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2023 - ToC Concilium

This document summarizes a study reviewing conceptual and clinical aspects of obsessive-compulsive disorder (OCD), including its history, diagnosis, symptom dimensions, etiology, assessment, prevention, and treatment. The history of OCD shows a transition from religious to medical conceptions. OCD symptoms involve obsessive thoughts and compulsive acts that can manifest in four dimensions: contamination/cleanliness, order/symmetry, doubt/verification, and disgusting thoughts/mental rituals. This heterogeneity in OCD symptoms makes causes and treatment responses difficult to understand. OCD management involves symptom assessment, prevention through psychoeducation and reducing family accommodation, and pharmacological and psychotherapeutic treatments such as serotonin reuptake inhibitors and cognitive-behavioral therapy with exposure and ritual
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2023 - ToC Concilium

This document summarizes a study reviewing conceptual and clinical aspects of obsessive-compulsive disorder (OCD), including its history, diagnosis, symptom dimensions, etiology, assessment, prevention, and treatment. The history of OCD shows a transition from religious to medical conceptions. OCD symptoms involve obsessive thoughts and compulsive acts that can manifest in four dimensions: contamination/cleanliness, order/symmetry, doubt/verification, and disgusting thoughts/mental rituals. This heterogeneity in OCD symptoms makes causes and treatment responses difficult to understand. OCD management involves symptom assessment, prevention through psychoeducation and reducing family accommodation, and pharmacological and psychotherapeutic treatments such as serotonin reuptake inhibitors and cognitive-behavioral therapy with exposure and ritual
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CONCILIUM, Vol.

23, Nº 3, 2023
DOI: 10.53660/CLM-901-23B48
ISSN: 0010-5236

Obsessive-Compulsive Disorder: Conceptual and Clinical Aspects


Transtorno Obsessivo-Compulsivo: Aspectos Conceituais e Clínicos
Received: 2023-01-11 | Accepted: 2023-02-12 | Published: 2023-03-03

Vinícius Ferreira Borges


ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0322-6297
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
E-mail: [email protected]

ABSTRACT
Obsessive-compulsive disorder (OCD) is a chronic, prevalent, and disabling psychiatric disorder that
affects people of all ages and may have been worsened by the COVID-19 pandemic. This study aims to
review conceptual and clinical aspects of OCD, including its history, diagnosis, symptom dimensions,
etiology, assessment, prevention, and treatment. The history of OCD shows the transition from religious to
medical conceptions. The main symptoms of OCD involve the presence of obsessive thoughts and
compulsive acts, which can manifest themselves in four dimensions: ‘contamination and cleanliness’,
‘order and symmetry’, ‘doubt and verification’, and ‘disgusting thoughts and mental rituals’. This
heterogeneity in the manifestation of OCD can make it difficult to understand its causes and to compare
treatment responses. OCD management involves symptom assessment; prevention through
psychoeducation and reducing family accommodation; pharmacological and psychotherapeutic treatment.
First-line treatments involves the administration of serotonin reuptake inhibitor drugs and/or cognitive-
behavioral therapy, with exposure and ritual avoidance techniques, and cognitive reappraisal.

Keywords: Obsessive-compulsive disorder; OCD; Diagnosis; Treatment; Prevention

RESUMO
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um distúrbio psiquiátrico, crônico, prevalente e incapacitante,
que afeta pessoas de todas as idades e pode ter se agravado com a pandemia de COVID-19. Este estudo
objetiva revisar aspectos conceituais e clínicos do TOC, incluindo sua história, diagnóstico, dimensões
sintomáticas, etiologia, avaliação, prevenção e tratamento. A história do TOC mostra a transição de
concepções religiosas para médicas. Os principais sintomas do TOC envolvem a presença de pensamentos
obsessivos e atos compulsivos, que podem se manifestar em quatro dimensões: “contaminação e limpeza”,
“ordem e simetria”, “dúvidas e verificação” e “pensamentos repugnantes e rituais mentais”. Essa
heterogeneidade da manifestação do TOC pode dificultar o entendimento de suas causas e a comparação
de respostas ao tratamento. Seu manejo envolve a avaliação dos sintomas; a prevenção via psicoeducação
e redução da acomodação familiar; e o tratamento farmacológico e psicoterapêutico. A primeira linha de
tratamento envolve a administração de fármacos inibidores da recaptação de serotonina e/ou a terapia
cognitivo-comportamental com técnicas de exposição e prevenção de rituais e reavaliação cognitiva.
Palavras-chave: Transtorno obsessivo-compulsivo; TOC; Diagnóstico; Tratamento; Prevenção
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INTRODUÇÃO

