SlideShare uma empresa Scribd logo
Tarciso C. C. Leão
             Walkiria Rejane de Almeida
              Michele de Leão
                    Tarciso Sá Dechoum
                 Sílvia Renate Ziller
             Walkiria Rejane de Almeida
               Michele de Sá Dechoum
                     Sílvia Ziller




Espécies Exóticas Invasoras
 Espécies ExóticasBrasil
     no Nordeste do Invasoras
          no Nordeste do Brasil




Contextualização, Manejo e Políticas Públicas




 Contextualização, Manejo e Políticas Públicas
Espécies Exóticas Invasoras
        no Nordeste do Brasil:
Contextualização, Manejo e Políticas Públicas




                                                1
CEPAN – Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste

Severino Ribeiro Pinto
Diretor-presidente e Diretor de Projetos

Cristiane Lucena
Diretora-administrativa

Renata Torres
Gestora-financeira




                  Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental

                                                                 Gisele Bolzani
                                                                     Presidente

                                                 Geraldo Morceli Bolzani Júnior
                                                               Vice-Presidente

                                                            Sílvia Renate Ziller
                                                            Diretora-executiva




2
Tarciso C. C. Leão
           Walkiria Rejane de Almeida
            Michele de Sá Dechoum
              Sílvia Renate Ziller




      Espécies Exóticas Invasoras
        no Nordeste do Brasil:
Contextualização, Manejo e Políticas Públicas




                    CEPAN
                Instituto Hórus




                  Recife, 2011




                                                3
REALIZAÇÃO
Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan)
Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental

REVISÃO TÉCNICA
Diele Lôbo
Sônia Aline Roda

REVISÃO ORTOGRÁFICA
Consultexto

ILUSTRAÇÃO
Programa Global de Espécies Invasoras (Gisp)

FOTOGRAFIAS
Créditos nas fotos

APOIO
Conservação Internacional do Brasil
Monsanto
Associação para a Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (Amane)




                      Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
                                  (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
          Leão, T. C. C.; Almeida, W. R.; Dechoum, M.; Ziller, S. R.
                 Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualização,
          Manejo e Políticas Públicas / Tarciso C. C. Leão, Walkíria Regina Almeida, Michele
          Dechoum, Sílvia Renate Ziller – Recife: Cepan, 2011.

          99 páginas: il., fig.,tab.
          ISBN: 978-85-64352-00-1

          1. Espécies Exóticas Invasoras. 2. Mata Atlântica – Nordeste – Brasil. 3-
          Conservação da biodiversidade. 4. Política Ambiental. I. Leão, Tarciso. II Título

                                                                             CDD - 570



Para citação bibliográfica, usar a seguinte referência: LEÃO, T. C. C,; ALMEIDA, W. R.; DECHOUM, M.;
ZILLER, S. R. 2011. Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualização, Manejo e
Políticas Públicas. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste e Instituto Hórus de
Desenvolvimento e Conservação Ambiental. Recife, PE. 99 p.




         Esta publicação está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Atribuição-Uso Não
                     Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil.




4
SUMÁRIO




PARTE UM                               Contextualização
       1.                              O PROBLEMA DAS ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .                                                                                                  9
       2.                              UNIDADES DE CONSERVÃO E ESPÉCIES EXÓTICA INVASORAS . . . . . . . .                                                                                                                                            15
       3.                              HÁBITATS MAIS AMEAÇADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .           17

PARTE DOIS Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil
       4. SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE ESPÉCIES EXÓTICAS
       INVASORAS NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   21
       5. LISTA DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .                                                                                         23
       6. ANIMAIS EXÓTICOS INVASORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .                                                 25
       7. PLANTAS EXÓTICAS INVASORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .                                                 52

PARTE TRÊS Manejo e Políticas Públicas
       8. DIRETRIZES PARA O MANEJO DE ESPÉCIES EXÓTICAS
       INVASORAS EM ÁREAS NATURAIS TERRESTRES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .                                                                                                      77
       9. A CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRAGÉGIA ESTADUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .                                                                                                                            84



Referências Bibliográficas                                                                     ...................................................................................................................                                   88

Anexo                 ............................................................................................................................. .............................................                                                    97




                                                                                                                                                                                                                                                5
6
PARTE UM




CONTEXTUALIZAÇÃO
8
1.
                            O problema das Espécies Exóticas Invasoras

   O planeta Terra vive hoje uma das maiores             sobreviver no novo hábitat, ela é considerada
crises    de    perda       de    biodiversidade    já   estabelecida.   Caso   a    espécie   estabelecida
documentadas. As previsões dessa perda para a            expanda sua distribuição no novo hábitat,
próxima década são alarmantes, especialmente             ameaçando a biodiversidade nativa, ela passa a
nos países com alta diversidade (Wilson, 1997).          ser considerada uma espécie exótica invasora.
Dentre as mais de 47 mil espécies avaliadas                 Essas definições fornecidas pela CDB são
quanto ao risco de extinção em escala global,            utilizadas como referência para a construção de
pouco mais de um terço (36%) corre riscos reais          bases legais e de políticas públicas pelos países
de desaparecer caso as ameaças à biodiversidade          signatários da Convenção, como o Brasil, e são
não sejam controladas (CDB, 2010). Entre 1970            adotadas como base pelo Programa Global de
e 2006, as populações de animais vertebrados             Espécies Invasoras (Gisp). Por meio do Decreto n°
diminuíram em média 31% em escala global, e,             2, de 03 de fevereiro de 1994, o Brasil
nos trópicos, essa redução foi de 59% (WWF,              estabeleceu um compromisso legal com a CDB
2008).                                                   comprometendo-se a adotar e aplicar, no seu
   De forma resumida, as principais causas               território, as ações e os princípios da Convenção.
diretas da perda de biodiversidade são: a                No âmbito das espécies exóticas invasoras, isso
conversão de hábitats naturais em atividades             quer dizer que o País deve “impedir que sejam
humanas, como o avanço da fronteira agrícola;            introduzidas e deve controlar ou erradicar
as mudanças climáticas; as espécies exóticas             espécies exóticas que ameacem ecossistemas,
invasoras; a superexploração; e a poluição               hábitats ou espécies” (art. 8h da CDB, 1992). A
(Millennium     Ecosystem        Assessment,   2005).    mensagem desse artigo foi transposta para a Lei
Neste livro, abordaremos o problema das                  de Crimes Ambientais (art. 61 da Lei Federal n°
espécies exóticas invasoras.                             9.605/98), que considera crime ambiental a
   De acordo com as definições adotadas pela             disseminação de doenças ou pragas ou espécies
Convenção      Internacional      sobre Diversidade      que possam causar dano à agricultura, à
Biológica (CDB, 1992) na 6ª Conferência das              pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas.
Partes (CDB COP-6, Decisão VI/23, 2002), uma                As introduções de espécies podem ser
espécie é considerada exótica (ou introduzida)           voluntárias, quando há alguma intenção de uso
quando situada em um local diferente do de sua           da espécie para fins específicos; ou involuntária,
distribuição natural por causa de introdução             quando a introdução ocorre acidentalmente,
mediada      por    ações    humanas,     de    forma    como no caso de pragas agrícolas e vetores de
voluntária     ou   involuntária.    Se   a    espécie   doenças — vírus e bactérias (CDB COP-6,
introduzida consegue se reproduzir e gerar               Decisão   VI/23,   2002).    Frequentemente,      a
descendentes férteis, com alta probabilidade de          introdução voluntária de uma espécie exótica




                                                                                                           9
Yuri Yashin, achatina.ru, Bugwood.org
pode levar à introdução acidental de outras               escargot sem que houvesse qualquer estudo de
espécies a ela associadas, como é o caso de               mercado, verificação de experiências análogas
parasitas associados aos peixes introduzidos em           em outros países ou autorização do órgão
atividades     de   piscicultura.   Tais    parasitas,    competente. O resultado é que a comercialização
introduzidos            acidentalmente,          podem    foi um fracasso, levando ao abandono de
comprometer         a    sanidade      ambiental    da    criadouros e à soltura de caracóis no ambiente.
piscicultura    e   causar     novas    doenças     em    Atualmente, o caracol-gigante-africano já ocorre
ecossistemas naturais.                                    em pelo menos 23 dos 26 estados brasileiros
     Introduções intencionais de espécies são             (Thiengo et al., 2007).
motivadas por diversas razões que tangem fins                No Brasil, já foram registradas 386 espécies
sociais, econômicos e até ambientais. Espécies            exóticas invasoras e 11.263 ocorrências de
foram e são introduzidas para embelezar praças            invasão, de acordo com o banco de dados
e jardins, para uso na agropecuária, como                 nacional de espécies exóticas invasoras (veja
alternativa    de   renda     e   subsistência     para   http://i3n.institutohorus.org.br). Considerando
populações de baixa renda, para controle                  apenas as espécies terrestres registradas nesse
biológico de pragas e por outras razões.                  banco    de   dados,      cerca   de   70%   foram
     O caracol-gigante-africano (Achatina fulica),        introduzidas intencionalmente, quase sempre
por exemplo, foi introduzido no Brasil na década          por motivação econômica. As principais causas
de 1980 como um substituto da criação de                  dessas introduções são o uso ornamental e a




10
criação de animais de estimação, que juntos             Em um dos casos mais conhecidos de invasão
representam cerca de 40% das introduções             biológica no Brasil, a do mexilhão-dourado
intencionais.                                        (Limnoperna fortunei), a introdução involuntária
   Alguns dos casos mais graves de invasão           ocorreu via água de lastro de navios (Gisp,
biológica   no     Nordeste    do    Brasil   são    2005). O mexilhão-dourado é nativo do sudeste
consequências de introduções voluntárias. Um         asiático e foi detectado pela primeira vez na
caso emblemático é o do tucunaré (Cichla             América do Sul em 1991, no Rio da Prata, na
ocellaris) e da tilápia (Oreochromis niloticus) em   Argentina. A partir daí, estima-se que em 10
rios, lagos e açudes, o que certamente resultou      anos a espécie tenha se deslocado cerca de 2.400
em diversas extinções locais de espécies, com        km aderida a cascos de embarcações e a outras
perda de biodiversidade em escala regional           estruturas e equipamentos de navegação, pesca
(Rosa e Groth, 2004). Essas introduções foram        e mergulho, bem como através da extração e do
intensificadas por programas de governo que,         transporte de areia das margens dos rios.
por meio do Departamento de Obras Contra a              No trecho brasileiro do Rio Paraná, o
Seca (Dnocs), do Ministério da Integração            mexilhão-dourado foi detectado pela primeira
Nacional, levaram à introdução de 42 espécies de     vez na Usina Hidrelétrica de Itaipu, em abril de
peixes e crustáceos em aproximadamente 100           2001, e hoje já se encontra no Pantanal mato-
reservatórios de água doce no Nordeste (Gurgel       grossense.   A    espécie   atinge   densidades
e Fernando, 1994; Reaser et al., 2005).              populacionais de até 150 mil indivíduos por
   No           ambiente       marinho-costeiro,     metro quadrado, que resultam em incrustações
diferentemente da tendência geral, a maior parte     massivas e obstrução de tubulações e filtros de
das introduções ocorre de modo acidental. Os         água de estações de tratamento, indústrias e
maiores vetores de introdução involuntária no        usinas hidrelétricas, causando graves perdas
ambiente marinho-costeiro são as águas de            econômicas (Gisp, 2005). A Usina Hidrelétrica de
lastro e a incrustação em cascos de embarcações      Itaipu sofreu grandes prejuízos com o mexilhão-
que atracam nos portos (Gisp, 2005; Farrapeira       dourado, assim como o Departamento Municipal
et al., 2007), sobretudo navios com rotas            de Águas e Esgotos de Porto Alegre/RS.
internacionais. Em Pernambuco, por exemplo,             Impactos similares também ocorreram em
pelo menos 12 espécies exóticas de animais           ecossistemas terrestres com a introdução de
marinhos foram encontradas nos cascos de             espécies de plantas. Na Caatinga da Paraíba, por
navios que atracaram no porto do Recife, e           exemplo, há estudos que mostram que a invasão
algumas foram reconhecidas como invasoras            da algaroba (Prosopis juliflora) provoca perda de
(Farrapeira et al., 2007). Por meio dessa mesma      biodiversidade (Andrade et al., 2008) e pode
via, foi introduzida, na zona estuarina do Recife,   reduzir a disponibilidade de água. Segundo
a espécie exótica Mytilopsis leucophaeta (sururu-    Andrade et al. (2008), a invasão por essa espécie
branco), que tem a capacidade de formar              diminui drasticamente a riqueza de árvores e
colônias com alta densidade de indivíduos,           arbustos nativos e compromete a regeneração
inclusive sobre colônias do sururu nativo (Souza     natural da vegetação nativa. A espécie é
et al., 2005; JRB de Souza, comunicação pessoal).    classificada, na África do Sul, como a segunda




                                                                                                   11
espécie exótica invasora que mais consome água               programa de controle da dengue, dos quais 85%
e, portanto, prioritária para controle no país.              foram empregados na vigilância e no controle do
     A    disseminação       das   espécies       exóticas   mosquito (Braga e Valle, 2007).
invasoras     vem      causando         grandes     danos       Custos originados por espécies exóticas
econômicos (Gisp, 2005). Uma estimativa feita                invasoras podem ser claramente observados
em 2005 mostrou que as espécies exóticas                     quando produtos específicos são afetados. A
invasoras custam aos Estados Unidos mais de                  produção do algodão (Gossypium sp.), por
120 bilhões de dólares por ano (Pimentel et al.,             exemplo, cultivado em vários estados do Brasil,
2005). Em todo o mundo, as perdas na                         vem decrescendo nos últimos 15 anos em várias
agricultura são estimadas em até 248 bilhões de              partes, principalmente devido à invasão do
dólares por ano (Bright, 1999).                              bicudo-do-algodoeiro    (Anthonomus     grandis)
     No    Brasil,     apesar      de     ainda     haver    (Reaser et al., 2005). Esse besouro foi detectado
relativamente        pouca    informação      disponível     pela primeira vez em 1983 nos estados de São
sobre o assunto, as perdas agrícolas anuais                  Paulo e da Paraíba, a partir de onde a sua
relacionadas a algas, ácaros e plantas exóticas              dispersão para a maioria das áreas produtoras
invasoras em lavouras estão em torno de 42,6                 foi incrivelmente rápida. Em menos de 10 anos,
bilhões de dólares (Pimentel et al., 2001). Esse             todos os estados brasileiros produtores de
número tende a subestimar a gravidade do                     algodão já estavam invadidos (Lukefahr et al.,
problema, pois não estão computados impactos                 1994).
ambientais, extinção de espécies, perda de                      Espécies exóticas invasoras também causam
serviços ambientais, custos de prevenção e                   impactos aos ecossistemas, uma vez que
controle e custos derivados de problemas de                  modificam os ciclos ecológicos naturais, afetando
saúde humana. Para se ter uma ideia, em 2002 o               os serviços por eles prestados. A algaroba
Ministério da Saúde gastou 1 bilhão de reais no              (Prosopis juliflora), introduzida na Caatinga,




12
atinge o lençol freático profundo e pode exaurir      irradiador de invasões biológicas (Dehnen-
reservas vitais de água em ambientes onde esse        Schmutz et al., 2007) e pode ser considerada
recurso é escasso (Andrade et al., 2008), o que       uma das principais causas de homogeneização
tende   a   prejudicar   o    funcionamento     do    biológica em escala global (McKinney, 2006). A
ecossistema e reduzir a disponibilidade de água       tradição   de     usar      espécies        exóticas   na
para populações humanas e atividades agrícolas.       arborização      de     ruas,      praças    e   parques
   A    disseminação     de     espécies   exóticas   desvaloriza a riqueza da biodiversidade dos
invasoras também pode representar problemas           municípios e descaracteriza a composição
e custos à saúde humana em função da entrada          natural, favorecendo o desenvolvimento de uma
de patógenos e parasitas exóticos. O platelminto      cultura cada vez mais distanciada do ambiente
Schistosoma   mansoni,    agente     causador   da    natural circundante. De modo geral, diferentes
esquistossomose e provavelmente originário da         cidades brasileiras utilizam um conjunto similar
África, foi disseminado pelo mundo e já infectou      de espécies exóticas nas arborizações públicas.
mais de 80 milhões de pessoas (Morgan et al.,         Quando     são        utilizadas     árvores     exóticas
2001), sendo 3 milhões só no Brasil (Who,             reconhecidamente invasoras, cujas sementes são
1998). Três caracóis de água doce (Biomphalaria       dispersas por aves e morcegos, os riscos de
glabrata, B. tenagophila e B. straminea) são os       invasão    e     da       consequente        perda     de
responsáveis por sua transmissão no Brasil. Na        biodiversidade são maiores.
tentativa de controle biológico das populações           Em função da grande escala e do aumento
desses caracóis, foi introduzido o caracol-da-        dos problemas associados às espécies exóticas
malásia (Melanoides tuberculata), que compete         invasoras, a atenção da sociedade global voltada
por alimento com os caracóis hospedeiros e            para esse tema vem sendo cada vez maior (veja
devora seus ovos. Entretanto, o caracol-da-           CDB, 2010). A experiência internacional mostra
malásia é um hospedeiro intermediário de              que a estratégia mais eficiente para enfrentar o
outros parasitas, especialmente um trematódeo         problema é evitar novas introduções (Ziller et al.,
causador da paragonimíase (Paragonimus sp.),          2007), uma vez que, trabalhando-se com
que também afeta o homem (Reaser et al., 2005).       estratégias de prevenção, os custos são menores
O esforço mundial para tentar conter a gripe          e as chances de resolver os problemas são
suína (AH1N1), que hoje já é considerada uma          maiores quando comparadas às estratégias de
pandemia, é outro exemplo de dispersão de             controle pós-invasão. Os custos de controle de
doenças exóticas — só em maio de 2009, o              uma espécie exótica invasora são crescentes com
governo brasileiro disponibilizou 147 milhões de      o passar do tempo, e, por vezes, em estágios
reais para ações preventivas.                         avançados de invasão, torna-se praticamente
   A introdução de espécies exóticas pode ser         impossível a sua erradicação. Por isso, é
facilmente observada nos centros urbanos do           importante que governos estaduais e municipais
Brasil, onde, por exemplo, árvores e arbustos         reconheçam o quanto antes as ameaças das
exóticos têm sido amplamente utilizados no            invasões biológicas nos seus territórios para
paisagismo (Santos et al., 2008). A frequente         adotar medidas de prevenção e controle das
presença de espécies exóticas em centros              espécies exóticas invasoras, em concordância
urbanos funciona como um importante centro            com a Estratégia Nacional sobre Espécies



                                                                                                             13
Exóticas Invasoras (Resolução Conabio n° 5/09)   Internacional sobre Diversidade Biológica (CDB,
e o compromisso do Brasil com a Convenção        1992).




14
2.
     Unidades de conservação e Espécies Exóticas Invasoras

   Segundo o Sistema Nacional de Unidades de            a introdução de espécies exóticas em Unidades
Conservação (Lei Federal nº 9.985/00), é                de Conservação de proteção integral (art. 37), e é
proibida a introdução de espécies exóticas em           estabelecido que sejam tomadas medidas que
Unidades de Conservação (UCs). As Unidades de           desestimulem a introdução dessas espécies nas
Conservação são instituídas legalmente pelo             unidades de uso sustentável (art. 38). Nas
Poder Público para garantir que se faça de              regiões Sul e Sudeste, respectivamente, os
maneira adequada a conservação da natureza              estados   do   Paraná      e   do   Espírito     Santo
dentro de limites territoriais definidos (art. 2º,      determinaram      legalmente     que   devem        ser
Lei do SNUC nº 9.985/00). Portanto, dentro das          elaborados planos de controle e erradicação das
Unidades    de     Conservação,     as   ameaças    à   espécies exóticas invasoras nas Unidades de
biodiversidade       devem        ser     prevenidas,   Conservação estaduais (Portaria IAP nº 192/05 e
controladas e eliminadas.                               Instrução Normativa nº 3/07).
   Após    a     criação   de   uma      Unidade   de        As Unidades de Conservação de proteção
Conservação, o desafio seguinte é fazer com que         integral devem ser consideradas com especial
esta contribua efetivamente para a conservação          atenção, pois são refúgios naturais que devem
da biodiversidade e do ecossistema como um              ser salvaguardados em regime de perpetuidade.
todo. A invasão por espécies exóticas é                 A presença de espécies exóticas invasoras nessas
considerada a primeira causa de perda de                áreas é incompatível com a conservação da
biodiversidade em Unidades de Conservação               biodiversidade e dos recursos naturais e devem
(Gisp, 2005; Ziller e Zalba, 2007); portanto, não é     ser objeto de erradicação ou de controle
aceitável o não enfrentamento do problema               permanente. Invasões biológicas, ao contrário de
nessas áreas.                                           outras formas de degradação, tendem a crescer
   De acordo com o art. 31 da lei que estabelece        indefinidamente ao longo do tempo, e, devido à
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação           crescente pressão de propágulos existente
(Lei Federal nº 9.985/00), é proibida a                 nessas áreas, assim como à fragmentação e à
introdução de espécies exóticas em Unidades de          antropização das áreas no entorno, os cuidados
Conservação de proteção integral. A Estratégia          devem ser redobrados para impedir a chegada
Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras              de espécies exóticas invasoras e/ou promover a
(Resolução Conabio nº 5/09) reconhece e                 erradicação destas.
enfatiza a necessidade de ações de erradicação,              Em   Unidades    de   Conservação      de      uso
controle e monitoramento de espécies exóticas           sustentável, as espécies exóticas utilizadas com
invasoras nas UCs. Em Pernambuco, por meio do           fins produtivos devem ser manejadas em regime
Sistema Estadual de Unidades de Conservação             de    contenção   e   controle      para   evitar     a
(Seuc-PE, Lei Estadual nº 13.787/09), é proibida        proliferação para fora das áreas destinadas ao




                                                                                                             15
cultivo. É importante regulamentar o uso e a         invasoras em seu interior, ainda que isso seja
produção de espécies exóticas nas UCs de uso         possível, especialmente no bioma Amazônia.
sustentável e nas zonas de amortecimento de          Embora a informação não esteja disponível em
UCs de proteção integral para evitar que elas        maior detalhe, a expressiva ocorrência dessas
sejam focos permanentes de disseminação de           espécies   em   áreas   protegidas    indica   a
espécies exóticas invasoras. Políticas públicas de   necessidade de melhorar o nível de informação
apoio com visão de desenvolvimento sustentável       existente e de tomar atitudes imediatas para
e valorização da biodiversidade nativa são           estabelecer estratégias de prevenção e controle
fundamentais para que essa regulamentação seja       dessas espécies. Também é claro que os
possível.                                            problemas decorrentes de invasões biológicas só
     Sabe-se que, atualmente, grande parte das       podem ser tratados de forma eficiente através de
Unidades de Conservação no Brasil contém             iniciativas governamentais que permitam atingir
espécies exóticas invasoras. Vale ressaltar que      escala e fazer frente às ameaças, que podem ser
não há registro específico de Unidades de            globais.
Conservação que não possuam espécies exóticas




16
3.
                                                        Hábitats mais ameaçados
   A tendência, em todos os hábitats, é de que os   ilhas são enormes, e acredita-se que a principal
impactos causados pelas espécies exóticas           causa dessas extinções seja as espécies exóticas
invasoras aumentem com o tempo. Entretanto,         invasoras (Millennium Ecosystem Assessment,
esses impactos são especialmente maiores nas        2005). Nas ilhas, as espécies evoluíram, muitas
ilhas e nos sistemas de água doce, como rios e      vezes, sem predadores e desenvolveram hábitos
lagos    (Millennium   Ecosystem    Assessment,     extremamente     vulneráveis     a    predadores
2005).                                              invasores comuns, como gatos, serpentes e ratos.
   Geralmente, as espécies nativas das ilhas têm    Por exemplo, em Fernando de Noronha havia um
populações pequenas, distribuição limitada e        grande rato endêmico (Noronhomys vespuccii)
falta de adaptação a predadores, o que as torna     que foi extinto provavelmente por causa da
mais vulneráveis à extinção por espécies            introdução acidental do rato doméstico (Rattus
exóticas invasoras do que por espécies de áreas     rattus)   (Fernandez,   2004).       Outro   caso
continentais (Vitousek, 1997; Fernandez, 2004).     emblemático em Noronha é o da introdução
Populações menores, limitadas pela pequena          voluntária de 2casais de teiú (Tupinambis
área e disponibilidade de recursos das ilhas, são   merianae) na década de 1950. A intenção era de
naturalmente mais vulneráveis à extinção.           que os lagartos caçassem os ratos, mas eles
Associado ao fato de muitas espécies em ilhas       passaram a se alimentar de ovos de aves que
serem endêmicas, as taxas de extinção global em     nidificam na ilha e ampliaram sua população




                                                                                                        Michel Metran




                                                                                                  17
enormemente (Gisp, 2005). Em 2004, foi                Lago Vitória, na África, para desenvolver a
estimada uma população de teiús entre 2 mil e 8       indústria    pesqueira,         teve     consequências
mil indivíduos na ilha principal. O problema da       desastrosas para a fauna endêmica do lago e
introdução de predadores em ilhas que possuem         para as populações do entorno. Cerca de dois
espécies com hábitos especialmente vulneráveis        terços das espécies de peixes nativos do lago
à predação, como o hábito de pôr ovos no chão,        foram extintos ou ficaram ameaçados de
fez com que milhares de espécies de aves fossem       extinção, e a principal fonte de proteína das
extintas das ilhas com a colonização humana           comunidades     locais    foi     eliminada     (Ogutu-
(Fernandez, 2004).                                    Ohwayo,     1990;      Kaufman,        1992).   Para   a
     Sistemas de água doce formam hábitats            biodiversidade, fato semelhante ocorreu em
isolados    e    com      muitos     endemismos,      várias lagoas no Estado de Minas Gerais, onde foi
apresentando     vulnerabilidades    às    invasões   documentada uma redução de 50% na riqueza
biológicas similares às das ilhas. Em rios e lagos,   de peixes nativos após 10 anos da introdução do
as espécies exóticas invasoras são apontadas          tucunaré     (Cichla     ocellaris),      do     apaiari
como a segunda maior causa da perda de                (Astronotus ocellatus) e da piranha-vermelha
biodiversidade       (Millennium          Ecosystem   (Pygocentrus nattereri) (Reaser et al., 2005).
Assessment, 2005). As invasões em lagos estão
entre as mais catastróficas. A introdução
voluntária da perca-do-nilo (Lates niloticus) no




18
PARTE DOIS




19
     ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NO NORDESTE DO BRASIL
20
4.
  Sistema de informação sobre espécies exóticas invasoras
                                                 no Brasil

   O início da coleta e sistematização de             informações sobre espécies exóticas invasoras
informações sobre espécies exóticas invasoras         no Brasil e disponibiliza os dados para consulta
no Brasil ocorreu em 2003, por iniciativa do          por meio do site www.i3n.institutohorus.org.br
Instituto    Hórus     de    Desenvolvimento     e    ou por consultas via e-mail. A validação ocorre
Conservação    Ambiental     e   da   The   Nature    por consultas e aporte de especialistas que têm
Conservancy. Em 2005, com o apoio do                  acesso à base de dados via site do instituto. Essa
Ministério    do     Meio    Ambiente/Probio,    a    base de dados constituiu a principal referência
prospecção    de     dados   ganhou     abrangência   dos registros de espécies contidos neste livro.
nacional com a realização do Informe Nacional            Após quase uma década de construção
sobre Espécies Exóticas Invasoras, e um banco         contínua desse banco de dados brasileiro de
de dados foi estruturado com apoio da rede            espécies exóticas invasoras, começa a ser
temática de espécies exóticas invasoras (I3N) da      desenhado um quadro da situação das invasões
Rede Interamericana de Informação sobre               biológicas em escala nacional, embora ainda não
Biodiversidade (Iabin). A mesma estrutura de          seja possível ter uma dimensão fiel destas para
base de dados está em uso em outros 17 países         muitas   espécies    e   regiões.   Neste     livro,
nas Américas, com vistas a facilitar a troca de       aproveitamos     o   avanço    e    acúmulo       de
informações em nível continental.                     conhecimento no tema para darmos início à
   Durante a execução do projeto do Informe           divulgação para toda a sociedade do problema
Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, a         das invasões biológicas na Região Nordeste do
prospecção de informações sobre espécies              Brasil. As informações contidas nos capítulos
exóticas invasoras no Brasil e seus locais de         seguintes são especialmente importantes para
ocorrência foi realizada por consultores em cada      gestores ambientais — seja de Unidades de
bioma brasileiro e por redes de pesquisadores         Conservação, de órgãos ambientais estaduais ou
em instituições de ensino e pesquisa.                 municipais, de empresas, entre outros —, que
   A primeira validação de resultados foi feita       vêm se deparando cada vez mais com a
em uma reunião com especialistas promovida            problemática das invasões biológicas e que
pelo Ministério do Meio Ambiente em outubro           precisam de um bom entendimento sobre o
de 2005. O Instituto Hórus de Desenvolvimento e       assunto para tomar boas decisões nas suas áreas
Conservação    Ambiental     continua     coletando   de atuação.




                                                                                                        21
22
5.
                                         Lista de espécies exóticas invasoras

   Nos próximos capítulos, serão apresentadas         por ocorrerem em pelo menos 3 estados ou por
listas e informações acerca de espécies de            terem, pelo menos, 10 registros.
animais (Capítulo 6) e de plantas (Capítulo 7)           (3) Baixo risco: espécies exóticas que ainda
exóticas invasoras, ou potencialmente invasoras,      não foram reconhecidas como invasoras na
situadas em 7 estados da Região Nordeste              Região ou em outras regiões, ocorrem em menos
(Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio      de 3 estados e têm menos de 10 registros.
Grande do Norte e Sergipe). A inclusão de uma            As espécies de alto risco são aquelas que já
espécie nessas listas foi feita quando havia          estão   estabelecidas     e   já   expressam     sua
registro de estabelecimento (e, em poucos casos,      capacidade de invasão na Região Nordeste. Como
quando havia apenas registro da presença) da          nos     baseamos     em       informações      muito
espécie exótica em ambiente natural, de acordo        simplificadas para fazer essa classificação, é
com informações obtidas na base de dados              possível que as espécies de médio e baixo riscos
nacional de espécies exóticas invasoras e em          possam, de fato, apresentar maiores impactos. A
diversas publicações científicas regionais. No        intenção de criação da lista com a classificação é
entanto, cada espécie apresenta um risco              mais a de iniciar um processo de elucidação do
diferenciado de ser invasora e causar impactos        problema das invasões no Nordeste do que
ecológicos, sociais e econômicos. Por isso, cada      classificar em definitivo as ameaças. Ações
espécie foi classificada de acordo com o seu risco    relacionadas ao manejo dessas espécies devem
potencial. Temos ainda poucas informações para        ser realizadas com cuidado, baseadas em
fazer uma análise de risco precisa, mas já é          avaliações prévias mais aprofundadas, nas quais
possível fazer algumas distinções relativas para      participem especialistas capazes de orientá-las e
melhor orientar os esforços de pesquisa, o            referendá-las com base no melhor conhecimento
monitoramento e o manejo. Classificamos as            disponível no momento.
espécies em 3 categorias de risco:                       O número de ocorrências registradas ainda é
   (1)   Alto   risco:   espécies    exóticas   que   pequeno e certamente não reflete a realidade
apresentam reconhecido potencial invasor na           das espécies exóticas invasoras no Nordeste. O
Região ou em outras regiões, estão estabelecidas      baixo número de registros é um indicativo de
em ambientes naturais no Nordeste, ocorrem            que pouco se conhece sobre a potencial invasão
em, pelo menos, 3 dos 7 estados estudados e           dessas espécies e de que há necessidade de um
apresentam, no mínimo, 10 registros.                  maior esforço de pesquisa e descrição das
   (2) Médio risco: espécies exóticas que             invasões por técnicos e pesquisadores. Embora o
oferecem potencial risco por serem reconhecidas       número de registros possa subestimar o grau de
como invasoras na Região ou em outras regiões,        ameaça de espécies pouco registradas — como
                                                      consequência    de   poucos        estudos   —   ou




                                                                                                        23
superestimar     a   ameaça   de   espécies     com   Caracterização das Espécies, seções 6.2 e 7.2).
relativamente mais registros, esse número deve        Dentre as espécies de alto risco, 14 (7 animais e
estar   relacionado    com    a    frequência    de   7 plantas) são abordadas com mais detalhes
ocorrência real e a percepção da invasão pelos        sobre origem, distribuição global, histórico da
pesquisadores.                                        introdução, descrição da invasão, características
     Para cada espécie listada, são fornecidas        diferenciais e impactos decorrentes da invasão
informações básicas de rápido entendimento e          (veja Maiores Ameaças, seções 6.3 e 7.3).
os potenciais impactos da referida espécie (veja




24
6.
                                                           Animais exóticos invasores

        Abaixo estão listadas 69 espécies de animais exóticos invasores ou potencialmente invasores
encontrados em 7 estados da Região Nordeste (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio
Grande do Norte e Sergipe), ordenados de acordo com seus respectivos hábitats (água doce, marinho-
costeiro e terrestre), suas formas biológicas e seus nomes populares. A lista contém também o risco
de invasão (RI) — veja Seção 5 para explicação —, o nome científico, os estados onde foram
encontrados registros (Reg.) e o número total de registros considerando todos os 7 estados.



                                                                                        6.1.
                                                              Lista das espécies de animais
 Hábitat / Forma biológica /
                               RI*   Nome científico            AL   CE   PB   PE   PI   RN   SE   Reg#
 Nome popular
 ÁGUA DOCE                                                                                         1288
   Crustáceos                                                                                      3
    Camarão-gigante-da-              Macrobrachium
                               ++                                    CE                       SE   2
    malásia, pitu                    rosenbergii
    Camarão-pintado             +    Metapenaeus monoceros                PB                       1
   Moluscos                                                                                        48
    Berbigão                    +    Corbicula largillierti          CE                            1
    Berbigão                    +    Corbicula fluminea                   PB                       1
    Melanóide                  +++ Melanoides tuberculatus      AL   CE   PB   PE   PI   RN        26
    Physa européia             ++    Physella acuta                       PB                       20
   Peixes                                                                                          1235
    Apaiari                    +++ Astronotus ocellatus                   PB   PE        RN        180
    Bagre-do-canal             ++    Ictalurus punctatus             CE                            2
    Beta                       ++    Betta splendens                 CE        PE                  4
    Carpa-capim                ++    Ctenopharyngodon idella              PB                       10
    Carpa-comum                +++ Cyprinus carpio                   CE   PB   PE   PI   RN        222
    Guarú                      ++    Poecilia reticulata                       PE                  1
    Matrinchã, piraputanga      +  Brycon hilarii                    CE                            1
    Pescada-branca, corvina,       Plagioscion
                               +++                              AL             PE        RN        12
    pescada-do-piauí               squamosissimus
    Piranha                     +  Serrasalmus spilopleura                               RN        1
    Piranha-vermelha           ++    Pygocentrus nattereri           CE   PB                       11
    Tambaqui                   +++ Colossoma macropomum         AL   CE   PB   PE   PI   RN   SE   238
    Tamoatá, tamboatá          ++    Hoplosternum littorale          CE                            1
    Tilápia                    ++    Oreochromis macrochir                PB                       40
    Tilápia                    ++    Oreochromis sp.                      PB                  SE   5
    Tilápia, tilápia-do-nilo   +++ Oreochromis niloticus        AL   CE   PB   PE   PI   RN        244




                                                                                                         25
Hábitat / Forma biológica /
                                RI*   Nome científico             AL   CE   PB   PE   PI   RN   SE   Reg#
 Nome popular
                                      Oreochromis
      Tilápia-de-moçambique     ++                                          PB                       34
                                      mossambicus
      Tricogaster                +    Trichogaster trichopterus             PB                       1
      Tucunaré                  ++    Cichla monoculus                 CE             PI   RN        4
      Tucunaré                  +++ Cichla ocellaris                   CE   PB   PE   PI   RN        224
  Répteis                                                                                            2
   Tartaruga-de-orelha-
                                ++    Trachemys scripta                     PB        PI             2
   vermelha
 MARINHO-COSTEIRO                                                                                    116
     Anêmonas                                                                                        2
      Anêmona                    +    Haliplanella lineata                       PE                  1
      Anêmona-do-mar             +    Aiptasia pallida                           PE                  1
     Ascídias                                                                                        1
      Ascídia solitária          +    Styela plicata                             PE                  1
     Crustáceos                                                                                      101
      Camarão-branco-do-
                                +++ Litopenaeus vannamei               CE   PB   PE   PI   RN        62
      pacífico, camarão-cinza
      Camarão-tigre-gigante     ++    Penaeus monodon                            PE                  3
      Copépode                  ++    Temora turbinata                           PE             SE   6
                                      Pseudodiaptomus
      Copépodo                  ++                                     CE                  RN        11
                                      trihamatus
      Craca                      +    Amphibalanus reticulatus                   PE                  3
      Craca                      +    Amphibalanus subalbidus                    PE                  1
      Craca                      +    Conchoderma auritum                        PE                  1
      Craca                      +    Conchoderma virgatum                       PE                  1
      Craca                     ++    Megabalanus coccopoma                      PE                  1
      Craca                     ++    Striatobalanus amaryllis                   PE   PI             5
      Siri, siri-bidu           ++    Charybdis hellerii               CE   PB   PE                  7
     Medusas                                                                                         7
      Medusa                    ++    Blackfordia virginica                      PE                  7
     Moluscos                                                                                        3
      Mexilhão,
                                ++    Perna perna                                          RN        1
      mexilhão marrom
      Sururu-branco             ++    Mytilopsis leucophaeta                     PE                  2
     Poliquetas                                                                                      1
      Poliqueta                 ++    Polydora nuchalis                          PE                  1
 TERRESTRE                                                                                           1435
     Anfíbios                                                                                        6
      Rã-touro                  ++    Lithobates catesbeianus     AL             PE   PI   RN        6
     Aves                                                                                            433
      Bico-de-lacre             +++ Estrilda astrild                             PE   PI        SE   21
      Pardal                    +++ Passer domesticus                  CE   PB   PE        RN   SE   396
      Periquito-de-encontro-
                                 +    Brotogeris chiriri                         PE                  1
      amarelo
      Pombo-doméstico           +++ Columba livia                                PE   PI             14
      Tiriba-pérola              +    Pyrrhura lepida                            PE                  1
      Crustáceos                                                                                     2




26
Hábitat / Forma biológica /
                                   RI*   Nome científico              AL    CE   PB    PE    PI   RN    SE   Reg#
 Nome popular
    Tatuzinho-de-jardim             +    Agabiformius lentus                           PE                    1
     Tatuzinho-de-jardim            +    Niambia squamata                              PE                    1
     Insetos                                                                                                 614
     Abelha-africanizada           +++ Apis mellifera                       CE   PB    PE    PI   RN         144
     Formiga-cabeçuda-urbana        ++   Pheidole megacephala                          PE                    1
     Mosca, mosca-do-figo           ++   Zaprionus indianus                            PE                    4
     Mosquito-da-dengue            +++ Aedes aegypti                             PB          PI              446
     Mosquito-da-dengue            +++ Aedes albopictus                                PE         RN         18
     Rola-bosta-africano            ++   Digitonthophagus gazella                            PI              1
   Mamíferos                                                                                                 364
     Cachorro                       ++   Canis familiaris                              PE         RN         5
     Camundongo                    +++ Mus musculus                         CE         PE         RN         172
     Gato                           ++   Felis catus                                   PE                    1
     Mico-de-cheiro                 +    Saimiri sciureus                              PE                    1
     Mico-estrela, sagui-de-
                                    ++   Callithrix penicillata                        PE                    1
     tufo-preto
     Mocó                           ++   Kerodon rupestris                             PE                    1
     Rato, ratazana                +++ Rattus norvegicus                         PB    PE         RN         173
     Rato-preto, gabiru            +++ Rattus rattus                        CE   PB    PE                    10
   Moluscos                                                                                                  14
     Caracol-gigante-africano      +++ Achatina fulica                AL    CE   PB    PE         RN    SE   14
   Répteis                                                                                                   2
     Briba-de-casa, lagartixa       +    Hemidactylus mabouia                          PE                    1
      Teju, teiú                     ++ Tupinambis merianae                             PE                    1
* RI = risco de invasão: + (baixo risco), ++ (médio risco), +++ (alto risco). O detalhamento destas categorias
encontra-se na Lista de Espécies Invasoras, Seção 5.
#Reg = número de registros da espécie nos 7 estados




                                                                                                                   27
6.2.
                                              Caracterização das espécies de animais

ÁGUA DOCE


Crustáceos
Macrobrachium rosenbergii
Camarão-gigante-da-malásia                                 A
Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico, na Índia e
Malásia.
Impactos: Como esse camarão é afetado pelo vírus da mancha
branca, o escape de indivíduos contaminados para o ambiente
natural representa séria ameaça às espécies nativas. Pode
causar desequilíbrio nas populações de camarões nativos e




                                                                                                               Syrist
reduzir a biodiversidade, visto ser um carnívoro voraz.            A
Observações: Introduzido em várias partes do mundo para
cultivo. No Brasil, sua criação proliferou a partir da década de
1980.
Referências: Instituto Hórus (2009), Tavares e Mendonça Jr.




                                                                                                               Martins et al. (2006)
(2004).

Metapenaeus monoceros
Camarão-pintado
                                                                   B
Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico.
Impactos: Há risco de tornar-se competidor de espécies
nativas de peneídeos no Brasil.
Observações: Onívoro. Provavelmente introduzido via água
de lastro de navios. Já foi introduzido em vários países do




                                                                                                               Shawn Liston, AF, Bugwood.org
Mediterrâneo.
Referências: Instituto Hórus (2009), Tavares e Mendonça Jr.
(2004).

Moluscos
Corbicula largillierti
Berbigão                                                   B       C
Distribuição natural: China, Rios Yangtsé e Kiang.
Impactos: Espécies exóticas do gênero Corbicula têm aumentado rapidamente suas densidades populacionais
onde têm sido introduzidas, podendo causar impactos negativos aos moluscos nativos por competição.
Observações: Adensa-se mais nas margens dos açudes. Com a chegada de Corbicula fluminea, geralmente a
espécie desaparece, pois é competitivamente inferior. É facilmente confundida com Corbicula fluminea.
Referências: Instituto Hórus (2009), Mansur et al. (2004).

Corbicula fluminea
Berbigão                                                                                                   C
Distribuição natural: Sudeste Asiático.
Impactos: Causou diminuição drástica no número de moluscos nativos após sua introdução nos rios Paraná e
Paranapanema, no Sul-Sudeste do Brasil. Quando introduzido, rapidamente ultrapassa a densidade populacional
dos Corbiculidae nativos e demais espécies de bivalves nativos. Já causou grandes perdas econômicas devido à
sua incrustação e consequente entupimento de tubulações de água em usinas hidrelétricas.
Observações: Introduzido no Brasil provavelmente via água de lastro de navios. Primeiramente registrado no
Rio Grande do Sul, na década de 1970. Espécie estabelecida na Europa, Austrália, África e nas Américas do Norte
e do Sul.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Mansur et al. (2004).




28
Melanoides tuberculatus
Melanóide, caramujo-da-malásia                                                                          D
Distribuição natural: Nordeste africano e sudeste asiático.
Impactos: Altera as comunidades bentônicas nos ambientes que coloniza. É hospedeiro intermediário de
trematódeos parasitas de aves e mamíferos, o que pode causar-lhe a morte.
Observações: Introduzido em vários lugares do Brasil para controle biológico de caramujos hospedeiros
intermediários do Schistosoma mansoni, agente causador da esquistossomose. Espécie reconhecida como
invasora em diversos estados do Brasil, invasora no Golfo do México e no Caribe.
Referências: Instituto Hórus (2009), Fernandez et al. (2003), Reaser et al. (2005), Rocha-Miranda e Martins-
Silva (2006).

Physella acuta
Physa européia
Distribuição natural: Europa, Mediterrâneo e África
Observações Provavelmente introduzida via aquaricultura,
misturada ao substrato de plantas de aquário. Invasora nos
Estados Unidos (Havaí) e em Porto Rico.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Peixes




                                                                                                               Dennis L
Astronotus ocellatus
Apaiari                                                 E       D
Distribuição natural: Bacia do Rio Amazonas no Peru, na
Colômbia e no Brasil.
Impactos: Predação de espécies nativas, incluindo
invertebrados aquáticos e peixes, provocando redução da
biodiversidade nativa.
Observações: Introduzido voluntariamente em diversos lagos
e açudes do Nordeste na aquicultura. Espécie invasora na




                                                                                                               André Karwath
Austrália, em Porto Rico e nos Estados Unidos (Havaí).
Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002).
                                                                E
Ictalurus punctatus
Bagre-do-canal                                           F
Distribuição natural: Estados Unidos.
Impactos: Comumente, torna-se numericamente dominante
onde é introduzido. Afeta negativamente a comunidade nativa
de peixes.
Observações: Sua produção tem aumentado no Brasil. Sua

                                                                                                               Animal Diversity Web
introdução para utilização na aquicultura na Nova Zelândia
não foi permitida em função de ser uma espécie com alto risco
de invasão.
Referências: Instituto Hórus (2009), Townsend e
Winterbourn (1992), Vitule et al. (2009).                       F

Betta splendens
Beta                                                    G
Distribuição natural: Àsia, na bacia do rio Mekong.
Impactos: Espécie agressiva. Pode competir fortemente com
outras espécies nativas de peixes e causar exclusão por
competição.
Observações: Introdução voluntária para utilização na
aquicultura. Vendido como peixe ornamental para criação em
aquários. Espécie invasora na Venezuela e na Colômbia.
                                                                                                               Wikimedia




Referências: Instituto Hórus (2009), Ojasti (2001).
                                                                G




                                                                                                         29
Ctenopharyngodon idellus
Carpa-capim                                                H
Distribuição natural: Ásia (China e Sibéria oriental).




                                                                       Eric Engbretson, US -FWS, Bugwood.org
Impactos: Competição com espécies nativas, destruição da
vegetação aquática dos rios e lagos. Porta para disseminação
de patógenos e parasitas.
Observações: Segunda espécie de peixe mundialmente mais
produzida na aquicultura de água doce. Nos países onde foi
introduzida, estabeleceu-se em 42% e causou efeitos
ecológicos adversos em 3,3%. Invasora na África do Sul.
Referências: Instituto Hórus (2009), Casal (2006).

Cyprinus carpio                                                    H
Carpa-comum                                                 I
Distribuição natural: Ásia Central até o Mar Negro e o rio
Danúbio na Europa
Impactos: Tem o hábito de revolver os sedimentos no fundo
de rios e lagos durante a sua alimentação, causando turbidez
excessiva da água, o que é prejudicial ao bom funcionamento
do ecossistema aquático. Preda larvas e ovos de outros peixes.




                                                                          James Dowling-Healey, ADW
A presença de carpas pode resultar na diminuição da
diversidade da fauna nativa por competição e predação.
Observações: Introdução voluntária para utilização na
aquicultura. Já foi introduzida em pelo menos 121 países.
Juntamente com a introdução das carpas, foi introduzido
acidentalmente o parasita Lernaea cyprinacea (Copepoda),
causador da lerniose, motivo de grandes prejuízos à                I
piscicultura. É o peixe invasor de água doce que apresenta
maior frequência de impactos ecológicos adversos em escala
global. Invasora na Guatemala e no México.
Referências: Instituto Hórus (2009), Casal (2006).

Poecilia reticulata
Guarú                                                       J
Distribuição natural: Venezuela, Barbados, Trindade, norte
do Brasil e Guianas.
Impactos: Considerada espécie agressiva em relação à



                                                                        Marrabbio2
ictiofauna nativa nos locais invadidos dos Estados Unidos. Tem
causado declínio de espécies nativas nos estados de Nevada,
Wyoming e Havaí devido à sua alimentação, que tem como             J
base os ovos de espécies de peixes nativos.
Observações: Utilizada como uma espécie ornamental devido
à sua cauda colorida. Possui alta resistência a variações
ambientais. Acredita-se que essa espécie ocorra em diversos
rios nos Brejos de Altitude de Pernambuco e da Paraíba.
Invasora na África.
Referências: Instituto Hórus (2009), Rosa e Groth (2004).

Brycon hilarii
                                                                       Sérgio Veludo




Matrinchã, piraputanga                                     K
Distribuição natural: Rio Paraguai, baixo Rio Paraná (abaixo
do Reservatório de Itaipu) e no alto rio Amazonas.
Impactos: Não há informação. Pode afetar espécies nativas          K
por competir por espaço e alimento.
Observações: Peixe migrador, apreciado pela qualidade da
carne e pela pesca esportiva, além de ser um dos grandes
atrativos turísticos de Bonito, no Mato Grosso do Sul, de onde é
nativo.
Referências: Instituto Hórus (2009), Sanches e Galetti (2007).


Plagioscion squamosissimus
Pescada-branca Corvina
Distribuição natural: Venezuela ao Peru e Brasil




30
Impactos: Alimenta-se principalmente de camarões e peixes.
Observações: Introdução voluntária para utilização na aquicultura. Espécie encontrada em diversos lagos,
açudes e rios do Nordeste. Foi introduzida na Bacia do Rio Paraná, havendo trechos nos quais é uma das espécies
de peixe com maior abundância.
Referências: Instituto Hórus (2009), Bennemann et al. (2006).

Serrasalmus spilopleura
Piranha
Distribuição natural: América do Sul: bacia do rio Guaporé até a Argentina.
Observações: Na Lagoa de Extremoz, no Estado do Rio Grande do Norte, alimenta-se principalmente de
insetos.Referências: Instituto Hórus (2009), Raposo e Gurgel (2003), Agostinho (2003).

Pygocentrus nattereri
Piranha-vermelha                                                                                           L
Distribuição natural: Bacias do Amazonas, do Paraguai e do Paraná; e rios da costa no nordeste do Brasil
Impactos: Comprovada redução de espécies de peixes em lagos de Minas Gerais após sua introdução, chegando
essa redução a até 50%.
Observações: Na Bacia do Rio Doce, onde foi introduzida e causa perda de biodiversidade, é evitada pelos
pescadores. Invasora nos Estados Unidos e no México.
Referências: Instituto Hórus (2009), Reaser et al. (2005), Alves et al. (2007).

Colossoma macropomum
Tambaqui                                                                                                  M
Distribuição natural: América do Sul, nas bacias do Amazonas e Orinoco.
Impactos: Predação e competição com espécies nativas de diversos grupos, provocando redução da
biodiversidade.
Observações: Introduzido voluntariamente em diversos lagos e açudes do Nordeste para utilização na
aquicultura. Espécie invasora na França e nos Estados Unidos.
Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002), Rosa e Groth (2004).

Hoplosternum littorale




                                                                                                                  Tanya Dewey, Animal Diversity Web
Tamboatá, tamoatá                                           N
Distribuição natural: América do sul Andina
 Impactos: Pode reduzir a biodiversidade nativa através da
competição por recursos. Na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais,
o estabelecimento do tamboatá tem sido relacionado à redução
do número de espécies de peixes.
Observações: É comumente utilizado como isca para a pesca.
Referências: Instituto Hórus (2009), Latini et al. (2004).
                                                                     L
Oreochromis macrochir
Tilápia
Distribuição natural: Sul da África
Impactos: Predação de peixes e zooplânctons. Competição com
espécies nativas.
Observações: Introduzida voluntariamente para a aquicultura.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Oreochromis sp.
                                                                                                                  Tino Strauss




Tilápia
Distribuição natural: África
Impactos: Similares aos das espécies Oreochromis niloticus e O.     M
mossambicus.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005)
                                                                                                                    FFWCCA, Bugwood.org




Oreochromis niloticus
Tilápia, tilápia-do-Nilo
Distribuição natural: Rios litorâneos de Israel; rio Nilo; bacia
do lago Chad e rios Niger, Benue, Volta, Gambia e Senegal.
Impactos: Espécie onívora que se reproduz precocemente.
Essas características resultam na predação de diversas espécies     N
aquáticas nativas e no seu rápido aumento populacional, com
consequente competição por alimento e espaço.




                                                                                                            31
Observações: Introduzida voluntariamente em diversos lagos e
açudes do Nordeste. Invasora na Bélgica, em Burundi, em
Camarões, na China, na Costa do Marfim, na Indonésia, em
Madagascar, na Austrália, nos Estados Unidos e na Nicarágua.
Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002), GISP
(2005).

Oreochromis mossambicus




                                                                                                               www.infoagro.go.cr
Tilápia-de-Moçambique                                      O
Distribuição natural: Centro-Leste da África
Impactos: Similares aos da espécie Oreochromis niloticus.
Observações: Invasora em Java, na Indonésia, em Singapura, no
                                                                  O
Japão, nos Estados Unidos e na Malásia.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005).




                                                                                                                GM Stolz, US FWS, Bugwood.org
Trichogaster trichopterus
Tricogaster
Distribuição natural: Malásia, Vietnã e Tailândia
Observações: Introduzido através do comércio de peixes para
aquário. É um peixe vigoroso, com vida longa e alta taxa
reprodutiva.Referências: Instituto Hórus (2009).
                                                                   P
Cichla monoculus
Tucunaré
Distribuição natural: Bacia Amazônica
Impactos: Peixe carnívoro. Ocupa o espaço de outros peixes e preda espécies nativas, incluindo invertebrados
aquáticos e peixes. Tem sido responsabilizado pela extinção de peixes em Lagoa Santa, Minas Gerais.
Observações: Introduzido voluntariamente em diversos açudes e lagos do Brasil.
Referências: Instituto Hórus (2009), Pompeu e Alves (2003).

Cichla ocellaris
Tucunaré
Distribuição natural: Bacia Amazônica e Araguaia - Tocantins
Impactos: Peixe carnívoro. Ocupa o espaço de outros peixes e preda espécies nativas, incluindo invertebrados
aquáticos e peixes. No Panamá, provocou uma redução de 99% nas populações de peixes no Lago Gatún, Canal
do Panamá, além de inúmeras extinções.
Observações: Introduzido voluntariamente em diversos lagos e açudes do Nordeste. Reproduz-se tanto em
águas paradas quanto em águas correntes. Espécie invasora no Panamá.
Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002), Rosa e Groth (2004), Zaret e Paine (1973).

Réptil
Trachemys scripta
Tartaruga-de-orelha-vermelha                                                                              P
Distribuição natural: Vale do rio Mississipi, nos Estados Unidos
Impactos: Ocupação de nichos de outras espécies de tartarugas, competição por alimento e espaço de
assoalhamento, predação de espécies nativas.
Observações: Introduzida em várias partes do mundo através do comércio de animais para aquário e para
estimação.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005)




MARINHO-COSTEIRO


Anêmonas
Haliplanella lineata
Anêmona
Distribuição natural: Oceano Pacífico
Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005.




32
Referências: Farrapeira et al. (2007).

Aiptasia pallida
Anêmona-do-mar
Distribuição natural: Oceano Atlântico (sul dos EUA e Caribe).
Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005.
Referências: Farrapeira et al (2007).

Ascídia
Styela plicata
Ascídia solitária
Distribuição natural: Costa leste Estados Unidos.
Impactos: Impactos ainda não estudados, mas pode competir com outros organismos por espaço e alimento.
Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no Porto do Recife no ano de 2005.
Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007).

Crustáceos
Litopenaeus vannamei
Camarão-branco-do-pacífico, camarão-cinza                                                                 Q
Distribuição natural: Costa oriental do Oceano Pacífico, desde a costa da Califórnia, nos Estados Unidos, até a
costa de Tumbes, no Peru.
Impacto: Possível transmissor da Síndrome da Necrose Idiopática Muscular (NIM), que representa sério risco
para crustáceos nativos, e potencial portador do vírus da mancha branca.
Observações: O sistema de seu cultivo em viveiros tem deteriorado regiões estuarinas e manguezais.
Caranguejos do manguezal que recebem as águas dos tanques podem ser contaminados com metais pesados,
contaminando também os pescadores e o público que se alimenta deles. Atualmente, o camarão-branco-do-
pacífico constitui o essencial da produção brasileira de camarões marinhos cultivados. Também é comercializado
como isca viva.
Referências: Instituto Hórus (2009), Santos e Coelho (2002), Tavares e Mendonça Jr. (2004).

Penaeus monodon
Camarão-tigre-gigante
Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico
Observações: Foi utilizado em cultivos na década de 1970, porém substituído pela espécie Litopenaeus
vannamei no início dos anos 1980. Está reproduzindo-se e completando todo o seu ciclo biológico em ambiente
natural em Pernambuco. Espécie invasora no Mediterrâneo, no Atlântico ocidental, no Vietnã, na Austrália, na
Tailândia, no Sri Lanka, nas Filipinas, em Moçambique, em Bangladesh, em Taiwan, na Malásia e no Brasil.
Referências: Instituto Hórus (2009), Coelho et al. (2001), Santos e Coelho (2002).

Temora turbinata
Copépode
Distribuição natural: Indeterminado
Impactos: Causa diminuição da população da espécie nativa Temora stylifera.
Observações: O primeiro registro no Brasil foi no estuário do Rio Vaza-Barris, em Sergipe, na década de 1990.
Pode ter chegado ao Brasil via água de lastro. Atualmente, domina várias áreas costeiras e estuarinas do Brasil.
Referências: Instituto Hórus (2009), Cavalcanti et al
(2008), Silva et al (2004)                                   Q

Pseudodiaptomus trihamatus
Copépodo
Distribuição natural: Indo-Pacífico
Impactos: Desloca espécies nativas. Transmissor de
ectoparasitas (protozoários e isópodes) a espécies
                                                                                                               USDA ARS PU, Bugwood.org




nativas.
Observações: Acredita-se que a espécie foi
introduzida acidentalmente junto com um lote do
camarão Penaeus monodon trazido das Filipinas, no
final da década de 1970. Constatada pela primeira vez
no Brasil em um viveiro de camarão no Rio Grande do
Norte. Por ocasião da despesca, o copépode foi liberado
para as águas costeiras.




                                                                                                              33
Referências: Instituto Hórus (2009).

Amphibalanus reticulatus
Craca
Distribuição natural: : Desconhecida.
Impactos: Forma incrustações em substratos artificiais, como cascos de navios, plataformas de petróleo e
outros, podendo aumentar os custos de manutenção das estruturas.
Observações: No Brasil, foi primeiramente encontrada em Pernambuco no ano 1990, seguido da Bahia em 1993.
Em 2005, foi encontrada em cascos de navios atracados no Porto do Recife. Encontrada também ao redor do
mundo nas latitudes tropicais.
Referências: Farrapeira et al. (2007), Neves e Rocha (2008).

Amphibalanus subalbidus
Craca
Distribuição natural: Estados unidos.
Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005.
Referências: Celis et al. (2007), Farrapeira et al. (2007).

Conchoderma auritum
Craca
Distribuição natural: Desconhecida
Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005.
Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007).

Conchoderma virgatum
Craca
Distribuição natural: Cosmopolita.
Observações: O primeiro registro da espécie no Brasil ocorreu em 2005, no litoral de Pernambuco, quando foi
encontrada em cascos de navios atracados no Porto do Recife. É uma das espécies dominantes nos cascos dos
navios.
Referências: Farrapeira et al. (2007), Foster e Willan (1979).

Megabalanus coccopoma
Craca
Distribuição natural: Costa Pacífica das Américas (da Califórnia até o Peru).
Impactos: Ocupa a mesma faixa que a ocupada pela espécie M. tintinnabulum nos costões rochosos, mas não foi
observada exclusão competitiva. Provavelmente, há competição com outros organismos por espaço. Incrustam-
se em cascos de navios, plataformas de petróleo, tubulações de usina, entre outros substratos consolidados
disponíveis no ambiente marinho. Esses substratos podem ficar totalmente cobertos por cracas, causando a
corrosão acelerada dos metais, o aumento no custo de manutenção de embarcações e equipamentos, o aumento
do arrasto de embarcações e, consequentemente, mais gastos com combustíveis.
Observações: O primeiro registro no litoral brasileiro foi na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, na década de
1970, embora seja sugerido que a colonização da M. coccopoma no litoral do Brasil tenha se dado na década de
1940. A rota de dispersão pode ter sido a água de lastro contendo larvas da espécie.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Striatobalanus amaryllis
Craca
Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico Ocidental
Impactos: Compete com outros organismos por espaço. Incrusta-se em cascos de navios, plataformas de
petróleo, entre outros substratos consolidados disponíveis no ambiente marinho, podendo deixá-los totalmente
cobertos, causando a corrosão dos metais e o aumento no custo de manutenção.
Observações: Estabelecida em Pernambuco. Espécie introduzida no Brasil provavelmente via incrustação e/ou
água de lastro. Está no litoral pernambucano desde a década de 1990.
Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007), Farrapeira (2008), Neves et al. (2005).

Charybdis hellerii
Siri, siri-bidu
Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico
Impactos: Estima-se que, na Baía de Todos os Santos, Estado da Bahia, a espécie C. hellerii já seja mais
abundante do que a nativa Callinectes larvatus. Compete com espécies nativas por hábitat e alimento.
Observações: Introduzida, provavelmente, através da água de lastro de navios. Invasora nos Estados Unidos, em
Cuba, na Colômbia, na Venezuela, no México e no Brasil.




34
Referências: Instituto Hórus (2009), Coelho e Santos (2003).

Medusa
Blackfordia virginica
Medusa
Distribuição natural: Europa, no mar Negro e no mar Cáspio
Observações: Medusa muito comum em estuários de várias partes do mundo. Está estabelecida no Brasil há,
pelo menos, 40 anos. Encontrada em diversas localidades de Pernambuco, como no estuário da Ilha de
Itamaracá, nas bacias dos rios Capibaribe e Pina.
Referências: Freire et al. (2008), Freire e Pérez (2007), Genzano et al. (2006), Paranaguá (1963).

Moluscos
Corbicula fluminea
Berbigão
Distribuição natural: Sudeste Asiático
Impactos: A espécie causou diminuição drástica no número de moluscos nativos após sua introdução nos rios
Paraná e Paranapanema. Quando introduzida, rapidamente ultrapassa a densidade populacional dos
Corbiculidae nativos e demais espécies de bivalves nativos. Já causou grandes perdas econômicas devido à
incrustação e o consequente entupimento de tubulações de água em usinas hidrelétricas.
Observações: Introduzida no Brasil provavelmente via água de lastro. Primeiramente registrada no Rio Grande
do Sul, na década de 1970. Estabelecida na Europa, na Austrália, na África e nas Américas do Norte e do Sul.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Mansur et al. (2004).

Perna perna
Mexilhão, mexilhão marrom
Distribuição natural: Atlântico Oriental, costa oeste da África
Impactos: Pode ter causado alterações na estrutura de comunidades nativas brasileiras de costões rochosos no
passado. Incrusta em substratos consolidados naturais (costões rochosos) e artificiais. Cascos de navios e
plataformas de petróleo podem ficar completamente cobertos por indivíduos dessa espécie, o que causa a
corrosão dos metais e o aumento no custo de manutenção.
Observações: Possivelmente, foi introduzida de forma acidental na costa brasileira, entre os séculos XVIII e XIX,
pelos navios negreiros, que poderiam apresentar cascos incrustados com indivíduos da espécie. É um dos
maiores mexilhões, podendo atingir 170 milímetros de comprimento. Muito utilizado na alimentação humana.
Introduzido também no Caribe, no Golfo do México, na Venezuela e no Mar Mediterrâneo.
Referências: Instituto Hórus (2009), Souza et al. (2004).

