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SÓCRATES, PLATÃO
E ARISTÓTELES
Por Bruno Carrasco,
psicoterapeuta existencial e professor
Filosofia Clássica A partir do século V a.C., os filósofos
gregos passam a se interessar sobre
os seres humanos, especialmente para
as relações que estabelecem entre si
na vida política e social, com o mundo
em geral e com o conhecimento.
A filosofia clássica da Grécia Antiga
marcou profundamente o pensamento
e a cultura ocidental. Esta forma de
pensar coincidiu com o apogeu
político, econômico e cultural das
cidades gregas, entre os séculos VI e
IV a.C., especialmente em Atenas.
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Contextualização
histórica
Até meados do século VIII a.C., Atenas
havia vivido sob o regime monárquico.
Entre os séculos VII e VI a.C., diversas
reformas possibilitaram uma nova
forma de governar, que entendia que
todos os cidadãos teriam o mesmo
direito perante as leis.
A democracia ateniense era uma
democracia direta, onde cada cidadão
tinha, além do voto, o direito à palavra.
As discussões aconteciam na principal
praça pública da cidade, onde os
cidadãos se reuniam em assembléia.
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Cultura
democrática
A instituição da democracia em Atenas
favoreceu o desenvolvimento de uma
cultura que valorizava o uso da palavra
e da razão.
As habilidades argumentativas dos
cidadãos tornaram-se um bem cada
vez mais apreciado e necessário a ser
desenvolvido. Os filósofos passam a
se deter em questões discursivas e de
valores.
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(Escola de Atenas, afresco de Rafael Sanzio, 1509-1511)ex-isto www.ex-isto.com
Sócrates de Atenas
(469-399 a.C.)
Sócrates é considerado o marco
divisório da história da filosofia grega.
Ele abandonou a preocupação dos
filósofos pré-socráticos em entender a
natureza e concentrou-se na
problemática do ser humano, dos
valores e do conhecimento.
Foi filho de um escultor e uma parteira
– herança que o levou a buscar,
simbolicamente, a ajudar seus
discípulos a dar à luz suas próprias
ideias.
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“Só sei que nada sei.”
(Sócrates)
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Filosofia de
Sócrates
Ele não deixou nada escrito, o que se
sabe de seu pensamento vem dos
textos de seus discípulos e de seus
adversários.
Ele procurava um fundamento para as
interrogações humanas, tais como: o
que é o bem? o que é a virtude? o que é
a justiça? Buscando a investigação de
uma essência (da virtude, da justiça,
do bem) a partir da qual a própria
realidade empírica pudesse ser
avaliada.
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Dialética Socrática A filosofia de Sócrates surgia por conta
do diálogo crítico, ou dialética, com
seus interlocutores, podendo ser
dividida em dois momentos básicos:
1) Refutação ou ironia – quando o
filósofo interrogava seus interlocutores
sobre aquilo que pensavam saber,
perguntando e procurando evidenciar
suas contradições. Seu objetivo era
fazê-los tomar consciência profunda
de suas próprias respostas, muitas
vezes repletas de conceitos vagos e
imprecisos.
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Dialética Socrática 2) Maiêutica – etapa em que ele
propunha aos discípulos uma nova
série de questões, com o objetivo de
ajudá-los a conceber ou reconstruir
suas próprias ideias. Essa fase é
chamada de maiêutica, por ser um
termo grego que significa a “arte de
trazer à luz”. Sua intenção era, partindo
da constatação da ignorância, que a
pessoa trouxesse à luz suas ideias e
pensamentos.
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“A dialética socrática consistia, em
grande parte, em refutar as teses
apresentadas pelo interlocutor. Mas a
refutação socrática tinha uma
intenção catártica, isto é, purificadora.
Sócrates pretendia purificar o
interlocutor das opiniões falsas que
ele tinha a respeito daquilo que era
objeto da pesquisa. Com isso, forçava
um novo ponto de partida que
permitisse, eventualmente, chegar ao
conhecimento da verdade.”
(Antônio Rezende, em ‘Curso de Filosofia’)
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A dialética socrática consistia, em
grande parte, em refutar as teses
apresentadas pelo interlocutor. Mas a
refutação socrática tinha uma intenção
purificadora.
Sócrates pretendia purificar o
interlocutor das opiniões falsas que
ele tinha a respeito daquilo que
entendia, ou supunha que entendia.
Com isso, forçava um novo ponto de
partida que permitisse, eventualmente,
chegar ao conhecimento da verdade.
Método Socrático
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O método socrático propõe um
questionamento sobre o senso
comum, das crenças e opiniões que
temos derivadas de nossa experiência,
muitas vezes equivocadas, imparciais
e incompletas.
Sócrates nos mostra que, com
frequência, não sabemos aquilo que
pensamos saber. Esse método revela a
fragilidade de nossos entendimentos e
aponta para a necessidade
aperfeiçoá-lo por meio da reflexão.
Método Socrático
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A resposta correta nunca é dada por
Sócrates, mas é através do diálogo e
da discussão ele possibilitará seu
interlocutor, ao cair em contradição e
hesitar quando parecia seguro, passe
por um processo de revisão de suas
crenças e opiniões, transformando sua
maneira de ver as coisas e chegando,
por si mesmo, ao verdadeiro e
autêntico conhecimento.