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é uma condição psiquiátrica crônica,


altamente prevalente e associada a relevante incapacidade (Stein, et al., 2019). Este distúrbio afeta
crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo, tendo ocupado, antes da pandemia de COVID-
19, o posto de quarto transtorno mental mais comum e figurado entre as dez condições mais
incapacitantes, devido a perda de renda e diminuição da qualidade de vida das pessoas (Veale &
Roberts, 2014). Atualmente, é impossível negar os impactos negativos da pandemia sobre a saúde
mental das pessoas. Entre outros fatores, o medo de contaminação por coronavírus pode ter
contribuído para a elevação dos níveis de estresse da população e para a intensificação de sintomas
de transtornos mentais pré-existentes, especialmente o TOC (Ornell, et al., 2021).
Como o próprio nome sugere, O TOC é caracterizado principalmente pela presença
obsessões (pensamentos intrusivos e perturbadores), compulsões (comportamentos ou atos
mentais repetitivos), ou ambas. As obsessões e compulsões são normalmente angustiantes,
consomem tempo e prejudicam a rotina dos indivíduos (Hirschtritt, Bloch, & Mathews, 2017).
O TOC é um transtorno heterogêneo (Bokor & Anderson, 2014) e a gravidade dos
sintomas pode diferir acentuadamente de uma pessoa para outra (Veale & Roberts, 2014). Apesar
disso, o conteúdo das obsessões costuma estar relacionado ao medo de contaminação,
pensamentos agressivos indesejados, tabus envolvendo sexo ou religião e a necessidade de
simetria ou exatidão. As compulsões, por sua vez, normalmente envolvem atos de limpeza,
organização, verificação, contagem, repetição e confirmação, que podem servir para neutralizar a
angústia causada pelas obsessões. Todavia, em algumas ocasiões, as próprias compulsões podem
se tornar tão dispendiosas de tempo e energia, que acabam causando ansiedade. Nesse sentido, é
comum que indivíduos com TOC se tornem evitativos em relação a estímulos que podem
desencadear suas obsessões e compulsões (Goodman, Grice, Lapidus, & Coffey, 2014).
Considerando o TOC como uma condição prevalente e incapacitante (Stein, et al., 2019),
potencialmente intensificada durante a pandemia de COVID-19 (Ornell, et al., 2021) e ainda
subestimada e tratada de forma insuficiente (Richter & Ramos, 2018), então o presente trabalho
se justifica pela importância de difundir fatos e dados relevantes, que possam auxiliar na
orientação de estudantes, profissionais de saúde e pacientes acerca do transtorno. Nesse intuito,
este artigo objetiva revisar tópicos essenciais associados ao TOC.
Primeiramente, serão apresentados alguns aspectos de sua história, contemplando desde
os primeiros relatos na literatura até as classificações atuais. Depois, serão abordados os critérios
diagnósticos e o diagnóstico diferencial em relação a outras condições psiquiátricas. Um foco
especial será dado às quatro dimensões mais comuns em que o TOC se manifesta, o que atribui
um caráter heterogêneo ao transtorno e dificulta o estabelecimento de suas causas, que serão
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abordadas na sequência na seção sobre etiologia. Por fim, serão abordadas algumas formas de
avaliação, prevenção e tratamento que compõem o manejo geral do TOC.

