top-3- curiosidades-sobre-claude-levi-strauss/ Acesso em: 21 jun. 2023
  • 18. Norbert Elias (1897-1990) O comportamento do homem ocidental foi sendo moldado, ao longo de séculos, por um processo civilizador; Civilização da sociedade ocidental: detentora de determinadas características, como o nível de tecnologia, as “suas maneiras”, o desenvolvimento de sua cultura científica ou sua visão de mundo.
  • 19. Norbert Elias (1897-1990) Entendimento de “civilização” como um processo que está sempre em curso, num movimento incessante; O conceito de civilização tende a minimizar as diferenças nacionais entre povos, destacando aquilo que deveria ser (segundo os que adotam essa perspectiva) o que é comum a todos os seres humanos;
  • 21. A Escola Estadual Luiz Gonzaga, situada na zona rural, estudam jovens e crianças indígenas; tal contexto permite a convivência de crianças e jovens com trajetórias muito distintas, já que além de suas histórias individuais eles carregam consigo as características culturais de suas sociedades. Ao mesmo tempo em que essa diversidade permitia o mútuo aprendizado e muitas descobertas por parte dos sujeitos presentes na escola, também gerava conflitos complexos. Você identificou que os(as) estudantes indígenas estavam sendo discriminados(as) e, como intervenção propôs uma atividade: deveriam indicar o que tinha de interessante em seus bairros e comunidades, assim como identificar aquilo que eles consideravam como os principais aspectos culturais de seu cotidiano.
  • 22. Resolvendo a SP • Os estudantes que moravam perto da escola, em um bairro periférico, ficaram na dúvida em relação ao que poderiam apresentar nessa atividade; • Não é simples definir cultura; • Em diversos contextos é entendida como sinônimo de determinados tipos de arte;
  • 23. Resolvendo a SP • Tudo aquilo que é produzido pelas pessoas vivendo em sociedade é cultura; • Não há uma hierarquia entre culturas, como acreditavam os evolucionistas; •
  • 24. Há uma tendência, no senso comum, em acreditar que existe cultura de boa qualidade e cultura de qualidade menor; assim, classificamos a música e as artes de maneira geral. Como você entende essa ideia hoje? Existem culturas melhores que outras?
  • 26. Pierre Bourdieu (1930 - 2002) • Buscou compreender o sistema de ensino escolar em diálogo com aspectos culturais; • No início do século XX presumia-se que os indivíduos competiriam dentro de um mesmo sistema, e aqueles que se destacassem avançariam em suas carreiras escolares e acabariam, de forma justa, ocupando posições superiores na hierarquia social; Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Bourdieu Acesso em: 17 mio. 2021.
  • 29.  A origem social passa a ocupar um papel central na análise, sendo fundamental, para Bourdieu, levar em consideração a classe, a etnia, o sexo, o local de moradia, entre outras questões;  Bourdieu pensa a classe social para além de uma questão meramente econômica, mas também simbólica e cultural que se reproduz na prática social dos sujeitos  Escola = neutra ?  Os indivíduos, ao chegarem na escola, já trazem consigo uma “bagagem” cultural e social;  Por valorizar certos saberes em detrimento de outros, a escola acaba sendo também uma reprodutora das desigualdades sociais.