Mytilopsis leucophaeta
Sururu-branco
Distribuição natural: América do Norte
Impactos: Pode causar alterações na estrutura das comunidades nativas de costões rochosos do litoral
brasileiro.
Observações: Foi introduzido no Brasil provavelmente via água de lastro, sendo encontrado pela primeira vez
em julho de 2004, na região estuarina adjacente ao Porto do Recife, em Pernambuco, incluindo desde a área
portuária até os rios Tejipió e Capibaribe. Espécie estabelecida em Pernambuco.
Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007), Souza et al. (2005).

Poliqueta
Polydora nuchalis
Poliqueta
Distribuição natural: Atlântico Ocidental e Caribe.
Observações: Introdução acidental, para utilização na aquicultura, em Salvador, na Bahia, no ano de 1995. Sua
introdução esteve, provavelmente, associada ao cultivo de ostras. Não há estudos que descrevam a situação da
espécie no Brasil. Invasora nos Estados Unidos.
Referências: Instituto Hórus (2009).




                                                                                                              35
TERRESTRE


Anfíbio
Lithobates catesbeianus
Rã-touro
Distribuição natural: Porções central e leste dos Estados Unidos e sul do Canadá.
Impactos: Compete com anfíbios nativos. As larvas podem ter impacto significativo em algas bentônicas,
perturbando a estrutura da comunidade aquática. Adultos são responsáveis por níveis significativos de predação
de anfíbios nativos e de espécies de cobras e tartarugas. Transmissora de quitridiomicose, doença provocada por
um fungo também invasor que já levou à perda de mais de 70 espécies de anfíbios na América do Sul e América
Central em situações de epidemias provocadas pelo aquecimento global.
Observações: Introduzida no Brasil no ano de 1935. Seu cultivo despertou grande interesse econômico graças à
facilidade de criação, precocidade de crescimento, resistência a enfermidades e ao interesse pela sua carne.
Devido a escapes dos criadouros, são facilmente encontradas em cursos de água que drenam a área dos
criadouros, que, em grande parte, são ilegais. Invasora nos Estados Unidos, no Canadá, no México, no Caribe, na
Guatemala, na Europa, nas Filipinas, na Ásia e em diversos países da América do Sul.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), La Marca e Lips (2005), Pounds et al (2006).

Aves
Estrilda astrild
Bico-de-lacre
Distribuição natural: Sul da África
Impactos: No Parque Nacional de Brasília, observou-se que o bico-de-lacre ingere as sementes e facilita a
dispersão de capim-gordura (Melinis minutiflora), espécie exótica invasora nos Cerrados.
Observações: Geralmente vista em bandos que podem conter mil indivíduos. É considerada uma das espécies de
aves mais numerosas no planeta. Invasora em Portugal, na Espanha e nos Estados Unidos (Havaí).
Referências: Instituto Hórus (2009).

Passer domesticus
Pardal                                                     R
Distribuição natural: Eurásia e norte da África
Impactos: Desloca espécies nativas em função de competição




                                                                                                                     JJ.Mosesso, NBII, Bugwood.org
por recursos do ambiente. Tem comportamento agressivo e
desloca outras aves que tentam nidificar em seu território.
Observações: Introduzido intencionalmente nas Américas.
Encontrado em maior abundância em áreas urbanas, suburbanas
e agrícolas.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009).
                                                                 Q
Brotogeris chiriri                                                   R
Periquito-de-encontro-amarelo
Referências: Farias et al. (2008).

Columba livia
Pombo-doméstico                                               S
Distribuição natural: Europa, norte da África e sudoeste da
Ásia
                                                                                                                  Lee Karney, US FWS, Bugwood.org




Impactos: Compete com espécies nativas por alimento. Pode
gerar híbridos com espécies nativas do gênero Columba, R
inclusive com a espécie Columba picazuro. Pode ser vetor de
zoonoses, sendo também um problema de saúde pública.
Transmissor de ornitose; encefalite; doença de Newcastle, virose
corrente em galinheiros; criptococose; toxoplasmose;
intoxicação por salmonela; e diversas outras doenças.
Observações: Introdução voluntária. Espécie com preferência          S
por áreas próximas a habitações humanas. Invasora em mais de
90 países.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009).




36
Pyrrhura lepida
Tiriba-pérola                                             T
Distribuição natural: Pará e Maranhão
Observações: Há uma população com 12 indivíduos
estabelecida no Parque Estadual de Dois Irmãos, no Recife,
Pernambuco. É uma espécie oficialmente ameaçada de extinção.
Referências: Pereira et al. (2008), Farias et al. (2008).


Crustáceos




                                                                           Ciro Albano, Pereira et al. (2008)
Agabiformius lentus
Tatuzinho-de-jardim
Distribuição natural: Mediterrâneo
Observações: Ocorrência em Fernando de Noronha.
Referências: Instituto Hórus (2009), Leistikow e Wägele
(1999), Lemos de Castro (1971), Souza-Kury (1998).
                                                                   T

Niambia squamata
Tatuzinho-de-jardim
Distribuição natural: África do Sul
Observações: Ocorre em Fernando de Noronha.




                                                                                David Cappaert, Michigan State University, Bugwood.org
Referências: Araújo e Taiti (2007), Instituto Hórus (2009),
Souza-Kury (1998).


Insetos
Apis mellifera
Abelha-africanizada                                       U
Distribuição natural: África, Europa e Ásia
Impactos: Compete com abelhas nativas por pólen e néctar,
levando vantagem sobre estas em função do maior tamanho do
corpo e maior raio de voo. Também causa impacto a espécies de
aves, pois invade ninhos localizados em ocos de árvores. Pode
comprometer a reprodução de espécies nativas e de espécies         U
com importância comercial, como o maracujá, devido à
competição com espécies nativas de abelhas que polinizam essas
plantas.
Observações: Presente em praticamente todo o continente
americano.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009),
Reaser et al. (2005).
                                                                                April Nobile, AntWeb




Pheidole megacephala
Formiga-cabeçuda-urbana                                       V
Distribuição natural: África
Impactos: Desloca invertebrados nativos da comunidade invadida     V
por agressão direta. Em locais onde essa formiga é abundante,
ocorre a redução da população de vertebrados. Afeta as plantas
diretamente, através da coleta de semente, ou indiretamente,
criando um hábitat favorável a insetos fitófagos, que reduzem a
produtividade da planta.
Observações: Estabelecida em Pernambuco. É considerada uma
praga doméstica, causando danos a cabos elétricos, telefônicos e
de irrigação.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005).

Zaprionus indianus
Mosca, mosca-do-figo                                                   W
Distribuição natural: África e Índia




                                                                       37
Impactos: Espécie generalista, o que a torna capaz de colonizar com sucesso substratos utilizados por espécies
nativas. É considerada a praga do figo (Ficus carica), causando danos e reduzindo a produção em até 40% e a
exportação em 80%.
Observações: Estabelecida em Pernambuco. Desde sua primeira descrição no Brasil, em Santa Isabel, São Paulo,
em março de 1999, essa espécie tem se espalhado rapidamente pelo País.
Referências: Instituto Hórus (2009), Lima Filho et al. (2008).

Aedes aegypti
Mosquito-da-dengue
Distribuição natural: África
Impactos: Principal vetor de transmissão do vírus causador da dengue e da febre amarela nos humanos.
Observações: Largamente disseminado em ambientes urbanos, tendo sua reprodução facilitada em locais com
água parada. Ampla dispersão pelo mundo.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Aedes albopictus
Mosquito-da-dengue                                         X
Distribuição natural: Sudeste da Ásia, ilhas dos oceanos Índico
e Pacífico, China, Japão e oeste de Madagascar
Impactos: Mosquito transmissor de doenças. Ataca, além dos
humanos, anfíbios, répteis e aves. Tem um papel importante na
transmissão de algumas arboviroses (como a febre amarela). É




                                                                                                           Gary J. Steck
um potencial vetor da dengue
Observações: Acredita-se que tenha sido introduzido de forma
acidental por meio do comércio marítimo de minério de ferro         W
entre o Brasil e o Japão na década de 1980. A espécie é
considerada uma das 100 piores invasoras do mundo. Invasora
nos Estados Unidos, no Caribe e em diversos países da América
do Sul e da Europa.
Referências: Albuquerque et al. (2000), Ayres et al. (2002),
GISD (2009), Lowe et al.(2000).

Digitonthophagus gazella
Rola-bosta-africano
Distribuição natural: Regiões tropicais da África, península da
Arábia, Índia e Sri Lanka
Impactos: Pode causar danos às populações de besouros nativos


                                                                                                            Susan Ellis, Bugwood.org
e à biodiversidade.
Observações: Introduzido no Brasil para fins de controle
biológico de moscas. Foi introduzido também no Havaí, em 1958,
na Austrália, em 1968, no Chile e nos Estados Unidos.
Referências: Instituto Hórus (2009), Matavelli e Louzada
(2008).
                                                                    X



Mamíferos
Canis familiaris
Cachorro
Distribuição natural: Considerada cosmopolita, mas seu ancestral direto, Canis lupus, é originário do
Hemisfério Norte.
Impactos: Causa grande impacto na fauna nativa, sendo predador de mamíferos terrestres, tais como gambás,
lobos-guará e tamanduás-mirins. Podem também transmitir doenças à fauna nativa. Predam desovas frescas de
Chelonia mydas, a tartaruga-verde, no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISD (2009)




38
Mus musculus
Camundongo                                                   Z       Y
Distribuição natural: Região do Mediterrâneo até a China
Impactos: Transmissora de doenças a populações humanas.
Considerada espécie-problema na agricultura, causando danos a
culturas agrícolas e em estoques de alimentos. Tem causado a
extinção de espécies nativas em ecossistemas invadidos,
principalmente pela predação de ninhos de aves em ilhas
oceânicas.
Observações: Considerada uma das 100 piores espécies invasoras




                                                                                   Phil Myers, Museum of Zoology, University of Michigan
do mundo. A distribuição do Mus musculus é mais extensa que a
de qualquer outro mamífero. Considerada uma espécie
sinantrópica nociva pela legislação brasileira (Instrução
Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006) e, observados os
detalhes da legislação vigente, passível de controle sem
autorização do Ibama.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISD (2009), IBAMA (2006),
Lowe et al.(2000).

Felis catus
Gato                                                          Aa
Impactos: Grande predador da fauna nativa e vetor de doenças
como toxoplasmose e sarcosporidiose, que podem ser
transmitidas ao homem. Gatos ferais são considerados                 Z
responsáveis pela extinção de pelo menos 8 espécies de aves em
ilhas.
Observações: Considerada uma das 100 piores espécies invasoras
do mundo.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009),
Lowe et al.(2000).




                                                                               Forest Starr and Kim Starr
Saimiri sciureus
Mico-de-cheiro                                              Ab
Distribuição natural: Floresta Amazônica
Observações: Introduzido voluntariamente na Reserva Biológica
de Saltinho (Tamandaré) há cerca de 25 anos por servidores do
antigo Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal (IBDF).
                                                                          Aa
Referências: Barboza et al. (2004), Instituto Hórus (2008), Falcão
(2006)

Callithrix penicillata
Mico-estrela, sagui-de-tufo-preto
Distribuição natural: Espécie nativa do Cerrado em São Paulo,
em Minas Gerais, no Tocantins, no Piauí, na Bahia, em Mato Grosso
do Sul, em Goiás e no Distrito Federal.
Impactos: Compete com a fauna nativa, causando desequilíbrio na
                                                                               David Blank




comunidade local. Pode hibridizar com outras espécies do gênero.
Observações: Espécie introduzida acidentalmente no município
de Floresta, em Pernambuco, tendo produzido híbridos com a           Ab
espécie Callithrix jacchus.
Referências: Instituto Hórus (2009), Monteiro da Cruz et al
(2002).

Kerodon rupestris
Mocó                                                        Ac
Distribuição natural: Nordeste brasileiro, na região do semi-
árido
Impactos: Alimenta-se de frutos, podendo dispersar sementes e
modificar a vegetação. Alimenta-se também de raízes de árvores,
                                                                                  Diele Lôbo




podendo levá-las à queda, expondo o solo e provocando processos
erosivos.                                                            Ac
Observações: Foi introduzido em Fernando de Noronha, em
meados de 1960, pelos militares, para servir de caça aos soldados.
É nativo na região do semiárido do Nordeste.




                                                                           39
Referências: Instituto Horus (2009), Moura-Britto e Patrocínio
(2005), Sazima e Haemig (2006).

Rattus norvegicus
Rato, ratazana                                               Ad
Distribuição natural: Nordeste da China
Impactos: Transmissão de doenças a humanos e ataques a ninhos
de aves. É agressivo com outras espécies e desloca ratos nativos.




                                                                                                                              Wikimedia
Causa sérios danos a plantações e propriedades rurais. Principal
responsável pela transmissão da leptospirose.
                                                                       Ad
Observações: Segundo a Instrução Normativa nº 141, de 19 de
dezembro de 2006, é considerada uma espécie sinantrópica nociva
e, observados os detalhes da legislação vigente, passível de
controle sem a autorização do Ibama. Encontrada em
praticamente todos os locais onde há ocupação humana.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISD (2009), IBAMA (2006),
Pimentel et al. (2000).




                                                                                                                David G. Robinson, USDA APHIS PPQ, Bugwood.org
Rattus rattus
Rato-de-casa, rato-preto, gabiru
Distribuição natural: Índia
Impactos: Onívoro, capaz de alimentar-se de uma grande
variedade de plantas e animais nativos. Preda ovos e aves jovens.
Frequentemente desloca espécies de ratos nativos, ocupando o seu
nicho. Provavelmente foi causador da extinção de um grande rato
(Noronhomys vespuccii) endêmico do Arquipélago de Fernando de
Noronha.
Observações: Considerada uma das 100 piores espécies invasoras
do mundo. Adapta-se a praticamente qualquer tipo de ambiente.
Tem causado, direta ou indiretamente, a extinção de várias
espécies ao redor do planeta. Considerada uma espécie                  Ae
sinantrópica nociva pela legislação brasileira (Instrução
Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006).
Referências: Amori e Clout (2003), Brandão-Filho (2003), GISD
(2009), IBAMA (2006), Moura-Britto e Patrocínio (2005), Pimentel
et al. (2000).




                                                                                                                   Postdlf, Wikimedia
Molusco
Achatina fulica                                                       Af
Caracol-gigante-africano                                      Ae
Distribuição natural: África, da África do Sul a Moçambique no sul e do Quênia à Somália ao norte.
Impactos: Predador de plantas e competidor por espaço com outras espécies, em função do aumento
populacional acelerado. A espécie ataca praticamente qualquer lavoura, causando prejuízos econômicos.
Também compete com espécies nativas em ambientes florestais. É vetor de 2vermes que transmitem doenças:
Angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilíase abdominal; e Angiostrongylus cantonensis, causador
da angiostrongilíase meningoencefálica humana.
Observações: Introduzido no País na década de 1980 para criação alternativa ao escargot. O fracasso das
tentativas de comercialização levou os criadores a soltar os caracóis no ambiente. Reproduz-se rapidamente e
em grande quantidade. Dispersou-se amplamente, podendo ser encontrado em praticamente todo o Brasil.
Invasora nos Estados Unidos, na China, na Martinica, na França, nas Ilhas Maldivas, nas Filipinas e na Austrália.
Considerada uma das 100 piores espécies invasoras do mundo.
Referências: Instituto Hórus (2009), Fischer et al. (2006), GISD (2009), Lowe et al.(2000).


Répteis
Hemidactylus mabouia
Briba-de-casa, lagartixa                                                                                   Af
Distribuição natural: África
Observações: Foi introduzida acidentalmente no Novo Mundo, tornando-se uma colonizadora de sucesso,
amplamente representada no sul da América do Norte, na América Central e na América do Sul. Espécie comum
em toda a Região Nordeste do Brasil, porém sempre encontrada em construções ou estruturas de origem
humana. É noturna e alimenta-se de insetos.




40
Referências: Anjos e Rocha (2008), Instituto Hórus (2009), Freitas e Silva (2005), Rocha e Anjos (2007), Sazima
e Haemig (2006).

Tupinambis merianae
Teju, teiú                                                                                                Ag
Distribuição natural: Brasil, Argentina e Uruguai. Ocorre em quase todas as regiões do Brasil continental,
menos na Floresta Amazônica.
Impactos: Em Fernando de Noronha, o teiú afeta negativamente populações de aves no arquipélago, pois se
alimenta de ovos e filhotes de aves. O Projeto Tamar registra a predação de ovos de tartarugas nas épocas de
desova. Essa espécie dispersa sementes de frutos cultivados, como o cajá e o caju. Alimenta-se de material
vegetal, larvas de insetos, roedores, grilos, gastrópodes, aves marinhas e da lagartixa-mabuia (Mabuya
maculata), endêmica de Fernando de Noronha.
Observações: Introdução voluntária de 2casais para controle biológico de roedores em Fernando de Noronha,
na década de 1950. O teiú estabeleceu-se na ilha, aumentando sua população e tornando-se invasor. Estimativas
populacionais chegaram a apontar uma população entre 2 mil e 8 mil indivíduos na ilha principal, numa área de
17 km². Estima-se ainda que o potencial de nascimentos por ano seja de 18 mil filhotes, cujo estabelecimento é
reduzido pelo hábito de canibalismo da espécie, que se alimenta de seus próprios ovos e neonatos. É espécie
exótica invasora apenas em Fernando de Noronha e nativa no continente. Encontra-se amplamente dispersa em
toda a ilha principal do arquipélago, com alta densidade.
Referências: Instituto Hórus (2009), Freitas e Silva (2005), GISP (2005).




                                                                                                               GISP 2005




    Ag




                                                                                                            41
6.3.
                                        Maiores ameaças de espécies de animais

                                                     introduzidas 42 espécies de peixes e crustáceos
Tilápia-do-nilo – Oreochromis niloticus
                                                     na Região (Gurgel e Fernando, 1994). Destas, 14
                                                     espécies     de    peixes    e   1     de      camarão
                                                     estabeleceram-se com sucesso.

                                                        A espécie considerada mais produtiva e
                                                     introduzida em centenas de reservatórios do
                                                     semiárido é a tilápia-do-nilo (Dnocs, 2002). Para
                                                     se ter uma ideia, em 2002 o Dnocs distribuiu 20
                                                     milhões de alevinos de diversas espécies, que
                                                     tiveram como destino 518 açudes públicos, 950
                                                     açudes particulares, 56 lagoas, 444 viveiros e 48
                                                     baterias de tanques-rede (Dnocs, 2002). Entre as
                                                     principais espécies distribuídas estavam a
     Com ocorrência natural apenas em partes da
                                                     tilápia-do-nilo,    o       tambaqui        (Colossoma
África e do Oriente Médio (Gisp, 2005), a tilápia-
                                                     macropomum) e o tucunaré comum (Cichla
do-nilo já foi introduzida em pelo menos 85
                                                     ocellaris), todas exóticas e com alto poder de
países (Casal, 2006) e está presente do norte ao
                                                     invasão e de desestruturação de ecossistemas
sul das Américas, em partes da Europa e no
                                                     aquáticos.
sudeste da Ásia (Gisp, 2005; Vitule et al., 2009).
É uma das 10 principais espécies da aquicultura         Entre as características da tilápia-do-nilo que

em água doce no mundo e uma das 4 que mais           a tornam uma espécie com alto poder de invasão,

causa efeitos ecológicos adversos (Casal, 2006).     estão a alta tolerância a variações ambientais, a

As mesmas características que a tornam uma das       alta variedade de alimentos que pode consumir

espécies    preferidas    para   a   aquicultura,    (de zooplânctons a peixes) e a alta taxa de

sobretudo no Nordeste, faz com que seja uma          crescimento populacional (Attayde et al., 2007).

espécie com alto poder de invadir e causar danos     A tilápia-do-nilo pode aumentar rapidamente o

à comunidade biológica em que é inserida             tamanho da população e se tornar dominante,

(Attayde et al., 2007).                              alterando a estrutura da comunidade aquática,
                                                     reduzindo a abundância de microcrustáceos
     A produção de peixes de água doce no Brasil
                                                     planctônicos, aumentando a abundância de
está muito associada ao uso de espécies exóticas
                                                     microalgas e reduzindo a transparência da água
(Vitule et al., 2009). Para aumentar a produção e
                                                     (Attayde et al., 2007; Vitule et al., 2009).
oferta de alimento à população humana no
semiárido do Nordeste, o Dnocs iniciou, na              Em um reservatório na Caatinga do Rio

década de 1930, um programa de peixamento de         Grande do Norte, por exemplo, foi observado

reservatórios de água doce — isto é, açudes,         que, após a introdução da tilápia-do-nilo, houve

lagoas, etc. —, por meio do qual foram               redução populacional das espécies nativas




42
Prochilodus brevis, Leporinus sp. e Hoplias           Agravante para esse cenário é o poder do
malabaricus, bem como da espécie introduzida          tucunaré de mudar drasticamente a estrutura da
Plagioscion squamosissimus (pescada-branca) —         comunidade biológica na qual se estabelece,
espécie mais frequente no reservatório antes da       podendo provocar a extinção de até 50% das
introdução da tilápia-do-nilo (Menescal, 2002).       espécies de peixes nativos (Zaret e Paine, 1973;
                                                      Alves et al., 2007). Dentre os peixes mais
                                                      introduzidos em bacias hidrográficas brasileiras,
Tucunaré – Cichla ocellaris e Cichla spp.
                                                      o tucunaré certamente é um dos que mais
   Existem 15 espécies do gênero Cichla, todas        ameaçam a biodiversidade (Latini et al., 2004;
popularmente    conhecidas    por   tucunaré      e   Agostinho et al., 2005; Alves et al. 2007).
ocorrendo originalmente nas bacias dos rios
                                                         Uma das primeiras introduções de tucunaré
Amazonas, Tocantins e Orinoco (Kullander e
                                                      registradas      ocorreu    no    município   de
Ferreira, 2006). Nas outras partes da América do
                                                      Maranguape, Ceará, no ano de 1939. No
Sul onde também ocorre, o tucunaré não é
                                                      Nordeste, a introdução do tucunaré vem sendo
nativo, tendo sido introduzido pelo homem. Esse
                                                      feita em grande escala, de forma que é a quarta
é o caso nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do
                                                      espécie de peixe mais produzida e distribuída
Brasil.
                                                      pelo Dnocs no ano de 2002, e a segunda espécie
   Embora já esteja amplamente disperso no            de peixe (depois da tilápia-do-nilo) mais
Brasil, a taxa de introdução do tucunaré em           capturada nos açudes públicos do Nordeste —
bacias onde não é nativo é crescente, sobretudo       11% das capturas (Paiva et al., 1994 apud Soares
por causa dos programas de estocagem de peixes        et al., 2007).
(peixamento), escapes acidentais da aquicultura,
                                                         O tucunaré é um predador piscívoro que
do controle biológico de espécies indesejadas e
                                                      tende a ocupar o topo da cadeia alimentar nos
incremento da pesca esportiva (Latini et al.,
                                                      lagos onde é introduzido (Latini et al., 2004).
2004; Agostinho et al., 2005; Alves et al. 2007).
                                                      Isso faz com que a espécie seja introduzida para
                                                                                                      Thiago “TH”




                                                                                                    43
controlar a superpopulação de outras espécies,         Nos ecossistemas aquáticos invadidos por
como a tilápia (Moura-Britto e Patrocínio, 2005).   tucunaré,     observam-se         também        outras
Peixes predadores de topo tendem a ser              alterações nas comunidades de peixes, tais como
colonizadores     de    elevado   sucesso,   pois   redução no tamanho das populações de peixes
apresentam vantagens sobre as espécies nativas      pequenos, por causa do aumento na predação, e
que não têm adaptações para evitar a predação       mudanças na dieta de outros peixes piscívoros,
(Alves et al., 2007).                               por causa da competição com o tucunaré
                                                    (Pompeu e Godinho, 2001).
     O tucunaré também tem elevado cuidado
parental, o que contribui para aumentar sua taxa       O controle de peixes como o tucunaré onde a
de sobrevivência no ambiente (Latini et al.,        espécie já está estabelecida tende a ser ineficaz
2004). Outra característica importante é a          devido ao seu elevado sucesso de colonização,
tendência ao canibalismo à medida que as presas     como também acontece com a piranha-vermelha
se tornam escassas, podendo ser este o seu          (Pygocentrus nattereri), o tambaqui (Colossoma
principal comportamento alimentar em lagos          macropomum) e a tilápia-do-nilo (Oreochromis
onde foi introduzido (Gomiero e Braga, 2004).       niloticus) (Alves et al., 2007). Dessa forma, o
Essas características tornam-no uma espécie         mais   recomendado        para    a    atenuação    de
invasora de grande sucesso e que provoca            problemas decorrentes de processos de invasão
grandes impactos ambientais.                        por espécies de peixes parecem ser medidas
                                                    preventivas      que      visem       reduzir   novas
     Entre os principais impactos decorrentes da
                                                    introduções (Latini et al., 2004; Alves et al.,
introdução e do estabelecimento do tucunaré,
                                                    2007), amparadas por normas legais federais e
estão alterações na composição e na estrutura da
                                                    estaduais já existentes e a serem construídas.
comunidade biológica e a massiva extinção local
                                                    Paralelamente,         deve-se    trabalhar        com
de espécies nativas. No Lago Gatún, no Panamá, a
                                                    informação pública, capacitação técnica para os
introdução do tucunaré causou mudança radical
                                                    gestores públicos e tomadores de decisão sobre
na composição de peixes e a eliminação de 6 das
                                                    os efeitos adversos da introdução de peixes
8 espécies nativas mais comuns (Zaret e Paine,
                                                    exóticos e com pesquisa para o desenvolvimento
1973). Na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais,
                                                    da aquicultura com espécies nativas.
50% das espécies de peixes de um lago foram
extintas após a introdução do tucunaré e da
piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri) (Alves
                                                    Camarão-branco, camarão-branco-do-
et al., 2007). Em outro lago, no município de
                                                    pacífico – Litopenaeus vannamei
Lagoa Santa, em Minas Gerais, aproximadamente
                                                       O camarão-branco é nativo do Oceano
70% das espécies de peixes foram extintas no
                                                    Pacífico leste, ocorrendo desde o México até o
decorrer de 150 anos; entre as principais causas
                                                    norte do Peru (Holthuis, 1980). Sua introdução
suspeitas está a introdução do tucunaré e de
                                                    no Brasil ocorreu provavelmente em 1981, no
outras 4 espécies de peixes exóticos (Pompeu e
                                                    Rio Grande do Norte, para utilização na
Alves, 2003).
                                                    aquicultura (Tavares e Mendonça Jr., 2004).
                                                    Atualmente, o camarão-branco é praticamente a




44
única espécie de camarão marinho cultivado no       2002, quando os escapes foram mais frequentes,
Brasil, sendo cultivada em 14 estados, sobretudo    a produção subiu para 60 kg por semana, dos
na Região Nordeste (Tavares e Mendonça Jr.,         quais 70% era de camarão-branco (Santos e
2004; Ferreira et al., 2008).                       Coelho, 2002).

   Em comparação com camarões nativos, o                 Ainda são poucas as evidências de problemas
cultivo do camarão-branco é mais produtivo          ambientais associados à introdução de camarões
(Ferreira et al., 2008). Algumas características    exóticos (Moss et al., 2001). Um possível impacto
biológicas do camarão-branco determinam seu         da       introdução   do    camarão-branco     é    a
bom desempenho e sua alta produtividade em          disseminação de doenças para populações de
sistema de cultivo, tais como rusticidade, rápido   crustáceos nativos (Ferreira et al., 2008), uma
crescimento e alta tolerância a diferentes          vez que a espécie pode ser vetora de vírus que
condições ambientais (Santos, 2009). Essas          causam sérias doenças em crustáceos. Doenças
características, entretanto, também conferem        como essas eliminaram, em 1995, 95% dos
alta capacidade de invasão à espécie.               estoques de camarão-branco no sul do Texas
                                                    (Tavares e Mendonça Jr., 2004). Caso o camarão-
   No seu hábitat natural, o camarão-branco
                                                    branco se estabeleça e prolifere no ambiente
ocorre desde águas rasas até 72 m de
                                                    natural, serão esperados também impactos como
profundidade, sendo os adultos encontrados em
                                                    a alteração da estrutura da comunidade nativa e
ambiente marinho e os jovens, em ambiente
                                                    a redução da biodiversidade nativa (Moss et al.,
estuarino (Holthuis, 1980). As evidências de que
                                                    2001).
o camarão-branco está se estabelecendo em
águas estuarinas e costeiras do Brasil são               Os viveiros de cultivo parecem ser as
crescentes (Ferreira et al., 2008).                 principais fontes disseminadoras do camarão-
                                                    branco para o ambiente natural (Santos e
   Santos e Coelho (2002) concluíram que o
                                                    Coelho, 2002), uma vez que esses viveiros
camarão-branco está completando todo o seu
                                                    apresentam estrutura física frágil que permite
ciclo biológico em ambiente natural no litoral do
                                                    escapes em períodos de cheia. Por isso, Santos e
Rio Grande do Norte. Nesse estudo, a espécie não
                                                    Coelho (2002) recomendam que a estrutura
só foi coletada em diferentes fases de vida, como
                                                    física     dos   viveiros    seja    constantemente
chegou a representar 70% do total de camarões
                                                    monitorada pelo Ibama ou por órgão ambiental
peneídeos capturados. Também foi possível
                                                    estadual,     como    uma    forma     de   prevenir
estabelecer uma relação entre a abundância do
                                                    introduções acidentais.
camarão-branco no ambiente natural e os
escapes de espécimes dos viveiros no período de          Outra recomendação é o investimento na
chuva (Santos e Coelho, 2002). Para se ter uma      produção de camarões nativos no Nordeste,
ideia, no complexo lagunar Papari-Guaraíras, no     como o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis e
Rio Grande do Norte, onde havia entre 400 e 500     F. brasiliensis), que apresenta grande potencial
viveiros de camarão, a produção média por           para cultivo, maior valor de mercado que o
canoa de pescador era de 20 kg de camarão por       camarão-branco e serve como uma opção que
semana, mas, no período chuvoso de junho de         dará maior segurança ao setor produtivo (Souza




                                                                                                       45
et al., 2009). Estudos sobre produção de                (Raut e Barker, 2002). Além disso, é considerado
camarão-rosa já estão em andamento no                   uma das 100 piores espécies invasoras do
Nordeste e devem ser incentivados para criar            mundo (Lowe et al., 2000).
alternativas reais ao camarão-branco (Souza et
                                                           No Brasil, o caracol-gigante-africano foi
al., 2009). Novos estudos são necessários para
                                                        introduzido no ano de 1988, no Estado do
gerar a base técnica para a produção dos
                                                        Paraná,   quando    alguns      espécimes   foram
camarões alternativos em grande escala.
                                                        comprados em uma feira de agricultura (Teles e
     Vale destacar que, de maneira geral, o cultivo     Fontes, 2002 apud Thiengo et al., 2007). Embora
de camarão tem despertado grande preocupação            sem a devida licença para importação e cultivo,
em escala mundial quanto a outros impactos              algumas pessoas rapidamente se organizaram
ambientais negativos, como a destruição de              em cooperativas e passaram a produzir o
manguezais e a poluição de águas estuarinas             caracol-gigante-africano   em    instalações nos
com efluentes dos viveiros (Moss et al., 2001;          quintais de casa, com o interesse de vendê-lo
Naylor et al., 2000; Páez-Osuna, 2001). Esses           como alimento análogo ao escargot verdadeiro
impactos têm estimulado a adoção pelos                  (Helix pomatia e H. aspersa) (Thiengo et al.,
carcinicultores de medidas mitigadoras (Boyd,           2007). No entanto, o empreendimento parece ter
2003; Hopkins et al., 1995), o que deve ser             sido mal planejado do ponto de vista econômico
fomentado      e     cobrado   pelos    órgãos    de    e dos hábitos de consumo dos brasileiros,
fiscalização no Brasil. Guias de melhores práticas      resultando    em   fracasso   nas vendas. Sem
para a carcinicultura já existem e estão sendo          mercado, milhões de caracóis foram soltos em
utilizados por organizações certificadoras e            diversos ambientes e estados, o que causou
agências de fiscalização ambiental em diversos          rápida invasão em todo o País. Atualmente, o
países             (Boyd,       2003;            veja   caracol-gigante-africano já ocorre em pelo
www.aquaculturecertification.org; veja também           menos 23 dos 26 estados brasileiros (Thiengo et
Boas     Práticas     de    Manejo     (BPMs)    em     al., 2007). No Estado de Alagoas, por exemplo, a
www.embrapa.br).                                        invasão do caracol-gigante-africano preocupa a
                                                        Secretaria de Estado da Saúde, que publicou a
                                                        Nota Técnica nº 01/2007 (disponível em
Caracol-gigante-africano – Achatina fulica
                                                        http://portal.saude.al.gov.br/suvisa/node/256,
     O caracol-gigante-africano (Achatina fulica) é,    acessado em 14 de maio de 2009) informando
como seu nome indica, nativo da África. Sua             sobre a proliferação do caracol, as possíveis
distribuição vem se expandindo desde o século           doenças transmitidas e formas de controle. Além
XIX, graças a interesses humanos. Atualmente,           disso, a nota informa que técnicos dessa
ocorre em pelo menos 43 países distribuídos em          secretaria estão visitando alguns municípios com
praticamente todos os continentes (Gisd, 2009)          o objetivo de identificar a ocorrência da espécie
por causa de introduções voluntárias. Achatina          e orientar a população sobre sua captura e sua
fulica tem sido considerado o caracol terrestre         eliminação.
mais introduzido, com maior amplitude de
                                                           Longe de seus inimigos naturais, o caracol-
invasão e a principal praga entre os caracóis
                                                        gigante-africano tem aumentado sua população




46
Jovens tendem a se alimentar de
                                                                     plantas vivas, enquanto indivíduos
                                                                     velhos ou muito pequenos tendem a
                                                                     se alimentar de folhas mortas (Gisd,
                                                                     2009; Fischer et al., 2006).

                                                                         No Brasil, há alguns estudos que
                                                                     relatam impactos decorrentes ou
                                                                     potenciais da invasão do caracol-
                                                                     gigante-africano.    Na    agricultura,
                                                                     registraram-se perdas de até 30% na
                                                                     produção em pequenas propriedades
rapidamente em muitos lugares do Brasil. Em            — isto é, menores de 10 hectares (Thiengo et al.,
áreas urbanas, onde parece ser mais comum,             2007). No Vale do Ribeira, no sul do Estado de
pode ocupar rodovias e caminhos, chegando a            São Paulo, o caracol causou perdas na produção
ponto de causar transtorno à movimentação              de banana e complicações indiretas pela
pública (Gisp, 2005). O caracol-gigante-africano       utilização       indiscriminada    de    moluscicida
é frequente em jardins e, principalmente, em           (Thiengo et al., 2007).
terrenos baldios, onde tem abrigo, alimento e
                                                          A proliferação do caracol tem sido alertada
pode    procriar     livremente.   Na    cidade   de
                                                       também como um problema de saúde pública,
Parnamirim, Estado do Rio Grande do Norte, em
                                                       pois o caracol-gigante-africano é vetor do
5      meses    de      esforços    de      captura,
                                                       nematódeo           Angiostrongylus      cantonensis,
aproximadamente 4 mil kg de caracol foram
                                                       causador da meningite eosinofílica no homem e,
coletados e destruídos (Thiengo et al., 2007). Na
                                                       possivelmente, do Angiostrongylus costaricensis,
zona rural, o caracol-gigante-africano prolifera
                                                       causador da angiostrongilíase abdominal (Teles
em culturas agrícolas de pequena escala e áreas
                                                       et al., 1997).
abandonadas. A Floresta Atlântica também tem
                                                          Quanto aos impactos sobre a biodiversidade
sido invadida pelo caracol (Fischer et al., 2006),
                                                       no Brasil, sabe-se que espécies nativas de
sendo uma espécie muito abundante no litoral
                                                       caracóis grandes, especialmente do gênero
do Paraná.
                                                       Megalobulimilus,      estão   sofrendo       danos    na
    Entre as características que podem explicar o
                                                       Floresta Atlântica do Paraná, onde o caracol-
alto poder de invasão do caracol-gigante-
                                                       gigante-africano invade ambientes de florestas
africano estão a alta taxa reprodutiva, a alta
                                                       conservadas (Fischer et al., 2006). Outros
capacidade de sobrevivência em condições
                                                       gêneros de caracol, como o Orthalicus spp. e o
adversas e a grande variedade de vegetais dos
                                                       Thaumastus spp., também são potencialmente
quais pode se alimentar. Uma fêmea do caracol-
                                                       ameaçados (Thiengo et al., 2007; Eston et al.,
gigante-africano pode pôr até 1,2 mil ovos em
                                                       2006).    O      caracol-gigante-africano     já     está
um ano (Gisp, 2005). Com apenas 6 meses de
                                                       presente em algumas Unidades de Conservação
idade, o animal já está apto a se reproduzir,
                                                       de proteção integral no País (Eston et al., 2006;
alcançando até 9 anos de vida (Gisd, 2009).




                                                                                                             47
Faraco e Lacerda, 2004), a exemplo da Reserva         Armitage, 2004).
Biológica União, em Casimiro de Abreu, no Rio
                                                         A ratazana tem atividade principalmente
de Janeiro, área importante para a conservação
                                                      noturna, é ótima nadadora (por isso também
do mico-leão-dourado.
                                                      conhecida    por    rato-d’água)     e    tem   alta
                                                      capacidade para aprender rotas que levam a
                                                      lugares   ricos    em   alimentos.   Os    maiores
Ratazana, rato-marrom – Rattus norvegicus
                                                      indivíduos podem atingir 40 cm de comprimento
     Algumas espécies de rato são comensais de
                                                      e até 500 g de peso. Podem aumentar a
humanos e têm sido introduzidas onde o homem
                                                      população rapidamente, reproduzindo-se até 7
tem chegado e se estabelecido. Essas espécies se
                                                      vezes por ano, com período de gestação de
dispersaram por toda a Europa entre os séculos
                                                      aproximadamente 23 dias. Uma única fêmea
XVI e XVIII e hoje estão em todos os continentes,
                                                      pode gerar 60 filhotes por ano, que podem ser
exceto na Antártica (Myers e Armitage, 2004).
                                                      cuidados em ninhos compartilhados; isto é, se a
Foram introduzidas acidentalmente em diversos
                                                      mãe é morta, outras fêmeas continuam a cuidar
países através dos navios de exploradores e
                                                      dos filhotes, que se tornam independentes após
colonizadores europeus e certamente foram
                                                      4 ou 5 semanas (Myers e Armitage, 2004).
responsáveis pela extinção de várias espécies em
                                                         Como nas invasões por ratos frequentemente
ilhas de todo o mundo (Amori e Clout, 2003). No
                                                      mais de uma espécie está envolvida, é difícil
Brasil, a ratazana supostamente chegou com os
                                                      diferenciar o impacto causado por cada espécie.
primeiros exploradores europeus. As principais
                                                      De uma forma geral, foi estimado que cada
espécies de rato comensal e invasor são o rato-
                                                      indivíduo adulto de rato invasor nos Estados
preto (Rattus rattus), a ratazana (R. norvegicus) e
                                                      Unidos gera um custo ao país de 15 dólares por
o camundongo (Mus musculus).
                                                      ano. Somando todos os ratos dos Estados Unidos,
     A ratazana é a maior das 3 principais espécies
                                                      o custo total seria de mais de 19 bilhões de
de rato invasor e pode ocorrer onde houver
                                                      dólares ao ano (Pimentel et al., 2005). Parte
comida e abrigo, sendo muito frequente nas
                                                      desse alto custo é resultante de danos em
redes de esgoto e nos porões de edifícios (Gisp,
                                                      culturas agrícolas, contaminação de reservas de
2005;      Myers     e    Armitage,   2004).     Há
                                                      alimentos por fezes e urina e danos a cabos
características na ratazana que podem
explicar sua alta capacidade de invasão e
sua     facilidade   de   estabelecimento.   A
primeira é que a espécie é capaz de se
alimentar de quase tudo. Nas cidades,
alimenta-se principalmente de restos de
comidas das pessoas, mas em ambientes
naturais pode se alimentar de matéria
orgânica vegetal (de folha a raiz) e animal
(de mamíferos a zooplânctons), fungos e
detritos em geral (Gisd, 2009; Myers e




48
elétricos e telefônicos (Gisd, 2009; Gisp, 2005).    ovos resistentes à dessecação (Lounibos, 2002;
                                                     Honório et al., 2009). É o principal vetor da
   Impactos na saúde humana também são de
                                                     dengue e da febre amarela no Brasil e por isso
grande relevância. Doenças associadas aos ratos,
                                                     tem sido alvo de controle através de grandes
como a peste bubônica, já mataram mais
                                                     campanhas de saúde no País (Braga e Valle,
humanos que todas as guerras juntas. Os ratos,
                                                     2007).
sobretudo a ratazana, podem causar impactos na
comunidade de plantas através da destruição de          A espécie já foi eliminada 2 vezes do Brasil
sementes e plântulas, dificultando a regeneração     (1955 e 1976), mas se restabeleceu em seguida
de muitas espécies (Gisd, 2009; Amori e Clout,       (Braga e Valle, 2007) devido à insuficiência de
2003). Alguns exemplos mostram que o impacto         medidas preventivas a novas introduções —
na fauna nativa é um desastre. São conhecidas        sobretudo no transporte de mercadorias e
pelo menos 53 espécies de aves predadas pela         pessoas. Hoje, o mosquito-da-dengue ainda é
ratazana, e isso certamente foi a causa da           foco de uma das principais campanhas de saúde
extinção de várias espécies em ilhas. Na Paraíba,    no País; no entanto, desde 2001 o governo
no município de Intermares, foi registrada a         abandonou a meta de erradicar o mosquito e
predação, pela ratazana, de ovos e filhotes de       passou a trabalhar com o objetivo de controlá-lo
tartaruga-de-pente    (Eretmochelys    imbricata),   (Braga e Valle, 2007).
espécie criticamente ameaçada de extinção
                                                        O custo de controle do mosquito-da-dengue é
segundo a União Internacional para Conservação
                                                     altíssimo. Em 2002, o Ministério da Saúde
da Natureza (IUCN), 2008; Gisd, 2009; Zeppelini
                                                     investiu 1 bilhão de reais no programa de
et al. 2007). Há diversos casos que relacionam a
                                                     controle da dengue, dos quais 85% foram
extinção de espécies em ilhas com a invasão de
                                                     empregados na vigilância e no controle do
ratos (Amori e Clout, 2003).
                                                     mosquito. Em 2003, esse custo foi de 790
   No Brasil, a Instrução Normativa nº 141, de       milhões de reais, empregados basicamente em
19 de dezembro de 2006, reconhece as 3               custeio, compra de equipamentos e inseticidas,
principais espécies de rato invasor (Rattus          manutenção e capacitação de pessoal e ações de
rattus, R. norvegicus e Mus musculus) como           comunicação social (Braga e Valle, 2007).
componentes da fauna sinantrópica nociva e
regulamenta o seu manejo e controle.



Mosquito-da-dengue – Aedes aegypti

   A espécie Aedes aegypti é protagonista de
uma ampla e bem-sucedida invasão ao redor do
mundo. Provavelmente originária do oeste da
                                                                                                    GISP 2005




África, acredita-se que foi introduzida no Novo
Mundo entre os séculos XV e XVII a bordo de
                                                        Caso uma estratégia preventiva integrada
navios negreiros e continua a ser dispersa ao
                                                     tivesse sido implementada, envolvendo setores
redor do mundo, sobretudo em navios contendo




                                                                                                  49
do meio ambiente e da saúde, certamente o custo        favorece o aumento da abundância do mosquito
das ações seria mais baixo, e a chance de sucesso      e da emergência da dengue (Claro et al., 2004). O
em evitar a entrada do mosquito teria sido             abastecimento precário de água em bairros com
maior. Dessa forma, fica clara a importância de        menor estrutura força os habitantes a armazenar
se trabalhar integradamente com prevenção, e           água em depósitos domésticos, que são grandes
isso ainda é possível em algumas regiões do            criadouros do mosquito. Sem coleta e destinação
Brasil, onde o mosquito não está presente.             adequada do lixo, a tendência é o acúmulo em
                                                       áreas peridomiciliares, que também servem de
     A A. aegypti ocorre quase exclusivamente no
                                                       criadouros para o mosquito-da-dengue (Claro et
ambiente peridoméstico e preferencialmente em
                                                       al., 2004).
reservatórios artificiais com água limpa, sendo
mais rara a ocorrência em              reservatórios      As campanhas de controle da doença têm tido
naturais, como tanques de bromélias, mesmo             eficiência limitada, e o problema associado à
que próximos às casas (Lourenço de Oliveira et         invasão do mosquito tem se mostrado complexo
al., 2004). O interior da floresta não parece ser      e de difícil solução (Claro et al., 2004; Braga e
um ambiente favorável à A. aegypti, embora a           Valle, 2007). No nível atual de invasão, um
espécie também possa aí ocorrer. Na Floresta da        controle eficiente do mosquito-da-dengue é tão
Tijuca, no Rio de Janeiro, a A. aegypti não            caro e complexo que não envolve apenas um
oviposita a uma distância maior do que 100             ataque direto ao mosquito, mas depende de
metros das casas adentrando na floresta                melhorias na estrutura e gestão das cidades,
(Lourenço de Oliveira et al., 2004).                   sobretudo na questão do saneamento, da coleta e
                                                       da destinação do lixo (Claro et al., 2004).
     No entanto, outra espécie de mosquito-da-
dengue congenérica, a Aedes albopictus, tem
maior capacidade para se desenvolver no
                                                       Pardal – Passer domesticus
ambiente    florestal   e   vem   ampliando     sua
                                                          O pardal, tão comum nas cidades brasileiras,
distribuição ao redor do mundo nas últimas duas
                                                       é originário da Europa, Ásia e do norte da África.
décadas, tendo sido registrada no Brasil pela
                                                       Foi introduzido na América do Sul, na América
primeira vez em 1986 (Honório et al., 2009).
                                                       do Norte, no sul da África, na Austrália e na Nova
Como também é vetor da dengue, é crescente a
                                                       Zelândia. Atualmente, é comum em muitas áreas
preocupação com a invasão dessa espécie.
                                                       povoadas, sendo a estreita associação com
Interessante é que a invasão da A. albopictus tem
                                                       pessoas um dos principais motivos de sua
sido relacionada a uma redução na abundância
                                                       proliferação   (Gisd,   2009).   Normalmente é
de A. aegypti. A A. albopictus já é considerada
                                                       encontrado ao redor de edificações, fazendas e
uma das 100 piores espécies exóticas invasoras
                                                       cidades (Gisd, 2009).
em escala global (Lowe et al., 2000).
                                                          O pardal foi introduzido voluntariamente nas
     O cenário de acelerado crescimento da
                                                       Américas. É provável que a primeira introdução
população, com urbanização desordenada e
                                                       na América do Sul tenha ocorrido em Buenos
precariedade no abastecimento de água, no
                                                       Aires, no ano de 1872 (Gisp, 2005). Na Serra do
esgotamento sanitário e na coleta de lixo,
                                                       Baturité, no Ceará, já ocorre pelo menos desde




50
1986, onde parece ter sido introduzido por         e tendem a eliminá-los de determinadas áreas
monges capuchinhos (Girão et al., 2007).           por competição. Nos Estados Unidos, o pardal é
                                                   considerado praga agrícola por comer grãos
                                                   cultivados, como milho, trigo e aveia, além de
                                                   frutas e verduras (Gisd, 2009). O pardal e o
                                                   estorninho europeu (Sturnus vulgaris) causam
                                                   danos a culturas agrícolas nos Estados Unidos
                                                   estimados em 1 bilhão de dólares por ano
                                                   (Pimentel et al., 2000).

                                                      O pardal também está associado à dispersão
                                                   de cerca de 30 doenças que afetam o homem e os
                                                   animais domésticos (Pimentel et al., 2005). Entre
                                                   estas, está a febre do oeste do Nilo, que afeta o
                                                   homem e já é considerada doença emergente na
                                                   América do Sul, com risco crescente para o Brasil
                                                   (Petry, 2006; Pauvolid-Corrêa e Varella, 2008).

                                                      Os problemas associados ao pardal são tais
   A área de ocorrência do pardal tende a estar    que, na Austrália, a espécie foi classificada como
vinculada às áreas mais abertas, onde há           de extremo risco por apresentar: (1) alto risco
assentamentos humanos. Sua dieta consiste          de causar danos às pessoas, (2) alta capacidade
principalmente de sementes de gramíneas ou         de se estabelecer no ambiente e (3) alto
outras plantas ruderais, de grãos e insetos. No    potencial para se tornar uma praga (Gisd, 2009).
entanto, em áreas urbanas, especializaram-se em    Dessa forma, ficou proibida a sua introdução em
comer restos de comida e migalhas (Gisp, 2009).    qualquer lugar do País onde ainda não ocorre.

   Em áreas rurais, há relatos de que os pardais
podem expulsar pássaros nativos de seus ninhos




                                                                                                  51
7.
                                                           Plantas exóticas invasoras

     Abaixo estão listadas 51 espécies de plantas exóticas invasoras ou potencialmente invasoras
encontradas em 7 estados da Região Nordeste (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio
Grande do Norte e Sergipe), ordenados de acordo com suas respectivas formas de vida (arbusto,
árvore, ervas e trepadeiras) e seus nomes populares. A lista contém também o risco de invasão (RI)
— veja a Seção 5 para explicação —, o nome científico, os estados onde foram encontrados registros e
o número total de registros considerando todos os 7 estados (Reg.).


                                                                                         7.1.
                                                                Lista das espécies de plantas

Forma de vida / Nome
                              RI*   Nome científico        AL    CE   PB   PE   PI   RN    SE   Reg#
popular
Arbustos                                                                                        270
     Algodão-de-seda          +++   Calotropis procera           CE        PE   PI   RN   SE    21
     Bambu                    ++    Bambusa sp.                       PB                        1
     Bambu                    +++   Bambusa vulgaris                  PB   PE   PI              26
     Bananeira-ornamental      +    Musa ornata                       PB                        1
     Cafezeiro                ++    Coffea arabica                              PI              1
     Dracena                  ++    Dracaena fragans                                 RN         1
     Mamona                   +++   Ricinus communis             CE   PB   PE   PI   RN   SE    193
     Palma-forrageira         +++   Opuntia ficus-indica   AL              PE   PI   RN   SE    26
Árvores                                                                                         765
     Acácia-australiana       ++    Acacia mangium                         PE   PI              6
     Acácia-negra             ++    Acacia mearnsii                   PB                        24
     Algaroba                 +++   Prosopis juliflora           CE   PB   PE   PI   RN   SE    179
     Castanhola               ++    Terminalia catappa           CE        PE                   2
                                    Casuarina
     Casuarina                +++                                          PE   PI   RN   SE    11
                                    equisetifolia
     Dendezeiro               +++   Elaeis guineensis                 PB   PE             SE    77
                                    Spathodea
     Espatódea, bisnagueira   ++                                      PB             RN         2
                                    campanulata
     Eucalipto                ++    Eucalyptus sp.                    PB        PI              6
     Goiabeira                ++    Psidium guajava              CE   PB   PE                   4
     Ipê-de-jardim            ++    Tecoma stans                 CE        PE        RN         3
     Jambolão, azeitona-
                              ++    Syzygium cumini              CE             PI              2
     preta
                                    Syzygium
     Jambo-vermelho           ++                                 CE                             1
                                    malaccensis
                                    Artocarpus
     Jaqueira                 ++                                 CE   PB   PE   PI   RN         6
                                    heterophyllus
                                    Leucaena
     Leucena                  +++                          AL    CE   PB   PE   PI   RN   SE    124
                                    leucocephala
     Limoeiro                 ++    Citrus X limon                    PB   PE                   3




52
Forma de vida / Nome
                                RI*   Nome científico          AL    CE    PB     PE    PI    RN    SE     Reg#
popular
   Mangueira                    ++    Mangifera indica               CE    PB    PE          RN            7
   Nim                         +++    Azadirachta indica       AL    CE    PB    PE    PI    RN    SE      261
   Pinus                        ++    Pinus sp.                                                    SE      1
                                      Mimosa
   Sabiá                        ++                                   CE          PE                        2
                                      caesalpiniifolia
   Saboneteira, noz-da-
                                ++    Aleurites moluccana            CE                                    1
   índia
   Salgueiro-amarelo            ++    Acacia longifolia                    PB                              23
   Turco, espinho-de-
                               +++    Parkinsonia aculeata                 PB    PE          RN            19
   jerusalém
   Vassoura-vermelha            ++    Dodonaea viscosa                     PB                              1
Ervas                                                                                                      693
   Braquiária                  +++    Urochloa sp.                               PE          RN    SE      80
   Braquiária                   ++    Urochloa stolonifera                                   RN            1
   Cana-brava, taquara-do-
                                 +    Arundo donax                               PE                        1
   reino
   Canarana, capim-                   Echinochloa crus-
                                ++                                                     PI    RN            5
   capivara                           galli
   Capim-agulha,
                               +++    Urochloa humidicola      AL                PE    PI    RN    SE      185
   braquiarinha
   Capim-andropogon             ++    Andropogon gayanus                   PB          PI                  6
   Capim-bermuda                ++    Cynodon dactylon                     PB                              1
   Capim-braquiária            +++    Urochloa decumbens       AL                      PI          SE      178
   Capim-búfalo, capim-
                               +++    Cenchrus ciliaris        AL          PB    PE    PI    RN    SE      198
   buffel
                                      Megathyrsus
   Capim-colonião               ++                                         PB                              1
                                      maximus
                                      Pennisetum
   Capim-elefante               ++                                                           RN            1
                                      purpureum
   Capim-gordura                ++    Melinis minutiflora                  PB                              1
   Capim-pangola               +++    Digitaria eriantha       AL                PE          RN            13
                                      Coleostephus
   Cravo-de-defunto             ++                                         PB                              1
                                      myconis
   Maria-sem-vergonha,
                                ++    Impatiens walleriana           CE                      RN            2
   beijo
   Pita, piteira                ++    Furcraea foetida                     PB    PE                        2
   Sisal                        ++    Agave sisalana                             PE    PI                  5
   Tiririca, alho-bravo         ++    Cyperus rotundus                     PB                              11
   Trapoeraba-roxa,
                                ++    Tradescantia zebrina                                   RN            1
   lambari
Trepadeiras                                                                                                6
                                        Cryptostegia
   Alamanda-roxa                ++                                      CE                                  6
                                        grandiflora
* RI = risco de invasão: + (baixo risco), ++ (médio risco), +++ (alto risco). O detalhamento dessas categorias
encontra-se na Lista de Espécies Exóticas Invasoras, Seção 5.
# Reg. = número de registros da espécie nos 7 estados.




                                                                                                                  53
7.2
                                              Caracterização das espécies de plantas
ARBUSTOS

Calotropis procera
Algodão-de-seda                                                   A
Distribuição natural: Sri Lanka, Índia, China e Malásia
Impactos: É uma grande ameaça à biodiversidade nativa, pois
compete vigorosamente por nicho e recursos naturais com as
espécies nativas.
Observações: Invade com muita frequência áreas de Caatinga no
Nordeste do Brasil e também áreas de Cerrado, como acontece no
Estado de São Paulo. É também invasora na Austrália, no Caribe e
nos Estados Unidos (Havaí).
Referências: Instituto Hórus (2009).

Bambusa sp.
Bambu
Distribuição natural: Ásia
Impactos: Invade áreas de sub-bosque em florestas nativas, nas
quais forma densos aglomerados, competindo por espaço e
luminosidade com espécies nativas.
Observações: Espécies do gênero são invasoras nas Ilhas Cook, nas
                                                                       A
                                                                       A
Ilhas Fiji, em Niue, em Palau, em Tonga, na Nova Zelândia e na
França (Ilhas Reunião).
Referências: Instituto Hórus (2009).

Bambusa vulgaris
Bambu                                                           B
Distribuição natural: África e Ásia
Impactos: Forma touceiras extensas, excluindo espécies nativas.
Observações: Invade margens de rios, beiras de estradas e áreas
abertas. Invasora no Caribe, nos Estados Unidos (Havaí), na Nova
Zelândia (Ilhas Cook), em Fiji, em Niue, em Palau, em Tonga, na
França (Ilhas Reunião) e em ilhas do Pacífico.
Referências: GISD (2009).


                                                                                         Forest Starr and Kim Starr
Musa ornata
Banana-flor
Distribuição natural: Espanha (região de Málaga)
Impactos: Forma grandes e densos aglomerados, impedindo o
estabelecimento e o desenvolvimento de outras espécies em função
                                                                       B
do sombreamento excessivo. A longo prazo, a espécie pode dominar
o sub-bosque da floresta e impedir a regeneração natural.
Observações: Ocorre preferencialmente em ambientes de solo
fértil, a pleno sol.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Coffea arabica
Cafezeiro                                                          C
Distribuição natural: Etiópia
Impactos: Compete com as espécies nativas nos estratos inferiores
de formações florestais, interferindo no processo de regeneração
natural e de sucessão desses remanescentes.
Observações: Frequentemente encontrada no sub-bosque de
formações florestais em estágios médio e avançado de regeneração,
                                                                                       Forest Starr and Kim Starr




em climas tropicais e subtropicais. Invasora nos Estados Unidos
(Havaí), Equador (Galápagos), Polinésia Francesa, Fiji, Suriname,
Venezuela, Peru, Panamá, Nicarágua, México, Madagascar, Austrália,
Honduras, Guiana, El Salvador, Bolívia e Nova Zelândia (ilhas Cook).
Referências: Instituto Hórus (2009).
                                                                       C




54
Dracaena fragans
Dracena
Distribuição natural: África
Impactos: Forma aglomerados densos que impedem a regeneração
de espécies nativas e causa desbarrancamento das margens e
assoreamento.
Observações: Amplamente disseminada no sub-bosque da Floresta
da Tijuca, especialmente nas suas bordas.
Referências: Ribeiro e Zaú (2007), Instituto Hórus (2009).

Ricinus communis
Mamona                                                           D




                                                                                   Forest Starr and Kim Starr
Distribuição natural: África tropical e região nordeste da África
Impactos: Perda de biodiversidade em ecossistemas abertos e em
áreas degradadas devido ao adensamento e à competição com
espécies nativas. A invasão também provoca impactos negativos
sobre áreas agrícolas e de pastagens.
Observações: Apresenta tendência a invadir ambientes
degradados, como beira de rodovias, margens de rios e terras            D
agricultáveis. Utilizada para a produção de biocombustível em
sistema sem nenhum tipo de contenção além das áreas de produção,
o que tende a ocasionar processos de invasão em áreas naturais. É
invasora em mais de 100 países, incluindo Argentina, Chile,
Guatemala, Austrália,
Referências: Instituto Hórus (2009), Oliveira (2004)

Opuntia ficus-indica
Palma                                                       E
Distribuição natural: Regiões áridas da América Central,
principalmente no México
Impactos: Forma agrupamentos densos que impedem o




                                                                                   Forest Starr and Kim Starr
crescimento da vegetação nativa.
Observações: Invasora na África do Sul, no Equador (Ilhas
Galápagos), nos Estados Unidos (Havaí e Califórnia) e na França
(Ilhas Reunião).
Referências: Instituto Hórus (2009), Silva e Santos (2006).
                                                                        E


ÁRVORES


Acacia mangium
Acácia-australiana                                                F
Distribuição natural: Malásia, Austrália, ilhas Molucas, Papua
Nova-Guiné, Indonésia.
Impactos: Compete por espaço e, por alelopatia, impede a
germinação de sementes de espécies nativas. Pode causar
desequilíbrio hídrico, especialmente em caso de invasão em
ambientes ciliares.
Observações: Invasora em Bangladesh, em Camarões, na Costa
Rica, no Havaí, nas Filipinas, nas Ilhas Cook, na Micronésia, em
Palau e nas Ilhas Comoro. No Brasil, é invasora no Amapá e em
Roraima, na região Amazônica, bem como na Floresta Atlântica e em
áreas de restinga nos estados da Bahia, do Espírito Santo e do Rio de
                                                                             Forest Starr and Kim Starr




Janeiro.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005).

Acacia mearnsii
Acácia-negra
Distribuição natural: Região sudeste da Austrália e da Tasmânia.
                                                                        F




                                                                            55
Impactos: Produz grande quantidade de sementes com viabilidade
no solo por cerca de 50 anos. As numerosas plantas geradas tendem
a dominar o ambiente invadido, com subsequente expulsão das
espécies nativas, ocasionando perda de biodiversidade. As árvores
fixam nitrogênio e alteram o balanço de nutrientes no solo, afetando
a capacidade de sobrevivência de plantas nativas. Por ser uma
espécie de rápido crescimento e apresentar grande potencial
invasor em áreas ripárias, absorve grande quantidade de água,
podendo diminuir sua disponibilidade em rios e córregos cujas
margens estão sendo invadidas.
Observações: Invade ambientes abertos, preferencialmente
alterados, dispersando-se por margens de rodovias e cursos de
água, florestas ripárias, restingas, florestas xerófilas e mésicas e
campos. Invasora na França (Ilhas Reunião), na Espanha, em




                                                                            Forest Starr and Kim Starr
Portugal, na Itália, na Romênia, na África do Sul, na Tanzânia e nos
Estados Unidos (Havaí e Califórnia).
Referências: Instituto Hórus (2009).

Prosopis juliflora
Algaroba                                                  G
                                                                        G
Distribuição natural: Estados Unidos e México.
Impactos: É grande consumidora de água, tendendo a alterar o
regime hídrico, provocando escassez de água em regiões com baixa
pluviosidade. Aumenta o risco de incêndios por acúmulo de
biomassa. Invade áreas abertas e florestas degradadas. Forma
aglomerados densos, excluindo outras espécies por sombreamento.
Invade áreas de agricultura e pastagens, gerando alto custo de
controle.
Observações: A ocupação e a expansão de sua invasão são bastante
favorecidas por perturbações antrópicas e pela proximidade a
cursos de água.
Referências: Instituto Hórus (2009), Pegado et al. (2006), Lins e
Silva (1997).

Terminalia catappa




                                                                             Forest Starr and Kim Starr
Castanhola                                                          H
Distribuição natural: Áreas litorâneas do leste da Índia, Indochina,
Malásia, Austrália, Filipinas e Taiwan.
Impactos: Compete com a vegetação nativa no processo de
sucessão natural, podendo prejudicar o desenvolvimento da
regeneração natural em função de sombreamento causado pela sua          H
copa.
Observações: Invade principalmente regiões costeiras e restingas.
É invasora em diversas ilhas do Pacífico, entre elas Havaí, Ilhas
Mariana, Ilhas Manu, Ilhas Cook e Arquipélago de Galápagos.
Referências: Instituto Hórus (2008), Siqueira (2006), Sanches et al.
(2007).

Casuarina equisetifolia
Casuarina                                                       I
Distribuição natural: Austrália, Indonésia, Índia, Bangladesh,
Ceilão, Malásia e Sri Lanka.
Impactos: Sombreamento da vegetação nativa e deslocamento
dessas espécies.
Observações: Frequentemente encontrada em restingas e praias
do litoral brasileiro, uma vez que é muito utilizada para a contenção
                                                                                               Forest Starr and Kim Starr




de dunas. Invasora nos Estados Unidos (Havaí e Flórida), em Porto
Rico, nas Bahamas, nas ilhas do Caribe e na Argentina.
Referências: Instituto Hórus (2009) Reaser et al. (2005).