ASPECTOS BÁSICOS DO TOC

História
Obsessões e compulsões fazem parte do repertório cognitivo e comportamental humano,
e podem estar mais ou menos presentes na vida das pessoas. Por isso, a descrição desses
fenômenos pode ser observada em documentos históricos ao longo dos últimos séculos. Um
estudo italiano abrangente (Fornaro, et al., 2009), apresentou uma seção contendo alguns
antecedentes históricos do TOC e transtornos relacionados. Para exemplificar, seus autores
citaram trechos do “Malleus Maleficarum” (um compêndio de feitiçaria e psicopatologia do
século XV) e “Macbeth” (um clássico literatura do século XVII de William Shakespeare). O
primeiro trecho se referia a um exorcismo e distinguia pessoas parcialmente possuídas (i.e., com
perfil obsessivo-compulsivo associado a blasfêmia e sexo) daquelas totalmente possuídas (i.e.,
com características psicóticas). A segunda passagem mostrava as obsessões e os rituais de lavar
as mãos associados à culpa que Lady Macbeth sentia.
O mesmo estudo (Fornaro, et al., 2009) enfatizou a mudança de concepção do fenômeno
obsessivo-compulsivo, que passou de uma visão religiosa para uma visão médica. Ao que tudo
indica, as obsessões e compulsões foram primeiramente descritas na literatura médica em 1838,
pelo psiquiatra francês Jean-Étienne Esquirol (discípulo de Philippe Pinel) e, ao final do século
XIX, esses sintomas já eram considerados manifestações de melancolia ou depressão. No início
do século XX, os trabalhos de Pierre Janet e Sigmund Freud, marcaram a introdução de uma visão
psicológica sobre o fenômeno obsessivo-compulsivo. Na década de 1950, a terapia
comportamental e as teorias da aprendizagem estavam em ascensão e foram aplicadas aos
sintomas obsessivo-compulsivos, direcionando o desenvolvimento de tratamentos efetivos para a
redução de rituais compulsivos nas décadas seguintes.
Os critérios diagnósticos do TOC foram descritos pela primeira vez em 1980 com a
publicação do DSM-III, a terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (American Psychiatric Association, 1980). Isso possibilitou o desenvolvimento de novos
estudos sobre o TOC, uma vez que esta condição psiquiátrica fora sistematicamente classificada
e definida. A partir de então, acompanhando os avanços científicos na área da saúde mental, este
manual vem sendo revisado e editado. Cabe observar, porém, que desde o DSM-III, as duas
principais características do TOC (i.e., a presença de obsessões e/ou compulsões) não sofreram
alterações significativas em sua definição (Abramowitz & Jacoby, 2015).
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No DSM-5, a quinta e mais recente edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais, as obsessões foram definidas como pensamentos, imagens ou impulsos, que
aparecem de forma recorrente e persistente, sendo considerados intrusivos e indesejados pelo
indivíduo. As compulsões, por sua vez, são comportamentos ou atos mentais recorrentes que uma
pessoa se sente obrigada a cumprir em resposta a uma obsessão ou obedecendo a regras
particulares bastante rígidas (American Psychiatric Association, 2013). Cabe observar que,
diferentemente da edição anterior, o DSM-5 apresenta um capítulo exclusivo para o TOC e outros
transtornos relacionados, devido ao reconhecimento de suas características distintivas.
Anteriormente, estes transtornos foram classificados, em sua maioria, juntamente com os
transtornos de ansiedade (Araújo & Lotufo-Neto, 2014).