Método Socrático
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Maiêutica Sócrates caracterizou seu método
como maiêutica, que significa a arte de
fazer o parto, uma analogia com o
ofício de sua mãe, que era parteira.
Ele se considerava um parteiro de
ideias. O papel do filósofo, portanto,
não é transmitir um saber pronto e
acabado, mas fazer com que outro
indivíduo, seu interlocutor, através da
dialética, da discussão no diálogo, dê à
luz suas próprias ideias.
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“Conhece-te a ti mesmo.”
(Sócrates)
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Sócrates Sócrates não fundou nenhuma escola
filosófica, debatia suas reflexões em
praça pública.
Por conta de sua consciência crítica e
gerar questionamentos dos cidadãos,
foi acusado por não acreditar nos
deuses e corromper os jovens, sendo
condenado à morte pelo estado e
aceitou sua condenação, mantendo-se
coerente com seus princípios.
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A Morte de Sócrates, 1787. Pintura de Jacques-Louis Davidex-isto www.ex-isto.com
Platão
(428-348 a.C.)
Platão foi filósofo e matemático,
fundador da “Academia de Atenas”,
primeira instituição de ensino superior
do ocidente, tendo como objetivo as
investigações filosóficas e preparar as
pessoas para uma atuação na política
baseada na verdade e na justiça.
A proposta filosófica da Academia não
era uma mera transmissão de
conhecimentos, mas um esforço para
buscar a verdade, uma filosofia em seu
sentido de amor à sabedoria.
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Importância de
Platão
Platão fazia parte de uma das mais
nobres famílias atenienses. Seu nome
verdadeiro era Arístocles, mas, devido
a sua constituição física, recebeu o
apelido de Platão, termo grego que
significa “de ombros largos”.
Foi discípulo de Sócrates, a quem
considerava o mais sábio e o mais
justo dos homens. Depois da morte de
seu mestre, Platão empreendeu
inúmeras viagens, período em que
amadureceu suas reflexões filosóficas.
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Seu pensamento é tão vasto e
sua influência tão importante
que deram origem a uma
expressão famosa:
“toda filosofia ocidental são
notas de rodapé a Platão”.
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Metafísica de Platão Seu interesse estava para a metafísica,
as essências, o teórico e o que não
pode ser visto ou percebido pelos
órgãos dos sentidos. Ele entendia que
haviam dois mundos, o mundo das
ideias e o mundo das aparências.
O mundo que vivemos é apenas
aparente, uma falsa realidade que nos
oculta o mundo real, que nos impede
de conhecer as coisas como realmente
são. E o real é o mundo ideal, onde
estão todas as essências verdadeiras,
acessível apenas pela razão.
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Metafísica de Platão Seu interesse estava para a metafísica,
as essências, o teórico e o que não
pode ser visto ou percebido pelos
órgãos dos sentidos. Ele entendia que
haviam dois mundos, o mundo das
ideias e o mundo das aparências.
O mundo em que vivemos é apenas
aparente, uma falsa realidade que nos
oculta o mundo real, que nos impede
de conhecer as coisas como realmente
são. E o real é o mundo ideal, onde
estão todas as essências verdadeiras,
acessível apenas pela razão.
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Teoria das ideias Platão propõe uma ontologia dualista,
onde destaca duas realidades opostas:
O mundo sensível: a matéria e as
coisas como as percebemos na vida
cotidiana por meio das sensações, que
surgem e desaparecem, são
temporárias, mutáveis e corruptíveis;
O mundo inteligível: as ideias, que são
sempre as mesmas, e nos permitem
experimentar a dimensão do eterno, do
imutável e do perfeito, pois todas as
ideias derivariam da ideia do bem.
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Mundo das
ideias
Mundo
sensível
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Dualismo de Platão
e filosofia anterior
A concepção dualista de Platão opera
uma mudança radical em relação aos
filósofos anteriores, situando o ser
verdadeiro fora do mundo sensível.
Os filósofos pré-socráticos buscavam
a arché das coisas nas próprias coisas,
Sócrates entendia que a essência ou o
ser verdadeiro se encontrava nas
coisas, ou em si mesmo, conforme sua
famosa frase “conhece-te a ti mesmo”.
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Alegoria da Caverna De acordo com essa alegoria, homens
eram prisioneiros desde pequenos
numa caverna escura e estão
amarrados de modo que os obriga a
permanecer de costas para a saída da
caverna.
Eles nunca saíram e eram impedidos
de ver o que havia fora dela. Porém,
devido à luz de um fogo que entra por
essa abertura, podem contemplar na
parede do fundo da caverna a projeção
das sombras dos seres que passam
em frente ao fogo lá fora.
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Alegoria da Caverna Acostumados a ver apenas as
sombras, acreditam que seja a
verdadeira realidade. Se saíssem da
caverna e vissem as coisas do mundo,
não as veriam como verdadeiras, pois
elas se diferem das imagens que eles
possuem como verdadeiras. Para
percebê-las levaria um tempo.
Estando acostumados às sombras, às
ilusões, teriam de habituar os olhos à
visão do real, até que pudessem
encarar diretamente o Sol e enxergar a
fonte de toda a luminosidade.