Elaeis guineensis
Dendezeiro                                                              I
Distribuição natural: Costa ocidental da África (golfo de Guiné),
nas florestas tropicais da costa da Libéria até Angola.




56
Impactos: Invade fragmentos florestais, inclusive áreas de floresta
ripária, formando adensamentos e causando dominância sobre
espécies nativas.
Observações: Invasora nos Estados Unidos (Havaí), na Polinésia
Francesa, nas Ilhas Cook, na Micronésia e em Palau.
Referências: Instituto Hórus (2008).

Spathodea campanulata
Espatódea, bisnagueira                                          J
Distribuição natural: Leste da África.
Impactos: Apresenta tendência a formar densos agrupamentos,
impedindo o crescimento das espécies nativas. Também impede a
sucessão natural das florestas. As flores têm alcaloides tóxicos, que
podem causar envenenamento de beija-flores e abelhas.




                                                                                 Forest Starr and Kim Starr
Observações: A dispersão de sementes pelo vento dificulta muito o
controle da espécie. É invasora na Austrália (Ilha Christmas), nos
Estados Unidos (Havaí), na Polinésia Francesa e em Fiji.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Eucalyptus sp.
Eucalipto                                                               J
Distribuição natural: Austrália e Pacífico Sul.
Impactos: Apresenta forte dominância sobre a vegetação nativa,
deslocando espécies herbáceas. Quando invade áreas de várzeas e
margens de rios, pode levar à redução da disponibilidade hídrica em
cursos de água.
Observações: Espécies do gênero invadem ecossistemas abertos,
expostos à insolação plena.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Psidium guajava
Goiabeira                                                       K
Distribuição natural: América Tropical (sul do México e norte da
América do Sul).
Impactos: Invade áreas em diferentes níveis de perturbação e




                                                                                 Forest Starr and Kim Starr
forma densas touceiras, eliminando a vegetação nativa e exercendo
sua dominância.
Observações: Invasora em ilhas do Pacífico, na Nova Zelândia, na
Austrália, em na Nova Caledônia, em Fiji, nos Estados Unidos (Havaí
e Flórida), em Porto Rico, no Zimbábue, no sudeste da África, na
Malásia, no Equador (Ilhas Galápagos), em Cuba e no Japão. No           K
Brasil, invasora em áreas de Floresta Ombrófila Aberta, Floresta
Ombrófila Densa, Restingas, Savana (Cerrado), Floresta Ombrófila
Densa Submontana, Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas e
Áreas de Tensão Ecológica (Floresta Ombrófila Densa-Floresta
Ombrófila Mista).
Referências: Instituto Hórus (2009), Biondi e Pedrosa-Macedo
(2008).

Tecoma stans
Ipê-de-jardim                                                   L
Distribuição natural: México e sul dos Estados Unidos.
Impactos: Compete com espécies nativas no processo de
regeneração natural em áreas degradadas. Forma densos
aglomerados, o que leva ao sufocamento da vegetação nativa
                                                                                 Forest Starr and Kim Starr




regenerante e à perda de biodiversidade nos ecossistemas. Perda de
área pastoril devido à invasão da espécie, que dificilmente é
controlada, uma vez que rebrota vigorosamente após o controle
mecânico. Impede o uso de 10 mil hectares para fins de pastagem na
região de Londrina, Paraná, onde o prejuízo é estimado em 45
milhões de reais por ano.
                                                                        L
Observações: É frequentemente utilizada na arborização das vias
públicas. Invasora na África do Sul, na Austrália, na Argentina, em
Madagascar, na Índia, no Paquistão, no Panamá, na França




                                                                            57
(Polinésia Francesa – Ilhas Marquesas) e nos Estados Unidos
(Havaí).
Referências: Instituto Hórus (2009), Lorenzi et al. (2003), Bredow
et al. (2004).

Syzygium cumini
Azeitona, Jambolão                                                 M
Distribuição natural: Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão,
Sri Lanka e Ilhas Maldivas (todo o subcontinente indiano, com
exceção das regiões semiáridas do Sind, Rajastão e Punjab).
Impactos: Compete com espécies nativas, dificultando o processo
de regeneração e, assim, interferindo na sucessão vegetal.
Observações: Invade preferencialmente áreas de florestas
secundárias e agrícolas abandonadas. Invasora na África do Sul, na
Nova Zelândia (Ilhas Cook), nas Ilhas Fiji, na Polinésia Francesa, nos
Estados Unidos (Guam, Havaí, Flórida), na França (Nova Caledônia),
em Niue, em Palau, em Tonga, na China, na Indonésia, na Malásia e
na Austrália.
Referências: Instituto Hórus (2009).




                                                                             Tarciso Leão
Syzygium malaccensis
Jambo-vermelho                                                    N      M
Distribuição natural: Índia e Malásia.
Impactos: Domina o ambiente e desloca espécies nativas.
Observações: Invasora nas Ilhas Fiji, no Equador (Ilhas Galápagos),
nos Estados Unidos (Havaí) e na Polinésia Francesa
Referências: Instituto Hórus (2009).

Artocapus heterophyllus
Jaqueira                                                          O
Distribuição natural: Índia e Península da Malásia.
Impactos: Ocupa áreas florestais e substitui a vegetação nativa,
inibindo a germinação de sementes por alelopatia. Em Ilha Grande,
Rio de Janeiro, em áreas dominadas por jaqueiras, a riqueza de
pequenos mamíferos é menor do que em áreas sem a dominância da
espécie. Em áreas naturais dominadas por jaqueiras, a fauna de




                                                                             Forest Starr and Kim Starr
pequenos mamíferos acaba alimentando-se quase que
exclusivamente dos frutos da espécie e dispersando-a, em
detrimento da dispersão de espécies nativas, devendo, ao longo do
tempo, afetar o processo de sucessão natural.
Observações: Adapta-se facilmente a uma grande diversidade de
ambientes, principalmente nos sub-bosques de florestas. Invasora
em áreas florestais em quase todos os estados do Nordeste, no            N
Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Como as sementes são dispersas
por animais, é difícil conter e/ou prever sua dispersão, o que
dificulta ou inviabiliza a eficiência do controle em áreas naturais.
Referências: Instituto Hórus (2009), H. Bergallo (comunicação
pessoal).

Leucaena leucocephala
Leucena                                                           P
Distribuição natural: América Central e México.
Impactos: Impede a regeneração natural e o estabelecimento de
espécies nativas por alelopatia. É muito dominante e produz grande
quantidade de sementes viáveis.
Observações: Invade margens de florestas, beiras de estradas,
áreas degradadas e beiras de rios. É invasora em mais de 100
                                                                                  Forest Starr and Kim Starr




países. É um sério problema no Parque Nacional de Fernando de
Noronha.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Randall (2002).



                                                                         O




58
Citrus X limon
Limoeiro                                                         Q
                                                                        O
Distribuição natural: Sudeste asiático.
Observações: Invasora nos Estados Unidos, no México, no Chile, na
Argentina, na Itália, na Espanha, na Grécia, na Turquia, no Líbano,
na África do Sul, na Austrália, nas Filipinas, em Fiji, na Nova
Caledônia e no Equador (Ilhas Galápagos). No Brasil, invade áreas
de Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional, Floresta
Estacional Semidecidual e Formações Pioneiras de Influência




                                                                                         Forest Starr and Kim Starr
Marinha (Restingas).
Referências: Instituto Hórus (2009), Biondi e Pedrosa-Macedo
(2008).

Mangifera indica
Mangueira                                                        R
                                                                            P
Distribuição natural: Ásia.
Impactos: A invasão da espécie em ambientes ciliares pode
provocar alteração do pH da água devido ao apodrecimento das
folhas e dos frutos em grande quantidade. Impacto sobre a
dispersão de espécies nativas zoocóricas, uma vez que é muito
utilizada como fonte de alimento por animais, diminuindo o
consumo de frutos e, consequentemente, a dispersão de espécies
nativas.
Observações: Invade áreas ciliares do semiárido do Nordeste
brasileiro. É também invasora no México, na Austrália, na China, nos




                                                                                    Forest Starr and Kim Starr
Estados Unidos (Havaí), no Equador (Ilhas Galápagos), em Fiji, na
Polinésia Francesa, em Guam, no Japão, em Nauru, na Nova
Caledônia, em Niue, na França (Ilhas Reunião), nas Ilhas Maurício,
em Tonga e no Paquistão.
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Xavier e Moreno
(2008).
                                                                            Q
Azadirachta indica
Nim                                                              S
Distribuição natural: Ocorre naturalmente nas florestas secas do
Deceão e Karnataka — na Índia —, em Mianmá e no Sri Lanka.
Impactos: Compete com outras espécies arbóreas em ambientes
florestais e domina pela ação de substâncias alelopáticas, inibindo a
germinação de espécies nativas. Altera o regime hídrico,
principalmente em ecossistemas abertos, em que substitui a
vegetação de pequeno porte. Torna-se dominante à medida que a
invasão aumenta.                                                                         Forest Starr and Kim Starr
Observações: Invasora na Austrália, na República Dominicana, na
Índia, em Gana, na Gâmbia, na região do Sahel, além de outros
países da África Ocidental. Atualmente representa um fator de
prejuízo a fazendeiros em países africanos, a quem faltam recursos
para fazer controle em regiões invadidas, impactando áreas de
cultivo e produção agrícola.                                                    R
Referências: Instituto Hórus (2009), Randall (2002).

Pinus sp.
Pinus
Distribuição natural: Hemisfério norte: América do Norte, Europa
e Ásia.
Impactos: Em ecossistemas campestres, a invasão de qualquer
espécie do gênero Pinus representa a total substituição da
vegetação nativa devido ao sombreamento, ao aumento na acidez
                                                                                    Forest Starr and Kim Starr




do solo, à perda de fertilidade e ao elevado consumo de água, que
pode até impactar o nível do lençol freático.
Observações: Ocorre comumente em áreas degradadas de florestas
e ambientes abertos, secos até muito úmidos. Espécies do gênero
são invasoras no Canadá, Argentina, Uruguai, Chile, Austrália, Nova
Caledônia, Nova Zelândia, em Madagascar, Malaui e África do Sul.
Referências: Instituto Hórus (2009).
                                                                                S




                                                                                    59
Mimosa caesalpiniifolia
Sabiá                                                          T
Distribuição natural: Espécie endêmica do ecossistema Caatinga,
na formação de Savana Estépica.
Impactos: Domina formações florestais em regeneração,
dificultando a sucessão natural de espécies nativas (observada em     S
remanescentes de Floresta Ombrófila Aberta, em Alagoas, em área
na qual a espécie foi utilizada como cerca viva e invadiu a área
adjacente). Possível potencial alelopático.
Observações: Ocorre exclusivamente em ambientes abertos e com




                                                                            APNE/CNIP
alta taxa de insolação.
Referências: Instituto Hórus (2009), Lopes e Piña-Rodrigues           T
(1997).

Aleurites moluccana
Salgueiro-amarelo, saboneteira, nogueira                      U
Distribuição natural: Austrália e Tasmânia.
Impactos: Pode alterar a disponibilidade de nutrientes e de água no




                                                                          Forest Starr and Kim Starr
solo em função da elevada taxa de absorção. Provoca a redução da
diversidade biológica por exercer dominância. Observa-se a inibição
da germinação de espécies nativas (provável ação alelopática).
Observações: Invasora no Uruguai, em Portugal, na África do Sul e
está avançando ao longo da costa norte da Argentina e no Sul do
Brasil..                                                              U
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005).

Acacia longifolia
Acácia
Distribuição natural: Austrália e Tasmânia.
Impactos: Altera a disponibilidade de nutrientes e de água no solo




                                                                           Forest Starr and Kim Starr
em função da elevada taxa de absorção. Provoca a redução da
diversidade biológica em ecossistemas por exercer dominância. Em
florestas ciliares, observa-se a inibição da germinação de espécies
nativas.
Observações: Invasora no Uruguai, em Portugal, na África do Sul e
está avançando ao longo da costa norte da Argentina e no Sul do
Brasil.                                                               V
Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005),

Parkinsonia aculeata
Turco, espinho-de-jerusalém                                   V
Distribuição natural: Regiões semi-áridas da América do Norte.
Impactos: Compete com a flora nativa, resultando em perda
                                                                           Forest Starr and Kim Starr




expressiva da biodiversidade local.
Observações: É possível observar maciços populacionais em
margens e leitos de lagoas e açudes temporários, locais
preferenciais de invasão da espécie. Em Sossego, na Paraíba, foram
contabilizados 1.493 indivíduos da espécie em uma área de 3 mil
m².                                                                   W
Referências: Oliveira et al. (2007).

Dodonaea viscosa
Vassoura-vermelha                                         W
Distribuição natural: De São Paulo ao Rio Grande do Sul, em
vegetação de restinga e em dunas mais próximas ao mar.
Observações: Invasora na Colômbia, na Polinésia Francesa e na
Namíbia. A espécie adapta-se a uma grande variedade de solos,
inclusive rochosos e secos, sendo muito resistente a períodos
prolongados de seca.
Referências: Instituto Hórus (2009).




60
ERVAS

Urochloa sp.
Braquiária
Distribuição natural: África (regiões tropicais).
Impactos: Compete com a vegetação nativa durante a regeneração,
comprometendo o processo de sucessão natural.
Observações: Invade áreas de formações abertas, bem como
ambientes degradados e áreas de pastagens.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Urochloa stolonifera
Braquiária
Distribuição natural: África (regiões tropicais).
Impactos: Compete com a vegetação nativa em regeneração,
comprometendo o processo de sucessão natural.
Observações: Invade áreas de formações abertas, bem como




                                                                                 Forest Starr and Kim Starr
ambientes degradados e áreas de pastagens. É invasora nos Estados
Unidos, na Austrália (porção norte), na Índia, no Sri Lanka, em
Mianmá, na Tailândia, na Indonésia e nas Ilhas Fiji.
Referências: Instituto Hórus (2009).
                                                                         X
Arundo donax



                                                                         Fores

                                                                         Starr



                                                                         Starr
                                                                         Kim
                                                                         and
                                                                         t
Cana-brava                                                      X
Distribuição natural: Ásia e Europa.
Impactos: Pode formar densos aglomerados devido à reprodução
vegetativa e, por isso, ocupa áreas extensas, excluindo a vegetação
nativa e a fauna a ela associada, interferindo também na
disponibilidade hídrica em ambientes áridos.
Observações: Fragmentos dos rizomas são facilmente transportados
pelos cursos de água, originando novos pontos de invasão em longas
distâncias.
Referências: Instituto Hórus (2009), Siqueira (2006).

Echinochloa crus-galli
Canarana, Capim-arroz                                              Y
Distribuição natural: Europa, África e Ásia.


                                                                                      Forest Starr and Kim Starr
Impactos: Desloca espécies nativas do ambiente natural,
especialmente em formações vegetais abertas.
Observações: Invade ambientes tropicais abertos e áreas degradadas
em todo o mundo. Invasora em mais de 20 países.
Referências: Instituto Hórus (2009).
                                                                         Y
Urochloa humidicola
Capim-agulha
Distribuição natural: África Tropical (regiões leste e sudeste).
Impactos: Invade e domina áreas desmatadas e áreas úmidas;
obstrui pequenos cursos de água, prejudicando a qualidade da água e
da fauna aquática; dificulta o restabelecimento da vegetação florestal
e a substituição da vegetação nativa.
Observações: Invasora em muitos estados no Brasil, em Fiji, em
Niue, em Kiribati e nos Estados Unidos (Flórida).
Referências: Instituto Hórus (2009).

Andropogon gayanus
Capim-andropogon                                                  Z
                                                                                      Forest Starr and Kim Starr




Distribuição natural: Da costa oeste do Senegal até o leste do Sudão,
Moçambique, Botsuana, Namíbia e África do Sul.
Impactos: A savana invadida pela A. gayanus tem capacidade de
combustão 7 vezes maior do que aquela ocupada por espécies nativas.
Dessa forma, a espécie altera os ciclos naturais de fogo e,
consequentemente, a estrutura da vegetação em regeneração.               Z
Observações: Apresenta excelente adaptação a solos ácidos e de




                                                                                 61
baixa fertilidade, desenvolvendo-se melhor em solos profundos e bem
     drenados. O cultivar Planaltina escapa do cultivo com facilidade e
     tende a ocupar ambientes marginais e perturbados no Distrito
     Federal e em Goiás. As demais espécies do gênero são daninhas,
     encontradas em quase todo o território nacional. Invasora no norte da
     Austrália.
     Referências: Instituto Hórus (2009).

     Cynodon dactylon
     Capim-bermuda                                                    Aa
     Distribuição natural: África Oriental e do sul da Europa.
     Impactos: Compete com espécies nativas e agrícolas por espaço,
     umidade, nutrientes e oxigênio. Essa espécie é um problema comum




                                                                                        Forest Starr and Kim Starr
     em culturas de algodão, amendoim, café, espécies cítricas, fumo, entre
     outras.
     Observações: Ocorre comumente em áreas degradadas, tais como
     beira de estradas, terrenos baldios e locais úmidos e com altos níveis
     de nitrogênio. Invasora na Austrália, na Nova Zelândia, nas Filipinas,
     em Camboja, em Cingapura, na Tailândia, no Vietnã, em Tonga, nas
     Ilhas Salomão, em Samoa, nas Ilhas Galápagos, no Chile, na Colômbia,     Aa
     em El Salvador, na Guatemala, em Honduras, na Nicarágua, no Peru,
     no México, no Havaí, na Micronésia, nas Ilhas Fiji, na Polinésia
     Francesa, nas Ilhas Guam, em Kiribati, nas Ilhas Marshall, em Nauru,
     na Nova Caledônia, em Niue, em Palau e na Malásia.
     Referências: Instituto Hórus (2009).

     Urochloa decumbens
     Capim-braquiária
     Distribuição natural: África do Sul.
     Impactos: Invasora agressiva de áreas de Cerrado, causando
     dominância sobre o ambiente. Forma densas touceiras e expulsa as
     espécies nativas de seu hábitat. Na Amazônia, a planta ocorre em
     terra firme, em solos argilosos ou areno-argilosos.
     Observações: Invasora no Equador (arquipélago de Galápagos).




                                                                                         Forest Starr and Kim Starr
     Referências: Instituto Hórus (2009), Kissmann (1997).

     Cenchrus ciliaris
     Capim-búfalo                                                     Ab
     Distribuição natural: África, Índia, ilhas Canárias e Madagascar
     Impactos: Forma densas touceiras que impedem a permanência e
                                                                                   Ab
     deslocam espécies nativas, deixando-as mais suscetíveis ao fogo. Há
     evidências de alelopatia sobre espécies nativas.
     Observações: Invasora na Austrália, em Fiji, na Nova Caledônia, nos
     Estados Unidos (sudoeste e Havaí), no México, na Macronésia e em
     Tonga.
     Referências: Instituto Hórus (2009), Nurdin e Fulbright (1990).

      Urochloa maxima (*)
      Capim-colonião                                                Ac
      Distribuição natural: Congo, Tanzânia, Guiné, Quênia, Zimbábue,
      Índia .
      Impactos: Forma densos aglomerados em ecossistemas abertos
      e em áreas degradadas. Pode suprimir ou competir com a flora
      local em solos férteis, provocando acúmulo de biomassa morta, o
      que funciona como uma boa fonte de combustível para incêndios.
                                                                                             Forest Starr and Kim Starr




      É resistente ao fogo e rebrota vigorosamente após incêndios,
      sendo capaz de deslocar outras espécies exóticas invasoras, como
      o capim-gordura (Melinis minutiflora) e o capim-jaraguá
      (Hyparrhenia rufa).
      Observações: Invasora em mais de 40 países. Há referências de
      que seja um problema em mais de 20 tipos de culturas.                        Ac
      Referências: Instituto Hórus (2009).
      (*) Outros nomes aceitos para a espécie: Megathyrsus maximus e
      Panicum maximum.




62
Pennisetum purpureum
Capim-elefante                                               Ad
Distribuição natural: África tropical.
Impactos: Forma densos povoamentos, especialmente em áreas
úmidas, onde domina o espaço de espécies nativas.




                                                                                Forest Starr and Kim Starr
Observações: Invade áreas encharcadas, canais e outras áreas
úmidas. É invasora em mais de 20 países.
Referências: Instituto Hórus (2009)


Melinis minutiflora                                                 Ad
Capim-gordura                                                Ae
Distribuição natural: África.
Impactos: Cresce sobre a vegetação herbácea nativa, causando
sombreamento e morte dessa vegetação e, assim, deslocando
espécies nativas de flora e fauna. Também gera aumento da
quantidade de incêndios no Cerrado, com eliminação tanto das




                                                                                    Forest Starr and Kim Starr
plantas nativas quanto do banco de sementes preexistentes no
solo. Em pesquisa realizada na Estação Ecológica do Jardim
Botânico de Brasília, detectou-se que a invasão por esta espécie
interfere no crescimento de espécies nativas, especialmente da
Cecropia pachystachya.
Observações: Invade preferencialmente áreas degradadas e            Ae
ecossistemas abertos e ensolarados. É fortemente invasora em
locais recém-queimados, pois rebrota vigorosamente após os
incêndios.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Digitaria eriantha
Capim-pangola                                                Af




                                                                                 Forest Starr and Kim Starr
Distribuição natural: África do Sul.
Impactos: Altamente agressiva, com relatos de problemas em 60
países, infestando mais de 30 culturas de importância econômica.
Espécie particularmente hábil no processo de competição,
causando danos em culturas anuais e em viveiros. Também
apresenta efeitos alelopáticos sobre várias plantas cultivadas.     Af
Observações: Invade áreas degradadas, áreas agrícolas e
vegetação campestre. É invasora no México.
Referências:Instituto Hórus (2009), Kissmann (1997).

Coleostephus myconis
Cravo-de-defunto                                             Ag
Distribuição natural: Região mediterrânea.
Impactos: Cresce em alta densidade e, por dominância, desloca
as espécies nativas.
Observações: Tolerante a geadas, invade terrenos baldios,
                                                                                Alvesgaspar




pastagens, hortas e beira de estradas. Prefere solos modificados,   Ag
bem drenados e com boa incidência de luz. Invasora no Japão e na
região da Galícia.
Referências: Instituto Hórus (2009).

Impatiens walleriana
Maria-sem-vergonha, beijo                                    Ah
Distribuição natural: África (Tanzânia a Moçambique).
                                                                              Forest Starr and Kim Starr




Impactos: Domina completamente áreas sombreadas,
especialmente em ambientes úmidos, deslocando plantas nativas
de sub-bosque .
Observações: A espécie domina o sub-bosque das florestas de
araucárias (Araucaria angustifolia) em todos os 3 estados do Sul
do Brasil.
Referências: Instituto Hórus (2009), Reaser et al. (2005).          Ah




                                                                         63

                                                                    Ah
Furcraea foetida
     Pita, piteira                                                Ai
     Distribuição natural: norte da América do Sul e América
     Central.
     Impactos: Avança sobre áreas rupestres, deslocando bromélias e
     vegetação rupestre. Quando em alta densidade, impede o
     deslocamento da fauna..
     Observações: Invasora nos Estados Unidos (Havaí), nas Ilhas
     Fiji, nas Ilhas de Santa Helena e nas Ilhas Maurício.
     Referências: Instituto Hórus (2009).




                                                                               Forest Starr and Kim Starr
     Agave sisalana
     Sisal
     Distribuição natural: México (Península de Yucatán).
     Impactos: Expulsão de espécies nativas por ocupação do espaço
     e adensamento.
     Observações: Invade preferencialmente regiões costeiras.             Ai
     Invasora em ilhas e em arquipélagos no Oceano Pacífico (Havaí,
     Polinésia, Micronésia), na África do Sul e na Austrália.
     Referências: Instituto Hórus (2009).

     Cyperus rotundus
     Tiririca, alho-bravo                                          Aj
     Distribuição natural: Provavelmente originária da Índia.
     Impactos: Os indivíduos desta espécie produzem toxinas que
     afetam a germinação, a brotação e o desenvolvimento de outras
     espécies. A espécie também pode ser hospedeira alternativa para
     fungos do gênero Fusarium e para diversas espécies de
     nematoides.




                                                                               Forest Starr and Kim Starr
     Observações: Invade hortas, jardins, pomares e lavouras.
     Invasora em Samoa, na Austrália, na Nova Zelândia, em Niue, nas
     Ilhas Cook, nas Ilhas Galápagos, na Micronésia, em Fiji, na
     Polinésia Francesa, em Guam, no Havaí, em Kiribati, nas Ilhas
     Marshall, em Nauru, na Nova Caledônia, em Palau, nas Filipinas,
     em Samoa, em Tonga, no Camboja, no Chile, na China, na
                                                                          Aj
     Colômbia, na Indonésia, no Japão, na Malásia, no México, em
     Brunei, no Peru, em Singapura, na Tailândia, no Vietnã e nas Ilhas
     Maurício.
     Referências: Instituto Hórus (2009).

     Tradescantia zebrina
     Trapoeraba-roxa, lambaril
     Distribuição natural: América Central e México.
     Impactos: Dificulta a regeneração natural de espécies nativas.
     Observações: Invade preferencialmente os sub-bosques de
     formações florestais em regeneração, alterando as condições para
     o estabelecimento de plântulas de espécies nativas. É invasora
     nos Estados Unidos (Havaí), no Equador (Arquipélago de
     Galápagos), em Fiji, nas Ilhas Cook e na França (Polinésia
     Francesa).
     Referências: Instituto Hórus (2009), Toledo Filho et al. (2008).




64
TREPADEIRA


Cryptostegia grandiflora
Alamanda-roxa                                                 Ak
Distribuição natural: Sudoeste de Madagascar.
Impactos: Desenvolve-se sobre as copas de árvores nativas,
impedindo a passagem de luz e levando-as à morte por




                                                                                 Forest Starr and Kim Starr
sombreamento excessivo, pelo peso de sua cobertura e/ou por
asfixia, quando os ramos se enrolam ao redor dos troncos. A
redução da intensidade luminosa também limita ou até anula a
regeneração natural.
Observações: Invasora na Austrália, no leste da África, no Egito, no
Marrocos, nas Ilhas Maurício, na Índia, no sudeste da Ásia, no
                                                                       Ak
México, nos Estados Unidos, na França (Nova Caledônia) e nas Ilhas
Fiji.
Referências: Instituto Hórus (2009)




                                                                            65
7.3.
                                                             Maiores ameaças de plantas


Nim – Azadirachta indica                               (Caatinga; Instituto Hórus, 2009). No Brasil, a
     A espécie popularmente conhecida como nim         espécie também já tem se disseminado em
é uma árvore nativa da Índia e do sudoeste             formações vegetais tropicais, como na Floresta
asiático que foi introduzida no Brasil na década       Amazônica, e é hoje uma ameaça à diversidade
de 1980 pelo Instituto Agronômico do Paraná            biológica na Bacia do Rio Xingu, onde já é
(Iapar) por meio de sementes originárias das           possível observar processos de invasão em
Filipinas e, posteriormente, teve seu cultivo          florestas ciliares (G. Durigan, com pess.). Na
implantado nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste        Região Nordeste, há 259 ocorrências de nim
e Centro-Oeste (Bittencourt, 2006).                    registradas na Base Nacional de Dados sobre
                                                       Espécies    Exóticas    Invasoras,      incluindo    o
     O nim é amplamente utilizado como uma
                                                       Arquipélago de Fernando de Noronha.
espécie para agroflorestas, uma vez que suas
sementes contêm substâncias que podem ser                 O nim tem capacidade para alterar a
usadas na produção de pesticidas naturais, não         estrutura de ecossistemas abertos, causando
agressivos ao meio ambiente (Gisp, 2005).              significativa   perda      de        espécies       por
Entretanto, essa espécie mostrou-se altamente          sombreamento       e     pela    alta      densidade
invasora em outras partes do mundo onde foi            populacional. Libera fitoquímicos no solo e inibe
introduzida. Em Gana, na África Ocidental, as          a germinação de espécies nativas (alelopatia),
perdas na agricultura e os impactos ambientais         exercendo dominância ao longo do tempo
provocados por esta espécie excedem qualquer           mesmo em ambientes florestais. Pode ainda
benefício econômico (Gisp, 2005). A espécie            alterar o regime hídrico local (Gist, 2009),
representa um fator de prejuízo a fazendeiros, a       especialmente em regiões de baixa pluviosidade.
quem faltam recursos para realizar o controle          A eficácia no controle é pouco viável, dada a
em áreas invadidas, que incluem áreas de cultivo       dispersão por aves e morcegos.
agrícola e de uso pastoril, trazendo impactos
econômicos e sociais. A Reserva de Fauna Shai          Mamona – Ricinus communis
Hills Game, em Gana, tinha, já em 2005, 60% de            A mamona é uma espécie arbustiva bastante
sua área completamente dominada pelo nim a             comum em todo o Brasil, principalmente no
partir de um processo de invasão (Instituto            Nordeste brasileiro. As informações a respeito
Hórus, 2009 – Bright Kankam, com. pessoal).            de sua origem ainda permanecem controversas,
                                                       uma vez que muitos pesquisadores acreditam
     Atualmente,     a   espécie   é   invasora   em
                                                       que essa espécie seja originária do continente
ecossistemas diversos, desde campos e Cerrados
                                                       africano, com a Etiópia e a região do leste da
até ecossistemas florestais, bem como em áreas
                                                       África apontados como os centros de diversidade
degradadas, pastagens e áreas agrícolas, tendo
                                                       (Moshkin, 1986), enquanto outros afirmam ser a
grande potencial de invasão e de impacto sobre
                                                       Ásia o centro de origem dessa espécie (Hemerly,
ecossistemas       naturais   na   savana   estépica
                                                       1981).



66
Devido à sua extraordinária capacidade de             Para melhor aproveitamento dos benefícios
adaptação aos diferentes ecossistemas, a espécie        oferecidos pela espécie sem acarretar danos aos
é disseminada em vários continentes. No Brasil,         ecossistemas        naturais,       a       produção   do
acredita-se que a chegada das sementes tenha            biocombustível no Brasil deve ser estabelecida a
ocorrido      no     século   XVI,   trazida   pelos    partir de estratégias para o desenvolvimento
exploradores europeus para o cultivo e a                sustentável.
utilização    do óleo das sementes para a
iluminação das ruas. Hoje em dia, em resposta a
uma excelente aclimatação, grandes populações
de mamona podem ser observadas em terrenos
baldios,     áreas   agrícolas,   proximidades     de
habitações rurais ou terrenos recentemente
revolvidos (Instituto Hórus, 2009). Assim, a
ocupação e expansão da mamona são bastante
favorecidas pelas perturbações antrópicas. Na
Região Nordeste, há 203 ocorrências de mamona
registradas na Base Nacional de Dados sobre
Espécies Exóticas Invasoras.

     Com o lançamento do Programa Nacional de
Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), em 2004, a
mamona foi designada pelo Governo Federal
como um dos pilares de sua política de inclusão
social da agricultura familiar na cadeia produtiva
da    agroenergia,     transformando-a    em      uma
importante alternativa de cultivo para a região
do semiárido nordestino, principalmente por ser
de fácil adaptação e ter boa resistência a
períodos de seca, além de proporcionar trabalho
e renda para as populações locais. No entanto, o
aumento populacional e a expansão da espécie               Além disso, as sementes da mamona contêm
para fora das áreas de cultivo têm ocasionado           rícino, um alcaloide extremamente tóxico para
problemas      ambientais,    como    a   perda    de   animais e seres humanos. As folhas também
biodiversidade em ecossistemas abertos devido           possuem        a    toxina,        porém       em   menor
ao sombreamento excessivo, a restrição à                concentração. Os sintomas da intoxicação em
circulação da fauna, além de ocasionar danos            animais geralmente aparecem após algumas
sociais e econômicos, como a perda de áreas             horas ou poucos dias. Quando ingeridas, as
utilizadas por produtores para lavouras e               sementes           podem           causar       problemas
pastagens.                                              gastrointestinais,     e      as     folhas,    problemas
                                                        neuromusculares (Instituto Hórus, 2009).




                                                                                                               67
baixo número de ocorrências registradas nessa
Algaroba – Prosopis juliflora                        base, encontram-se relatos da dominância da
                                                     espécie. Segundo Nascimento (2008), essa
                                                     espécie pode ser observada dominando extensas
                                                     áreas, e estima-se que 500 mil hectares da
                                                     Caatinga, ecossistema dominante da Região,
                                                     estejam    invadidos        pela    algaroba.          Segundo
                                                     Franco (2008), hoje são mais de 10 milhões de
                                                     indivíduos só na Paraíba, principalmente na
                                                     região do Cariri.

                                                        No          Nordeste,      a      algaroba           ocorre
                                                     preferencialmente em locais de clima semiárido,
                                                     sendo encontrada em densos povoamentos de
                                                     áreas degradadas, agrícolas e de pasto, como
                                                     também ao longo de canais de irrigação e nas
                                                     proximidades de açudes (Lima et al., 2002). A
     A espécie arbórea conhecida no Nordeste         espécie também é frequente invasora em matas
como algaroba ou algarobeira é originária dos        ciliares e baixadas sedimentares (Pegado et al.,
Estados Unidos e do México (Lorenzi et al.,          2006; Franco 2008). Assim, a ocupação e a
2003). Foi introduzida no Brasil em 1942, em         expansão da algaroba são bastante favorecidas
Serra Talhada, Pernambuco, por meio de               pelas     perturbações            antrópicas       e      pela
sementes trazidas do Peru (Azevedo, 1961), e,        proximidade de cursos de água (Lins e Silva,
alguns anos depois, outras sementes trazidas do      1997).
Sudão foram introduzidas em Angicos, Rio
                                                        O sucesso da algaroba como invasora pode
Grande do Norte, em 1948 (Lima e Silva, 1991).
                                                     estar relacionado com a produção massiva de
Primeiramente, a espécie foi introduzida com
                                                     sementes e a sua eficiente dispersão. As
finalidade   de     plantio   para   suplementação
                                                     sementes        podem      ser     dispersas       a    longas
alimentar      do      gado      (Nobre,    1982);
                                                     distâncias. Já em escala local, são os animais,
posteriormente, a espécie foi difundida na região
                                                     tanto     de     criação     quanto     selvagens,         que
como alternativa econômica para forragem e
                                                     disseminam as sementes após comerem os
produção de madeira e lenha (Pegado et al.,
                                                     frutos. Outro fator que contribui para o sucesso
2006), o que favoreceu a sua disseminação
                                                     da invasão da espécie é a capacidade da semente
intencional em vários municípios na região.
                                                     de permanecer dormente por até 10 anos no solo
     A maior distribuição da espécie encontra-se     (Gisp, 2005).
na Região Nordeste (Lima e Silva, 1991), onde há
                                                        Devido às suas características de ocupação e
179 ocorrências de algaroba registradas na Base
                                                     à formação de aglomerados populacionais, a
de Dados Nacional sobre Espécies Exóticas
                                                     algaroba pode esgotar reservas vitais de água em
Invasoras, incluindo o Arquipélago de Fernando
                                                     ambientes        onde      esse    recurso     é       escasso,
de Noronha. Entretanto, contrapondo-se ao




68
tornando-o, dessa forma, indisponível para as      Leucena – Leucaena leucocephala
espécies nativas (Gisp, 2005). Além disso, essa       A leucena é uma espécie arbórea, nativa do
espécie ameaça negativamente a biodiversidade      México e da América Central, que teve seu
local pela exclusão da vegetação nativa (Gisp,     cultivo fortemente promovido por organizações
2005). Recentemente, foi demonstrado que           internacionais devido à sua utilidade como fonte
áreas de Caatinga na Paraíba invadidas pela        de forragem e lenha (Gisp, 2005). Nominada
algaroba são mais pobres em espécies arbóreas e    árvore milagrosa nos primeiros anos do seu
arbustivas nativas (Pegado et al., 2006) e têm     cultivo global, essa espécie — de crescimento
menor abundância de indivíduos na regeneração      rápido, fixadora de nitrogênio e bastante
desses dois grupos (Andrade et al., 2008) do que   tolerante à seca — foi vista como fonte
em áreas onde a espécie não está presente. Em      alternativa de alimentação para animais de
outro estudo, Nascimento (2008) verificou que a    criação, principalmente em locais onde esses
presença de algaroba aumenta a mortalidade da      recursos são escassos (Gisp, 2005).
Mimosa      tenuiflora,    Erythrina   velutina,
                                                      Como consequência, a espécie apresenta-se
Caesalpinia microphylla e Caesalpinia férrea —
                                                   distribuída na maior parte das regiões tropicais
espécies nativas da Caatinga — em experimentos
                                                   e subtropicais do planeta. Atualmente, está
de competição simulada. Assim, observa-se que a
                                                   amplamente disseminada na América do Sul,
presença dessa espécie pode comprometer a
                                                   onde foi introduzida na maioria dos países. No
sobrevivência e a regeneração das espécies
                                                   Brasil, é encontrada em quase todos os estados,
nativas no ecossistema.
                                                   sendo bastante frequente nas regiões Sul e
   Vale ressaltar que, na África do Sul, a         Sudeste e, principalmente, na Região Nordeste,
algaroba é a espécie exótica invasora que          onde é encontrada em áreas de Caatinga. Sua
apresenta a segunda maior taxa de consumo de       presença no Arquipélago de Fernando de
água, sempre apresentando preferência por          Noronha     é    considerada        particularmente
ambientes ripários e levando ao rebaixamento       problemática,   pois   está    em     processo   de
do lençol freático e ao esgotamento de cursos de   dominância de grande parte do ambiente
água. Estima-se que as espécies do gênero
consumam, no país, 191 milhões de metros
cúbicos de água por ano, considerando uma
área invadida de um 1,8 milhão de hectares
(Versveld et al., 1998).

   A algaroba é bastante valorizada em muitas
regiões da América do Sul, razão pela qual a
erradicação dessa espécie invasora não é uma
opção. Uma possível solução para o conflito de
interesses econômicos ou ecológicos em torno
da algaroba é o seu controle populacional e o
manejo através de plantações agroflorestais
(Gisp, 2005).




                                                                                                    69
terrestre (Gisp, 2005). Segundo os dados da Base     e Baruch, 2000). Nessas regiões, essas espécies
Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, há       têm      facilmente    escapado        dos   cultivos    e
124 ocorrências de leucena na Região Nordeste.       colonizado áreas seminaturais e naturais com
                                                     rápida taxa de expansão, causando prejuízos
     Essa   espécie    invasora    pode    formar
                                                     ecológicos que comprometem a estabilidade dos
aglomerados monoespecíficos, substituindo a
                                                     ecossistemas (Williams e Baruch, 2000).
vegetação natural, o que dificulta a circulação da
fauna nativa e expõe o solo à erosão. Essa               Em muitos casos, a introdução intencional de
espécie compõe a lista das 100 espécies              espécies     exóticas        representa      importantes
invasoras mais agressivas do mundo (ISSG, s/d).      benefícios para a economia local e regional das
A leucena é comumente encontrada ao longo de         áreas onde foram introduzidas, e, na maioria
margens de rodovias, em áreas degradadas,            desses casos, os atributos que fazem com que
agrícolas   e   de    pastagens,   além   de   ser   elas tragam benefícios econômicos são os
frequentemente observada invadindo bordas de         mesmos que as tornam invasoras (Arraiga et al.,
florestas e margens de rios (Instituto Hórus,        2004). Dessa forma, novas introduções podem
2009). A dominância exercida também impede a         significar recursos econômicos imediatos para a
regeneração natural da vegetação nativa, como é      região, mas, posteriormente, podem acarretar
o caso da Floresta Nacional de Pacotuba, situada     sérios danos ecológicos ao hábitat (Sakai et al.,
no município de Cachoeiro de Itapemirim,             2001), o que também pode comprometer direta
Espírito Santo, onde sua presença prejudica o        e indiretamente os benefícios econômicos
desenvolvimento do plantio realizado para a          trazidos (Lonsdale, 1994).
recuperação da área (Xavier e Moreno, 2008).
                                                         Na América do Sul, a região semiárida do
     A espécie pode também          ter   impactos   Nordeste do Brasil foi alvo de um grande
negativos sobre animais não ruminantes que           número       de    introduções         intencionais     de
consomem as folhas e sementes, uma vez que o         gramíneas (Cox et al., 1998). Devido às
alto teor do aminoácido mimosina presente            condições ambientais, foram introduzidas na
nessas estruturas, quando consumidas em              região     espécies     de     fácil   estabelecimento,
grandes quantidades, pode provocar problemas         resistentes à seca e com alta produtividade
à saúde dos animais (Instituto Hórus, 2009).         (Williams e Baruch, 2000), tais como Cenchrus
                                                     ciliaris   (capim-búfalo),        Melinis     minutiflora
Gramíneas                                            (capim-gordura)         e,      mais      recentemente,
     O histórico de introdução das espécies de       Andropogon         gayanus       (capim-andropogon),
gramíneas oriundas das savanas do continente         Pennisetum         purpureum           (capim-elefante),
africano é bastante antigo e teve como principal     Digitaria eriantha (capim-pangola) e várias
motivação o cultivo para produção de forragem        espécies do gênero Urochloa — em sua maioria
para o gado (Cox et al., 1988). Um número            conhecidas como braquiárias (Bogdan, 1977;
considerável de gramíneas foi introduzido            Williams et al., 1995). Atualmente, todas essas
intencionalmente em várias localidades do            espécies     são      consideradas       invasoras      em
mundo, especialmente nas regiões semiáridas e        diferentes formações vegetais do Nordeste
áridas das Américas do Norte e do Sul (Williams      brasileiro, sendo comumente responsáveis por




70
promoverem danos ecológicos e econômicos aos             utilizadas. Então, o desenvolvimento de práticas
ecossistemas       dessa   região     (Corrêa,   1975;   para a redução da expansão e o estabelecimento
Lorenzi, 2008).                                          de novas populações e, consequentemente, dos
                                                         seus impactos negativos no ambiente são
   A conversão de ecossistemas naturais em
                                                         considerados como medidas alternativas de
ambientes antropizados, como áreas urbanas ou
                                                         controle das espécies exóticas invasoras (IUCN,
destinadas     à      agropecuária,      aumenta     a
                                                         2000).
disponibilidade de recursos limitados e gera
constantes oportunidades para a colonização de              Seguem, abaixo, informações sobre algumas
espécies e para o crescimento populacional de            das gramíneas exóticas invasoras presentes em
espécies tolerantes às novas condições impostas          áreas naturais da Região Nordeste.
(Hobbs, 2000). D’Antonio e Meyerson (2002)
afirmam que espécies exóticas invasoras tendem           Capim-búfalo – Cenchrus ciliaris
a ser as primeiras a recolonizar ambientes após             Conhecida popularmente como capim-búfalo,
distúrbios, agindo como espécies pioneiras,              essa espécie, originária da África, do Oriente
mesmo quando não estavam presentes na                    Médio e da Índia, foi introduzida no Brasil em
comunidade antes, e, a partir daí, devem alterar         1952, em São Paulo, objetivando-se a produção
os processos sucessionais.                               de forragem e pasto para criações de gado
                                                         (Instituto Hórus, 2009). Como não se obteve
   Espécies das famílias Poaceae e Fabaceae são
                                                         sucesso em São Paulo, foi levada para a Região
grandes colonizadoras de áreas degradadas e
                                                         Nordeste, onde atualmente é considerada a
antropizadas. Acredita-se que por características
                                                         espécie    de   maior     potencial    forrageiro.
expressas por fatores fisiológicos, tais como a
                                                         Atualmente, há registros de invasão da espécie
fotossíntese C4 nas plantas da família Poaceae e
                                                         em todos os estados da Região Nordeste do
a fixação de nitrogênio nas plantas da família
                                                         Brasil, principalmente em áreas de Caatinga.
Fabaceae, determinantes para a colonização
                                                            A espécie é utilizada para incrementar a
bem-sucedida em locais com alta incidência de
                                                         produção    pecuária    nas   áreas   tropicais   e
radiação solar e com solo pobre em nutrientes
                                                         subtropicais secas das Américas (Gisp, 2005) e
e/ou matéria orgânica. Essas famílias também
                                                         facilmente tende a se alastrar para as áreas que
são as mais representativas dentro do universo
                                                         circundam os locais de pastagem, onde costuma
de plantas exóticas invasoras no Brasil.
                                                         alimentar incêndios, geralmente não tolerados
   Devido à rápida expansão e à grande área de
                                                         pelas espécies nativas (Gisp, 2005; Instituto
ocupação das gramíneas na Região Nordeste,
                                                         Hórus, 2009). Adicionalmente, há evidência de
tornam-se necessárias estratégias de manejo e
                                                         ação alelopática, uma vez que lixiviados de folhas
controle para minimizar os danos causados pelas
                                                         e raízes dessa espécie reduziram as taxas de
espécies exóticas após seu estabelecimento em
                                                         germinação das sementes e o comprimento da
áreas naturais e seminaturais. Por outro lado, a
                                                         raiz de espécies nativas (Nurdin e Fulbrigth,
erradicação completa geralmente não é possível
                                                         1990).
para   as    espécies      exóticas     invasoras   já
amplamente         difundidas   e     constantemente




                                                                                                           71
Braquiárias – Urochloa sp.                          América do Sul, a espécie foi introduzida pelos
     Popularmente conhecidas como braquiárias,      portugueses e espanhóis durante o século XVI.
as    espécies   do   gênero    Urochloa   estão    Posteriormente, em meados da década de 1950,
amplamente disseminadas em todo o Brasil,           plantações de dendezeiros foram estabelecidas
onde foram introduzidas principalmente como         em várias partes do continente. Atualmente, a
forragem para gado (Instituto Hórus, 2009). Há,     espécie é invasora em muitas ilhas do Pacífico,
atualmente, registros de invasão de espécies do     bem como em diversas partes da América do Sul,
gênero Urochloa em quase todas as formações         especialmente      nas     florestas     do   Nordeste
vegetais ocorrentes nos diferentes ecossistemas     brasileiro (Gisp, 2005).
brasileiros, incluindo áreas de campos, Cerrados,
                                                        A introdução da espécie no Brasil ocorreu
áreas úmidas e áreas florestais desmatadas
                                                    ainda no século XVII, provavelmente feita pelos
(Instituto Hórus, 2009).
                                                    escravos africanos. A principal região de
     Essas espécies facilmente escapam das áreas    ocorrência de invasão da espécie no Brasil é a
de pastagem e passam a invadir ambientes            Bahia, estendendo-se ao sul para o Espírito
naturais, onde tendem a substituir e excluir        Santo, ao norte até Pernambuco e ao oeste até o
gramíneas nativas superiores em termos de           Acre, possivelmente chegando a outras regiões.
qualidade da forragem produzida. Da mesma
                                                       O dendezeiro comumente invade fragmentos
forma, seu emprego para revegetação de taludes
                                                    de florestas, especialmente as áreas de florestas
ao longo das rodovias potencializa ainda mais
                                                    ciliares, formando adensamentos populacionais.
sua dispersão a grandes distâncias (Instituto
                                                    Adicionalmente, as plantações de dendezeiros
Hórus, 2009), como ocorre com frequência às
                                                    são responsáveis pela modificação de hábitats
margens de rodovias no Rio Grande do Sul, onde
                                                    naturais, desalojando espécies nativas de flora e
o estabelecimento de braquiárias já constitui um
                                                    de fauna (Gisp, 2005). Estudos realizados na
sério risco à produtividade pastoril dos campos
                                                    Malásia indicam que dendezeiros também
sulinos.
                                                    servem de abrigo para espécies exóticas de
     Problemas ambientais causados pela invasão     formigas que se alimentam principalmente da
das braquiárias advêm da exclusão de espécies       flora nativa (Pfeiffer et al., 2008).
nativas, o que leva à perda da biodiversidade. Em
                                                       Dos frutos da palmeira, extrai-se o óleo, que é
ambientes florestais convertidos em pastagens,
                                                    amplamente       utilizado       na     fabricação     de
observa-se que espécies de braquiárias, uma vez
                                                    cosméticos e chocolate e na culinária em geral.
estabelecidas como invasoras, dificultam a
                                                    Atualmente,     vem      sendo    empregado          como
regeneração florestal por sufocar mudas em
                                                    biocombustível. Estima-se que, apenas no Estado
desenvolvimento (Instituto Hórus, 2009).
                                                    da Bahia, existam 20 mil hectares de dendezeiros
                                                    subespontâneos (Moura et al. 2008), ou seja, que
Dendezeiro – Elaeis guineensis
                                                    não foram plantados. Essa ocupação poderia ser
     O dendezeiro, nativo das florestas tropicais
                                                    caracterizada como uma invasão biológica,
da costa oeste da África (costa da Guiné), foi
                                                    porém, como se dá em áreas manejadas em
largamente introduzido para cultivo em regiões
                                                    regime extrativista, passa a ser considerada uma
tropicais em todo o mundo (Gisp, 2005). Na




72
área produtiva. O problema ocorre quando as          em 2004, o dendezeiro foi apontado como
palmeiras     invadem    áreas     destinadas    à   alternativa de cultivo para a região do semiárido
conservação, principalmente de matas ciliares,       nordestino,      visando       a   produção    de
muitas vezes enquadradas como Áreas de               biocombustível. No entanto, a expansão da área
Preservação Permanente.                              de cultivo da espécie e sua invasão para fora
                                                     dessas   áreas    têm      ocasionado   problemas
   Um elemento agravante no processo de
                                                     ambientais, como a perda da biodiversidade.
estabelecimento e invasão do dendezeiro é a sua
associação com um inseto exótico chamado
Elaeidobius      subvittatus      (Curculionidae),
possivelmente introduzido no Brasil no século
XVI, através do mesmo tráfego negreiro que
trouxe a palmeira. E. subvittatus distingue-se das
espécies    nativas   como     polinizadora   mais
eficiente por apresentar maior capacidade de
transportar pólen. Em outras regiões do mundo
onde as espécies do gênero Elaeidobius não estão
presentes, muitas vezes a polinização da
palmeira precisa ser feita manualmente, para
tornar a produção de óleo economicamente
viável (Moura et al. 2008).

   Nos últimos anos, o cultivo de dendezeiro
está entre os cultivos de mais rápida expansão.
Globalmente, a área destinada ao plantio de
dendezeiros aumentou 43% entre 1990 e 2002
                                                        Conforme previsto no art. 5º da Deliberação
(Wakker, 2004). As políticas governamentais          da Comissão Nacional de Biodiversidade, de 25
têm facilitado essa expansão. No Brasil, a           de junho de 2008, a escolha das espécies
Comissão Executiva do Plano da Lavoura               vegetais a serem cultivadas para a produção de
Cacaueira (Ceplac) e a Embrapa Amazônia              biocombustíveis         deve       priorizar   o
Oriental introduziram, em 1994, na região de         aproveitamento de espécies nativas, com o
Una, Bahia, outra espécie do gênero, a E.            potencial econômico próprio de cada um dos
kamerunicus, reconhecida em diversas partes do       biomas   brasileiros,   conforme     levantamento
mundo como a polinizadora mais eficiente do          realizado no âmbito do projeto Plantas para o
dendezeiro. De fato, a introdução dessa última       Futuro, e, ainda, deve considerar o potencial
espécie resultou em um incremento de 19% na          invasor de espécies a serem cultivadas para a
fecundação, passando de uma média de 60% de          produção de biocombustíveis como fator de
fecundação para uma média de 79%, segundo
                                                     exclusão, por meio de avaliação de risco.
dados analisados por Moura et al. (2008). Mais
                                                        De acordo com o Gisp (2008), a Elaeis
recentemente, com o lançamento do Programa
                                                     guineensis está na categoria das espécies que
Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB),




                                                                                                    73
têm sido utilizadas para a produção de               al., 2008). O projeto, entretanto, teve que ser
biocombustíveis e que são reconhecidamente           interrompido por conta de uma denúncia que
invasoras. Sendo assim, entende-se que a             resultou em uma ação civil pública contra o
produção do biocombustível no Brasil deveria         Parque.   Provavelmente,   a   divulgação   do
ser estimulada considerando-se os riscos de          trabalho, visando esclarecer a população, teria
invasão das espécies a serem cultivadas em           evitado esse constrangimento para a direção do
grande       escala,    visando     um      melhor   Parque.
aproveitamento dos benefícios oferecidos pelo
setor sem acarretar danos aos ecossistemas
naturais.


Jaqueira – Artocarpus heterophyllus

     A jaqueira, espécie arbórea originária da
Índia e da Malásia, é encontrada ocupando áreas
de florestas, onde substitui a vegetação nativa,
reduzindo hábitats para a flora e a fauna nativas.
Além disso, impede a germinação de sementes
das espécies nativas por ação alelopática. Essa
espécie adapta-se facilmente a uma grande
diversidade de ambientes, e seus frutos servem
como alimento para muitas espécies de animais
nativos (Gisp, 2005; Instituto Hórus, 2009).

     A jaqueira tem papel de destaque no contexto
do Parque Nacional da Tijuca. A espécie foi
introduzida no Brasil exatamente no Rio de
Janeiro, no início do século XIX e, ao longo do
último século, expandiu-se e colonizou o
ambiente, dominando a vegetação da Floresta da
Tijuca. A previsão era de que, se nenhuma
medida de contenção fosse tomada, em poucas
décadas a floresta do Parque se tornaria uma
grande      plantação   de   jaqueiras,   perdendo
espécies nativas da flora e, consequentemente,
da fauna. Em 2000, por meio de um projeto de
erradicação das espécies exóticas do Parque,
foram iniciados o controle das populações de
jaqueiras, além de outras plantas exóticas, e sua
progressiva substituição por espécies nativas,
entre elas o palmiteiro (Euterpe edulis; Santos et




74
PARTE TRÊS




75
     MANEJO E POLÍTICAS PÚBLICAS
                        CONTEXTUALIZAÇÃO
76
8.
    Diretrizes para o manejo de espécies exóticas invasoras
                              em áreas naturais terrestres

   As estratégias para lidar com a problemática            identificar um novo potencial foco de invasão e
mundial de invasões biológicas ocasionadas por             erradicá-lo de imediato, sem maiores custos e
espécies exóticas nos mais diversos contextos              em um curto intervalo de tempo. A resposta
estão associadas, em primeira instância, à                 rápida     para       prevenir   a     introdução,     o
prevenção, detecção precoce e resposta rápida,             estabelecimento ou a expansão de espécies
sendo seguidas por estratégias de erradicação e            exóticas invasoras é apropriada mesmo se não
controle.                                                  houver certeza de seus impactos em longo prazo
   A prevenção é a primeira linha de defesa                (IUCN, 2000).
contra      processos       de   invasões    biológicas,         Quando espécies exóticas são introduzidas e
justamente por ser a mais efetiva do ponto de              se estabelecem em ambientes naturais, as
vista biológico e a que oferece a melhor relação           principais estratégias de manejo para lidar com
custo-benefício       em     termos     financeiros. As    o problema são a erradicação e o controle, sendo
ferramentas e os mecanismos de prevenção                   que um programa de controle pode ser
devem ser voltados a impedir ou ao menos                   composto por medidas para conter a dispersão
reduzir o número de introduções, sejam elas                da espécie (contenção), reduzir sua abundância e
voluntárias ou acidentais.                                 sua densidade e/ou mitigar seus impactos.
   Conforme           disposto        na     Convenção           As opções de controle e erradicação devem
Internacional da Diversidade Biológica (CDB), o            ser avaliadas, e a definição da estratégia de
Princípio     da Precaução        sempre deve        ser   manejo a ser adotada deve ser feita em função da
aplicado: a não ser que exista evidência                   probabilidade de sucesso, dos custos e dos
contundente de que uma espécie não trará                   impactos      negativos      atuais      e   potenciais
danos, deve-se assumir que trará consequências             provocados pela espécie-alvo. Estudos de casos
indesejáveis. Esse princípio pode ser usado para,          de programas de manejo bem-sucedidos podem
por exemplo, a tomada de decisão para                      ser      utilizados      como        diretrizes,     mas
introduções voluntárias — especialmente de                 generalizações não devem ser feitas, e cada
espécies que apresentem histórico de invasão               situação deve ser avaliada independentemente
em outros locais — e para a definição de quais             para a determinação de um programa ou plano
medidas de manejo serão exigidas para se                   de manejo adequado e específico.
evitarem introduções acidentais.                                 Em qualquer programa de manejo de
   Caso as iniciativas focadas em prevenção                espécies exóticas invasoras, é fundamental que
tenham      falhado     e    espécies      tenham   sido   se tenha em mente que o objetivo maior e final
introduzidas, redes e ações de detecção precoce            do programa nunca vai ser controlar ou
e resposta rápida são fundamentais para se                 erradicar uma ou mais espécies, mas, sim,




                                                                                                                 77
conservar ou restaurar ecossistemas e seus                 extinção. Manejar espécies exóticas invasoras é
serviços,     hábitats     e/ou      espécies   nativas,   somente um meio para se atingir um fim de
principalmente as endêmicas e ameaçadas de                 conservação ambiental.




                                                                                                        8.1

                                                                            Partindo para a ação

Diagnóstico


     Em uma Unidade de Conservação de Proteção                Além    da    parte    de   levantamento     e
Integral — como um parque nacional, por                    mapeamento feitos em campo, é fundamental
exemplo —, o diagnóstico em campo pode ser                 que sejam levantadas algumas informações em
feito   por    meio      de     um    levantamento    e    referências bibliográficas, sejam elas artigos
mapeamento        das     ocorrências     de    espécies   científicos, publicações técnicas, websites, bases
exóticas na unidade e em seu entorno. O                    de dados on-line, etc. Essas informações e o
mapeamento pode ser feito com o uso de um                  levantamento realizado em campo vão fornecer
GPS,    por     meio       do     qual    devem      ser   a base necessária para a tomada de decisão da
georreferenciadas todas as ocorrências de                  estratégia a ser adotada em um programa de
populações e/ou indivíduos isolados de espécies            manejo para uma espécie ou para uma área.
exóticas invasoras, bem como o tipo de ambiente               Por meio das informações levantadas em
invadido, a densidade e a situação de invasão em           literatura e em campo, devem ser respondidas
cada ponto de ocorrência. O importante é que se            questões como as que seguem abaixo.
consiga identificar onde as espécies estão e qual
a gravidade da invasão em cada ponto de
ocorrência.


 Aspectos               Questões a serem respondidas
 Introdução da          Quando a espécie chegou à região?
 espécie                Por que chegou?
                        Como chegou?
                        Pode chegar novamente?
 Dispersão              A espécie tem sido dispersa na região?
                        Se sim, tem sido dispersa por atividades humanas ou por fatores naturais?
                        Quais são seus vetores de dispersão?
                        Quais são suas rotas de dispersão?
 Uso da espécie         A espécie tem algum uso econômico na região?
                        Esse uso é economicamente relevante?
                        Há alguma espécie nativa que possa substituí-la?
 Distribuição           A espécie está amplamente distribuída na região/área-alvo do programa ou está
                        concentrada em poucos ou um único ponto?
 Caracterização         Qual o status de invasão em cada ponto/área/região de ocorrrência?
 da invasão             Qual a densidade em cada ponto/área/região de ocorrência?
                        Há impactos sobre espécies nativas, hábitats ou ecossistemas?
 Caracterização         Há outras espécies exóticas invasoras na área em questão?




78
da área           Há espécies nativas raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção na área-alvo?
                   Onde estão?
                   Há ecossistemas únicos ou ambientalmente mais relevantes na área-alvo? Onde
                   estão?
 Características   Quais as estratégias reprodutivas utilizadas pela espécie?
 da espécie        Com que idade a espécie começa a gerar descendentes?
                   Quantas vezes a espécie se reproduz em um ano?
                   Em que época(s) do ano a espécie se reproduz?
                   A espécie gera muitos descendentes em cada reprodução?
                   No caso de espécie de planta, qual o tempo de viabilidade do banco de sementes?
                   No caso de animais, a espécie é solitária ou gregária?
 Histórico de      A espécie é invasora em outros locais no mundo?
 invasão e         São locais climaticamente semelhantes à área-alvo?
 controle          São locais com ecossistemas semelhantes ao(s) da área-alvo?
                   A espécie já foi alvo de algum programa de erradicação ou controle? Quais as
                   técnicas utilizadas para tanto? Qual o custo? Qual a duração?




Manejo adaptativo                                    lo como oportunidade para conhecer melhor o
                                                     problema (Zalba e Ziller, 2007).
   Mesmo que não se tenha resposta para a
                                                        Essa é a base do manejo adaptativo (Nyberg,
maior parte das questões indicadas acima,
                                                     1999),    um    ciclo    contínuo     de      ações,
nenhuma medida de manejo deve deixar de ser
                                                     monitoramento, aprendizagem e ajuste de novas
tomada por falta de dados científicos. Ainda que
                                                     ações que permitem aumentar a eficiência das
possa ser arriscado adotar medidas de manejo
                                                     práticas de controle de espécies exóticas
sem que haja informação precisa, não é realista
                                                     invasoras. No manejo adaptativo, as ações de
pensar que estudos científicos genéricos possam
                                                     controle se organizam como experimentos,
contribuir decisivamente para       melhorar a
                                                     deixando claras as consequências esperadas das
tomada de decisões (Zalba e Ziller, 2007). No
                                                     intervenções no caso de o diagnóstico inicial do
cenário atual de degradação ambiental, as
                                                     problema e as premissas sobre o funcionamento
decisões geralmente precisam ser tomadas em
                                                     do ecossistema estarem corretos.
caráter de urgência. Abster-se de executar uma
ação     de   manejo   é   uma    decisão   cujas
                                                     Estabelecimento de prioridades para manejo
consequências podem ser tão ou mais graves do
que fazer algo de forma equivocada (Zalba,
                                                        O número de espécies estabelecidas excede
2005).
                                                     nossa capacidade de manejo ao mesmo tempo
   A chave da questão está, então, em organizar
                                                     que   muitas    delas    não    trazem     impactos
a estratégia de manejo de forma a enfrentar o
                                                     significativos. Sendo assim, um dos primeiros
problema ao mesmo tempo que se aumenta o
                                                     passos do manejo é a seleção de casos de invasão
conhecimento científico necessário para resolvê-
                                                     que necessitam de atenção imediata e/ou
lo. Essas lacunas de informação podem ser
                                                     apresentam      melhor         oportunidade      de
colocadas como perguntas, e estas, por sua vez,
                                                     erradicação.
irão orientar a formulação de hipóteses que são
                                                        A definição de prioridades por espécie deve
postas à prova pela estratégia de manejo. Pelo
                                                     ser feita considerando-se o potencial de invasão
contrário, deve-se iniciar o controle e aproveitá-




                                                                                                      79
de cada espécie e sua situação populacional no               O     processo      de   priorização   pode    ser
que se refere ao número de indivíduos e ao grau         complicado parcialmente porque podem ser
de dispersão. Espécies com maior potencial              considerados       muitos      fatores   para   a   sua
invasor que ocorrem em pequenas populações,             consolidação. Wittenberg e Cock (2001) sugerem
espécies de fácil erradicação e indivíduos              que esses fatores sejam agrupados em 4
isolados de espécies com alto potencial invasor         categorias ou critérios, a saber:
ainda sem expressão de invasão são prioridades.              1. Extensão da distribuição das espécies na
     O estabelecimento de espécies exóticas             área-alvo ou em áreas próximas.
invasoras em ambientes naturais parece ser                   2. Impactos atuais e potenciais das espécies.
fortemente        favorecido    por    uma     maior         3. Relevância ambiental dos hábitats/áreas
degradação e/ou impactos diretos sofridos na            que as espécies estão invadindo ou que possam
área de ocorrência. Por conseguinte, essas áreas        vir a invadir.
são as menos prioritárias para controle imediato             4. Dificuldade de controle.
se não há recursos para implementar todas as                 Os critérios são igualmente importantes, mas
ações ao mesmo tempo. Por outro lado, devem             é necessário ressaltar que o critério 1 (extensão
ser alvo de manejo e monitoramento constantes,          da       distribuição)    deve    ser    especialmente
visando a detecção precoce de processos de              considerado, pois, a longo prazo, é usualmente
invasão e ação imediata nesses casos.                   mais eficiente destinar recursos para prevenir
     Estratégias de manejo eficientes necessitam        novos problemas ou erradicar invasões ainda
de    critérios    objetivos   para   se   definirem    incipientes do que para controlar invasões de
prioridades (Rejmánek e Pitcairn, 2003). A              grandes extensões (Wittenberg e Cock, 2001).
priorização do controle por local de ocorrência              Podem ser estabelecidas classes em cada um
ou por espécie, por exemplo, tem por objetivo           dos critérios, com valores propostos para cada
maximizar as oportunidades de erradicação               um dos estados ou situações encontrados. Segue,
precoce de espécies com potencial invasor e             abaixo, um exemplo desse sistema para o critério
otimizar esforços de modo a cobrir o máximo de          “extensão da distribuição da espécie na área-alvo
área, assim como áreas de alta importância              ou em áreas próximas”:
biológica, no tempo mais curto possível.