Diagnóstico
De acordo com os critérios diagnósticos do DSM-5, para que uma pessoa receba o
diagnóstico de TOC, seu quadro clínico deve apresentar as seguintes características: a) presença
de obsessões, compulsões ou ambas; b) as obsessões e/ou compulsões devem consumir tempo
(i.e., mais de uma hora por dia), causar sofrimento clinicamente significativo e/ou prejudicar o
funcionamento do indivíduo em áreas importantes da vida; c) os sintomas obsessivo-compulsivos
não devem estar relacionados a efeitos de substâncias (e.g., droga de abuso ou medicamento) ou
a outra condição médica; d) a perturbação não pode ser melhor explicada por sintomas de outros
transtornos mentais (American Psychiatric Association, 2013).
O DSM-5 ainda requer que o nível de insight do indivíduo sobre as próprias crenças
associadas ao TOC seja especificado como: a) insight bom ou razoável, se ele reconhece que as
crenças não são ou podem não ser verdadeiras; b) insight pobre, se ele acredita que as crenças são
provavelmente verdadeiras; e c) insight ausente ou crenças delirantes, se ele está convencido de
que as crenças são verdadeiras. Outro aspecto que deve ser especificado é se o TOC está
relacionado a tiques. Isto é, se o indivíduo apresenta ou já apresentou transtorno de tique
(American Psychiatric Association, 2013).
Além de ser diferenciado de estados normais de saúde mental, o TOC também precisa ser
distinguido de outras condições psiquiátricas que apresentam características semelhantes. Afinal,
pensamentos recorrentes, preocupações, ruminações ou rituais podem ocorrer em outros
transtornos (Stein, et al., 2019). Dessa forma, é importante que profissionais realizem o
diagnóstico diferencial do TOC em relação a: transtornos de ansiedade; transtorno depressivo
maior; outros transtornos obsessivo-compulsivos e transtornos relacionados; transtornos
alimentares; tiques (no transtorno de tique) e movimentos estereotipados; transtornos psicóticos;
outros comportamentos do tipo compulsivo; e transtorno da personalidade obsessiva-compulsiva
(American Psychiatric Association, 2013).
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Dimensões do TOC
O TOC é notadamente uma condição psiquiátrica muito heterogênea, o que significa que
o conteúdo das obsessões e compulsões pode variar consideravelmente de um indivíduo para o
outro. Por exemplo, duas pessoas que receberam o diagnóstico de TOC podem apresentar um
padrão de sintomas completamente diferentes, sem qualquer sobreposição (Mataix-Cols, Rosario-
Campos, & Leckman, 2005). Apesar disso, certos temas ou dimensões do TOC parecem ser mais
comuns (American Psychiatric Association, 2013). Essas dimensões foram determinadas com o
auxílio de métodos estatísticos (e.g., análise fatorial) para identificação de subgrupos mais
homogêneos de apresentação clínica dos sintomas (Cordioli, 2014).
De acordo com Abramowitz, et al. (2010), quatro dimensões do TOC foram replicadas
de forma mais consistente na literatura científica, entre as quais os sintomas se manifestam como:
a) obsessões de contaminação e compulsões de lavagem ou limpeza; b) obsessões sobre a
necessidade de ordem ou simetria e compulsões de arranjo ou organização; c) obsessões sobre
dúvidas quanto a erros ou danos e compulsões de checagem ou verificação; e d) pensamentos
obsessivos repugnantes sobre violência, sexo ou blasfêmia e compulsões envolvendo rituais
mentais e estratégias de neutralização (e.g., substituição de pensamento). Antes de exemplificar
cada dimensão, é importante ressaltar que esses sintomas obsessivo-compulsivos mantém uma
relação funcional entre si. Isto é, os comportamentos ou atos mentais compulsivos funcionam
como tentativas de reduzir a angústia causada pelos pensamentos obsessivos (Abramowitz &
Jacoby, 2015).
Para efeitos didáticos, cada dimensão será nomeada de acordo com a principal obsessão
e compulsão que a constitui. Assim, a dimensão denominada como “contaminação e limpeza”
pode ser exemplificada por preocupações excessivas de se contaminar (por meio da exposição a
germes, bactérias, radiação etc.), contaminar outras pessoas (especialmente familiares) ou contrair
doenças. Em decorrência disso, os indivíduos tendem a lavar as mãos com muita frequência,
trocar de roupas várias vezes ao dia, tomar banhos demorados e usar muito sabão, álcool e/ou
detergentes, o que pode causar problemas na pele ou nas unhas. Além disso, esses sujeitos
costumam evitar o contato físico direto com tudo aquilo que acreditam estar contaminado,
incluindo determinados locais (e.g., banheiros públicos, hospitais, cemitérios etc.), objetos (e.g.,