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Sócrates, Platão e Aristóteles
Verdade para Platão Segundo Platão, conhecer a verdade
implica num processo de passagem
progressiva do mundo sensível, das
sombras e aparências, para o mundo
das ideias, das essências e verdade.
Esse processo se inicia pelas
sensações dos sentidos, responsáveis
pela opinião (doxa) sobre a realidade.
O conhecimento deve ultrapassar a
esfera das impressões, e alcançar a
esfera racional de mundo (episteme),
que corresponde ao mundo das ideias.
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Inatismo e
reminiscência da
alma
Esse procedimento consiste na
contraposição de uma opinião à crítica
dela, pela afirmação de uma tese
seguida de uma negação desta tese,
com o objetivo de purificá-la dos erros,
alcançando as ideias verdadeiras.
Nesse processo vamos recordando as
verdades eternas e imutáveis que já
haviam sido contempladas por nossa
alma, antes de nossa existência
material. O conhecimento verdadeiro é
uma imagem do passado, uma
reminiscência da alma.
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Aristóteles
(385-323a.C.)
Aristóteles foi aluno de Platão e tutor
de Alexandre, o Grande.
Foi um dos filósofos mais influentes da
antiguidade e precursor da filosofia
ocidental. Sua obras tratam de
variados assuntos, desde a metafísica
até a música, governo, física e poesia.
Ele defendeu a ideia de que é possível
fazer ciência sobre o real e concreto,
por meio de definições e conceitos que
permanecem inalterados.
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Aristóteles Segundo Aristóteles, o universo é um
todo ordenado por leis constantes e
imutáveis, essa ordem não rege
apenas fenômenos da natureza, mas
também a política, moral e estética.
Rejeitou a teoria das ideias de Platão,
segundo ele, esta não explica o
movimento e mudança das coisas.
Para ele, a filosofia corresponde ao
abandono do senso comum para
despertar a consciência crítica, dando
lugar ao espanto, sendo este a origem
do filosofar.
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“Foi por conta do espanto e
do assombro que os homens
começaram a filosofar e,
pelo mesmo motivo,
filosofam até hoje.”
(Aristóteles)
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Breve biografia Por volta de 335 a.C., Aristóteles
fundou em Atenas, sua própria escola
filosófica, conhecida como Liceu.
Nesse local permaneceu ensinando
durante aproximadamente 12 anos.
Apaixonado pela biologia, dedicou
inúmeros estudos à observação da
natureza e à classificação dos seres
vivos, buscando elaborar um
entendimento científico da realidade,
usando a lógica como ferramenta do
raciocínio.
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Ciência e realidade
empírica
Segundo Aristóteles, a finalidade da
ciência era desvendar a constituição
essencial dos seres, procurando definir
em termos reais.
A ciência deveria partir da realidade
empírica para buscar as estruturas
essenciais de cada ser, partindo da
existência do ser individual para
atingir sua essência, seguindo um
processo de conhecimento que
caminharia do individual e específico
para o universal e genérico.
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Busca de
generalizações
O ser individual, concreto e único,
constituiria o objeto da ciência, mas
não seria o seu propósito. A finalidade
da ciência deveria ser a compreensão
do universal, estabelecendo definições
que possam ser utilizadas para todos.
Segundo ele, o conceito “ser humano” é
resultado da observação sistemática
de diversos seres que se atribui o
nome ‘humano’. Partindo do empírico
é possível estabelecer um conceito
generalista e universal.
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“As coisas são o que são em
sua própria natureza.”
(Aristóteles)
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Matéria e forma Para Aristóteles, o inteligível está neste
mundo e opera dentro das próprias
coisas. Ele concebeu que todas as
coisas eram constituídas de dois
princípios inseparáveis: matéria e
forma.
● Matéria: princípio indeterminado
dos seres, que é determinável pela
forma;
● Forma: o princípio determinado
em si próprio, que é determinante
em relação à matéria.
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Exemplo Nos processos de mudança, é a forma
que muda, enquanto que a matéria
mantém-se sempre a mesma. Por
exemplo, se um anel de ouro é
derretido para converter-se em uma
corrente de ouro, muda-se a forma (de
anel para corrente), mas mantém-se a
matéria (ouro).
Aristóteles não desprezava totalmente
a concepção de ideias eternas de seu
mestre Platão, mas apresenta neste
mundo, dando o nome de “forma”.
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Ato e potência Aristóteles observou que uma semente
não é uma planta, assim como um livro
não é uma árvore. Mas a semente
pode tornar-se uma árvore, o livro não.
Em todo ser, devemos distinguir:
● Ato: a manifestação atual do ser,
aquilo que ele já é (por exemplo: a
semente é, em ato, uma semente);
● Potência: as possibilidades do ser
(capacidade de ser), aquilo que
ainda não é, mas que pode vir a
ser (por exemplo: a semente é, em
potência, uma árvore).
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Como ocorre a
mudança?
Todas as coisas naturais são ato e
potência, são algo num momento e
podem vir a ser algo distinto. Uma
semente pode tornar-se uma árvore se
encontrar as condições para isso.
Ato e potência explicam a mudança no
mundo e a transitoriedade das coisas.
Relacionando esses de princípios nos
seres (matéria e forma; potência e ato),
podemos observar que a matéria
indeterminada é o ser em potência; a
forma é o ser em ato.