     Classe       Descrição                                                                Valor atribuído
                  Espécie com alto potencial invasor na região, que ainda não está
        1                                                                                           1
                  na área-alvo, mas em áreas próximas.
                  Espécie presente na área-alvo ainda em pequenas populações,
        2                                                                                           2
                  mas que está começando a se expandir rapidamente.
                  Espécie presente na área-alvo em muitos pontos e que continua
        3                                                                                           3
                  a expandir sua distribuição.



     Considerando somente o critério descrito           prevenir o estabelecimento de novas invasoras
acima, as espécies mais prioritárias seriam as          na área, seguidas por aquelas que se enquadram
que estivessem na classe 1, de modo a primeiro          na classe 2, visando eliminar pequenos focos de




80
invasão, e por aquelas da classe 3, com o objetivo   Estratégias de manejo
de reduzir ou conter ou eliminar grandes
infestações.                                            São    reconhecidas    hierarquicamente      3
   Sugere-se que o mesmo raciocínio seja             estratégias para manejo de espécies exóticas que
adotado para os outros critérios, de modo que        já têm populações estabelecidas em uma dada
seja formada uma matriz ou um sistema simples        área: erradicação; contenção e controle; e
de priorização. O resultado final obtido pela        mitigação de impacto. Segue, abaixo, a descrição
soma dos valores e comparado com uma grade           dos objetivos de cada estratégia e a ordem de
de referência pode estabelecer quais são as áreas    prioridade em programas de manejo:
e as espécies mais e menos prioritárias para
manejo.

Prioridade     Estratégias de manejo       Objetivos
                                        Assegurar que nenhum indivíduo da espécie-alvo existirá ao
      1             Erradicação
                                        final do programa.
                                        Apesar de alguns indivíduos ainda estarem presentes, os
      2        Controle e contenção     mesmos deverão estar em baixa densidade e/ou em menor
                                        número, e/ou com sua distribuição contida.
                                        Minimizar a severidade dos impactos que uma espécie
                                        exótica invasora está causando, mais do que manejar
      3        Mitigação de impacto
                                        populações da espécie. São ações de curto-prazo e é válido
                                        para casos extremos de perda de espécies.




   A. Erradicação                                       Sendo assim, de maneira geral, diz-se que
   É a estratégia mais desejável e mais efetiva,     programas de erradicação só são factíveis
por proporcionar a reabilitação completa do          quando as espécies não têm nenhum tipo de uso
ecossistema ou hábitat. Entretanto, a viabilidade    na região, de modo que não se tenha a chance de
de um programa de erradicação deve ser               reinvasão, e em casos de invasões iniciais e em
cuidadosamente avaliada, uma vez que se espera       áreas geográficas isoladas. Ainda nesses casos,
que, ao final da execução do programa, não           os custos são relativamente altos e também
exista mais nenhum indivíduo da espécie nem          devem ser considerados para se determinar a
possa ocorrer uma reintrodução. Isso pode ser        factibilidade de sucesso     do   programa de
especialmente complicado para espécies de            erradicação. A maior parte dos exemplos de
plantas, já que o banco de sementes pode             programas bem-sucedidos de erradicação foi
manter-se viável ainda por muito tempo, dando        feita em pequenas ilhas, com espécies exóticas
origem a novas plantas mesmo depois que as           invasoras de vertebrados terrestres.
adultas foram eliminadas. Da mesma forma para
                                                        B. Controle, contenção e mitigação
animais: à medida que o tempo vai passando e a
                                                        Uma vez que a invasão de uma espécie
eliminação de indivíduos vai acontecendo, torna-
                                                     exótica em uma dada área ou região é entendida
se mais difícil encontrar os últimos indivíduos de
                                                     como irreversível, as estratégias de controle
uma população, até se ter a garantia de que se
                                                     podem ser divididas em contenção ou controle
chegou ao último.




                                                                                                  81
propriamente dito. A contenção é uma forma                 ser implementada por meio de ações de manejo
específica de controle que tem como objetivo               pontuais e de curto prazo, que são válidas para
restringir a espécie exótica invasora a uma área           casos extremos de perda de espécies. Pode ser
geográfica limitada. A população da espécie pode           exemplificada por reintroduções de espécies
ser suprimida por meio de diversos métodos                 nativas e/ou temporadas de pesca de peixes
mecânicos e químicos ao longo dos limites da               exóticos invasores que tenham eliminado por
área definida. Além disso, os indivíduos que               completo todas as espécies nativas de um dado
porventura estejam se dispersando para fora                rio.
dessa área devem ser eliminados, e novas                       Uma vez que a estratégia e as prioridades de
introduções fora da área-alvo devem ser                    manejo foram definidas, deve-se partir para a
prevenidas.                                                identificação dos métodos de controle a serem
     Já o controle propriamente dito promove a             utilizados e para a determinação dos parâmetros
redução e manutenção da densidade e da                     de monitoramento e repasse a serem aplicados.
abundância da espécie-alvo abaixo de um limite             A partir daí, a execução das ações de erradicação
aceitável, com o objetivo de diminuir os                   e controle não devem ser postergadas.
impactos      em      um   nível    tolerável.    Nessa        É fundamental que programas de erradicação
estratégia,    tem-se      como     hipótese     que   a   e      controle   sejam   implementados    como
supressão de alguns indivíduos ou de uma                   atividades emergenciais e que entrem na rotina
população da espécie exótica invasora reduzirá             de manejo de áreas como as Unidades de
sua competitividade e, em condições ótimas,                Conservação, mesmo naquelas que não tenham
espécies nativas podem recuperar seu espaço e              seus planos de manejo elaborados ou para
substituir as invasoras.                                   aquelas nas quais os planos de ação não façam
     Definir esse limite de manutenção da espécie          parte dos planos de manejo. Quanto mais o
pode não ser muito fácil, mas deve ser feito antes         tempo passa, mais os processos de invasão
do início da execução do programa de controle,             tendem a se acentuar, tanto em densidade de
sempre        tendo     como       base   indicadores      indivíduos quanto em extensão, e maiores são as
relacionados ao seu objetivo final de manejo. O            dificuldades e os custos para a solução dos
limite aceitável pode ser medido pelo nível de             problemas.
impacto sobre o ecossistema invadido, podendo                  No caso de Unidades de Conservação, muitos
ser expresso em termos de distribuição ou de               dos problemas encontrados, como falta de
densidade ou de uma combinação de ambas as                 recursos financeiros, podem ser resolvidos por
características das espécies exóticas invasoras            meio de soluções simples, como o treinamento e
presentes.                                                 o envolvimento das comunidades locais e dos
     Se nenhuma das 3 alternativas de manejo               conselhos em atividades práticas voluntárias.
puderem ser utilizadas (erradicação, contenção e           Para tanto, é fundamental que os gestores sejam
controle), a última opção é tentar mitigar o               capacitados para trabalhar com o tema, de modo
impacto provocado pela espécie exótica invasora            que tenham base teórica e conhecimento prático
sobre espécies nativas e ecossistemas.                 A   para aplicar no campo.
estratégia significa encontrar a melhor forma de               Conflitos gerados a partir de interesses em
se conviver com as espécies introduzidas e pode            produção e necessidades de conservação devem



82
ser encarados de maneira construtiva, buscando-   assegurar     sua     compatibilidade     com     a
se   a   conservação    do   ambiente    e    a   conservação     da   capacidade     produtiva   dos
sustentabilidade dos sistemas produtivos. Nesse   ecossistemas, dos recursos naturais e da
aspecto, os governos têm um papel crucial para    biodiversidade (Shine et al., 2000; Wittenberg e
regulamentar   as   atividades   produtivas   e   Cock, 2001; Ziller et al., 2007).




                                                                                                   83
9.
                                       A construção de uma estratégia estadual

     O problema das espécies exóticas invasoras                do governo no trato das questões relativas às
exige o envolvimento e a convergência de                       espécies exóticas invasoras. Além dela, existem
esforços de diferentes órgãos dos governos                     ao     menos             3     publicações            disponíveis
federal, estadual e municipal, além do setor                   gratuitamente que cobrem, de forma ampla e
empresarial, das instituições de pesquisa e das                precisa,       como          devem        ser        estruturadas
organizações não governamentais (ONGs). Para                   estratégias governamentais e políticas públicas
articular esses setores sociais e promover ações               para frear o avanço de espécies exóticas
de prevenção de invasões biológicas e mitigação                invasoras e mitigar impactos de invasões
de impactos negativos das espécies exóticas                    biológicas.        São       elas:   o    Modelo         para   o
invasoras já instaladas, é necessária a construção             Desenvolvimento de uma Estratégia Nacional
de uma estratégia sólida e eficaz de governo.                  para Espécies Exóticas Invasoras (Ziller et al.,
Uma estratégia de governo também é uma                         2007), o Manual de Melhores Práticas para
importante ferramenta para internalização e                    Prevenção       e    Manejo          de   Espécies       Exóticas
implementação             no    País   do   art. 8(h) da       Invasoras (Wittenberg e Cock, 2001) e o Guia
Convenção sobre Diversidade Biológica e das                    para       o    Desenvolvimento                 de     Estruturas
determinações das Decisões V/8, VI/23 e IX/4                   Institucionais e Legais sobre Espécies Exóticas
das Conferências das Partes, da CDB.                           Invasoras (Shine et al., 2000), todas elaboradas
     Em 2009, a Câmara Técnica Permanente                      pelo Gisp (www.gisp.org).
sobre Espécies Exóticas Invasoras da Comissão                       Os objetivos maiores de uma estratégia
Nacional de Biodiversidade aprovou a Estratégia                governamental para espécies exóticas invasoras
Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, que                devem ser:
foi publicada por meio da Resolução Conabio nº                      (1) Prevenir a entrada de novos organismos
5, de 21 de outubro de 2009. A estratégia tem                  potencialmente perigosos (tanto por meio de
como objetivos prevenir e mitigar os impactos                  introduções intencionais legais ou ilegais quanto
negativos de espécies exóticas invasoras sobre a               de introduções acidentais, via água de lastro de
população humana, a economia e o meio                          navios, por exemplo).
ambiente por meio do planejamento e da                              (2) Criar um programa permanente de
execução de ações de prevenção, erradicação,                   controle e manejo de espécies exóticas invasoras
contenção ou controle de espécies exóticas                     já estabelecidas e também das recém-detectadas,
invasoras, com a articulação entre os órgãos dos               com destaque para as Unidades de Conservação.
governos federal, estadual e municipal e a                          (3) Desenvolver programas e atividades de
sociedade        civil,        incluindo    a    cooperação    educação, informação e sensibilização públicas.
internacional.                                                      (4) Criar um arcabouço legal que normatize
     Trata-se,       atualmente,            do     principal   as ações propostas nos mais diversos níveis,
instrumento para orientar as diferentes esferas                incluindo      a    regulamentação              de     atividades




84
econômicas baseadas no cultivo, na produção                       (5)   Desenvolver      capacidade        técnica    e
e/ou na comercialização de espécies exóticas                   estrutura     institucional          necessárias      ao
invasoras.                                                     planejamento e à implementação das ações.




                                                                                                  9.1.
                                                                                  Os primeiros passos

     O     desenvolvimento          das     ações    acima     estão disponíveis informações sobre as espécies
propostas requer uma abordagem ampla e                         registradas   no   País    e     suas       ocorrências
sistêmica, de modo que é essencial a composição                conhecidas,    devendo         ser      a    referência
de um Comitê Estadual de Gestão representado                   fundamental, porém com complementação de
pelas áreas de meio ambiente, agricultura,                     dados         levantados              no           estado
transporte,     saúde        e    educação     da    esfera    (http://www.institutohorus.org.br).
governamental, bem como por representantes                        A composição de uma lista de referência para
da       sociedade   civil       que     possam     aportar    o Estado pode ser feita através da validação, por
conhecimento especializado. Esse comitê deve                   especialistas, das informações já registradas no
ter autonomia para definir prioridades e gerir a               banco de dados do Brasil. A complementação
implementação         de         ações     e   tem       por   dessas informações, tanto por meio de consultas
responsabilidade abordar, coordenar e unir                     a gestores públicos nas áreas de meio ambiente,
esforços de maneira integrada e condizente com                 agricultura e saúde quanto por aportes de
a realidade institucional de cada integrante,                  gestores de Unidades de Conservação e de
operando com foco na proteção da diversidade                   técnicos de extensão          rural, é igualmente
biológica.                                                     importante.
     Paralelamente, recomenda-se um diagnóstico                   A existência de uma lista oficial de espécies
detalhado das espécies exóticas invasoras do                   exóticas invasoras e o conhecimento das
estado para facilitar o estabelecimento de                     possíveis ameaças presentes em estados e países
prioridades de prevenção                  e mitigação.    É    vizinhos é fundamental para o estabelecimento
importante identificar também as espécies                      de prioridades e para permitir a tomada de
presentes no Brasil que têm potencial para                     decisões para ações de prevenção, controle e
entrar no estado e causar prejuízos. No banco de               monitoramento dessas espécies.
dados de espécies exóticas invasoras no Brasil,


                                                                               9.2.
                                       Os componentes de uma estratégia de governo


     Conforme já disposto, entende-se que os                   precoce e resposta rápida; (2) mitigação e
principais componentes de uma estratégia                       monitoramento; (3) informação e sensibilização
governamental sejam: (1) prevenção, detecção




                                                                                                                     85
pública; (4) base legal e estrutura institucional; e        controle (redução dos danos e do número de
(5) capacitação técnica.                                    populações e espécies).
                                                                 Um programa oficial de controle deve aplicar-
Prevenção, detecção precoce e resposta                      se principalmente às áreas públicas (Unidades
rápida                                                      de Conservação, por exemplo) e por meio de
     As    ações    para     prevenção    devem       ser   parcerias com o setor privado e de marcos legais
planejadas de maneira a contemplar fiscalização             específicos. Deve cobrir também propriedades
e controle em áreas de fronteiras (aviões, navios,          particulares em áreas de alta relevância e
carregamentos, trânsito através de fronteiras               prioritárias      para    a     conservação       da
secas, entre outros), com sistemas efetivos de              biodiversidade e de serviços ecossistêmicos.
inspeção contra introduções acidentais e ilegais;           Deve ainda estimular a implementação de ações
análise de risco e estratégias de controle e                de controle e manejo por meio de campanhas
monitoramento para introduções e cultivos                   públicas, provendo informações, subsídios e
legais; e medidas preventivas traduzidas em                 extensão rural para o controle de espécies
práticas     de    manejo     de   espécies     exóticas    exóticas invasoras, e monitorar as populações de
invasoras utilizadas em sistemas de cultivo.                espécies exóticas invasoras, com avaliação
     A operacionalização desses componentes visa            permanente dos resultados das ações e, quando
impedir introduções ilegais de espécies, escape             necessário, com propostas de ajustes ao manejo
de cultivos e processos de invasão a partir de              empregado.
introduções legais. Caso ocorra a introdução de
espécies indesejadas, é importante utilizar                 Informação e sensibilização pública
sistemas de detecção precoce para viabilizar sua                 Uma parte importante da prevenção à
eliminação imediata no momento em que ainda                 introdução de espécies exóticas invasoras está
existe maior viabilidade e menor custo.                     na    educação,    informação      e   sensibilização
                                                            pública. A maioria das pessoas não tem
Mitigação e monitoramento                                   conhecimento sobre quais são as espécies
     Mitigação e monitoramento referem-se aos               exóticas invasoras e os impactos causados em
métodos e às ações de erradicação, contenção ou             processos de invasões biológicas. A falta de
controle de espécies exóticas invasoras que já              conhecimento sobre o tema faz com que,
estão estabelecidas num determinado território.             frequentemente,          pessoas         contribuam
As técnicas aplicadas devem ser seguras para os             involuntariamente para a dispersão dessas
seres humanos, o meio ambiente e a agricultura,             espécies por meio de práticas cotidianas, como a
bem       como      aceitáveis     eticamente       pelos   jardinagem e a soltura de animais domésticos
interessados nas áreas afetadas.                            em áreas naturais. O próprio Poder Público tem
     Deve-se,       prioritariamente,      avaliar     a    suas dificuldades com os animais recolhidos em
possibilidade       de   erradicação     das    espécies    centros de triagem ou com iniciativas de
exóticas invasoras. Quando essa opção não for               restauração ou reposição de peixes em rios com
exequível,        devem-se    adotar     técnicas     de    espécies totalmente inadequadas, de forma que o
contenção (limitação da propagação) e/ou                    tema precisa ser mais bem-posto publicamente.




86
O entendimento da sociedade sobre a                        A elaboração de marcos legais estaduais se
diferenciação entre espécies exóticas invasoras e          faz necessária para regulamentar questões
espécies nativas, assim como sobre o potencial             específicas,   como,      por   exemplo,   questões
de utilização das nativas, é fundamental para que          técnicas e sanções administrativas para o cultivo
atividades de prevenção e controle possam                  e a criação de espécies exóticas invasoras; para
prosperar em todos os níveis.                              projetos de restauração e recuperação de áreas
   Assim,        recomenda-se,         por    exemplo,     degradadas e reservas legais; para controle em
incorporar o tema invasões biológicas nos                  Unidades de Conservação; e para o uso de
currículos escolares e profissionais, bem como             espécies em zonas de amortecimento em
informar o público em geral sobre a temática               Unidades de Conservação de uso sustentável,
relativa às espécies exóticas invasoras, o que são         entre outros fins. Exemplos de instrumentos
e quais os problemas e impactos causados ao                legais já criados por estados como o Paraná e o
ambiente, à saúde humana e animal e à                      Espírito Santo estão disponíveis como referência
economia e de que forma as pessoas podem                   no Anexo 1.
contribuir para a mitigação dos problemas e                   Muito relevante é a delegação de autoridade a
tópicos decorrentes. São indicados, também, a              agências ambientais que vão tratar das questões
realização de campanhas na mídia, o apoio a                relacionadas a espécies exóticas invasoras e a
publicação de livros, folhetos e cartilhas e o             criação de base legal para respaldar o trabalho,
incentivo    à     geração   e         divulgação     de   assim como o compromisso institucional formal
conhecimento científico no tema. Esse último               com o tema. Essa estrutura institucional precisa
ponto é especialmente importante para a                    ser reforçada com capacitação técnica para que
contínua atualização do sistema de informação              as ações possam ser implementadas.
sobre espécies exóticas invasoras no Brasil.
                                                           Capacitação técnica
Base legal e estrutura institucional                          Os esforços de capacitação devem estar
   Além da Estratégia Nacional sobre Espécies              direcionados        aos   distintos   públicos   que
Exóticas Invasoras (Resolução Conabio nº 5, de             necessitam melhorar sua capacidade técnica no
21 de outubro de 2009), já existem, na legislação          tema invasões biológicas, como gerentes de
federal brasileira, instrumentos referentes a              Unidades       de     Conservação,     agentes   de
espécies exóticas, tais como a Lei do Sistema              fiscalização, agentes de inspeção de fronteiras
Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº                (nacionais e internacionais), portos e aeroportos,
9.985/00) e a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº             representantes do Ministério Público, comitês
9.605/98),   que     devem       ser    usadas      como   técnicos atuando em temas de biodiversidade,
referência para o trabalho na esfera estadual              professores de todos os níveis, organizações não
(Anexo 1).                                                 governamentais, profissionais de instituições de
                                                           ensino                     e                 outros.




                                                                                                             87
Referências Bibliográficas

AGOSTINHO, C. S. Reproductive aspects of piranhas Serrasalmus spilopleura and Serrasalmus
marginatus into the upper Paraná river, Brazil. Braz. J. Biol., v. 63, n. 1, p. 1-6, 2003.
AGOSTINHO, A. A.; PELICICE, F. M.; JULIO-JR, H. F. Biodiversidade e introdução de espécies de peixes:
Unidades de Conservação. In: J. B. Campos; M. D. G. P. Tossulino; C. R. C. Muller (Eds.). Unidades de
Conservação: ações para a conservação da biodiversidade. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná,
2005.
ALBUQUERQUE, C. M. D.; MELO-SANTOS, M. A. V.; BEZERRA, M. A. S.; BARBOSA, R. M.; SILVA, D. F.;
SILVA, E. D. Primeiro registro de Aedes albopictus em área da Mata Atlântica, Recife, PE, Brasil. Revista
de Saúde Pública, v. 34, n. 3, 2000.
ALVES, C. B. M.; VIEIRA, F.; MAGALHÃES, A. L. B.; BRITO, M. F. G. Impacts of non-native fish species in
Minas Gerais, Brazil: present situation and prospects. In: T. M. Bert (Ed.), Ecological and genetic
implications of aquaculture activities, p. 291–314: Springer, 2007.
AMORI, G.; CLOUT, M. Rodents on islands: a conservation challenge. In: G. R. Singleton, L. A. Hinds, C. J.
Krebs, D. M. Spratt (Eds.), Rats, mice and people:e4 rodent biology and management. Canberra,
Australia: ACIAR Monograph, 2003.
ANDRADE, L. A. D.; FABRICANTE, J. R.; ALVES, A. D. S. Algaroba (Prosopis juliflora (Sw) DC.): impactos
sobre a fitodiversidade e estratégias de colonização em área invadida na Paraíba. Natureza e
Conservação, v. 6, n.1, 2008.
ANJOS, L. A.; ROCHA, C. F. D. Reproductive ecology of the invader species gekkonid lizard
Hemidactylus mabouia in an area of southeastern Brazil. Iheringia, v. 98, n. 2, 2008.
ARAÚJO, P. B.; TAITI, S. Terrestrial isopods (Crustacea, Oniscidea) from Rocas atoll, northeastern,
Brazil. Arquivos do Museu Nacional, v. 65, n. 3, 2007.
ARRIAGA, L.; CASTELLANOS, A. E.; MORENO, E.; ALARCÓN. J. Potential ecological distribution of alien
invasive species and risk assessment: a case study of buffel Grass in arid regions of México.
Conservation Biology, 18: p. 1504-1514, 2004.
ATTAYDE, J. L.; OKUN, N.; BRASIL, J.; MENEZES, R. F.; MESQUITA, P. Impactos da introdução da tilápia
do Nilo, Oreochromis niloticus, sobre a estrutura trófica dos ecossistemas aquáticos do Bioma
Caatinga. Oecologia Brasiliensis, v. 11, p. 450-461, 2007.
AYRES, C.; ROMÃO, T.; MELO-SANTOS, M.; FURTADO, A. Genetic Diversity in Brazilian Populations of
Aedes albopictus. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 97, n. 6, 2002.
AZEVEDO, G. Algaroba. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Agrícola. 31pp. (SIA, 843), 1961.
BENNEMANN, S. T., CAPRA, L. G., GALVES, W. e SHIBATTA, O. A. Dinâmica trófica de Plagioscion
squamosissimus (Perciformes, Sciaenidae) em trechos de influência da represa Capivara (rios
Paranapanema e Tibagi). Iheringia, 96, p. 115-119, 2006.
BIONDI, D.; PEDROSA-MACEDO, J. H. Plantas invasoras encontradas na área urbana de Curitiba (PR).
Floresta, v. 38, p. 129-144, 2008.
BITTENCOURT, A. M. O Cultivo do Nim indiano (Azadirachta indica A. Juss): uma visão econômica.
Dissertação de Mestrado. 147 p., 2006.
BOGDAN, A. V. Tropical Pasture and Fodder Plants. Tropical agriculture series, Longman, New York,
475 p., 1977.
BOYD, C. E. Guidelines for aquaculture effluent management at the farm-level. Aquaculture, v. 226, p.
101-112, 2003.
BRANDÃO-FILHO, S. P.; BRITO, M. E.; CARVALHO, F. G.; ISHIKAWA, E. A.; CUPOLILLO, E.; FLOETER-
WINTER, L.; SHAW, J. J. Wild and synanthropic hosts of Leishmania (Viannia) braziliensis in the
endemic cutaneous leishmaniasis locality of Amaraji, Pernambuco State, Brazil. Transactions of The
Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, p. 97, 2003.




88
BRAGA, I. A.; VALLE, D. Aedes aegypti: histórico do controle no Brasil. Epidemiologia e Serviços de
Saúde, v. 16, p. 113-118, 2007
BREDOW, E. A.; PEDROSA-MACEDO, J. H.; VITORINO, M. D. Amarelinho Tecoma stans (L.) Jussieu ex.
Kunth (Bignoniaceae) - Uma ornamental multiuso ou uma plástica invasora? In: Princípios e
rudimentos do controle biológico de plantas. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, PR. 2004.
BRIGHT, C. Invasive species: pathogens of globalization. Foreign Policy Fall, v. 1999, p. 50–64, 1999.
CASAL, C. M. V. Global documentation of fish introductions: the growing crisis and recommendations
for action. Biological Invasions, v. 8, p.3-11, 2006.
CAVALCANTI, E. A. H.; NEUMANN-LEITÃO, S.; VIEIRA, D. A. D. N. Mesozooplâncton do sistema
estuarino de Barra de Jangada, Pernambuco, Brasil. Rev. Bras. Zool., v. 25, 2008.
CDB. Convenção da diversidade biológica, 1992.
CDB.. Panorama da Biodiversidade Global 3. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de
Biodiversidade e Florestas (MMA), 2010
CELIS, A.; RODRÍGUEZ-ALMARÁZ, G.; ÁLVAREZ, F. Los cirripedios torácicos (Crustacea) de aguas
someras de Tamaulipas, México. Revista Mexicana de Biodiversidad, v.78, 2007.
CLARO, L. B. L.; TOMASSINI, H. C. B.; ROSA, M. L. G. Prevenção e controle do dengue: uma revisão de
estudos sobre conhecimentos, crenças e práticas da população. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, p.
1447-1457, 2004.
COELHO, P. A.; SANTOS, M. D. C. F. Ocorrência de Charybdis hellerii (Milne Edwards, 1867) (Crustacea,
Decapoda, Portunidae) no litoral de Pernambuco. Bol. Técn. Cient. CEPENE, v. 11, n. 1, 2003.
COELHO, P. A.; SANTOS, M. D. C. F.; RAMOS-PORTO, M. Ocorrência de Penaeus monodon Fabricius,
1798 no litoral dos estados de Pernambuco e Alagoas (Crustacea, Decapoda, Penaeidae). Bol. Técn.
Cient. CEPENE, v.9, n.1, 2001.
CORRÊA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, Imprensa Oficial, Rio
de Janeiro, 1975.
COX, J. R.; MARTIN-R, M. H.; IBARRA, F. A.; FOURIE, J. H.; RETHMAN, N. F. G.; WILCOX, D. G. The
influence of soils on the distribution of four African grasses. Journal of Range Management, v. 41, p.
127–139, 1988.
D’ANTONIO, C.; MEYERSON, L. A. Exotic Plant Species as Problems and Solutions in Ecological
Restoration: A Synthesis. Restoration Ecology, v.10, n.4, p. 703–713, 2002.
DEHNEN-SCHMUTZ, K.; TOUZA, J.; PERRINGS, C.; WILLIAMSON, M. A century of the ornamental plant
trade and its impact on invasion success. Diversity and Distribution, v. 13, p. 527–534, 2007.
DNOCS, Departamento Nacional de Obras Contra a Seca. Relatório das atividades desenvolvidas pela
coordenação de pesca e aquicultura, durante o ano de 2002: Dnocs, 2002.
ENSERINK, M. Barricading U.S. borders against a devastating disease. Science v. 291, p. 2298–2300,
2001.
ESTON, M. R. D.; MENEZES, G. V.; ANTUNES, A. Z.; SANTOS, A. S. R. D.; SANTOS, A. M. R. D. Espécie
invasora em unidade de conservação: Achatina fulica (Bowdich, 1822) no Parque Estadual Carlos
Botelho, Sete Barras, SP, Brasil. Revista do Instituto Florestal, v. 18, p. 173-179, 2006.
FALCÃO, V. Macaco invasor ameaça Mata Atlântica. Jornal do Commercio. Recife, 2006.
FARACO, F. A.; LACERDA, A. C. Contaminação biológica em Unidades de Conservação - o caso do
caracol africano (Achatina fulica, Mollusca, Gastropoda), IV Congresso Brasileiro de Unidades de
Conservação - Seminários, vol. 2. Curitiba: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e Rede
Nacional Pró Unidades de Conservação, 2004.
FARIAS, G. B. D.; PEREIRA, G. A.; SILVA, W. A. D. G. Lista das aves de Pernambuco. Observadores de
Aves de Pernambuco - OAP (Ed.). Recife, 2008.
FARRAPEIRA, C. M. R. Cirripedia Balanomorpha del estuario del río Paripe (Isla de Itamaracá,
Pernambuco, Brasil). Biota Neotropica, v. 8, n.3, 2008.




                                                                                                         89
FARRAPEIRA, C. M. R.; MELO A. V. D. O. M. D.; BARBOSA, D. F.; SILVA, K. M. E. D. Ship hull fouling in the
port of Recife, Pernambuco. Brazilian Journal of Oceanography, v. 55, n.3, 2007.
FERNANDEZ, F. A. S. Invasores de outros mundos: perda de biodiversidade por contaminação
biológica. In: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (Ed.), IV Congresso Brasileiro de Unidades
de Conservação - Seminários, Vol. 2. Curitiba: Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, 2004.
FERNANDEZ, M. A.; THIENGO, S. C.; SIMONE, L. R. L. Distribution of the introduced freshwater snail
Melanoides tuberculatus (Gastropoda: Thiaridae) in Brazil. The Nautilus, v. 117, n.3, 2003.
FERREIRA, C. E. L.; JUNQUEIRA, A. O. R.; VILLAC, M. C.; LOPES, R. M. Marine Bioinvasions in the
Brazilian Coast: Brief Report on History of Events, Vectors, Ecology, Impacts and Management of Non-
indigenous Species In G. Rilov; J. A. Crooks (Eds.), Biological Invasions in Marine Ecosystems, Vol. 204:
p. 459-477. Springer Berlin Heidelberg, 2008.
FISCHER, M. L.,; SIMIÃO, M.; COLLEY, E.; ZENNI, R. D.; SILVA, D. A. T. D.; LATOSKI, N. O caramujo
exótico invasor na vegetação nativa em Morretes, PR: diagnóstico da população de Achatina
fulica,Bowdich, 1822 em um fragmento de Floresta Ombrófila Densa aluvial. Biota Neotropica, v. 6, n.
2, 2006.
FOSTER, B. A.; WILLAN, R. C. Foreign barnacles transported to New Zealand on an oil platform. New
Zealand Journal of Marine e Freshwater Research, v. 13, n. 1, 1979.
FRANCO, E. S. Os discursos e contra-discursos sobre o consumo hídrico da algaroba no semiárido
brasileiro. Tese de Doutorado. 97p, 2008.
FREIRE, M. S. V.; GENZANO, G. N.; PÉREZ, C. D. Especie invasora vira componente faunistico no
Nordeste brasileiro. XXVII Congresso Brasileiro de Zoologia, Curitiba, 2008.
FREIRE, M. S. V.; PÉREZ, C. D. Blackfordia virginica, uma hidromedusa invasora em estuários do
nordeste brasileiro. XV Congresso de Iniciação Científica da UFPE, Recife, 2007.
FREITAS, M. A. D.; SILVA, T. F. S. Guia Ilustrado - A Herpetofauna da Mata Atlântica Nordestina.
Pelotas: Useb, 2005.
GENZANO, G.; MIANZAN, H.; ACHA, E. M.; GAITÁN, E. First record of the invasive medusa Blackfordia
virginica (Hydrozoa: Leptomedusae) in the Río de la Plata estuary, Argentina-Uruguay. Revista
Chilena de Historia Natural, v. 79, 2006.
GIRÃO, W., ALBANO, C., PINTO, T.; SILVEIRA, L. F. Avifauna da Serra de Baturité: dos naturalistas à
atualidade. In:T. S. OLIVEIRA; F. S. ARAÚJO (Eds.) Biodiversidade e conservação da biota na Serra de
Baturité, Ceará. Fortaleza: Edições UFC, 2007.
Gisd – Global Invasive Species Database, http://www.issg.org/database/, acessado em dezembro de
2009.
GISP - Programa Global de Espécies Invasoras. América do Sul invadida. A crescente ameaça das
espécies exóticas invasoras. 80p, 2005.
GISP. Assessing the risk of invasive alien species promoted for biofuels. Boletim preparado para a
Conferência das Partes da COP - 9 (Convenção Internacional da Diversidade Biológica). Bonn,
Alemanha, 2008.
Gist – The Global Invasive Species Team. Azadirachta indica, 2009.
GOMIERO, L. M.; BRAGA, F. M. S. Cannibalism as the main feeding behaviour of tucunares introduced
in southeast Brazil. Brazilian Journal of Biology, v.64, n.3B, p. 625-632, 2004.
GURGEL, J. J. S.; FERNANDO, C. H. Fisheries in Semi-Arid Northeast Brazil with Special Reference to
the Role of Tilapias. Internationale Revue der Gesamten Hydrobiologie, v. 79, n. 1, 1994
HEMERLY, F. X. Mamona: comportamento e tendências no Brasil. Embrapa-DTC (Documento 2),
Brasília, 69 p, 1981.
HOBBS, R. J.; ARICO, S.; ARONSON, J.; BARON, J. S.; BRIDGEWATER, P.; CRAMER, V. A.; EPSTEIN, P. R.;
EWEL, J. J.; KLINK, C. A.; LUGO, A. E.; NORTON, D.; OJIMA, D.; RICHARDSON, D. M.; SANDERSON, E. W.;
VALLADARES, F.; VILÀ, M.; ZAMORA, R.; ZOBEL, M. Novel ecosystems: theoretical and management
aspects of the new ecological world order. Global Ecology and Biogeography, v. 15, p.1-7, 2006.




90
HOLTHUIS, L. B. FAO species catalogue. Shrimps and prawns of the world. An annotated catalogue of
species of interest to fisheries. FAO Fisheries Synopsis, v.1, n.125, p. 271, 1980.
HONÓRIO, N. A.; CASTRO, M. G;, BARROS, F. S. M. D.; MAGALHÃES, M. D. A. F. M.; SABROZA, P. C. The
spatial distribution of Aedes aegypti and Aedes albopictus in a transition zone, Rio de Janeiro, Brazil.
Cadernos de Saúde Pública, v. 25, p. 1203-1214, 2009.
HOPKINS, J. S.; SANDIFER, P. A.; DEVOE, M. R.; HOLLAND, A. F.; BROWDY, C. L.; STOKES, A. D.
Environmental Impacts of Shrimp Farming Special Reference to the Situation in the Continental
United States. Estuaries and Coasts, v. 18, n. 1, p. 25-42, 1995.
IBAMA. Instrução Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006. Regulamenta o controle e o manejo
ambiental da fauna sinantrópica nociva: Diário Oficial da União, 2006.
INSTITUTO HÓRUS – Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental/The Nature
Conservancy. Base de Dados sobre Espécies Exóticas Invasoras em I3N-Brasil. Consultado em:
dezembro de 2009 - http://www.institutohorus.org.br, 2009.
IUCN (World Conservation Union), Guidelines for the prevention of biodiversity loss caused by alien
invasive species. Prepared by the Invasive Species Specialist Group. Approved by the 51st Meeting of
the IUCN Council, Gland, Switzerland. 15 p., 2000.
KAUFMAN, L. Catastrophic change in species-rich freshwater ecosystems: the lessons of Lake
Victoria. BioScience, v. 42, p. 846, 1992.
KISSMANN, K. G. Plantas infestantes e nocivas – Tomo I: Plantas inferiores e monocotiledôneas. São
Bernardo do Campo: BASF, 824p.,1997.
KULLANDER, S. O.; FERREIRA, E. J. G. A review of the South American cichlid genus Cichla, with
escriptions of nine new species (Teleostei: Cichlidae). Ichthyol. Explor. Freshwaters, v. 17, n. 4, p. 289-
398, 2006.
LA MARCA, E.; LIPS, K.R. Catastrophic population declines and extinctions in Neotropical harlequin
frogs (Bufonidae: Atelopus). Biotropica, v. 37, n. 2, p. 190-201, 2005.
LATINI, A. O.; LIMA-JUNIOR, D. P.; GIACOMINI, H. C.; LATINI, R. O.; RESENDE, D. C.; ESPIRITO-SANTO,
H. M. V.; BARROS, D. F.; PEREIRA, T. L. Alien fishes in lakes of the Doce river basin (Brazil): range, new
occurrences and conservation of native communities. Lundiana, v. 5, n. 2, p. 135-142, 2004.
LEISTIKOW, A.; WÄGELE, J. W. Checklist of the terrestrial isopods of the New World. Revista Brasileira
de Zoologia, v. 16, n. 1, 1999.
LEMOS DE CASTRO, A. Isópodos terrestres introduzidos no Brasil. Boletim do Museu Nacional, Nova
Série, Zoologia, v. 282, 1971.
LIMA, P. C. F.; LIMA, J. L. S.; LIMA, A. Q. Regeneração natural em área degradada por mineração de
cobre, no semi-árido brasileiro. In: Anais do 53º Congresso Nacional de Botânica e da 25ª Reunião
Nordestina de Botânica, p. 377, UFRPE e UFPE, Recife, 2002.
LIMA, P. C. F.; SILVA M. A. Ocorrência sub-espontânea de uma algaroba no Nordeste do Brasil. Boletim
de Pesquisa Florestal v. 22/23: 91-95. 1991.
LIMA FILHO, M. G. C.; MONTEIRO, A. G. F.; ANJOS, M. D. A.; GARCIA, A. C. L.; VALENTE, V. L. S.; ROHDE,
C. Ecologia e genética da espécie invasora Zaprionus indianus na região nordeste do Brasil. Resumos
do 54º Congresso Brasileiro de Genética, 2008.
LINS E SILVA, A. C. B. Characteristics of Prosopis juliflora invasion of semi-arid habitats in Norteast
Brazil. Thesis (M.Sc.). University of Durham, Durham. 76 p. 1997.
LONSDALE, W. M. Inviting trouble: introduced pasture species in northern Australia. Australian
Journal of Ecology v. 19, p. 345–354, 1994.
LOPES, B. M.; PIÑA-RODRIGUES, F. C. M. Potencial alelopático de Mimosa caesalpinaefolia Benth sobre
sementes de Tabebuia alba (Cham.) Sandw. Floresta e Ambiente p. 30-41, 1997.
LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. Instituto Plantarum.
São Paulo, Brasil. 672 p, 2008.




                                                                                                        91
LORENZI, H.; SOUZA, H. M.; TORRES, M. A. V.; BACHER, L. B. Árvores Exóticas no Brasil. Madereiras,
ornamentais e aromáticas. 384 p, 2003.
LOUNIBOS, L. P. Invasions by insect vectors of human disease. Annual Review of entomology, v. 47, p.
233-266, 2002.
LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, R.; CASTRO, M. G.; BRAKS, M. A. H.; LOUNIBOS, L. P. The invasion of urban
forest by dengue vectors in Rio de Janeiro. Journal of Vector Ecology, v. 29, p. 94-100, 2004.
LOWE, S.; BROWNE, M.; BOUDJELAS, S.; POORTER, M. D. 100 of the World’s Worst Invasive Alien
Species: A selection from the Global Invasive Species Database. Aliens, v. 12, 2000.
LUKEFAHR, M.J., Barbosa, S e Braga, R. S. The introduction and spread of the boll weevil, Anthonomus
grandis Boh. (Coleoptera) in Brazil. Southwestern Entomologist, 19, p. 414–418. 1994.
MANSUR, M. C. D.; CALLIL, C. T.; CARDOSO, F. R.; IBARA, J. A. A. Uma retrospectiva e mapeamento da
invasão de espécies de Corbicula (Mollusca, Bivalvia, Veneroida, Corbiculidae) oriundas do sudeste
asiático, na América do Sul. In: J. S. V. Silva; R. C. C. Souza (Eds.), Água de lastro e bioinvasão. Rio de
Janeiro: Interciência. 2004.
MARTINS, D.S.; VEITENHEIMER-MENDES, I.L.; FACCIONI-HEUSER, M.C. Aspectos morfológicos e de
incubação em três espécies de Corbicula Mühlfeld, no Lago Guaíba, Rio Grande do Sul, Brasil (Bivalvia,
Corbiculidae). Biota Neotrópica, v.6, n.2, 2006.
MCKINNEY, M. L. Urbanization as a major cause of biotic homogenization. Biological Conservation, v.
127, n. 3, p. 247-260, 2006.
MATAVELLI, R. A. e LOUZADA, J. N. C. Invasão de áreas de savana intra-amazônicas por
Digitonthophagus gazella (Fabricius, 1787) (Insecta: Coleoptera: Scarabaeidae). Acta Amazonica, v.
38, p. 153–158, 2008.
MENESCAL, R. A. Efeitos da introdução da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758)
sobre o desembarque pesqueiro no Açude Marechal Dutra, Acari, RN. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal. 2002.
MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT. Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis.
Washington, DC. 2005.
MIT, M. P.; CROOKES, D. J.; WILGEN, B. W. Conflicts of interest in environmental management:
estimating the costs and benefits of a tree invasion. Biological Invasions v. 3, p. 167-178, 2001.
MONTEIRO DA CRUZ, M. A.; CABRAL, M. C. C.; SILVA, L. A. M. D.; CAMPELLO, M. L. C. B. Diversidade da
Mastofauna no Estado de Pernambuco. In: M. Tabarelli; J. M. Cardoso (Eds.), Diagnóstico da
Biodiversidade de Pernambuco, vol. 2. Recife: Fundaj. 2002.
MORGAN, J. A. T.; DEJONG, R. J.; SNYDER,S. D.; MKOJI,G. M.; LOKER,E. S. Schistosoma mansoni and
Biomphalaria: past history and future trends. Parasitology, v. 7, n. 123, p. 211-228. 2001.
MOSHKIN, V. A. Castor. Amerind, Nova Déli, 315p., 1986.
MOSS, S. M.; ARCE, S. M.; ARGUE, B. J.; OTOSHI, C. A.; CALDERON, F. R. O.; TACON, A. G. J. Greening of
the blue revolution: efforts toward environmentally responsible shrimp culture. In: C. L. Browdy; D. E.
Jory (Eds.), The New Wave, Proceedings of the Special Session on Sustainable Shrimp Culture,
Aquaculture 2001. Baton Rouge, LA, EUA: The World Aquaculture Society. 2001.
MOURA, J. I. L.; CIVIDANES, F. J.; SANTOS FILHO, L. P.; VALLE, R. R. Polinização do dendezeiro por
besouros no Sul da Bahia. Pesquisa agropecuária brasileira, v. 43, n. 3, p. 289–294, 2008.
MOURA-BRITTO, M. D.; PATROCÍNIO, D. N. M. A fauna de espécies exóticas no Paraná: contexto
nacional e situação atual. In: G. Paraná (Ed.), Unidades de Conservação ações para valorização da
biodiversidade. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná. 2005.
MYERS, P.; ARMITAGE, D. "Rattus norvegicus" (On-line). Animal Diversity Web. 2004.
NASCIMENTO, C. E. S. Comportamento invasor da algarobeira Prosopis juliflora (Sw) DC. Nas planícies
aluviais da Caatinga. Tese de Doutorado. 116p. 2008.




92
NAYLOR, R. L.; GOLDBURG, R. J.; PRIMAVERA, J. H.; KAUTSKY, N.; BEVERIDGE, M. C. M.; CLAY, J.;
FOLKE, C.; LUBCHENCO, J.; MOONEY, H.; TROELL, M. Effect of aquaculture on world fish supplies.
Nature, v. 405, p. 1017-1024, 2000.
NEVES, C. S.; PITOMBO, F. B.; ROCHA, R. M. Ampliação de ocorrência de Striatobalanus amaryllis
Darwin, 1854 (Cirripedia, Balanomorpha) no litoral brasileiro. 2005.
NEVES, C. S.; ROCHA, R. M. D. Introduced and cryptogenic species and their management in
Paranaguá Bay, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 51, p. 623-633, 2008.
NOBRE, F. V. Algarobeira no Nordeste brasileiro, especialmente no Rio Grande do Norte. In: Simpósio
Brasileiro sobre Algaroba. 1. Anais. Natal: EMPARN, p. 257-282. 1982.
NURDIN, N.; FULBRIGHT, T. E. Germination of 2 legumes in leachate from introduced grasses. Journal
of Range Management , v. 43, p. 466-467, 1990.
NYBERG, B. An Introductory Guide to Adaptive Management for Project Leaders and Participants.
Forest Practices Branch, British Columbia Forest Service, Victoria, BC. 22 p. 1999.
OGUTU-OHWAYO, R. The decline of the native fishes of lakes Victoria and Kyoga (East Africa) and the
impact of introduced species, especially the Nile perch, Lates niloticus, and the Nile tilapia,
Oreochromis niloticus. Environmental Biology of Fishes, 27, p. 81–96. 1990.
OJASTI, J. Estudio sobre el estado actual de las especies exóticas. In: Secretaría General de la
Comunidad Andina (Ed.). Caracas - Venezuela. 2001.
OLIVEIRA, L. S. B.; FABRICANTE, J. R.; ANDRADE, L. A.; ALMEIDA, A.; VIEIRA, R. M. Invasão biológica
de Parkinsonia aculeata L. (Fabaceae) na Paraíba, Brasil: Caracterização dos ambientes invadidos.
Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, p. 1-2. 2007.
OLIVEIRA, N. S. Variabilidade genética em populações de Ricinus communis (Euphorbiaceae) pela
metodologia de DAF (DNA Amplification Fingerprinting). Dissertação de Mestrado. Universidade
Federal de Pernambuco, Recife, PE. 73 p. 2004.
PÁEZ-OSUNA, F. The Environmental Impact of Shrimp Aquaculture: Causes, Effects, and Mitigating
Alternatives. Environmental Management, v. 28, n. 1, p. 131-140, 2001.
PAIVA, M. P.; PETRERE-JR., M.; PETENATE, A. J.; NEPOMUCENO, F. H.; VASCONCELOS, E. A.
Relationship between the number of predatory fish species and fish yield in large northeastern
Brazilian reservoirs. In: I. G. Cowx (Ed.), Rehabilitation of Freshwater Fisheries: 120-130. Oxford:
Fishing News Books. 1994.
PARANAGUÁ, M. N. Sobre uma nova ocorrência de Blackfordia Virginica Mayer 1910 e Ostrumovia
inkermanica Hadzi (1928) (Hydromedusae). Trab. do Instit. Oceanogr. UFPE, p. 5-6. 1963.
PAUVOLID-CORRÊA, A.; VARELLA, R. B. Aspectos epidemiológicos da Febre do Oeste do Nilo. Revista
Brasileira de Epidemiologia, v.11, p. 463-472, 2008.
PEGADO, C. M. A.; ANDRADE, L. A.; FÉLIX, L. P.; PEREIRA, I. M. Efeitos da invasão biológica de algaroba
- Prosopis juliflora (Sw.) DC. sobre a composição e a estrutura do estrato arbustivo-arbóreo da
caatinga no Município de Monteiro, PB, Brasil. Acta Botânica Brasílica v. 20, p. 887-898, 2006.
PEREIRA, G. A.; PERIQUITO, M. C.; ALBANO, C. Nota sobre a ocorrência e observações da tiriba-pérola
Pyrrhura lepida (Aves, Psittacidae) no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Revista Brasileira
de Ornitologia, v.6, p.395-397, 2008.
PETRY, R.; PETER, Â. S.; GUADAGNIN, D. L. Avifauna do Rio Grande do Sul e doenças emergentes:
conhecimento atual e recomendações para a vigilância ornitológica da Influenza Aviária e da Febre do
Nilo Ocidental. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 14, p. 269-277, 2006.
PFEIFFER, M.; TUCK, H. C.; LAY, T. C. Exploring arboreal ant community composition and co-
occurrence patterns in plantations of oil palm Elaeis guineensis in Borneo and Peninsular Malaysia.
Ecography, v. 31, n. 1, p. 21–32, 2008.
PIMENTEL, D.; LACH, L.; ZUNIGA, R; MORRISON, D. Environmental and Economic Costs of
Nonindigenous Species in the United States. BioScience, v. 50, n.1, 2000.




                                                                                                    93
PIMENTEL, D.; McNAIR, S.;, JANECKA, J.; WIGHTMAN, J.; SIMMONDS, C.; O’CONNELL, C.; WONG, E.;
RUSSEL, L.; ZERN, J.; AQUINO, T.; TSOMONDO, T. Economic and environmental threats of alien plant,
animal, and microbe invasions. Agriculture, Ecosystems e Environment, v. 84, p. 1–20, 2001
PIMENTEL, D.; ZUNIGA, R.; MORRISON, D. Update on the environmental and economic costs
associated with alien-invasive species in the United States. Ecological Economics, v. 52, 2005.
POMPEU, P. D. S.; GODINHO, A. L. Mudança na dieta da traíra Hoplias malabaricus (Bloch)
(Erythrinidae, Characiformes) em lagoas da Bacia do rio Doce devido à introdução de peixes
piscívoros. Revista Brasileira de Zoologia, v. 18, n. 4, p.1219-1225, 2001.
POMPEU, P. S.; ALVES, C. B. M. Local fish extinction in a small tropical lake in Brazil. Neotropical
Ichthyology, v. 1, n. 2, p. 133-135, 2003.
POUNDS, J. A. et al. Widespread amphibian extinctions from epidemic disease driven by global
warming. Nature, v. 439, p. 161-67, 2006.
RANDALL, R. The Global Compendium of weeds. Department of Agriculture, Western Australian,
http://www.hear.org.gew, acessado em dezembro de 2008, 2002.
RAPOSO, R. D. M. G.; GURGEL, H. D. C. B. Variação da alime,ntação natural de Serrasalmus spilopleura
Kner, 1860 (Pisces, Serrasalmidae) em função do ciclo lunar e das estações do ano na Lagoa de
Extremoz, Rio Grande do Norte, Brasil. Acta Scientiarum, v. 25, 2003.
RAUT, S. K.; BARKER, G. M. Achatina fulica Bowdich and other Achatinidae as pests in tropical
agriculture. In G. M. Barker (Ed.), Molluscs as crop pests: p. 55-114. Wallingford: CABI Publishing.
2002.
REASER, J. K.; GALINDO-LEAL, C.; ZILLER, S. R. Visitas indesejadas: a invasão de espécies exóticas. In:
Galindo-Leal C.; Câmara IDG. (Eds.). Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Fundação
S.O.S. Mata Atlântica: São Paulo. Conservação Internacional: Belo Horizonte. 2005.
REJMÁNEK, M.; PITCAIRN, M. J. When is eradication of exotic pest plants a realistic goal? In: C. R.
Veitch; M. N. Cloud. (Eds). Turning the tide: the eradication of invasive species. IUCN SSC Invasive
Species Specialist Group. IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK. 2003.
RIBEIRO, M. O.; ZAÚ, A. S. Levantamento populacional e manejo da exótica invasora Dracaena
fragrans (L.) Ker-Gawl (Angiospermae – Liliaceae), em um trecho de Floresta Atlântica sob efeitos de
borda no Parque Nacional da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, n. 1, p.
21-23, 2007.
ROCHA, C. F. D.; ANJOS, L. A. Feeding ecology of a nocturnal invasive alien lizard species, Hemidactylus
mabouia Moreau de Jonnès, 1818 (Gekkonidae), living in an outcrop rocky area in southeastern
Brazil. Braz. J. Biol., v.67, n.3, 2007.
ROCHA-MIRANDA, F.; MARTINS-SILVA, M. J. First record of the invasive snail Melanoides
tuberculatus (Gastropoda: Prosobranchia: Thiaridae) in the Paranã River basin, GO, Brazil. Braz. J.
Biol., v. 66, 2006.
ROSA, R. S.; GROTH, F. Ictiofauna dos Ecossistemas de Brejos de Altitude de Pernambuco e Paraíba.
In: K. C. Pôrto; J. J. P. Cabral; M. Tabarelli (Eds). Brejos de Altitude de Pernambuco e Paraíba. MMA,
Brasília. 2004.
SAKAI, A. N.; ALLENDORF, F. W.; HOLT, J.S.; LODGE, D.M.; MOLOFSKY, J.; WITH, K. A.; BAUGHMAN, S.;
CABIN, R. J.; COHEN, J. E.; ELLSTRAND, N. C.; McCAULEY, D. E.; O’NEIL, P.; PARKER, I. M.; THOMPSON,
J. N.; WELLER, S. G. The population biology of invasive species. Annual Review of Ecology and
Systematic 32: p. 305-332. 2001.
TOWNSEND, C. R.; WINTERBOURN, M. J. Assessment of the Environmental Risk Posed by an Exotic
Fish: The Proposed Introduction of Channel Catfish (Ictalurus punctatus) to New Zealand.
Conservation Biology, v. 6, p. 273-282,1992.
SANCHES, A.; GALETTI-JR, P. M. Genetic evidence of population structuring in the neotropical
freshwater fish Brycon hilarii (Valenciennes, 1850). Brazilian Journal of Biology, v.67, p. 889-895,
2007.




94
SANCHES, J. H.; MAGRO, T. C.; SILVA, D. F. Distribuição de Terminalia catappa L. em área de restinga
no Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba, Ubatuba/SP. In: Anais do XIII Congresso
Brasileiro de Sensoriamento Remoto – Instituto de Pesquisas Espaciais. p. 1831-1838. 2007.
SANTOS, A. R.; BERGALLO, H. G.; ROCHA, C. F. D. Paisagem urbana alienígena. Ciência Hoje, v. 41, p.
68-73, 2008.
SANTOS, E. C. B. Desempenho produtivo do camarão cinza Litopenaeus vannamei, utilizando técnicas de
povoamento direto e indireto. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 2009.
SANTOS, M. D. C. F.; COELHO, P. A. Espécies exóticas de camarões Peneídeos (Penaeus monodon
Fabricius, 1798 e Litopenaeus vannamei Boone, 1931) nos ambientes estuarino e marinho do
Nordeste do Brasil. Bol. Técn. Cient. Cepene, v. 10, n.1, 2002.
SAZIMA, I.; HAEMIG, P. D. Aves, Mamíferos e Répteis de Fernando de Noronha. Ecologia.info, v. 17,
2006.
SHINE, C., WILLIAMS, N., GUNDLING, L. A Guide to Designing Legal and Institutional Frameworks on
Alien Invasive Species. IUCN Gland, Switzerland, Cambridge and Bonn, xvi - 138 p. 2000.
SILVA, A. P.; NEUMANN-LEITÃO, S.; SCHWAMBORN, R.; GUSMÃO, L. M. D. O.; SILVA, T. D. A. E.
Mesozooplankton of an Impacted Bay in North Eastern Brazil. Brazilian Archives of Biology and
Technology, v. 47, n. 3, 2004.
SILVA, C. C. F.; SANTOS, L. C. Palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) como alternativa na
alimentação de ruminantes. Revista Eletrônica de Veterinária, v. 10, p. 1-13, 2006.
SIQUEIRA, J. C. Bioinvasão vegetal: dispersão e propagação de espécies nativas e invasoras exóticas
no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). Pesquisas (Botânica) v.
57,p. 319-330. 2006.
SOARES, M. D. C. F.; LOPES, J. P.; BELLINI, R.; MENEZES, D. Q. A piscicultura no Rio São Francisco: é
possível conciliar o uso múltiplo dos reservatórios? Revista Brasileira de Engenharia de Pesca, 2(2): p.
69-83. 2007.
SOUSA, M. A. N. D.; LANGGUTH, A.; GIMENEZ, E. D. A. Mamíferos dos Brejos de Altitude Paraíba e
Pernambuco. In: K. C. Pôrto, J. J. P. Cabral; M. Tabarelli (Eds.), Brejos de Altitude de Pernambuco e
Paraíba. Brasília: MMA. 2004.
SOUZA, R. C. C. D.; FERNANDES, F. D. C.; SILVA, E. P. D. Distribuição atual do mexilhão Perna perna no
mundo: um caso recente de bioinvasão. In: J. S. V. D. Silva; R. C. C. D. Souza (Eds.) Água de lastro e
bioinvasão. Rio de Janeiro: Interciência. 2004.
SOUZA, F. M. M. C.; MESSIAS, G. A.; FIALHO, D. H. F.; SOARES, R. B.; CORREIA, E. S. Crescimento do
camarão marinho Farfantepenaeus subtilis (Pérez Pérez-Farfante, 1967) cultivado em tanques com
diferentes protocolos de fertilização orgânica. Acta Scientiarum Biological Sciences, v. 31, n. 3, p. 221-
226, 2009.
SOUZA, J. D.; ROCHA, C. D.; LIMA, M. D. Ocorrência do bivalve exótico Mytilopsis leucophaeta (Conrad)
(Mollusca, Bivalvia), no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 22, n.4, 2005.
SOUZA-KURY, L. A. Malacostraca - Peracarida. Isopoda. Oniscidea. In: P. S. Young (Ed.), Catalogue of
Crustacea of Brazil. Rio de Janeiro: Museu Nacional. 1998.
TAVARES, M.; MENDONÇA-JR., J. B. Introdução de crustáceos decápodes exóticos no Brasil: uma
roleta ecológica. In J. S. V. Silva; R. C. C. Souza (Eds.), Água de lastro e bioinvasão. Rio de Janeiro:
Interciência. 2004.
TELES, H. M. S.; FONTES, L. R. Implicações da introdução e dispersão de Achatina fulica Bowdich,
1822 no Brasil. Boletim Instituto Adolfo Lutz, 12: 3-5. 2002.
TELES, H. M. S.; VAZ, J. F.; FONTES, L. R.; DOMINGOS, M. D. F. Registro de Achatina fulica Bowdich,
1822 (Mollusca, Gastropoda) no Brasil: caracol hospedeiro intermediário da angiostrongilíase.
Revista Saúde Pública, 31(3): 310-312. 1997.
THIENGO, S. C.; FARACO, F. A.; SALGADO, N. C.; COWIE, R. H.; FERNANDEZ, M. A. Rapid spread of an
invasive snail in South America: the giant African snail, Achatina fulica, in Brasil. Biological Invasions,
9: 693-702. 2007.




                                                                                                        95
TOLEDO FILHO, D. V.; FREITAS, J. A.; PEREIRA, P. R. B. E ZANELLA, J. Levantamento da flora
arbustiva-arbórea das fazendas Calunga e São João, entre Mogi Mirim e Itapira – SP. Anais do IV
Fórum Ambiental da Alta Paulista, 2008.
VERSVELD, D. B.; LE MAITRE, D. C.; CHAPMAN, R. A. Alien invading plants and water resources in
South Africa: a preliminary assessment. WRC Report no. TT 99/98. Stellenbosch: CSIR, sep. 1998.
VITOUSEK, P. Diversidade e invasões biológicas de ilhas oceânicas. In: E. O. Wilson (Ed.),
Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997.
VITULE, J. R. S.; FREIRE, C. A.; SIMBERLOFF, D. Introduction of non-native freshwater fish can
certainly be bad. Fish and Fisheries, v.10, p. 98-108, 2009.
WAKKER, E. Greasy Palms - The social and ecological impacts of large-scale oil palm plantation
development in Southeast Asia, Aidenvironment in collaboration with Sawit Watch Indonesia and
Joanna de Rozario, Friends of the Earth UK, London. 2004.
WHO (World Health Organization). Report of the WHO informal consultation on schistosomiasis
control, WHO/CDS/CPC/SIP/99.2. Online: http://www.who.int/ctd/schisto/99_2en.pdf. 1998.
WILLIAMS, D. G.; BARUCH, Z. African grass invasion in the Americas: ecosystem consequences and
the role of ecophysiology. Biological Invasions 2: 123-140. 2000.
WILLIAMS, D. G.; MACK, R. N.; BLACK, R. A. Ecophysiology and growth of introduced Pennisetum
setaceum on Hawaii: the role of phenotypic plasticity. Ecology v. 76, p. 1569–1580, 1995.
WILSON, E. O. A situação atual da diversidade biológica. In: E. O. Wilson (Ed.) Biodiversidade. Nova
Fronteira, Rio de Janeiro. 1997.
WITTENBERG, R., COCK, M. J. W. (Eds.) Invasive Alien Species: A Toolkit of Best Prevention and
Management Practices. CAB International, Wallingford, Oxon, UK, xvii – 228 p. 2001.
WWF. ZSL, GFN.. Living Planet Report. 2008.
XAVIER, T. M. T.; MORENO, M. R. Prejuízos causados pelas espécies exóticas invasoras na Floresta
Nacional de Pacotuba. In: XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VIII Encontro
Latino-americano de Pós-graduação – Universidade do Vale do Paraíba. p. 1-2. 2008.
ZALBA, S. M. Adaptive management of biological invasions: a tool for reducing uncertainty and
improving diagnosis and effectiveness of control. XIX Meeting of the Society for Conservation Biology.
Brasilia, DF, Brasil. 2005.
ZALBA, S. M.; ZILLER, S. R. Manejo adaptativo de espécies exóticas invasoras: colocando a teoria em
prática. Natureza e Conservação, 5(2): 16-22. 2007.
ZARET, T. M.; PAINE, R. T. Species Introduction in a Tropical Lake. Science, v.182, n. 4111, p. 449-455,
1973.
ZEPPELINI, D., MASCARENHAS, R. e MEIER, G. G. Rat Eradication as Part of a Hawksbill Turtle
(Eretmochelys imbricata) Conservation Program in an Urban Area in Cabedelo, Paraíba State, Brazil.
Marine Turtle Newsletter, v. 117, 2007.
ZILLER, S. R.; ZALBA, S. Propostas de ação para prevenção e controle de espécies exóticas invasoras.
Natureza e Conservação, v. 5, n. 2, 2007.
ZILLER, S. R.; ZALBA, S. M.; ZENNI, R. D. Modelo para o desenvolvimento de uma estratégia nacional
para espécies exóticas invasoras. Programa de Espécies Exóticas Invasoras para a América do Sul -
The Nature Conservancy. Programa Global de Espécies Invasoras – Gisp. 2007.