corrimão, maçaneta, torneiras, chaves, dinheiro etc.), pessoas (e.g., mendigos) e partes do próprio
corpo (e.g., dedos, cotovelos etc.). Alguns pacientes ainda isolam certos espaços e utensílios da
casa para uso próprio e de modo não compartilhado. Também há casos em que as compulsões de
lavagem podem ocorrer para anular pensamentos supersticiosos ou blasfemos (Cordioli, 2014).
A dimensão “ordem e simetria” envolve a necessidade exagerada de arranjo de objetos
ou circunstâncias conforme determinados critérios, por exemplo: a organização de roupas de
acordo com suas características (e.g., tipo, cor, tamanho etc.); a colocação ou alinhamento de
objetos na posição correta (e.g., móveis, livros, quadros, lençóis, talheres, pratos, a própria comida
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no prato etc.); ou a realização de tarefas segundo alguma sequência ou regra (e.g., escovar os
dentes). Cabe notar que as compulsões associadas a simetria, alinhamento ou sequência podem
ser precedidas por obsessões do tipo “just right” (i.e., pensamentos de ter que fazer algo de certa
maneira para que as coisas fiquem corretas) ou, mais raramente, por pensamentos supersticiosos
cuja ameaça seria prevenida com o ritual (Cordioli, 2014).
Quanto à dimensão “dúvidas e verificação”, pode-se dizer que as verificações são
sintomas normalmente precedidos por dúvidas ou pela necessidade de se certificar que possíveis
ameaças ou danos foram reduzidos ou eliminados. Os episódios mais críticos ocorrem quando a
pessoa com TOC acredita que uma falha pessoal, associada à falta de cuidado/responsabilidade
ou não prevenção de risco, produziria graves consequências (e.g., acidente, incêndio, roubo, morte
etc.). Logo, o ímpeto de verificação se torna mais intenso quando, por exemplo, o sujeito sai de
casa, do trabalho ou do estacionamento e pensa respectivamente que a casa pode pegar fogo
porque talvez tenha deixado a chama do fogão acesa; ou que alguém possa roubar dados da
empresa porque talvez tenha esquecido de desligar o computador; ou mesmo que o carro possa
ser roubado, porque talvez tenha esquecido de ligar o alarme. Para verificar, se certificar ou
garantir que as coisas foram feitas corretamente (sem falhas ou riscos), o indivíduo normalmente
faz perguntas repetidas a si mesmo ou a outras pessoas. Também são comuns verificações sutis
ou dissimuladas (e.g., olhar ou tocar com atenção certos objetos e documentos) e verificações
mentais (e.g., repassar mentalmente um trajeto, diálogos ou o passo-a-passo de determinadas
atividades). Em alguns casos, as dúvidas podem apresentar características quase delirantes,
quando o indivíduo não confia naquilo que está vendo (e.g., uma porta trancada em que é possível
observar o mecanismo de tranca devidamente ativado) (Cordioli, 2014).
Por fim, na dimensão “pensamentos repugnantes e rituais mentais” é comum a presença
de pensamentos ou imagens perturbadoras e inaceitáveis sobre a prática de atos envolvendo
violência (e.g., esfaquear um familiar, jogar um bebê pela janela, empurrar um idoso para o meio
do trânsito, atropelar uma pessoa ou animal etc.); tabus sexuais (e.g., molestar uma criança,
praticar incesto, fazer sexo com animais, fixar o olhar nos genitais de outra pessoa, duvidar da
própria orientação sexual etc.) e/ou blasfêmias (e.g., praticar sexo com figuras divinas, falar
palavrões ou obscenidades durante cultos religiosos, pensar demasiadamente em entidades
maléficas etc.). Com frequência, pessoas com TOC interpretam equivocadamente essas obsessões
como indicadoras de intenção ou de possibilidade de praticar tais comportamentos execráveis, o
que leva ao monitoramento constante e tentativas malsucedidas de suprimir esses pensamentos,
além da implementação de medidas de segurança (e.g., colocar de telas de proteção nas janelas,
esconder facas ou substâncias venenosas etc.). Ademais, comportamentos ou rituais de reparação
podem ocorrer para neutralizar a aflição, tais como confissões, rezas, penitências ou banhos de
purificação. Atos mentais de checagem também são comuns nesta dimensão, por exemplo: checar
e-mails ou repassar conversas para se certificar que nada foi comunicado de forma agressiva ou
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ofensiva; olhar constantemente o espelho retrovisor ou relembrar do trajeto para constatar que
não atropelou algum animal ou pessoa (Cordioli, 2014).
Em suma, o TOC pode ter manifestações clínicas muito variáveis, o que dificulta o
esclarecimento sobre sua etiologia e comparações entre as respostas aos diferentes tipos de
tratamento (Cordioli, 2014). As próximas seções serão dedicadas a estes tópicos.