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Mudança nos seres
naturais e artificiais
Quando falamos de uma semente que
se transforma em árvore e em um anel
que se converte em corrente, estamos
nos referindo a duas classes distintas
de seres. No primeiro caso, temos um
ser natural, no qual a mudança ocorre
por um princípio interno. No segundo
caso, temos um ser artificial, cuja
transformação se dá por um princípio
externo. Há princípios internos e
externos que levam os seres ao
movimento, passando da potência ao
ato, esses princípios são o que o
filósofo denominou causas.
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Substância e
acidente
Por conta de condições climáticas,
uma árvore frutífera pode não vir a dar
frutos (contrariando sua potência),
Aristóteles classifica esses casos
como acidentes, que ocorre no ser, que
não fazem parte de sua essência.
Substância: atributo essencial do ser;
que mais intimamente corresponde ao
ser é e sem o qual ele não é;
Acidente: atributo circunstancial e não
essencial do ser; que ocorre no ser,
mas que não é necessário para definir
a natureza própria desse ser.
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Teoria das quatro
causas
Causa material: matéria de que é feita
uma coisa. Exemplo: o mármore
utilizado na confecção de uma estátua;
Causa formal: forma e configuração de
uma coisa. Exemplo: uma estátua em
forma de homem;
Causa eficiente: agente, àquele que
produz diretamente a coisa, que
transforma a matéria tendo em vista
uma forma. Exemplo: o escultor que
fez a estátua em forma de homem;
ex-isto www.ex-isto.com
Causa final
Causa final: refere-se ao objetivo, à
intenção, à finalidade ou à razão de ser
de uma coisa. Exemplo: a intenção de
exaltar a figura do soldado grego.
A causa final seria a mais importante
de todas, pois é ela que articula todas
as outras causas. No exemplo da
estátua do soldado ateniense, a
finalidade era exaltar o soldado grego.
O escultor (eficiente) necessita um
objetivo (finalidade) para trabalhar,
escolher a pedra mais adequada
(material) e uma figura (formal) para
entalhar.ex-isto www.ex-isto.com
Causa material:
pedra
Causa formal:
figura do guerreiro
Causa eficiente:
escultor
Causa final:
exaltar o soldado
ex-isto www.ex-isto.com
“(...) para Aristóteles, causa se diz em quatro
sentidos: causa material (a matéria de que a
coisa é feita); causa formal (a essência, isto
é, aquilo que identifica a coisa como aquilo
que ela, fundamentalmente, é); causa
eficiente (aquilo que produz a coisa); causa
final (aquilo em vista do que a coisa é feita).
Explicar a coisa cientificamente, para
Aristóteles, significa explicar pelas quatro
causas. A grande crítica que ele faz aos
pensadores que o precederam é que eles se
ocuparam só de uma ou duas causas; no caso
dos físicos pré-socráticos, foi basicamente a
causa material, ou melhor, o princípio
material (uma vez que se tratava da primeira
causa) que eles buscaram.”
(Antônio Rezende, em ‘Curso de Filosofia’)
ex-isto www.ex-isto.com
Ética do
meio-termo
Segundo Aristóteles, para o ser
humano ser feliz, ele deve viver de
acordo com sua essência (razão).
A razão o conduz à prática da virtude,
orientando seus atos. Para ele, a
virtude consiste na justa medida de
equilíbrio entre o excesso e a falta.
A virtude da prudência é o meio-termo
entre a precipitação e a negligência; a
virtude da coragem é o meio-termo
entre a covardia e a valentia insana; a
perseverança é o meio-termo entre a
fraqueza de vontade e a vontade
obsessiva.ex-isto www.ex-isto.com
Referências
Bibliográficas
BOTELHO, José F. A Odisséia da Filosofia: uma
breve história do pensamento ocidental. São
Paulo: Abril, 2016.
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna.
Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva,
2013.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da
Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 12
ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
NIETZSCHE, Friedrich. A Filosofia na Época
Trágica dos Gregos. São Paulo: Escala, 2008.
REZENDE, Antonio. Curso de Filosofia. Rio de
Janeiro: Zahar, 2016.
Por Bruno Carrasco Psicoterapeuta existencial e professor.
Graduado em Psicologia, licenciado em
Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em
Ensino de Filosofia e Psicologia
Existencial Humanista e
Fenomenológica, possui especialização
em Psicoterapia Fenomenológico
Existencial, formação em Arteterapia,
Educação Popular e Educação
Participativa.
www.brunopsiexistencial.tk
www.fb.com/brunopsiexistencial
www.instagram.com/brunopsiexistencial
ex-isto Ex-isto é um projeto dedicado ao estudo
e pesquisa sobre o existencialismo e
suas relações com a psicologia, filosofia,
psicoterapia, fenomenologia, literatura e
artes, iniciado no final de 2016.