96
Anexo 1

Legislação Federal Brasileira Acerca de Espécies Exóticas Invasoras

1. A Convenção sobre Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário, Decreto nº
2519/88 e Decreto Legislativo nº 02/94, que, em seu art. 8h, roga: “Impedir que se
introduzam, controlem ou erradiquem espécies exóticas que ameacem os ecossistemas,
hábitats ou as espécies”. Ressalte-se que as duas últimas convenções tiveram como tema
central a problemática de espécies exóticas invasoras e que o Ministério do Meio Ambiente
do Brasil hospedou um workshop para a América Latina em outubro de 2001 em parceria
com o Programa Global de Espécies Invasoras (Gisp), reconhecendo a relevância do tema
para o País.

2. A Política Nacional de Biodiversidade, Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002,
publicado no Diário Oficial da União de 23 de agosto 2002. Um dos princípios básicos
ressalta que “A política nacional de biodiversidade reger-se-á pelas seguintes diretrizes: ‘IV.
é vital prever, prevenir e combater na origem as causas da sensível redução ou perda de
diversidade biológica’.

Do componente I, referente ao Conhecimento da Biodiversidade, citamos o item 10.1.8:
‘Inventariar e mapear as espécies exóticas invasoras e as espécies-problema, bem como os
ecossistemas em que foram introduzidas para nortear estudos dos impactos gerados e ações
de controle’. Ainda dentro do mesmo componente, temos o item 10.3.6: ‘Promover e apoiar
pesquisas para subsidiar a prevenção, erradicação e o controle de espécies exóticas
invasoras e espécies-problema que ameacem a biodiversidade, as atividades de agricultura,
a pecuária, silvicultura e aquicultura e a saúde humana.’”

Do componente II, referente à Conservação da Biodiversidade, vale citar o item 11.1.13:
“Promover a prevenção, a erradicação e o controle de espécies exóticas invasoras que
possam afetar a biodiversidade”.

Do componente IV, referente a Monitoramento, Avaliação, Prevenção e Mitigação de
Impactos sobre a Biodiversidade, citamos os itens 13.2.6: “Apoiar a realização de análises de
risco e estudos dos impactos da introdução de espécies exóticas potencialmente invasoras,
espécies potencialmente problema e outras que ameacem a biodiversidade, as atividades
econômicas e a saúde da população; e a criação e implementação de medidas de controle”; e
o item 13.2.7: “Promover e aperfeiçoar ações de prevenção, controle e erradicação de
espécies exóticas invasoras e de espécies-problema”.

Do componente VII, referente ao Fortalecimento Jurídico e Institucional para a Gestão da
Biodiversidade, citamos o item 16.5.2: “Promover a implementação de acordos e
convenções internacionais relacionados com a gestão da biodiversidade, com atenção
especial para a Convenção sobre Diversidade Biológica e seus programas e suas iniciativas”.

3. A Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605/98, nos seus arts. 31 e 61, respectivamente, dispõe
o que é crime ambiental: “Introduzir espécime animal no País sem parecer técnico-oficial
favorável e licença expedida por autoridade ambiental competente” e “disseminar doença
ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou
aos ecossistemas”. A pena é de reclusão de um a 4 anos, e multa.

4. O Decreto Federal nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, em seu art. 45, prevê multa de R$
5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) para o crime descrito no
art. 61 da Lei nº 9.605/98.



                                                                                            97
5. A Lei nº 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
restringe, em seu art. 31, a introdução de espécies exóticas invasoras em determinados
espaços geográficos de proteção especial.

6. A alínea a, § 2º, inciso V do art. 1º da Lei Federal nº 4.771/65, de 15 de setembro de 1965
(Código Florestal), considera de interesse social as atividades imprescindíveis à proteção da
integridade da vegetação nativa, e menciona, dentre elas, a erradicação de invasoras.

7. A Resolução Conama nº 369, de 28 de março de 2006, em seu art. 2º, inciso II, alínea a,
reitera as disposições da Lei nº 4.771/65 ao considerar de interesse social a erradicação de
espécies exóticas invasoras quando se mostrar necessária a sua adoção para assegurar a
proteção da integridade da vegetação nativa.

8. A Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a utilização e
proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, em seu art. 3º, inciso VIII, alínea a,
considera de interesse social as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da
vegetação nativa e, dentre essas, a erradicação de espécies exóticas invasoras.

9. A Instrução Normativa Ibama nº 179, de 25 de junho de 2008, que define as diretrizes e os
procedimentos para a destinação dos animais da fauna silvestre nativa e exótica
apreendidos, resgatados ou entregues espontaneamente às autoridades competentes, diz
que:
Artigo 3º. Os espécimes da fauna silvestre deverão ser destinados de acordo com os critérios
desta IN para:
I - Retorno imediato à natureza.
II – Cativeiro.
III - Programas de soltura (reintrodução, revigoramento ou experimentação).
IV - Instituições de pesquisa ou didáticas.
§ 1º - O espécime da fauna silvestre exótica não poderá, sob hipótese alguma, ser destinado
para o retorno imediato à natureza ou a soltura.
Artigo 16. O espécime com comprovado potencial de causar danos à saúde pública,
agricultura, pecuária, fauna, flora ou aos ecossistemas poderá ser submetido ao óbito, desde
que previamente avaliado pela comissão de avaliação da Supes.

10. O Decreto Federal nº 6.514, de 22 de julho de 2008, que dispõe sobre as infrações e
sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal
para apuração destas infrações e dá outras providências, determina:
Artigo 25. Introduzir espécime animal silvestre, nativo ou exótico, no País ou fora de sua
área de distribuição natural, sem parecer técnico-oficial favorável e licença expedida pela
autoridade ambiental competente, quando exigível:
Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de:
I - R$ 200,00 (duzentos reais), por indivíduo de espécie não constante em listas oficiais de
espécies em risco ou ameaçadas de extinção.
II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de
fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da Cites.
§ 1º Entende-se por introdução de espécime animal no País, além do ato de ingresso nas
fronteiras nacionais, a guarda e manutenção continuada a qualquer tempo.
§ 2º Incorre as mesmas penas quem reintroduz na natureza espécime da fauna silvestre sem
parecer técnico-oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente,
quando exigível.
Artigo 38. Importar ou exportar quaisquer espécies aquáticas, em qualquer estágio de
desenvolvimento, bem como introduzir espécies nativas, exóticas ou não autóctones em




98
águas jurisdicionais brasileiras sem autorização ou licença do órgão competente ou em
desacordo com a obtida:
Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), com acréscimo de
R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou fração do produto da pescaria ou por espécime, quando
se tratar de espécies aquáticas, oriundas de produto de pesca para ornamentação.
§ 1º Incorre a mesma multa quem introduzir espécies nativas ou exóticas em águas
jurisdicionais brasileiras sem autorização do órgão competente, ou em desacordo com a
obtida.
§ 2º A multa de que trata o caput será aplicada em dobro se houver dano ou destruição de
recife de coral.
Artigo 61. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana ou que provoquem a mortandade de animais ou a
destruição significativa da biodiversidade:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).
Parágrafo único. As multas e demais penalidades de que trata o caput serão aplicadas após
laudo técnico elaborado pelo órgão ambiental competente, identificando a dimensão do
dano decorrente da infração e em conformidade com a gradação do impacto.
Artigo 67. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à
pecuária, à biodiversidade, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais).
Artigo 84. Introduzir em unidade de conservação espécies alóctones:
Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Legislação estadual – Paraná
Portaria nº 192, de 02 de dezembro de 2005 – Normatiza o processo de eliminação e
controle de espécies vegetais exóticas invasoras em Unidades de Conservação de proteção
integral sob administração do IAP.
Portaria nº 121, de 10 de julho de 2007 – Regulamenta o corte de espécies florestais
exóticas em perímetro urbano.
Portaria nº 096, de 22 de maio de 2007 – Isenta a matéria-prima florestal exótica da
obrigatoriedade de reposição florestal, da prévia aprovação para exploração e transporte.
Portaria nº 095, de 22 de maio de 2007 – Reconhece a Lista Oficial de Espécies Exóticas
Invasoras para o Estado do Paraná e estabelece normas de controle.

Legislação Estadual – Espírito Santo
Instrução normativa nº 03, de 05 de fevereiro de 2007 - Normatiza o processo de eliminação
e controle de espécies vegetais exóticas invasoras em Unidades de Conservação sob
administração do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema).




                                                                                         99
iria Rejane de Almeida
                                  Michele de Sá Dechoum
                                        Sílvia Ziller




               Espécies Exóticas Invasoras
                          no Nordeste do Brasil




                 Contextualização, Manejo e Políticas




APOIO:

         100

Mais conteúdo relacionado

PDF
“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...
PDF
Feam manual grss
PDF
Manual de gerenciamento de rss feam
PDF
Plano Nacional de Recursos Hídricos
PDF
Polinizadores e pesticidas
DOC
Tesis cel jorge
PDF
Pilares para a Sustentabilidade de Unidade de Conservação
PDF
Reflexões e recomendações sobre estratégias de combate à pobreza
“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...
Feam manual grss
Manual de gerenciamento de rss feam
Plano Nacional de Recursos Hídricos
Polinizadores e pesticidas
Tesis cel jorge
Pilares para a Sustentabilidade de Unidade de Conservação
Reflexões e recomendações sobre estratégias de combate à pobreza

Mais procurados (12)

PDF
PDF
Abrelpe panorama 2001 rsu 1
PDF
Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2011
DOCX
Diagnostico da Gestao dos Residuos gerados durante a producao Petrolifera no ...
PDF
Política Nacional de Mudanças Climáticas - OC
PDF
Guia instalacoes 1328559609 (sao paulo residential guide to lower carbon foot...
PDF
Guia de residuos solidos nos serviços de saude
PDF
Panorama sobre o direito do ambiente em angola
PDF
Monografia - Ciências Econômicas - UnB - Analise de Viabilidade de Usina de R...
PDF
Técnicas de bioengenharia para Revegetação de taludes no brasil
PDF
Análise da Legislação para o Manejo Florestal por Produtores de Pequena Escal...
PDF
Bioengenharia: Manejo biotécnico de cursos de água
Abrelpe panorama 2001 rsu 1
Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2011
Diagnostico da Gestao dos Residuos gerados durante a producao Petrolifera no ...
Política Nacional de Mudanças Climáticas - OC
Guia instalacoes 1328559609 (sao paulo residential guide to lower carbon foot...
Guia de residuos solidos nos serviços de saude
Panorama sobre o direito do ambiente em angola
Monografia - Ciências Econômicas - UnB - Analise de Viabilidade de Usina de R...
Técnicas de bioengenharia para Revegetação de taludes no brasil
Análise da Legislação para o Manejo Florestal por Produtores de Pequena Escal...
Bioengenharia: Manejo biotécnico de cursos de água
Anúncio

Destaque (20)

PPT
Especies invasoras
PPT
Espécies exóticas invasoras
PDF
Espécies exóticas
PDF
Introdução de espécies exóticas
PPTX
Especies invasoras
PPT
Poluição atmosférica
PPTX
Especies invasoras
PPT
Espécies exóticas invasoras
PPTX
Poluição Atmosférica
PPTX
A influência das catástrofes no equilíbrio dos ecossistemas
PPTX
Poluição atmosférica
PPT
Poluição Atmosférica
PDF
4 especies invasoras
PPTX
O aumento do efeito de estufa
PPT
Especies exoticas
PPT
Espécies vegetais invasoras
PPTX
PPT gestao e controlo invasoras capacitacao tecnicos 100000 arvores
PPT
Especies Invasoras
PPT
Efeitos da-catastrofes-naturais[1]
PPS
Apres Sinergia Ambiental Bioloja
Especies invasoras
Espécies exóticas invasoras
Espécies exóticas
Introdução de espécies exóticas
Especies invasoras
Poluição atmosférica
Especies invasoras
Espécies exóticas invasoras
Poluição Atmosférica
A influência das catástrofes no equilíbrio dos ecossistemas
Poluição atmosférica
Poluição Atmosférica
4 especies invasoras
O aumento do efeito de estufa
Especies exoticas
Espécies vegetais invasoras
PPT gestao e controlo invasoras capacitacao tecnicos 100000 arvores
Especies Invasoras
Efeitos da-catastrofes-naturais[1]
Apres Sinergia Ambiental Bioloja
Anúncio

Semelhante a Invasoras (20)

PDF
Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil
PDF
Invasoras 120302151755-phpapp01
PDF
Dossiê pe versão final 280309
PDF
Espécies invasoras de Pernambuco
PDF
Espécies invasoras de PE
PDF
Dossi20pernambuco 090729102939-phpapp02
PDF
Plantas Exóticas Invasoras
PDF
Umburana Mensagem Doce 100
PPTX
Controle Ambiental de Áreas Verdes
PDF
Tecnico saude enfermagem_01
PDF
Tecnico saude enfermagem_01
PDF
Manejo animais silvestres
PPT
MINUTA Deliberação CONSEMA
PPT
II WSF, São Paulo - Denise Navia - Biologia do Processo de Invasão
PDF
Aula_9_Ecologia_1_-_Ecologia_da_Conservao.pdf
PPSX
Jornadas sobre Espécies Exóticas Invasoras em Pontevedra
PPTX
Espécies invasoras
PPTX
Desequilíbrio dos ecossistemas Bruno, Eduardo, Rúben
PDF
Formação: Gestão e Controlo de Plantas Invasoras
PDF
Corredor ecológico serra do lopo
Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil
Invasoras 120302151755-phpapp01
Dossiê pe versão final 280309
Espécies invasoras de Pernambuco
Espécies invasoras de PE
Dossi20pernambuco 090729102939-phpapp02
Plantas Exóticas Invasoras
Umburana Mensagem Doce 100
Controle Ambiental de Áreas Verdes
Tecnico saude enfermagem_01
Tecnico saude enfermagem_01
Manejo animais silvestres
MINUTA Deliberação CONSEMA
II WSF, São Paulo - Denise Navia - Biologia do Processo de Invasão
Aula_9_Ecologia_1_-_Ecologia_da_Conservao.pdf
Jornadas sobre Espécies Exóticas Invasoras em Pontevedra
Espécies invasoras
Desequilíbrio dos ecossistemas Bruno, Eduardo, Rúben
Formação: Gestão e Controlo de Plantas Invasoras
Corredor ecológico serra do lopo

Mais de Projeto Golfinho Rotador (20)

PDF
Licitação da lanchonete do Jardim Botânico
PDF
Lojinha do Botânico
PDF
Espécies nativas da Mata Atlântica em Pernambuco com potencial para arborizaç...
PDF
Arqueologia Botânica dos Jardins de Burle Marx
DOCX
PDF
Index seminum jbr
PDF
Abelhas nativas e conservação ambiental
PDF
Cartaz seminário apime 4 v.1
PDF
PDF
Lista de espécies ameaçadas
PDF
Pauta lxxv ro_13.12.2013_jaboatão.dos.guararapes
PDF
PDF
Pedradocachorro
PDF
Pdflivrocaatinga
PDF
Iv seminario pesca artesanal e sustentabilidade socioambiental apresentação...
Licitação da lanchonete do Jardim Botânico
Lojinha do Botânico
Espécies nativas da Mata Atlântica em Pernambuco com potencial para arborizaç...
Arqueologia Botânica dos Jardins de Burle Marx
Index seminum jbr
Abelhas nativas e conservação ambiental
Cartaz seminário apime 4 v.1
Lista de espécies ameaçadas
Pauta lxxv ro_13.12.2013_jaboatão.dos.guararapes
Pedradocachorro
Pdflivrocaatinga
Iv seminario pesca artesanal e sustentabilidade socioambiental apresentação...