Etiologia
Em virtude de sua heterogeneidade, as causas do TOC ainda não foram firmemente
estabelecidas. Contudo, fatores cerebrais/neurobiológicos, psicológicos e ambientais têm sido
associados ao surgimento e manutenção de sintomas do TOC (Cordioli, Vivian, & Braga, 2017).
Entre os fatores cerebrais e neurobiológicos relacionados a sintomas obsessivo-
compulsivos podem ser consideradas algumas predisposições genéticas (Mahjani, Bey, Boberg,
& Burton, 2021), além de condições neurológicas mais raras, causadas por tumores cerebrais (Nur
& Harun, 2019), coreia de Sydenham (Swedo, et al., 1989), coreia de Huntington (Molano-Eslava,
et al., 2008), demência frontotemporal (Moheb, et al., 2019), traumas cranioencefálicos (Grados,
2003) e infecção por estreptococos (Swedo, Leonard, & Rapoport, 2004).
Aspectos cognitivos e comportamentais constituem os principais fatores psicológicos
associados a etiologia do TOC. Por exemplo, distorções cognitivas e crenças disfuncionais podem
fomentar pensamentos obsessivos angustiantes. Já, algumas respostas comportamentais,
envolvendo rituais e/ou evitações podem gerar alívio sobre as obsessões, o que acaba reforçando
tais comportamentos e, consequentemente, mantendo o transtorno (Cordioli, Vivian, & Braga,
2017; Salkovskis, Forrester, & Richards, 1998; Rachman, 1997). Ademais, o atual estado da arte
de pesquisas em neuropsicologia, indica que o TOC está associado a um baixo desempenho em
vários domínios de testes neuropsicológicos (Kashyap & Abramovitch, 2021), de modo que o
TOC (e outros transtornos) também pode ser caracterizado por sua disfunção cognitiva
(Abramovitch, Short, & Schweiger, 2021).
Por fim, fatores ambientais, incluindo principalmente a acomodação familiar (i.e., a
maneira como os familiares interagem com o paciente e seus sintomas obsessivo-compulsivos)
parecem contribuir para o desenvolvimento do TOC (Lebowitz, Panza, Su, & Bloch, 2012).
Também há evidências de que, pelo menos, algumas dimensões do TOC estejam associadas à
ansiedade de separação (Mroczkowski, et al., 2011) e a experiências estressantes ou traumáticas
(Rosso, Albert, Asinari, Bogetto, & Maina, 2012).