  • 31. Conceitos Fundamentais • Campo: tem-se para Bourdieu, como um espaço relativamente autônomo que age sobre os sujeitos sem que eles tenham, necessariamente, consciência disso; • Se refere ao contexto social em que o indivíduo está inserido, que varia em termos histórico e social; • Habitus: estruturas sociais da subjetividade, formadas a partir das condições do nascimento (habitus primário) e ao longo da vida adulta (habitus secundário) dos sujeitos;
  • 32. Conceitos Fundamentais • Seria, portanto, os valores e relações introjetadas pelos indivíduos, geralmente, de maneira inconsciente; • Assim, de maneira coletivizada e individualizada, o habitus compõe uma dimensão corporal, uma social, uma ideológica e a simbólica; • Campo e Habitus para o pesquisador francês, eram peças-chave de uma investigação acerca da vida cultural e do gosto na sociedade capitalista de seu tempo;
  • 33. Conceitos Fundamentais • Capital: conceito que se insere em uma relação indissociável com o campo e habitus; • O sucesso escolar das crianças de diferentes classes e frações de classe estão diretamente associadas à distribuição desigual do capital cultural entre elas. Capital Cultural: Vinculado aos Saberes e gostos dos indivíduos Capital cultural certificado Capital cultural incorporado Capital cultural objetivado
  • 34. A cultura a partir de uma abordagem marxista
  • 35. Edward Thompson (1924 - 1993) • Influência do pensamento marxista – conceito de modo de produção e superestrutura; • Thompson não acha possível explicar um modo de produção tomando uma única esfera da vida como determinante e deixar em segundo plano os aspectos relacionados às normas sociais, aos valores e à cultura, ou seja, à superestrutura; • Evita a ideia de determinação da “base” sobre superestrutura;
  • 36. Edward Thompson (1924 - 1993) • Buscou demonstrar que a classe operária não é fruto somente do modo de produção, mas que ela atua em sua formação também; • A classe é pensada em contextos reais, portanto, apoiada em relações; • A classe deve ser vista como uma formação social e cultural que surge a partir de processos históricos;
  • 37. Raymond Willians (1921 - 1988) • A noção de superestrutura rejeita a compreensão de que ela seria determinada pela “base” porque não pode ser pensada como uma pura abstração econômica, como algo fixo, mas como atividades reais, permeadas por contradições e, assim sendo, como um processo dinâmico; • O autor enfatiza os aspectos relacionados a processos de arte, ao pensamento social e político, às leis e instituições, à atividade política e ideológica;
  • 38. Raymond Willians (1921 - 1988) • Hegemonia: conjunto de significados e valores que são vividos diariamente e estão presentes em nossas práticas, naquilo que pensamos e que orientam nossas ações; • Ao vermos e sentirmos que outros sujeitos pensam e agem como nós, os significados e os valores se confirmam; • As nossas práticas cotidianas tendem a reafirmar as ideias dominantes em nossa sociedade.
  • 40. Certo dia enquanto tomava café, a professora Jéssica notou que os professores reclamavam muito de algumas atividades dos alunos, como o som alto e o estilo escolhido, o funk. Comentário como: “Esse tipo de música não tem nenhum conteúdo, só fala coisas vulgares” ou “Quando não é baixaria, é letra de bandido” foram feitos por alguns professores. Outro professor comentou que “Deveria ter algum projeto cultural da prefeitura aqui no bairro para trazer cultura para esses jovens, para ver se eles aprendem que esse tipo de música é ruim”. Jéssica ficou incomodada com tudo que ouviu e começou a se questionar algumas coisas:
  • 41. • Como explicar a dificuldade dos professores com a música funk e as práticas dos alunos? • Por que os professores não compreendem os significados daquela música e dos interesses dos estudantes por ela? • A partir de tais questionamentos, Jéssica teceu algumas reflexões com os alunos a respeito das questões levantadas a fim de levar as discussões também para os outros professores;
  • 42. • Hegemonia Cultural: a cultura dominante em uma sociedade é marcada por experiências e práticas que são incentivadas e valorizadas no cotidiano; • Em toda sociedade há significados e práticas alternativas ou de oposição à cultura dominante; • Para além da música em si, a cultura dominante pressiona e reprime um determinado grupo social, então, aqui também temos um processo de repressão a uma cultura de classe social. • A classe é pensada em contextos reais relacionados às experiências vividas, elas não existem de forma autônoma e independente.
  • 43. • As formações culturais surgem a partir de processos históricos, e a vivência desse processo histórico pode ser diferente a partir de alguns elementos sociais, tais como idade, classe, gênero, etc; • O conflito existente entre estudantes e professores, pode ser pensado a partir desses elementos, pois incorporaram tradições e valores diversos.
  • 44. O processo de escolarização de fato tornou-se democrático a ponto de oportunizar mudanças sociais na vida dos indivíduos?
  • 45. Recapitulando • Cultura: Conjunto complexo de conhecimentos, crenças, arte, moral, direito, costumes, hábitos, relações e práticas adquiridos pelos indivíduos em uma sociedade; • Temas como Estado, governo, movimentos sociais, entre outros correlatos acabaram se tornando hegemônicos nas ciências sociais, ficando a cultura como tema subalterno;
  • 46. Recapitulando • Edward Tylor - Entendia que a cultura é fruto de um processo evolutivo; • Claude Lévi-Strauss – natureza / cultura. • Norbert Elias e o processo civilizador. • Pierre Bourdieu – cultura e educação • Edward Thompson – rompe com o determinismo econômico; • Raymond Willians - As nossas práticas cotidianas tendem a reafirmar as ideias dominantes em nossa sociedade.