Invasoras

  • 1. Tarciso C. C. Leão Walkiria Rejane de Almeida Michele de Leão Tarciso Sá Dechoum Sílvia Renate Ziller Walkiria Rejane de Almeida Michele de Sá Dechoum Sílvia Ziller Espécies Exóticas Invasoras Espécies ExóticasBrasil no Nordeste do Invasoras no Nordeste do Brasil Contextualização, Manejo e Políticas Públicas Contextualização, Manejo e Políticas Públicas
  • 2. Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualização, Manejo e Políticas Públicas 1
  • 3. CEPAN – Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste Severino Ribeiro Pinto Diretor-presidente e Diretor de Projetos Cristiane Lucena Diretora-administrativa Renata Torres Gestora-financeira Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental Gisele Bolzani Presidente Geraldo Morceli Bolzani Júnior Vice-Presidente Sílvia Renate Ziller Diretora-executiva 2
  • 4. Tarciso C. C. Leão Walkiria Rejane de Almeida Michele de Sá Dechoum Sílvia Renate Ziller Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualização, Manejo e Políticas Públicas CEPAN Instituto Hórus Recife, 2011 3
  • 5. REALIZAÇÃO Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental REVISÃO TÉCNICA Diele Lôbo Sônia Aline Roda REVISÃO ORTOGRÁFICA Consultexto ILUSTRAÇÃO Programa Global de Espécies Invasoras (Gisp) FOTOGRAFIAS Créditos nas fotos APOIO Conservação Internacional do Brasil Monsanto Associação para a Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (Amane) Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Leão, T. C. C.; Almeida, W. R.; Dechoum, M.; Ziller, S. R. Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualização, Manejo e Políticas Públicas / Tarciso C. C. Leão, Walkíria Regina Almeida, Michele Dechoum, Sílvia Renate Ziller – Recife: Cepan, 2011. 99 páginas: il., fig.,tab. ISBN: 978-85-64352-00-1 1. Espécies Exóticas Invasoras. 2. Mata Atlântica – Nordeste – Brasil. 3- Conservação da biodiversidade. 4. Política Ambiental. I. Leão, Tarciso. II Título CDD - 570 Para citação bibliográfica, usar a seguinte referência: LEÃO, T. C. C,; ALMEIDA, W. R.; DECHOUM, M.; ZILLER, S. R. 2011. Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualização, Manejo e Políticas Públicas. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste e Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental. Recife, PE. 99 p. Esta publicação está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Atribuição-Uso Não Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil. 4
  • 6. SUMÁRIO PARTE UM Contextualização 1. O PROBLEMA DAS ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2. UNIDADES DE CONSERVÃO E ESPÉCIES EXÓTICA INVASORAS . . . . . . . . 15 3. HÁBITATS MAIS AMEAÇADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 PARTE DOIS Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil 4. SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 5. LISTA DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 6. ANIMAIS EXÓTICOS INVASORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 7. PLANTAS EXÓTICAS INVASORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 PARTE TRÊS Manejo e Políticas Públicas 8. DIRETRIZES PARA O MANEJO DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS EM ÁREAS NATURAIS TERRESTRES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 9. A CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRAGÉGIA ESTADUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Referências Bibliográficas ................................................................................................................... 88 Anexo ............................................................................................................................. ............................................. 97 5
  • 7. 6
  • 9. 8
  • 10. 1. O problema das Espécies Exóticas Invasoras O planeta Terra vive hoje uma das maiores sobreviver no novo hábitat, ela é considerada crises de perda de biodiversidade já estabelecida. Caso a espécie estabelecida documentadas. As previsões dessa perda para a expanda sua distribuição no novo hábitat, próxima década são alarmantes, especialmente ameaçando a biodiversidade nativa, ela passa a nos países com alta diversidade (Wilson, 1997). ser considerada uma espécie exótica invasora. Dentre as mais de 47 mil espécies avaliadas Essas definições fornecidas pela CDB são quanto ao risco de extinção em escala global, utilizadas como referência para a construção de pouco mais de um terço (36%) corre riscos reais bases legais e de políticas públicas pelos países de desaparecer caso as ameaças à biodiversidade signatários da Convenção, como o Brasil, e são não sejam controladas (CDB, 2010). Entre 1970 adotadas como base pelo Programa Global de e 2006, as populações de animais vertebrados Espécies Invasoras (Gisp). Por meio do Decreto n° diminuíram em média 31% em escala global, e, 2, de 03 de fevereiro de 1994, o Brasil nos trópicos, essa redução foi de 59% (WWF, estabeleceu um compromisso legal com a CDB 2008). comprometendo-se a adotar e aplicar, no seu De forma resumida, as principais causas território, as ações e os princípios da Convenção. diretas da perda de biodiversidade são: a No âmbito das espécies exóticas invasoras, isso conversão de hábitats naturais em atividades quer dizer que o País deve “impedir que sejam humanas, como o avanço da fronteira agrícola; introduzidas e deve controlar ou erradicar as mudanças climáticas; as espécies exóticas espécies exóticas que ameacem ecossistemas, invasoras; a superexploração; e a poluição hábitats ou espécies” (art. 8h da CDB, 1992). A (Millennium Ecosystem Assessment, 2005). mensagem desse artigo foi transposta para a Lei Neste livro, abordaremos o problema das de Crimes Ambientais (art. 61 da Lei Federal n° espécies exóticas invasoras. 9.605/98), que considera crime ambiental a De acordo com as definições adotadas pela disseminação de doenças ou pragas ou espécies Convenção Internacional sobre Diversidade que possam causar dano à agricultura, à Biológica (CDB, 1992) na 6ª Conferência das pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas. Partes (CDB COP-6, Decisão VI/23, 2002), uma As introduções de espécies podem ser espécie é considerada exótica (ou introduzida) voluntárias, quando há alguma intenção de uso quando situada em um local diferente do de sua da espécie para fins específicos; ou involuntária, distribuição natural por causa de introdução quando a introdução ocorre acidentalmente, mediada por ações humanas, de forma como no caso de pragas agrícolas e vetores de voluntária ou involuntária. Se a espécie doenças — vírus e bactérias (CDB COP-6, introduzida consegue se reproduzir e gerar Decisão VI/23, 2002). Frequentemente, a descendentes férteis, com alta probabilidade de introdução voluntária de uma espécie exótica 9
  • 11. Yuri Yashin, achatina.ru, Bugwood.org pode levar à introdução acidental de outras escargot sem que houvesse qualquer estudo de espécies a ela associadas, como é o caso de mercado, verificação de experiências análogas parasitas associados aos peixes introduzidos em em outros países ou autorização do órgão atividades de piscicultura. Tais parasitas, competente. O resultado é que a comercialização introduzidos acidentalmente, podem foi um fracasso, levando ao abandono de comprometer a sanidade ambiental da criadouros e à soltura de caracóis no ambiente. piscicultura e causar novas doenças em Atualmente, o caracol-gigante-africano já ocorre ecossistemas naturais. em pelo menos 23 dos 26 estados brasileiros Introduções intencionais de espécies são (Thiengo et al., 2007). motivadas por diversas razões que tangem fins No Brasil, já foram registradas 386 espécies sociais, econômicos e até ambientais. Espécies exóticas invasoras e 11.263 ocorrências de foram e são introduzidas para embelezar praças invasão, de acordo com o banco de dados e jardins, para uso na agropecuária, como nacional de espécies exóticas invasoras (veja alternativa de renda e subsistência para http://i3n.institutohorus.org.br). Considerando populações de baixa renda, para controle apenas as espécies terrestres registradas nesse biológico de pragas e por outras razões. banco de dados, cerca de 70% foram O caracol-gigante-africano (Achatina fulica), introduzidas intencionalmente, quase sempre por exemplo, foi introduzido no Brasil na década por motivação econômica. As principais causas de 1980 como um substituto da criação de dessas introduções são o uso ornamental e a 10
  • 12. criação de animais de estimação, que juntos Em um dos casos mais conhecidos de invasão representam cerca de 40% das introduções biológica no Brasil, a do mexilhão-dourado intencionais. (Limnoperna fortunei), a introdução involuntária Alguns dos casos mais graves de invasão ocorreu via água de lastro de navios (Gisp, biológica no Nordeste do Brasil são 2005). O mexilhão-dourado é nativo do sudeste consequências de introduções voluntárias. Um asiático e foi detectado pela primeira vez na caso emblemático é o do tucunaré (Cichla América do Sul em 1991, no Rio da Prata, na ocellaris) e da tilápia (Oreochromis niloticus) em Argentina. A partir daí, estima-se que em 10 rios, lagos e açudes, o que certamente resultou anos a espécie tenha se deslocado cerca de 2.400 em diversas extinções locais de espécies, com km aderida a cascos de embarcações e a outras perda de biodiversidade em escala regional estruturas e equipamentos de navegação, pesca (Rosa e Groth, 2004). Essas introduções foram e mergulho, bem como através da extração e do intensificadas por programas de governo que, transporte de areia das margens dos rios. por meio do Departamento de Obras Contra a No trecho brasileiro do Rio Paraná, o Seca (Dnocs), do Ministério da Integração mexilhão-dourado foi detectado pela primeira Nacional, levaram à introdução de 42 espécies de vez na Usina Hidrelétrica de Itaipu, em abril de peixes e crustáceos em aproximadamente 100 2001, e hoje já se encontra no Pantanal mato- reservatórios de água doce no Nordeste (Gurgel grossense. A espécie atinge densidades e Fernando, 1994; Reaser et al., 2005). populacionais de até 150 mil indivíduos por No ambiente marinho-costeiro, metro quadrado, que resultam em incrustações diferentemente da tendência geral, a maior parte massivas e obstrução de tubulações e filtros de das introduções ocorre de modo acidental. Os água de estações de tratamento, indústrias e maiores vetores de introdução involuntária no usinas hidrelétricas, causando graves perdas ambiente marinho-costeiro são as águas de econômicas (Gisp, 2005). A Usina Hidrelétrica de lastro e a incrustação em cascos de embarcações Itaipu sofreu grandes prejuízos com o mexilhão- que atracam nos portos (Gisp, 2005; Farrapeira dourado, assim como o Departamento Municipal et al., 2007), sobretudo navios com rotas de Águas e Esgotos de Porto Alegre/RS. internacionais. Em Pernambuco, por exemplo, Impactos similares também ocorreram em pelo menos 12 espécies exóticas de animais ecossistemas terrestres com a introdução de marinhos foram encontradas nos cascos de espécies de plantas. Na Caatinga da Paraíba, por navios que atracaram no porto do Recife, e exemplo, há estudos que mostram que a invasão algumas foram reconhecidas como invasoras da algaroba (Prosopis juliflora) provoca perda de (Farrapeira et al., 2007). Por meio dessa mesma biodiversidade (Andrade et al., 2008) e pode via, foi introduzida, na zona estuarina do Recife, reduzir a disponibilidade de água. Segundo a espécie exótica Mytilopsis leucophaeta (sururu- Andrade et al. (2008), a invasão por essa espécie branco), que tem a capacidade de formar diminui drasticamente a riqueza de árvores e colônias com alta densidade de indivíduos, arbustos nativos e compromete a regeneração inclusive sobre colônias do sururu nativo (Souza natural da vegetação nativa. A espécie é et al., 2005; JRB de Souza, comunicação pessoal). classificada, na África do Sul, como a segunda 11
  • 13. espécie exótica invasora que mais consome água programa de controle da dengue, dos quais 85% e, portanto, prioritária para controle no país. foram empregados na vigilância e no controle do A disseminação das espécies exóticas mosquito (Braga e Valle, 2007). invasoras vem causando grandes danos Custos originados por espécies exóticas econômicos (Gisp, 2005). Uma estimativa feita invasoras podem ser claramente observados em 2005 mostrou que as espécies exóticas quando produtos específicos são afetados. A invasoras custam aos Estados Unidos mais de produção do algodão (Gossypium sp.), por 120 bilhões de dólares por ano (Pimentel et al., exemplo, cultivado em vários estados do Brasil, 2005). Em todo o mundo, as perdas na vem decrescendo nos últimos 15 anos em várias agricultura são estimadas em até 248 bilhões de partes, principalmente devido à invasão do dólares por ano (Bright, 1999). bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) No Brasil, apesar de ainda haver (Reaser et al., 2005). Esse besouro foi detectado relativamente pouca informação disponível pela primeira vez em 1983 nos estados de São sobre o assunto, as perdas agrícolas anuais Paulo e da Paraíba, a partir de onde a sua relacionadas a algas, ácaros e plantas exóticas dispersão para a maioria das áreas produtoras invasoras em lavouras estão em torno de 42,6 foi incrivelmente rápida. Em menos de 10 anos, bilhões de dólares (Pimentel et al., 2001). Esse todos os estados brasileiros produtores de número tende a subestimar a gravidade do algodão já estavam invadidos (Lukefahr et al., problema, pois não estão computados impactos 1994). ambientais, extinção de espécies, perda de Espécies exóticas invasoras também causam serviços ambientais, custos de prevenção e impactos aos ecossistemas, uma vez que controle e custos derivados de problemas de modificam os ciclos ecológicos naturais, afetando saúde humana. Para se ter uma ideia, em 2002 o os serviços por eles prestados. A algaroba Ministério da Saúde gastou 1 bilhão de reais no (Prosopis juliflora), introduzida na Caatinga, 12
  • 14. atinge o lençol freático profundo e pode exaurir irradiador de invasões biológicas (Dehnen- reservas vitais de água em ambientes onde esse Schmutz et al., 2007) e pode ser considerada recurso é escasso (Andrade et al., 2008), o que uma das principais causas de homogeneização tende a prejudicar o funcionamento do biológica em escala global (McKinney, 2006). A ecossistema e reduzir a disponibilidade de água tradição de usar espécies exóticas na para populações humanas e atividades agrícolas. arborização de ruas, praças e parques A disseminação de espécies exóticas desvaloriza a riqueza da biodiversidade dos invasoras também pode representar problemas municípios e descaracteriza a composição e custos à saúde humana em função da entrada natural, favorecendo o desenvolvimento de uma de patógenos e parasitas exóticos. O platelminto cultura cada vez mais distanciada do ambiente Schistosoma mansoni, agente causador da natural circundante. De modo geral, diferentes esquistossomose e provavelmente originário da cidades brasileiras utilizam um conjunto similar África, foi disseminado pelo mundo e já infectou de espécies exóticas nas arborizações públicas. mais de 80 milhões de pessoas (Morgan et al., Quando são utilizadas árvores exóticas 2001), sendo 3 milhões só no Brasil (Who, reconhecidamente invasoras, cujas sementes são 1998). Três caracóis de água doce (Biomphalaria dispersas por aves e morcegos, os riscos de glabrata, B. tenagophila e B. straminea) são os invasão e da consequente perda de responsáveis por sua transmissão no Brasil. Na biodiversidade são maiores. tentativa de controle biológico das populações Em função da grande escala e do aumento desses caracóis, foi introduzido o caracol-da- dos problemas associados às espécies exóticas malásia (Melanoides tuberculata), que compete invasoras, a atenção da sociedade global voltada por alimento com os caracóis hospedeiros e para esse tema vem sendo cada vez maior (veja devora seus ovos. Entretanto, o caracol-da- CDB, 2010). A experiência internacional mostra malásia é um hospedeiro intermediário de que a estratégia mais eficiente para enfrentar o outros parasitas, especialmente um trematódeo problema é evitar novas introduções (Ziller et al., causador da paragonimíase (Paragonimus sp.), 2007), uma vez que, trabalhando-se com que também afeta o homem (Reaser et al., 2005). estratégias de prevenção, os custos são menores O esforço mundial para tentar conter a gripe e as chances de resolver os problemas são suína (AH1N1), que hoje já é considerada uma maiores quando comparadas às estratégias de pandemia, é outro exemplo de dispersão de controle pós-invasão. Os custos de controle de doenças exóticas — só em maio de 2009, o uma espécie exótica invasora são crescentes com governo brasileiro disponibilizou 147 milhões de o passar do tempo, e, por vezes, em estágios reais para ações preventivas. avançados de invasão, torna-se praticamente A introdução de espécies exóticas pode ser impossível a sua erradicação. Por isso, é facilmente observada nos centros urbanos do importante que governos estaduais e municipais Brasil, onde, por exemplo, árvores e arbustos reconheçam o quanto antes as ameaças das exóticos têm sido amplamente utilizados no invasões biológicas nos seus territórios para paisagismo (Santos et al., 2008). A frequente adotar medidas de prevenção e controle das presença de espécies exóticas em centros espécies exóticas invasoras, em concordância urbanos funciona como um importante centro com a Estratégia Nacional sobre Espécies 13
  • 15. Exóticas Invasoras (Resolução Conabio n° 5/09) Internacional sobre Diversidade Biológica (CDB, e o compromisso do Brasil com a Convenção 1992). 14
  • 16. 2. Unidades de conservação e Espécies Exóticas Invasoras Segundo o Sistema Nacional de Unidades de a introdução de espécies exóticas em Unidades Conservação (Lei Federal nº 9.985/00), é de Conservação de proteção integral (art. 37), e é proibida a introdução de espécies exóticas em estabelecido que sejam tomadas medidas que Unidades de Conservação (UCs). As Unidades de desestimulem a introdução dessas espécies nas Conservação são instituídas legalmente pelo unidades de uso sustentável (art. 38). Nas Poder Público para garantir que se faça de regiões Sul e Sudeste, respectivamente, os maneira adequada a conservação da natureza estados do Paraná e do Espírito Santo dentro de limites territoriais definidos (art. 2º, determinaram legalmente que devem ser Lei do SNUC nº 9.985/00). Portanto, dentro das elaborados planos de controle e erradicação das Unidades de Conservação, as ameaças à espécies exóticas invasoras nas Unidades de biodiversidade devem ser prevenidas, Conservação estaduais (Portaria IAP nº 192/05 e controladas e eliminadas. Instrução Normativa nº 3/07). Após a criação de uma Unidade de As Unidades de Conservação de proteção Conservação, o desafio seguinte é fazer com que integral devem ser consideradas com especial esta contribua efetivamente para a conservação atenção, pois são refúgios naturais que devem da biodiversidade e do ecossistema como um ser salvaguardados em regime de perpetuidade. todo. A invasão por espécies exóticas é A presença de espécies exóticas invasoras nessas considerada a primeira causa de perda de áreas é incompatível com a conservação da biodiversidade em Unidades de Conservação biodiversidade e dos recursos naturais e devem (Gisp, 2005; Ziller e Zalba, 2007); portanto, não é ser objeto de erradicação ou de controle aceitável o não enfrentamento do problema permanente. Invasões biológicas, ao contrário de nessas áreas. outras formas de degradação, tendem a crescer De acordo com o art. 31 da lei que estabelece indefinidamente ao longo do tempo, e, devido à o Sistema Nacional de Unidades de Conservação crescente pressão de propágulos existente (Lei Federal nº 9.985/00), é proibida a nessas áreas, assim como à fragmentação e à introdução de espécies exóticas em Unidades de antropização das áreas no entorno, os cuidados Conservação de proteção integral. A Estratégia devem ser redobrados para impedir a chegada Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras de espécies exóticas invasoras e/ou promover a (Resolução Conabio nº 5/09) reconhece e erradicação destas. enfatiza a necessidade de ações de erradicação, Em Unidades de Conservação de uso controle e monitoramento de espécies exóticas sustentável, as espécies exóticas utilizadas com invasoras nas UCs. Em Pernambuco, por meio do fins produtivos devem ser manejadas em regime Sistema Estadual de Unidades de Conservação de contenção e controle para evitar a (Seuc-PE, Lei Estadual nº 13.787/09), é proibida proliferação para fora das áreas destinadas ao 15
  • 17. cultivo. É importante regulamentar o uso e a invasoras em seu interior, ainda que isso seja produção de espécies exóticas nas UCs de uso possível, especialmente no bioma Amazônia. sustentável e nas zonas de amortecimento de Embora a informação não esteja disponível em UCs de proteção integral para evitar que elas maior detalhe, a expressiva ocorrência dessas sejam focos permanentes de disseminação de espécies em áreas protegidas indica a espécies exóticas invasoras. Políticas públicas de necessidade de melhorar o nível de informação apoio com visão de desenvolvimento sustentável existente e de tomar atitudes imediatas para e valorização da biodiversidade nativa são estabelecer estratégias de prevenção e controle fundamentais para que essa regulamentação seja dessas espécies. Também é claro que os possível. problemas decorrentes de invasões biológicas só Sabe-se que, atualmente, grande parte das podem ser tratados de forma eficiente através de Unidades de Conservação no Brasil contém iniciativas governamentais que permitam atingir espécies exóticas invasoras. Vale ressaltar que escala e fazer frente às ameaças, que podem ser não há registro específico de Unidades de globais. Conservação que não possuam espécies exóticas 16
  • 18. 3. Hábitats mais ameaçados A tendência, em todos os hábitats, é de que os ilhas são enormes, e acredita-se que a principal impactos causados pelas espécies exóticas causa dessas extinções seja as espécies exóticas invasoras aumentem com o tempo. Entretanto, invasoras (Millennium Ecosystem Assessment, esses impactos são especialmente maiores nas 2005). Nas ilhas, as espécies evoluíram, muitas ilhas e nos sistemas de água doce, como rios e vezes, sem predadores e desenvolveram hábitos lagos (Millennium Ecosystem Assessment, extremamente vulneráveis a predadores 2005). invasores comuns, como gatos, serpentes e ratos. Geralmente, as espécies nativas das ilhas têm Por exemplo, em Fernando de Noronha havia um populações pequenas, distribuição limitada e grande rato endêmico (Noronhomys vespuccii) falta de adaptação a predadores, o que as torna que foi extinto provavelmente por causa da mais vulneráveis à extinção por espécies introdução acidental do rato doméstico (Rattus exóticas invasoras do que por espécies de áreas rattus) (Fernandez, 2004). Outro caso continentais (Vitousek, 1997; Fernandez, 2004). emblemático em Noronha é o da introdução Populações menores, limitadas pela pequena voluntária de 2casais de teiú (Tupinambis área e disponibilidade de recursos das ilhas, são merianae) na década de 1950. A intenção era de naturalmente mais vulneráveis à extinção. que os lagartos caçassem os ratos, mas eles Associado ao fato de muitas espécies em ilhas passaram a se alimentar de ovos de aves que serem endêmicas, as taxas de extinção global em nidificam na ilha e ampliaram sua população Michel Metran 17
  • 19. enormemente (Gisp, 2005). Em 2004, foi Lago Vitória, na África, para desenvolver a estimada uma população de teiús entre 2 mil e 8 indústria pesqueira, teve consequências mil indivíduos na ilha principal. O problema da desastrosas para a fauna endêmica do lago e introdução de predadores em ilhas que possuem para as populações do entorno. Cerca de dois espécies com hábitos especialmente vulneráveis terços das espécies de peixes nativos do lago à predação, como o hábito de pôr ovos no chão, foram extintos ou ficaram ameaçados de fez com que milhares de espécies de aves fossem extinção, e a principal fonte de proteína das extintas das ilhas com a colonização humana comunidades locais foi eliminada (Ogutu- (Fernandez, 2004). Ohwayo, 1990; Kaufman, 1992). Para a Sistemas de água doce formam hábitats biodiversidade, fato semelhante ocorreu em isolados e com muitos endemismos, várias lagoas no Estado de Minas Gerais, onde foi apresentando vulnerabilidades às invasões documentada uma redução de 50% na riqueza biológicas similares às das ilhas. Em rios e lagos, de peixes nativos após 10 anos da introdução do as espécies exóticas invasoras são apontadas tucunaré (Cichla ocellaris), do apaiari como a segunda maior causa da perda de (Astronotus ocellatus) e da piranha-vermelha biodiversidade (Millennium Ecosystem (Pygocentrus nattereri) (Reaser et al., 2005). Assessment, 2005). As invasões em lagos estão entre as mais catastróficas. A introdução voluntária da perca-do-nilo (Lates niloticus) no 18
  • 20. PARTE DOIS 19 ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NO NORDESTE DO BRASIL
  • 21. 20
  • 22. 4. Sistema de informação sobre espécies exóticas invasoras no Brasil O início da coleta e sistematização de informações sobre espécies exóticas invasoras informações sobre espécies exóticas invasoras no Brasil e disponibiliza os dados para consulta no Brasil ocorreu em 2003, por iniciativa do por meio do site www.i3n.institutohorus.org.br Instituto Hórus de Desenvolvimento e ou por consultas via e-mail. A validação ocorre Conservação Ambiental e da The Nature por consultas e aporte de especialistas que têm Conservancy. Em 2005, com o apoio do acesso à base de dados via site do instituto. Essa Ministério do Meio Ambiente/Probio, a base de dados constituiu a principal referência prospecção de dados ganhou abrangência dos registros de espécies contidos neste livro. nacional com a realização do Informe Nacional Após quase uma década de construção sobre Espécies Exóticas Invasoras, e um banco contínua desse banco de dados brasileiro de de dados foi estruturado com apoio da rede espécies exóticas invasoras, começa a ser temática de espécies exóticas invasoras (I3N) da desenhado um quadro da situação das invasões Rede Interamericana de Informação sobre biológicas em escala nacional, embora ainda não Biodiversidade (Iabin). A mesma estrutura de seja possível ter uma dimensão fiel destas para base de dados está em uso em outros 17 países muitas espécies e regiões. Neste livro, nas Américas, com vistas a facilitar a troca de aproveitamos o avanço e acúmulo de informações em nível continental. conhecimento no tema para darmos início à Durante a execução do projeto do Informe divulgação para toda a sociedade do problema Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, a das invasões biológicas na Região Nordeste do prospecção de informações sobre espécies Brasil. As informações contidas nos capítulos exóticas invasoras no Brasil e seus locais de seguintes são especialmente importantes para ocorrência foi realizada por consultores em cada gestores ambientais — seja de Unidades de bioma brasileiro e por redes de pesquisadores Conservação, de órgãos ambientais estaduais ou em instituições de ensino e pesquisa. municipais, de empresas, entre outros —, que A primeira validação de resultados foi feita vêm se deparando cada vez mais com a em uma reunião com especialistas promovida problemática das invasões biológicas e que pelo Ministério do Meio Ambiente em outubro precisam de um bom entendimento sobre o de 2005. O Instituto Hórus de Desenvolvimento e assunto para tomar boas decisões nas suas áreas Conservação Ambiental continua coletando de atuação. 21
  • 23. 22
  • 24. 5. Lista de espécies exóticas invasoras Nos próximos capítulos, serão apresentadas por ocorrerem em pelo menos 3 estados ou por listas e informações acerca de espécies de terem, pelo menos, 10 registros. animais (Capítulo 6) e de plantas (Capítulo 7) (3) Baixo risco: espécies exóticas que ainda exóticas invasoras, ou potencialmente invasoras, não foram reconhecidas como invasoras na situadas em 7 estados da Região Nordeste Região ou em outras regiões, ocorrem em menos (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de 3 estados e têm menos de 10 registros. Grande do Norte e Sergipe). A inclusão de uma As espécies de alto risco são aquelas que já espécie nessas listas foi feita quando havia estão estabelecidas e já expressam sua registro de estabelecimento (e, em poucos casos, capacidade de invasão na Região Nordeste. Como quando havia apenas registro da presença) da nos baseamos em informações muito espécie exótica em ambiente natural, de acordo simplificadas para fazer essa classificação, é com informações obtidas na base de dados possível que as espécies de médio e baixo riscos nacional de espécies exóticas invasoras e em possam, de fato, apresentar maiores impactos. A diversas publicações científicas regionais. No intenção de criação da lista com a classificação é entanto, cada espécie apresenta um risco mais a de iniciar um processo de elucidação do diferenciado de ser invasora e causar impactos problema das invasões no Nordeste do que ecológicos, sociais e econômicos. Por isso, cada classificar em definitivo as ameaças. Ações espécie foi classificada de acordo com o seu risco relacionadas ao manejo dessas espécies devem potencial. Temos ainda poucas informações para ser realizadas com cuidado, baseadas em fazer uma análise de risco precisa, mas já é avaliações prévias mais aprofundadas, nas quais possível fazer algumas distinções relativas para participem especialistas capazes de orientá-las e melhor orientar os esforços de pesquisa, o referendá-las com base no melhor conhecimento monitoramento e o manejo. Classificamos as disponível no momento. espécies em 3 categorias de risco: O número de ocorrências registradas ainda é (1) Alto risco: espécies exóticas que pequeno e certamente não reflete a realidade apresentam reconhecido potencial invasor na das espécies exóticas invasoras no Nordeste. O Região ou em outras regiões, estão estabelecidas baixo número de registros é um indicativo de em ambientes naturais no Nordeste, ocorrem que pouco se conhece sobre a potencial invasão em, pelo menos, 3 dos 7 estados estudados e dessas espécies e de que há necessidade de um apresentam, no mínimo, 10 registros. maior esforço de pesquisa e descrição das (2) Médio risco: espécies exóticas que invasões por técnicos e pesquisadores. Embora o oferecem potencial risco por serem reconhecidas número de registros possa subestimar o grau de como invasoras na Região ou em outras regiões, ameaça de espécies pouco registradas — como consequência de poucos estudos — ou 23
  • 25. superestimar a ameaça de espécies com Caracterização das Espécies, seções 6.2 e 7.2). relativamente mais registros, esse número deve Dentre as espécies de alto risco, 14 (7 animais e estar relacionado com a frequência de 7 plantas) são abordadas com mais detalhes ocorrência real e a percepção da invasão pelos sobre origem, distribuição global, histórico da pesquisadores. introdução, descrição da invasão, características Para cada espécie listada, são fornecidas diferenciais e impactos decorrentes da invasão informações básicas de rápido entendimento e (veja Maiores Ameaças, seções 6.3 e 7.3). os potenciais impactos da referida espécie (veja 24
  • 26. 6. Animais exóticos invasores Abaixo estão listadas 69 espécies de animais exóticos invasores ou potencialmente invasores encontrados em 7 estados da Região Nordeste (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), ordenados de acordo com seus respectivos hábitats (água doce, marinho- costeiro e terrestre), suas formas biológicas e seus nomes populares. A lista contém também o risco de invasão (RI) — veja Seção 5 para explicação —, o nome científico, os estados onde foram encontrados registros (Reg.) e o número total de registros considerando todos os 7 estados. 6.1. Lista das espécies de animais Hábitat / Forma biológica / RI* Nome científico AL CE PB PE PI RN SE Reg# Nome popular ÁGUA DOCE 1288 Crustáceos 3 Camarão-gigante-da- Macrobrachium ++ CE SE 2 malásia, pitu rosenbergii Camarão-pintado + Metapenaeus monoceros PB 1 Moluscos 48 Berbigão + Corbicula largillierti CE 1 Berbigão + Corbicula fluminea PB 1 Melanóide +++ Melanoides tuberculatus AL CE PB PE PI RN 26 Physa européia ++ Physella acuta PB 20 Peixes 1235 Apaiari +++ Astronotus ocellatus PB PE RN 180 Bagre-do-canal ++ Ictalurus punctatus CE 2 Beta ++ Betta splendens CE PE 4 Carpa-capim ++ Ctenopharyngodon idella PB 10 Carpa-comum +++ Cyprinus carpio CE PB PE PI RN 222 Guarú ++ Poecilia reticulata PE 1 Matrinchã, piraputanga + Brycon hilarii CE 1 Pescada-branca, corvina, Plagioscion +++ AL PE RN 12 pescada-do-piauí squamosissimus Piranha + Serrasalmus spilopleura RN 1 Piranha-vermelha ++ Pygocentrus nattereri CE PB 11 Tambaqui +++ Colossoma macropomum AL CE PB PE PI RN SE 238 Tamoatá, tamboatá ++ Hoplosternum littorale CE 1 Tilápia ++ Oreochromis macrochir PB 40 Tilápia ++ Oreochromis sp. PB SE 5 Tilápia, tilápia-do-nilo +++ Oreochromis niloticus AL CE PB PE PI RN 244 25
  • 27. Hábitat / Forma biológica / RI* Nome científico AL CE PB PE PI RN SE Reg# Nome popular Oreochromis Tilápia-de-moçambique ++ PB 34 mossambicus Tricogaster + Trichogaster trichopterus PB 1 Tucunaré ++ Cichla monoculus CE PI RN 4 Tucunaré +++ Cichla ocellaris CE PB PE PI RN 224 Répteis 2 Tartaruga-de-orelha- ++ Trachemys scripta PB PI 2 vermelha MARINHO-COSTEIRO 116 Anêmonas 2 Anêmona + Haliplanella lineata PE 1 Anêmona-do-mar + Aiptasia pallida PE 1 Ascídias 1 Ascídia solitária + Styela plicata PE 1 Crustáceos 101 Camarão-branco-do- +++ Litopenaeus vannamei CE PB PE PI RN 62 pacífico, camarão-cinza Camarão-tigre-gigante ++ Penaeus monodon PE 3 Copépode ++ Temora turbinata PE SE 6 Pseudodiaptomus Copépodo ++ CE RN 11 trihamatus Craca + Amphibalanus reticulatus PE 3 Craca + Amphibalanus subalbidus PE 1 Craca + Conchoderma auritum PE 1 Craca + Conchoderma virgatum PE 1 Craca ++ Megabalanus coccopoma PE 1 Craca ++ Striatobalanus amaryllis PE PI 5 Siri, siri-bidu ++ Charybdis hellerii CE PB PE 7 Medusas 7 Medusa ++ Blackfordia virginica PE 7 Moluscos 3 Mexilhão, ++ Perna perna RN 1 mexilhão marrom Sururu-branco ++ Mytilopsis leucophaeta PE 2 Poliquetas 1 Poliqueta ++ Polydora nuchalis PE 1 TERRESTRE 1435 Anfíbios 6 Rã-touro ++ Lithobates catesbeianus AL PE PI RN 6 Aves 433 Bico-de-lacre +++ Estrilda astrild PE PI SE 21 Pardal +++ Passer domesticus CE PB PE RN SE 396 Periquito-de-encontro- + Brotogeris chiriri PE 1 amarelo Pombo-doméstico +++ Columba livia PE PI 14 Tiriba-pérola + Pyrrhura lepida PE 1 Crustáceos 2 26
  • 28. Hábitat / Forma biológica / RI* Nome científico AL CE PB PE PI RN SE Reg# Nome popular Tatuzinho-de-jardim + Agabiformius lentus PE 1 Tatuzinho-de-jardim + Niambia squamata PE 1 Insetos 614 Abelha-africanizada +++ Apis mellifera CE PB PE PI RN 144 Formiga-cabeçuda-urbana ++ Pheidole megacephala PE 1 Mosca, mosca-do-figo ++ Zaprionus indianus PE 4 Mosquito-da-dengue +++ Aedes aegypti PB PI 446 Mosquito-da-dengue +++ Aedes albopictus PE RN 18 Rola-bosta-africano ++ Digitonthophagus gazella PI 1 Mamíferos 364 Cachorro ++ Canis familiaris PE RN 5 Camundongo +++ Mus musculus CE PE RN 172 Gato ++ Felis catus PE 1 Mico-de-cheiro + Saimiri sciureus PE 1 Mico-estrela, sagui-de- ++ Callithrix penicillata PE 1 tufo-preto Mocó ++ Kerodon rupestris PE 1 Rato, ratazana +++ Rattus norvegicus PB PE RN 173 Rato-preto, gabiru +++ Rattus rattus CE PB PE 10 Moluscos 14 Caracol-gigante-africano +++ Achatina fulica AL CE PB PE RN SE 14 Répteis 2 Briba-de-casa, lagartixa + Hemidactylus mabouia PE 1 Teju, teiú ++ Tupinambis merianae PE 1 * RI = risco de invasão: + (baixo risco), ++ (médio risco), +++ (alto risco). O detalhamento destas categorias encontra-se na Lista de Espécies Invasoras, Seção 5. #Reg = número de registros da espécie nos 7 estados 27
  • 29. 6.2. Caracterização das espécies de animais ÁGUA DOCE Crustáceos Macrobrachium rosenbergii Camarão-gigante-da-malásia A Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico, na Índia e Malásia. Impactos: Como esse camarão é afetado pelo vírus da mancha branca, o escape de indivíduos contaminados para o ambiente natural representa séria ameaça às espécies nativas. Pode causar desequilíbrio nas populações de camarões nativos e Syrist reduzir a biodiversidade, visto ser um carnívoro voraz. A Observações: Introduzido em várias partes do mundo para cultivo. No Brasil, sua criação proliferou a partir da década de 1980. Referências: Instituto Hórus (2009), Tavares e Mendonça Jr. Martins et al. (2006) (2004). Metapenaeus monoceros Camarão-pintado B Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico. Impactos: Há risco de tornar-se competidor de espécies nativas de peneídeos no Brasil. Observações: Onívoro. Provavelmente introduzido via água de lastro de navios. Já foi introduzido em vários países do Shawn Liston, AF, Bugwood.org Mediterrâneo. Referências: Instituto Hórus (2009), Tavares e Mendonça Jr. (2004). Moluscos Corbicula largillierti Berbigão B C Distribuição natural: China, Rios Yangtsé e Kiang. Impactos: Espécies exóticas do gênero Corbicula têm aumentado rapidamente suas densidades populacionais onde têm sido introduzidas, podendo causar impactos negativos aos moluscos nativos por competição. Observações: Adensa-se mais nas margens dos açudes. Com a chegada de Corbicula fluminea, geralmente a espécie desaparece, pois é competitivamente inferior. É facilmente confundida com Corbicula fluminea. Referências: Instituto Hórus (2009), Mansur et al. (2004). Corbicula fluminea Berbigão C Distribuição natural: Sudeste Asiático. Impactos: Causou diminuição drástica no número de moluscos nativos após sua introdução nos rios Paraná e Paranapanema, no Sul-Sudeste do Brasil. Quando introduzido, rapidamente ultrapassa a densidade populacional dos Corbiculidae nativos e demais espécies de bivalves nativos. Já causou grandes perdas econômicas devido à sua incrustação e consequente entupimento de tubulações de água em usinas hidrelétricas. Observações: Introduzido no Brasil provavelmente via água de lastro de navios. Primeiramente registrado no Rio Grande do Sul, na década de 1970. Espécie estabelecida na Europa, Austrália, África e nas Américas do Norte e do Sul. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Mansur et al. (2004). 28
  • 30. Melanoides tuberculatus Melanóide, caramujo-da-malásia D Distribuição natural: Nordeste africano e sudeste asiático. Impactos: Altera as comunidades bentônicas nos ambientes que coloniza. É hospedeiro intermediário de trematódeos parasitas de aves e mamíferos, o que pode causar-lhe a morte. Observações: Introduzido em vários lugares do Brasil para controle biológico de caramujos hospedeiros intermediários do Schistosoma mansoni, agente causador da esquistossomose. Espécie reconhecida como invasora em diversos estados do Brasil, invasora no Golfo do México e no Caribe. Referências: Instituto Hórus (2009), Fernandez et al. (2003), Reaser et al. (2005), Rocha-Miranda e Martins- Silva (2006). Physella acuta Physa européia Distribuição natural: Europa, Mediterrâneo e África Observações Provavelmente introduzida via aquaricultura, misturada ao substrato de plantas de aquário. Invasora nos Estados Unidos (Havaí) e em Porto Rico. Referências: Instituto Hórus (2009). Peixes Dennis L Astronotus ocellatus Apaiari E D Distribuição natural: Bacia do Rio Amazonas no Peru, na Colômbia e no Brasil. Impactos: Predação de espécies nativas, incluindo invertebrados aquáticos e peixes, provocando redução da biodiversidade nativa. Observações: Introduzido voluntariamente em diversos lagos e açudes do Nordeste na aquicultura. Espécie invasora na André Karwath Austrália, em Porto Rico e nos Estados Unidos (Havaí). Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002). E Ictalurus punctatus Bagre-do-canal F Distribuição natural: Estados Unidos. Impactos: Comumente, torna-se numericamente dominante onde é introduzido. Afeta negativamente a comunidade nativa de peixes. Observações: Sua produção tem aumentado no Brasil. Sua Animal Diversity Web introdução para utilização na aquicultura na Nova Zelândia não foi permitida em função de ser uma espécie com alto risco de invasão. Referências: Instituto Hórus (2009), Townsend e Winterbourn (1992), Vitule et al. (2009). F Betta splendens Beta G Distribuição natural: Àsia, na bacia do rio Mekong. Impactos: Espécie agressiva. Pode competir fortemente com outras espécies nativas de peixes e causar exclusão por competição. Observações: Introdução voluntária para utilização na aquicultura. Vendido como peixe ornamental para criação em aquários. Espécie invasora na Venezuela e na Colômbia. Wikimedia Referências: Instituto Hórus (2009), Ojasti (2001). G 29
  • 31. Ctenopharyngodon idellus Carpa-capim H Distribuição natural: Ásia (China e Sibéria oriental). Eric Engbretson, US -FWS, Bugwood.org Impactos: Competição com espécies nativas, destruição da vegetação aquática dos rios e lagos. Porta para disseminação de patógenos e parasitas. Observações: Segunda espécie de peixe mundialmente mais produzida na aquicultura de água doce. Nos países onde foi introduzida, estabeleceu-se em 42% e causou efeitos ecológicos adversos em 3,3%. Invasora na África do Sul. Referências: Instituto Hórus (2009), Casal (2006). Cyprinus carpio H Carpa-comum I Distribuição natural: Ásia Central até o Mar Negro e o rio Danúbio na Europa Impactos: Tem o hábito de revolver os sedimentos no fundo de rios e lagos durante a sua alimentação, causando turbidez excessiva da água, o que é prejudicial ao bom funcionamento do ecossistema aquático. Preda larvas e ovos de outros peixes. James Dowling-Healey, ADW A presença de carpas pode resultar na diminuição da diversidade da fauna nativa por competição e predação. Observações: Introdução voluntária para utilização na aquicultura. Já foi introduzida em pelo menos 121 países. Juntamente com a introdução das carpas, foi introduzido acidentalmente o parasita Lernaea cyprinacea (Copepoda), causador da lerniose, motivo de grandes prejuízos à I piscicultura. É o peixe invasor de água doce que apresenta maior frequência de impactos ecológicos adversos em escala global. Invasora na Guatemala e no México. Referências: Instituto Hórus (2009), Casal (2006). Poecilia reticulata Guarú J Distribuição natural: Venezuela, Barbados, Trindade, norte do Brasil e Guianas. Impactos: Considerada espécie agressiva em relação à Marrabbio2 ictiofauna nativa nos locais invadidos dos Estados Unidos. Tem causado declínio de espécies nativas nos estados de Nevada, Wyoming e Havaí devido à sua alimentação, que tem como J base os ovos de espécies de peixes nativos. Observações: Utilizada como uma espécie ornamental devido à sua cauda colorida. Possui alta resistência a variações ambientais. Acredita-se que essa espécie ocorra em diversos rios nos Brejos de Altitude de Pernambuco e da Paraíba. Invasora na África. Referências: Instituto Hórus (2009), Rosa e Groth (2004). Brycon hilarii Sérgio Veludo Matrinchã, piraputanga K Distribuição natural: Rio Paraguai, baixo Rio Paraná (abaixo do Reservatório de Itaipu) e no alto rio Amazonas. Impactos: Não há informação. Pode afetar espécies nativas K por competir por espaço e alimento. Observações: Peixe migrador, apreciado pela qualidade da carne e pela pesca esportiva, além de ser um dos grandes atrativos turísticos de Bonito, no Mato Grosso do Sul, de onde é nativo. Referências: Instituto Hórus (2009), Sanches e Galetti (2007). Plagioscion squamosissimus Pescada-branca Corvina Distribuição natural: Venezuela ao Peru e Brasil 30
  • 32. Impactos: Alimenta-se principalmente de camarões e peixes. Observações: Introdução voluntária para utilização na aquicultura. Espécie encontrada em diversos lagos, açudes e rios do Nordeste. Foi introduzida na Bacia do Rio Paraná, havendo trechos nos quais é uma das espécies de peixe com maior abundância. Referências: Instituto Hórus (2009), Bennemann et al. (2006). Serrasalmus spilopleura Piranha Distribuição natural: América do Sul: bacia do rio Guaporé até a Argentina. Observações: Na Lagoa de Extremoz, no Estado do Rio Grande do Norte, alimenta-se principalmente de insetos.Referências: Instituto Hórus (2009), Raposo e Gurgel (2003), Agostinho (2003). Pygocentrus nattereri Piranha-vermelha L Distribuição natural: Bacias do Amazonas, do Paraguai e do Paraná; e rios da costa no nordeste do Brasil Impactos: Comprovada redução de espécies de peixes em lagos de Minas Gerais após sua introdução, chegando essa redução a até 50%. Observações: Na Bacia do Rio Doce, onde foi introduzida e causa perda de biodiversidade, é evitada pelos pescadores. Invasora nos Estados Unidos e no México. Referências: Instituto Hórus (2009), Reaser et al. (2005), Alves et al. (2007). Colossoma macropomum Tambaqui M Distribuição natural: América do Sul, nas bacias do Amazonas e Orinoco. Impactos: Predação e competição com espécies nativas de diversos grupos, provocando redução da biodiversidade. Observações: Introduzido voluntariamente em diversos lagos e açudes do Nordeste para utilização na aquicultura. Espécie invasora na França e nos Estados Unidos. Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002), Rosa e Groth (2004). Hoplosternum littorale Tanya Dewey, Animal Diversity Web Tamboatá, tamoatá N Distribuição natural: América do sul Andina Impactos: Pode reduzir a biodiversidade nativa através da competição por recursos. Na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, o estabelecimento do tamboatá tem sido relacionado à redução do número de espécies de peixes. Observações: É comumente utilizado como isca para a pesca. Referências: Instituto Hórus (2009), Latini et al. (2004). L Oreochromis macrochir Tilápia Distribuição natural: Sul da África Impactos: Predação de peixes e zooplânctons. Competição com espécies nativas. Observações: Introduzida voluntariamente para a aquicultura. Referências: Instituto Hórus (2009). Oreochromis sp. Tino Strauss Tilápia Distribuição natural: África Impactos: Similares aos das espécies Oreochromis niloticus e O. M mossambicus. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005) FFWCCA, Bugwood.org Oreochromis niloticus Tilápia, tilápia-do-Nilo Distribuição natural: Rios litorâneos de Israel; rio Nilo; bacia do lago Chad e rios Niger, Benue, Volta, Gambia e Senegal. Impactos: Espécie onívora que se reproduz precocemente. Essas características resultam na predação de diversas espécies N aquáticas nativas e no seu rápido aumento populacional, com consequente competição por alimento e espaço. 31
  • 33. Observações: Introduzida voluntariamente em diversos lagos e açudes do Nordeste. Invasora na Bélgica, em Burundi, em Camarões, na China, na Costa do Marfim, na Indonésia, em Madagascar, na Austrália, nos Estados Unidos e na Nicarágua. Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002), GISP (2005). Oreochromis mossambicus www.infoagro.go.cr Tilápia-de-Moçambique O Distribuição natural: Centro-Leste da África Impactos: Similares aos da espécie Oreochromis niloticus. Observações: Invasora em Java, na Indonésia, em Singapura, no O Japão, nos Estados Unidos e na Malásia. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005). GM Stolz, US FWS, Bugwood.org Trichogaster trichopterus Tricogaster Distribuição natural: Malásia, Vietnã e Tailândia Observações: Introduzido através do comércio de peixes para aquário. É um peixe vigoroso, com vida longa e alta taxa reprodutiva.Referências: Instituto Hórus (2009). P Cichla monoculus Tucunaré Distribuição natural: Bacia Amazônica Impactos: Peixe carnívoro. Ocupa o espaço de outros peixes e preda espécies nativas, incluindo invertebrados aquáticos e peixes. Tem sido responsabilizado pela extinção de peixes em Lagoa Santa, Minas Gerais. Observações: Introduzido voluntariamente em diversos açudes e lagos do Brasil. Referências: Instituto Hórus (2009), Pompeu e Alves (2003). Cichla ocellaris Tucunaré Distribuição natural: Bacia Amazônica e Araguaia - Tocantins Impactos: Peixe carnívoro. Ocupa o espaço de outros peixes e preda espécies nativas, incluindo invertebrados aquáticos e peixes. No Panamá, provocou uma redução de 99% nas populações de peixes no Lago Gatún, Canal do Panamá, além de inúmeras extinções. Observações: Introduzido voluntariamente em diversos lagos e açudes do Nordeste. Reproduz-se tanto em águas paradas quanto em águas correntes. Espécie invasora no Panamá. Referências: Instituto Hórus (2009), DNOCS (2002), Rosa e Groth (2004), Zaret e Paine (1973). Réptil Trachemys scripta Tartaruga-de-orelha-vermelha P Distribuição natural: Vale do rio Mississipi, nos Estados Unidos Impactos: Ocupação de nichos de outras espécies de tartarugas, competição por alimento e espaço de assoalhamento, predação de espécies nativas. Observações: Introduzida em várias partes do mundo através do comércio de animais para aquário e para estimação. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005) MARINHO-COSTEIRO Anêmonas Haliplanella lineata Anêmona Distribuição natural: Oceano Pacífico Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005. 32
  • 34. Referências: Farrapeira et al. (2007). Aiptasia pallida Anêmona-do-mar Distribuição natural: Oceano Atlântico (sul dos EUA e Caribe). Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005. Referências: Farrapeira et al (2007). Ascídia Styela plicata Ascídia solitária Distribuição natural: Costa leste Estados Unidos. Impactos: Impactos ainda não estudados, mas pode competir com outros organismos por espaço e alimento. Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no Porto do Recife no ano de 2005. Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007). Crustáceos Litopenaeus vannamei Camarão-branco-do-pacífico, camarão-cinza Q Distribuição natural: Costa oriental do Oceano Pacífico, desde a costa da Califórnia, nos Estados Unidos, até a costa de Tumbes, no Peru. Impacto: Possível transmissor da Síndrome da Necrose Idiopática Muscular (NIM), que representa sério risco para crustáceos nativos, e potencial portador do vírus da mancha branca. Observações: O sistema de seu cultivo em viveiros tem deteriorado regiões estuarinas e manguezais. Caranguejos do manguezal que recebem as águas dos tanques podem ser contaminados com metais pesados, contaminando também os pescadores e o público que se alimenta deles. Atualmente, o camarão-branco-do- pacífico constitui o essencial da produção brasileira de camarões marinhos cultivados. Também é comercializado como isca viva. Referências: Instituto Hórus (2009), Santos e Coelho (2002), Tavares e Mendonça Jr. (2004). Penaeus monodon Camarão-tigre-gigante Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico Observações: Foi utilizado em cultivos na década de 1970, porém substituído pela espécie Litopenaeus vannamei no início dos anos 1980. Está reproduzindo-se e completando todo o seu ciclo biológico em ambiente natural em Pernambuco. Espécie invasora no Mediterrâneo, no Atlântico ocidental, no Vietnã, na Austrália, na Tailândia, no Sri Lanka, nas Filipinas, em Moçambique, em Bangladesh, em Taiwan, na Malásia e no Brasil. Referências: Instituto Hórus (2009), Coelho et al. (2001), Santos e Coelho (2002). Temora turbinata Copépode Distribuição natural: Indeterminado Impactos: Causa diminuição da população da espécie nativa Temora stylifera. Observações: O primeiro registro no Brasil foi no estuário do Rio Vaza-Barris, em Sergipe, na década de 1990. Pode ter chegado ao Brasil via água de lastro. Atualmente, domina várias áreas costeiras e estuarinas do Brasil. Referências: Instituto Hórus (2009), Cavalcanti et al (2008), Silva et al (2004) Q Pseudodiaptomus trihamatus Copépodo Distribuição natural: Indo-Pacífico Impactos: Desloca espécies nativas. Transmissor de ectoparasitas (protozoários e isópodes) a espécies USDA ARS PU, Bugwood.org nativas. Observações: Acredita-se que a espécie foi introduzida acidentalmente junto com um lote do camarão Penaeus monodon trazido das Filipinas, no final da década de 1970. Constatada pela primeira vez no Brasil em um viveiro de camarão no Rio Grande do Norte. Por ocasião da despesca, o copépode foi liberado para as águas costeiras. 33
  • 35. Referências: Instituto Hórus (2009). Amphibalanus reticulatus Craca Distribuição natural: : Desconhecida. Impactos: Forma incrustações em substratos artificiais, como cascos de navios, plataformas de petróleo e outros, podendo aumentar os custos de manutenção das estruturas. Observações: No Brasil, foi primeiramente encontrada em Pernambuco no ano 1990, seguido da Bahia em 1993. Em 2005, foi encontrada em cascos de navios atracados no Porto do Recife. Encontrada também ao redor do mundo nas latitudes tropicais. Referências: Farrapeira et al. (2007), Neves e Rocha (2008). Amphibalanus subalbidus Craca Distribuição natural: Estados unidos. Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005. Referências: Celis et al. (2007), Farrapeira et al. (2007). Conchoderma auritum Craca Distribuição natural: Desconhecida Observações: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005. Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007). Conchoderma virgatum Craca Distribuição natural: Cosmopolita. Observações: O primeiro registro da espécie no Brasil ocorreu em 2005, no litoral de Pernambuco, quando foi encontrada em cascos de navios atracados no Porto do Recife. É uma das espécies dominantes nos cascos dos navios. Referências: Farrapeira et al. (2007), Foster e Willan (1979). Megabalanus coccopoma Craca Distribuição natural: Costa Pacífica das Américas (da Califórnia até o Peru). Impactos: Ocupa a mesma faixa que a ocupada pela espécie M. tintinnabulum nos costões rochosos, mas não foi observada exclusão competitiva. Provavelmente, há competição com outros organismos por espaço. Incrustam- se em cascos de navios, plataformas de petróleo, tubulações de usina, entre outros substratos consolidados disponíveis no ambiente marinho. Esses substratos podem ficar totalmente cobertos por cracas, causando a corrosão acelerada dos metais, o aumento no custo de manutenção de embarcações e equipamentos, o aumento do arrasto de embarcações e, consequentemente, mais gastos com combustíveis. Observações: O primeiro registro no litoral brasileiro foi na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, na década de 1970, embora seja sugerido que a colonização da M. coccopoma no litoral do Brasil tenha se dado na década de 1940. A rota de dispersão pode ter sido a água de lastro contendo larvas da espécie. Referências: Instituto Hórus (2009). Striatobalanus amaryllis Craca Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico Ocidental Impactos: Compete com outros organismos por espaço. Incrusta-se em cascos de navios, plataformas de petróleo, entre outros substratos consolidados disponíveis no ambiente marinho, podendo deixá-los totalmente cobertos, causando a corrosão dos metais e o aumento no custo de manutenção. Observações: Estabelecida em Pernambuco. Espécie introduzida no Brasil provavelmente via incrustação e/ou água de lastro. Está no litoral pernambucano desde a década de 1990. Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007), Farrapeira (2008), Neves et al. (2005). Charybdis hellerii Siri, siri-bidu Distribuição natural: Oceano Indo-Pacífico Impactos: Estima-se que, na Baía de Todos os Santos, Estado da Bahia, a espécie C. hellerii já seja mais abundante do que a nativa Callinectes larvatus. Compete com espécies nativas por hábitat e alimento. Observações: Introduzida, provavelmente, através da água de lastro de navios. Invasora nos Estados Unidos, em Cuba, na Colômbia, na Venezuela, no México e no Brasil. 34
  • 36. Referências: Instituto Hórus (2009), Coelho e Santos (2003). Medusa Blackfordia virginica Medusa Distribuição natural: Europa, no mar Negro e no mar Cáspio Observações: Medusa muito comum em estuários de várias partes do mundo. Está estabelecida no Brasil há, pelo menos, 40 anos. Encontrada em diversas localidades de Pernambuco, como no estuário da Ilha de Itamaracá, nas bacias dos rios Capibaribe e Pina. Referências: Freire et al. (2008), Freire e Pérez (2007), Genzano et al. (2006), Paranaguá (1963). Moluscos Corbicula fluminea Berbigão Distribuição natural: Sudeste Asiático Impactos: A espécie causou diminuição drástica no número de moluscos nativos após sua introdução nos rios Paraná e Paranapanema. Quando introduzida, rapidamente ultrapassa a densidade populacional dos Corbiculidae nativos e demais espécies de bivalves nativos. Já causou grandes perdas econômicas devido à incrustação e o consequente entupimento de tubulações de água em usinas hidrelétricas. Observações: Introduzida no Brasil provavelmente via água de lastro. Primeiramente registrada no Rio Grande do Sul, na década de 1970. Estabelecida na Europa, na Austrália, na África e nas Américas do Norte e do Sul. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Mansur et al. (2004). Perna perna Mexilhão, mexilhão marrom Distribuição natural: Atlântico Oriental, costa oeste da África Impactos: Pode ter causado alterações na estrutura de comunidades nativas brasileiras de costões rochosos no passado. Incrusta em substratos consolidados naturais (costões rochosos) e artificiais. Cascos de navios e plataformas de petróleo podem ficar completamente cobertos por indivíduos dessa espécie, o que causa a corrosão dos metais e o aumento no custo de manutenção. Observações: Possivelmente, foi introduzida de forma acidental na costa brasileira, entre os séculos XVIII e XIX, pelos navios negreiros, que poderiam apresentar cascos incrustados com indivíduos da espécie. É um dos maiores mexilhões, podendo atingir 170 milímetros de comprimento. Muito utilizado na alimentação humana. Introduzido também no Caribe, no Golfo do México, na Venezuela e no Mar Mediterrâneo. Referências: Instituto Hórus (2009), Souza et al. (2004). Mytilopsis leucophaeta Sururu-branco Distribuição natural: América do Norte Impactos: Pode causar alterações na estrutura das comunidades nativas de costões rochosos do litoral brasileiro. Observações: Foi introduzido no Brasil provavelmente via água de lastro, sendo encontrado pela primeira vez em julho de 2004, na região estuarina adjacente ao Porto do Recife, em Pernambuco, incluindo desde a área portuária até os rios Tejipió e Capibaribe. Espécie estabelecida em Pernambuco. Referências: Instituto Hórus (2009), Farrapeira et al. (2007), Souza et al. (2005). Poliqueta Polydora nuchalis Poliqueta Distribuição natural: Atlântico Ocidental e Caribe. Observações: Introdução acidental, para utilização na aquicultura, em Salvador, na Bahia, no ano de 1995. Sua introdução esteve, provavelmente, associada ao cultivo de ostras. Não há estudos que descrevam a situação da espécie no Brasil. Invasora nos Estados Unidos. Referências: Instituto Hórus (2009). 35
  • 37. TERRESTRE Anfíbio Lithobates catesbeianus Rã-touro Distribuição natural: Porções central e leste dos Estados Unidos e sul do Canadá. Impactos: Compete com anfíbios nativos. As larvas podem ter impacto significativo em algas bentônicas, perturbando a estrutura da comunidade aquática. Adultos são responsáveis por níveis significativos de predação de anfíbios nativos e de espécies de cobras e tartarugas. Transmissora de quitridiomicose, doença provocada por um fungo também invasor que já levou à perda de mais de 70 espécies de anfíbios na América do Sul e América Central em situações de epidemias provocadas pelo aquecimento global. Observações: Introduzida no Brasil no ano de 1935. Seu cultivo despertou grande interesse econômico graças à facilidade de criação, precocidade de crescimento, resistência a enfermidades e ao interesse pela sua carne. Devido a escapes dos criadouros, são facilmente encontradas em cursos de água que drenam a área dos criadouros, que, em grande parte, são ilegais. Invasora nos Estados Unidos, no Canadá, no México, no Caribe, na Guatemala, na Europa, nas Filipinas, na Ásia e em diversos países da América do Sul. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), La Marca e Lips (2005), Pounds et al (2006). Aves Estrilda astrild Bico-de-lacre Distribuição natural: Sul da África Impactos: No Parque Nacional de Brasília, observou-se que o bico-de-lacre ingere as sementes e facilita a dispersão de capim-gordura (Melinis minutiflora), espécie exótica invasora nos Cerrados. Observações: Geralmente vista em bandos que podem conter mil indivíduos. É considerada uma das espécies de aves mais numerosas no planeta. Invasora em Portugal, na Espanha e nos Estados Unidos (Havaí). Referências: Instituto Hórus (2009). Passer domesticus Pardal R Distribuição natural: Eurásia e norte da África Impactos: Desloca espécies nativas em função de competição JJ.Mosesso, NBII, Bugwood.org por recursos do ambiente. Tem comportamento agressivo e desloca outras aves que tentam nidificar em seu território. Observações: Introduzido intencionalmente nas Américas. Encontrado em maior abundância em áreas urbanas, suburbanas e agrícolas. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009). Q Brotogeris chiriri R Periquito-de-encontro-amarelo Referências: Farias et al. (2008). Columba livia Pombo-doméstico S Distribuição natural: Europa, norte da África e sudoeste da Ásia Lee Karney, US FWS, Bugwood.org Impactos: Compete com espécies nativas por alimento. Pode gerar híbridos com espécies nativas do gênero Columba, R inclusive com a espécie Columba picazuro. Pode ser vetor de zoonoses, sendo também um problema de saúde pública. Transmissor de ornitose; encefalite; doença de Newcastle, virose corrente em galinheiros; criptococose; toxoplasmose; intoxicação por salmonela; e diversas outras doenças. Observações: Introdução voluntária. Espécie com preferência S por áreas próximas a habitações humanas. Invasora em mais de 90 países. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009). 36
  • 38. Pyrrhura lepida Tiriba-pérola T Distribuição natural: Pará e Maranhão Observações: Há uma população com 12 indivíduos estabelecida no Parque Estadual de Dois Irmãos, no Recife, Pernambuco. É uma espécie oficialmente ameaçada de extinção. Referências: Pereira et al. (2008), Farias et al. (2008). Crustáceos Ciro Albano, Pereira et al. (2008) Agabiformius lentus Tatuzinho-de-jardim Distribuição natural: Mediterrâneo Observações: Ocorrência em Fernando de Noronha. Referências: Instituto Hórus (2009), Leistikow e Wägele (1999), Lemos de Castro (1971), Souza-Kury (1998). T Niambia squamata Tatuzinho-de-jardim Distribuição natural: África do Sul Observações: Ocorre em Fernando de Noronha. David Cappaert, Michigan State University, Bugwood.org Referências: Araújo e Taiti (2007), Instituto Hórus (2009), Souza-Kury (1998). Insetos Apis mellifera Abelha-africanizada U Distribuição natural: África, Europa e Ásia Impactos: Compete com abelhas nativas por pólen e néctar, levando vantagem sobre estas em função do maior tamanho do corpo e maior raio de voo. Também causa impacto a espécies de aves, pois invade ninhos localizados em ocos de árvores. Pode comprometer a reprodução de espécies nativas e de espécies U com importância comercial, como o maracujá, devido à competição com espécies nativas de abelhas que polinizam essas plantas. Observações: Presente em praticamente todo o continente americano. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009), Reaser et al. (2005). April Nobile, AntWeb Pheidole megacephala Formiga-cabeçuda-urbana V Distribuição natural: África Impactos: Desloca invertebrados nativos da comunidade invadida V por agressão direta. Em locais onde essa formiga é abundante, ocorre a redução da população de vertebrados. Afeta as plantas diretamente, através da coleta de semente, ou indiretamente, criando um hábitat favorável a insetos fitófagos, que reduzem a produtividade da planta. Observações: Estabelecida em Pernambuco. É considerada uma praga doméstica, causando danos a cabos elétricos, telefônicos e de irrigação. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005). Zaprionus indianus Mosca, mosca-do-figo W Distribuição natural: África e Índia 37
  • 39. Impactos: Espécie generalista, o que a torna capaz de colonizar com sucesso substratos utilizados por espécies nativas. É considerada a praga do figo (Ficus carica), causando danos e reduzindo a produção em até 40% e a exportação em 80%. Observações: Estabelecida em Pernambuco. Desde sua primeira descrição no Brasil, em Santa Isabel, São Paulo, em março de 1999, essa espécie tem se espalhado rapidamente pelo País. Referências: Instituto Hórus (2009), Lima Filho et al. (2008). Aedes aegypti Mosquito-da-dengue Distribuição natural: África Impactos: Principal vetor de transmissão do vírus causador da dengue e da febre amarela nos humanos. Observações: Largamente disseminado em ambientes urbanos, tendo sua reprodução facilitada em locais com água parada. Ampla dispersão pelo mundo. Referências: Instituto Hórus (2009). Aedes albopictus Mosquito-da-dengue X Distribuição natural: Sudeste da Ásia, ilhas dos oceanos Índico e Pacífico, China, Japão e oeste de Madagascar Impactos: Mosquito transmissor de doenças. Ataca, além dos humanos, anfíbios, répteis e aves. Tem um papel importante na transmissão de algumas arboviroses (como a febre amarela). É Gary J. Steck um potencial vetor da dengue Observações: Acredita-se que tenha sido introduzido de forma acidental por meio do comércio marítimo de minério de ferro W entre o Brasil e o Japão na década de 1980. A espécie é considerada uma das 100 piores invasoras do mundo. Invasora nos Estados Unidos, no Caribe e em diversos países da América do Sul e da Europa. Referências: Albuquerque et al. (2000), Ayres et al. (2002), GISD (2009), Lowe et al.(2000). Digitonthophagus gazella Rola-bosta-africano Distribuição natural: Regiões tropicais da África, península da Arábia, Índia e Sri Lanka Impactos: Pode causar danos às populações de besouros nativos Susan Ellis, Bugwood.org e à biodiversidade. Observações: Introduzido no Brasil para fins de controle biológico de moscas. Foi introduzido também no Havaí, em 1958, na Austrália, em 1968, no Chile e nos Estados Unidos. Referências: Instituto Hórus (2009), Matavelli e Louzada (2008). X Mamíferos Canis familiaris Cachorro Distribuição natural: Considerada cosmopolita, mas seu ancestral direto, Canis lupus, é originário do Hemisfério Norte. Impactos: Causa grande impacto na fauna nativa, sendo predador de mamíferos terrestres, tais como gambás, lobos-guará e tamanduás-mirins. Podem também transmitir doenças à fauna nativa. Predam desovas frescas de Chelonia mydas, a tartaruga-verde, no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Referências: Instituto Hórus (2009), GISD (2009) 38
  • 40. Mus musculus Camundongo Z Y Distribuição natural: Região do Mediterrâneo até a China Impactos: Transmissora de doenças a populações humanas. Considerada espécie-problema na agricultura, causando danos a culturas agrícolas e em estoques de alimentos. Tem causado a extinção de espécies nativas em ecossistemas invadidos, principalmente pela predação de ninhos de aves em ilhas oceânicas. Observações: Considerada uma das 100 piores espécies invasoras Phil Myers, Museum of Zoology, University of Michigan do mundo. A distribuição do Mus musculus é mais extensa que a de qualquer outro mamífero. Considerada uma espécie sinantrópica nociva pela legislação brasileira (Instrução Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006) e, observados os detalhes da legislação vigente, passível de controle sem autorização do Ibama. Referências: Instituto Hórus (2009), GISD (2009), IBAMA (2006), Lowe et al.(2000). Felis catus Gato Aa Impactos: Grande predador da fauna nativa e vetor de doenças como toxoplasmose e sarcosporidiose, que podem ser transmitidas ao homem. Gatos ferais são considerados Z responsáveis pela extinção de pelo menos 8 espécies de aves em ilhas. Observações: Considerada uma das 100 piores espécies invasoras do mundo. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), GISD (2009), Lowe et al.(2000). Forest Starr and Kim Starr Saimiri sciureus Mico-de-cheiro Ab Distribuição natural: Floresta Amazônica Observações: Introduzido voluntariamente na Reserva Biológica de Saltinho (Tamandaré) há cerca de 25 anos por servidores do antigo Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal (IBDF). Aa Referências: Barboza et al. (2004), Instituto Hórus (2008), Falcão (2006) Callithrix penicillata Mico-estrela, sagui-de-tufo-preto Distribuição natural: Espécie nativa do Cerrado em São Paulo, em Minas Gerais, no Tocantins, no Piauí, na Bahia, em Mato Grosso do Sul, em Goiás e no Distrito Federal. Impactos: Compete com a fauna nativa, causando desequilíbrio na David Blank comunidade local. Pode hibridizar com outras espécies do gênero. Observações: Espécie introduzida acidentalmente no município de Floresta, em Pernambuco, tendo produzido híbridos com a Ab espécie Callithrix jacchus. Referências: Instituto Hórus (2009), Monteiro da Cruz et al (2002). Kerodon rupestris Mocó Ac Distribuição natural: Nordeste brasileiro, na região do semi- árido Impactos: Alimenta-se de frutos, podendo dispersar sementes e modificar a vegetação. Alimenta-se também de raízes de árvores, Diele Lôbo podendo levá-las à queda, expondo o solo e provocando processos erosivos. Ac Observações: Foi introduzido em Fernando de Noronha, em meados de 1960, pelos militares, para servir de caça aos soldados. É nativo na região do semiárido do Nordeste. 39
  • 41. Referências: Instituto Horus (2009), Moura-Britto e Patrocínio (2005), Sazima e Haemig (2006). Rattus norvegicus Rato, ratazana Ad Distribuição natural: Nordeste da China Impactos: Transmissão de doenças a humanos e ataques a ninhos de aves. É agressivo com outras espécies e desloca ratos nativos. Wikimedia Causa sérios danos a plantações e propriedades rurais. Principal responsável pela transmissão da leptospirose. Ad Observações: Segundo a Instrução Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006, é considerada uma espécie sinantrópica nociva e, observados os detalhes da legislação vigente, passível de controle sem a autorização do Ibama. Encontrada em praticamente todos os locais onde há ocupação humana. Referências: Instituto Hórus (2009), GISD (2009), IBAMA (2006), Pimentel et al. (2000). David G. Robinson, USDA APHIS PPQ, Bugwood.org Rattus rattus Rato-de-casa, rato-preto, gabiru Distribuição natural: Índia Impactos: Onívoro, capaz de alimentar-se de uma grande variedade de plantas e animais nativos. Preda ovos e aves jovens. Frequentemente desloca espécies de ratos nativos, ocupando o seu nicho. Provavelmente foi causador da extinção de um grande rato (Noronhomys vespuccii) endêmico do Arquipélago de Fernando de Noronha. Observações: Considerada uma das 100 piores espécies invasoras do mundo. Adapta-se a praticamente qualquer tipo de ambiente. Tem causado, direta ou indiretamente, a extinção de várias espécies ao redor do planeta. Considerada uma espécie Ae sinantrópica nociva pela legislação brasileira (Instrução Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006). Referências: Amori e Clout (2003), Brandão-Filho (2003), GISD (2009), IBAMA (2006), Moura-Britto e Patrocínio (2005), Pimentel et al. (2000). Postdlf, Wikimedia Molusco Achatina fulica Af Caracol-gigante-africano Ae Distribuição natural: África, da África do Sul a Moçambique no sul e do Quênia à Somália ao norte. Impactos: Predador de plantas e competidor por espaço com outras espécies, em função do aumento populacional acelerado. A espécie ataca praticamente qualquer lavoura, causando prejuízos econômicos. Também compete com espécies nativas em ambientes florestais. É vetor de 2vermes que transmitem doenças: Angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilíase abdominal; e Angiostrongylus cantonensis, causador da angiostrongilíase meningoencefálica humana. Observações: Introduzido no País na década de 1980 para criação alternativa ao escargot. O fracasso das tentativas de comercialização levou os criadores a soltar os caracóis no ambiente. Reproduz-se rapidamente e em grande quantidade. Dispersou-se amplamente, podendo ser encontrado em praticamente todo o Brasil. Invasora nos Estados Unidos, na China, na Martinica, na França, nas Ilhas Maldivas, nas Filipinas e na Austrália. Considerada uma das 100 piores espécies invasoras do mundo. Referências: Instituto Hórus (2009), Fischer et al. (2006), GISD (2009), Lowe et al.(2000). Répteis Hemidactylus mabouia Briba-de-casa, lagartixa Af Distribuição natural: África Observações: Foi introduzida acidentalmente no Novo Mundo, tornando-se uma colonizadora de sucesso, amplamente representada no sul da América do Norte, na América Central e na América do Sul. Espécie comum em toda a Região Nordeste do Brasil, porém sempre encontrada em construções ou estruturas de origem humana. É noturna e alimenta-se de insetos. 40
  • 42. Referências: Anjos e Rocha (2008), Instituto Hórus (2009), Freitas e Silva (2005), Rocha e Anjos (2007), Sazima e Haemig (2006). Tupinambis merianae Teju, teiú Ag Distribuição natural: Brasil, Argentina e Uruguai. Ocorre em quase todas as regiões do Brasil continental, menos na Floresta Amazônica. Impactos: Em Fernando de Noronha, o teiú afeta negativamente populações de aves no arquipélago, pois se alimenta de ovos e filhotes de aves. O Projeto Tamar registra a predação de ovos de tartarugas nas épocas de desova. Essa espécie dispersa sementes de frutos cultivados, como o cajá e o caju. Alimenta-se de material vegetal, larvas de insetos, roedores, grilos, gastrópodes, aves marinhas e da lagartixa-mabuia (Mabuya maculata), endêmica de Fernando de Noronha. Observações: Introdução voluntária de 2casais para controle biológico de roedores em Fernando de Noronha, na década de 1950. O teiú estabeleceu-se na ilha, aumentando sua população e tornando-se invasor. Estimativas populacionais chegaram a apontar uma população entre 2 mil e 8 mil indivíduos na ilha principal, numa área de 17 km². Estima-se ainda que o potencial de nascimentos por ano seja de 18 mil filhotes, cujo estabelecimento é reduzido pelo hábito de canibalismo da espécie, que se alimenta de seus próprios ovos e neonatos. É espécie exótica invasora apenas em Fernando de Noronha e nativa no continente. Encontra-se amplamente dispersa em toda a ilha principal do arquipélago, com alta densidade. Referências: Instituto Hórus (2009), Freitas e Silva (2005), GISP (2005). GISP 2005 Ag 41
  • 43. 6.3. Maiores ameaças de espécies de animais introduzidas 42 espécies de peixes e crustáceos Tilápia-do-nilo – Oreochromis niloticus na Região (Gurgel e Fernando, 1994). Destas, 14 espécies de peixes e 1 de camarão estabeleceram-se com sucesso. A espécie considerada mais produtiva e introduzida em centenas de reservatórios do semiárido é a tilápia-do-nilo (Dnocs, 2002). Para se ter uma ideia, em 2002 o Dnocs distribuiu 20 milhões de alevinos de diversas espécies, que tiveram como destino 518 açudes públicos, 950 açudes particulares, 56 lagoas, 444 viveiros e 48 baterias de tanques-rede (Dnocs, 2002). Entre as principais espécies distribuídas estavam a Com ocorrência natural apenas em partes da tilápia-do-nilo, o tambaqui (Colossoma África e do Oriente Médio (Gisp, 2005), a tilápia- macropomum) e o tucunaré comum (Cichla do-nilo já foi introduzida em pelo menos 85 ocellaris), todas exóticas e com alto poder de países (Casal, 2006) e está presente do norte ao invasão e de desestruturação de ecossistemas sul das Américas, em partes da Europa e no aquáticos. sudeste da Ásia (Gisp, 2005; Vitule et al., 2009). É uma das 10 principais espécies da aquicultura Entre as características da tilápia-do-nilo que em água doce no mundo e uma das 4 que mais a tornam uma espécie com alto poder de invasão, causa efeitos ecológicos adversos (Casal, 2006). estão a alta tolerância a variações ambientais, a As mesmas características que a tornam uma das alta variedade de alimentos que pode consumir espécies preferidas para a aquicultura, (de zooplânctons a peixes) e a alta taxa de sobretudo no Nordeste, faz com que seja uma crescimento populacional (Attayde et al., 2007). espécie com alto poder de invadir e causar danos A tilápia-do-nilo pode aumentar rapidamente o à comunidade biológica em que é inserida tamanho da população e se tornar dominante, (Attayde et al., 2007). alterando a estrutura da comunidade aquática, reduzindo a abundância de microcrustáceos A produção de peixes de água doce no Brasil planctônicos, aumentando a abundância de está muito associada ao uso de espécies exóticas microalgas e reduzindo a transparência da água (Vitule et al., 2009). Para aumentar a produção e (Attayde et al., 2007; Vitule et al., 2009). oferta de alimento à população humana no semiárido do Nordeste, o Dnocs iniciou, na Em um reservatório na Caatinga do Rio década de 1930, um programa de peixamento de Grande do Norte, por exemplo, foi observado reservatórios de água doce — isto é, açudes, que, após a introdução da tilápia-do-nilo, houve lagoas, etc. —, por meio do qual foram redução populacional das espécies nativas 42