Tem como intuito oferecer conteúdos
que facilitem a compreensão sobre os
temas pesquisados, por meio de textos,
vídeos, cursos ou livros, optando por
utilizar uma linguagem acessível, de
modo a promover reflexões sobre a
subjetividade, a condição humana e suas
possibilidades.
ex-isto
www.ex-isto.com
www.fb.com/existocom
www.youtube.com/existo
www.instagram.com/existocom
2020

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Sócrates, Platão e Aristóteles

  • 1. SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial e professor
  • 2. Filosofia Clássica A partir do século V a.C., os filósofos gregos passam a se interessar sobre os seres humanos, especialmente para as relações que estabelecem entre si na vida política e social, com o mundo em geral e com o conhecimento. A filosofia clássica da Grécia Antiga marcou profundamente o pensamento e a cultura ocidental. Esta forma de pensar coincidiu com o apogeu político, econômico e cultural das cidades gregas, entre os séculos VI e IV a.C., especialmente em Atenas. ex-isto www.ex-isto.com
  • 3. Contextualização histórica Até meados do século VIII a.C., Atenas havia vivido sob o regime monárquico. Entre os séculos VII e VI a.C., diversas reformas possibilitaram uma nova forma de governar, que entendia que todos os cidadãos teriam o mesmo direito perante as leis. A democracia ateniense era uma democracia direta, onde cada cidadão tinha, além do voto, o direito à palavra. As discussões aconteciam na principal praça pública da cidade, onde os cidadãos se reuniam em assembléia. ex-isto www.ex-isto.com
  • 4. Cultura democrática A instituição da democracia em Atenas favoreceu o desenvolvimento de uma cultura que valorizava o uso da palavra e da razão. As habilidades argumentativas dos cidadãos tornaram-se um bem cada vez mais apreciado e necessário a ser desenvolvido. Os filósofos passam a se deter em questões discursivas e de valores. ex-isto www.ex-isto.com
  • 5. (Escola de Atenas, afresco de Rafael Sanzio, 1509-1511)ex-isto www.ex-isto.com
  • 6. Sócrates de Atenas (469-399 a.C.) Sócrates é considerado o marco divisório da história da filosofia grega. Ele abandonou a preocupação dos filósofos pré-socráticos em entender a natureza e concentrou-se na problemática do ser humano, dos valores e do conhecimento. Foi filho de um escultor e uma parteira – herança que o levou a buscar, simbolicamente, a ajudar seus discípulos a dar à luz suas próprias ideias. ex-isto www.ex-isto.com
  • 7. “Só sei que nada sei.” (Sócrates) ex-isto www.ex-isto.com
  • 8. Filosofia de Sócrates Ele não deixou nada escrito, o que se sabe de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários. Ele procurava um fundamento para as interrogações humanas, tais como: o que é o bem? o que é a virtude? o que é a justiça? Buscando a investigação de uma essência (da virtude, da justiça, do bem) a partir da qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada. ex-isto www.ex-isto.com
  • 9. Dialética Socrática A filosofia de Sócrates surgia por conta do diálogo crítico, ou dialética, com seus interlocutores, podendo ser dividida em dois momentos básicos: 1) Refutação ou ironia – quando o filósofo interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber, perguntando e procurando evidenciar suas contradições. Seu objetivo era fazê-los tomar consciência profunda de suas próprias respostas, muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos. ex-isto www.ex-isto.com
  • 10. Dialética Socrática 2) Maiêutica – etapa em que ele propunha aos discípulos uma nova série de questões, com o objetivo de ajudá-los a conceber ou reconstruir suas próprias ideias. Essa fase é chamada de maiêutica, por ser um termo grego que significa a “arte de trazer à luz”. Sua intenção era, partindo da constatação da ignorância, que a pessoa trouxesse à luz suas ideias e pensamentos. ex-isto www.ex-isto.com
  • 11. “A dialética socrática consistia, em grande parte, em refutar as teses apresentadas pelo interlocutor. Mas a refutação socrática tinha uma intenção catártica, isto é, purificadora. Sócrates pretendia purificar o interlocutor das opiniões falsas que ele tinha a respeito daquilo que era objeto da pesquisa. Com isso, forçava um novo ponto de partida que permitisse, eventualmente, chegar ao conhecimento da verdade.” (Antônio Rezende, em ‘Curso de Filosofia’) ex-isto www.ex-isto.com
  • 12. A dialética socrática consistia, em grande parte, em refutar as teses apresentadas pelo interlocutor. Mas a refutação socrática tinha uma intenção purificadora. Sócrates pretendia purificar o interlocutor das opiniões falsas que ele tinha a respeito daquilo que entendia, ou supunha que entendia. Com isso, forçava um novo ponto de partida que permitisse, eventualmente, chegar ao conhecimento da verdade. Método Socrático ex-isto www.ex-isto.com
  • 13. O método socrático propõe um questionamento sobre o senso comum, das crenças e opiniões que temos derivadas de nossa experiência, muitas vezes equivocadas, imparciais e incompletas. Sócrates nos mostra que, com frequência, não sabemos aquilo que pensamos saber. Esse método revela a fragilidade de nossos entendimentos e aponta para a necessidade aperfeiçoá-lo por meio da reflexão. Método Socrático ex-isto www.ex-isto.com