Avaliação, prevenção e tratamento


Um processo abrangente e estruturado de avaliação deve ser o primeiro passo para a
identificação e tratamento do TOC. Os principais objetivos dessa avaliação compreendem a
realização de um diagnóstico preciso, a caracterização dos sintomas obsessivo-compulsivos
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quanto ao tipo/dimensão e gravidade, além da orientação dos alvos de tratamento (Stein, et al.,
2019). Os pesquisadores Rapp, Bergman, Piacentini e McGuire (2016) revisaram as principais
formas de avaliação do TOC e destacaram, entre outros instrumentos, entrevistas diagnósticas
padronizadas (e.g., Structured Clinical Interview for DSM-5 – Clinician Version); escalas de
gravidade dos sintomas aplicadas pelo clínico ou pelo paciente (e.g., Yale-Brown Obsessive-
Compulsive Scale ou Dimensional Obsessive-Compulsive Scale); e medidas de fatores
relacionados como incapacidade (e.g., Sheehan Disability Scale), nível de insight (e.g., Brown
Assessment of Beliefs Scale) e acomodação familiar (e.g., Family Accommodation Scale for
Obsessive–Compulsive Disorder). Os mesmos pesquisadores sugeriram a realização de uma
avaliação individualizada e baseada em evidências tanto em jovens quanto em adultos com TOC
(Rapp, Bergman, Piacentini, & McGuire, 2016).
A prevenção do TOC é outro tópico muito importante, porém pouca atenção tem sido
dada ao tema, tanto que pesquisadores tem feito um apelo à intervenção precoce (Brakoulias,
Perkes, & Tsalamanios, 2018). Aparentemente, há uma demanda global não atendida para
serviços de intervenção precoce em casos de TOC e transtornos relacionados. Entre outras
estratégias de prevenção, poderiam ser incluídas a psicoeducação, a redução da acomodação
familiar e a identificação precoce do transtorno (por meio da avaliação). Essas ações poderiam
contribuir significativamente para reduzir o sofrimento desnecessário e a onerosa incapacidade
associada ao subtratamento (Fineberg, et al., 2019).
Referente a psicoeducação, cabe destacar que pacientes com TOC (e seus familiares)
podem se beneficiar de um alívio substancial quando aprendem com um profissional que sua
condição psiquiátrica é relativamente comum na população, sendo cada vez mais investigada e
compreendida, além do fato de que os tratamentos disponíveis podem contribuir para a redução
dos sintomas e consequente promoção de qualidade de vida. Também é objetivo da psicoeducação
desenvolver o entendimento de fatores que podem manter ou agravar os sintomas obsessivo-
compulsivos, incluindo tópicos como estigma, preconceito e o papel da família (acomodação
familiar). A falta de conhecimento sobre o transtorno ou o constrangimento sobre seus sintomas
podem se somar a outros fatores que geram atraso na busca por tratamento (Stein, et al., 2019).
Abordagens farmacológicas e psicoterapêuticas estão entre as principais formas de
tratamento do TOC. De modo geral, pacientes adultos com sintomas obsessivo-compulsivos são
tratados farmacologicamente com a administração de clomipramina ou de inibidores seletivos da
recaptação de serotonina (ISRSs; e.g., citalopram, escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina,
paroxetina e sertralina); e/ou psicologicamente com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC),
incorporando técnicas de exposição e prevenção de rituais (EPR) e de reestruturação cognitiva
(Albert, et al., 2018). Contudo, é importante salientar que, os resultados não dependem
exclusivamente da estratégia terapêutica utilizada, podendo variar em função de diversos fatores
(e.g., idade de início do TOC, tempo sem tratamento, dimensão dos sintomas, comorbidades
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associadas etc.). Por isso, o tratamento deve ser devidamente adaptado para cada caso (Fornaro,
et al., 2009).
Referente a farmacoterapia e baseado em evidências de eficácia, tolerabilidade e
segurança dos medicamentos, pode-se dizer que os ISRSs constituem um dos tratamentos de
primeira linha para o TOC. Contudo, é importante avaliar corretamente a dose da medicação a ser
administrada, considerando que certos pacientes podem ser mais sensíveis a alguns efeitos
adversos (e.g., disfunções sexuais, ganho de peso etc.) e acabar abandonando o tratamento
(Soomro, Altman, Rajagopal, & Oakley-Browne, 2008). Diretrizes de tratamento do TOC
indicam que a escolha do medicamento deve se pautar em aspectos como a presença de
comorbidades médicas no paciente, sua resposta a tratamentos anteriores, eventos adversos,
interações medicamentosas e custo da medicação (Koran, et al., 2007). Ademais, evidências na
literatura sugerem que o tratamento farmacológico seja mantido por um período mínimo entre 12
e 24 meses após a remissão dos sintomas (Greist, et al., 2003).
A TCC também faz parte da primeira linha de tratamento para o TOC, sobretudo quando,
entre outros pontos, o paciente prefere psicoterapia a medicação, não apresenta comorbidades
médicas que requeiram o uso de fármacos, ou no caso de crianças (Stein, et al., 2019). Estudos de
revisão sistemática com metanálise dão suporte a essa abordagem terapêutica, tendo demonstrado
que, de fato, a TCC foi capaz de reduzir sintomas obsessivo-compulsivos em crianças,
adolescentes e adultos (Uhre, et al., 2020; Öst, Riise, Wergeland, Hansen, & Kvale, 2016; Öst,
Havnen, Hansen, & Kvale, 2015).
Como o próprio nome indica, o tratamento baseado em TCC envolve componentes de
reavaliação cognitiva e intervenções comportamentais, tendo a exposição e prevenção de rituais