  • 44. Prochilodus brevis, Leporinus sp. e Hoplias Agravante para esse cenário é o poder do malabaricus, bem como da espécie introduzida tucunaré de mudar drasticamente a estrutura da Plagioscion squamosissimus (pescada-branca) — comunidade biológica na qual se estabelece, espécie mais frequente no reservatório antes da podendo provocar a extinção de até 50% das introdução da tilápia-do-nilo (Menescal, 2002). espécies de peixes nativos (Zaret e Paine, 1973; Alves et al., 2007). Dentre os peixes mais introduzidos em bacias hidrográficas brasileiras, Tucunaré – Cichla ocellaris e Cichla spp. o tucunaré certamente é um dos que mais Existem 15 espécies do gênero Cichla, todas ameaçam a biodiversidade (Latini et al., 2004; popularmente conhecidas por tucunaré e Agostinho et al., 2005; Alves et al. 2007). ocorrendo originalmente nas bacias dos rios Uma das primeiras introduções de tucunaré Amazonas, Tocantins e Orinoco (Kullander e registradas ocorreu no município de Ferreira, 2006). Nas outras partes da América do Maranguape, Ceará, no ano de 1939. No Sul onde também ocorre, o tucunaré não é Nordeste, a introdução do tucunaré vem sendo nativo, tendo sido introduzido pelo homem. Esse feita em grande escala, de forma que é a quarta é o caso nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do espécie de peixe mais produzida e distribuída Brasil. pelo Dnocs no ano de 2002, e a segunda espécie Embora já esteja amplamente disperso no de peixe (depois da tilápia-do-nilo) mais Brasil, a taxa de introdução do tucunaré em capturada nos açudes públicos do Nordeste — bacias onde não é nativo é crescente, sobretudo 11% das capturas (Paiva et al., 1994 apud Soares por causa dos programas de estocagem de peixes et al., 2007). (peixamento), escapes acidentais da aquicultura, O tucunaré é um predador piscívoro que do controle biológico de espécies indesejadas e tende a ocupar o topo da cadeia alimentar nos incremento da pesca esportiva (Latini et al., lagos onde é introduzido (Latini et al., 2004). 2004; Agostinho et al., 2005; Alves et al. 2007). Isso faz com que a espécie seja introduzida para Thiago “TH” 43
  • 45. controlar a superpopulação de outras espécies, Nos ecossistemas aquáticos invadidos por como a tilápia (Moura-Britto e Patrocínio, 2005). tucunaré, observam-se também outras Peixes predadores de topo tendem a ser alterações nas comunidades de peixes, tais como colonizadores de elevado sucesso, pois redução no tamanho das populações de peixes apresentam vantagens sobre as espécies nativas pequenos, por causa do aumento na predação, e que não têm adaptações para evitar a predação mudanças na dieta de outros peixes piscívoros, (Alves et al., 2007). por causa da competição com o tucunaré (Pompeu e Godinho, 2001). O tucunaré também tem elevado cuidado parental, o que contribui para aumentar sua taxa O controle de peixes como o tucunaré onde a de sobrevivência no ambiente (Latini et al., espécie já está estabelecida tende a ser ineficaz 2004). Outra característica importante é a devido ao seu elevado sucesso de colonização, tendência ao canibalismo à medida que as presas como também acontece com a piranha-vermelha se tornam escassas, podendo ser este o seu (Pygocentrus nattereri), o tambaqui (Colossoma principal comportamento alimentar em lagos macropomum) e a tilápia-do-nilo (Oreochromis onde foi introduzido (Gomiero e Braga, 2004). niloticus) (Alves et al., 2007). Dessa forma, o Essas características tornam-no uma espécie mais recomendado para a atenuação de invasora de grande sucesso e que provoca problemas decorrentes de processos de invasão grandes impactos ambientais. por espécies de peixes parecem ser medidas preventivas que visem reduzir novas Entre os principais impactos decorrentes da introduções (Latini et al., 2004; Alves et al., introdução e do estabelecimento do tucunaré, 2007), amparadas por normas legais federais e estão alterações na composição e na estrutura da estaduais já existentes e a serem construídas. comunidade biológica e a massiva extinção local Paralelamente, deve-se trabalhar com de espécies nativas. No Lago Gatún, no Panamá, a informação pública, capacitação técnica para os introdução do tucunaré causou mudança radical gestores públicos e tomadores de decisão sobre na composição de peixes e a eliminação de 6 das os efeitos adversos da introdução de peixes 8 espécies nativas mais comuns (Zaret e Paine, exóticos e com pesquisa para o desenvolvimento 1973). Na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, da aquicultura com espécies nativas. 50% das espécies de peixes de um lago foram extintas após a introdução do tucunaré e da piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri) (Alves Camarão-branco, camarão-branco-do- et al., 2007). Em outro lago, no município de pacífico – Litopenaeus vannamei Lagoa Santa, em Minas Gerais, aproximadamente O camarão-branco é nativo do Oceano 70% das espécies de peixes foram extintas no Pacífico leste, ocorrendo desde o México até o decorrer de 150 anos; entre as principais causas norte do Peru (Holthuis, 1980). Sua introdução suspeitas está a introdução do tucunaré e de no Brasil ocorreu provavelmente em 1981, no outras 4 espécies de peixes exóticos (Pompeu e Rio Grande do Norte, para utilização na Alves, 2003). aquicultura (Tavares e Mendonça Jr., 2004). Atualmente, o camarão-branco é praticamente a 44
  • 46. única espécie de camarão marinho cultivado no 2002, quando os escapes foram mais frequentes, Brasil, sendo cultivada em 14 estados, sobretudo a produção subiu para 60 kg por semana, dos na Região Nordeste (Tavares e Mendonça Jr., quais 70% era de camarão-branco (Santos e 2004; Ferreira et al., 2008). Coelho, 2002). Em comparação com camarões nativos, o Ainda são poucas as evidências de problemas cultivo do camarão-branco é mais produtivo ambientais associados à introdução de camarões (Ferreira et al., 2008). Algumas características exóticos (Moss et al., 2001). Um possível impacto biológicas do camarão-branco determinam seu da introdução do camarão-branco é a bom desempenho e sua alta produtividade em disseminação de doenças para populações de sistema de cultivo, tais como rusticidade, rápido crustáceos nativos (Ferreira et al., 2008), uma crescimento e alta tolerância a diferentes vez que a espécie pode ser vetora de vírus que condições ambientais (Santos, 2009). Essas causam sérias doenças em crustáceos. Doenças características, entretanto, também conferem como essas eliminaram, em 1995, 95% dos alta capacidade de invasão à espécie. estoques de camarão-branco no sul do Texas (Tavares e Mendonça Jr., 2004). Caso o camarão- No seu hábitat natural, o camarão-branco branco se estabeleça e prolifere no ambiente ocorre desde águas rasas até 72 m de natural, serão esperados também impactos como profundidade, sendo os adultos encontrados em a alteração da estrutura da comunidade nativa e ambiente marinho e os jovens, em ambiente a redução da biodiversidade nativa (Moss et al., estuarino (Holthuis, 1980). As evidências de que 2001). o camarão-branco está se estabelecendo em águas estuarinas e costeiras do Brasil são Os viveiros de cultivo parecem ser as crescentes (Ferreira et al., 2008). principais fontes disseminadoras do camarão- branco para o ambiente natural (Santos e Santos e Coelho (2002) concluíram que o Coelho, 2002), uma vez que esses viveiros camarão-branco está completando todo o seu apresentam estrutura física frágil que permite ciclo biológico em ambiente natural no litoral do escapes em períodos de cheia. Por isso, Santos e Rio Grande do Norte. Nesse estudo, a espécie não Coelho (2002) recomendam que a estrutura só foi coletada em diferentes fases de vida, como física dos viveiros seja constantemente chegou a representar 70% do total de camarões monitorada pelo Ibama ou por órgão ambiental peneídeos capturados. Também foi possível estadual, como uma forma de prevenir estabelecer uma relação entre a abundância do introduções acidentais. camarão-branco no ambiente natural e os escapes de espécimes dos viveiros no período de Outra recomendação é o investimento na chuva (Santos e Coelho, 2002). Para se ter uma produção de camarões nativos no Nordeste, ideia, no complexo lagunar Papari-Guaraíras, no como o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis e Rio Grande do Norte, onde havia entre 400 e 500 F. brasiliensis), que apresenta grande potencial viveiros de camarão, a produção média por para cultivo, maior valor de mercado que o canoa de pescador era de 20 kg de camarão por camarão-branco e serve como uma opção que semana, mas, no período chuvoso de junho de dará maior segurança ao setor produtivo (Souza 45
  • 47. et al., 2009). Estudos sobre produção de (Raut e Barker, 2002). Além disso, é considerado camarão-rosa já estão em andamento no uma das 100 piores espécies invasoras do Nordeste e devem ser incentivados para criar mundo (Lowe et al., 2000). alternativas reais ao camarão-branco (Souza et No Brasil, o caracol-gigante-africano foi al., 2009). Novos estudos são necessários para introduzido no ano de 1988, no Estado do gerar a base técnica para a produção dos Paraná, quando alguns espécimes foram camarões alternativos em grande escala. comprados em uma feira de agricultura (Teles e Vale destacar que, de maneira geral, o cultivo Fontes, 2002 apud Thiengo et al., 2007). Embora de camarão tem despertado grande preocupação sem a devida licença para importação e cultivo, em escala mundial quanto a outros impactos algumas pessoas rapidamente se organizaram ambientais negativos, como a destruição de em cooperativas e passaram a produzir o manguezais e a poluição de águas estuarinas caracol-gigante-africano em instalações nos com efluentes dos viveiros (Moss et al., 2001; quintais de casa, com o interesse de vendê-lo Naylor et al., 2000; Páez-Osuna, 2001). Esses como alimento análogo ao escargot verdadeiro impactos têm estimulado a adoção pelos (Helix pomatia e H. aspersa) (Thiengo et al., carcinicultores de medidas mitigadoras (Boyd, 2007). No entanto, o empreendimento parece ter 2003; Hopkins et al., 1995), o que deve ser sido mal planejado do ponto de vista econômico fomentado e cobrado pelos órgãos de e dos hábitos de consumo dos brasileiros, fiscalização no Brasil. Guias de melhores práticas resultando em fracasso nas vendas. Sem para a carcinicultura já existem e estão sendo mercado, milhões de caracóis foram soltos em utilizados por organizações certificadoras e diversos ambientes e estados, o que causou agências de fiscalização ambiental em diversos rápida invasão em todo o País. Atualmente, o países (Boyd, 2003; veja caracol-gigante-africano já ocorre em pelo www.aquaculturecertification.org; veja também menos 23 dos 26 estados brasileiros (Thiengo et Boas Práticas de Manejo (BPMs) em al., 2007). No Estado de Alagoas, por exemplo, a www.embrapa.br). invasão do caracol-gigante-africano preocupa a Secretaria de Estado da Saúde, que publicou a Nota Técnica nº 01/2007 (disponível em Caracol-gigante-africano – Achatina fulica http://portal.saude.al.gov.br/suvisa/node/256, O caracol-gigante-africano (Achatina fulica) é, acessado em 14 de maio de 2009) informando como seu nome indica, nativo da África. Sua sobre a proliferação do caracol, as possíveis distribuição vem se expandindo desde o século doenças transmitidas e formas de controle. Além XIX, graças a interesses humanos. Atualmente, disso, a nota informa que técnicos dessa ocorre em pelo menos 43 países distribuídos em secretaria estão visitando alguns municípios com praticamente todos os continentes (Gisd, 2009) o objetivo de identificar a ocorrência da espécie por causa de introduções voluntárias. Achatina e orientar a população sobre sua captura e sua fulica tem sido considerado o caracol terrestre eliminação. mais introduzido, com maior amplitude de Longe de seus inimigos naturais, o caracol- invasão e a principal praga entre os caracóis gigante-africano tem aumentado sua população 46
  • 48. Jovens tendem a se alimentar de plantas vivas, enquanto indivíduos velhos ou muito pequenos tendem a se alimentar de folhas mortas (Gisd, 2009; Fischer et al., 2006). No Brasil, há alguns estudos que relatam impactos decorrentes ou potenciais da invasão do caracol- gigante-africano. Na agricultura, registraram-se perdas de até 30% na produção em pequenas propriedades rapidamente em muitos lugares do Brasil. Em — isto é, menores de 10 hectares (Thiengo et al., áreas urbanas, onde parece ser mais comum, 2007). No Vale do Ribeira, no sul do Estado de pode ocupar rodovias e caminhos, chegando a São Paulo, o caracol causou perdas na produção ponto de causar transtorno à movimentação de banana e complicações indiretas pela pública (Gisp, 2005). O caracol-gigante-africano utilização indiscriminada de moluscicida é frequente em jardins e, principalmente, em (Thiengo et al., 2007). terrenos baldios, onde tem abrigo, alimento e A proliferação do caracol tem sido alertada pode procriar livremente. Na cidade de também como um problema de saúde pública, Parnamirim, Estado do Rio Grande do Norte, em pois o caracol-gigante-africano é vetor do 5 meses de esforços de captura, nematódeo Angiostrongylus cantonensis, aproximadamente 4 mil kg de caracol foram causador da meningite eosinofílica no homem e, coletados e destruídos (Thiengo et al., 2007). Na possivelmente, do Angiostrongylus costaricensis, zona rural, o caracol-gigante-africano prolifera causador da angiostrongilíase abdominal (Teles em culturas agrícolas de pequena escala e áreas et al., 1997). abandonadas. A Floresta Atlântica também tem Quanto aos impactos sobre a biodiversidade sido invadida pelo caracol (Fischer et al., 2006), no Brasil, sabe-se que espécies nativas de sendo uma espécie muito abundante no litoral caracóis grandes, especialmente do gênero do Paraná. Megalobulimilus, estão sofrendo danos na Entre as características que podem explicar o Floresta Atlântica do Paraná, onde o caracol- alto poder de invasão do caracol-gigante- gigante-africano invade ambientes de florestas africano estão a alta taxa reprodutiva, a alta conservadas (Fischer et al., 2006). Outros capacidade de sobrevivência em condições gêneros de caracol, como o Orthalicus spp. e o adversas e a grande variedade de vegetais dos Thaumastus spp., também são potencialmente quais pode se alimentar. Uma fêmea do caracol- ameaçados (Thiengo et al., 2007; Eston et al., gigante-africano pode pôr até 1,2 mil ovos em 2006). O caracol-gigante-africano já está um ano (Gisp, 2005). Com apenas 6 meses de presente em algumas Unidades de Conservação idade, o animal já está apto a se reproduzir, de proteção integral no País (Eston et al., 2006; alcançando até 9 anos de vida (Gisd, 2009). 47
  • 49. Faraco e Lacerda, 2004), a exemplo da Reserva Armitage, 2004). Biológica União, em Casimiro de Abreu, no Rio A ratazana tem atividade principalmente de Janeiro, área importante para a conservação noturna, é ótima nadadora (por isso também do mico-leão-dourado. conhecida por rato-d’água) e tem alta capacidade para aprender rotas que levam a lugares ricos em alimentos. Os maiores Ratazana, rato-marrom – Rattus norvegicus indivíduos podem atingir 40 cm de comprimento Algumas espécies de rato são comensais de e até 500 g de peso. Podem aumentar a humanos e têm sido introduzidas onde o homem população rapidamente, reproduzindo-se até 7 tem chegado e se estabelecido. Essas espécies se vezes por ano, com período de gestação de dispersaram por toda a Europa entre os séculos aproximadamente 23 dias. Uma única fêmea XVI e XVIII e hoje estão em todos os continentes, pode gerar 60 filhotes por ano, que podem ser exceto na Antártica (Myers e Armitage, 2004). cuidados em ninhos compartilhados; isto é, se a Foram introduzidas acidentalmente em diversos mãe é morta, outras fêmeas continuam a cuidar países através dos navios de exploradores e dos filhotes, que se tornam independentes após colonizadores europeus e certamente foram 4 ou 5 semanas (Myers e Armitage, 2004). responsáveis pela extinção de várias espécies em Como nas invasões por ratos frequentemente ilhas de todo o mundo (Amori e Clout, 2003). No mais de uma espécie está envolvida, é difícil Brasil, a ratazana supostamente chegou com os diferenciar o impacto causado por cada espécie. primeiros exploradores europeus. As principais De uma forma geral, foi estimado que cada espécies de rato comensal e invasor são o rato- indivíduo adulto de rato invasor nos Estados preto (Rattus rattus), a ratazana (R. norvegicus) e Unidos gera um custo ao país de 15 dólares por o camundongo (Mus musculus). ano. Somando todos os ratos dos Estados Unidos, A ratazana é a maior das 3 principais espécies o custo total seria de mais de 19 bilhões de de rato invasor e pode ocorrer onde houver dólares ao ano (Pimentel et al., 2005). Parte comida e abrigo, sendo muito frequente nas desse alto custo é resultante de danos em redes de esgoto e nos porões de edifícios (Gisp, culturas agrícolas, contaminação de reservas de 2005; Myers e Armitage, 2004). Há alimentos por fezes e urina e danos a cabos características na ratazana que podem explicar sua alta capacidade de invasão e sua facilidade de estabelecimento. A primeira é que a espécie é capaz de se alimentar de quase tudo. Nas cidades, alimenta-se principalmente de restos de comidas das pessoas, mas em ambientes naturais pode se alimentar de matéria orgânica vegetal (de folha a raiz) e animal (de mamíferos a zooplânctons), fungos e detritos em geral (Gisd, 2009; Myers e 48
  • 50. elétricos e telefônicos (Gisd, 2009; Gisp, 2005). ovos resistentes à dessecação (Lounibos, 2002; Honório et al., 2009). É o principal vetor da Impactos na saúde humana também são de dengue e da febre amarela no Brasil e por isso grande relevância. Doenças associadas aos ratos, tem sido alvo de controle através de grandes como a peste bubônica, já mataram mais campanhas de saúde no País (Braga e Valle, humanos que todas as guerras juntas. Os ratos, 2007). sobretudo a ratazana, podem causar impactos na comunidade de plantas através da destruição de A espécie já foi eliminada 2 vezes do Brasil sementes e plântulas, dificultando a regeneração (1955 e 1976), mas se restabeleceu em seguida de muitas espécies (Gisd, 2009; Amori e Clout, (Braga e Valle, 2007) devido à insuficiência de 2003). Alguns exemplos mostram que o impacto medidas preventivas a novas introduções — na fauna nativa é um desastre. São conhecidas sobretudo no transporte de mercadorias e pelo menos 53 espécies de aves predadas pela pessoas. Hoje, o mosquito-da-dengue ainda é ratazana, e isso certamente foi a causa da foco de uma das principais campanhas de saúde extinção de várias espécies em ilhas. Na Paraíba, no País; no entanto, desde 2001 o governo no município de Intermares, foi registrada a abandonou a meta de erradicar o mosquito e predação, pela ratazana, de ovos e filhotes de passou a trabalhar com o objetivo de controlá-lo tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), (Braga e Valle, 2007). espécie criticamente ameaçada de extinção O custo de controle do mosquito-da-dengue é segundo a União Internacional para Conservação altíssimo. Em 2002, o Ministério da Saúde da Natureza (IUCN), 2008; Gisd, 2009; Zeppelini investiu 1 bilhão de reais no programa de et al. 2007). Há diversos casos que relacionam a controle da dengue, dos quais 85% foram extinção de espécies em ilhas com a invasão de empregados na vigilância e no controle do ratos (Amori e Clout, 2003). mosquito. Em 2003, esse custo foi de 790 No Brasil, a Instrução Normativa nº 141, de milhões de reais, empregados basicamente em 19 de dezembro de 2006, reconhece as 3 custeio, compra de equipamentos e inseticidas, principais espécies de rato invasor (Rattus manutenção e capacitação de pessoal e ações de rattus, R. norvegicus e Mus musculus) como comunicação social (Braga e Valle, 2007). componentes da fauna sinantrópica nociva e regulamenta o seu manejo e controle. Mosquito-da-dengue – Aedes aegypti A espécie Aedes aegypti é protagonista de uma ampla e bem-sucedida invasão ao redor do mundo. Provavelmente originária do oeste da GISP 2005 África, acredita-se que foi introduzida no Novo Mundo entre os séculos XV e XVII a bordo de Caso uma estratégia preventiva integrada navios negreiros e continua a ser dispersa ao tivesse sido implementada, envolvendo setores redor do mundo, sobretudo em navios contendo 49
  • 51. do meio ambiente e da saúde, certamente o custo favorece o aumento da abundância do mosquito das ações seria mais baixo, e a chance de sucesso e da emergência da dengue (Claro et al., 2004). O em evitar a entrada do mosquito teria sido abastecimento precário de água em bairros com maior. Dessa forma, fica clara a importância de menor estrutura força os habitantes a armazenar se trabalhar integradamente com prevenção, e água em depósitos domésticos, que são grandes isso ainda é possível em algumas regiões do criadouros do mosquito. Sem coleta e destinação Brasil, onde o mosquito não está presente. adequada do lixo, a tendência é o acúmulo em áreas peridomiciliares, que também servem de A A. aegypti ocorre quase exclusivamente no criadouros para o mosquito-da-dengue (Claro et ambiente peridoméstico e preferencialmente em al., 2004). reservatórios artificiais com água limpa, sendo mais rara a ocorrência em reservatórios As campanhas de controle da doença têm tido naturais, como tanques de bromélias, mesmo eficiência limitada, e o problema associado à que próximos às casas (Lourenço de Oliveira et invasão do mosquito tem se mostrado complexo al., 2004). O interior da floresta não parece ser e de difícil solução (Claro et al., 2004; Braga e um ambiente favorável à A. aegypti, embora a Valle, 2007). No nível atual de invasão, um espécie também possa aí ocorrer. Na Floresta da controle eficiente do mosquito-da-dengue é tão Tijuca, no Rio de Janeiro, a A. aegypti não caro e complexo que não envolve apenas um oviposita a uma distância maior do que 100 ataque direto ao mosquito, mas depende de metros das casas adentrando na floresta melhorias na estrutura e gestão das cidades, (Lourenço de Oliveira et al., 2004). sobretudo na questão do saneamento, da coleta e da destinação do lixo (Claro et al., 2004). No entanto, outra espécie de mosquito-da- dengue congenérica, a Aedes albopictus, tem maior capacidade para se desenvolver no Pardal – Passer domesticus ambiente florestal e vem ampliando sua O pardal, tão comum nas cidades brasileiras, distribuição ao redor do mundo nas últimas duas é originário da Europa, Ásia e do norte da África. décadas, tendo sido registrada no Brasil pela Foi introduzido na América do Sul, na América primeira vez em 1986 (Honório et al., 2009). do Norte, no sul da África, na Austrália e na Nova Como também é vetor da dengue, é crescente a Zelândia. Atualmente, é comum em muitas áreas preocupação com a invasão dessa espécie. povoadas, sendo a estreita associação com Interessante é que a invasão da A. albopictus tem pessoas um dos principais motivos de sua sido relacionada a uma redução na abundância proliferação (Gisd, 2009). Normalmente é de A. aegypti. A A. albopictus já é considerada encontrado ao redor de edificações, fazendas e uma das 100 piores espécies exóticas invasoras cidades (Gisd, 2009). em escala global (Lowe et al., 2000). O pardal foi introduzido voluntariamente nas O cenário de acelerado crescimento da Américas. É provável que a primeira introdução população, com urbanização desordenada e na América do Sul tenha ocorrido em Buenos precariedade no abastecimento de água, no Aires, no ano de 1872 (Gisp, 2005). Na Serra do esgotamento sanitário e na coleta de lixo, Baturité, no Ceará, já ocorre pelo menos desde 50
  • 52. 1986, onde parece ter sido introduzido por e tendem a eliminá-los de determinadas áreas monges capuchinhos (Girão et al., 2007). por competição. Nos Estados Unidos, o pardal é considerado praga agrícola por comer grãos cultivados, como milho, trigo e aveia, além de frutas e verduras (Gisd, 2009). O pardal e o estorninho europeu (Sturnus vulgaris) causam danos a culturas agrícolas nos Estados Unidos estimados em 1 bilhão de dólares por ano (Pimentel et al., 2000). O pardal também está associado à dispersão de cerca de 30 doenças que afetam o homem e os animais domésticos (Pimentel et al., 2005). Entre estas, está a febre do oeste do Nilo, que afeta o homem e já é considerada doença emergente na América do Sul, com risco crescente para o Brasil (Petry, 2006; Pauvolid-Corrêa e Varella, 2008). Os problemas associados ao pardal são tais A área de ocorrência do pardal tende a estar que, na Austrália, a espécie foi classificada como vinculada às áreas mais abertas, onde há de extremo risco por apresentar: (1) alto risco assentamentos humanos. Sua dieta consiste de causar danos às pessoas, (2) alta capacidade principalmente de sementes de gramíneas ou de se estabelecer no ambiente e (3) alto outras plantas ruderais, de grãos e insetos. No potencial para se tornar uma praga (Gisd, 2009). entanto, em áreas urbanas, especializaram-se em Dessa forma, ficou proibida a sua introdução em comer restos de comida e migalhas (Gisp, 2009). qualquer lugar do País onde ainda não ocorre. Em áreas rurais, há relatos de que os pardais podem expulsar pássaros nativos de seus ninhos 51
  • 53. 7. Plantas exóticas invasoras Abaixo estão listadas 51 espécies de plantas exóticas invasoras ou potencialmente invasoras encontradas em 7 estados da Região Nordeste (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), ordenados de acordo com suas respectivas formas de vida (arbusto, árvore, ervas e trepadeiras) e seus nomes populares. A lista contém também o risco de invasão (RI) — veja a Seção 5 para explicação —, o nome científico, os estados onde foram encontrados registros e o número total de registros considerando todos os 7 estados (Reg.). 7.1. Lista das espécies de plantas Forma de vida / Nome RI* Nome científico AL CE PB PE PI RN SE Reg# popular Arbustos 270 Algodão-de-seda +++ Calotropis procera CE PE PI RN SE 21 Bambu ++ Bambusa sp. PB 1 Bambu +++ Bambusa vulgaris PB PE PI 26 Bananeira-ornamental + Musa ornata PB 1 Cafezeiro ++ Coffea arabica PI 1 Dracena ++ Dracaena fragans RN 1 Mamona +++ Ricinus communis CE PB PE PI RN SE 193 Palma-forrageira +++ Opuntia ficus-indica AL PE PI RN SE 26 Árvores 765 Acácia-australiana ++ Acacia mangium PE PI 6 Acácia-negra ++ Acacia mearnsii PB 24 Algaroba +++ Prosopis juliflora CE PB PE PI RN SE 179 Castanhola ++ Terminalia catappa CE PE 2 Casuarina Casuarina +++ PE PI RN SE 11 equisetifolia Dendezeiro +++ Elaeis guineensis PB PE SE 77 Spathodea Espatódea, bisnagueira ++ PB RN 2 campanulata Eucalipto ++ Eucalyptus sp. PB PI 6 Goiabeira ++ Psidium guajava CE PB PE 4 Ipê-de-jardim ++ Tecoma stans CE PE RN 3 Jambolão, azeitona- ++ Syzygium cumini CE PI 2 preta Syzygium Jambo-vermelho ++ CE 1 malaccensis Artocarpus Jaqueira ++ CE PB PE PI RN 6 heterophyllus Leucaena Leucena +++ AL CE PB PE PI RN SE 124 leucocephala Limoeiro ++ Citrus X limon PB PE 3 52
  • 54. Forma de vida / Nome RI* Nome científico AL CE PB PE PI RN SE Reg# popular Mangueira ++ Mangifera indica CE PB PE RN 7 Nim +++ Azadirachta indica AL CE PB PE PI RN SE 261 Pinus ++ Pinus sp. SE 1 Mimosa Sabiá ++ CE PE 2 caesalpiniifolia Saboneteira, noz-da- ++ Aleurites moluccana CE 1 índia Salgueiro-amarelo ++ Acacia longifolia PB 23 Turco, espinho-de- +++ Parkinsonia aculeata PB PE RN 19 jerusalém Vassoura-vermelha ++ Dodonaea viscosa PB 1 Ervas 693 Braquiária +++ Urochloa sp. PE RN SE 80 Braquiária ++ Urochloa stolonifera RN 1 Cana-brava, taquara-do- + Arundo donax PE 1 reino Canarana, capim- Echinochloa crus- ++ PI RN 5 capivara galli Capim-agulha, +++ Urochloa humidicola AL PE PI RN SE 185 braquiarinha Capim-andropogon ++ Andropogon gayanus PB PI 6 Capim-bermuda ++ Cynodon dactylon PB 1 Capim-braquiária +++ Urochloa decumbens AL PI SE 178 Capim-búfalo, capim- +++ Cenchrus ciliaris AL PB PE PI RN SE 198 buffel Megathyrsus Capim-colonião ++ PB 1 maximus Pennisetum Capim-elefante ++ RN 1 purpureum Capim-gordura ++ Melinis minutiflora PB 1 Capim-pangola +++ Digitaria eriantha AL PE RN 13 Coleostephus Cravo-de-defunto ++ PB 1 myconis Maria-sem-vergonha, ++ Impatiens walleriana CE RN 2 beijo Pita, piteira ++ Furcraea foetida PB PE 2 Sisal ++ Agave sisalana PE PI 5 Tiririca, alho-bravo ++ Cyperus rotundus PB 11 Trapoeraba-roxa, ++ Tradescantia zebrina RN 1 lambari Trepadeiras 6 Cryptostegia Alamanda-roxa ++ CE 6 grandiflora * RI = risco de invasão: + (baixo risco), ++ (médio risco), +++ (alto risco). O detalhamento dessas categorias encontra-se na Lista de Espécies Exóticas Invasoras, Seção 5. # Reg. = número de registros da espécie nos 7 estados. 53
  • 55. 7.2 Caracterização das espécies de plantas ARBUSTOS Calotropis procera Algodão-de-seda A Distribuição natural: Sri Lanka, Índia, China e Malásia Impactos: É uma grande ameaça à biodiversidade nativa, pois compete vigorosamente por nicho e recursos naturais com as espécies nativas. Observações: Invade com muita frequência áreas de Caatinga no Nordeste do Brasil e também áreas de Cerrado, como acontece no Estado de São Paulo. É também invasora na Austrália, no Caribe e nos Estados Unidos (Havaí). Referências: Instituto Hórus (2009). Bambusa sp. Bambu Distribuição natural: Ásia Impactos: Invade áreas de sub-bosque em florestas nativas, nas quais forma densos aglomerados, competindo por espaço e luminosidade com espécies nativas. Observações: Espécies do gênero são invasoras nas Ilhas Cook, nas A A Ilhas Fiji, em Niue, em Palau, em Tonga, na Nova Zelândia e na França (Ilhas Reunião). Referências: Instituto Hórus (2009). Bambusa vulgaris Bambu B Distribuição natural: África e Ásia Impactos: Forma touceiras extensas, excluindo espécies nativas. Observações: Invade margens de rios, beiras de estradas e áreas abertas. Invasora no Caribe, nos Estados Unidos (Havaí), na Nova Zelândia (Ilhas Cook), em Fiji, em Niue, em Palau, em Tonga, na França (Ilhas Reunião) e em ilhas do Pacífico. Referências: GISD (2009). Forest Starr and Kim Starr Musa ornata Banana-flor Distribuição natural: Espanha (região de Málaga) Impactos: Forma grandes e densos aglomerados, impedindo o estabelecimento e o desenvolvimento de outras espécies em função B do sombreamento excessivo. A longo prazo, a espécie pode dominar o sub-bosque da floresta e impedir a regeneração natural. Observações: Ocorre preferencialmente em ambientes de solo fértil, a pleno sol. Referências: Instituto Hórus (2009). Coffea arabica Cafezeiro C Distribuição natural: Etiópia Impactos: Compete com as espécies nativas nos estratos inferiores de formações florestais, interferindo no processo de regeneração natural e de sucessão desses remanescentes. Observações: Frequentemente encontrada no sub-bosque de formações florestais em estágios médio e avançado de regeneração, Forest Starr and Kim Starr em climas tropicais e subtropicais. Invasora nos Estados Unidos (Havaí), Equador (Galápagos), Polinésia Francesa, Fiji, Suriname, Venezuela, Peru, Panamá, Nicarágua, México, Madagascar, Austrália, Honduras, Guiana, El Salvador, Bolívia e Nova Zelândia (ilhas Cook). Referências: Instituto Hórus (2009). C 54
  • 56. Dracaena fragans Dracena Distribuição natural: África Impactos: Forma aglomerados densos que impedem a regeneração de espécies nativas e causa desbarrancamento das margens e assoreamento. Observações: Amplamente disseminada no sub-bosque da Floresta da Tijuca, especialmente nas suas bordas. Referências: Ribeiro e Zaú (2007), Instituto Hórus (2009). Ricinus communis Mamona D Forest Starr and Kim Starr Distribuição natural: África tropical e região nordeste da África Impactos: Perda de biodiversidade em ecossistemas abertos e em áreas degradadas devido ao adensamento e à competição com espécies nativas. A invasão também provoca impactos negativos sobre áreas agrícolas e de pastagens. Observações: Apresenta tendência a invadir ambientes degradados, como beira de rodovias, margens de rios e terras D agricultáveis. Utilizada para a produção de biocombustível em sistema sem nenhum tipo de contenção além das áreas de produção, o que tende a ocasionar processos de invasão em áreas naturais. É invasora em mais de 100 países, incluindo Argentina, Chile, Guatemala, Austrália, Referências: Instituto Hórus (2009), Oliveira (2004) Opuntia ficus-indica Palma E Distribuição natural: Regiões áridas da América Central, principalmente no México Impactos: Forma agrupamentos densos que impedem o Forest Starr and Kim Starr crescimento da vegetação nativa. Observações: Invasora na África do Sul, no Equador (Ilhas Galápagos), nos Estados Unidos (Havaí e Califórnia) e na França (Ilhas Reunião). Referências: Instituto Hórus (2009), Silva e Santos (2006). E ÁRVORES Acacia mangium Acácia-australiana F Distribuição natural: Malásia, Austrália, ilhas Molucas, Papua Nova-Guiné, Indonésia. Impactos: Compete por espaço e, por alelopatia, impede a germinação de sementes de espécies nativas. Pode causar desequilíbrio hídrico, especialmente em caso de invasão em ambientes ciliares. Observações: Invasora em Bangladesh, em Camarões, na Costa Rica, no Havaí, nas Filipinas, nas Ilhas Cook, na Micronésia, em Palau e nas Ilhas Comoro. No Brasil, é invasora no Amapá e em Roraima, na região Amazônica, bem como na Floresta Atlântica e em áreas de restinga nos estados da Bahia, do Espírito Santo e do Rio de Forest Starr and Kim Starr Janeiro. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005). Acacia mearnsii Acácia-negra Distribuição natural: Região sudeste da Austrália e da Tasmânia. F 55
  • 57. Impactos: Produz grande quantidade de sementes com viabilidade no solo por cerca de 50 anos. As numerosas plantas geradas tendem a dominar o ambiente invadido, com subsequente expulsão das espécies nativas, ocasionando perda de biodiversidade. As árvores fixam nitrogênio e alteram o balanço de nutrientes no solo, afetando a capacidade de sobrevivência de plantas nativas. Por ser uma espécie de rápido crescimento e apresentar grande potencial invasor em áreas ripárias, absorve grande quantidade de água, podendo diminuir sua disponibilidade em rios e córregos cujas margens estão sendo invadidas. Observações: Invade ambientes abertos, preferencialmente alterados, dispersando-se por margens de rodovias e cursos de água, florestas ripárias, restingas, florestas xerófilas e mésicas e campos. Invasora na França (Ilhas Reunião), na Espanha, em Forest Starr and Kim Starr Portugal, na Itália, na Romênia, na África do Sul, na Tanzânia e nos Estados Unidos (Havaí e Califórnia). Referências: Instituto Hórus (2009). Prosopis juliflora Algaroba G G Distribuição natural: Estados Unidos e México. Impactos: É grande consumidora de água, tendendo a alterar o regime hídrico, provocando escassez de água em regiões com baixa pluviosidade. Aumenta o risco de incêndios por acúmulo de biomassa. Invade áreas abertas e florestas degradadas. Forma aglomerados densos, excluindo outras espécies por sombreamento. Invade áreas de agricultura e pastagens, gerando alto custo de controle. Observações: A ocupação e a expansão de sua invasão são bastante favorecidas por perturbações antrópicas e pela proximidade a cursos de água. Referências: Instituto Hórus (2009), Pegado et al. (2006), Lins e Silva (1997). Terminalia catappa Forest Starr and Kim Starr Castanhola H Distribuição natural: Áreas litorâneas do leste da Índia, Indochina, Malásia, Austrália, Filipinas e Taiwan. Impactos: Compete com a vegetação nativa no processo de sucessão natural, podendo prejudicar o desenvolvimento da regeneração natural em função de sombreamento causado pela sua H copa. Observações: Invade principalmente regiões costeiras e restingas. É invasora em diversas ilhas do Pacífico, entre elas Havaí, Ilhas Mariana, Ilhas Manu, Ilhas Cook e Arquipélago de Galápagos. Referências: Instituto Hórus (2008), Siqueira (2006), Sanches et al. (2007). Casuarina equisetifolia Casuarina I Distribuição natural: Austrália, Indonésia, Índia, Bangladesh, Ceilão, Malásia e Sri Lanka. Impactos: Sombreamento da vegetação nativa e deslocamento dessas espécies. Observações: Frequentemente encontrada em restingas e praias do litoral brasileiro, uma vez que é muito utilizada para a contenção Forest Starr and Kim Starr de dunas. Invasora nos Estados Unidos (Havaí e Flórida), em Porto Rico, nas Bahamas, nas ilhas do Caribe e na Argentina. Referências: Instituto Hórus (2009) Reaser et al. (2005). Elaeis guineensis Dendezeiro I Distribuição natural: Costa ocidental da África (golfo de Guiné), nas florestas tropicais da costa da Libéria até Angola. 56
  • 58. Impactos: Invade fragmentos florestais, inclusive áreas de floresta ripária, formando adensamentos e causando dominância sobre espécies nativas. Observações: Invasora nos Estados Unidos (Havaí), na Polinésia Francesa, nas Ilhas Cook, na Micronésia e em Palau. Referências: Instituto Hórus (2008). Spathodea campanulata Espatódea, bisnagueira J Distribuição natural: Leste da África. Impactos: Apresenta tendência a formar densos agrupamentos, impedindo o crescimento das espécies nativas. Também impede a sucessão natural das florestas. As flores têm alcaloides tóxicos, que podem causar envenenamento de beija-flores e abelhas. Forest Starr and Kim Starr Observações: A dispersão de sementes pelo vento dificulta muito o controle da espécie. É invasora na Austrália (Ilha Christmas), nos Estados Unidos (Havaí), na Polinésia Francesa e em Fiji. Referências: Instituto Hórus (2009). Eucalyptus sp. Eucalipto J Distribuição natural: Austrália e Pacífico Sul. Impactos: Apresenta forte dominância sobre a vegetação nativa, deslocando espécies herbáceas. Quando invade áreas de várzeas e margens de rios, pode levar à redução da disponibilidade hídrica em cursos de água. Observações: Espécies do gênero invadem ecossistemas abertos, expostos à insolação plena. Referências: Instituto Hórus (2009). Psidium guajava Goiabeira K Distribuição natural: América Tropical (sul do México e norte da América do Sul). Impactos: Invade áreas em diferentes níveis de perturbação e Forest Starr and Kim Starr forma densas touceiras, eliminando a vegetação nativa e exercendo sua dominância. Observações: Invasora em ilhas do Pacífico, na Nova Zelândia, na Austrália, em na Nova Caledônia, em Fiji, nos Estados Unidos (Havaí e Flórida), em Porto Rico, no Zimbábue, no sudeste da África, na Malásia, no Equador (Ilhas Galápagos), em Cuba e no Japão. No K Brasil, invasora em áreas de Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Ombrófila Densa, Restingas, Savana (Cerrado), Floresta Ombrófila Densa Submontana, Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas e Áreas de Tensão Ecológica (Floresta Ombrófila Densa-Floresta Ombrófila Mista). Referências: Instituto Hórus (2009), Biondi e Pedrosa-Macedo (2008). Tecoma stans Ipê-de-jardim L Distribuição natural: México e sul dos Estados Unidos. Impactos: Compete com espécies nativas no processo de regeneração natural em áreas degradadas. Forma densos aglomerados, o que leva ao sufocamento da vegetação nativa Forest Starr and Kim Starr regenerante e à perda de biodiversidade nos ecossistemas. Perda de área pastoril devido à invasão da espécie, que dificilmente é controlada, uma vez que rebrota vigorosamente após o controle mecânico. Impede o uso de 10 mil hectares para fins de pastagem na região de Londrina, Paraná, onde o prejuízo é estimado em 45 milhões de reais por ano. L Observações: É frequentemente utilizada na arborização das vias públicas. Invasora na África do Sul, na Austrália, na Argentina, em Madagascar, na Índia, no Paquistão, no Panamá, na França 57
  • 59. (Polinésia Francesa – Ilhas Marquesas) e nos Estados Unidos (Havaí). Referências: Instituto Hórus (2009), Lorenzi et al. (2003), Bredow et al. (2004). Syzygium cumini Azeitona, Jambolão M Distribuição natural: Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão, Sri Lanka e Ilhas Maldivas (todo o subcontinente indiano, com exceção das regiões semiáridas do Sind, Rajastão e Punjab). Impactos: Compete com espécies nativas, dificultando o processo de regeneração e, assim, interferindo na sucessão vegetal. Observações: Invade preferencialmente áreas de florestas secundárias e agrícolas abandonadas. Invasora na África do Sul, na Nova Zelândia (Ilhas Cook), nas Ilhas Fiji, na Polinésia Francesa, nos Estados Unidos (Guam, Havaí, Flórida), na França (Nova Caledônia), em Niue, em Palau, em Tonga, na China, na Indonésia, na Malásia e na Austrália. Referências: Instituto Hórus (2009). Tarciso Leão Syzygium malaccensis Jambo-vermelho N M Distribuição natural: Índia e Malásia. Impactos: Domina o ambiente e desloca espécies nativas. Observações: Invasora nas Ilhas Fiji, no Equador (Ilhas Galápagos), nos Estados Unidos (Havaí) e na Polinésia Francesa Referências: Instituto Hórus (2009). Artocapus heterophyllus Jaqueira O Distribuição natural: Índia e Península da Malásia. Impactos: Ocupa áreas florestais e substitui a vegetação nativa, inibindo a germinação de sementes por alelopatia. Em Ilha Grande, Rio de Janeiro, em áreas dominadas por jaqueiras, a riqueza de pequenos mamíferos é menor do que em áreas sem a dominância da espécie. Em áreas naturais dominadas por jaqueiras, a fauna de Forest Starr and Kim Starr pequenos mamíferos acaba alimentando-se quase que exclusivamente dos frutos da espécie e dispersando-a, em detrimento da dispersão de espécies nativas, devendo, ao longo do tempo, afetar o processo de sucessão natural. Observações: Adapta-se facilmente a uma grande diversidade de ambientes, principalmente nos sub-bosques de florestas. Invasora em áreas florestais em quase todos os estados do Nordeste, no N Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Como as sementes são dispersas por animais, é difícil conter e/ou prever sua dispersão, o que dificulta ou inviabiliza a eficiência do controle em áreas naturais. Referências: Instituto Hórus (2009), H. Bergallo (comunicação pessoal). Leucaena leucocephala Leucena P Distribuição natural: América Central e México. Impactos: Impede a regeneração natural e o estabelecimento de espécies nativas por alelopatia. É muito dominante e produz grande quantidade de sementes viáveis. Observações: Invade margens de florestas, beiras de estradas, áreas degradadas e beiras de rios. É invasora em mais de 100 Forest Starr and Kim Starr países. É um sério problema no Parque Nacional de Fernando de Noronha. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Randall (2002). O 58
  • 60. Citrus X limon Limoeiro Q O Distribuição natural: Sudeste asiático. Observações: Invasora nos Estados Unidos, no México, no Chile, na Argentina, na Itália, na Espanha, na Grécia, na Turquia, no Líbano, na África do Sul, na Austrália, nas Filipinas, em Fiji, na Nova Caledônia e no Equador (Ilhas Galápagos). No Brasil, invade áreas de Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional, Floresta Estacional Semidecidual e Formações Pioneiras de Influência Forest Starr and Kim Starr Marinha (Restingas). Referências: Instituto Hórus (2009), Biondi e Pedrosa-Macedo (2008). Mangifera indica Mangueira R P Distribuição natural: Ásia. Impactos: A invasão da espécie em ambientes ciliares pode provocar alteração do pH da água devido ao apodrecimento das folhas e dos frutos em grande quantidade. Impacto sobre a dispersão de espécies nativas zoocóricas, uma vez que é muito utilizada como fonte de alimento por animais, diminuindo o consumo de frutos e, consequentemente, a dispersão de espécies nativas. Observações: Invade áreas ciliares do semiárido do Nordeste brasileiro. É também invasora no México, na Austrália, na China, nos Forest Starr and Kim Starr Estados Unidos (Havaí), no Equador (Ilhas Galápagos), em Fiji, na Polinésia Francesa, em Guam, no Japão, em Nauru, na Nova Caledônia, em Niue, na França (Ilhas Reunião), nas Ilhas Maurício, em Tonga e no Paquistão. Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Xavier e Moreno (2008). Q Azadirachta indica Nim S Distribuição natural: Ocorre naturalmente nas florestas secas do Deceão e Karnataka — na Índia —, em Mianmá e no Sri Lanka. Impactos: Compete com outras espécies arbóreas em ambientes florestais e domina pela ação de substâncias alelopáticas, inibindo a germinação de espécies nativas. Altera o regime hídrico, principalmente em ecossistemas abertos, em que substitui a vegetação de pequeno porte. Torna-se dominante à medida que a invasão aumenta. Forest Starr and Kim Starr Observações: Invasora na Austrália, na República Dominicana, na Índia, em Gana, na Gâmbia, na região do Sahel, além de outros países da África Ocidental. Atualmente representa um fator de prejuízo a fazendeiros em países africanos, a quem faltam recursos para fazer controle em regiões invadidas, impactando áreas de cultivo e produção agrícola. R Referências: Instituto Hórus (2009), Randall (2002). Pinus sp. Pinus Distribuição natural: Hemisfério norte: América do Norte, Europa e Ásia. Impactos: Em ecossistemas campestres, a invasão de qualquer espécie do gênero Pinus representa a total substituição da vegetação nativa devido ao sombreamento, ao aumento na acidez Forest Starr and Kim Starr do solo, à perda de fertilidade e ao elevado consumo de água, que pode até impactar o nível do lençol freático. Observações: Ocorre comumente em áreas degradadas de florestas e ambientes abertos, secos até muito úmidos. Espécies do gênero são invasoras no Canadá, Argentina, Uruguai, Chile, Austrália, Nova Caledônia, Nova Zelândia, em Madagascar, Malaui e África do Sul. Referências: Instituto Hórus (2009). S 59
  • 61. Mimosa caesalpiniifolia Sabiá T Distribuição natural: Espécie endêmica do ecossistema Caatinga, na formação de Savana Estépica. Impactos: Domina formações florestais em regeneração, dificultando a sucessão natural de espécies nativas (observada em S remanescentes de Floresta Ombrófila Aberta, em Alagoas, em área na qual a espécie foi utilizada como cerca viva e invadiu a área adjacente). Possível potencial alelopático. Observações: Ocorre exclusivamente em ambientes abertos e com APNE/CNIP alta taxa de insolação. Referências: Instituto Hórus (2009), Lopes e Piña-Rodrigues T (1997). Aleurites moluccana Salgueiro-amarelo, saboneteira, nogueira U Distribuição natural: Austrália e Tasmânia. Impactos: Pode alterar a disponibilidade de nutrientes e de água no Forest Starr and Kim Starr solo em função da elevada taxa de absorção. Provoca a redução da diversidade biológica por exercer dominância. Observa-se a inibição da germinação de espécies nativas (provável ação alelopática). Observações: Invasora no Uruguai, em Portugal, na África do Sul e está avançando ao longo da costa norte da Argentina e no Sul do Brasil.. U Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005). Acacia longifolia Acácia Distribuição natural: Austrália e Tasmânia. Impactos: Altera a disponibilidade de nutrientes e de água no solo Forest Starr and Kim Starr em função da elevada taxa de absorção. Provoca a redução da diversidade biológica em ecossistemas por exercer dominância. Em florestas ciliares, observa-se a inibição da germinação de espécies nativas. Observações: Invasora no Uruguai, em Portugal, na África do Sul e está avançando ao longo da costa norte da Argentina e no Sul do Brasil. V Referências: Instituto Hórus (2009), GISP (2005), Parkinsonia aculeata Turco, espinho-de-jerusalém V Distribuição natural: Regiões semi-áridas da América do Norte. Impactos: Compete com a flora nativa, resultando em perda Forest Starr and Kim Starr expressiva da biodiversidade local. Observações: É possível observar maciços populacionais em margens e leitos de lagoas e açudes temporários, locais preferenciais de invasão da espécie. Em Sossego, na Paraíba, foram contabilizados 1.493 indivíduos da espécie em uma área de 3 mil m². W Referências: Oliveira et al. (2007). Dodonaea viscosa Vassoura-vermelha W Distribuição natural: De São Paulo ao Rio Grande do Sul, em vegetação de restinga e em dunas mais próximas ao mar. Observações: Invasora na Colômbia, na Polinésia Francesa e na Namíbia. A espécie adapta-se a uma grande variedade de solos, inclusive rochosos e secos, sendo muito resistente a períodos prolongados de seca. Referências: Instituto Hórus (2009). 60
  • 62. ERVAS Urochloa sp. Braquiária Distribuição natural: África (regiões tropicais). Impactos: Compete com a vegetação nativa durante a regeneração, comprometendo o processo de sucessão natural. Observações: Invade áreas de formações abertas, bem como ambientes degradados e áreas de pastagens. Referências: Instituto Hórus (2009). Urochloa stolonifera Braquiária Distribuição natural: África (regiões tropicais). Impactos: Compete com a vegetação nativa em regeneração, comprometendo o processo de sucessão natural. Observações: Invade áreas de formações abertas, bem como Forest Starr and Kim Starr ambientes degradados e áreas de pastagens. É invasora nos Estados Unidos, na Austrália (porção norte), na Índia, no Sri Lanka, em Mianmá, na Tailândia, na Indonésia e nas Ilhas Fiji. Referências: Instituto Hórus (2009). X Arundo donax Fores Starr Starr Kim and t Cana-brava X Distribuição natural: Ásia e Europa. Impactos: Pode formar densos aglomerados devido à reprodução vegetativa e, por isso, ocupa áreas extensas, excluindo a vegetação nativa e a fauna a ela associada, interferindo também na disponibilidade hídrica em ambientes áridos. Observações: Fragmentos dos rizomas são facilmente transportados pelos cursos de água, originando novos pontos de invasão em longas distâncias. Referências: Instituto Hórus (2009), Siqueira (2006). Echinochloa crus-galli Canarana, Capim-arroz Y Distribuição natural: Europa, África e Ásia. Forest Starr and Kim Starr Impactos: Desloca espécies nativas do ambiente natural, especialmente em formações vegetais abertas. Observações: Invade ambientes tropicais abertos e áreas degradadas em todo o mundo. Invasora em mais de 20 países. Referências: Instituto Hórus (2009). Y Urochloa humidicola Capim-agulha Distribuição natural: África Tropical (regiões leste e sudeste). Impactos: Invade e domina áreas desmatadas e áreas úmidas; obstrui pequenos cursos de água, prejudicando a qualidade da água e da fauna aquática; dificulta o restabelecimento da vegetação florestal e a substituição da vegetação nativa. Observações: Invasora em muitos estados no Brasil, em Fiji, em Niue, em Kiribati e nos Estados Unidos (Flórida). Referências: Instituto Hórus (2009). Andropogon gayanus Capim-andropogon Z Forest Starr and Kim Starr Distribuição natural: Da costa oeste do Senegal até o leste do Sudão, Moçambique, Botsuana, Namíbia e África do Sul. Impactos: A savana invadida pela A. gayanus tem capacidade de combustão 7 vezes maior do que aquela ocupada por espécies nativas. Dessa forma, a espécie altera os ciclos naturais de fogo e, consequentemente, a estrutura da vegetação em regeneração. Z Observações: Apresenta excelente adaptação a solos ácidos e de 61
  • 63. baixa fertilidade, desenvolvendo-se melhor em solos profundos e bem drenados. O cultivar Planaltina escapa do cultivo com facilidade e tende a ocupar ambientes marginais e perturbados no Distrito Federal e em Goiás. As demais espécies do gênero são daninhas, encontradas em quase todo o território nacional. Invasora no norte da Austrália. Referências: Instituto Hórus (2009). Cynodon dactylon Capim-bermuda Aa Distribuição natural: África Oriental e do sul da Europa. Impactos: Compete com espécies nativas e agrícolas por espaço, umidade, nutrientes e oxigênio. Essa espécie é um problema comum Forest Starr and Kim Starr em culturas de algodão, amendoim, café, espécies cítricas, fumo, entre outras. Observações: Ocorre comumente em áreas degradadas, tais como beira de estradas, terrenos baldios e locais úmidos e com altos níveis de nitrogênio. Invasora na Austrália, na Nova Zelândia, nas Filipinas, em Camboja, em Cingapura, na Tailândia, no Vietnã, em Tonga, nas Ilhas Salomão, em Samoa, nas Ilhas Galápagos, no Chile, na Colômbia, Aa em El Salvador, na Guatemala, em Honduras, na Nicarágua, no Peru, no México, no Havaí, na Micronésia, nas Ilhas Fiji, na Polinésia Francesa, nas Ilhas Guam, em Kiribati, nas Ilhas Marshall, em Nauru, na Nova Caledônia, em Niue, em Palau e na Malásia. Referências: Instituto Hórus (2009). Urochloa decumbens Capim-braquiária Distribuição natural: África do Sul. Impactos: Invasora agressiva de áreas de Cerrado, causando dominância sobre o ambiente. Forma densas touceiras e expulsa as espécies nativas de seu hábitat. Na Amazônia, a planta ocorre em terra firme, em solos argilosos ou areno-argilosos. Observações: Invasora no Equador (arquipélago de Galápagos). Forest Starr and Kim Starr Referências: Instituto Hórus (2009), Kissmann (1997). Cenchrus ciliaris Capim-búfalo Ab Distribuição natural: África, Índia, ilhas Canárias e Madagascar Impactos: Forma densas touceiras que impedem a permanência e Ab deslocam espécies nativas, deixando-as mais suscetíveis ao fogo. Há evidências de alelopatia sobre espécies nativas. Observações: Invasora na Austrália, em Fiji, na Nova Caledônia, nos Estados Unidos (sudoeste e Havaí), no México, na Macronésia e em Tonga. Referências: Instituto Hórus (2009), Nurdin e Fulbright (1990). Urochloa maxima (*) Capim-colonião Ac Distribuição natural: Congo, Tanzânia, Guiné, Quênia, Zimbábue, Índia . Impactos: Forma densos aglomerados em ecossistemas abertos e em áreas degradadas. Pode suprimir ou competir com a flora local em solos férteis, provocando acúmulo de biomassa morta, o que funciona como uma boa fonte de combustível para incêndios. Forest Starr and Kim Starr É resistente ao fogo e rebrota vigorosamente após incêndios, sendo capaz de deslocar outras espécies exóticas invasoras, como o capim-gordura (Melinis minutiflora) e o capim-jaraguá (Hyparrhenia rufa). Observações: Invasora em mais de 40 países. Há referências de que seja um problema em mais de 20 tipos de culturas. Ac Referências: Instituto Hórus (2009). (*) Outros nomes aceitos para a espécie: Megathyrsus maximus e Panicum maximum. 62
  • 64. Pennisetum purpureum Capim-elefante Ad Distribuição natural: África tropical. Impactos: Forma densos povoamentos, especialmente em áreas úmidas, onde domina o espaço de espécies nativas. Forest Starr and Kim Starr Observações: Invade áreas encharcadas, canais e outras áreas úmidas. É invasora em mais de 20 países. Referências: Instituto Hórus (2009) Melinis minutiflora Ad Capim-gordura Ae Distribuição natural: África. Impactos: Cresce sobre a vegetação herbácea nativa, causando sombreamento e morte dessa vegetação e, assim, deslocando espécies nativas de flora e fauna. Também gera aumento da quantidade de incêndios no Cerrado, com eliminação tanto das Forest Starr and Kim Starr plantas nativas quanto do banco de sementes preexistentes no solo. Em pesquisa realizada na Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília, detectou-se que a invasão por esta espécie interfere no crescimento de espécies nativas, especialmente da Cecropia pachystachya. Observações: Invade preferencialmente áreas degradadas e Ae ecossistemas abertos e ensolarados. É fortemente invasora em locais recém-queimados, pois rebrota vigorosamente após os incêndios. Referências: Instituto Hórus (2009). Digitaria eriantha Capim-pangola Af Forest Starr and Kim Starr Distribuição natural: África do Sul. Impactos: Altamente agressiva, com relatos de problemas em 60 países, infestando mais de 30 culturas de importância econômica. Espécie particularmente hábil no processo de competição, causando danos em culturas anuais e em viveiros. Também apresenta efeitos alelopáticos sobre várias plantas cultivadas. Af Observações: Invade áreas degradadas, áreas agrícolas e vegetação campestre. É invasora no México. Referências:Instituto Hórus (2009), Kissmann (1997). Coleostephus myconis Cravo-de-defunto Ag Distribuição natural: Região mediterrânea. Impactos: Cresce em alta densidade e, por dominância, desloca as espécies nativas. Observações: Tolerante a geadas, invade terrenos baldios, Alvesgaspar pastagens, hortas e beira de estradas. Prefere solos modificados, Ag bem drenados e com boa incidência de luz. Invasora no Japão e na região da Galícia. Referências: Instituto Hórus (2009). Impatiens walleriana Maria-sem-vergonha, beijo Ah Distribuição natural: África (Tanzânia a Moçambique). Forest Starr and Kim Starr Impactos: Domina completamente áreas sombreadas, especialmente em ambientes úmidos, deslocando plantas nativas de sub-bosque . Observações: A espécie domina o sub-bosque das florestas de araucárias (Araucaria angustifolia) em todos os 3 estados do Sul do Brasil. Referências: Instituto Hórus (2009), Reaser et al. (2005). Ah 63 Ah
  • 65. Furcraea foetida Pita, piteira Ai Distribuição natural: norte da América do Sul e América Central. Impactos: Avança sobre áreas rupestres, deslocando bromélias e vegetação rupestre. Quando em alta densidade, impede o deslocamento da fauna.. Observações: Invasora nos Estados Unidos (Havaí), nas Ilhas Fiji, nas Ilhas de Santa Helena e nas Ilhas Maurício. Referências: Instituto Hórus (2009). Forest Starr and Kim Starr Agave sisalana Sisal Distribuição natural: México (Península de Yucatán). Impactos: Expulsão de espécies nativas por ocupação do espaço e adensamento. Observações: Invade preferencialmente regiões costeiras. Ai Invasora em ilhas e em arquipélagos no Oceano Pacífico (Havaí, Polinésia, Micronésia), na África do Sul e na Austrália. Referências: Instituto Hórus (2009). Cyperus rotundus Tiririca, alho-bravo Aj Distribuição natural: Provavelmente originária da Índia. Impactos: Os indivíduos desta espécie produzem toxinas que afetam a germinação, a brotação e o desenvolvimento de outras espécies. A espécie também pode ser hospedeira alternativa para fungos do gênero Fusarium e para diversas espécies de nematoides. Forest Starr and Kim Starr Observações: Invade hortas, jardins, pomares e lavouras. Invasora em Samoa, na Austrália, na Nova Zelândia, em Niue, nas Ilhas Cook, nas Ilhas Galápagos, na Micronésia, em Fiji, na Polinésia Francesa, em Guam, no Havaí, em Kiribati, nas Ilhas Marshall, em Nauru, na Nova Caledônia, em Palau, nas Filipinas, em Samoa, em Tonga, no Camboja, no Chile, na China, na Aj Colômbia, na Indonésia, no Japão, na Malásia, no México, em Brunei, no Peru, em Singapura, na Tailândia, no Vietnã e nas Ilhas Maurício. Referências: Instituto Hórus (2009). Tradescantia zebrina Trapoeraba-roxa, lambaril Distribuição natural: América Central e México. Impactos: Dificulta a regeneração natural de espécies nativas. Observações: Invade preferencialmente os sub-bosques de formações florestais em regeneração, alterando as condições para o estabelecimento de plântulas de espécies nativas. É invasora nos Estados Unidos (Havaí), no Equador (Arquipélago de Galápagos), em Fiji, nas Ilhas Cook e na França (Polinésia Francesa). Referências: Instituto Hórus (2009), Toledo Filho et al. (2008). 64
  • 66. TREPADEIRA Cryptostegia grandiflora Alamanda-roxa Ak Distribuição natural: Sudoeste de Madagascar. Impactos: Desenvolve-se sobre as copas de árvores nativas, impedindo a passagem de luz e levando-as à morte por Forest Starr and Kim Starr sombreamento excessivo, pelo peso de sua cobertura e/ou por asfixia, quando os ramos se enrolam ao redor dos troncos. A redução da intensidade luminosa também limita ou até anula a regeneração natural. Observações: Invasora na Austrália, no leste da África, no Egito, no Marrocos, nas Ilhas Maurício, na Índia, no sudeste da Ásia, no Ak México, nos Estados Unidos, na França (Nova Caledônia) e nas Ilhas Fiji. Referências: Instituto Hórus (2009) 65
  • 67. 7.3. Maiores ameaças de plantas Nim – Azadirachta indica (Caatinga; Instituto Hórus, 2009). No Brasil, a A espécie popularmente conhecida como nim espécie também já tem se disseminado em é uma árvore nativa da Índia e do sudoeste formações vegetais tropicais, como na Floresta asiático que foi introduzida no Brasil na década Amazônica, e é hoje uma ameaça à diversidade de 1980 pelo Instituto Agronômico do Paraná biológica na Bacia do Rio Xingu, onde já é (Iapar) por meio de sementes originárias das possível observar processos de invasão em Filipinas e, posteriormente, teve seu cultivo florestas ciliares (G. Durigan, com pess.). Na implantado nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste Região Nordeste, há 259 ocorrências de nim e Centro-Oeste (Bittencourt, 2006). registradas na Base Nacional de Dados sobre Espécies Exóticas Invasoras, incluindo o O nim é amplamente utilizado como uma Arquipélago de Fernando de Noronha. espécie para agroflorestas, uma vez que suas sementes contêm substâncias que podem ser O nim tem capacidade para alterar a usadas na produção de pesticidas naturais, não estrutura de ecossistemas abertos, causando agressivos ao meio ambiente (Gisp, 2005). significativa perda de espécies por Entretanto, essa espécie mostrou-se altamente sombreamento e pela alta densidade invasora em outras partes do mundo onde foi populacional. Libera fitoquímicos no solo e inibe introduzida. Em Gana, na África Ocidental, as a germinação de espécies nativas (alelopatia), perdas na agricultura e os impactos ambientais exercendo dominância ao longo do tempo provocados por esta espécie excedem qualquer mesmo em ambientes florestais. Pode ainda benefício econômico (Gisp, 2005). A espécie alterar o regime hídrico local (Gist, 2009), representa um fator de prejuízo a fazendeiros, a especialmente em regiões de baixa pluviosidade. quem faltam recursos para realizar o controle A eficácia no controle é pouco viável, dada a em áreas invadidas, que incluem áreas de cultivo dispersão por aves e morcegos. agrícola e de uso pastoril, trazendo impactos econômicos e sociais. A Reserva de Fauna Shai Mamona – Ricinus communis Hills Game, em Gana, tinha, já em 2005, 60% de A mamona é uma espécie arbustiva bastante sua área completamente dominada pelo nim a comum em todo o Brasil, principalmente no partir de um processo de invasão (Instituto Nordeste brasileiro. As informações a respeito Hórus, 2009 – Bright Kankam, com. pessoal). de sua origem ainda permanecem controversas, uma vez que muitos pesquisadores acreditam Atualmente, a espécie é invasora em que essa espécie seja originária do continente ecossistemas diversos, desde campos e Cerrados africano, com a Etiópia e a região do leste da até ecossistemas florestais, bem como em áreas África apontados como os centros de diversidade degradadas, pastagens e áreas agrícolas, tendo (Moshkin, 1986), enquanto outros afirmam ser a grande potencial de invasão e de impacto sobre Ásia o centro de origem dessa espécie (Hemerly, ecossistemas naturais na savana estépica 1981). 66
  • 68. Devido à sua extraordinária capacidade de Para melhor aproveitamento dos benefícios adaptação aos diferentes ecossistemas, a espécie oferecidos pela espécie sem acarretar danos aos é disseminada em vários continentes. No Brasil, ecossistemas naturais, a produção do acredita-se que a chegada das sementes tenha biocombustível no Brasil deve ser estabelecida a ocorrido no século XVI, trazida pelos partir de estratégias para o desenvolvimento exploradores europeus para o cultivo e a sustentável. utilização do óleo das sementes para a iluminação das ruas. Hoje em dia, em resposta a uma excelente aclimatação, grandes populações de mamona podem ser observadas em terrenos baldios, áreas agrícolas, proximidades de habitações rurais ou terrenos recentemente revolvidos (Instituto Hórus, 2009). Assim, a ocupação e expansão da mamona são bastante favorecidas pelas perturbações antrópicas. Na Região Nordeste, há 203 ocorrências de mamona registradas na Base Nacional de Dados sobre Espécies Exóticas Invasoras. Com o lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), em 2004, a mamona foi designada pelo Governo Federal como um dos pilares de sua política de inclusão social da agricultura familiar na cadeia produtiva da agroenergia, transformando-a em uma importante alternativa de cultivo para a região do semiárido nordestino, principalmente por ser de fácil adaptação e ter boa resistência a períodos de seca, além de proporcionar trabalho e renda para as populações locais. No entanto, o aumento populacional e a expansão da espécie Além disso, as sementes da mamona contêm para fora das áreas de cultivo têm ocasionado rícino, um alcaloide extremamente tóxico para problemas ambientais, como a perda de animais e seres humanos. As folhas também biodiversidade em ecossistemas abertos devido possuem a toxina, porém em menor ao sombreamento excessivo, a restrição à concentração. Os sintomas da intoxicação em circulação da fauna, além de ocasionar danos animais geralmente aparecem após algumas sociais e econômicos, como a perda de áreas horas ou poucos dias. Quando ingeridas, as utilizadas por produtores para lavouras e sementes podem causar problemas pastagens. gastrointestinais, e as folhas, problemas neuromusculares (Instituto Hórus, 2009). 67
  • 69. baixo número de ocorrências registradas nessa Algaroba – Prosopis juliflora base, encontram-se relatos da dominância da espécie. Segundo Nascimento (2008), essa espécie pode ser observada dominando extensas áreas, e estima-se que 500 mil hectares da Caatinga, ecossistema dominante da Região, estejam invadidos pela algaroba. Segundo Franco (2008), hoje são mais de 10 milhões de indivíduos só na Paraíba, principalmente na região do Cariri. No Nordeste, a algaroba ocorre preferencialmente em locais de clima semiárido, sendo encontrada em densos povoamentos de áreas degradadas, agrícolas e de pasto, como também ao longo de canais de irrigação e nas proximidades de açudes (Lima et al., 2002). A A espécie arbórea conhecida no Nordeste espécie também é frequente invasora em matas como algaroba ou algarobeira é originária dos ciliares e baixadas sedimentares (Pegado et al., Estados Unidos e do México (Lorenzi et al., 2006; Franco 2008). Assim, a ocupação e a 2003). Foi introduzida no Brasil em 1942, em expansão da algaroba são bastante favorecidas Serra Talhada, Pernambuco, por meio de pelas perturbações antrópicas e pela sementes trazidas do Peru (Azevedo, 1961), e, proximidade de cursos de água (Lins e Silva, alguns anos depois, outras sementes trazidas do 1997). Sudão foram introduzidas em Angicos, Rio O sucesso da algaroba como invasora pode Grande do Norte, em 1948 (Lima e Silva, 1991). estar relacionado com a produção massiva de Primeiramente, a espécie foi introduzida com sementes e a sua eficiente dispersão. As finalidade de plantio para suplementação sementes podem ser dispersas a longas alimentar do gado (Nobre, 1982); distâncias. Já em escala local, são os animais, posteriormente, a espécie foi difundida na região tanto de criação quanto selvagens, que como alternativa econômica para forragem e disseminam as sementes após comerem os produção de madeira e lenha (Pegado et al., frutos. Outro fator que contribui para o sucesso 2006), o que favoreceu a sua disseminação da invasão da espécie é a capacidade da semente intencional em vários municípios na região. de permanecer dormente por até 10 anos no solo A maior distribuição da espécie encontra-se (Gisp, 2005). na Região Nordeste (Lima e Silva, 1991), onde há Devido às suas características de ocupação e 179 ocorrências de algaroba registradas na Base à formação de aglomerados populacionais, a de Dados Nacional sobre Espécies Exóticas algaroba pode esgotar reservas vitais de água em Invasoras, incluindo o Arquipélago de Fernando ambientes onde esse recurso é escasso, de Noronha. Entretanto, contrapondo-se ao 68
  • 70. tornando-o, dessa forma, indisponível para as Leucena – Leucaena leucocephala espécies nativas (Gisp, 2005). Além disso, essa A leucena é uma espécie arbórea, nativa do espécie ameaça negativamente a biodiversidade México e da América Central, que teve seu local pela exclusão da vegetação nativa (Gisp, cultivo fortemente promovido por organizações 2005). Recentemente, foi demonstrado que internacionais devido à sua utilidade como fonte áreas de Caatinga na Paraíba invadidas pela de forragem e lenha (Gisp, 2005). Nominada algaroba são mais pobres em espécies arbóreas e árvore milagrosa nos primeiros anos do seu arbustivas nativas (Pegado et al., 2006) e têm cultivo global, essa espécie — de crescimento menor abundância de indivíduos na regeneração rápido, fixadora de nitrogênio e bastante desses dois grupos (Andrade et al., 2008) do que tolerante à seca — foi vista como fonte em áreas onde a espécie não está presente. Em alternativa de alimentação para animais de outro estudo, Nascimento (2008) verificou que a criação, principalmente em locais onde esses presença de algaroba aumenta a mortalidade da recursos são escassos (Gisp, 2005). Mimosa tenuiflora, Erythrina velutina, Como consequência, a espécie apresenta-se Caesalpinia microphylla e Caesalpinia férrea — distribuída na maior parte das regiões tropicais espécies nativas da Caatinga — em experimentos e subtropicais do planeta. Atualmente, está de competição simulada. Assim, observa-se que a amplamente disseminada na América do Sul, presença dessa espécie pode comprometer a onde foi introduzida na maioria dos países. No sobrevivência e a regeneração das espécies Brasil, é encontrada em quase todos os estados, nativas no ecossistema. sendo bastante frequente nas regiões Sul e Vale ressaltar que, na África do Sul, a Sudeste e, principalmente, na Região Nordeste, algaroba é a espécie exótica invasora que onde é encontrada em áreas de Caatinga. Sua apresenta a segunda maior taxa de consumo de presença no Arquipélago de Fernando de água, sempre apresentando preferência por Noronha é considerada particularmente ambientes ripários e levando ao rebaixamento problemática, pois está em processo de do lençol freático e ao esgotamento de cursos de dominância de grande parte do ambiente água. Estima-se que as espécies do gênero consumam, no país, 191 milhões de metros cúbicos de água por ano, considerando uma área invadida de um 1,8 milhão de hectares (Versveld et al., 1998). A algaroba é bastante valorizada em muitas regiões da América do Sul, razão pela qual a erradicação dessa espécie invasora não é uma opção. Uma possível solução para o conflito de interesses econômicos ou ecológicos em torno da algaroba é o seu controle populacional e o manejo através de plantações agroflorestais (Gisp, 2005). 69
  • 71. terrestre (Gisp, 2005). Segundo os dados da Base e Baruch, 2000). Nessas regiões, essas espécies Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, há têm facilmente escapado dos cultivos e 124 ocorrências de leucena na Região Nordeste. colonizado áreas seminaturais e naturais com rápida taxa de expansão, causando prejuízos Essa espécie invasora pode formar ecológicos que comprometem a estabilidade dos aglomerados monoespecíficos, substituindo a ecossistemas (Williams e Baruch, 2000). vegetação natural, o que dificulta a circulação da fauna nativa e expõe o solo à erosão. Essa Em muitos casos, a introdução intencional de espécie compõe a lista das 100 espécies espécies exóticas representa importantes invasoras mais agressivas do mundo (ISSG, s/d). benefícios para a economia local e regional das A leucena é comumente encontrada ao longo de áreas onde foram introduzidas, e, na maioria margens de rodovias, em áreas degradadas, desses casos, os atributos que fazem com que agrícolas e de pastagens, além de ser elas tragam benefícios econômicos são os frequentemente observada invadindo bordas de mesmos que as tornam invasoras (Arraiga et al., florestas e margens de rios (Instituto Hórus, 2004). Dessa forma, novas introduções podem 2009). A dominância exercida também impede a significar recursos econômicos imediatos para a regeneração natural da vegetação nativa, como é região, mas, posteriormente, podem acarretar o caso da Floresta Nacional de Pacotuba, situada sérios danos ecológicos ao hábitat (Sakai et al., no município de Cachoeiro de Itapemirim, 2001), o que também pode comprometer direta Espírito Santo, onde sua presença prejudica o e indiretamente os benefícios econômicos desenvolvimento do plantio realizado para a trazidos (Lonsdale, 1994). recuperação da área (Xavier e Moreno, 2008). Na América do Sul, a região semiárida do A espécie pode também ter impactos Nordeste do Brasil foi alvo de um grande negativos sobre animais não ruminantes que número de introduções intencionais de consomem as folhas e sementes, uma vez que o gramíneas (Cox et al., 1998). Devido às alto teor do aminoácido mimosina presente condições ambientais, foram introduzidas na nessas estruturas, quando consumidas em região espécies de fácil estabelecimento, grandes quantidades, pode provocar problemas resistentes à seca e com alta produtividade à saúde dos animais (Instituto Hórus, 2009). (Williams e Baruch, 2000), tais como Cenchrus ciliaris (capim-búfalo), Melinis minutiflora Gramíneas (capim-gordura) e, mais recentemente, O histórico de introdução das espécies de Andropogon gayanus (capim-andropogon), gramíneas oriundas das savanas do continente Pennisetum purpureum (capim-elefante), africano é bastante antigo e teve como principal Digitaria eriantha (capim-pangola) e várias motivação o cultivo para produção de forragem espécies do gênero Urochloa — em sua maioria para o gado (Cox et al., 1988). Um número conhecidas como braquiárias (Bogdan, 1977; considerável de gramíneas foi introduzido Williams et al., 1995). Atualmente, todas essas intencionalmente em várias localidades do espécies são consideradas invasoras em mundo, especialmente nas regiões semiáridas e diferentes formações vegetais do Nordeste áridas das Américas do Norte e do Sul (Williams brasileiro, sendo comumente responsáveis por 70
  • 72. promoverem danos ecológicos e econômicos aos utilizadas. Então, o desenvolvimento de práticas ecossistemas dessa região (Corrêa, 1975; para a redução da expansão e o estabelecimento Lorenzi, 2008). de novas populações e, consequentemente, dos seus impactos negativos no ambiente são A conversão de ecossistemas naturais em considerados como medidas alternativas de ambientes antropizados, como áreas urbanas ou controle das espécies exóticas invasoras (IUCN, destinadas à agropecuária, aumenta a 2000). disponibilidade de recursos limitados e gera constantes oportunidades para a colonização de Seguem, abaixo, informações sobre algumas espécies e para o crescimento populacional de das gramíneas exóticas invasoras presentes em espécies tolerantes às novas condições impostas áreas naturais da Região Nordeste. (Hobbs, 2000). D’Antonio e Meyerson (2002) afirmam que espécies exóticas invasoras tendem Capim-búfalo – Cenchrus ciliaris a ser as primeiras a recolonizar ambientes após Conhecida popularmente como capim-búfalo, distúrbios, agindo como espécies pioneiras, essa espécie, originária da África, do Oriente mesmo quando não estavam presentes na Médio e da Índia, foi introduzida no Brasil em comunidade antes, e, a partir daí, devem alterar 1952, em São Paulo, objetivando-se a produção os processos sucessionais. de forragem e pasto para criações de gado (Instituto Hórus, 2009). Como não se obteve Espécies das famílias Poaceae e Fabaceae são sucesso em São Paulo, foi levada para a Região grandes colonizadoras de áreas degradadas e Nordeste, onde atualmente é considerada a antropizadas. Acredita-se que por características espécie de maior potencial forrageiro. expressas por fatores fisiológicos, tais como a Atualmente, há registros de invasão da espécie fotossíntese C4 nas plantas da família Poaceae e em todos os estados da Região Nordeste do a fixação de nitrogênio nas plantas da família Brasil, principalmente em áreas de Caatinga. Fabaceae, determinantes para a colonização A espécie é utilizada para incrementar a bem-sucedida em locais com alta incidência de produção pecuária nas áreas tropicais e radiação solar e com solo pobre em nutrientes subtropicais secas das Américas (Gisp, 2005) e e/ou matéria orgânica. Essas famílias também facilmente tende a se alastrar para as áreas que são as mais representativas dentro do universo circundam os locais de pastagem, onde costuma de plantas exóticas invasoras no Brasil. alimentar incêndios, geralmente não tolerados Devido à rápida expansão e à grande área de pelas espécies nativas (Gisp, 2005; Instituto ocupação das gramíneas na Região Nordeste, Hórus, 2009). Adicionalmente, há evidência de tornam-se necessárias estratégias de manejo e ação alelopática, uma vez que lixiviados de folhas controle para minimizar os danos causados pelas e raízes dessa espécie reduziram as taxas de espécies exóticas após seu estabelecimento em germinação das sementes e o comprimento da áreas naturais e seminaturais. Por outro lado, a raiz de espécies nativas (Nurdin e Fulbrigth, erradicação completa geralmente não é possível 1990). para as espécies exóticas invasoras já amplamente difundidas e constantemente 71
  • 73. Braquiárias – Urochloa sp. América do Sul, a espécie foi introduzida pelos Popularmente conhecidas como braquiárias, portugueses e espanhóis durante o século XVI. as espécies do gênero Urochloa estão Posteriormente, em meados da década de 1950, amplamente disseminadas em todo o Brasil, plantações de dendezeiros foram estabelecidas onde foram introduzidas principalmente como em várias partes do continente. Atualmente, a forragem para gado (Instituto Hórus, 2009). Há, espécie é invasora em muitas ilhas do Pacífico, atualmente, registros de invasão de espécies do bem como em diversas partes da América do Sul, gênero Urochloa em quase todas as formações especialmente nas florestas do Nordeste vegetais ocorrentes nos diferentes ecossistemas brasileiro (Gisp, 2005). brasileiros, incluindo áreas de campos, Cerrados, A introdução da espécie no Brasil ocorreu áreas úmidas e áreas florestais desmatadas ainda no século XVII, provavelmente feita pelos (Instituto Hórus, 2009). escravos africanos. A principal região de Essas espécies facilmente escapam das áreas ocorrência de invasão da espécie no Brasil é a de pastagem e passam a invadir ambientes Bahia, estendendo-se ao sul para o Espírito naturais, onde tendem a substituir e excluir Santo, ao norte até Pernambuco e ao oeste até o gramíneas nativas superiores em termos de Acre, possivelmente chegando a outras regiões. qualidade da forragem produzida. Da mesma O dendezeiro comumente invade fragmentos forma, seu emprego para revegetação de taludes de florestas, especialmente as áreas de florestas ao longo das rodovias potencializa ainda mais ciliares, formando adensamentos populacionais. sua dispersão a grandes distâncias (Instituto Adicionalmente, as plantações de dendezeiros Hórus, 2009), como ocorre com frequência às são responsáveis pela modificação de hábitats margens de rodovias no Rio Grande do Sul, onde naturais, desalojando espécies nativas de flora e o estabelecimento de braquiárias já constitui um de fauna (Gisp, 2005). Estudos realizados na sério risco à produtividade pastoril dos campos Malásia indicam que dendezeiros também sulinos. servem de abrigo para espécies exóticas de Problemas ambientais causados pela invasão formigas que se alimentam principalmente da das braquiárias advêm da exclusão de espécies flora nativa (Pfeiffer et al., 2008). nativas, o que leva à perda da biodiversidade. Em Dos frutos da palmeira, extrai-se o óleo, que é ambientes florestais convertidos em pastagens, amplamente utilizado na fabricação de observa-se que espécies de braquiárias, uma vez cosméticos e chocolate e na culinária em geral. estabelecidas como invasoras, dificultam a Atualmente, vem sendo empregado como regeneração florestal por sufocar mudas em biocombustível. Estima-se que, apenas no Estado desenvolvimento (Instituto Hórus, 2009). da Bahia, existam 20 mil hectares de dendezeiros subespontâneos (Moura et al. 2008), ou seja, que Dendezeiro – Elaeis guineensis não foram plantados. Essa ocupação poderia ser O dendezeiro, nativo das florestas tropicais caracterizada como uma invasão biológica, da costa oeste da África (costa da Guiné), foi porém, como se dá em áreas manejadas em largamente introduzido para cultivo em regiões regime extrativista, passa a ser considerada uma tropicais em todo o mundo (Gisp, 2005). Na 72