  • 14. A resposta correta nunca é dada por Sócrates, mas é através do diálogo e da discussão ele possibilitará seu interlocutor, ao cair em contradição e hesitar quando parecia seguro, passe por um processo de revisão de suas crenças e opiniões, transformando sua maneira de ver as coisas e chegando, por si mesmo, ao verdadeiro e autêntico conhecimento. Método Socrático ex-isto www.ex-isto.com
  • 15. Maiêutica Sócrates caracterizou seu método como maiêutica, que significa a arte de fazer o parto, uma analogia com o ofício de sua mãe, que era parteira. Ele se considerava um parteiro de ideias. O papel do filósofo, portanto, não é transmitir um saber pronto e acabado, mas fazer com que outro indivíduo, seu interlocutor, através da dialética, da discussão no diálogo, dê à luz suas próprias ideias. ex-isto www.ex-isto.com
  • 16. “Conhece-te a ti mesmo.” (Sócrates) ex-isto www.ex-isto.com
  • 17. Sócrates Sócrates não fundou nenhuma escola filosófica, debatia suas reflexões em praça pública. Por conta de sua consciência crítica e gerar questionamentos dos cidadãos, foi acusado por não acreditar nos deuses e corromper os jovens, sendo condenado à morte pelo estado e aceitou sua condenação, mantendo-se coerente com seus princípios. ex-isto www.ex-isto.com
  • 18. A Morte de Sócrates, 1787. Pintura de Jacques-Louis Davidex-isto www.ex-isto.com
  • 19. Platão (428-348 a.C.) Platão foi filósofo e matemático, fundador da “Academia de Atenas”, primeira instituição de ensino superior do ocidente, tendo como objetivo as investigações filosóficas e preparar as pessoas para uma atuação na política baseada na verdade e na justiça. A proposta filosófica da Academia não era uma mera transmissão de conhecimentos, mas um esforço para buscar a verdade, uma filosofia em seu sentido de amor à sabedoria. ex-isto www.ex-isto.com
  • 20. Importância de Platão Platão fazia parte de uma das mais nobres famílias atenienses. Seu nome verdadeiro era Arístocles, mas, devido a sua constituição física, recebeu o apelido de Platão, termo grego que significa “de ombros largos”. Foi discípulo de Sócrates, a quem considerava o mais sábio e o mais justo dos homens. Depois da morte de seu mestre, Platão empreendeu inúmeras viagens, período em que amadureceu suas reflexões filosóficas. ex-isto www.ex-isto.com
  • 21. Seu pensamento é tão vasto e sua influência tão importante que deram origem a uma expressão famosa: “toda filosofia ocidental são notas de rodapé a Platão”. ex-isto www.ex-isto.com
  • 22. Metafísica de Platão Seu interesse estava para a metafísica, as essências, o teórico e o que não pode ser visto ou percebido pelos órgãos dos sentidos. Ele entendia que haviam dois mundos, o mundo das ideias e o mundo das aparências. O mundo que vivemos é apenas aparente, uma falsa realidade que nos oculta o mundo real, que nos impede de conhecer as coisas como realmente são. E o real é o mundo ideal, onde estão todas as essências verdadeiras, acessível apenas pela razão. ex-isto www.ex-isto.com
  • 23. Metafísica de Platão Seu interesse estava para a metafísica, as essências, o teórico e o que não pode ser visto ou percebido pelos órgãos dos sentidos. Ele entendia que haviam dois mundos, o mundo das ideias e o mundo das aparências. O mundo em que vivemos é apenas aparente, uma falsa realidade que nos oculta o mundo real, que nos impede de conhecer as coisas como realmente são. E o real é o mundo ideal, onde estão todas as essências verdadeiras, acessível apenas pela razão. ex-isto www.ex-isto.com
  • 24. Teoria das ideias Platão propõe uma ontologia dualista, onde destaca duas realidades opostas: O mundo sensível: a matéria e as coisas como as percebemos na vida cotidiana por meio das sensações, que surgem e desaparecem, são temporárias, mutáveis e corruptíveis; O mundo inteligível: as ideias, que são sempre as mesmas, e nos permitem experimentar a dimensão do eterno, do imutável e do perfeito, pois todas as ideias derivariam da ideia do bem. ex-isto www.ex-isto.com
  • 26. Dualismo de Platão e filosofia anterior A concepção dualista de Platão opera uma mudança radical em relação aos filósofos anteriores, situando o ser verdadeiro fora do mundo sensível. Os filósofos pré-socráticos buscavam a arché das coisas nas próprias coisas, Sócrates entendia que a essência ou o ser verdadeiro se encontrava nas coisas, ou em si mesmo, conforme sua famosa frase “conhece-te a ti mesmo”. ex-isto www.ex-isto.com
  • 27. Alegoria da Caverna De acordo com essa alegoria, homens eram prisioneiros desde pequenos numa caverna escura e estão amarrados de modo que os obriga a permanecer de costas para a saída da caverna. Eles nunca saíram e eram impedidos de ver o que havia fora dela. Porém, devido à luz de um fogo que entra por essa abertura, podem contemplar na parede do fundo da caverna a projeção das sombras dos seres que passam em frente ao fogo lá fora. ex-isto www.ex-isto.com
  • 28. Alegoria da Caverna Acostumados a ver apenas as sombras, acreditam que seja a verdadeira realidade. Se saíssem da caverna e vissem as coisas do mundo, não as veriam como verdadeiras, pois elas se diferem das imagens que eles possuem como verdadeiras. Para percebê-las levaria um tempo. Estando acostumados às sombras, às ilusões, teriam de habituar os olhos à visão do real, até que pudessem encarar diretamente o Sol e enxergar a fonte de toda a luminosidade. ex-isto www.ex-isto.com