(EPR) como a intervenção psicológica de primeira escolha para o TOC (Stein, et al., 2019). Foa
(2010) descreveu os componentes da EPR, salientando que há variação entre diferentes
protocolos. Em linhas gerais, a aplicação da EPR no paciente pode envolver: exposição in vivo
(i.e., enfrentamento progressivo de situações da vida real que desencadeiam pensamentos
obsessivos, como usar banheiro público); exposição imaginária (i.e., imaginação detalhada de
situações angustiantes, projetando consequências temidas caso os rituais não sejam realizados,
como contrair uma doença contagiosa porque não tomou os cuidados necessários e ser evitado
por amigos e familiares); prevenção de rituais (i.e., abstenção da prática de rituais, observando
empiricamente que a angústia diminui e as consequências temidas não acontecem, como deixar
de lavar as mãos após encostar no chão e não contrair uma doença); e processamento (i.e.,
discussão e análise da experiência de exposição e prevenção de rituais de modo a refutar ou
comprovar as expectativas do paciente e explorar sua percepção sobre a modulação da própria
angústia). Evidências apontaram que a EPR reduziu os sintomas de pacientes com TOC e que o
padrão de melhora foi sustentado após o fim do tratamento (Franklin, Abramowitz, Kozak, Levitt,
& Foa, 2000).
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Por fim, vale notar que a TCC (com EPR e reavaliação cognitiva) também se mostrou
eficaz para o tratamento do TOC quando conduzida de diferentes formas, incluindo protocolos de
atendimento individual, em grupo, presencial e remoto (Wootton, 2016). Contudo, o preditor mais
confiável de bons resultados do tratamento com TCC parece ser a adesão e engajamento do
paciente aos exercícios de EPR solicitados como “dever de casa” entre as sessões de terapia
(Wheaton, et al., 2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi visto que o TOC é um transtorno mental crônico, prevalente e incapacitante, que
aflige crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo, e cujos sintomas podem ter sido
intensificados com a pandemia de COVID-19 (Stein, et al., 2019; Veale & Roberts, 2014; Ornell,
et al., 2021). Apesar disso, o transtorno tem sido subestimado e tratado de forma insuficiente
(Richter & Ramos, 2018). Portanto, este estudo objetivou revisar aspectos conceituais e clínicos
básicos do TOC.
Em resumo, a história mostra a evolução da concepção do TOC, que passou de uma visão
religiosa para um entendimento médico, tendo seus sintomas caracterizados em manuais
diagnósticos que possibilitaram o avanço de estudos na área (Fornaro, et al., 2009). Os principais
sintomas do TOC são obsessões e/ou compulsões, que consomem tempo, causam sofrimento
clinicamente significativo e prejudicam o funcionamento normal do indivíduo (American
Psychiatric Association, 2013). Esses sintomas podem ser agrupados em quatros dimensões mais
comuns, conforme o tipo de obsessão e compulsão presentes, a saber: “contaminação e limpeza”,
“ordem e simetria”, “dúvidas e verificação” e “pensamentos repugnantes e rituais mentais”
(Abramowitz, et al., 2010; Cordioli, 2014). Assim, diferentes pessoas com o diagnóstico de TOC
podem apresentar manifestações sintomáticas completamente distintas uma das outas (Mataix-
Cols, Rosario-Campos, & Leckman, 2005). Essa heterogeneidade dificulta a compreensão de suas
causas, bem como a comparação da resposta dos pacientes ao tratamento (Cordioli, 2014). Apesar
de não ser possível estabelecer relação entre causa e efeito, a etiologia do TOC parece estar
relacionada com fatores cerebrais/neurobiológicos (e.g., predisposições genéticas, síndromes
raras, infecções, tumores ou lesões cerebrais), psicológicos (e.g., distorções cognitivas e padrões
comportamentais aprendidos) e ambientais (e.g., acomodação familiar e experiência de eventos
adversos) (Cordioli, Vivian, & Braga, 2017). Por fim, o manejo correto do TOC deve envolver,
entre outras etapas, momentos para avaliação da presença e gravidade dos sintomas, com a
aplicação de entrevistas diagnósticas padronizadas e escalas com propriedades psicométricas; a
prevenção por meio da psicoeducação e redução da acomodação familiar; e o tratamento
farmacológico e psicoterapêutico (Stein, et al., 2019). A primeira linha de tratamento envolve a
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administração de fármacos ISSRs e/ou protocolos de TCC com técnicas de EPR e reavaliação
cognitiva (Albert, et al., 2018), que também podem ser conduzidos remotamente (Wootton, 2016).
O presente estudo, de natureza sucinta e generalista, cobriu apenas os pontos mais básicos
acerca do TOC na tentativa de promover uma visão panorâmica da área. Portanto, foram
propositalmente excluídos dessa revisão tópicos específicos, como dados de
prevalência/incidência, diferenças culturais ou tratamentos alternativos; além de
aprofundamentos em modelos teóricos e diretrizes de tratamento. O leitor que carece dessas
informações adicionais, certamente precisará recorrer a outras fontes, muitas delas
cuidadosamente incluídas nas referências deste texto. Cabe observar também que, dada a
heterogeneidade do TOC, novos estudos se fazem necessários para ampliar o entendimento das
causas do transtorno e a consequente proposição de novas formas de tratamento.
Por fim, considerando a relevância do TOC e seus impactos na saúde mental das pessoas
este trabalho pode ser útil para todos aqueles que precisam de um primeiro contato guiado com o
tema, sobretudo pacientes (e seus familiares), estudantes e equipes multiprofissionais.
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