  • 74. área produtiva. O problema ocorre quando as em 2004, o dendezeiro foi apontado como palmeiras invadem áreas destinadas à alternativa de cultivo para a região do semiárido conservação, principalmente de matas ciliares, nordestino, visando a produção de muitas vezes enquadradas como Áreas de biocombustível. No entanto, a expansão da área Preservação Permanente. de cultivo da espécie e sua invasão para fora dessas áreas têm ocasionado problemas Um elemento agravante no processo de ambientais, como a perda da biodiversidade. estabelecimento e invasão do dendezeiro é a sua associação com um inseto exótico chamado Elaeidobius subvittatus (Curculionidae), possivelmente introduzido no Brasil no século XVI, através do mesmo tráfego negreiro que trouxe a palmeira. E. subvittatus distingue-se das espécies nativas como polinizadora mais eficiente por apresentar maior capacidade de transportar pólen. Em outras regiões do mundo onde as espécies do gênero Elaeidobius não estão presentes, muitas vezes a polinização da palmeira precisa ser feita manualmente, para tornar a produção de óleo economicamente viável (Moura et al. 2008). Nos últimos anos, o cultivo de dendezeiro está entre os cultivos de mais rápida expansão. Globalmente, a área destinada ao plantio de dendezeiros aumentou 43% entre 1990 e 2002 Conforme previsto no art. 5º da Deliberação (Wakker, 2004). As políticas governamentais da Comissão Nacional de Biodiversidade, de 25 têm facilitado essa expansão. No Brasil, a de junho de 2008, a escolha das espécies Comissão Executiva do Plano da Lavoura vegetais a serem cultivadas para a produção de Cacaueira (Ceplac) e a Embrapa Amazônia biocombustíveis deve priorizar o Oriental introduziram, em 1994, na região de aproveitamento de espécies nativas, com o Una, Bahia, outra espécie do gênero, a E. potencial econômico próprio de cada um dos kamerunicus, reconhecida em diversas partes do biomas brasileiros, conforme levantamento mundo como a polinizadora mais eficiente do realizado no âmbito do projeto Plantas para o dendezeiro. De fato, a introdução dessa última Futuro, e, ainda, deve considerar o potencial espécie resultou em um incremento de 19% na invasor de espécies a serem cultivadas para a fecundação, passando de uma média de 60% de produção de biocombustíveis como fator de fecundação para uma média de 79%, segundo exclusão, por meio de avaliação de risco. dados analisados por Moura et al. (2008). Mais De acordo com o Gisp (2008), a Elaeis recentemente, com o lançamento do Programa guineensis está na categoria das espécies que Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), 73
  • 75. têm sido utilizadas para a produção de al., 2008). O projeto, entretanto, teve que ser biocombustíveis e que são reconhecidamente interrompido por conta de uma denúncia que invasoras. Sendo assim, entende-se que a resultou em uma ação civil pública contra o produção do biocombustível no Brasil deveria Parque. Provavelmente, a divulgação do ser estimulada considerando-se os riscos de trabalho, visando esclarecer a população, teria invasão das espécies a serem cultivadas em evitado esse constrangimento para a direção do grande escala, visando um melhor Parque. aproveitamento dos benefícios oferecidos pelo setor sem acarretar danos aos ecossistemas naturais. Jaqueira – Artocarpus heterophyllus A jaqueira, espécie arbórea originária da Índia e da Malásia, é encontrada ocupando áreas de florestas, onde substitui a vegetação nativa, reduzindo hábitats para a flora e a fauna nativas. Além disso, impede a germinação de sementes das espécies nativas por ação alelopática. Essa espécie adapta-se facilmente a uma grande diversidade de ambientes, e seus frutos servem como alimento para muitas espécies de animais nativos (Gisp, 2005; Instituto Hórus, 2009). A jaqueira tem papel de destaque no contexto do Parque Nacional da Tijuca. A espécie foi introduzida no Brasil exatamente no Rio de Janeiro, no início do século XIX e, ao longo do último século, expandiu-se e colonizou o ambiente, dominando a vegetação da Floresta da Tijuca. A previsão era de que, se nenhuma medida de contenção fosse tomada, em poucas décadas a floresta do Parque se tornaria uma grande plantação de jaqueiras, perdendo espécies nativas da flora e, consequentemente, da fauna. Em 2000, por meio de um projeto de erradicação das espécies exóticas do Parque, foram iniciados o controle das populações de jaqueiras, além de outras plantas exóticas, e sua progressiva substituição por espécies nativas, entre elas o palmiteiro (Euterpe edulis; Santos et 74
  • 76. PARTE TRÊS 75 MANEJO E POLÍTICAS PÚBLICAS CONTEXTUALIZAÇÃO
  • 77. 76
  • 78. 8. Diretrizes para o manejo de espécies exóticas invasoras em áreas naturais terrestres As estratégias para lidar com a problemática identificar um novo potencial foco de invasão e mundial de invasões biológicas ocasionadas por erradicá-lo de imediato, sem maiores custos e espécies exóticas nos mais diversos contextos em um curto intervalo de tempo. A resposta estão associadas, em primeira instância, à rápida para prevenir a introdução, o prevenção, detecção precoce e resposta rápida, estabelecimento ou a expansão de espécies sendo seguidas por estratégias de erradicação e exóticas invasoras é apropriada mesmo se não controle. houver certeza de seus impactos em longo prazo A prevenção é a primeira linha de defesa (IUCN, 2000). contra processos de invasões biológicas, Quando espécies exóticas são introduzidas e justamente por ser a mais efetiva do ponto de se estabelecem em ambientes naturais, as vista biológico e a que oferece a melhor relação principais estratégias de manejo para lidar com custo-benefício em termos financeiros. As o problema são a erradicação e o controle, sendo ferramentas e os mecanismos de prevenção que um programa de controle pode ser devem ser voltados a impedir ou ao menos composto por medidas para conter a dispersão reduzir o número de introduções, sejam elas da espécie (contenção), reduzir sua abundância e voluntárias ou acidentais. sua densidade e/ou mitigar seus impactos. Conforme disposto na Convenção As opções de controle e erradicação devem Internacional da Diversidade Biológica (CDB), o ser avaliadas, e a definição da estratégia de Princípio da Precaução sempre deve ser manejo a ser adotada deve ser feita em função da aplicado: a não ser que exista evidência probabilidade de sucesso, dos custos e dos contundente de que uma espécie não trará impactos negativos atuais e potenciais danos, deve-se assumir que trará consequências provocados pela espécie-alvo. Estudos de casos indesejáveis. Esse princípio pode ser usado para, de programas de manejo bem-sucedidos podem por exemplo, a tomada de decisão para ser utilizados como diretrizes, mas introduções voluntárias — especialmente de generalizações não devem ser feitas, e cada espécies que apresentem histórico de invasão situação deve ser avaliada independentemente em outros locais — e para a definição de quais para a determinação de um programa ou plano medidas de manejo serão exigidas para se de manejo adequado e específico. evitarem introduções acidentais. Em qualquer programa de manejo de Caso as iniciativas focadas em prevenção espécies exóticas invasoras, é fundamental que tenham falhado e espécies tenham sido se tenha em mente que o objetivo maior e final introduzidas, redes e ações de detecção precoce do programa nunca vai ser controlar ou e resposta rápida são fundamentais para se erradicar uma ou mais espécies, mas, sim, 77
  • 79. conservar ou restaurar ecossistemas e seus extinção. Manejar espécies exóticas invasoras é serviços, hábitats e/ou espécies nativas, somente um meio para se atingir um fim de principalmente as endêmicas e ameaçadas de conservação ambiental. 8.1 Partindo para a ação Diagnóstico Em uma Unidade de Conservação de Proteção Além da parte de levantamento e Integral — como um parque nacional, por mapeamento feitos em campo, é fundamental exemplo —, o diagnóstico em campo pode ser que sejam levantadas algumas informações em feito por meio de um levantamento e referências bibliográficas, sejam elas artigos mapeamento das ocorrências de espécies científicos, publicações técnicas, websites, bases exóticas na unidade e em seu entorno. O de dados on-line, etc. Essas informações e o mapeamento pode ser feito com o uso de um levantamento realizado em campo vão fornecer GPS, por meio do qual devem ser a base necessária para a tomada de decisão da georreferenciadas todas as ocorrências de estratégia a ser adotada em um programa de populações e/ou indivíduos isolados de espécies manejo para uma espécie ou para uma área. exóticas invasoras, bem como o tipo de ambiente Por meio das informações levantadas em invadido, a densidade e a situação de invasão em literatura e em campo, devem ser respondidas cada ponto de ocorrência. O importante é que se questões como as que seguem abaixo. consiga identificar onde as espécies estão e qual a gravidade da invasão em cada ponto de ocorrência. Aspectos Questões a serem respondidas Introdução da Quando a espécie chegou à região? espécie Por que chegou? Como chegou? Pode chegar novamente? Dispersão A espécie tem sido dispersa na região? Se sim, tem sido dispersa por atividades humanas ou por fatores naturais? Quais são seus vetores de dispersão? Quais são suas rotas de dispersão? Uso da espécie A espécie tem algum uso econômico na região? Esse uso é economicamente relevante? Há alguma espécie nativa que possa substituí-la? Distribuição A espécie está amplamente distribuída na região/área-alvo do programa ou está concentrada em poucos ou um único ponto? Caracterização Qual o status de invasão em cada ponto/área/região de ocorrrência? da invasão Qual a densidade em cada ponto/área/região de ocorrência? Há impactos sobre espécies nativas, hábitats ou ecossistemas? Caracterização Há outras espécies exóticas invasoras na área em questão? 78
  • 80. da área Há espécies nativas raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção na área-alvo? Onde estão? Há ecossistemas únicos ou ambientalmente mais relevantes na área-alvo? Onde estão? Características Quais as estratégias reprodutivas utilizadas pela espécie? da espécie Com que idade a espécie começa a gerar descendentes? Quantas vezes a espécie se reproduz em um ano? Em que época(s) do ano a espécie se reproduz? A espécie gera muitos descendentes em cada reprodução? No caso de espécie de planta, qual o tempo de viabilidade do banco de sementes? No caso de animais, a espécie é solitária ou gregária? Histórico de A espécie é invasora em outros locais no mundo? invasão e São locais climaticamente semelhantes à área-alvo? controle São locais com ecossistemas semelhantes ao(s) da área-alvo? A espécie já foi alvo de algum programa de erradicação ou controle? Quais as técnicas utilizadas para tanto? Qual o custo? Qual a duração? Manejo adaptativo lo como oportunidade para conhecer melhor o problema (Zalba e Ziller, 2007). Mesmo que não se tenha resposta para a Essa é a base do manejo adaptativo (Nyberg, maior parte das questões indicadas acima, 1999), um ciclo contínuo de ações, nenhuma medida de manejo deve deixar de ser monitoramento, aprendizagem e ajuste de novas tomada por falta de dados científicos. Ainda que ações que permitem aumentar a eficiência das possa ser arriscado adotar medidas de manejo práticas de controle de espécies exóticas sem que haja informação precisa, não é realista invasoras. No manejo adaptativo, as ações de pensar que estudos científicos genéricos possam controle se organizam como experimentos, contribuir decisivamente para melhorar a deixando claras as consequências esperadas das tomada de decisões (Zalba e Ziller, 2007). No intervenções no caso de o diagnóstico inicial do cenário atual de degradação ambiental, as problema e as premissas sobre o funcionamento decisões geralmente precisam ser tomadas em do ecossistema estarem corretos. caráter de urgência. Abster-se de executar uma ação de manejo é uma decisão cujas Estabelecimento de prioridades para manejo consequências podem ser tão ou mais graves do que fazer algo de forma equivocada (Zalba, O número de espécies estabelecidas excede 2005). nossa capacidade de manejo ao mesmo tempo A chave da questão está, então, em organizar que muitas delas não trazem impactos a estratégia de manejo de forma a enfrentar o significativos. Sendo assim, um dos primeiros problema ao mesmo tempo que se aumenta o passos do manejo é a seleção de casos de invasão conhecimento científico necessário para resolvê- que necessitam de atenção imediata e/ou lo. Essas lacunas de informação podem ser apresentam melhor oportunidade de colocadas como perguntas, e estas, por sua vez, erradicação. irão orientar a formulação de hipóteses que são A definição de prioridades por espécie deve postas à prova pela estratégia de manejo. Pelo ser feita considerando-se o potencial de invasão contrário, deve-se iniciar o controle e aproveitá- 79
  • 81. de cada espécie e sua situação populacional no O processo de priorização pode ser que se refere ao número de indivíduos e ao grau complicado parcialmente porque podem ser de dispersão. Espécies com maior potencial considerados muitos fatores para a sua invasor que ocorrem em pequenas populações, consolidação. Wittenberg e Cock (2001) sugerem espécies de fácil erradicação e indivíduos que esses fatores sejam agrupados em 4 isolados de espécies com alto potencial invasor categorias ou critérios, a saber: ainda sem expressão de invasão são prioridades. 1. Extensão da distribuição das espécies na O estabelecimento de espécies exóticas área-alvo ou em áreas próximas. invasoras em ambientes naturais parece ser 2. Impactos atuais e potenciais das espécies. fortemente favorecido por uma maior 3. Relevância ambiental dos hábitats/áreas degradação e/ou impactos diretos sofridos na que as espécies estão invadindo ou que possam área de ocorrência. Por conseguinte, essas áreas vir a invadir. são as menos prioritárias para controle imediato 4. Dificuldade de controle. se não há recursos para implementar todas as Os critérios são igualmente importantes, mas ações ao mesmo tempo. Por outro lado, devem é necessário ressaltar que o critério 1 (extensão ser alvo de manejo e monitoramento constantes, da distribuição) deve ser especialmente visando a detecção precoce de processos de considerado, pois, a longo prazo, é usualmente invasão e ação imediata nesses casos. mais eficiente destinar recursos para prevenir Estratégias de manejo eficientes necessitam novos problemas ou erradicar invasões ainda de critérios objetivos para se definirem incipientes do que para controlar invasões de prioridades (Rejmánek e Pitcairn, 2003). A grandes extensões (Wittenberg e Cock, 2001). priorização do controle por local de ocorrência Podem ser estabelecidas classes em cada um ou por espécie, por exemplo, tem por objetivo dos critérios, com valores propostos para cada maximizar as oportunidades de erradicação um dos estados ou situações encontrados. Segue, precoce de espécies com potencial invasor e abaixo, um exemplo desse sistema para o critério otimizar esforços de modo a cobrir o máximo de “extensão da distribuição da espécie na área-alvo área, assim como áreas de alta importância ou em áreas próximas”: biológica, no tempo mais curto possível. Classe Descrição Valor atribuído Espécie com alto potencial invasor na região, que ainda não está 1 1 na área-alvo, mas em áreas próximas. Espécie presente na área-alvo ainda em pequenas populações, 2 2 mas que está começando a se expandir rapidamente. Espécie presente na área-alvo em muitos pontos e que continua 3 3 a expandir sua distribuição. Considerando somente o critério descrito prevenir o estabelecimento de novas invasoras acima, as espécies mais prioritárias seriam as na área, seguidas por aquelas que se enquadram que estivessem na classe 1, de modo a primeiro na classe 2, visando eliminar pequenos focos de 80
  • 82. invasão, e por aquelas da classe 3, com o objetivo Estratégias de manejo de reduzir ou conter ou eliminar grandes infestações. São reconhecidas hierarquicamente 3 Sugere-se que o mesmo raciocínio seja estratégias para manejo de espécies exóticas que adotado para os outros critérios, de modo que já têm populações estabelecidas em uma dada seja formada uma matriz ou um sistema simples área: erradicação; contenção e controle; e de priorização. O resultado final obtido pela mitigação de impacto. Segue, abaixo, a descrição soma dos valores e comparado com uma grade dos objetivos de cada estratégia e a ordem de de referência pode estabelecer quais são as áreas prioridade em programas de manejo: e as espécies mais e menos prioritárias para manejo. Prioridade Estratégias de manejo Objetivos Assegurar que nenhum indivíduo da espécie-alvo existirá ao 1 Erradicação final do programa. Apesar de alguns indivíduos ainda estarem presentes, os 2 Controle e contenção mesmos deverão estar em baixa densidade e/ou em menor número, e/ou com sua distribuição contida. Minimizar a severidade dos impactos que uma espécie exótica invasora está causando, mais do que manejar 3 Mitigação de impacto populações da espécie. São ações de curto-prazo e é válido para casos extremos de perda de espécies. A. Erradicação Sendo assim, de maneira geral, diz-se que É a estratégia mais desejável e mais efetiva, programas de erradicação só são factíveis por proporcionar a reabilitação completa do quando as espécies não têm nenhum tipo de uso ecossistema ou hábitat. Entretanto, a viabilidade na região, de modo que não se tenha a chance de de um programa de erradicação deve ser reinvasão, e em casos de invasões iniciais e em cuidadosamente avaliada, uma vez que se espera áreas geográficas isoladas. Ainda nesses casos, que, ao final da execução do programa, não os custos são relativamente altos e também exista mais nenhum indivíduo da espécie nem devem ser considerados para se determinar a possa ocorrer uma reintrodução. Isso pode ser factibilidade de sucesso do programa de especialmente complicado para espécies de erradicação. A maior parte dos exemplos de plantas, já que o banco de sementes pode programas bem-sucedidos de erradicação foi manter-se viável ainda por muito tempo, dando feita em pequenas ilhas, com espécies exóticas origem a novas plantas mesmo depois que as invasoras de vertebrados terrestres. adultas foram eliminadas. Da mesma forma para B. Controle, contenção e mitigação animais: à medida que o tempo vai passando e a Uma vez que a invasão de uma espécie eliminação de indivíduos vai acontecendo, torna- exótica em uma dada área ou região é entendida se mais difícil encontrar os últimos indivíduos de como irreversível, as estratégias de controle uma população, até se ter a garantia de que se podem ser divididas em contenção ou controle chegou ao último. 81
  • 83. propriamente dito. A contenção é uma forma ser implementada por meio de ações de manejo específica de controle que tem como objetivo pontuais e de curto prazo, que são válidas para restringir a espécie exótica invasora a uma área casos extremos de perda de espécies. Pode ser geográfica limitada. A população da espécie pode exemplificada por reintroduções de espécies ser suprimida por meio de diversos métodos nativas e/ou temporadas de pesca de peixes mecânicos e químicos ao longo dos limites da exóticos invasores que tenham eliminado por área definida. Além disso, os indivíduos que completo todas as espécies nativas de um dado porventura estejam se dispersando para fora rio. dessa área devem ser eliminados, e novas Uma vez que a estratégia e as prioridades de introduções fora da área-alvo devem ser manejo foram definidas, deve-se partir para a prevenidas. identificação dos métodos de controle a serem Já o controle propriamente dito promove a utilizados e para a determinação dos parâmetros redução e manutenção da densidade e da de monitoramento e repasse a serem aplicados. abundância da espécie-alvo abaixo de um limite A partir daí, a execução das ações de erradicação aceitável, com o objetivo de diminuir os e controle não devem ser postergadas. impactos em um nível tolerável. Nessa É fundamental que programas de erradicação estratégia, tem-se como hipótese que a e controle sejam implementados como supressão de alguns indivíduos ou de uma atividades emergenciais e que entrem na rotina população da espécie exótica invasora reduzirá de manejo de áreas como as Unidades de sua competitividade e, em condições ótimas, Conservação, mesmo naquelas que não tenham espécies nativas podem recuperar seu espaço e seus planos de manejo elaborados ou para substituir as invasoras. aquelas nas quais os planos de ação não façam Definir esse limite de manutenção da espécie parte dos planos de manejo. Quanto mais o pode não ser muito fácil, mas deve ser feito antes tempo passa, mais os processos de invasão do início da execução do programa de controle, tendem a se acentuar, tanto em densidade de sempre tendo como base indicadores indivíduos quanto em extensão, e maiores são as relacionados ao seu objetivo final de manejo. O dificuldades e os custos para a solução dos limite aceitável pode ser medido pelo nível de problemas. impacto sobre o ecossistema invadido, podendo No caso de Unidades de Conservação, muitos ser expresso em termos de distribuição ou de dos problemas encontrados, como falta de densidade ou de uma combinação de ambas as recursos financeiros, podem ser resolvidos por características das espécies exóticas invasoras meio de soluções simples, como o treinamento e presentes. o envolvimento das comunidades locais e dos Se nenhuma das 3 alternativas de manejo conselhos em atividades práticas voluntárias. puderem ser utilizadas (erradicação, contenção e Para tanto, é fundamental que os gestores sejam controle), a última opção é tentar mitigar o capacitados para trabalhar com o tema, de modo impacto provocado pela espécie exótica invasora que tenham base teórica e conhecimento prático sobre espécies nativas e ecossistemas. A para aplicar no campo. estratégia significa encontrar a melhor forma de Conflitos gerados a partir de interesses em se conviver com as espécies introduzidas e pode produção e necessidades de conservação devem 82
  • 84. ser encarados de maneira construtiva, buscando- assegurar sua compatibilidade com a se a conservação do ambiente e a conservação da capacidade produtiva dos sustentabilidade dos sistemas produtivos. Nesse ecossistemas, dos recursos naturais e da aspecto, os governos têm um papel crucial para biodiversidade (Shine et al., 2000; Wittenberg e regulamentar as atividades produtivas e Cock, 2001; Ziller et al., 2007). 83
  • 85. 9. A construção de uma estratégia estadual O problema das espécies exóticas invasoras do governo no trato das questões relativas às exige o envolvimento e a convergência de espécies exóticas invasoras. Além dela, existem esforços de diferentes órgãos dos governos ao menos 3 publicações disponíveis federal, estadual e municipal, além do setor gratuitamente que cobrem, de forma ampla e empresarial, das instituições de pesquisa e das precisa, como devem ser estruturadas organizações não governamentais (ONGs). Para estratégias governamentais e políticas públicas articular esses setores sociais e promover ações para frear o avanço de espécies exóticas de prevenção de invasões biológicas e mitigação invasoras e mitigar impactos de invasões de impactos negativos das espécies exóticas biológicas. São elas: o Modelo para o invasoras já instaladas, é necessária a construção Desenvolvimento de uma Estratégia Nacional de uma estratégia sólida e eficaz de governo. para Espécies Exóticas Invasoras (Ziller et al., Uma estratégia de governo também é uma 2007), o Manual de Melhores Práticas para importante ferramenta para internalização e Prevenção e Manejo de Espécies Exóticas implementação no País do art. 8(h) da Invasoras (Wittenberg e Cock, 2001) e o Guia Convenção sobre Diversidade Biológica e das para o Desenvolvimento de Estruturas determinações das Decisões V/8, VI/23 e IX/4 Institucionais e Legais sobre Espécies Exóticas das Conferências das Partes, da CDB. Invasoras (Shine et al., 2000), todas elaboradas Em 2009, a Câmara Técnica Permanente pelo Gisp (www.gisp.org). sobre Espécies Exóticas Invasoras da Comissão Os objetivos maiores de uma estratégia Nacional de Biodiversidade aprovou a Estratégia governamental para espécies exóticas invasoras Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, que devem ser: foi publicada por meio da Resolução Conabio nº (1) Prevenir a entrada de novos organismos 5, de 21 de outubro de 2009. A estratégia tem potencialmente perigosos (tanto por meio de como objetivos prevenir e mitigar os impactos introduções intencionais legais ou ilegais quanto negativos de espécies exóticas invasoras sobre a de introduções acidentais, via água de lastro de população humana, a economia e o meio navios, por exemplo). ambiente por meio do planejamento e da (2) Criar um programa permanente de execução de ações de prevenção, erradicação, controle e manejo de espécies exóticas invasoras contenção ou controle de espécies exóticas já estabelecidas e também das recém-detectadas, invasoras, com a articulação entre os órgãos dos com destaque para as Unidades de Conservação. governos federal, estadual e municipal e a (3) Desenvolver programas e atividades de sociedade civil, incluindo a cooperação educação, informação e sensibilização públicas. internacional. (4) Criar um arcabouço legal que normatize Trata-se, atualmente, do principal as ações propostas nos mais diversos níveis, instrumento para orientar as diferentes esferas incluindo a regulamentação de atividades 84
  • 86. econômicas baseadas no cultivo, na produção (5) Desenvolver capacidade técnica e e/ou na comercialização de espécies exóticas estrutura institucional necessárias ao invasoras. planejamento e à implementação das ações. 9.1. Os primeiros passos O desenvolvimento das ações acima estão disponíveis informações sobre as espécies propostas requer uma abordagem ampla e registradas no País e suas ocorrências sistêmica, de modo que é essencial a composição conhecidas, devendo ser a referência de um Comitê Estadual de Gestão representado fundamental, porém com complementação de pelas áreas de meio ambiente, agricultura, dados levantados no estado transporte, saúde e educação da esfera (http://www.institutohorus.org.br). governamental, bem como por representantes A composição de uma lista de referência para da sociedade civil que possam aportar o Estado pode ser feita através da validação, por conhecimento especializado. Esse comitê deve especialistas, das informações já registradas no ter autonomia para definir prioridades e gerir a banco de dados do Brasil. A complementação implementação de ações e tem por dessas informações, tanto por meio de consultas responsabilidade abordar, coordenar e unir a gestores públicos nas áreas de meio ambiente, esforços de maneira integrada e condizente com agricultura e saúde quanto por aportes de a realidade institucional de cada integrante, gestores de Unidades de Conservação e de operando com foco na proteção da diversidade técnicos de extensão rural, é igualmente biológica. importante. Paralelamente, recomenda-se um diagnóstico A existência de uma lista oficial de espécies detalhado das espécies exóticas invasoras do exóticas invasoras e o conhecimento das estado para facilitar o estabelecimento de possíveis ameaças presentes em estados e países prioridades de prevenção e mitigação. É vizinhos é fundamental para o estabelecimento importante identificar também as espécies de prioridades e para permitir a tomada de presentes no Brasil que têm potencial para decisões para ações de prevenção, controle e entrar no estado e causar prejuízos. No banco de monitoramento dessas espécies. dados de espécies exóticas invasoras no Brasil, 9.2. Os componentes de uma estratégia de governo Conforme já disposto, entende-se que os precoce e resposta rápida; (2) mitigação e principais componentes de uma estratégia monitoramento; (3) informação e sensibilização governamental sejam: (1) prevenção, detecção 85
  • 87. pública; (4) base legal e estrutura institucional; e controle (redução dos danos e do número de (5) capacitação técnica. populações e espécies). Um programa oficial de controle deve aplicar- Prevenção, detecção precoce e resposta se principalmente às áreas públicas (Unidades rápida de Conservação, por exemplo) e por meio de As ações para prevenção devem ser parcerias com o setor privado e de marcos legais planejadas de maneira a contemplar fiscalização específicos. Deve cobrir também propriedades e controle em áreas de fronteiras (aviões, navios, particulares em áreas de alta relevância e carregamentos, trânsito através de fronteiras prioritárias para a conservação da secas, entre outros), com sistemas efetivos de biodiversidade e de serviços ecossistêmicos. inspeção contra introduções acidentais e ilegais; Deve ainda estimular a implementação de ações análise de risco e estratégias de controle e de controle e manejo por meio de campanhas monitoramento para introduções e cultivos públicas, provendo informações, subsídios e legais; e medidas preventivas traduzidas em extensão rural para o controle de espécies práticas de manejo de espécies exóticas exóticas invasoras, e monitorar as populações de invasoras utilizadas em sistemas de cultivo. espécies exóticas invasoras, com avaliação A operacionalização desses componentes visa permanente dos resultados das ações e, quando impedir introduções ilegais de espécies, escape necessário, com propostas de ajustes ao manejo de cultivos e processos de invasão a partir de empregado. introduções legais. Caso ocorra a introdução de espécies indesejadas, é importante utilizar Informação e sensibilização pública sistemas de detecção precoce para viabilizar sua Uma parte importante da prevenção à eliminação imediata no momento em que ainda introdução de espécies exóticas invasoras está existe maior viabilidade e menor custo. na educação, informação e sensibilização pública. A maioria das pessoas não tem Mitigação e monitoramento conhecimento sobre quais são as espécies Mitigação e monitoramento referem-se aos exóticas invasoras e os impactos causados em métodos e às ações de erradicação, contenção ou processos de invasões biológicas. A falta de controle de espécies exóticas invasoras que já conhecimento sobre o tema faz com que, estão estabelecidas num determinado território. frequentemente, pessoas contribuam As técnicas aplicadas devem ser seguras para os involuntariamente para a dispersão dessas seres humanos, o meio ambiente e a agricultura, espécies por meio de práticas cotidianas, como a bem como aceitáveis eticamente pelos jardinagem e a soltura de animais domésticos interessados nas áreas afetadas. em áreas naturais. O próprio Poder Público tem Deve-se, prioritariamente, avaliar a suas dificuldades com os animais recolhidos em possibilidade de erradicação das espécies centros de triagem ou com iniciativas de exóticas invasoras. Quando essa opção não for restauração ou reposição de peixes em rios com exequível, devem-se adotar técnicas de espécies totalmente inadequadas, de forma que o contenção (limitação da propagação) e/ou tema precisa ser mais bem-posto publicamente. 86
  • 88. O entendimento da sociedade sobre a A elaboração de marcos legais estaduais se diferenciação entre espécies exóticas invasoras e faz necessária para regulamentar questões espécies nativas, assim como sobre o potencial específicas, como, por exemplo, questões de utilização das nativas, é fundamental para que técnicas e sanções administrativas para o cultivo atividades de prevenção e controle possam e a criação de espécies exóticas invasoras; para prosperar em todos os níveis. projetos de restauração e recuperação de áreas Assim, recomenda-se, por exemplo, degradadas e reservas legais; para controle em incorporar o tema invasões biológicas nos Unidades de Conservação; e para o uso de currículos escolares e profissionais, bem como espécies em zonas de amortecimento em informar o público em geral sobre a temática Unidades de Conservação de uso sustentável, relativa às espécies exóticas invasoras, o que são entre outros fins. Exemplos de instrumentos e quais os problemas e impactos causados ao legais já criados por estados como o Paraná e o ambiente, à saúde humana e animal e à Espírito Santo estão disponíveis como referência economia e de que forma as pessoas podem no Anexo 1. contribuir para a mitigação dos problemas e Muito relevante é a delegação de autoridade a tópicos decorrentes. São indicados, também, a agências ambientais que vão tratar das questões realização de campanhas na mídia, o apoio a relacionadas a espécies exóticas invasoras e a publicação de livros, folhetos e cartilhas e o criação de base legal para respaldar o trabalho, incentivo à geração e divulgação de assim como o compromisso institucional formal conhecimento científico no tema. Esse último com o tema. Essa estrutura institucional precisa ponto é especialmente importante para a ser reforçada com capacitação técnica para que contínua atualização do sistema de informação as ações possam ser implementadas. sobre espécies exóticas invasoras no Brasil. Capacitação técnica Base legal e estrutura institucional Os esforços de capacitação devem estar Além da Estratégia Nacional sobre Espécies direcionados aos distintos públicos que Exóticas Invasoras (Resolução Conabio nº 5, de necessitam melhorar sua capacidade técnica no 21 de outubro de 2009), já existem, na legislação tema invasões biológicas, como gerentes de federal brasileira, instrumentos referentes a Unidades de Conservação, agentes de espécies exóticas, tais como a Lei do Sistema fiscalização, agentes de inspeção de fronteiras Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº (nacionais e internacionais), portos e aeroportos, 9.985/00) e a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº representantes do Ministério Público, comitês 9.605/98), que devem ser usadas como técnicos atuando em temas de biodiversidade, referência para o trabalho na esfera estadual professores de todos os níveis, organizações não (Anexo 1). governamentais, profissionais de instituições de ensino e outros. 87
  • 89. Referências Bibliográficas AGOSTINHO, C. S. Reproductive aspects of piranhas Serrasalmus spilopleura and Serrasalmus marginatus into the upper Paraná river, Brazil. Braz. J. Biol., v. 63, n. 1, p. 1-6, 2003. AGOSTINHO, A. A.; PELICICE, F. M.; JULIO-JR, H. F. Biodiversidade e introdução de espécies de peixes: Unidades de Conservação. In: J. B. Campos; M. D. G. P. Tossulino; C. R. C. Muller (Eds.). Unidades de Conservação: ações para a conservação da biodiversidade. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná, 2005. ALBUQUERQUE, C. M. D.; MELO-SANTOS, M. A. V.; BEZERRA, M. A. S.; BARBOSA, R. M.; SILVA, D. F.; SILVA, E. D. Primeiro registro de Aedes albopictus em área da Mata Atlântica, Recife, PE, Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 34, n. 3, 2000. ALVES, C. B. M.; VIEIRA, F.; MAGALHÃES, A. L. B.; BRITO, M. F. G. Impacts of non-native fish species in Minas Gerais, Brazil: present situation and prospects. In: T. M. Bert (Ed.), Ecological and genetic implications of aquaculture activities, p. 291–314: Springer, 2007. AMORI, G.; CLOUT, M. Rodents on islands: a conservation challenge. In: G. R. Singleton, L. A. Hinds, C. J. Krebs, D. M. Spratt (Eds.), Rats, mice and people:e4 rodent biology and management. Canberra, Australia: ACIAR Monograph, 2003. ANDRADE, L. A. D.; FABRICANTE, J. R.; ALVES, A. D. S. Algaroba (Prosopis juliflora (Sw) DC.): impactos sobre a fitodiversidade e estratégias de colonização em área invadida na Paraíba. Natureza e Conservação, v. 6, n.1, 2008. ANJOS, L. A.; ROCHA, C. F. D. Reproductive ecology of the invader species gekkonid lizard Hemidactylus mabouia in an area of southeastern Brazil. Iheringia, v. 98, n. 2, 2008. ARAÚJO, P. B.; TAITI, S. Terrestrial isopods (Crustacea, Oniscidea) from Rocas atoll, northeastern, Brazil. Arquivos do Museu Nacional, v. 65, n. 3, 2007. ARRIAGA, L.; CASTELLANOS, A. E.; MORENO, E.; ALARCÓN. J. Potential ecological distribution of alien invasive species and risk assessment: a case study of buffel Grass in arid regions of México. Conservation Biology, 18: p. 1504-1514, 2004. ATTAYDE, J. L.; OKUN, N.; BRASIL, J.; MENEZES, R. F.; MESQUITA, P. Impactos da introdução da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, sobre a estrutura trófica dos ecossistemas aquáticos do Bioma Caatinga. Oecologia Brasiliensis, v. 11, p. 450-461, 2007. AYRES, C.; ROMÃO, T.; MELO-SANTOS, M.; FURTADO, A. Genetic Diversity in Brazilian Populations of Aedes albopictus. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 97, n. 6, 2002. AZEVEDO, G. Algaroba. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Agrícola. 31pp. (SIA, 843), 1961. BENNEMANN, S. T., CAPRA, L. G., GALVES, W. e SHIBATTA, O. A. Dinâmica trófica de Plagioscion squamosissimus (Perciformes, Sciaenidae) em trechos de influência da represa Capivara (rios Paranapanema e Tibagi). Iheringia, 96, p. 115-119, 2006. BIONDI, D.; PEDROSA-MACEDO, J. H. Plantas invasoras encontradas na área urbana de Curitiba (PR). Floresta, v. 38, p. 129-144, 2008. BITTENCOURT, A. M. O Cultivo do Nim indiano (Azadirachta indica A. Juss): uma visão econômica. Dissertação de Mestrado. 147 p., 2006. BOGDAN, A. V. Tropical Pasture and Fodder Plants. Tropical agriculture series, Longman, New York, 475 p., 1977. BOYD, C. E. Guidelines for aquaculture effluent management at the farm-level. Aquaculture, v. 226, p. 101-112, 2003. BRANDÃO-FILHO, S. P.; BRITO, M. E.; CARVALHO, F. G.; ISHIKAWA, E. A.; CUPOLILLO, E.; FLOETER- WINTER, L.; SHAW, J. J. Wild and synanthropic hosts of Leishmania (Viannia) braziliensis in the endemic cutaneous leishmaniasis locality of Amaraji, Pernambuco State, Brazil. Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, p. 97, 2003. 88
  • 90. BRAGA, I. A.; VALLE, D. Aedes aegypti: histórico do controle no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 16, p. 113-118, 2007 BREDOW, E. A.; PEDROSA-MACEDO, J. H.; VITORINO, M. D. Amarelinho Tecoma stans (L.) Jussieu ex. Kunth (Bignoniaceae) - Uma ornamental multiuso ou uma plástica invasora? In: Princípios e rudimentos do controle biológico de plantas. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, PR. 2004. BRIGHT, C. Invasive species: pathogens of globalization. Foreign Policy Fall, v. 1999, p. 50–64, 1999. CASAL, C. M. V. Global documentation of fish introductions: the growing crisis and recommendations for action. Biological Invasions, v. 8, p.3-11, 2006. CAVALCANTI, E. A. H.; NEUMANN-LEITÃO, S.; VIEIRA, D. A. D. N. Mesozooplâncton do sistema estuarino de Barra de Jangada, Pernambuco, Brasil. Rev. Bras. Zool., v. 25, 2008. CDB. Convenção da diversidade biológica, 1992. CDB.. Panorama da Biodiversidade Global 3. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas (MMA), 2010 CELIS, A.; RODRÍGUEZ-ALMARÁZ, G.; ÁLVAREZ, F. Los cirripedios torácicos (Crustacea) de aguas someras de Tamaulipas, México. Revista Mexicana de Biodiversidad, v.78, 2007. CLARO, L. B. L.; TOMASSINI, H. C. B.; ROSA, M. L. G. Prevenção e controle do dengue: uma revisão de estudos sobre conhecimentos, crenças e práticas da população. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, p. 1447-1457, 2004. COELHO, P. A.; SANTOS, M. D. C. F. Ocorrência de Charybdis hellerii (Milne Edwards, 1867) (Crustacea, Decapoda, Portunidae) no litoral de Pernambuco. Bol. Técn. Cient. CEPENE, v. 11, n. 1, 2003. COELHO, P. A.; SANTOS, M. D. C. F.; RAMOS-PORTO, M. Ocorrência de Penaeus monodon Fabricius, 1798 no litoral dos estados de Pernambuco e Alagoas (Crustacea, Decapoda, Penaeidae). Bol. Técn. Cient. CEPENE, v.9, n.1, 2001. CORRÊA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, Imprensa Oficial, Rio de Janeiro, 1975. COX, J. R.; MARTIN-R, M. H.; IBARRA, F. A.; FOURIE, J. H.; RETHMAN, N. F. G.; WILCOX, D. G. The influence of soils on the distribution of four African grasses. Journal of Range Management, v. 41, p. 127–139, 1988. D’ANTONIO, C.; MEYERSON, L. A. Exotic Plant Species as Problems and Solutions in Ecological Restoration: A Synthesis. Restoration Ecology, v.10, n.4, p. 703–713, 2002. DEHNEN-SCHMUTZ, K.; TOUZA, J.; PERRINGS, C.; WILLIAMSON, M. A century of the ornamental plant trade and its impact on invasion success. Diversity and Distribution, v. 13, p. 527–534, 2007. DNOCS, Departamento Nacional de Obras Contra a Seca. Relatório das atividades desenvolvidas pela coordenação de pesca e aquicultura, durante o ano de 2002: Dnocs, 2002. ENSERINK, M. Barricading U.S. borders against a devastating disease. Science v. 291, p. 2298–2300, 2001. ESTON, M. R. D.; MENEZES, G. V.; ANTUNES, A. Z.; SANTOS, A. S. R. D.; SANTOS, A. M. R. D. Espécie invasora em unidade de conservação: Achatina fulica (Bowdich, 1822) no Parque Estadual Carlos Botelho, Sete Barras, SP, Brasil. Revista do Instituto Florestal, v. 18, p. 173-179, 2006. FALCÃO, V. Macaco invasor ameaça Mata Atlântica. Jornal do Commercio. Recife, 2006. FARACO, F. A.; LACERDA, A. C. Contaminação biológica em Unidades de Conservação - o caso do caracol africano (Achatina fulica, Mollusca, Gastropoda), IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação - Seminários, vol. 2. Curitiba: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, 2004. FARIAS, G. B. D.; PEREIRA, G. A.; SILVA, W. A. D. G. Lista das aves de Pernambuco. Observadores de Aves de Pernambuco - OAP (Ed.). Recife, 2008. FARRAPEIRA, C. M. R. Cirripedia Balanomorpha del estuario del río Paripe (Isla de Itamaracá, Pernambuco, Brasil). Biota Neotropica, v. 8, n.3, 2008. 89
  • 91. FARRAPEIRA, C. M. R.; MELO A. V. D. O. M. D.; BARBOSA, D. F.; SILVA, K. M. E. D. Ship hull fouling in the port of Recife, Pernambuco. Brazilian Journal of Oceanography, v. 55, n.3, 2007. FERNANDEZ, F. A. S. Invasores de outros mundos: perda de biodiversidade por contaminação biológica. In: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (Ed.), IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação - Seminários, Vol. 2. Curitiba: Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, 2004. FERNANDEZ, M. A.; THIENGO, S. C.; SIMONE, L. R. L. Distribution of the introduced freshwater snail Melanoides tuberculatus (Gastropoda: Thiaridae) in Brazil. The Nautilus, v. 117, n.3, 2003. FERREIRA, C. E. L.; JUNQUEIRA, A. O. R.; VILLAC, M. C.; LOPES, R. M. Marine Bioinvasions in the Brazilian Coast: Brief Report on History of Events, Vectors, Ecology, Impacts and Management of Non- indigenous Species In G. Rilov; J. A. Crooks (Eds.), Biological Invasions in Marine Ecosystems, Vol. 204: p. 459-477. Springer Berlin Heidelberg, 2008. FISCHER, M. L.,; SIMIÃO, M.; COLLEY, E.; ZENNI, R. D.; SILVA, D. A. T. D.; LATOSKI, N. O caramujo exótico invasor na vegetação nativa em Morretes, PR: diagnóstico da população de Achatina fulica,Bowdich, 1822 em um fragmento de Floresta Ombrófila Densa aluvial. Biota Neotropica, v. 6, n. 2, 2006. FOSTER, B. A.; WILLAN, R. C. Foreign barnacles transported to New Zealand on an oil platform. New Zealand Journal of Marine e Freshwater Research, v. 13, n. 1, 1979. FRANCO, E. S. Os discursos e contra-discursos sobre o consumo hídrico da algaroba no semiárido brasileiro. Tese de Doutorado. 97p, 2008. FREIRE, M. S. V.; GENZANO, G. N.; PÉREZ, C. D. Especie invasora vira componente faunistico no Nordeste brasileiro. XXVII Congresso Brasileiro de Zoologia, Curitiba, 2008. FREIRE, M. S. V.; PÉREZ, C. D. Blackfordia virginica, uma hidromedusa invasora em estuários do nordeste brasileiro. XV Congresso de Iniciação Científica da UFPE, Recife, 2007. FREITAS, M. A. D.; SILVA, T. F. S. Guia Ilustrado - A Herpetofauna da Mata Atlântica Nordestina. Pelotas: Useb, 2005. GENZANO, G.; MIANZAN, H.; ACHA, E. M.; GAITÁN, E. First record of the invasive medusa Blackfordia virginica (Hydrozoa: Leptomedusae) in the Río de la Plata estuary, Argentina-Uruguay. Revista Chilena de Historia Natural, v. 79, 2006. GIRÃO, W., ALBANO, C., PINTO, T.; SILVEIRA, L. F. Avifauna da Serra de Baturité: dos naturalistas à atualidade. In:T. S. OLIVEIRA; F. S. ARAÚJO (Eds.) Biodiversidade e conservação da biota na Serra de Baturité, Ceará. Fortaleza: Edições UFC, 2007. Gisd – Global Invasive Species Database, http://www.issg.org/database/, acessado em dezembro de 2009. GISP - Programa Global de Espécies Invasoras. América do Sul invadida. A crescente ameaça das espécies exóticas invasoras. 80p, 2005. GISP. Assessing the risk of invasive alien species promoted for biofuels. Boletim preparado para a Conferência das Partes da COP - 9 (Convenção Internacional da Diversidade Biológica). Bonn, Alemanha, 2008. Gist – The Global Invasive Species Team. Azadirachta indica, 2009. GOMIERO, L. M.; BRAGA, F. M. S. Cannibalism as the main feeding behaviour of tucunares introduced in southeast Brazil. Brazilian Journal of Biology, v.64, n.3B, p. 625-632, 2004. GURGEL, J. J. S.; FERNANDO, C. H. Fisheries in Semi-Arid Northeast Brazil with Special Reference to the Role of Tilapias. Internationale Revue der Gesamten Hydrobiologie, v. 79, n. 1, 1994 HEMERLY, F. X. Mamona: comportamento e tendências no Brasil. Embrapa-DTC (Documento 2), Brasília, 69 p, 1981. HOBBS, R. J.; ARICO, S.; ARONSON, J.; BARON, J. S.; BRIDGEWATER, P.; CRAMER, V. A.; EPSTEIN, P. R.; EWEL, J. J.; KLINK, C. A.; LUGO, A. E.; NORTON, D.; OJIMA, D.; RICHARDSON, D. M.; SANDERSON, E. W.; VALLADARES, F.; VILÀ, M.; ZAMORA, R.; ZOBEL, M. Novel ecosystems: theoretical and management aspects of the new ecological world order. Global Ecology and Biogeography, v. 15, p.1-7, 2006. 90
  • 92. HOLTHUIS, L. B. FAO species catalogue. Shrimps and prawns of the world. An annotated catalogue of species of interest to fisheries. FAO Fisheries Synopsis, v.1, n.125, p. 271, 1980. HONÓRIO, N. A.; CASTRO, M. G;, BARROS, F. S. M. D.; MAGALHÃES, M. D. A. F. M.; SABROZA, P. C. The spatial distribution of Aedes aegypti and Aedes albopictus in a transition zone, Rio de Janeiro, Brazil. Cadernos de Saúde Pública, v. 25, p. 1203-1214, 2009. HOPKINS, J. S.; SANDIFER, P. A.; DEVOE, M. R.; HOLLAND, A. F.; BROWDY, C. L.; STOKES, A. D. Environmental Impacts of Shrimp Farming Special Reference to the Situation in the Continental United States. Estuaries and Coasts, v. 18, n. 1, p. 25-42, 1995. IBAMA. Instrução Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006. Regulamenta o controle e o manejo ambiental da fauna sinantrópica nociva: Diário Oficial da União, 2006. INSTITUTO HÓRUS – Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental/The Nature Conservancy. Base de Dados sobre Espécies Exóticas Invasoras em I3N-Brasil. Consultado em: dezembro de 2009 - http://www.institutohorus.org.br, 2009. IUCN (World Conservation Union), Guidelines for the prevention of biodiversity loss caused by alien invasive species. Prepared by the Invasive Species Specialist Group. Approved by the 51st Meeting of the IUCN Council, Gland, Switzerland. 15 p., 2000. KAUFMAN, L. Catastrophic change in species-rich freshwater ecosystems: the lessons of Lake Victoria. BioScience, v. 42, p. 846, 1992. KISSMANN, K. G. Plantas infestantes e nocivas – Tomo I: Plantas inferiores e monocotiledôneas. São Bernardo do Campo: BASF, 824p.,1997. KULLANDER, S. O.; FERREIRA, E. J. G. A review of the South American cichlid genus Cichla, with escriptions of nine new species (Teleostei: Cichlidae). Ichthyol. Explor. Freshwaters, v. 17, n. 4, p. 289- 398, 2006. LA MARCA, E.; LIPS, K.R. Catastrophic population declines and extinctions in Neotropical harlequin frogs (Bufonidae: Atelopus). Biotropica, v. 37, n. 2, p. 190-201, 2005. LATINI, A. O.; LIMA-JUNIOR, D. P.; GIACOMINI, H. C.; LATINI, R. O.; RESENDE, D. C.; ESPIRITO-SANTO, H. M. V.; BARROS, D. F.; PEREIRA, T. L. Alien fishes in lakes of the Doce river basin (Brazil): range, new occurrences and conservation of native communities. Lundiana, v. 5, n. 2, p. 135-142, 2004. LEISTIKOW, A.; WÄGELE, J. W. Checklist of the terrestrial isopods of the New World. Revista Brasileira de Zoologia, v. 16, n. 1, 1999. LEMOS DE CASTRO, A. Isópodos terrestres introduzidos no Brasil. Boletim do Museu Nacional, Nova Série, Zoologia, v. 282, 1971. LIMA, P. C. F.; LIMA, J. L. S.; LIMA, A. Q. Regeneração natural em área degradada por mineração de cobre, no semi-árido brasileiro. In: Anais do 53º Congresso Nacional de Botânica e da 25ª Reunião Nordestina de Botânica, p. 377, UFRPE e UFPE, Recife, 2002. LIMA, P. C. F.; SILVA M. A. Ocorrência sub-espontânea de uma algaroba no Nordeste do Brasil. Boletim de Pesquisa Florestal v. 22/23: 91-95. 1991. LIMA FILHO, M. G. C.; MONTEIRO, A. G. F.; ANJOS, M. D. A.; GARCIA, A. C. L.; VALENTE, V. L. S.; ROHDE, C. Ecologia e genética da espécie invasora Zaprionus indianus na região nordeste do Brasil. Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética, 2008. LINS E SILVA, A. C. B. Characteristics of Prosopis juliflora invasion of semi-arid habitats in Norteast Brazil. Thesis (M.Sc.). University of Durham, Durham. 76 p. 1997. LONSDALE, W. M. Inviting trouble: introduced pasture species in northern Australia. Australian Journal of Ecology v. 19, p. 345–354, 1994. LOPES, B. M.; PIÑA-RODRIGUES, F. C. M. Potencial alelopático de Mimosa caesalpinaefolia Benth sobre sementes de Tabebuia alba (Cham.) Sandw. Floresta e Ambiente p. 30-41, 1997. LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. Instituto Plantarum. São Paulo, Brasil. 672 p, 2008. 91
  • 93. LORENZI, H.; SOUZA, H. M.; TORRES, M. A. V.; BACHER, L. B. Árvores Exóticas no Brasil. Madereiras, ornamentais e aromáticas. 384 p, 2003. LOUNIBOS, L. P. Invasions by insect vectors of human disease. Annual Review of entomology, v. 47, p. 233-266, 2002. LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, R.; CASTRO, M. G.; BRAKS, M. A. H.; LOUNIBOS, L. P. The invasion of urban forest by dengue vectors in Rio de Janeiro. Journal of Vector Ecology, v. 29, p. 94-100, 2004. LOWE, S.; BROWNE, M.; BOUDJELAS, S.; POORTER, M. D. 100 of the World’s Worst Invasive Alien Species: A selection from the Global Invasive Species Database. Aliens, v. 12, 2000. LUKEFAHR, M.J., Barbosa, S e Braga, R. S. The introduction and spread of the boll weevil, Anthonomus grandis Boh. (Coleoptera) in Brazil. Southwestern Entomologist, 19, p. 414–418. 1994. MANSUR, M. C. D.; CALLIL, C. T.; CARDOSO, F. R.; IBARA, J. A. A. Uma retrospectiva e mapeamento da invasão de espécies de Corbicula (Mollusca, Bivalvia, Veneroida, Corbiculidae) oriundas do sudeste asiático, na América do Sul. In: J. S. V. Silva; R. C. C. Souza (Eds.), Água de lastro e bioinvasão. Rio de Janeiro: Interciência. 2004. MARTINS, D.S.; VEITENHEIMER-MENDES, I.L.; FACCIONI-HEUSER, M.C. Aspectos morfológicos e de incubação em três espécies de Corbicula Mühlfeld, no Lago Guaíba, Rio Grande do Sul, Brasil (Bivalvia, Corbiculidae). Biota Neotrópica, v.6, n.2, 2006. MCKINNEY, M. L. Urbanization as a major cause of biotic homogenization. Biological Conservation, v. 127, n. 3, p. 247-260, 2006. MATAVELLI, R. A. e LOUZADA, J. N. C. Invasão de áreas de savana intra-amazônicas por Digitonthophagus gazella (Fabricius, 1787) (Insecta: Coleoptera: Scarabaeidae). Acta Amazonica, v. 38, p. 153–158, 2008. MENESCAL, R. A. Efeitos da introdução da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) sobre o desembarque pesqueiro no Açude Marechal Dutra, Acari, RN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 2002. MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT. Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. Washington, DC. 2005. MIT, M. P.; CROOKES, D. J.; WILGEN, B. W. Conflicts of interest in environmental management: estimating the costs and benefits of a tree invasion. Biological Invasions v. 3, p. 167-178, 2001. MONTEIRO DA CRUZ, M. A.; CABRAL, M. C. C.; SILVA, L. A. M. D.; CAMPELLO, M. L. C. B. Diversidade da Mastofauna no Estado de Pernambuco. In: M. Tabarelli; J. M. Cardoso (Eds.), Diagnóstico da Biodiversidade de Pernambuco, vol. 2. Recife: Fundaj. 2002. MORGAN, J. A. T.; DEJONG, R. J.; SNYDER,S. D.; MKOJI,G. M.; LOKER,E. S. Schistosoma mansoni and Biomphalaria: past history and future trends. Parasitology, v. 7, n. 123, p. 211-228. 2001. MOSHKIN, V. A. Castor. Amerind, Nova Déli, 315p., 1986. MOSS, S. M.; ARCE, S. M.; ARGUE, B. J.; OTOSHI, C. A.; CALDERON, F. R. O.; TACON, A. G. J. Greening of the blue revolution: efforts toward environmentally responsible shrimp culture. In: C. L. Browdy; D. E. Jory (Eds.), The New Wave, Proceedings of the Special Session on Sustainable Shrimp Culture, Aquaculture 2001. Baton Rouge, LA, EUA: The World Aquaculture Society. 2001. MOURA, J. I. L.; CIVIDANES, F. J.; SANTOS FILHO, L. P.; VALLE, R. R. Polinização do dendezeiro por besouros no Sul da Bahia. Pesquisa agropecuária brasileira, v. 43, n. 3, p. 289–294, 2008. MOURA-BRITTO, M. D.; PATROCÍNIO, D. N. M. A fauna de espécies exóticas no Paraná: contexto nacional e situação atual. In: G. Paraná (Ed.), Unidades de Conservação ações para valorização da biodiversidade. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná. 2005. MYERS, P.; ARMITAGE, D. "Rattus norvegicus" (On-line). Animal Diversity Web. 2004. NASCIMENTO, C. E. S. Comportamento invasor da algarobeira Prosopis juliflora (Sw) DC. Nas planícies aluviais da Caatinga. Tese de Doutorado. 116p. 2008. 92
  • 94. NAYLOR, R. L.; GOLDBURG, R. J.; PRIMAVERA, J. H.; KAUTSKY, N.; BEVERIDGE, M. C. M.; CLAY, J.; FOLKE, C.; LUBCHENCO, J.; MOONEY, H.; TROELL, M. Effect of aquaculture on world fish supplies. Nature, v. 405, p. 1017-1024, 2000. NEVES, C. S.; PITOMBO, F. B.; ROCHA, R. M. Ampliação de ocorrência de Striatobalanus amaryllis Darwin, 1854 (Cirripedia, Balanomorpha) no litoral brasileiro. 2005. NEVES, C. S.; ROCHA, R. M. D. Introduced and cryptogenic species and their management in Paranaguá Bay, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 51, p. 623-633, 2008. NOBRE, F. V. Algarobeira no Nordeste brasileiro, especialmente no Rio Grande do Norte. In: Simpósio Brasileiro sobre Algaroba. 1. Anais. Natal: EMPARN, p. 257-282. 1982. NURDIN, N.; FULBRIGHT, T. E. Germination of 2 legumes in leachate from introduced grasses. Journal of Range Management , v. 43, p. 466-467, 1990. NYBERG, B. An Introductory Guide to Adaptive Management for Project Leaders and Participants. Forest Practices Branch, British Columbia Forest Service, Victoria, BC. 22 p. 1999. OGUTU-OHWAYO, R. The decline of the native fishes of lakes Victoria and Kyoga (East Africa) and the impact of introduced species, especially the Nile perch, Lates niloticus, and the Nile tilapia, Oreochromis niloticus. Environmental Biology of Fishes, 27, p. 81–96. 1990. OJASTI, J. Estudio sobre el estado actual de las especies exóticas. In: Secretaría General de la Comunidad Andina (Ed.). Caracas - Venezuela. 2001. OLIVEIRA, L. S. B.; FABRICANTE, J. R.; ANDRADE, L. A.; ALMEIDA, A.; VIEIRA, R. M. Invasão biológica de Parkinsonia aculeata L. (Fabaceae) na Paraíba, Brasil: Caracterização dos ambientes invadidos. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, p. 1-2. 2007. OLIVEIRA, N. S. Variabilidade genética em populações de Ricinus communis (Euphorbiaceae) pela metodologia de DAF (DNA Amplification Fingerprinting). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE. 73 p. 2004. PÁEZ-OSUNA, F. The Environmental Impact of Shrimp Aquaculture: Causes, Effects, and Mitigating Alternatives. Environmental Management, v. 28, n. 1, p. 131-140, 2001. PAIVA, M. P.; PETRERE-JR., M.; PETENATE, A. J.; NEPOMUCENO, F. H.; VASCONCELOS, E. A. Relationship between the number of predatory fish species and fish yield in large northeastern Brazilian reservoirs. In: I. G. Cowx (Ed.), Rehabilitation of Freshwater Fisheries: 120-130. Oxford: Fishing News Books. 1994. PARANAGUÁ, M. N. Sobre uma nova ocorrência de Blackfordia Virginica Mayer 1910 e Ostrumovia inkermanica Hadzi (1928) (Hydromedusae). Trab. do Instit. Oceanogr. UFPE, p. 5-6. 1963. PAUVOLID-CORRÊA, A.; VARELLA, R. B. Aspectos epidemiológicos da Febre do Oeste do Nilo. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.11, p. 463-472, 2008. PEGADO, C. M. A.; ANDRADE, L. A.; FÉLIX, L. P.; PEREIRA, I. M. Efeitos da invasão biológica de algaroba - Prosopis juliflora (Sw.) DC. sobre a composição e a estrutura do estrato arbustivo-arbóreo da caatinga no Município de Monteiro, PB, Brasil. Acta Botânica Brasílica v. 20, p. 887-898, 2006. PEREIRA, G. A.; PERIQUITO, M. C.; ALBANO, C. Nota sobre a ocorrência e observações da tiriba-pérola Pyrrhura lepida (Aves, Psittacidae) no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, v.6, p.395-397, 2008. PETRY, R.; PETER, Â. S.; GUADAGNIN, D. L. Avifauna do Rio Grande do Sul e doenças emergentes: conhecimento atual e recomendações para a vigilância ornitológica da Influenza Aviária e da Febre do Nilo Ocidental. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 14, p. 269-277, 2006. PFEIFFER, M.; TUCK, H. C.; LAY, T. C. Exploring arboreal ant community composition and co- occurrence patterns in plantations of oil palm Elaeis guineensis in Borneo and Peninsular Malaysia. Ecography, v. 31, n. 1, p. 21–32, 2008. PIMENTEL, D.; LACH, L.; ZUNIGA, R; MORRISON, D. Environmental and Economic Costs of Nonindigenous Species in the United States. BioScience, v. 50, n.1, 2000. 93
  • 95. PIMENTEL, D.; McNAIR, S.;, JANECKA, J.; WIGHTMAN, J.; SIMMONDS, C.; O’CONNELL, C.; WONG, E.; RUSSEL, L.; ZERN, J.; AQUINO, T.; TSOMONDO, T. Economic and environmental threats of alien plant, animal, and microbe invasions. Agriculture, Ecosystems e Environment, v. 84, p. 1–20, 2001 PIMENTEL, D.; ZUNIGA, R.; MORRISON, D. Update on the environmental and economic costs associated with alien-invasive species in the United States. Ecological Economics, v. 52, 2005. POMPEU, P. D. S.; GODINHO, A. L. Mudança na dieta da traíra Hoplias malabaricus (Bloch) (Erythrinidae, Characiformes) em lagoas da Bacia do rio Doce devido à introdução de peixes piscívoros. Revista Brasileira de Zoologia, v. 18, n. 4, p.1219-1225, 2001. POMPEU, P. S.; ALVES, C. B. M. Local fish extinction in a small tropical lake in Brazil. Neotropical Ichthyology, v. 1, n. 2, p. 133-135, 2003. POUNDS, J. A. et al. Widespread amphibian extinctions from epidemic disease driven by global warming. Nature, v. 439, p. 161-67, 2006. RANDALL, R. The Global Compendium of weeds. Department of Agriculture, Western Australian, http://www.hear.org.gew, acessado em dezembro de 2008, 2002. RAPOSO, R. D. M. G.; GURGEL, H. D. C. B. Variação da alime,ntação natural de Serrasalmus spilopleura Kner, 1860 (Pisces, Serrasalmidae) em função do ciclo lunar e das estações do ano na Lagoa de Extremoz, Rio Grande do Norte, Brasil. Acta Scientiarum, v. 25, 2003. RAUT, S. K.; BARKER, G. M. Achatina fulica Bowdich and other Achatinidae as pests in tropical agriculture. In G. M. Barker (Ed.), Molluscs as crop pests: p. 55-114. Wallingford: CABI Publishing. 2002. REASER, J. K.; GALINDO-LEAL, C.; ZILLER, S. R. Visitas indesejadas: a invasão de espécies exóticas. In: Galindo-Leal C.; Câmara IDG. (Eds.). Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Fundação S.O.S. Mata Atlântica: São Paulo. Conservação Internacional: Belo Horizonte. 2005. REJMÁNEK, M.; PITCAIRN, M. J. When is eradication of exotic pest plants a realistic goal? In: C. R. Veitch; M. N. Cloud. (Eds). Turning the tide: the eradication of invasive species. IUCN SSC Invasive Species Specialist Group. IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK. 2003. RIBEIRO, M. O.; ZAÚ, A. S. Levantamento populacional e manejo da exótica invasora Dracaena fragrans (L.) Ker-Gawl (Angiospermae – Liliaceae), em um trecho de Floresta Atlântica sob efeitos de borda no Parque Nacional da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, n. 1, p. 21-23, 2007. ROCHA, C. F. D.; ANJOS, L. A. Feeding ecology of a nocturnal invasive alien lizard species, Hemidactylus mabouia Moreau de Jonnès, 1818 (Gekkonidae), living in an outcrop rocky area in southeastern Brazil. Braz. J. Biol., v.67, n.3, 2007. ROCHA-MIRANDA, F.; MARTINS-SILVA, M. J. First record of the invasive snail Melanoides tuberculatus (Gastropoda: Prosobranchia: Thiaridae) in the Paranã River basin, GO, Brazil. Braz. J. Biol., v. 66, 2006. ROSA, R. S.; GROTH, F. Ictiofauna dos Ecossistemas de Brejos de Altitude de Pernambuco e Paraíba. In: K. C. Pôrto; J. J. P. Cabral; M. Tabarelli (Eds). Brejos de Altitude de Pernambuco e Paraíba. MMA, Brasília. 2004. SAKAI, A. N.; ALLENDORF, F. W.; HOLT, J.S.; LODGE, D.M.; MOLOFSKY, J.; WITH, K. A.; BAUGHMAN, S.; CABIN, R. J.; COHEN, J. E.; ELLSTRAND, N. C.; McCAULEY, D. E.; O’NEIL, P.; PARKER, I. M.; THOMPSON, J. N.; WELLER, S. G. The population biology of invasive species. Annual Review of Ecology and Systematic 32: p. 305-332. 2001. TOWNSEND, C. R.; WINTERBOURN, M. J. Assessment of the Environmental Risk Posed by an Exotic Fish: The Proposed Introduction of Channel Catfish (Ictalurus punctatus) to New Zealand. Conservation Biology, v. 6, p. 273-282,1992. SANCHES, A.; GALETTI-JR, P. M. Genetic evidence of population structuring in the neotropical freshwater fish Brycon hilarii (Valenciennes, 1850). Brazilian Journal of Biology, v.67, p. 889-895, 2007. 94
  • 96. SANCHES, J. H.; MAGRO, T. C.; SILVA, D. F. Distribuição de Terminalia catappa L. em área de restinga no Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba, Ubatuba/SP. In: Anais do XIII Congresso Brasileiro de Sensoriamento Remoto – Instituto de Pesquisas Espaciais. p. 1831-1838. 2007. SANTOS, A. R.; BERGALLO, H. G.; ROCHA, C. F. D. Paisagem urbana alienígena. Ciência Hoje, v. 41, p. 68-73, 2008. SANTOS, E. C. B. Desempenho produtivo do camarão cinza Litopenaeus vannamei, utilizando técnicas de povoamento direto e indireto. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 2009. SANTOS, M. D. C. F.; COELHO, P. A. Espécies exóticas de camarões Peneídeos (Penaeus monodon Fabricius, 1798 e Litopenaeus vannamei Boone, 1931) nos ambientes estuarino e marinho do Nordeste do Brasil. Bol. Técn. Cient. Cepene, v. 10, n.1, 2002. SAZIMA, I.; HAEMIG, P. D. Aves, Mamíferos e Répteis de Fernando de Noronha. Ecologia.info, v. 17, 2006. SHINE, C., WILLIAMS, N., GUNDLING, L. A Guide to Designing Legal and Institutional Frameworks on Alien Invasive Species. IUCN Gland, Switzerland, Cambridge and Bonn, xvi - 138 p. 2000. SILVA, A. P.; NEUMANN-LEITÃO, S.; SCHWAMBORN, R.; GUSMÃO, L. M. D. O.; SILVA, T. D. A. E. Mesozooplankton of an Impacted Bay in North Eastern Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 47, n. 3, 2004. SILVA, C. C. F.; SANTOS, L. C. Palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) como alternativa na alimentação de ruminantes. Revista Eletrônica de Veterinária, v. 10, p. 1-13, 2006. SIQUEIRA, J. C. Bioinvasão vegetal: dispersão e propagação de espécies nativas e invasoras exóticas no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). Pesquisas (Botânica) v. 57,p. 319-330. 2006. SOARES, M. D. C. F.; LOPES, J. P.; BELLINI, R.; MENEZES, D. Q. A piscicultura no Rio São Francisco: é possível conciliar o uso múltiplo dos reservatórios? Revista Brasileira de Engenharia de Pesca, 2(2): p. 69-83. 2007. SOUSA, M. A. N. D.; LANGGUTH, A.; GIMENEZ, E. D. A. Mamíferos dos Brejos de Altitude Paraíba e Pernambuco. In: K. C. Pôrto, J. J. P. Cabral; M. Tabarelli (Eds.), Brejos de Altitude de Pernambuco e Paraíba. Brasília: MMA. 2004. SOUZA, R. C. C. D.; FERNANDES, F. D. C.; SILVA, E. P. D. Distribuição atual do mexilhão Perna perna no mundo: um caso recente de bioinvasão. In: J. S. V. D. Silva; R. C. C. D. Souza (Eds.) Água de lastro e bioinvasão. Rio de Janeiro: Interciência. 2004. SOUZA, F. M. M. C.; MESSIAS, G. A.; FIALHO, D. H. F.; SOARES, R. B.; CORREIA, E. S. Crescimento do camarão marinho Farfantepenaeus subtilis (Pérez Pérez-Farfante, 1967) cultivado em tanques com diferentes protocolos de fertilização orgânica. Acta Scientiarum Biological Sciences, v. 31, n. 3, p. 221- 226, 2009. SOUZA, J. D.; ROCHA, C. D.; LIMA, M. D. Ocorrência do bivalve exótico Mytilopsis leucophaeta (Conrad) (Mollusca, Bivalvia), no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 22, n.4, 2005. SOUZA-KURY, L. A. Malacostraca - Peracarida. Isopoda. Oniscidea. In: P. S. Young (Ed.), Catalogue of Crustacea of Brazil. Rio de Janeiro: Museu Nacional. 1998. TAVARES, M.; MENDONÇA-JR., J. B. Introdução de crustáceos decápodes exóticos no Brasil: uma roleta ecológica. In J. S. V. Silva; R. C. C. Souza (Eds.), Água de lastro e bioinvasão. Rio de Janeiro: Interciência. 2004. TELES, H. M. S.; FONTES, L. R. Implicações da introdução e dispersão de Achatina fulica Bowdich, 1822 no Brasil. Boletim Instituto Adolfo Lutz, 12: 3-5. 2002. TELES, H. M. S.; VAZ, J. F.; FONTES, L. R.; DOMINGOS, M. D. F. Registro de Achatina fulica Bowdich, 1822 (Mollusca, Gastropoda) no Brasil: caracol hospedeiro intermediário da angiostrongilíase. Revista Saúde Pública, 31(3): 310-312. 1997. THIENGO, S. C.; FARACO, F. A.; SALGADO, N. C.; COWIE, R. H.; FERNANDEZ, M. A. Rapid spread of an invasive snail in South America: the giant African snail, Achatina fulica, in Brasil. Biological Invasions, 9: 693-702. 2007. 95
  • 97. TOLEDO FILHO, D. V.; FREITAS, J. A.; PEREIRA, P. R. B. E ZANELLA, J. Levantamento da flora arbustiva-arbórea das fazendas Calunga e São João, entre Mogi Mirim e Itapira – SP. Anais do IV Fórum Ambiental da Alta Paulista, 2008. VERSVELD, D. B.; LE MAITRE, D. C.; CHAPMAN, R. A. Alien invading plants and water resources in South Africa: a preliminary assessment. WRC Report no. TT 99/98. Stellenbosch: CSIR, sep. 1998. VITOUSEK, P. Diversidade e invasões biológicas de ilhas oceânicas. In: E. O. Wilson (Ed.), Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997. VITULE, J. R. S.; FREIRE, C. A.; SIMBERLOFF, D. Introduction of non-native freshwater fish can certainly be bad. Fish and Fisheries, v.10, p. 98-108, 2009. WAKKER, E. Greasy Palms - The social and ecological impacts of large-scale oil palm plantation development in Southeast Asia, Aidenvironment in collaboration with Sawit Watch Indonesia and Joanna de Rozario, Friends of the Earth UK, London. 2004. WHO (World Health Organization). Report of the WHO informal consultation on schistosomiasis control, WHO/CDS/CPC/SIP/99.2. Online: http://www.who.int/ctd/schisto/99_2en.pdf. 1998. WILLIAMS, D. G.; BARUCH, Z. African grass invasion in the Americas: ecosystem consequences and the role of ecophysiology. Biological Invasions 2: 123-140. 2000. WILLIAMS, D. G.; MACK, R. N.; BLACK, R. A. Ecophysiology and growth of introduced Pennisetum setaceum on Hawaii: the role of phenotypic plasticity. Ecology v. 76, p. 1569–1580, 1995. WILSON, E. O. A situação atual da diversidade biológica. In: E. O. Wilson (Ed.) Biodiversidade. Nova Fronteira, Rio de Janeiro. 1997. WITTENBERG, R., COCK, M. J. W. (Eds.) Invasive Alien Species: A Toolkit of Best Prevention and Management Practices. CAB International, Wallingford, Oxon, UK, xvii – 228 p. 2001. WWF. ZSL, GFN.. Living Planet Report. 2008. XAVIER, T. M. T.; MORENO, M. R. Prejuízos causados pelas espécies exóticas invasoras na Floresta Nacional de Pacotuba. In: XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VIII Encontro Latino-americano de Pós-graduação – Universidade do Vale do Paraíba. p. 1-2. 2008. ZALBA, S. M. Adaptive management of biological invasions: a tool for reducing uncertainty and improving diagnosis and effectiveness of control. XIX Meeting of the Society for Conservation Biology. Brasilia, DF, Brasil. 2005. ZALBA, S. M.; ZILLER, S. R. Manejo adaptativo de espécies exóticas invasoras: colocando a teoria em prática. Natureza e Conservação, 5(2): 16-22. 2007. ZARET, T. M.; PAINE, R. T. Species Introduction in a Tropical Lake. Science, v.182, n. 4111, p. 449-455, 1973. ZEPPELINI, D., MASCARENHAS, R. e MEIER, G. G. Rat Eradication as Part of a Hawksbill Turtle (Eretmochelys imbricata) Conservation Program in an Urban Area in Cabedelo, Paraíba State, Brazil. Marine Turtle Newsletter, v. 117, 2007. ZILLER, S. R.; ZALBA, S. Propostas de ação para prevenção e controle de espécies exóticas invasoras. Natureza e Conservação, v. 5, n. 2, 2007. ZILLER, S. R.; ZALBA, S. M.; ZENNI, R. D. Modelo para o desenvolvimento de uma estratégia nacional para espécies exóticas invasoras. Programa de Espécies Exóticas Invasoras para a América do Sul - The Nature Conservancy. Programa Global de Espécies Invasoras – Gisp. 2007. 96
  • 98. Anexo 1 Legislação Federal Brasileira Acerca de Espécies Exóticas Invasoras 1. A Convenção sobre Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário, Decreto nº 2519/88 e Decreto Legislativo nº 02/94, que, em seu art. 8h, roga: “Impedir que se introduzam, controlem ou erradiquem espécies exóticas que ameacem os ecossistemas, hábitats ou as espécies”. Ressalte-se que as duas últimas convenções tiveram como tema central a problemática de espécies exóticas invasoras e que o Ministério do Meio Ambiente do Brasil hospedou um workshop para a América Latina em outubro de 2001 em parceria com o Programa Global de Espécies Invasoras (Gisp), reconhecendo a relevância do tema para o País. 2. A Política Nacional de Biodiversidade, Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002, publicado no Diário Oficial da União de 23 de agosto 2002. Um dos princípios básicos ressalta que “A política nacional de biodiversidade reger-se-á pelas seguintes diretrizes: ‘IV. é vital prever, prevenir e combater na origem as causas da sensível redução ou perda de diversidade biológica’. Do componente I, referente ao Conhecimento da Biodiversidade, citamos o item 10.1.8: ‘Inventariar e mapear as espécies exóticas invasoras e as espécies-problema, bem como os ecossistemas em que foram introduzidas para nortear estudos dos impactos gerados e ações de controle’. Ainda dentro do mesmo componente, temos o item 10.3.6: ‘Promover e apoiar pesquisas para subsidiar a prevenção, erradicação e o controle de espécies exóticas invasoras e espécies-problema que ameacem a biodiversidade, as atividades de agricultura, a pecuária, silvicultura e aquicultura e a saúde humana.’” Do componente II, referente à Conservação da Biodiversidade, vale citar o item 11.1.13: “Promover a prevenção, a erradicação e o controle de espécies exóticas invasoras que possam afetar a biodiversidade”. Do componente IV, referente a Monitoramento, Avaliação, Prevenção e Mitigação de Impactos sobre a Biodiversidade, citamos os itens 13.2.6: “Apoiar a realização de análises de risco e estudos dos impactos da introdução de espécies exóticas potencialmente invasoras, espécies potencialmente problema e outras que ameacem a biodiversidade, as atividades econômicas e a saúde da população; e a criação e implementação de medidas de controle”; e o item 13.2.7: “Promover e aperfeiçoar ações de prevenção, controle e erradicação de espécies exóticas invasoras e de espécies-problema”. Do componente VII, referente ao Fortalecimento Jurídico e Institucional para a Gestão da Biodiversidade, citamos o item 16.5.2: “Promover a implementação de acordos e convenções internacionais relacionados com a gestão da biodiversidade, com atenção especial para a Convenção sobre Diversidade Biológica e seus programas e suas iniciativas”. 3. A Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605/98, nos seus arts. 31 e 61, respectivamente, dispõe o que é crime ambiental: “Introduzir espécime animal no País sem parecer técnico-oficial favorável e licença expedida por autoridade ambiental competente” e “disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas”. A pena é de reclusão de um a 4 anos, e multa. 4. O Decreto Federal nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, em seu art. 45, prevê multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) para o crime descrito no art. 61 da Lei nº 9.605/98. 97
  • 99. 5. A Lei nº 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, restringe, em seu art. 31, a introdução de espécies exóticas invasoras em determinados espaços geográficos de proteção especial. 6. A alínea a, § 2º, inciso V do art. 1º da Lei Federal nº 4.771/65, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal), considera de interesse social as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, e menciona, dentre elas, a erradicação de invasoras. 7. A Resolução Conama nº 369, de 28 de março de 2006, em seu art. 2º, inciso II, alínea a, reitera as disposições da Lei nº 4.771/65 ao considerar de interesse social a erradicação de espécies exóticas invasoras quando se mostrar necessária a sua adoção para assegurar a proteção da integridade da vegetação nativa. 8. A Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, em seu art. 3º, inciso VIII, alínea a, considera de interesse social as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa e, dentre essas, a erradicação de espécies exóticas invasoras. 9. A Instrução Normativa Ibama nº 179, de 25 de junho de 2008, que define as diretrizes e os procedimentos para a destinação dos animais da fauna silvestre nativa e exótica apreendidos, resgatados ou entregues espontaneamente às autoridades competentes, diz que: Artigo 3º. Os espécimes da fauna silvestre deverão ser destinados de acordo com os critérios desta IN para: I - Retorno imediato à natureza. II – Cativeiro. III - Programas de soltura (reintrodução, revigoramento ou experimentação). IV - Instituições de pesquisa ou didáticas. § 1º - O espécime da fauna silvestre exótica não poderá, sob hipótese alguma, ser destinado para o retorno imediato à natureza ou a soltura. Artigo 16. O espécime com comprovado potencial de causar danos à saúde pública, agricultura, pecuária, fauna, flora ou aos ecossistemas poderá ser submetido ao óbito, desde que previamente avaliado pela comissão de avaliação da Supes. 10. O Decreto Federal nº 6.514, de 22 de julho de 2008, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações e dá outras providências, determina: Artigo 25. Introduzir espécime animal silvestre, nativo ou exótico, no País ou fora de sua área de distribuição natural, sem parecer técnico-oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente, quando exigível: Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de: I - R$ 200,00 (duzentos reais), por indivíduo de espécie não constante em listas oficiais de espécies em risco ou ameaçadas de extinção. II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da Cites. § 1º Entende-se por introdução de espécime animal no País, além do ato de ingresso nas fronteiras nacionais, a guarda e manutenção continuada a qualquer tempo. § 2º Incorre as mesmas penas quem reintroduz na natureza espécime da fauna silvestre sem parecer técnico-oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente, quando exigível. Artigo 38. Importar ou exportar quaisquer espécies aquáticas, em qualquer estágio de desenvolvimento, bem como introduzir espécies nativas, exóticas ou não autóctones em 98
  • 100. águas jurisdicionais brasileiras sem autorização ou licença do órgão competente ou em desacordo com a obtida: Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou fração do produto da pescaria ou por espécime, quando se tratar de espécies aquáticas, oriundas de produto de pesca para ornamentação. § 1º Incorre a mesma multa quem introduzir espécies nativas ou exóticas em águas jurisdicionais brasileiras sem autorização do órgão competente, ou em desacordo com a obtida. § 2º A multa de que trata o caput será aplicada em dobro se houver dano ou destruição de recife de coral. Artigo 61. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da biodiversidade: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). Parágrafo único. As multas e demais penalidades de que trata o caput serão aplicadas após laudo técnico elaborado pelo órgão ambiental competente, identificando a dimensão do dano decorrente da infração e em conformidade com a gradação do impacto. Artigo 67. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à biodiversidade, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais). Artigo 84. Introduzir em unidade de conservação espécies alóctones: Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). Legislação estadual – Paraná Portaria nº 192, de 02 de dezembro de 2005 – Normatiza o processo de eliminação e controle de espécies vegetais exóticas invasoras em Unidades de Conservação de proteção integral sob administração do IAP. Portaria nº 121, de 10 de julho de 2007 – Regulamenta o corte de espécies florestais exóticas em perímetro urbano. Portaria nº 096, de 22 de maio de 2007 – Isenta a matéria-prima florestal exótica da obrigatoriedade de reposição florestal, da prévia aprovação para exploração e transporte. Portaria nº 095, de 22 de maio de 2007 – Reconhece a Lista Oficial de Espécies Exóticas Invasoras para o Estado do Paraná e estabelece normas de controle. Legislação Estadual – Espírito Santo Instrução normativa nº 03, de 05 de fevereiro de 2007 - Normatiza o processo de eliminação e controle de espécies vegetais exóticas invasoras em Unidades de Conservação sob administração do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema). 99
  • 101. iria Rejane de Almeida Michele de Sá Dechoum Sílvia Ziller Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil Contextualização, Manejo e Políticas APOIO: 100