  • 30. Verdade para Platão Segundo Platão, conhecer a verdade implica num processo de passagem progressiva do mundo sensível, das sombras e aparências, para o mundo das ideias, das essências e verdade. Esse processo se inicia pelas sensações dos sentidos, responsáveis pela opinião (doxa) sobre a realidade. O conhecimento deve ultrapassar a esfera das impressões, e alcançar a esfera racional de mundo (episteme), que corresponde ao mundo das ideias. ex-isto www.ex-isto.com
  • 31. Inatismo e reminiscência da alma Esse procedimento consiste na contraposição de uma opinião à crítica dela, pela afirmação de uma tese seguida de uma negação desta tese, com o objetivo de purificá-la dos erros, alcançando as ideias verdadeiras. Nesse processo vamos recordando as verdades eternas e imutáveis que já haviam sido contempladas por nossa alma, antes de nossa existência material. O conhecimento verdadeiro é uma imagem do passado, uma reminiscência da alma. ex-isto www.ex-isto.com
  • 32. Aristóteles (385-323a.C.) Aristóteles foi aluno de Platão e tutor de Alexandre, o Grande. Foi um dos filósofos mais influentes da antiguidade e precursor da filosofia ocidental. Sua obras tratam de variados assuntos, desde a metafísica até a música, governo, física e poesia. Ele defendeu a ideia de que é possível fazer ciência sobre o real e concreto, por meio de definições e conceitos que permanecem inalterados. ex-isto www.ex-isto.com
  • 33. Aristóteles Segundo Aristóteles, o universo é um todo ordenado por leis constantes e imutáveis, essa ordem não rege apenas fenômenos da natureza, mas também a política, moral e estética. Rejeitou a teoria das ideias de Platão, segundo ele, esta não explica o movimento e mudança das coisas. Para ele, a filosofia corresponde ao abandono do senso comum para despertar a consciência crítica, dando lugar ao espanto, sendo este a origem do filosofar. ex-isto www.ex-isto.com
  • 34. “Foi por conta do espanto e do assombro que os homens começaram a filosofar e, pelo mesmo motivo, filosofam até hoje.” (Aristóteles) ex-isto www.ex-isto.com
  • 35. Breve biografia Por volta de 335 a.C., Aristóteles fundou em Atenas, sua própria escola filosófica, conhecida como Liceu. Nesse local permaneceu ensinando durante aproximadamente 12 anos. Apaixonado pela biologia, dedicou inúmeros estudos à observação da natureza e à classificação dos seres vivos, buscando elaborar um entendimento científico da realidade, usando a lógica como ferramenta do raciocínio. ex-isto www.ex-isto.com
  • 36. Ciência e realidade empírica Segundo Aristóteles, a finalidade da ciência era desvendar a constituição essencial dos seres, procurando definir em termos reais. A ciência deveria partir da realidade empírica para buscar as estruturas essenciais de cada ser, partindo da existência do ser individual para atingir sua essência, seguindo um processo de conhecimento que caminharia do individual e específico para o universal e genérico. ex-isto www.ex-isto.com
  • 37. Busca de generalizações O ser individual, concreto e único, constituiria o objeto da ciência, mas não seria o seu propósito. A finalidade da ciência deveria ser a compreensão do universal, estabelecendo definições que possam ser utilizadas para todos. Segundo ele, o conceito “ser humano” é resultado da observação sistemática de diversos seres que se atribui o nome ‘humano’. Partindo do empírico é possível estabelecer um conceito generalista e universal. ex-isto www.ex-isto.com
  • 38. “As coisas são o que são em sua própria natureza.” (Aristóteles) ex-isto www.ex-isto.com
  • 39. Matéria e forma Para Aristóteles, o inteligível está neste mundo e opera dentro das próprias coisas. Ele concebeu que todas as coisas eram constituídas de dois princípios inseparáveis: matéria e forma. ● Matéria: princípio indeterminado dos seres, que é determinável pela forma; ● Forma: o princípio determinado em si próprio, que é determinante em relação à matéria. ex-isto www.ex-isto.com
  • 40. Exemplo Nos processos de mudança, é a forma que muda, enquanto que a matéria mantém-se sempre a mesma. Por exemplo, se um anel de ouro é derretido para converter-se em uma corrente de ouro, muda-se a forma (de anel para corrente), mas mantém-se a matéria (ouro). Aristóteles não desprezava totalmente a concepção de ideias eternas de seu mestre Platão, mas apresenta neste mundo, dando o nome de “forma”. ex-isto www.ex-isto.com
  • 41. Ato e potência Aristóteles observou que uma semente não é uma planta, assim como um livro não é uma árvore. Mas a semente pode tornar-se uma árvore, o livro não. Em todo ser, devemos distinguir: ● Ato: a manifestação atual do ser, aquilo que ele já é (por exemplo: a semente é, em ato, uma semente); ● Potência: as possibilidades do ser (capacidade de ser), aquilo que ainda não é, mas que pode vir a ser (por exemplo: a semente é, em potência, uma árvore). ex-isto www.ex-isto.com
  • 42. Como ocorre a mudança? Todas as coisas naturais são ato e potência, são algo num momento e podem vir a ser algo distinto. Uma semente pode tornar-se uma árvore se encontrar as condições para isso. Ato e potência explicam a mudança no mundo e a transitoriedade das coisas. Relacionando esses de princípios nos seres (matéria e forma; potência e ato), podemos observar que a matéria indeterminada é o ser em potência; a forma é o ser em ato. ex-isto www.ex-isto.com
  • 43. Mudança nos seres naturais e artificiais Quando falamos de uma semente que se transforma em árvore e em um anel que se converte em corrente, estamos nos referindo a duas classes distintas de seres. No primeiro caso, temos um ser natural, no qual a mudança ocorre por um princípio interno. No segundo caso, temos um ser artificial, cuja transformação se dá por um princípio externo. Há princípios internos e externos que levam os seres ao movimento, passando da potência ao ato, esses princípios são o que o filósofo denominou causas. ex-isto www.ex-isto.com
  • 44. Substância e acidente Por conta de condições climáticas, uma árvore frutífera pode não vir a dar frutos (contrariando sua potência), Aristóteles classifica esses casos como acidentes, que ocorre no ser, que não fazem parte de sua essência. Substância: atributo essencial do ser; que mais intimamente corresponde ao ser é e sem o qual ele não é; Acidente: atributo circunstancial e não essencial do ser; que ocorre no ser, mas que não é necessário para definir a natureza própria desse ser. ex-isto www.ex-isto.com
  • 45. Teoria das quatro causas Causa material: matéria de que é feita uma coisa. Exemplo: o mármore utilizado na confecção de uma estátua; Causa formal: forma e configuração de uma coisa. Exemplo: uma estátua em forma de homem; Causa eficiente: agente, àquele que produz diretamente a coisa, que transforma a matéria tendo em vista uma forma. Exemplo: o escultor que fez a estátua em forma de homem; ex-isto www.ex-isto.com
  • 46. Causa final Causa final: refere-se ao objetivo, à intenção, à finalidade ou à razão de ser de uma coisa. Exemplo: a intenção de exaltar a figura do soldado grego. A causa final seria a mais importante de todas, pois é ela que articula todas as outras causas. No exemplo da estátua do soldado ateniense, a finalidade era exaltar o soldado grego. O escultor (eficiente) necessita um objetivo (finalidade) para trabalhar, escolher a pedra mais adequada (material) e uma figura (formal) para entalhar.ex-isto www.ex-isto.com
  • 47. Causa material: pedra Causa formal: figura do guerreiro Causa eficiente: escultor Causa final: exaltar o soldado ex-isto www.ex-isto.com
  • 48. “(...) para Aristóteles, causa se diz em quatro sentidos: causa material (a matéria de que a coisa é feita); causa formal (a essência, isto é, aquilo que identifica a coisa como aquilo que ela, fundamentalmente, é); causa eficiente (aquilo que produz a coisa); causa final (aquilo em vista do que a coisa é feita). Explicar a coisa cientificamente, para Aristóteles, significa explicar pelas quatro causas. A grande crítica que ele faz aos pensadores que o precederam é que eles se ocuparam só de uma ou duas causas; no caso dos físicos pré-socráticos, foi basicamente a causa material, ou melhor, o princípio material (uma vez que se tratava da primeira causa) que eles buscaram.” (Antônio Rezende, em ‘Curso de Filosofia’) ex-isto www.ex-isto.com
  • 49. Ética do meio-termo Segundo Aristóteles, para o ser humano ser feliz, ele deve viver de acordo com sua essência (razão). A razão o conduz à prática da virtude, orientando seus atos. Para ele, a virtude consiste na justa medida de equilíbrio entre o excesso e a falta. A virtude da prudência é o meio-termo entre a precipitação e a negligência; a virtude da coragem é o meio-termo entre a covardia e a valentia insana; a perseverança é o meio-termo entre a fraqueza de vontade e a vontade obsessiva.ex-isto www.ex-isto.com
  • 50. Referências Bibliográficas BOTELHO, José F. A Odisséia da Filosofia: uma breve história do pensamento ocidental. São Paulo: Abril, 2016. COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2013. MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 12 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. NIETZSCHE, Friedrich. A Filosofia na Época Trágica dos Gregos. São Paulo: Escala, 2008. REZENDE, Antonio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
  • 51. Por Bruno Carrasco Psicoterapeuta existencial e professor. Graduado em Psicologia, licenciado em Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em Ensino de Filosofia e Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica, possui especialização em Psicoterapia Fenomenológico Existencial, formação em Arteterapia, Educação Popular e Educação Participativa. www.brunopsiexistencial.tk www.fb.com/brunopsiexistencial www.instagram.com/brunopsiexistencial
  • 52. ex-isto Ex-isto é um projeto dedicado ao estudo e pesquisa sobre o existencialismo e suas relações com a psicologia, filosofia, psicoterapia, fenomenologia, literatura e artes, iniciado no final de 2016. Tem como intuito oferecer conteúdos que facilitem a compreensão sobre os temas pesquisados, por meio de textos, vídeos, cursos ou livros, optando por utilizar uma linguagem acessível, de modo a promover reflexões sobre a subjetividade, a condição humana e suas possibilidades.